2 ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRÁTICAS CLÍNICAS EM SAÚDE DA FAMÍLIA Raquel Fontenele Lage ADESÃO TERAPÊUTICA DOS PACIENTES HIPERTENSOS EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE FORTALEZA 2009 3 Raquel Fontenele Lage ADESÃO TERAPÊUTICA DOS PACIENTES HIPERTENSOS EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE Projeto de Intervenção submetido à Escola de Saúde Pública do Ceará, como parte dos requisitos para a obtenção do título de especialista em Práticas Clínicas em Saúde da Família. Orientadora: Profa. Dra. Tereza Moreira FORTALEZA-CE 2009 4 DEDICATÓRIA À minha mãe, Maria do Socorro; À minha professora e orientadora, Ana Ruth Macedo; A meu namorado, Ely Carlos Soares; 5 AGRADECIMENTOS Agradeço, a minha mãe Maria do Socorro Fontenele, por ter me fornecido todas as condições para tornar possível a finalização desse trabalho; À minha professora e orientadora, Ana Ruth Macedo, que me orientou nos momentos difíceis deste trabalho, disponibilizando-me no momento oportuno e dedicou-se sempre com muito amor; A meu namorado, Ely Carlos Soares, por ter me apoiado e colaborado em momentos importantes, durante a realização desse estudo; A todos os participantes que aceitaram participar da pesquisa, pois sem eles, não conseguiria finalizar esta longa caminhada; A Deus por estar sempre comigo, nos momentos difíceis de minha vida, onde sua presença foi e sempre será digna de honra e glória; 6 RESUMO A hipertensão arterial caracteriza-se por ser uma doença crônica, que atinge grande parte da população e está sujeita a sofrer influências de vários fatores de risco, os quais podem desencadear esta patologia ou intensificá-la. A fim de que consigamos controlá-la é necessário que os profissionais de saúde orientem os pacientes, os quais deverão seguir a terapêutica corretamente. Pela avaliação do cotidiano desses pacientes hipertensos pude observar que existe uma baixa adesão terapêutica ao tratamento farmacológico e não farmacológico. Tendo em vista esta realidade veio-me o interesse em elaborar um projeto que tem como objetivo melhorar a adesão terapêutica, através de educação em saúde com entrega de folders, capacitação dos funcionários da unidade, para a realização de um bom acolhimento e oficinas de capacitação para aperfeiçoamento do conhecimento dos agentes de saúde. Após um ano de implementação dois meses, avaliaremos se houve melhora da adesão terapêutica. Palavras- Chave: Hipertensão, adesão terapêutica. 7 ABSTRACT The arterial hypertension is characterized by being a choric disease, that reaches great part of the population and it is subject to suffer influences of several risk factors, which can unchain this pathology or to intensify her. So that we get to control her it is necessary that the professionals of health guide the patients, which should follow the therapeutics correctly. Through the evaluation of the daily of those patient, I could the observe that a low therapeutic adhesion exists to the treatment pharmacology and non pharmacology. Tends in view this reality it came me the interest in elaborating a project that has as objective improves the therapeutic adhesion, through education in health, folders delivery, the employees of the unit training, for the accomplishment of a good reception and training workshops for improvement of the agents of health knowledge. Afther one year of accomplished for two months, which will evaluate if there was some improvement of the therapeutic adhesion. Key words: Hypertension, Therapeutic adhesion. 8 LISTA DE ABREVIATURAS ACS: Agente Comunitário de Saúde. AVC: Acidente Vascular Cerebral. HAS: Hipertensão Arterial. PA: Pressão Arterial. LDL: Lipoproteína de baixa densidade. HDL: Lipoproteína de alta densidade. PSF: Programa de Saúde da Família. 9 SUMÁRIO 1.Introdução.........................................................................................................................01 2.Objetivos...........................................................................................................................03 2.1.Objetivo Geral.............................................................................................................03 2.2.Objetivos Específicos..................................................................................................03 3.Revisão de literatura..........................................................................................................04 3.1.Hipertensão Arterial....................................................................................................04 3.2.Fatores de Risco..........................................................................................................05 3.3.Tratamento da hipertensão..........................................................................................09 3.4.Adesão Terapêutica.....................................................................................................10 4.Metodologia.....................................................................................................................13 5.Cronograma.................................................................................................................18 Referências...........................................................................................................................19 10 1 INTRODUÇÃO A hipertensão arterial caracteriza-se por ser uma doença crônica que atinge grande parte da população brasileira e define-se como uma patologia que causa um aumento desordenado da pressão arterial, ou seja, uma pressão maior ou igual a 140/90, que não pode ser controlada apenas pelo indivíduo e pode vir a causar sérios problemas no organismo, como: acidente vascular cerebral (AVC), alterações renais e cardiovasculares, etc, pois segundo Zaitune et al (2006), estima-se que a hipertensão atinja 22% da população Brasileira, sendo responsável por 80% dosa casos de AVCs, 60% dos infartos agudos de miocárdio e 40% de aposentadorias precoces. Sendo esta uma doença de grande importância, complexidade e gravidade, a mesma precisa ser controlada, mas, no entanto, esta doença está sujeita a sofrer influências de diversos fatores de risco, que de acordo com Molina et al (2003), podem estar associados à elevação da pressão arterial com o sedentarismo, o estresse, o tabagismo, envelhecimento, hereditariedade, raça, gênero, peso e os fatores dietéticos. Devido à grande prevalência e complexidade a hipertensão arterial faz com que a população acometida por esta patologia, necessite de drásticas mudanças em seu cotidiano, tais como: exercícios físicos, adesão à terapêutica medicamentosa, tratamento de possíveis patologias como o estresse e depressão, eliminação do etilismo, tabagismo e obesidade e uma dieta balanceada, a qual precisa ter baixo teor de sal, gordura, massas e doces e uma ingesta correta de frutas, verduras e legumes, pois segundo Jardim etal (2007), a mudança no perfil da população com relação aos fatores de risco cardiovasculares, devese aos hábitos alimentares, e de vida, ou seja, dieta rica em gordura, obesidade e sedentarismo A adesão terapêutica dos hipertensos sofre influência de diversos fatores como: fatores de risco mutáveis e imutáveis, falta de conhecimento sobre a doença e suas complicações. Todos esses itens acabam interferindo no cotidiano desses indivíduos, o que trará graves conseqüências, onde o mais prejudicado será o paciente. O tratamento para a hipertensão (HAS) é iniciado após a confirmação de que o paciente é realmente hipertenso e somente aqueles com HAS moderada e grave, iniciaram um tratamento medicamentoso. Dentre estes pacientes é fundamental que o profissional de 11 5.CRONOGRAMA CALENDÁRIO 2009 AÇÕES Implementa ção das ações na unidade Avaliação das estratégias 2010 JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JÁ N FEV MAR ABR MAIO x x x x x x x x x x x x JUN x JUL x 12 6.REFERÊNCIAS ANDRADE, P. J. N. Cardiologia para o generalista: uma abordagem fisiológica. 3.ed. Fortaleza: UFC, 2002. ARAÚJO, O. B. S; GARCIA, T. R. Adesão ao tratamento anti-hipertensivo: uma análise conceitual. Ver. Eletr. Enf. Goiânia, V. 8, n. 2, agosto. 2006. BERNIK,V. Estresse: o assassino silencioso. [on line]. Março. 2005. [citado em 10.05.2005]. www.cerebronet.org.br. BLOCH. K. V. et al. 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Baseado nos dados epidemiológicos, da complexidade desta doença, de pesquisas realizadas nessa área e de minhas experiências como enfermeira de uma unidade básica de saúde e de pesquisas feitas nos prontuários dos pacientes atendidos na unidade pude perceber que os pacientes hipertensos, têm certa dificuldade em seguir o tratamento, ou seja, não tomam a medicação corretamente, não fazem dieta ou exercícios físicos, alguns apresentam vícios (tabagismo e etilismo), têm pouco conhecimento sobre a patologia e suas conseqüências para o organismo como um todo. Tendo em vista esse panorama, tenho interesse em implementar um plano terapêutico, que tenha como objetivo melhorar a adesão terapêutica desses hipertensos que freqüentam a unidade de saúde, ou seja, fazendo com que estes indivíduos melhorarem seu estilo de vida e ,consequentemente, consigam aderir ao plano de tratamento. 14 Além disso, este é um projeto de intervenção de grande relevância, pois por meio dele, poderemos melhorar a adesão terapêutica do hipertenso e assim, conseguiremos diminuir possíveis complicações advindas da pressão arterial não controlada ou de um estilo de vida inadequado, o que fará aumentar a sobrevida e a qualidade de vida de cada um desses indivíduos, pois os profissionais de saúde e em particular da enfermagem, têm como objetivo, o bem-estar do paciente. 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Implantar ações individuais e coletivas com o intuito de melhorar a adesão terapêutica dos hipertensos. 2.2 Objetivos Específicos Capacitar os funcionários da unidade para realizar o acolhimento dos hipertensos. Realizar semanalmente ações de educação em saúde e entrega de folder aos hipertensos acompanhados na unidade. Elaborar oficinas de aperfeiçoamento para os agentes de saúde em relação à hipertensão. 15 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Hipertensão Arterial A hipertensão arterial caracteriza-se por ser uma patologia crônica que se encontra bastante presente em nosso cotidiano e contribui para a formação das placas de ateroma e processos de hipertrofia na rede vascular e possui grande relevância entre os fatores de risco onde segundo Gus et al (2004), a hipertensão revela-se como um dos mais importantes problemas de saúde pública do nosso país, com prevalência entre 10 e 42% e de acordo com Strelec et al (2003), a hipertensão está presente em 15% a 20% da população adulta e em mais de 50% nos idosos. Devido a sua alta cronicidade tende a desencadear várias complicações no organismo do indivíduo, tais como: doença cerebrovascular, doença renal crônica, doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca e doença vascular de extremidades. A hipertensão arterial apresenta características específicas do processo de cronicidade, a qual se caracteriza Poe ser uma doença de natureza prolongada, com uma multiplicidade de fatores associados, de curso assintomático, com evolução clínica lenta, 16 prolongada e permanente, passível de diversas complicações e segundo Bloch et al (2008), a hipertensão arterial pode tornar-se resistente, quando a PA é maior ou igual a 140/90 mmHg e o paciente está em uso de três ou mais anti-hipertensivos em doses apropriadas, incluindo um diurético, onde a permanência desses níveis elevados, pode gerar lesões de órgãos-alvo e aumenta o risco de mortalidade por doenças cardiovasculares. A pressão arterial de um indivíduo é considerada normal quando está abaixo de 140/90 e o mesmo passa a ser considerado um paciente com hipertensão quando apresenta em diversas verificações de PA, uma pressão maior ou igual a 140/90. Para Junior et al (2007), a pressão arterial pode ser definida de diversas formas, onde a mesma pode ser classificada como ótima, normal, limítrofe, hipertensão em estágio 1,2 e 3 e hipertensão sistólica isolada. Para determinarmos se um indivíduo é realmente hipertenso o primeiro passo seria a medida da pressão arterial, que de acordo com Junior et al (2007), para que a PA seja fidedigna, a mesma deve passar pelos seguintes procedimentos: o indivíduo deve repousar por pelo menos cinco minutos, a bexiga deve estar vazia, não deve ter realizado atividade física 60 a 90 minutos antes, não deve ter ingerido bebidas alcoólicas, café ou ter fumado 30 minutos antes, deve manter pernas descruzadas, e remover roupas do braço, onde o manguito será colocado e posicionar o braço na altura do coração. Além disso, se faz necessário verificar a pressão arterial do indivíduo no mínimo três vezes e em ocasiões diferentes, onde de acordo com Junior et al (2007), na primeira avaliação a PA deve ser obtida em ambos os braços e em caso de diferença, utiliza-se a de maior valor. Dependendo da pressão arterial atingida por cada indivíduo, cabe aos profissionais de saúde orientar os pacientes de forma coerente, levando em consideração a PA e o estilo de vida, pois segundo Junior etal (2007), para cada valor de PA sistólica e ou diastólica, o indivíduo pode necessitar de reavaliações com 1, 2 ,3 meses e 1 ano, mudar estilo de vida e realizar um mapeamento de pressão arterial. 3.2 Fatores de risco da hipertensão arterial A hipertensão arterial sistêmica caracteriza-se por ser um importante fator de risco cardiovascular, o qual pode ser controlado no cotidiano da população, através de estilos de vida saudáveis e tratamento adequado, logo se destaca como um fator de risco modificável e segundo Strelec etal (2003), a hipertensão juntamente com o tabagismo, 17 diabetes e dislipidemias, constitui-se um importante fator de risco para doenças cardiovasculares, responsáveis por cerca de 30% das mortes. Sendo uma doença crônica a hipertensão arterial pode sofrer influência de diversos fatores de risco, os quais podem desencadear a doença ou intensificá-la, pois de acordo com Junior et al (2007), os principais fatores de risco são os imutáveis (idade , sexo, raça e fatores hereditários), que não podem ser modificados e os fatores ambientais modificáveis (dieta inadequada, alcoolismo, sal em excesso, obesidade, sedentarismo, tabagismo, estresse, depressão, diabetes e hipercolesterolemia). Os fatores mutáveis causam alterações em todo o organismo e apesar de serem tão nocivos, podem ser prevenido através de um meio de vida saudável e regrado, além de poderem contar com a possível orientação e avaliação regular dos profissionais de saúde. Os fatores de risco acima determinados, podem servir de complicadores ou desencadeadores da hipertensão como também, das doenças cardiovasculares. Além disso, existem fatores sócio-econômicos que tendem a interferir significativamente, na vida cotidiana da população, podendo causar flutuações no controle da pressão arterial, pois de acordo com Junior et al (2007), os indivíduos que possuem um nível sócio-econômico mais baixo, estão associados a uma maior prevalência de hipertensão e de fatores risco, para a elevação da PA ( pressão arterial), além de maior risco de lesão de órgãos-alvo e eventos cardiovasculares, no entanto existem possíveis fatores associados que podem interferir, tais como: hábitos dietéticos inadequados, índice de massa corpórea aumentada, alcoolismo, menor acesso aos cuidados de saúde e nível educacional A presença dos fatores de risco ocorre mais comumentemente sob a forma combinada e além dos fatores hereditários, os fatores ambientais podem contribuir para uma maior agregação desses fatores, em famílias que apresentam estilos de vida pouco saudável, pois segundo Junior et al (2007), a combinação de fatores de risco entre indivíduos hipertensos parece variar com a idade, predominando o sedentarismo, a obesidade, a hiperglicemia e a dislipidemia A pressão arterial tende a aumentar linearmente com a idade, pois de acordo com estudos realizados por Junior et al (2007), nos indivíduos jovens a hipertensão decorre mais freqüentemente do aumento na pressão diastólica, enquanto que a partir da sexta década, o principal componente é a elevação da pressão sistólica. O sexo apresenta algumas divergências se o relacionarmos com raça, idade e outras patologias, tornando o indivíduo mais ou menos predisposto a desenvolver 18 hipertensão ou doenças cardiovasculares. A raça apresenta choque de idéias quanto a sua relevância como fator de risco. O padrão hereditário indica se um indivíduo tem ou não maior predisposição familiar para desenvolver uma doença cardíaca. O tabagismo desencadeia alterações no metabolismo, que influirão no aumento da aterosclerose e a formação de trombos, logo os indivíduos hipertensos são encorajados a parar de fumar, mas está é uma mudança que pode ocasionar alguns conflitos, já que o tabagismo é uma atividade muitas vezes realizada há muitos anos pelo paciente, o que poderá dificultar no seu abandono. Devido à complexidade do tabagismo os profissionais de saúde podem fazer uso de várias técnicas que podem ser utilizadas para fazer uma pessoa parar de fumar, como: orientações sobre os malefícios do cigarro, mensagens de motivação, grupos de apoio, medicamentos, terapias complementares (acupuntura, hipnose) e baseado em Suzanne e Brenda (2002), os indivíduos que param de fumar reduzem seus riscos de cardiopatia em 30 a 50% dentro do primeiro anos e o risco continua a declinar enquanto se abstiverem do tabagismo. O consumo elevado de bebidas alcoólicas como a cerveja, vinhos e destilados, aumenta a pressão arterial, já que o álcool tem a capacidade de causar alterações no organismo, que tendem a alterar a pressão e de acordo com Junior (2002), o efeito maligno de álcool pode variar com o gênero e a quantidade de etanol e a sua freqüência de ingestão. A dieta seguida diariamente por um indivíduo esta intimamente relacionada com seu estilo de vida, ou seja, no seu cotidiano, o que poderá com que o indivíduo tenha um maior ou menor predisposição a desenvolver alguma patologia, como hipertensão, diabetes, doenças cardíacas, renais e de acordo com Junior (2007), uma dieta que apresenta excesso de sal contribui para o surgimento da hipertensão e a relação entre o aumento da pressão e avanço da idade é maior em populações com maior ingestão de sal e aqueles indivíduos apresentam uma dieta com baixo teor de sal têm menor prevalência de hipertensão e a pressão não se eleva com a idade. Além disso, a partir do controle da dieta poderemos estabelecer uma quantidade adequada diária de carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas, sais minerais e fibras, que poderam ajudar no controle da pressão, diabetes, hipercolesterolemia, diminuir a obesidade. Com base em Suzanne e Brenda (2002), a população em geral deve ter uma dieta que contenha 30% menos de lipídios (com menos de 10% oriundos de lipídios saturados) e menos de 300mg de colesterol, mas quando um indivíduo apresentar LDL elevado, HDL diminuído e diagnóstico de doença coronariana, a sua dieta deve ter menos 19 de 7% de lipídios saturados e menos de 200mg de colesterol. Para que o indivíduo consiga reduzir os níveis de colesterol, o ideal seria um maior consumo de fibras, as quais são encontradas em algumas frutas e folhas verdes e para Suzanne e Brenda (2002), as fibras estimulam a excreção do colesterol metabolizado e é necessário um consumo diário mínimo de 25 a 30 mg. O sedentarismo contribui para o aumento de peso e do colesterol. De acordo com Nery (2007), o sedentarismo tem sido considerado um fator de risco importante para as doenças cardiovasculares. Onde o hábito de realizar alguma atividade física poderia diminuir este quadro, pois segundo Junior (2007), o exercício aeróbico apresenta efeito hipotensor maior em hipertensos, do que em normotensos. A obesidade caracteriza-se pelo aumento anormal de peso e pode causar mudanças no colesterol e está inter-relacionada com o sedentarismo e os hipertensos obesos devem instituir uma dieta com baixo teor calórico e aumentar a atividade física, pois segundo Junior (2007), o excesso de massa corporal é um fator predisponente para a hipertensão, podendo ser responsável por 20% a 30% dos casos de hipertensão e, além disso, a obesidade aumenta a prevalência da associação de múltiplos fatores de risco Apesar de a obesidade estar fortemente relacionada com o aumento da pressão arterial, nem todos os indivíduos obesos tornam-se hipertensos e a perda de peso acarrata uma diminuição da pressão e de acordo com Junior (2007), o aumento do peso e da circunferência abdominal são índices de prognósticos importantes da hipertensão, sendo a obesidade um indicador de risco cardiovascular. A diabetes induz alterações macrovasculares, microvasculares, neuropáticas decorrentes dos distúrbios metabólicos e principalmente de alterações no nível de açúcar no sangue e para Andrade (2002), os distúrbios no metabolismo do diabético tornam-se extremamente predisponentes à doença ateromatosa coronariana e, nos últimos anos, têmse dado importância a síndrome metabólica X, que é a relação entre a obesidade abdominal, hipertensão, dislipidemia, intolerância à glicose e resistência insulínica. A hipercolesterolemia causa hiperlipidemia em alguns indivíduos, ou seja, eleva a contagem de triglicerídeos, LDL (mau colesterol) e diminui o HDL (bom colesterol). Estes são parâmetros que predispõem a formação de coágulos e futuros trombos. Segundo Suzanne e Brenda (2002), apesar de o colesterol ser necessário para a síntese hormonal e formação da membrana celular, ele é encontrado em grandes quantidades no cérebro e tecido nervoso e as principais fontes de colesterol são a dieta (produtos animais) e o fígado e apesar de sua importância, os níveis elevados de colesterol 20 aumentam o risco de doença da artéria coronária e os fatores de risco que podem causar variações são: idade, sexo, dieta, padrões de exercícios e níveis de glicose. O estresse causa modificações hormonais no organismo, mas este é um processo normal de muitas situações de perigo e do dia- a -dia. No entanto, quando estas alterações deixam de ser benéficas e tornam-se um processo crônico, fazendo com que o indivíduo passe por situações de estresse diariamente, acaba deteriorando o corpo e fazendo com que a pessoa se torne predisposta a várias patologias cardíacas. De acordo com Bernik (2005), o estresse é uma adaptação fisiológica, mas quando a resposta do organismo torna-se patológica, gera distúrbios transitórios e doenças graves e no mínimo, agrava as já existentes. A Depressão caracteriza-se por desencadear mudanças na vida cotidiana, fazendo com que o indivíduo comece a ter dificuldades em realizar atividades como: refeições regulares e pode passar a ser sedentário, tabagista ou alcoólatra. Baseado em Pastore (2002, p.65), “Constatou-se que 45% dos infartos têm quadro depressivo em seu histórico’’ 3.3 Tratamento da hipertensão arterial Para que o paciente hipertenso consiga controlar a PA, é necessário que o mesmo possua o aporte de uma equipe multiprofissional, já que a hipertensão é uma doença multifatorial, ou seja, pode ser desencadeada por diversos fatores de risco, que necessitam de profissionais capacitados e especializados no cuidado, tratamento e prevenção de cada um desses fatores, que segundo Gus etal (2004), ações preventivas e terapêuticas direcionadas à hipertensão, reduzem a morbimortalidade associada às doenças cardiovasculares e segundo Suzanne e Brenda (2002), a detecção precoce da pressão arterial alta e a aderência de um regime terapêutico, podem evitar conseqüências que estão associadas à pressão arterial elevada não-tratada e o controle da hiperglicemia sem modificar outros fatores de risco, não reduz o risco de cardiopatias. A equipe multiprofissional pode ser composta por médicos, enfermeiros, dentistas, auxiliares de enfermagem, nutricionistas, psicólogos, agentes de saúde, educadores físicos, e fisioterapeutas, os quais têm como objetivo a promoção e prevenção da saúde, e mudanças positivas no cotidiano desses pacientes. Para prevenir e tratar a hipertensão é necessário que o paciente e a equipe de saúde tenham conhecimento sobre a doença, suas inter-relações e complicações, o que implicará na maioria das vezes, mudanças no estilo de vida, onde de acordo com Junior et 21 al (2007), a mudança no estilo de vida é um processo lento e por dependerem de medidas educativas, necessitam de continuidade. O tratamento anti-hipertensivo tem como objetivo principal, reduzir a morbidade e a mortalidade cardiovascular e apesar do tratamento, a hipertensão é pouco controlada, onde a falta de controle da pressão arterial é um desafio para os profissionais de saúde, pois vários fatores de risco interferem na adesão ao tratamento, pois de acordo com Strelec et al (2003), dentre esses fatores podemos destacar o conhecimento do paciente sobre a doença e o seu comportamento frente à tomada da medicação. O tratamento do paciente hipertenso pode dividir-se em medicamentoso e nãomedicamentoso, os quais têm como objetivo, a adoção de um estilo de vida saudável, o qual proporcionará em uma redução da morbidade e da mortalidade e segundo Junior etal (2007), a associação desses dois tratamentos objetiva a redução da pressão arterial para valores inferiores à 140/90 mmHg, respeitando-se as características individuais, a presença de doenças ou condições associadas e a qualidade de vida dos pacientes. O tratamento não- medicamentoso está relacionado à mudanças alimentares, ou seja, redução de sal, gorduras, frituras e massas, aumento do consumo de frutas, verduras e legumes, controle do peso, redução ou abandono do tabagismo e etilismo, realização de exercícios físicos regularmente, como a caminhada, corridas e outros esportes. 3.4 Adesão terapêutica em pacientes com hipertensão arteial A adesão terapêutica define-se como uma situação, na qual o comportamento do paciente é avaliado pelo profissional de saúde, no que confere ao comparecimento às consultas, às tomadas dos medicamentos ou por mudanças no estilo de vida, que de acordo com Oigman (2006), há vários fatores específicos que impedem o tratamento da hipertensão, fazendo com que o paciente tenha uma baixa adesão ao tratamento, os quais são: mudanças no estilo de vida, falha na tomada da medicação, falta de compreensão da patologia/problema, custo da visita e procedimentos, custo do medicamento, efeitos colaterais, tempo de espera da consulta e marcação inadequada dos horários das consultas. O problema em aderir ao tratamento inicia-se quando o paciente recebe o diagnóstico da hipertensão e tem que iniciara o tratamento, pois de acordo com Oigman (2006), a chance de o paciente cumprir o tratamento corretamente é baixa, onde a taxa de 22 descontinuação medida seis meses após a primeira prescrição é bastante elevada, encontrando-se mais de 50% dos pacientes não ingerindo qualquer medicamento. Os vários motivos para o fracasso terapêutico representam um grande desafio para os profissionais de saúde, que têm como objetivo, o bem estar do paciente, onde a não- adesão terapêutica está incluída entre os motivos desse fracasso no tratamento e para Oigmam (2006), as maiores barreiras à aderência ao tratamento poderiam ser categorizadas como problema de comunicação médico-paciente, custo e efeitos colaterais das drogas. A adesão terapêutica é de extrema importância para o hipertenso, já que através dela, os profissionais de saúde terão uma melhor resposta do paciente, com relação ao tratamento da hipertensão. No entanto, esta é uma questão de extrema complexidade, já que o paciente poderá sofrer grandes influências no seu cotidiano, que poderão interferir no tratamento medicamentoso e não-medicamentoso, ou seja, causando uma possível diminuição da adesão ao tratamento, que de acordo com Castro e Fuchs (2008), para que se consiga uma boa adesão terapêutica, há necessidade de se fazer uma avaliação dos esquemas terapêuticos, eliminação de razões de não-controle, relativas ao prescritor e ao paciente, busca de causas secundárias e aotomonitorização. Não existe uma abordagem terapêutica isolada, que possa solucionar o problema da hipertensão e em especial dos pacientes que apresentam hipertensão resistente, que de acordo com Castro e Fuchs (2008), no que diz respeito à adesão, a soma de estratégias, a cargo de diversos especialistas, pode contribuir efetivamente para o aumento do grau de controle da PA em pacientes com hipertensão resistente. Levando em consideração toda a magnitude, que a hipertensão traz a vida do indivíduo, podemos perceber que esta é uma patologia que pode causar dificuldade de aceitação e adaptação a uma nova condição de vida, podendo assim, acarretar alterações familiares, sociais, financeiras e diminuição da adesão ao tratamento, que baseado em Bloch et al (2008), a não adesão ao tratamento medicamentoso é uma das principais causas das baixas taxas de controle da hipertensão. Além disso, existem diversos fatores que podem dificultar a adesão terapêutica, fazendo assim, surgir um paciente com hipertensão resistente, que segundo Castro e Fuchs (2008), as causas que dificultam a adesão são: psedo-resistência (aferição inadequada da PA, associação medicamentosa e doses inadequadas, orientação incorreta ao paciente, custo dos medicamentos, falta de acessibilidade aos remédios, educação em saúde inadequada), medicamentos (reações adversas, interação medicamentosa), causas identificáveis (insuficiência renal), condições associadas (tabagismo, obesidade, 23 alcoolismo, diabetes) e expansão de volume/combinação de fatores (excesso de sal, dano renal, terapêutica diurética inadequada). Esses fatores que diminuem a resposta ao tratamento anti-hipertensivo fazem com que a não-adesão à terapêutica apresente-se como um dos maiores desafios para a equipe de saúde multiprofissional, pois de acordo com Bloch et al (2008), a não-adesão terapêutica dificulta tanto o diagnóstico da hipertensão arterial resistente, quanto para o seu controle, onde hipertensos que interrompem o tratamento, tem três vezes mais risco de ter um infarto, do que aqueles que fazem o tratamento corretamente. O que também dificulta a adesão terapêutica é o fato de que o indivíduo hipertenso tenha muitas vezes que mudar seu estilo de vida, fazendo com que o mesmo tenha que desempenhar atividades e comportamentos diários, diferentes a sua vida cotidiana, antes do diagnóstico da hipertensão. Estas são mudanças muito difíceis, já que o paciente tem que mudar toda uma vida cheia de manias e costumes, os quais muitas vezes, inadequados para sua saúde. No entanto, a partir de um estilo de vida adequado, os indivíduos conseguem diminuir a probabilidade de ter uma doença cardíaca ou neurológica e controlar a hipertensão, assim como outras doenças. Dentre as mudanças possíveis no dia-a-dia podemos citar o controle do colesterol, dieta, parar de fumar e beber, evitar uma vida estressante e depressão, manter a hipertensão e a diabetes controlada e exercícios regulares. Segundo Brenda (2002, p.573), “Manter os níveis séricos de colesterol total e o equilíbrio entre o LDL e o HDL dentro de uma faixa terapêutica é o objetivo do controle da dieta da doença cardíaca”. 24 4 METODOLOGIA 4.1 Cenário da intervenção Este projeto de intervenção será realizado no PSF de Patacas, localizado no Município de Aquiraz e tem como objetivo melhorar a adesão terapêutica dos hipertensos que freqüentam a unidade e resgatar aqueles que não procuram o serviço de saúde. Atualmente, nossa área de atuação está dividida em sete microáreas e em alguns locais, ainda não temos 100% de cobertura pelos agentes de saúde ( ACSs), já que três novos agentes de saúde integraram a equipe de Patacas em janeiro e maio de 2009, para cobrirem áreas descobertas e áreas com mais de 200 famílias, o que impedia o acompanhamento de 100% dessas famílias. Além disso, a unidade de Patacas atende pacientes de áreas próximas devido à proximidade dessas áreas com nossa unidade, o que nos faz atender uma demanda muito maior do que o número de famílias que temos. 4.2 Sujeitos da intervenção 25 Os sujeitos que farão parte desse projeto de intervenção serão os hipertensos acompanhados pela unidade de saúde de Patacas/Aquiraz e devido ao fato que atendermos hipertensos de áreas próximas, não temos como estabelecer um número exato de hipertensos acompanhados pela unidade de Patacas, já que os cadastros (hiperdia), ainda não foram totalmente concluídos. Devido a esta problemática podemos estabelecer uma estimativa com relação ao número de hipertensos atendidos. Como Patacas têm até o momento, um total de 102 hipertensos e mais os hipertensos de outras áreas, a unidade deve atender uma média de 150 a 200 hipertensos. 4.3 Implementação das ações de intervenção Para que consigamos melhorar a adesão terapêutica teremos que realizar várias atividades direcionadas e objetivas, que tenham como enfoque aumentar a adesão, as quais seriam: ações de educação em saúde com entrega de folder, capacitação dos funcionários da unidade com relação ao acolhimento e a capacitação dos agentes de saúde com relação a hipertensão. PASSO 1 : Acolhimento dos funcionários da unidade Para que consigamos uma melhora na adesão, os pacientes terão que inicialmente ser bem acolhidos na recepção, no momento de sua chegada à unidade, seja no dia de sua consulta ou não e desse modo o cliente se sentirá a vontade, o que fará com que tenha uma boa imagem da unidade e seus funcionários. Dessa forma o paciente conseguirá perceber que a unidade de saúde é o melhor local para a realização de seu atendimento, já que a atitude de acolher bem trará vários benefícios, ou seja, o paciente terá desejo em retornar ao posto sempre que necessário o que diminuirá a baixa adesão pelo não comparecimento as consultas na unidade de saúde. Para a realização de um acolhimento adequado, será necessária uma capacitação dos funcionários da unidade (auxiliares de enfermagem auxiliar, odontológico, 26 recepcionista e auxiliar de serviço geral), em relação ao que é acolhimento, sua importância e como se faz. Essa capacitação ocorrerá uma vez por mês à tarde e os temas abordados serão o que é acolhimento, sua importância na prática e seus benefícios no emprego com a comunidade. PASSO 2: Ações de educação em saúde e entrega de folders. As ações de educação em saúde serão semanais e pela manhã, tendo uma duração de 30’(trinta minutos), serão realizadas pela equipe de saúde da família (médico, enfermeira e dentista), as quais ocorrerão no dia de atendimento ao paciente hipertenso uma vez por semana pela manhã, antes do início das consultas e terão como clientela os hipertensos que estarão na unidade, para a realização dessas consultas. Essa estratégia agilizará a consulta e o paciente terá um melhor esclarecimento sobre o que é a hipertensão, suas complicações, a importância de aderir ao tratamento medicamentoso e não-medicamentoso e a realização de modificações no estilo de vida, ou seja, esses pacientes terão o entendimento sobre a importância do tratamento, o que diminuiria os casos de baixa adesão terapêutica por: não comparecimento do paciente à unidade, não realização correta da dieta e do uso dos medicamentos e por baixo conhecimento da patologia e suas complicações, já que a hipertensão é uma doença crônica e silenciosa. Nessas ações educativas serão enfocados temas pertinentes à hipertensão, onde os próprios hipertensos escolherão as temáticas a serem discutidas. Isso fará com que o cliente sinta-se a vontade e participe ativamente da elaboração dessas temáticas, pois escolherão temas de seu interesse, tendo como benefício o esclarecimento de suas dúvidas. Esse procedimento gerará maior assiduidade no comparecimento desses hipertensos a suas consultas na unidade e maior esclarecimento, pois através das palestras, os mesmos irão tirar suas dúvidas e gerarão novos questionamentos, que ajudarão no tratamento, além de criarem um vínculo com a equipe de saúde, pois estes profissionais serão os seus repassadores de novos conhecimentos e aprendizagens. Além disso, durante esses encontros serão entregues folders informativos, os quais serão formulados de forma prática, contendo uma linguagem fácil e desenhos ilustrativos de fácil compreensão, para embasar os dados contidos na cartilha e para garantir um bom entendimento por parte da clientela. O folder será formulado pela equipe de saúde da família e conterá dados sobre o que é hipertensão, dieta adequada, realização 27 de atividades físicas se possível, importância da modificação do estilo de vida, fatores de risco que prejudicam o tratamento e a importância da tomada adequada da medicação, com sua respectiva dose e horário. Para todos esses temas teremos desenhos para melhor ilustrar e auxiliar aqueles hipertensos que apresentam dificuldade na leitura. Além disso, os agentes de saúde também poderão participar destas atividades, já que os mesmos receberão uma capacitação sobre hipertensão. PASSO 3: Capacitação dos agentes de saúde com relação à hipertensão Os agentes de saúde receberão uma capacitação com relação à hipertensão, tratamento e suas possíveis complicações e a importância da modificação no estilo de vida. Essa capacitação auxiliará as visitas dos ACSs na comunidade, pois serão capazes de melhor orientar seus clientes e detectarão com mais facilidade alterações na terapêutica e casos novos de hipertensão. Essa realidade é possível, já que os agentes de saúde estão em constante contato com a comunidade e muitas vezes são os primeiros a detectar alterações. Dessa forma, poderão intervir de imediato no problema, diminuindo os casos de baixa adesão terapêutica. A capacitação dos ACSs ocorrerá uma vez por mês à tarde, com duração de duas horas, já que a unidade já realiza encontros semanais com os agentes, para avaliação da comunidade e seus problemas. Nesses encontros os temas escolhidos para a capacitação serão realizados pela enfermeira e/ou médico e a dentista. 4.4 Avaliação das estratégias A fim de podermos avaliar se as estratégias aplicadas com os pacientes e se as capacitações com os funcionários e os ACSs tiveram êxito, ou seja, se houve melhora na adesão terapêutica dos hipertensos, e se as capacitações tiveram resultados positivos, será realizado uma avaliação um ano após o início das atividades e usaremos como parâmetro para esta avaliação os seguintes requisitos: perguntaremos aos agentes de saúde e funcionários em uma reunião reservada a equipe de saúde, se as capacitações surtiram efeitos positivos em seus trabalhos junto a comunidade e se os mesmos têm alguma sugestão de mudanças, verificaremos a pressão arterial dos hipertensos, no momento do comparecimento à consulta ou nas visitas domiciliares, a qual deverá manter-se normal na maioria dos hipertensos; a checagem na recepção se houve comparecimento ou não dos 28 hipertensos no dia agendado para o seu atendimento na unidade, para podermos avaliar a assiduidade dos mesmos; a avaliação feita pelos ACSs durante suas visitas na comunidade, onde os mesmos deverão verificar se a maioria dos hipertensos de suas respectivas áreas de abrangência estão seguindo a dieta, se modificaram positivamente seu estilo de vida, se estão seguindo a risca o tratamento medicamentoso e se estão comparecendo as consultas e relatos dos próprios pacientes durante as consultas na unidade, onde os profissionais irão investigar com a clientela, durante uma conversa informal, durante a consulta, se houve uma aprovação positivas em relação às mudanças e se os mesmos perceberam benefícios em seu tratamento e melhorias em sua adesão. Também usaremos como critério de avaliação a estruturação de rodas de conversa no auditório, antes das consultas, onde participarão no máximo 6 hipertensos, ACSs e os profissionais da unidade, onde serão realizadas discussões sobre as mudanças que ocorreram na unidade e no serviço e os clientes terão a oportunidade de falar os pontos positivos, negativos e dar opiniões de possíveis modificações nessa sistemática, o que fará com que esses encontros sejam altamente ricos e possibilitarão aos profissionais da unidade e ACSs avaliarem suas estratégias, para garantir uma melhoria sempre gradual da adesão terapêutica desses hipertensos. Esse procedimento ocorrerá durante dois meses, uma vez por semana no dia de atendimento dos hipertensos, tendo uma duração de 30’ (trinta minutos). 4.5 Resultados esperados A partir do emprego de todas essas atividades junto aos funcionários da unidade, agente de saúde e diretamente ao hipertenso, espero que ocorra uma melhora na qualidade de vida desses indivíduos, ou seja, que a partir de uma qualificação dos funcionários e agentes de saúde e de orientações direcionadas a essa clientela, que são os hipertensos acompanhados pela unidade de saúde, haja uma melhora na adesão terapêutica e dessa forma esses pacientes consigam ter um estilo de vida mais saudável, com menos predisposição a doenças relacionadas à hipertensão e consigam levar a vida de uma forma mais agradável e sem sofrimento. 29 5.CRONOGRAMA CALENDÁRIO 2009 AÇÕES Implementa ção das ações na unidade Avaliação das estratégias 2010 JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JÁ N FEV MAR ABR MAIO x x x x x x x x x x x x JUN x JUL x 30 6.REFERÊNCIAS ANDRADE, P. 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