Economia na Mesa

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LIGA DE MERCADO FINANCEIRO -­‐ FEA/USP
ECONOMIA NA MESA
Por: Silvio Dória
Há pouco mais de um mês, ocorreu na Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-­‐USP) a primeira edição do "Economia na Mesa", realizado pela entidade Liga de Mercado Financeiro. O evento, em forma de debate, contou com a presença de Pérsio Arida, ex-­‐presidente do Banco Central e sócio-­‐
fundador do BTG Pactual, onde trabalhada atualmente (CEO da Asset Management BTG Pactual), Octávio de Barros, economista-­‐chefe do Bradesco e Caio Megale, integrante da equipe econômica do Itaú Unibanco. A mediação do debate Vicou por conta de Cesar Bianconi, editor-­‐
chefe da Reuters no Brasil.
Desde o primeiro instante o auditório principal da faculdade esteve com lotação máxima. Pegos quase que de surpresa, convidados e o público presente foram avisados do rebaixamento da nota de crédito pela Standard & Poor’s. Inevitavelmente, todos queriam saber a opinião dos convidados sobre o anúncio.
Questionado por Bianconi sobre as repercussões do rebaixamento ao Brasil, Pérsio destacou o custo de captação de moeda estrangeira e o atual cenário adverso vivido pelos países emergentes, com um possível bolha imobiliária na China e o acúmulo de tensões geopolíticas no mundo (Síria, Rússia, Egito e Turquia). "A melhor resposta que podemos dar a esse rebaixamento da nota é melhorar nossas políticas domésticas", concluiu Pérsio. Para Octávio de Barros, o downgrade ocorre num momento de trégua aos países emergentes, que vem desde fevereiro. Não vamos ter um impacto muito relevante no mercado (preço de ativos no curto prazo), mas sem dúvida, é uma notícia muito ruim, que tem um impacto sobre o custo de capital das empresas, sejam elas públicas ou privadas. ...Teremos agora um provável rebaixamento de instituições (como os convidados haviam recebido a notícia já no palco, não sabiam do rebaixamento da nota da Petrobras, Eletrobras entre outras). ...Vamos ver agora as implicações nos próximos dias." Já Caio Megale procurou focar no aspecto positivo que pode ser tirado dessa situação. Segundo ele o rebaixamento pode servir de estímulo para o país corrigir certo desequilíbrios de curto prazo que contribuíram para essa avaliação.
Ao falar sobre a questão da produtividade, um problema crônico do Brasil, Octávio lembrou um encontro recente com Larry Summers (renomado economista e secretário do Tesouro norte-­‐americano por vários anos) em Davos, na Suíça, o n d e e s t e , e m t o m d e b r i n c a d e i r a , d i s s e q u e a conViança é a forma mais barata de estímulo à economia, pois não custa nada. Lembrou ainda o u t r o i l u s t r e a m i g o , P a u l Krugman (que esteve no Brasil recentemente), que disse que qualquer que seja a orientação ideológica de um governo, a falta de conViança exerce um efeito corrosivo sobre a governança. Recuperar o ambiente de conViança dos agentes econômicos em geral, portanto, deveria ser uma prioridade do governo para aumentar a produtividade.
Questionado sobre qual reforma adotaria para o Brasil, Caio Megale destacou o combate a pesada e complexa carga tributária brasileira. “Como analista de sell side no Itaú, tenho escutado muitas reclamações de empresas estrangeiras sobre a complexa carga tributária brasileira.” aVirma. Já Octávio retoma a questão da produtividade para destacar sua reforma. “O Brasil é mais severamente punido pelos mercados do que todos os outros emergentes que cometem os mesmos “pecados”, daí nossa crise de conViança. Para solucionar tal problema, acho que deveria ser estabelecido em lei um teto para a expansão do gasto nominal não-­‐constitucional no Brasil, ou seja, um teto para a expansão da despesa pública.” Pérsio concordou com a proposta de Octávio e comentou sobre a grande diViculdade política de se alterar a questão tributária no Brasil.
Otimistas, Pérsio, Octávio e Caio deram uma nota oito para o Brasil. Reformas econômicas, oferta de crédito no Brasil, bolha imobiliária, China e política monetária do Japão foram outros temas abordados pelos convidados.
Próximo ao Vim do debate, Octávio de Barros fez uma singela homenagem a Pérsio Arida, destacando-­‐o como um dos maiores economistas vivos da história do país, juntamente com DelVim Neto, outro famoso professor da casa. O evento terminou com a ida dos convidados a um coffe break com a presença de alunos e professores.
Evento: Economia na Mesa
Data: 24/03/2014 -­‐ 18h30
Local: Auditório Principal da FEA-­‐USP (Av. Luciano Gualberto, 908)
Convidados: Pérsio Arida, Octávio de Barros e Caio Megale
Público: 400 pessoas
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