DESENVOLVIMENTO DA INFLORESCÊNCIA DA MANGUEIRA ‘PALMER’ EM VIÇOSA-MG Lorena Moreira Carvalho1, João Paulo Lemos2 Juliana Cristina Vieccelli3, Francilene Maria Brandão4, Dalmo Lopes de Siqueira5 1 Universidade Federal de Viçosa/Departamento de Fitotecnia,Campus da UFV,[email protected] 2 Universidade Federal de Viçosa /Departamento de Fitotecnia, Campus da UFV,[email protected] 3 EPAMIG, Vila Gianetti, Casa 46-Campus da UFV, [email protected] 4 Membro externo, [email protected] 5 Universidade Federal de Viçosa/Departamento de Fitotecnia, Campus da UFV, [email protected] Resumo- Não foram encontrados trabalhos sobre as fases de florescimento da mangueira ‘Palmer’. O presente trabalho foi realizado com o objetivo de estudar o desenvolvimento das inflorescências da mangueira ‘Palmer’. O trabalho foi conduzido no Pomar do Fundão da Universidade Federal de Viçosa (UFV), no município de Viçosa-MG. Foram selecionadas sete plantas aleatoriamente, onde 28 panículas foram marcadas com fita de TNT e avaliadas até quando os frutos se encontravam na fase de chumbinho. As variáveis avaliadas foram o comprimento da panícula, o desenvolvimento de eixos secundários, a época de abertura de flores e o aparecimento dos primeiros frutos. Fez-se a contagem do número total de panículas em uma planta e a contagem de flores perfeitas e de flores estaminadas em panículas de diferentes tamanhos. A planta apresentou 700 panículas. O número de flores presentes em uma panícula de tamanho pequeno foram de 204 flores hermafroditas e 634 flores estaminadas; de tamanho médio foram de 210 perfeitas e 68 estaminadas e de tamanho grande foram de 698 perfeitas e 461 estaminadas. O florescimento de manga ‘Palmer’, com sete anos de idade, durou em média 71 dias Palavras-chave: Mangifera indica, panículas, florescimento Área do Conhecimento: FRUTICULTURA Introdução O crescimento vegetativo da mangueira caracteriza-se por ocorrer em fluxos vegetativo. A paralisação do crescimento vegetativo da mangueira é necessário para que haja iniciação da floração e posteriormente frutificação e desenvolvimento dos frutos. A mangueira possui inflorescências do tipo panícula, de forma cônica a piramidal, que se desenvolvem, sob condições normais, de gemas terminais de ramos maduros, possuindo flores perfeitas e masculinas. As flores iniciam a antese antes mesmo que as panículas atinjam o total comprimento e a maior concentração na abertura das flores ocorre entre 9 e 11 horas, embora ocorra uma certa variação dependendo das condições climáticas da região (PINTO & FERREIRA, 1999). A mangueira ‘Palmer’ é uma variedade semi-anã, de copa aberta, produção tardia, apresentando boa vida de prateleira e produções regulares sendo bem aceita no mercado interno (EMBRAPA, 2004). Não foram encontrados trabalhos que descrevessem as peculiaridades das fases do florescimento da mangueira ‘Palmer’.Como as informações acerca da fenologia de mangueiras no Brasil são escassas, propôs-se estudar o desenvolvimento natural das inflorescências das plantas desse cultivar. Metodologia O trabalho foi conduzido no Pomar do Fundão da Universidade Federal de Viçosa (UFV), no município de Viçosa-MG, localizado nas coordenadas geográficas 20° 45’ de latitude sul e 42° 51’ de longitude oeste, apresentando uma altitude de 650 m. O clima da região, segundo a classificação de Köpen, é do tipo Cwb, mesotérmico, com inverno seco e verão chuvoso. 0 A temperatura média anual é de 19 C, com a mínima em torno de 14°C e máxima de 26°C. Foram selecionadas sete plantas aleatoriamente, onde 28 panículas foram marcadas com fita de TNT e avaliadas até a fase em que os frutos se encontravam no tamanho de “chumbinho”. De cada planta, selecionou-se um ramo por quadrante onde de 7 em 7 dias avaliouse comprimento da panícula, o desenvolvimento de eixos secundários, a época de abertura de flores e o aparecimento dos primeiros frutos. Utilizou-se uma fita métrica para medição comprimento da panícula. XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1 Quando mais de 50% das panículas encontravam-se com flores abertas, fez-se a contagem do número total de panículas em uma planta. Logo após,as panículas foram classificadas em três tamanhos: pequeno (eixo principal abaixo de 35 cm), médio (eixo principal entre 35 e 58 cm) e grande (eixo principal acima de 58 cm). Em cada tamanho, coletou-se uma amostra composta de 3 panículas e fez-se a contagem do número de flores perfeitas e de flores estaminadas. As plantas estavam dispostas em campo no sentido sol nascente, lado relativo ao quadrante 4 e o sol poente relativo ao quadrante 2. Resultados Os valores médios para o comprimento da panícula e o número de eixos secundários se encontram nas figuras 1 e 2 . Verifica-se que as panículas situadas nos quadrantes 1 e 4 apresentaram maior comprimento (em torno de 50 cm), assim como maior número de eixos secundários (55 e 59 respectivamente. Figura 1. Valores médios de comprimento das panículas de mangueira ‘Palmer’ em diferentes épocas de avaliação. Viçosa-MG, 2009. Figura 2. Valores médios de número de eixos secundários em panículas de mangueira ‘Palmer’ em diferentes épocas de avaliação. Viçosa-MG, 2009. De acordo com KAVATI (1989), o florescimento da manga pode ser dividido em quatro fases: fase de entumescimento da gema apical (Estádio 1), fase de alongamento da panícula (Estádio 2), fase de crescimento da panícula e de florescimento ao mesmo tempo (Estádio 3) e fase de frutificação (Estádio 4), Para a mangueira ‘Palmer’, observouse que os estádios 1, 2, tiveram duração de 7 e 21 dias respectivamente. O Estádio 3, quando o crescimento da panícula se encontra mais da metade e as flores se abrem, durou 15 dias e o Estádio 4, inicio da frutificação teve duração de 21 a 28 dias. A planta apresentou, um total de 700 panículas. Os números de flores presentes em uma panícula de tamanho pequeno foram de 204 flores perfeitas ou hermafroditas e 64 flores estaminadas ou masculinas, de tamanho médio foram de 210 perfeitas e 68 estaminadas e de tamanho grande foram de 698 perfeitas e 461 estaminadas. Discussão Observa-se que os quadrantes 1 e 4 apresentaram melhores resultados em relação ao comprimento e o número de eixos secundários, fato este podendo ser explicado apenas pela disposiçao dos ramos nas plantas, que poderiam estar recebendo maior incidência de luz, pois todas as plantas foram submetidas ao mesmo controle fitosanitário, a mesma adubação e a mesma irrigação. O número de flores por panícula parece ser variável com a cultivar. Simão (1971) relatou que uma panícula possui de 400 a 17.000 flores. Já Pinto et al. (2002) verificaram apenas de 600 a 6.000 flores. O valor total encontrado neste estudo para as panículas grandes foi de 1.159 flores/panícula, valor este que encontra-se na média citada por esses dois autores. XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 2 Ainda segundo Simão (1971), o período de desenvolvimento da panícula varia de 35 a 42 dias e as primeiras flores só se abrem a partir de 21 dias do início do desenvolvimento da inflorescência. Resultados semelhantes foi observado por Lucena (2007), que relatou ser necessários 25 dias para as primeiras flores se abrirem. Este comportamento assemelha-se com os resultados encontrados neste trabalho, visto que foram necessários 28 dias após a diferenciação para as primeiras flores se abrirem. Conclusões O florescimento de manga ‘Palmer’, com sete anos de idade, para as condições de Viçosa (MG), durou, em média 71 dias. Os números de flores presentes em uma panícula de tamanho pequeno foram de 204 flores perfeitas ou hermafroditas e 64 flores estaminadas ou masculinas, de tamanho médio foram de 210 perfeitas e 68 estaminadas e de tamanho grande foram de 698 perfeitas e 461 estaminadas.. Agradecimentos: Ao CNPq pela concessão dos recursos financeiros que possibilitaram a realização deste trabalho. Referências EMBRAPA. Mandioca e fruticultura tropical. Disponível em: http://www.cnpmf.embrapa.br/. Acesso em: 04 de setembro de 2009. KAVATI, R. Práticas culturais em mangueiras no Estado de São Paulo. In: SIMPÓSIO SOBRE MANGICULTURA II, 1989. Jaboticabal, Anais... Jaboticabal: FUNEP, 1989. p.99-108. LUCENA, E. M. P.; ASSIS, J. S.; ALVES, R. E.; SILVA, V. C. M. e FILHO, J. E. Alterações físicas e químicas durante o desenvolvimento de mangas ‘Tommy Atkins’ no Vale do São Francisco, Petrolina – PE. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 29, n. 1, p. 096- 101 2007. . PINTO, A. C. de Q. et al. Melhoramento genético. In: GENÚ, P. J. de C.; PINTO, A. C. de Q. A cultura da mangueira. 1. ed. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2002a. cap. 4, p. 51-92. SIMÃO, S. Manual de Fruticultura. São Paulo : CERES, 1971 XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 3