REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS Realização: Patrocínio: INSTITUTO CENTRO DE CAPACITAÇÃO E APOIO AO EMPREENDEDOR Presidente: Tânia Maria Machado Silva Vice Presidente: Silvia Machado Redação e revisão: Alice de Cassia Ferreira Ilustração: Elio Silva Gráfica: Gráfica Difusora Tiragem: 1.000 exemplares Distribuição: gratuíta Contato: [email protected] Reprodução permitida, desde que citada a fonte: Instituto Centro de Capacitação e Apoio ao Empreendedor REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS PILHAS, BATERIAS, PNEUS E LÂMPADAS Apresentação O Instituto Centro Cape é uma organização não governamental, criada em 1994, que trabalha em prol do desenvolvimento, principalmente da indústria artesanal, do artesão e da micro e pequena empresa. Dentre as diversas preocupações do Centro Cape está a questão do meio ambiente. Sabemos que se não nos preocuparmos com o nosso entorno, nossos filhos e netos terão muito mais dificuldade do que nós, no seu dia a dia. Por trabalharmos, também, com o segmento artesanal, sabemos que muitos dos resíduos existentes podem muito bem ser aproveitados para a criação de novos produtos. Ser ambientalmente correto é, inclusive, uma forma de agregar valor ao seu produto final. Os consumidores, hoje, estão atentos à questão dos resíduos: se são descartados de qualquer forma, ou se são reaproveitados. Estes livretos, ora lançados, são tão somente guias para o conhecimento de todos, mas que sirvam de inspiração para outros desenvolvimentos e que coisas simples no nosso dia a dia possam ser realizadas sem nenhum esforço maior. Agradecemos, mais uma vez, ao sistema Fiemg por ter possibilitado o lançamento destes 12 manuais, que serão de grande valia para aqueles que geram resíduos, ou que são usuários de resíduos de terceiros. Instituto Centro de Capacitação e Apoio ao Empreendedor Rua Grão Mogol, 662 – Belo Horizonte – Minas Gerais www.centrocape.org.br [email protected] 1 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS PILHAS, BATERIAS, PNEUS E LÂMPADAS Introdução O homem cria milhares de coisas para o seu conforto, mas nem sempre se preocupa em achar solução para os resíduos de suas criações, muitas vezes indigestos para a natureza e para ele próprio. Deixava-se para o Estado a responsabilidade pela disposição dos resíduos. É certo, porém, que este desafio, sendo das sociedades modernas, não pode ser apenas do Estado. Na verdade, se todos têm direito a um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente equilibrado, têm, também, o dever de defendê-lo. O problema do lixo exige uma reflexão não só sobre o lixo em si, mas sobre sua contextualização cultural. A compreensão da problemática do lixo e a busca de sua resolução pressupõem mais do que a adoção de tecnologias. Envolve uma discussão sobre as relações históricas estabelecidas pela sociedade com os seus rejeitos. Mudança de atitude, de hábitos e de costumes não é tarefa fácil. Por outro lado, existem coisas que só não se faz por não se saber como. Além do compromisso de cada um com as gerações futuras, o mercado de serviços ambientais já é promissor e promete crescer. Neste texto, procuramos incluir informações importantes sobre os resíduos chamados especiais - Pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes -, que são lixos indesejáveis. 3 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS PILHAS, BATERIAS, PNEUS E LÂMPADAS Os Resíduos Especiais A herança que vamos deixar para os nossos descendentes é o mundo que construirmos. Como contribuirpara fazer o melhor? Resíduos especiais provêm do meio ambiente urbano e rural. Em razão do volume ou das propriedades componentes, exigem sistemas especiais para acondicionamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final, a fim de evitar danos ao meio ambiente. Para cada categoria de resíduo, existe uma forma correta de coleta, em função de sua natureza ou risco. 4 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS PILHAS, BATERIAS, PNEUS E LÂMPADAS A Política Nacional de Resíduos Sólidos Estabelece diretrizes e normas para o gerenciamento dos resíduos, no país. Princípio da Política Nacional de Resíduos Sólidos: Responsabilidade Estendida ao Produtor A política nacional de resíduos sólidos tem como proposta definir um papel para o Estado na direção de um desenvolvimento socialmente justo e ambientalmente sustentável. Prevê estender as responsabilidades socioambientais de produtores e distribuidores, para o estágio pós-consumo. Isto afeta especialmente aqueles que lidam com resíduos perigosos, como pilhas, baterias, pneus e lâmpadas. A responsabilização das indústrias envolve desde o processo de produção de bens e serviços até o pós-consumo, o que deverá levar à revisão de processos produtivos, com vistas à redução da geração de resíduos. Esta abordagem requer do setor produtivo uma redefinição e uma nova postura quanto às matérias-primas utilizadas e quanto ao perfil dos produtos oferecidos, no mercado. Pretende, também, que os fabricantes e importadores de pilhas, baterias, pneus e lâmpadas fluorescentes tenham mecanismos para receber esses produtos de volta, depois do consumo. Os comerciantes se encarregariam de recolher as baterias, pilhas, pneus e as lâmpadas, e os fabricantes seriam obrigados a dar destinação adequada aos produtos e às embalagens devolvidos. Isto, para que esses resíduos não sejam lançados em áreas onde possam prejudicar, ainda mais, o meio ambiente. Quando vamos ver acontecer??? O Conselho Nacional do Meio Ambiente divulga suas decisões sobre a destinação adequada dos resíduos que contaminam o ambiente, e que, por suas especificidades, necessitam de procedimentos especiais ou diferenciados nesta ação. Alguns ESTADOS já têm legislação específica que regulamenta a utilização e o descarte de resíduos especiais. 5 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS PILHAS, BATERIAS, PNEUS E LÂMPADAS Acordo Internacional Os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) já assinaram, acordo que estabelece diretrizes para uma política comum de gestão do lixo tóxico e de pneus velhos. Os produtos para os quais o acordo é válido são: •• óleos vegetais ou minerais; •• baterias; •• pilhas; •• telefones celulares; •• produtos eletroeletrônicos; •• agrotóxicos e suas embalagens; •• mercadorias que contêm mercúrio (como lâmpadas fluorescentes e termômetros); •• pneus. O que se pretende é desestimular a entrada, no Mercosul, de produtos usados vindos de outros países. 6 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS PILHAS, BATERIAS, PNEUS E LÂMPADAS Pilhas, Baterias, Pneus e Lâmpadas São classificados como lixo especial Pilhas, baterias, pneus e lâmpadas, são encontrados nos resíduos urbanos, jogados no lixo por quem não sabe que se trata de resíduos perigosos, contendo metais pesados ou elementos tóxicos. Muitos resíduos perigosos são jogados no lixo comum, por falta de locais de coleta. 7 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS PILHAS, BATERIAS, PNEUS E LÂMPADAS Pilhas •• Continuam sendo jogadas no meio ambiente junto com o lixo doméstico. •• As lojas vendedoras desses artigos não têm ponto de coleta. •• É mais fácil jogar uma pilha usada no lixo, do que levá-la para locais de recolhimento, que são raríssimos. Baterias de carro Já existe um sistema de reciclagem. As baterias trocadas ficam na oficina para: •• serem enviadas para a fábrica produtora; •• serem enviadas para empresas que fundem a bateria e fazem o reaproveitamento do chumbo. Baterias de Celulares •• Em geral, são devolvidas, nas lojas onde foram compradas. As Pilhas e Baterias As pilhas e as baterias são resíduos perigosos e não são devidamente destinados. Sua toxidade é devida aos metais presentes em sua composição, que podem ser liberados se elas forem incineradas ou deixadas em qualquer destino inadequado. É importante lembrar que muitos desses metais são biocumulativos, podendo afetar, drasticamente a saúde do homem. A reciclagem e a reutilização desses materiais é imprescindível, não só porque reduzem a quantidade de rezíduos tóxicos produzidos, evitando a contaminação ambiental e, por consequência, danos à saúde pública, como, também, porque diminuem a quantidade de metais extraidos das minas, evitando outros danos (degradação da paisagem, destruição de habitas etc). Existem vários processos de reciclagem específicos para cada tipo de pilha ou de bateria, o que mais que justifica a coleta diferenciada. Fornecedores e revendedores de certas pilhas e baterias, principalmente as de automóveis e de celulares, têm responsabilidade sobre a sua destinação. O 8 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS PILHAS, BATERIAS, PNEUS E LÂMPADAS ideal é sempre recorrer às embalagen, para orientações. Entretanto, não é raro a comercialização de pilhas e batirias clandestinas ou falsificadas que não seguem as especificações legais. De qualquer forma, nenhum tipo de pilha ou bateria deve ser jogado no lixo comum. Quando não recicladas, por motivos de mercado, tecnologia ou recursos financeiros de uma dada localidade, as pilhas e baterias devem ser depositadas em aterros especiais, evitando contaminação do solo, da água e do ar. Um pouco de história As pilhas elétricas foram idealizadas por Alessandro Volta, em 1800. Ele descobriu que um par de moedas, feitas de metais diferentes, podem produzir, quando em contato, uma corrente elétrica. Notou, então, que duas tiras de metais diferentes, colocadas em uma solução ácida, desenvolvem entre elas uma tensão elétrica. Se um condutor é ligado a essas duas tiras haverá, através dele, uma passagem de elétrons. Este foi o ponto de partida para a construção das pilhas elétricas. A pilha é um gerador químico, isto é, transforma energia química em energia elétrica. 9 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS PILHAS, BATERIAS, PNEUS E LÂMPADAS Classificação das Pilhas e Baterias Grupo 1 Estas são as comuns, não-recarregáveis e as mais encontradas, no mercado. Pela legislação brasileira, podem ser descartadas no lixo doméstico, porque carregam substâncias tóxicas em níveis baixos, ou seja, a legislação considera que não agridem demasiadamente o meio ambiente. São do grupo 1: •• zinco-manganês •• alcalinas-manganês •• lithium •• lithium íon •• zinco-ar •• niquel metal •• hidreto •• pilhas •• baterias botão ou miniatura. Grupo 2 Baterias de chumbo ácido (usadas em automóveis), de níquel cádmio (as do tipo recarregáveis, como algumas usadas em telefones celulares) e de óxido de mercúrio (pilhas comuns, mas que já não podem ser legalmente fabricadas, no Brasil). As pilhas “piratas” são, em geral, feitas com óxido de mercúrio. Deveriam ser recolhidas pelo comércio e encaminhadas aos fabricantes ou importadores, para destinação adequada. São mesmo???? São do grupo 2: •• chumbo ácido •• níquel cádmio •• óxido de mercúrio. 10 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS PILHAS, BATERIAS, PNEUS E LÂMPADAS Grupo 3 A maioria das baterias de telefones celulares é do grupo 3, e, também, não devem ir para o lixo comum. A maior parte delas contém, em sua composição, cádmio, chumbo ou mercúrio - metais danosos ao meio ambiente e à saúde. Símbolos para Indicação do Descarte Adequado Indica que a pilha ou bateria pode ser descartada no lixo doméstico. Pela legislação brasileira, você pode jogar no lixo doméstico: Pilhas e baterias de zinco manganês e alcalinas manganês. Pilhas e baterias de níquel-hidreto metálico, lítio, íon lítio, zinco-ar, os tipos miniaturas e botões e as baterias recarregáveis de íon lítio, usadas em filmadoras e telefones sem fio mais recentes. Indica que a pilha ou bateria não pode ser descartada no lixo doméstico. Você não pode jogar no lixo doméstico: As mais comuns são as baterias recarregáveis de Níquel Cádmio (Ni-Cd), utilizadas em telefones sem fio e filmadoras; baterias de chumbo ácido, utilizadas em filmadoras do tipo VHS Full Size. As pilhas e baterias não classificadas, como passíveis de serem lançadas no lixo, devem ser devolvidas, após o uso, para o descarte apropriado, às redes de oficinas autorizadas e/ou revendedores. Fonte: Conselho Nacional do Meio Ambiente 11 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS PILHAS, BATERIAS, PNEUS E LÂMPADAS Potencial poluidor dos elementos químicos utilizados em pilhas e baterias ELEMENTO EFEITOS SOBRE O HOMEM •• Dores abdominais •• Disfunção renal Chumbo (Pb) •• Anemia e problemas pulmonares •• Paralisia •• Encefalopatia (sonolência, delírio, convulsões e coma) •• Gengivite, salivação, diarréia com sangramento •• Dores abdominais e vômito •• Congestão, inapetência e indigestão •• Dermatite e elevação da pressão arterial Mercúrio (Hg) •• Estomatites (inflamação da mucosa da boca), ulceração da faringe e do esôfago, lesões renais e no tubo digestivo •• Insônia, dores de cabeça, colapso, delírio e convulsões •• Lesões cerebrais e neurológicas, provocando desordens psicológicas e afetando o cérebro 12 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS PILHAS, BATERIAS, PNEUS E LÂMPADAS ELEMENTO EFEITOS SOBRE O HOMEM •• Manifestações digestivas (náusea, vômito e diarréia) •• Disfunção renal Cádmio (Cd) •• Problemas pulmonares •• Envenenamento (quando ingerido) •• Pneumonite (quando inalado) •• Câncer (o cádmio é carcinogênico) •• Câncer (o níquel é carcinogênico) Níquel (Ni) •• Dermatite •• Intoxicação em geral •• Distúrbios digestivos e impregnação da boca, pelo metal Prata (Ag) •• Intoxicação crônica, provocando coloração azulada na pele •• Morte •• Inalação – lesão, mesmo com pronto atendimento Lítio (Li) •• Ingestão – lesão residual, se nenhum tratamento for aplicado •• Disfunção do sistema neurológico Manganês (Mn) •• Afeta o cérebro •• Gagueira e insônia •• Problemas pulmonares Zinco (Zn) •• Pode provocar lesão residual, a menos que seja dado atendimento imediato •• Contato com os olhos – lesão grave mesmo com pronto atendimento Fonte: Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos / José Henrique Penido... [et al.}; coordenação técnica Victor Zular Zveibil. Rio de Janeiro: IBAM, 2001. 13 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS PILHAS, BATERIAS, PNEUS E LÂMPADAS Os Pneus Velhos O descarte de pneus sempre foi, e continua sendo, um problema ambiental grave. •• Um pneu jogado no meio ambiente permanece intacto durante cerca de 600 anos. •• Quando depositados em aterros, as camadas de ar provocam “ocos” na massa de resíduos, causando a instabilidade do aterro, pois os pneus cheios de ar pressionam até que afloram na superfície. •• Se deixados em ambiente aberto, sujeitos às chuvas, os pneus acumulam água, servindo como local para a proliferação de diversos mosquitos, como os transmissores da dengue e da febre amarela, pois cumulam água no seu interior. •• Se destinados para unidades de incineração, a queima da borracha gera enormes quantidades de material reduzido a partículas e gases tóxicos. •• Se amontoados, oferecem grande risco de incêndio, pois queimam com muita facilidade, produzindo fumaça negra, altamente poluidora, pela diversidade de compostos que são liberados na combustão. Na queima, podem causar, também, contaminação da água e do solo, pelo material oleoso e tóxico liberado. 14 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS PILHAS, BATERIAS, PNEUS E LÂMPADAS Legislação para Descarte de Pneus O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) tem determinações para que fabricantes e importadores recolham e dêem um fim não poluente aos pneus que comercializam no País, inclusive de bicicletas. Por estas determinações, as empresas fabricantes e as importadoras de pneumáticos ficam obrigadas a coletar e dar destinação final ambientalmente adequada aos pneus inservíveis existentes no território nacional, na proporção relativamente às quantidades fabricadas e/ou importadas. É possível constatar, em todo o país, que os pneus continuam “por aí”! Reciclagem de Pneus Há diversos processos de reciclagem de pneus: •• Processos físicos/mecânicos: o pneu é triturado, moído e seus componentes (borracha, fibras, aço) são separados para posterior reutilização. •• Processos químicos: são os que permitem obter maior leque de produtos. •• Processo pirolítico (decomposição pelo calor, sem oxigênio): podem ser obtidos diversos tipos de óleos e gases os quais, posteriormente, poderão ser utilizados como matéria-prima para combustíveis e outros produtos químicos. •• Há ainda processos catalíticos e termo-químicos, com os quais é possível regenerar a borracha, a qual poderá ser novamente vulcanizada. Os pneus podem ser sujeitos a diversas formas de aproveitamento ou reciclagem: •• Recauchutagem e remoldagem: o pneu é reconstruído a partir de um pneu usado, repondo a banda de rodagem (a borracha externa). Novas camadas de borracha são adicionados aos pneus “carecas” ou sem friso. A recauchutagem aumenta a vida útil do pneu em 40%. 15 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS PILHAS, BATERIAS, PNEUS E LÂMPADAS •• Trituração: A borracha passa por máquinas de moagem, que podem cortar os pneus em pedaços pequenos ou, até, formar um pó, ambos utilizados para fabricar diversos produtos. •• Valorização energética: Consegue-se tirar proveito do elevado poder calorífico deste tipo de material, através da incineração, tendo que haver o cuidado de respeitar os limites legais de emissão de gases. Assim, os resíduos de pneus podem ser utilizados como combustível principal ou auxiliar, em vários processos industriais – produção de cal, aço, cimento, celulose e papel. A reciclagem de pneus também economiza petróleo, já que a borracha é feita a partir deste recurso natural, além do látex. •• Uso como aditivo de asfalto: conhecido como asfalto-borracha, é obtido pela mistura de borracha de pneu moída e asfalto. Essa adição contribui para melhorar as características de resistência a flexão, trincas, aderência e melhor resistência ao intemperismo natural (radiação solar, umidade, temperatura). •• Borracha regenerada: É possível recuperar a elasticidade e a resistência original da borracha, por ação do calor e do frio e com adição de produtos químicos, formando uma pasta que pode ser moldada. A borracha regenerada pode, em parte, ser utilizada na confecção de bandas de rodagem de pneus. Ela também pode ser utilizada na fabricação de pneus maciços, usados em veículos internos de movimentação de carga. Artesanato de Pneus Muitos artesãos já aproveitam pneus descartados para criar e produzir peças que lhes possibilitam ter uma renda ou complementar os seus ganhos. São exemplos de peças: Um cesto 16 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS PILHAS, BATERIAS, PNEUS E LÂMPADAS Um balanço Corte esta parte do pneu Vire o fundo e prenda as alças. Realização de um Projeto de Artesanato com Pneus Vamos fazer uma sandália? 1. Preparar o material que será utilizado no trabalho: •• Papel craft ou similar •• Caneta •• Lápis •• Tesoura •• Pneu velho •• Luvas •• Avental 17 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS PILHAS, BATERIAS, PNEUS E LÂMPADAS •• Fivelas •• Tiras para alças de sandálias •• Cola para borracha •• Faca grande (para cortar o pneu) •• Furadeira com brocas (para furar o pneu) •• Arrebites com arrebitadeira •• Cordões (para costurar a sandália) 2. I nformar-se sobre como utilizar os materiais específicos, como a furadeira e a arrebitadeira. 3. T irar medidas e fazer o molde, em papel, antes de cortar o pneu. Fazer furos, no molde, de acordo com as tiras e as fivelas que vão ser usadas. 4. Escolher um local seguro (mesa) para apoiar o trabalho e forrá-lo com jornal. 5. Colocar as luvas e o avental. 6. Fazer a sandália, utilizando o molde, as ferramentas e os outros materiais. 18 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS PILHAS, BATERIAS, PNEUS E LÂMPADAS As Lâmpadas Fluorescentes São muito econômicas, mas é preciso que tenham o selo PROCEL, que indica que foram testadas e aprovadas pelo IMETRO. Sua durabilidade varia em torno de 10 a 15 mil horas, enquanto as que ainda não passaram pelo teste têm, por vezes, durações de 800 a mil horas – muitas não atendem ao índice de luminosidade indicado, ou seja, são lesivas ao consumidor. A escolha deve ser feita de acordo com o ambiente em que o produto será utilizado: •• A luz mais branca ou azulada estimula a produtividade e as lâmpadas desta tonalidade são indicadas para as áreas de serviço, cozinhas, escritórios, escolas e hospitais. •• As tonalidades mais amareladas são mais aconchegantes, para maior conforto ambiental, e são recomendadas para quartos, corredores, banheiros, salas de estar e de jantar. •• As lâmpadas fluorescentes compactas eletrônicas têm tamanho reduzido, já com uma base do tipo rosca, igual às das incandescentes, permitindo, assim, a sua aplicação nos locais onde se utilizam lâmpadas incandescentes comuns. O que muita gente não sabe é que as lâmpadas fluorescentes compactas ou tubulares contêm mercúrio, substância tóxica nociva ao ser humano e ao meio ambiente. Se rompidas, liberam vapor de mercúrio, que será aspirado por quem as manuseia. Em virtude da ampla utilização, pela população que necessita diminuir as contas de eletricidade, e da toxidade do material, não basta pensarmos em uma coleta diferenciada: é importantíssimo preocuparmo-nos com os cuidados no manuseio e no descarte, para não quebrá-las. Ao manusear as lâmpadas fluorescentes, nunca se deve segurá-las pelo vidro. É recomendável que sejam descartadas em caixas de papelão ou protegidas com jornal, plástico bolha, entre outros, para evitar a sua ruptura (como, aliás, deve ser para todo material perfurante e cortante a ser descartado). No caso das lâmpadas, estas devem, ainda, serem vedadas para conter o vapor de mercúrio e, assim, proteger a saúde e o meio ambiente. O metal pesado – mercúrio – ao chegar à água subterrânea ou superficial, contamina-a, aos peixes e a tudo que lá se encontre e que pode fazer parte da alimentação, sendo transmitido através da cadeia alimentar. 19 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS PILHAS, BATERIAS, PNEUS E LÂMPADAS Princípio de Funcionamento •• um tubo com dois eletrodos e um gás sob baixa pressão; •• quando uma tensão é aplicada entre os eletrodos, os átomos do gás são excitados a ponto de perderem parte de seus elétrons. São formados íons e elétrons livres; •• os elétrons dirigirem-se ao eletrodo positivo; •• os íons dirigem-se ao eletrodo negativo; •• o movimento de elétrons promove colisões que tendem a liberar novos elétrons, mantendo o processo; •• essa movimentação de cargas torna, condutor, o gás no interior do tubo. Este processo é acompanhado da emissão de radiação. 20 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS PILHAS, BATERIAS, PNEUS E LÂMPADAS Os vários tipos de lâmpadas fluorescentes Componentes das lâmpadas fluorescentes Principais componentes •• Vidro •• Metais da base (latão e alumínio) •• Metais dos catodos (tungstênio ou aço inox) •• Elementos químicos do enchimento e do revestimento •• Gases de enchimento (Neônio, Argônio, Kriptônio e Xenônio) 21 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS PILHAS, BATERIAS, PNEUS E LÂMPADAS Elementos presentes no pó de revestimento das lâmpadas fluorescentes •• Mercúrio •• Manganês •• Alumínio •• Antimônio •• Sódio •• Cálcio •• Cádmio •• Antimônio •• Bário •• Magnésio •• Níquel •• Zinco Fonte: Mercury Recovery Services, in TRUESDALE et al. Na grande maioria, as lâmpadas fluorescentes continuam sendo descartadas junto com o lixo comum. Enquanto intactas, não oferecem risco ao manuseio. Entretanto, ao serem rompidas liberam vapor de mercúrio que, se aspirado ou ingerido, causa efeitos desastrosos ao sistema nervoso. Se forem lançadas diretamente em aterros, as lâmpadas contaminam o solo e, mais tarde, os cursos d’água, chegando à cadeia alimentar. 22 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS PILHAS, BATERIAS, PNEUS E LÂMPADAS Principais danos à saúde provocados pelo mercúrio e seus compostos Elemento Danos à saúde •• Bronquite aguda •• Cefaléia •• Catarata •• Tremores Mercúrio metálico •• Fraqueza •• Insuficiência renal crônica •• Edema pulmonar agudo •• Pneumonia •• Diminuição da capacidade intelectual •• Parestesia (alucinações) •• Cegueira •• Dermatite esfoliativa Sais inorgânicos de mercúrio •• Gastroenterite aguda •• Gengivite •• Nefrite crônica •• Síndromes neurológicas e psiquiátricas diversas Metilmercúrio (efeitos irreversíveis) •• Síndromes neurológicas múltiplas com deterioração física e mental: tremores, disfunções sensoriais, irritabilidade, perdas da visão, audição e memória, convulsões e morte •• Dano cerebral e físico, aos fetos 23 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS PILHAS, BATERIAS, PNEUS E LÂMPADAS Processos de Reciclagem Industrial de Lâmpadas Fluorescentes O processo de reciclagem industrial de lâmpadas fluorescentes mais usado, em várias partes do mundo e no Brasil, envolve basicamente duas fases: 1. Esmagamento As lâmpadas são quebradas em pequenos fragmentos em um moinho, quando, então, os materiais constituintes são separados em cinco classes distintas: •• terminais de alumínio; •• pinos de latão; •• componentes ferro-metálicos; •• vidro; •• poeira fosforosa, rica em Mercúrio; •• isolamento baquelítico. Destino dos produtos obtidos: •• a poeira é retirada do filtro e transferida para uma unidade de destilação para recuperação do mercúrio; •• o vidro é enviado para reciclagem; •• o alumínio e pinos de latão, depois de limpos, são enviados para reciclagem; •• a poeira de fósforo é normalmente enviada a uma unidade de destilação, onde o mercúrio é extraído. O mercúrio é, então, recuperado e pode ser reutilizado; •• a poeira fosforosa resultante é reciclada. O único componente da lâmpada que não é reciclado é o isolamento baquelítico, existente nas extremidades da lâmpada. 2. Destilação de mercúrio É a fase de recuperação do mercúrio contido na poeira de fósforo. A recuperação é obtida aquecendo o mercúrio acima de 350° C. O material vaporizado, a partir desse processo, é condensado e coletado. 24 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS ESPECIAIS Realização: Patrocínio: