Diagnóstico Ambiental Município de Apiacás – MT 2011 Diagnóstico Ambiental do Município de Apiacás – MT Carolina de Oliveira Jordão Vinícius Freitas Silgueiro Leandro Ribeiro Teixeira Ricardo Abad Meireles de Mendonça 2011 1. Introdução O município de Apiacás está localizado no Norte do Estado de Mato Grosso e faz parte dos 16 municípios que compõem o chamado Território Portal da Amazônia (Figura 1), região do Mato Grosso de colonização recente, iniciada na década de 70, com atividades econômicas baseadas na exploração florestal, agricultura familiar, garimpo e pecuária. Figura 1 – Território Portal da Amazônia Apiacás foi uma das cidades que teve sua ocupação iniciada pela colonizadora INDECO S.A., de propriedade do Sr. Ariosto da Riva, em 15 de maio de 1983. Atualmente, segundo dados do Censo 2010 do IBGE, a população é de 8.567 habitantes, dos quais 74% residem na área urbana. Este município está localizado a 1.005 km da capital, Cuiabá, na mesorregião do Norte do Mato Grosso e microrregião de Alta Floresta. Está inserido no relevo de planalto denominado Apiacás-Sucurundi, que é correlato à Depressão Interplanáltica Amazônica Meridional, onde se localiza a Serra de Apiacás. A extensão territorial do município é de 20.347 Km², representando 2,3% da área do estado de Mato Grosso. O município está geograficamente situado em local privilegiado ao sul da Amazônia brasileira, em meio às bacias dos rios Teles Pires, Juruena e Tapajós, sendo parte integrante da maior floresta tropical do planeta com extraordinária diversidade de espécies que esta posição lhe confere. Na busca por melhores resultados das ações e planejamento realizados pela Prefeitura Municipal, Estado de Mato Grosso e/ou setor produtivo é necessário conhecer a situação ambiental do município, além de obter informações em relação ao cumprimento das leis e o cadastro ambiental rural das propriedades. Nesse sentido, o Instituto Centro de Vida elaborou o presente diagnóstico que tem como objetivo fornecer algumas informações sobre Apiacás, mais detalhadamente sobre o uso e ocupação do solo atual e a degradação das Áreas de Preservação Permanentes (APPs). Buscou-se também identificar áreas críticas no município que sejam prioritárias para implantação de projetos de intervenção em áreas alteradas. 2. Metodologia Para a realização do presente diagnóstico foram coletados e gerados dados nas temáticas de áreas protegidas, hidrografia, uso e ocupação do solo, economia, APPs de cursos d’água, propriedades cadastradas no Sistema Integrado de Monitoramento e Licenciamento Ambiental de Mato Grosso (SIMLAM) e com Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS). Posteriormente foram realizadas análises baseadas em mapas, tabelas e gráficos. Foram utilizadas técnicas de geoprocessamento em ambiente SIG do software ArcGIs 9.3., o que possibilitou obter diversas informações sobre os diferentes temas que integram o município. A hidrografia foi digitalizada utilizando imagens SPOT de 2,5 metros de resolução, de forma a possibilitar que malha hidrográfica fique na escala de 1:25.000. Nas áreas onde não foi possível realizar a interpretação visual dos cursos d’água (floresta muito densa), utilizou-se imagens do radar SRTM para entender a dinâmica de drenagem e saber qual o sentido de seu fluxo. As imagens SRTM também foram utilizadas para gerar a divisão de sub-bacias no município, por meio de uma caixa de ferramentas do software específica para essa finalidade. O mapeamento das APPs de cursos d’água por sua vez foi realizado de acordo com o Código Florestal vigente (Lei no 4.771, de 15/09/65, alterada pela Lei no 7.803, de 8/08/93) e a legislação do estado de Mato Grosso (Lei Complementar N° 343/2008 do Programa MT Legal, alterada pela Lei Complementar N° 412/2010), que considera faixa de preservação de 30m para rios com até 10m de largura, 50m para rios com largura entre 10m e 50m, 100m para rios com largura entre 50m e 200m, 200m para rios entre 200m e 600m e 500m para rios com largura acima de 600m. Foram também consideradas e incluídas faixas de preservação de 50m no entorno de nascentes. Na obtenção dos dados sobre uso e ocupação do solo, inicialmente, foi utilizado software ENVI 4.5, que, através de classificação supervisionada em imagens LandSat do ano de 2011, possibilitou o mapeamento das áreas abertas (uso agropecuário em sua maior parte), áreas ocupadas por água e por florestas (primária e secundária). Posteriormente, no ArcGIS, foi realizado o cálculo de cada uma dessas formas de uso e ocupação do solo. As informações referentes as áreas cadastradas no SIMLAM e com Planos de Manejo Florestal Sustentável foram obtidas por meio de análises realizadas nos shapefiles fornecidos ao Instituto Centro de Vida pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso, através de parceria firmada entre ambos. Os dados de áreas protegidas foram obtidos das bases oficiais da Secretaria de Estado de Planejamento de Mato Grosso - SEPLAN, em formato shapefile. Dentro da questão de áreas protegidas foi abordado o ICMS Ecológico, baseado nos dados da Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA, 2010). Já para o tema de economia do município, foram utilizados dados do Produto Interno Bruto (PIB) de 2008, disponibilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2008). 3. Resultados e Discussão Áreas Protegidas No território de Apiacás se encontram cinco áreas protegidas, quatro Unidades de Conservação (duas Reservas Particulares do Patrimônio Natural, o Parque Nacional do Juruena e a Reserva Ecológica Apiacás) e a Terra Indígena Kayabi. A Figura 2 mostra as áreas do Parque Nacional e da Terra Indígena dentro do município. Figura 2 – Mapa de localização do município de Apiacás e suas áreas protegidas Essas áreas protegidas têm importância fundamental para proteção da biodiversidade e controle do desmatamento da região conhecida como Arco do Desmatamento, sendo que, compõem um conjunto de áreas protegidas na Amazônia Meridional. Entre estas, destaca-se o Parque Nacional que compõe o chamado Mosaico do Apuí, composto de Unidades de Conservação no Norte de Mato Grosso e Sul do Pará. As Unidades de Conservação e a Terra Indígena garantem a Apiacás uma receita importante de ICMS-Ecológico que, entre 2002 e 2010, representou aproximadamente 56% do total do ICMS repassado ao município, como mostra a Tabela 1. Tabela 1 – ICMS Ecológico repassado a Apiacás de 2002-2010 Ano Valor ICMS Ecológico pago ao municípioR$ (A) 2002 538.635,14 2003 676.786,98 2004 845.904,59 2005 882.070,35 2006 894.537,68 2007 2.295.757,93 2008 2.702.441,72 2009 2.837.169,06 2010* 2.702.077,60 Total 14.375.381,05 % do ICMS Ecológico dentro do valor total do ICMS repassado 43,55 40,72 38,20 31,72 32,12 52,26 51,33 53,94 53,27 56,57 Índice das UC/TI 5% (B) Valor total recebido de ICMS pelo município -R$ (C) 0.116637 1.236.777,63 0.112895 1.661.883,85 0.111813 2.214.563,33 0.111642 2.781.014,15 0.111580 2.784.643,37 0.254872 4.393.229,08 0.254807 5.264.992,43 0.254824 5.259.936.68 0.254792 5.072.885,78 - 25.409.989,62 Índice Total ICMS para o município (D) 0.267814 0.264559 0.297586 0.353402 0.347342 0.487593 0.496424 0.472428 0.478347 - Valor de A = B x C / D (de acordo com a Lei Complementar nº. 73 de 07/12/2000) B = (Fator de Conservação do Município /Fator de Conservação dos Municípios do Estado) x 5% * Dados de 2010 referentes aos meses de janeiro a novembro Hidrografia Em relação à hidrografia, o município está localizado na grande Bacia Amazônica e possui um corpo hídrico co-contribuinte de suma importância à funcionalidade dessa grande bacia. Apiacás está nas áreas de influência dos rios Juruena e Teles Pires - limites oeste e leste de Apiacás que na sua confluência forma o Rio Tapajós e limita o município ao norte, como é possível ver na Figura 2. A área do município que está dentro da sub-bacia do Teles Pires representa um total 9186,99 km². A participação do município sobre a área total da bacia representa 6,5% e está na região do Baixo Teles Pires. Para Juruena concorrem, pela margem direita e dentre outros de menor vulto, os rios São José da Barra, Flor e São Tomé. O Teles Pires recebe, por sua vez, pela margem esquerda, os rios Apiacás, Teles Aymori e Santa Rosa. Uma extensa rede de pequenos córregos e vertentes abastecem estes principais, constituindo uma das maiores redes hídricas do estado de Mato Grosso1. Figura 2 – Localização do Município de Apiacás em relação às Bacias Hidrográficas Teles Pires e Juruena. Uso e Ocupação do solo Apiacás é um município que se comparado com o restante dos municípios do Portal da Amazônia possui baixos índices de desmatamento2, como mostra a Tabela 2. O município, até o ano de 2010, possuía um desmatamento acumulado de 1982,2 km², isto significa que no ano de 1 Disponível em:<www.e-fazendas.com.br/site2/detalhe.asp?referencia=267>. Acesso em: 10 Jul. 2011. 2 Ver dados do desmatamento para os http://icv.org.br/mapas/MapaMT1/StatPlanet.html outros municípios do Portal da Amazônia e de todo Mato Grosso em: 2010 dos 19.703 km² de florestas originais existentes, ainda restava 17.720,8 km² de floresta. Ou seja, 9,74% das florestas do município foram desmatadas. Vale ressaltar que no período de 2010 o desmatamento anual foi de 5,8 km², índice que pode ser considerado baixo. Tabela 2 – Dinâmica do desmatamento Desmatamento (PRODES) Km2 % Até 2000 764,8 3,80 2001-2005 1.016 5,10 2006-2010 201,70 0,99 Total 1.982,2 9,74 O município apresenta alta área com cobertura florestal, principalmente devido às áreas protegidas. 87,62% da sua área são de Floresta (primária e secundária), 11,22% são as áreas abertas e o restante 1,17% são os corpos d’água (Figura 3 e Tabela 3). Figura 3 – Mapa de Uso do solo do município de Apiacás Tabela 3 – Dados quantitativos da análise de uso do solo de 2011 do município de Apiacás Classe de Uso do Solo Água Área em Km² 236,87 % 1,17 Floresta (Primária e Secundária) Área Aberta Área Total Município 17807,75 2279,94 20324,56 87,62 11,22 100 Já em relação à degradação das sub-bacias hidrográficas do município, conforme Tabela 4 e Figura 4, do total de 65 sub-bacias, praticamente, a metade (33 sub-bacias) tem até 20% de área aberta e menos de 5% (3 sub-bacias) tem 80-100% de área aberta. No mapa é possível perceber que a maioria das sub-bacias com o maior percentual de degradação se encontra próxima da área urbana. Figura 4 – Mapa das áreas abertas por sub-bacia hidrográfica do município de Apiacás – MT Tabela 4 – Área aberta por sub-bacia hidrográfica % Área aberta por sub-bacia Quantidade 0-5 5 - 20 20 - 40 40 - 60 60 - 80 80 - 100 Total 21 12 13 11 5 3 65 % Em relação ao total 32,31 18,46 20,00 16,92 7,69 4,62 100 De acordo com o Código Florestal (Lei no 4.771, de 15/09/65, alterada pela Lei no 7.803, de 8/08/93) nas propriedades rurais é obrigatória a manutenção da Reserva Legal necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas. Esta pode ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável (BRASIL, 1965). O fato de Apiacás ter um índice de desmatamento relativamente baixo e uma alta cobertura florestal oferece a oportunidade de desenvolver atividades econômicas através de um modelo de desenvolvimento que inclui um bom manejo e conservação dos recursos naturais. As áreas de floresta podem ser exploradas, através de manejo florestal sustentável e exploração da diversidade de produtos não-madeireiros que as florestas dispõem. Além das Reservas Legais, dentro das propriedades rurais é necessária a manutenção de cobertura florestal nas Áreas de Proteção Permanente. O Código Florestal, Artigo 2o, define como Áreas de Proteção Permanente locais onde devem ser mantidas todas as florestas e demais formas de vegetação natural. Estes locais foram definidos como de proteção especial, pois representam áreas frágeis ou estratégicas em termos de conservação ambiental, não devendo ser modificadas para outros tipos de ocupação. A manutenção da vegetação natural nestes locais contribui para o controle de processos erosivos e o assoreamento dos rios, garantia da qualidade dos recursos d'água e mananciais e com a proteção da fauna local (BRASIL, 1965). A análise da degradação das APPs de cursos d’água, também conhecidas como matas ciliares, de Apiacás demonstra que 28,3% da área total das matas ciliares estão degradadas, segundo pode-se observar na Figura 5 e Tabela 5. Figura 5 – Mapa do uso do solo nas matas ciliares do município de Apiacás/MT Tabela 5 – Dados quantitativos da análise de uso do solo 2011 nas matas ciliares do município de Apiacás - MT Classe de Uso e Cobertura do Solo Floresta (Primária e Secundária) Área em Km² % 268,51 71,7 Área Aberta 106,19 28,3 Área Total de APP 374,71 100 No sentido de buscar a recomposição das APPs, juntamente com a regularização ambiental das propriedades ou posses rurais, o Estado de Mato Grosso em agosto de 2008 criou o Programa Mato-grossense de Legalização Ambiental Rural - MT Legal (Lei Complementar Nº 327/2008) que disciplina as etapas do Processo de Licenciamento Ambiental de Imóveis Rurais de Mato Grosso. Passado quase dois anos, o Decreto Nº 2.238 de novembro de 2009 regulamentou o programa, sendo possível sua implementação. Para isso, foi criado o Cadastro Ambiental Rural (CAR) que é o registro dos imóveis rurais junto a SEMA/MT, de caráter declaratório, para atestar a situação ambiental atual do imóvel. No processo do CAR é realizada a assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o compromisso de resolução do passivo de APP através de um Plano de Recuperação de Áreas Degradas (PRAD). Após esse processo, em até três anos, é obrigatório solicitar a Licença Ambiental Única (LAU), efetuar averbação da Reserva Legal (RL) e recuperar e/ou compensar de eventuais passivos na RL. Em Mato Grosso, a regularização ambiental das propriedades rurais, bem como as autorizações de planos de manejo florestal sustentável são de responsabilidade da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA/MT), sendo que o órgão realiza um cadastro no SIMLAM. Em março de 2011 havia um total de 217 propriedades rurais e 122 áreas cadastradas de manejo florestal no SIMLAM, sendo que, 13 propriedades e 21 manejos se encontram dentro de áreas protegidas (Tabela 6). As propriedades cadastradas fora das áreas protegidas ocupam 2848,35 Km2, isso significa 48,54% da área passível de cadastramento (área total do município menos Unidades de Conservação e Terra Indígena). Analisando o uso e cobertura do solo das propriedades cadastradas no SIMLAM, conforme Tabela 6, identificou-se que 21% da área total foram abertas. Isso demonstra que, no conjunto, se está muito próximo dos 80% de floresta que é estabelecido pelo Código Florestal para a Amazônia. Mas isso não significa que todas as propriedades mantêm esse percentual de cobertura florestal. Na Figura 6 é possível observar a distribuição espacial destas áreas. Tabela 6 – Dados de Propriedades rurais e manejos florestais cadastrados no SIMLAM N° 237 Total Área (Km²) 4559,45 N° 13 N° 126 Total Área (Km²) 1280,62 N° 21 Propriedades Rurais Em Áreas Protegidas % do Total Área (Km²) % da Área Total 5,48 1398,98 30,68 Manejo Florestal Em Áreas Protegidas % do Total Área (Km²) % da Área Total 16,66 629,90 49,18 Tabela 7 – Dados de Uso e Cobertura do Solo das propriedades cadastradas no SIMLAM Propriedades Cadastradas Uso e Cobertura do Solo Água Floresta (Primária e Secundária) Área Aberta Área Total Km² 0,27 2235,57 % 0,01 78,28 620,01 2855,85 21,71 100,00 Figura 6 – Mapa das Propriedades Rurais e Áreas de Manejo Florestal do município de Apiacás cadastradas no SIMALAM da SEMA/MT Os dados sobre cobertura florestal e áreas cadastradas no SIMLAM dentro da área passível de cadastramento (Tabelas 8 e 9) demonstram que Apiacás tem um significativo potencial para a exploração madeireira sustentável. Dos quase 62% de floresta na área passível de cadastramento com CAR/LAU, em torno de 25% possuem Planos de Manejo Florestal Sustentável (PMFS). Isso significa que existem próximo de 1800 km² (75%) de florestas cadastradas no SIMLAM com potencial para implantação de PMFS. Na figura 7 é possível observar as áreas de cobertura florestal dentro e fora das áreas com CAR/LAU. Tabela 8 – Planos de Manejo Florestal Sustentável dentro da Área Passível de Cadastramento Informação sobre PMFS na Área Passível de Cadastramento Total de Área Passível de Cadastramento Total de Área Passível de Cadastramento com CAR/LAU Área Cadastrada no SIMLAM com PMFS Área Cadastrada no SIMLAM sem PMFS Área (km²) % do Total 5653,50 3160,47 100 55,9 651,30 20,61 2509,17 79,39 Tabela 9 – Cobertura Florestal dentro da Área Passível de Cadastramento Informações sobre cobertura florestal na Área Passível de Cadastramento Floresta na Área Passível de Cadastramento Área (km²) % do Total 3946,49 100 Floresta na Área Passível de Cadastramento com CAR/LAU Floresta na Área Passível de Cadastramento sem CAR/LAU 2436,81 61,75 1509,68 38,25 Floresta na Área Passível de Cadastramento no SIMLAM e com PMFS Floresta na Área Passível de Cadastramento no SIMLAM e sem PMFS 629,15 25,82 1807,66 74,18 Figura 7 – Mapa com a cobertura florestal e as áreas cadastradas no SIMLAM da SEMA/MT Economia A economia de Apiacás é baseada no extrativismo mineral (ouro) e vegetal (madeira), agricultura familiar e pecuária de cria, recria e leiteira3. Analisando o Produto Interno Bruto – PIB (Figura 8) municipal é possível perceber que o setor agropecuário representa aproximadamente 47% do total do PIB, seguido pelos serviços com 44% e pela indústria com 9%. Esses dados são condizentes com a situação de um município com a maioria da população urbana, tendo, assim, um forte setor de serviços, que envolve todo o processo de comercialização de bens, produtos e serviços em geral. Porém, Apiacás não é um município industrializado e segue a tendência do estado de Mato Grosso de uma agropecuária representativa (32% do PIB) e mais 3 Disponível em: <http://www.mteseusmunicipios.com.br/NG/conteudo.php?sid=116&cid=686>. Acesso em 25 Jun. 2010. forte que a indústria. Situação diferente do Brasil como um todo, em que a indústria tem PIB maior que a agropecuária. Contudo, é importante ressaltar que o município, por ter um potencial para o manejo florestal sustentável que ainda não foi explorado, tem a possibilidade de desenvolver mais manejos e a indústria madeireira associada, fortalecendo o setor de indústrias. Figura 8 – Produto Interno Bruto de Apiacás, Mato Grosso e Brasil 4. Considerações Finais e recomendações Os resultados das análises do presente diagnóstico visam disponibilizar para o poder público e sociedade civil informações sobre a situação ambiental de Apiacás. Traz contribuições para subsidiar processos de planejamento estratégico e a elaboração de projetos, principalmente aqueles que buscam solucionar os problemas ambientais existentes no município, como por exemplo, os que definem ações específicas para áreas prioritárias de intervenção, devido as suas condições ambientais: zoneamento municipal e plano diretor, além de outros instrumentos de gestão ambiental municipal. É importante ressaltar que o município de Apiacás apresenta uma localização privilegiada em termos de disponibilidade de recursos naturais, pois tem quase 90% do seu território coberto por Florestas e índices de desmatamento baixos, principalmente nos últimos anos. Contudo, mesmo com esse cenário positivo, na porção do município que não é área protegida, existem situações de vulnerabilidade ambiental devido à degradação e desmatamentos. Através da análise dos mapas é possível verificar que a região sudeste do município é a que apresenta maior degradação, pois é onde estão localizadas bacias com menor porcentagem de floresta e maior área de APPs degradadas. Sugerimos, portanto essa área como prioritária para intervenção através de ações que envolvem a recuperação de áreas degradadas, recuperação de áreas de reserva legal, melhoria da produtividade nas áreas já abertas, entre outros. Outro ponto importante é que num município com significativa atividade agropecuária, como Apiacás, é essencial a regularização ambiental das propriedades rurais. O programa MT Legal é uma oportunidade para buscar essa regularização, através do Cadastro Ambiental Rural, visto que pouco mais de 50% da área passível de cadastramento do município ainda não tem CAR ou LAU. 5. Referências Bibliográficas BRASIL. Lei 4471 – Institui novo código florestal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. 1965. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis /L4771.htm>. Acesso em: 30 Jun. 2011. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produto Interno Bruto. 2008. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em: 25 Jul. 2011. SEMA – Secretaria de Estado de Meio Ambiente. ICMS Ecológico. 2011. Disponível em: <http://www.sema.mt.gov.br/index.php?option=com_docman&Itemid=479>. Acesso em 25 Jul. 2011.