FACULDADE BOA VIAGEM-FBV CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO - CPPA MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL-MPGE Águeda Maria Freitas da S. Penna A Formação de Impressão em Ambiente de Loja de Marca de Moda de Classe Alta. Recife, 2010 Faculdade Boa Viagem – FBV Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração- CPPA Mestrado Profissional em Gestão Empresarial Águeda Maria Freitas da S. Penna A Formação de Impressão em Ambiente de Loja de marca de Moda de Classe Alta. Orientadora: Prof. Dra. Ana Paula de Miranda Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado profissional em Gestão Empresarial do Centro de pesquisa e pósgraduação em Administração da Faculdade Boa Viagem como requisito complementar para obtenção do grau de mestre em Gestão Empresarial. Recife, 2010 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, que sempre esteve presente em minha vida, me dando força e Fé. A minha família e, em especial, meu marido, Mário, e meus filhos, Maria Thereza e Arthur, pelo amor, apoio e compreensão nos momentos de ausência em que tive que me dedicar à pesquisa. A minha mãe, em especial, pelo amor eterno. A Ana Paula de Miranda, orientadora da pesquisa, pela dedicação, amizade e convite para fazer o mestrado. E como não poderia deixar de mencionar, por sua competência, que serviu de estímulo e foi crucial para traçar caminhos e adquirir conhecimentos na área de Moda. Ao Professor José Ricardo Costa de Mendonça, que como co-orientador desta pesquisa foi prestativo e me guiou, dando o suporte teórico necessário para ultrapassar os momentos difíceis. Aos amigos do mestrado, em especial Tatiana Toraci e Eduardo, pelo apoio nos momentos difíceis e companhia nos momentos de Glamour. E ao incentivo de parentes e amigos especiais que me apoiaram indiretamente. RESUMO Para se destacar no mundo das marcas, o varejo de moda desenvolve estratégias de marketing para cativar e envolver o consumidor no seu ambiente de loja. Porém, algumas questões ficam em aberto quando se trata da formação de impressão do consumidor sobre o ambiente da loja de moda. O objetivo dessa pesquisa é analisar os fatores simbólicos e funcionais do ambiente de loja de moda de classe alta, por meio da formação de impressão de seus consumidores, a partir dos cenários físicos, sociais e de experiências sensoriais. Refere-se a um estudo comparativo de dois casos, tendo como objeto de estudo duas lojas de moda, que vendem produtos de luxo e atendem ao cliente de classe alta. Para coleta dos dados o pesquisador usou a técnica de observação direta não participante e entrevista em profundidade, entrevistando 32 consumidores das duas marcas selecionadas. A análise resultou na criação de categorias referentes aos três cenários estudados, com pontos convergentes e divergentes, mas que se destacam como fatores simbólicos e funcionais que contribuem para a formação de impressão do consumidor. No cenário físico, ficou evidente a influência do espaço amplo, arquitetura diferenciada, e produto moderno e elegante. No cenário social, a aparência, maneiras e competência dos vendedores se destacam pois contribuem para que o cliente se sinta em sua casa. E no cenário de experiências sensoriais, o estímulo da visão, do tato, do paladar, do cheiro e da música, traz emoção ao ambiente fazendo com o cliente passe mais tempo na loja transformando a venda em uma experiência única de compra. Palavras-chave: varejo de moda, atmosfera de loja, formação de impressão. ABSTRACT To excel in the world of brands, fashion retailing develops marketing strategies to attract and engage the consumer in the store environment. However, some questions remain open when it comes to consumer impression formation about the environment of the fashion store. The objective of this research is to analyze the functional and symbolic factors of store atmosphere of high-class fashion, through the formation of printing their consumers, from the physical settings, social and sensory experiences. Refers to a comparative study of two cases where the object of study two fashion stores, which sell luxury products and meet the client's upper class. To collect data the research used the technique of direct observation non participant and in-depth interview, interviewing 32 customers of the two selected tags. The analysis resulted in the creation of categories for the three scenarios studied, with convergent and divergent, but they stand out as symbolic and functional factors that contribute to the formation of consumer printing. In the physical setting, it was evident the influence of open space, distinctive architecture, and modern and stylish product. In the social setting, appearance, manners and responsibility of the vendors stand out as contributing to the customer to feel at home. And the scenario of sensory experiences, the stimulation of sight, touch, taste, smell and music, brings excitement to the environment causing the client to spend more time in the shop making the sale in a single shopping experience. Keywords: fashion retail, store atmosphere, impression formation. LISTA DE FIGURAS Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura 1: Abstrações da marca de Aaker 2:O sistema clássico do luxo e da marca 3: Esquema para utilização de revelações para corrigir conclusões 4: Modelo explicativo da pesquisa 5: Desenho metodológico da pesquisa 6: Vitrina da loja D‟Rua (cenário físico) 7: Exposição do produto da loja D‟Rua (cenário físico) 8: Lounge da loja D‟Rua (cenário social) Figura 9: Piano na loja D‟Rua (cenário sensorial) Figura 10: Bistrot da loja D‟Rua (cenário sensorial) Figura 11: Vitrina da loja D‟Shopping (cenário físico) Figura 12: Vitrina de natal da loja D‟Shopping (cenário físico) Figura 13: Roupa da equipe de vendas da loja D‟Shopping (cenário social) Figura 14: Lounge da loja D‟Shopping (cenário social) Figura 15: Interior da loja D‟Shopping (cenário sensorial) 38 43 61 83 89 114 114 Figura 114 115 115 120 121 122 122 123 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Estratégias de Gerenciamento de Impressão 50 Quadro 2: Táticas de Gerenciamento de Impressão 52 Quadro 3: Observação da loja D‟Rua (cenário físico) 107 Quadro 4: Observação da loja D‟Rua (cenário social) 111 Quadro 5: Observação da loja D‟Rua (cenário sensorial) 112 Quadro 6: Observação da loja D‟Shopping (cenário físico) 116 Quadro 7: Observação da loja D‟Shopping (cenário social) 118 Quadro 8: Observação da loja D‟Shopping (cenário sensorial) 119 Quadro 9: Impressão dos consumidores (Imagem e Personalidade da loja D‟Rua) 124 Quadro 10: Impressão dos consumidores (Vitrinas da loja D‟Rua) 126 Quadro 11: Impressão dos consumidores (Exposição do produto da loja D‟Rua) 127 Quadro 12: Impressão dos consumidores (Layout da loja D‟Rua) 127 Quadro 13: Impressão dos consumidores (Sinais, símbolos e objetos da loja D‟Rua) 128 Quadro 14: Impressão dos consumidores (Iluminação da loja D‟Rua) 130 Quadro 15: Impressão dos consumidores (Cenário social da loja D‟Rua) 131 Quadro 16: Impressão dos consumidores (Aparência dos vendedores da loja D‟Rua) 130 Quadro 17: – Impressão dos consumidores (Maneiras e Competências dos vendedores da loja D‟Rua) 131 Quadro 18: Impressão dos consumidores (Cenário de experiências sensoriais da loja D‟Rua) 133 Quadro 19: Impressão dos consumidores (Imagem e Personalidade da loja D‟Shopping) 135 Quadro 20: Impressão dos consumidores (Vitrinas da loja D‟Shopping) 137 Quadro 21: Impressão dos consumidores (Exposição dos produtos da loja D‟Shopping) 138 Quadro 22: Impressão dos consumidores ( Layout Loja D‟Shopping) 139 Quadro 23: Impressão dos consumidores (Sinais, símbolos e objetos da loja D‟Shopping) 140 Quadro 24: Impressão dos consumidores (Iluminação da loja D‟Shopping) 141 Quadro 25: Impressão dos consumidores (Cenário social da loja D‟Shopping) 142 Quadro 26: Impressão dos consumidores (Aparência dos vendedores da loja D‟Shopping) 143 Quadro 27: Impressão dos consumidores (Maneiras e Competências dos vendedores da Loja D‟Shopping) 144 Quadro 28: Impressão dos consumidores (Cenário de experiências sensoriais da Loja D‟Shopping) 146 Quadro 29: Comparação dos dois casos quanto à imagem e personalidade da marca (Cenário físico) 149 Quadro 30: Comparação dos dois casos quanto a vitrina da loja de moda (cenário físico) 155 Quadro 31: Comparação dos dois casos quanto à exposição do produto da loja de moda (cenário físico) 157 Quadro 32: Comparação dos dois casos quanto ao Layout da loja de moda (cenário físico) Quadro 33: Comparação dos dois casos quanto aos sinais, símbolos e objetos da loja de moda (cenário físico) Quadro 34: Comparação dos dois casos quanto à iluminação da loja de moda (cenário físico) Quadro 35: Comparação dos dois casos quanto à equipe de vendas da loja de moda (cenário social) Quadro 36: Comparação dos dois casos quanto à aparência dos vendedores (cenário social) Quadro 37: Comparação dos dois casos quanto às maneiras e competências dos vendedores da loja de moda (cenário social) Quadro 38: Comparação dos dois casos quanto a visão, tato, paladar, olfato e audição na loja de moda (cenário de experiências sensoriais) 159 161 164 164 165 167 170 SUMÁRIO 1. VISÃO GERAL DA PESQUISA 9 1.1 1.2 1.2.1 1.3 1.3.1 1.3.2 1.4 1.4.1 1.4.2 9 14 14 18 18 18 21 21 23 Introdução Apresentação do Problema de pesquisa Discussão do problema Objetivos da Pesquisa Objetivo Geral Objetivo Específico Justificativa Teórica Prática 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 26 2.1 2.2 2.2.1 2.2.2 2.3 2.4 2.5 2.5.1 2.5.2 2.5.3 2.6 2.6.1 Consumo Simbólico Moda e Consumo Marcas de Moda Marcas de Luxo Perspectiva Dramatúrgica Gerenciamento de Impressão Formação de Impressão Abordagens da formação de impressão Abordagem da memória Julgabilidade social Ambiente de loja Cenário Físico Vitrinas Exposição do produto Layout Sinais, símbolos e objetos Iluminação 2.6.2 Cenário Social Aparência e maneiras Competências de vendas 2.6.3 Cenário de Experiências Sensoriais Visão Audição Olfato Paladar Tato 29 33 37 42 44 48 55 56 57 60 63 64 66 67 68 69 70 72 73 75 77 78 80 81 81 82 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 84 3.1 3.2 85 87 Especificação do problema Apresentação das categorias analíticas 3.3 3.3.1 3.4 3.4.1 3.4.2 3.4.3 3.5 3.6 Delineamento da pesquisa Natureza da pesquisa Coleta de dados Ambiente de coleta de dados Sujeitos da pesquisa Forma de coleta de dados Limitações do estudo Recomendações para futuras pesquisas 4. ANÁLISE DOS DADOS 89 90 92 93 95 96 106 106 108 4.1 4.2 4.3 4.3.1 4.3.2 4.3.3 4.4 4.4.1 4.4.2 4.4.3 Observação direta não participante da loja D‟Rua Observação direta não participante da loja D‟Shopping Entrevista semi-estruturada da Loja D‟Rua Cenário Físico Cenário Social Cenário de Experiências Sensoriais Entrevista semi-estruturada da Loja D‟Shopping Cenário Físico Cenário Social Cenário de Experiências Sensoriais 109 117 125 125 131 134 135 136 143 146 5. COMPARAÇÃO DOS DOIS CASOS 149 5.1 5.2 5.3 Cenário físico Cenário social Cenário de experiências sensoriais 149 164 171 6. CONCLUSÕES 174 REFERÊNCIAS 176 Apêndices 184 Apêndice A – Roteiro da entrevista com consumidores das lojas 184 Apêndice B - Protocolo de Observação 186 9 1 VISÃO GERAL DA PESQUISA 1.1 INTRODUÇÃO O consumo é foco de estudos na sociedade contemporânea. O homem pós-moderno não apenas consome bens ou produtos, mas também signos-mercadorias, que representam a possibilidade de continuidade e de mudanças em suas interações sociais como adquirir status, poder, ou se sentir inserido em seu grupo social (FEATHERSTONE, 1997; MCCRACKEN, 2003; BAUDRILLARD, 2007). Na medida em que se passa a ver os bens como símbolos, estes carregam aspectos abstratos e intangíveis, ou seja, o que eles representam para aqueles que possuem e não o objeto em si. Esses significados dos bens de consumo variam de cultura para cultura e passam a ter atributos simbólicos na medida em que são compartilhados e reconhecidos pelas pessoas da mesma cultura em situações sociais. Assim, as pessoas compram produtos por estarem cobertos de valores culturais, como status, poder, e poderem diferenciar-se das demais ao serem classificadas socialmente (ROCHA, 2005; BAUDRLLARD, 2007; MIRANDA, 2008). A moda surge por ser impulsionada por forças contraditórias de diferenciação e integração social que estimulam o consumo (SIMMEL, 1957; BLUMER, 1969; LIPOVETSKY, 2007). Esse jogo de contradições e desejos atinge as classes sociais, onde o consumidor de classe alta, com alto poder aquisitivo, consome marcas de luxo para se sentir diferente dos outros. Como propulsores da moda, alimentam o desejo e a cópia por consumidores de classes inferiores. Por sua vez o ambiente em que compram possui uma atmosfera de exclusividade e requinte com equipamentos e materiais que ressaltam qualidade, sofisticação e originalidade. Quando passamos a ver a moda como um sistema, percebemos que ela vai além do vestuário, a moda passa a ser um dos meios de transferência de significados do mundo culturalmente constituído para os produtos e destes para os consumidores individuais (MACCRACKEN, 2003). A Moda pode ser mecanismo de comunicação na medida em que as pessoas utilizam os produtos como veículos de expressão de quem são; pode ser instrumento de transformação, quando a produção de moda é utilizada para as pessoas atingir seus objetivos; como pode ser instrumento de teatralização, quando possibilita às pessoas assumir diferentes papeis sociais. Sendo assim, a moda faz parte da vida das pessoas e viceversa, e esses fatores contribuem para que a moda seja vista como um dos grandes estimuladores do consumo (MIRANDA, 2007). Produtos de moda se transformam em marcas de moda na medida em que o marketing interage por meio de ações que visam à satisfação do consumidor e passam a trabalhar a imagem e a identidade da marca. Sabe-se que, na busca do seu auto-conceito, as pessoas não compram apenas roupa, mas uma identidade. O varejo de moda, buscando a diferenciação, passa a desenvolver ações de comunicação e publicidade. Essa preocupação em se diferenciar, dentro de um grande número de marcas de moda, estende-se para a estrutura física da loja de moda. A atmosfera da loja é trabalhada desde a fachada externa, como sua arquitetura, tamanho, e vitrinas, até o ambiente interno, como decoração, exposição de produtos, layout, objetos, iluminação, fazendo com que o consumidor passe mais tempo, ou perca a noção de tempo, e compre mais. Envolve também o estímulo dos órgãos dos sentidos, causando emoção, por meio da música, do cheiro, do paladar, do tato e de estímulos visuais (LEVY; WETTZ, 1997; PARENTE, 2000). Outros autores utilizam a denominação de visual merchandising1, no entanto, com o mesmo propósito de trabalhar o ponto-de-venda utilizando o design, a arquitetura, a decoração, envolvendo tudo o que é percebido pelo consumidor, para criar emoção e motivar a comprar. Seria utilizar o bom gosto estético com formas especiais de apresentar o produto tendo como objetivo promover a marca e vender, ou seja, a ciência da estética com a arte de vender. O ponto de venda passou a ser percebido pelo marketing e gestores de marcas de moda como o suporte necessário para comunicar a identidade da marca e beneficiar a venda (DEMETRESCO, 2004; BLESSA, 2007; BERNARDINO, 2008; SACKRIDER, 2009). Gestores e estrategistas sabem que a apresentação visual da marca reforça suas características, sendo um meio de atribuição de valores para o consumidor. Com isso, pode-se contribuir: para o fortalecimento da imagem da marca, como a marca é percebida pelos consumidores; para a identidade da marca, como a marca gostaria de ser percebida; e para a personalidade da marca, quando ela adquire características da personalidade humana, se aproximando do estilo de vida de seus consumidores (KAPFERER, 2004; AAKER, 2007). Atualmente as organizações estão preocupadas em como gerenciar a sua imagem e na impressão que desejam causar nos outros, formando assim uma impressão positiva da marca (SCHLENKER, 1980; GROVE: FISK, 1989; ROSENFELD, 1995; MENDONÇA, 2003). Sendo assim, acontecem dois processos distintos, mas interdependentes: o gerenciamento de impressão, que é a forma de controlar a imagem e a impressão dos outros sobre a organização, e a formação de impressão, que é o processo de decodificação da mensagem e a organização da informação acerca da organização (MENDONÇA, 2003). 1 Neste trabalho é utilizado o termo atmosfera de loja, entendido como a tradução ideal do termo visual merchandising. Alguns autores estudam o ambiente de serviços como cenários, ou seja, como local que foi pensado antecipadamente e preparado para receber o cliente. Especificamente Bitner (1992) estudou o impacto do ambiente físico nas interações entre cliente e funcionários, apresentando um modelo teórico que ressalta a importância do cenário físico, social e sensorial. Sendo assim na tentativa de aprofundar conhecimentos sobre o ambiente em que os consumidores de loja de moda compram, cabe a esse estudo analisar no cenário físico, no cenário social e no cenário de experiências sensoriais, o universo simbólico em que as pessoas constroem suas experiências de consumo. Elementos desses cenários serão explorados nesta pesquisa tais como: vitrina, exposição dos produtos, layout, iluminação, sinais, símbolos e objetos, maneiras, aparência, competências de vendas, e os cinco sentidos, visão, paladar, tato, olfato, e audição. A análise está voltada para a formação de impressão do consumidor de classe alta, ou seja, sobre a forma que é organizada a informação acerca do ambiente de loja de moda, considerando que o ambiente de loja foi trabalhado pelo gestor com o objetivo de gerenciar a impressão da marca. O objetivo é descobrir com a pesquisa qualitativa sobre a loja de moda, as associações mentais que são criadas pelo consumidor em interação com o ambiente em que compram, interessando saber quais aspectos são relevantes para a formação de impressão do consumidor de classe alta. Para uma melhor visualização da estrutura do trabalho, segue uma breve apresentação: Parte 1 – Introdução com uma breve apresentação da pesquisa, seguida das apresentações do problema, do objetivo geral e específico, e da justificativa prática e teórica. Parte 2 – Fundamentação teórica, com toda a revisão literária necessária para aprofundamento e análise do estudo, que está dividida em: consumo simbólico; consumo de moda; marca de moda; marcas de luxo; perspectiva dramatúrgica; gerenciamento de impressão; formação de impressão; ambiente de loja, dividido em cenário físico (vitrinas, exposição do produto, layout, sinais, símbolos e objetos, iluminação), cenário social (aparência, maneira, competência) e cenário de experiências sensoriais (visão, tato, paladar, olfato, audição). Parte 3 – Procedimentos metodológicos, compreendendo o método utilizado; a natureza da pesquisa; técnicas de coleta de dados (observação não participante e entrevista em profundidade, entrevista telefônica); o ambiente da pesquisa com detalhes sobre as duas lojas que foram objeto do estudo de caso. Parte 4 – Análise dos dados, com apresentação dos resultados na observação das lojas e com entrevistas dos consumidores, descritos e organizados em tabelas em que foi utilizado o método de análise de conteúdo. Parte 5 – Comparações dos dois casos estudados, abrindo espaço para triangulações dos dados e análises do pesquisador, podendo fundamentar ações estratégicas nas empresas de moda, em especial no varejo de moda de classe alta. Parte 6 – Conclusões, que podem auxiliar consultores, pesquisadores e estudiosos focados na área de comportamento do consumidor, bem como contribuir com o meio acadêmico na construção de conhecimento em uma área pouco explorada como é o caso da formação de impressão. 1.2 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA Para apresentar o problema de pesquisa cabe tecer algumas informações sobre as duas marcas de moda que foram objeto deste 2estudo de dois casos (loja D‟Rua e D‟Shopping)3. Ambas estão voltadas para um consumidor de classe alta na cidade do Recife e comercializam produtos de luxo, porém, possuem identidades diferentes. As lojas serviram como local de estudo e para compreensão do processo de formação de impressão do consumidor de moda sobre o cenário físico, cenário social e cenário de experiência sensorial. 1.2.1 Discussão do problema Atualmente a moda se estende enquanto um sistema na medida em que é compreendida como fenômeno social, que comunica não apenas o que se veste, mas envolve comportamentos e atitudes que são mecanismo de inserção social, poder e status. É no consumo desenfreado do séc. XXI que a moda encontra um cenário propício para seu desenvolvimento. Neste mundo globalizado em que as distâncias praticamente não existem e as notícias acontecem e são acompanhadas ao vivo, as pessoas necessitam se diferenciar e se integrar socialmente, passando a valorizar aquilo que é reconhecido e adotado por uma maioria sob o título de estar na moda. No processo de transmissão de significados, o sistema da moda é um dos mecanismos que estimula o consumo levando as pessoas a comprar. Esses significados são renovados culturalmente onde os códigos da moda classificam as pessoas e suas relações sociais. Neste 2 “As conclusões analíticas que independentemente surgem dos dois casos, da mesma forma que ocorre com dois experimentos, serão mais contundentes do que aquelas que surgem apenas de um caso único” (YIN, 2005, p.75). 3 Estes codinomes foram usados dos para preservar as duas marcas e diferenciá-las, lembrando que, apesar de ambas atenderem ao consumidor de classe alta, uma é loja de rua e a outra, loja de shopping. processo, as pessoas, as roupas e os objetos comunicam valores culturais a partir das interações no seu meio social (KAISER, 1989; BAUDRILLARD, 2007). As roupas passam a gerenciar a impressão através da imagem formada de si sobre o olhar dos outros que os classificam socialmente. Essas são o elo onde as pessoas passam a existir como um ser que decide o que vai usar e controla a sua aparência diante de suas responsabilidades sociais. As marcas de moda surgem neste contexto e procuram ser percebidas de forma clara e com uma personalidade marcante que atrai o seu público alvo. “A migração do consumo material para o simbólico é inegável e uma marca, hoje, é composta de significado organizado oferecido e compartilhada com os consumidores em experiências inesquecíveis” (GARCIA; MIRANDA, 2007, p.19). É dentro do simbólico que o marketing traz uma nova visão para a marca e produtos, buscando atrair o olhar do consumidor e tornando a marca desejável. As lojas e sua estrutura física comunicam o que a marca representa, como se fossem o rosto das marcas, e tudo o que está no seu interior deve corresponder às expectativas do seu consumidor, passando a ser o local de trocas significativas com ambientes cheios de vida e possibilidades. O ambiente de loja se complementa com o cliente, que reconhece os valores da marca. “A identidade entre produto, marca e consumidor passa por uma simbiose, em cuja estrutura se encontram plasmadas as heterogeneidades de traços de todas as relações de vida (econômica, cultural, religiosa, social, política...)” (DEMETRESCO, 2004, p.27). Com a análise do ambiente de loja de moda sob a ótica do consumidor, este estudo se volta para o processo cognitivo da formação de impressão, no qual algumas questões estão sem respostas quando se trata do varejo de moda. O consumidor de classe alta busca uma experiência de compra onde o ambiente em que compram é condizente quanto ao conceito de marca. Esse parece consumir mais a experiência de compra do que o produto em si (UNDERHILL, 1999; D‟ANGELO, 2004; PENNA, 2008). Verifica-se que as pessoas interagem nesses encontros sociais através de atributos simbólicos, nos quais os comportamentos acontecem dentro de uma metáfora teatral onde gestos, expressões faciais, roupas e linguagem, bem como características do ambiente físico, têm o poder de afetar a avaliação das pessoas; levando-as a agir de determinada maneira, formando a impressão do consumidor sobre a organização (MENDONÇA, 2003). Mas, o que o consumidor de moda, especificamente o de classe alta, espera encontrar neste cenário, o que eles sentem e quais os aspectos relevantes para a formação de impressão são questões que merecem respostas e que são pouco exploradas dentro do universo da moda. É importante ressaltar que o presente trabalho está focado na decodificação da informação, ou seja, no processo de formação de impressão do consumidor sobre o cenário físico, social e de experiências sensoriais da loja de moda. Desta forma, todos os aspectos físicos do cenário de loja de moda fazem parte deste processo, que envolve a decoração, os objetos, a vitrine, o layout da loja, a exposição dos produtos, a iluminação, as interações entre cliente e equipe de vendas, e todos os estímulos que envolvem os cinco sentidos, como; visão, tato, paladar, olfato e audição. Para o marketing de varejo de moda, esses aspectos passam a ser associações importantes para a construção da identidade da marca. É sobre o estímulo da construção dramatúrgica do cenário de loja de moda e criação de significados para o consumidor que as pessoas passam a fazer julgamentos do que vêem e sentem, influenciando o processo de decisão de compra. Atualmente, o varejo de moda busca encontrar formas de driblar a concorrência e sofre com a falta ou erro de transmissão de uma imagem de marca forte que levem os consumidores a um julgamento positivo. Ao se propor uma abordagem gerencial no varejo de moda que explore aspectos físicos, sociais e sensoriais, torna-se necessário identificar os significados atribuídos pelo consumidor que são relevantes para a sua formação de impressão, com o propósito de estimular o consumo e criar vínculos entre o consumidor e a marca. Há necessidade de se pesquisar: Quais os fatores simbólicos e funcionais do ambiente de loja de moda, relacionados ao cenário físico, cenário social, e cenário de experiências sensoriais, que contribuem para a formação de impressão do consumidor de classe alta? 1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA 1.3.1 Objetivo Geral O propósito deste estudo é analisar os fatores simbólicos e funcionais do ambiente de loja de moda de classe alta, por meio da formação de impressão de seus consumidores, a partir dos cenários físicos, sociais e de experiências sensoriais. 1.3.2 Objetivos Específicos Nesta pesquisa, o ambiente da loja de moda é compreendido como um cenário, ou seja, local criado para ser o palco das interações sociais entre a marca de moda e o consumidor. Admite-se que esse ambiente tenha sido previamente trabalhado pelo gestor em diversos aspectos significativos, tendo em vista a formação de impressão. A abordagem da análise está focada na formação de impressão do consumidor sobre o ambiente de loja no que se refere aos aspectos do cenário físico, cenário social e cenário de experiências sensoriais. Quanto ao cenário físico: 1 – Analisar quais os fatores importantes na vitrina de loja de moda para a formação de impressão do consumidor. 2 – Analisar quais os fatores importantes na exposição do produto de loja de moda para a formação de impressão do consumidor. 3 – Analisar quais os fatores importantes no layout de loja de moda para a formação de impressão do consumidor. 4 – Analisar quais os fatores importantes em relação aos sinais, símbolos e objetos utilizados na loja de moda para a formação de impressão do consumidor. 5– Analisar quais os fatores importantes na iluminação de loja de moda para a formação de impressão do consumidor. Quanto ao cenário social: 6 – Analisar quais os elementos relevantes em relação às boas maneiras dos vendedores de loja de moda para a formação de impressão do consumidor. 7 – Analisar quais os fatores importantes em relação à aparência dos vendedores de loja de moda para a formação de impressão do consumidor. 8 – Analisar quais os fatores importantes em relação à competência dos vendedores de loja de moda para a formação de impressão do consumidor. Quanto ao cenário de experiências sensoriais: 9 – Analisar quais os fatores importantes para a formação de impressão do consumidor quanto ao estímulo da visão. 10 – Analisar quais os fatores importantes para a formação de impressão do consumidor quanto ao estímulo do paladar. 11 – Analisar quais os fatores importantes para a formação de impressão do consumidor quanto ao estímulo do olfato. 12 – Analisar quais os fatores importantes para a formação de impressão do consumidor quanto ao estímulo do tato. 13 – Analisar quais os fatores importantes para a formação de impressão do consumidor quanto ao estímulo sonoro. 1.4 JUSTIFICATIVA Com o objetivo de justificar o valor deste estudo para a gestão de varejo de moda de classe alta, seguem dados e registros que ressaltam alguns aspectos relevantes sobre o consumidor de classe alta no ambiente de consumo de moda. Entretanto, um ponto de partida que justifica a importância dessa pesquisa é o fato de não existirem estudos anteriores sobre o processo de formação de impressão do consumidor de loja de moda de classe alta, sendo indispensável conhecer seus desejos, gostos e emoções em suas experiências de compra. 1.4.1 Justificativa teórica Esta pesquisa é de suma importância para o varejo de Moda por ter um propósito maior dentro deste programa acadêmico, que é unir teoria e prática. Livros específicos de marketing de varejo possuem uma abrangência generalizante que não traz particularidades do consumidor de moda de classe alta e o processo de formação de impressão. É preciso descobrir mais sobre este cliente para poder inspirá-lo a comprar. Segundo Bitner (1992), existe uma falta de investigação empírica e teórica que traga definições quanto ao papel do ambiente físico nas definições de consumo. O impacto das mudanças no planejamento, controle e alterações dos espaços físicos e aceitação dos mesmos pelos consumidores não estão totalmente compreendidos. A guerra nas lojas está endurecendo cada vez mais. A fragmentação na mídia, a proliferação dos produtos, a consolidação do comércio, a sofisticação do varejo atuam com as contínuas mudanças no comportamento, estilo de vida, e crescimento demográfico dos consumidores, trazendo grandes modificações no modo como os produtos e serviços são comercializados (BLESSA, 2007, p.130). De acordo com Bernardino (2008), é preciso oferecer estratégias e formatos de varejo que se diferenciem dos concorrentes, bem como ter seu público alvo bem definido para que o cliente entenda o que a marca quer ser. O espaço físico e social passa a ser construído para o seu público alvo e trabalhado de forma a gerenciar uma impressão positiva da marca na mente dos consumidores. Vale ressaltar o resultado encontrado sobre um dos elementos do ambiente de loja, a vitrina de moda, que apareceu em estudo de Miranda (2000) como um dos itens mais importantes para a decisão de compra de produtos de moda. Deixando em aberto a identificação de outros elementos do ambiente de loja que podem interferir na escolha e decisão de compra dos consumidores de moda. Segundo dados da 1ª. Conferência Internacional de Negócios de Luxo na América Latina (2009), realizada em São Paulo pela MCF Consultoria, para cada mercado há um consumidor único. O marketing de varejo passa a utilizar estratégias que fortaleçam a personalidade da marca, dentro do pressuposto de que uma imagem forte é fundamental (KAZA, 2009). Constatou-se que o consumidor sofre influência de fatores psicológicos, socioculturais e situacionais que interferem no seu comportamento de compra, e que os clientes vão preferir interagir em ambientes que causam percepções positivas. O espaço físico é criado para atrair a percepção e o comportamento do consumidor através de aspectos ligados à atmosfera de loja, aspectos sociais, design e ambiente (SOLOMON, 2004; ESPINOZA; ZILLES, 2007; NASCIMENTO, 2008). Existem poucas pesquisas de campo sobre formação de impressão do consumidor de classe alta de loja de moda, sobre o cenário físico, o cenário social e o de experiências sensoriais. Essa pesquisa de campo representa uma importante fonte teórica, realizada com todo o rigor científico e metodológico, e seu resultado é substancial para dar base às ações de gestores e estudiosos do marketing. Outro ponto importante é o fato de ser uma pesquisa de campo e resultado de dois estudos de caso. Isso possibilita um aprofundamento da teoria na prática, a partir de triangulações e análise dos resultados. 1.4.2 Justificativa prática No cenário mundial do varejo de moda voltada para classe alta, a busca por inovação é constante e cada vez mais cresce a atenção dos consumidores por aspectos físicos das lojas e a procura por um atendimento diferenciado. Esta pesquisa pretende mostrar para os gestores e empresários a importância de se aprofundar em questões que envolvem o comportamento do consumidor e suas expectativas diante de seus espaços físicos, sociais, e sensoriais, possibilitando ações práticas e criação de um vínculo maior entre cliente e marca de moda. Atualmente, dentro dos mais variados seguimentos varejistas, existem preocupações em transformar a compra em uma experiência única da marca, chamada no mercado de “lojas conceito”, explorando aspectos da marca e mercadoria. Nesse ambiente, o consumidor se encanta e pode provar o produto, sentar, caminhar, passando mais tempo na loja, tendo diversas possibilidades de contato com o produto, reforçando a crescente importância de criar ambientes que contem a história da marca ambiente. “O modo como tudo é arranjado dentro da loja faz parte da imagem criada e sugere toda uma ambientação para o seu consumidor” (DEMETRESCO, 2004, p.34). O Brasil já é destaque em algumas pesquisas realizadas em grandes centros de vendas no mundo, que colocam São Paulo em melhor posição que Paris e Milão. Em uma dessas pesquisas, a empresa Préscense, que realiza estudos internacionais sobre a qualidade de serviços de empresas, analisou ruas como Oscar Freire, Bela Cintra e Faria Lima, localizadas em São Paulo, que ficaram em oitavo lugar no ranking de 16 cidades analisadas (ALSHOP, 2008). Segundo dados do Provar (2008) sobre o volume de vendas no varejo de vestuário na cidade de São Paulo, verificou-se que o mesmo tem relevância no contexto de desenvolvimento, bem como forte impacto social, atingindo, em 2007, o índice de US$ 37 bilhões, com crescimento de 7% em relação a 2006 e mais de 115 mil pontos de vendas. Vale ressaltar que o foco desse estudo está nas classes A e B, que, apesar da força das classes populares no Brasil, correspondem a 53% do total do potencial do consumo do país. Associada a esse consumo esta a imagem de bom gosto, sucesso e requinte. No entanto, o luxo não está necessariamente sobre o objeto em si, mas no processo de julgamento do consumidor sobre o seu valor, que pode variar de acordo com o contexto e sua cultura (COBRA, 2007). Como uma das marcas deste estudo de caso é uma loja do Shopping Center, vale informar outros dados importantes. Segundo a Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Center), cresce o número de shopping centers no Brasil, correspondendo a 18% do volume de vendas do mercado de varejo nacional, com 367 centros de compra associados no país, que vêm passando por uma readequação de layout, e novos conceitos (ABRASCE, 2008). Apesar da força material do consumo comprovada empiricamente, sabe-se que o mesmo envolve questões de ordem psicológica e social. O comportamento do ser humano é guiado por decisões psicológicas que são motivadas por necessidades, sofrendo influência do campo social. Parte desse processo fica de certa forma obscura e de difícil investigação, pois inclui a memória e o comportamento (BLESSA, 2007). Diante das justificativas enunciadas, nos parágrafos anteriores, foi necessário ir adiante à pesquisa aprofundando conhecimentos para fundamentar análises futuras sobre o ambiente de loja de moda e a formação de impressão do consumidor de classe alta, que serão apresentados no capítulo a seguir. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Para fundamentar este estudo foi importante fazer uma revisão da bibliografia existente sobre a temática que envolve o problema de pesquisa, apreendendo conhecimento necessário para embasar pressupostos e análises. Também buscou encontrar resultados de pesquisas existentes na área de estudo como: artigos, periódicos, publicações na web e outros, para uma atualização do estudo. O primeiro capítulo da fundamentação teórica se refere ao consumo e o comportamento do consumidor, que é o foco deste estudo. Sendo assim, entender o “Consumo Simbólico” passou a ser pré-requisito para futuras análises. Vale salientar que na maior parte da revisão literária sobre o assunto os escritores corroboram com o fato de os bens estarem cobertos de valores culturais, de forma que estes significados são compartilhados no grupo social. Muitas vezes até mesmo inconscientemente se consome para estar inserido socialmente, ou para obter status e poder. Em seguida, como esta pesquisa envolve o varejo de moda, torna-se necessário fazer a relação entre “Moda e Consumo”. Por meio da moda as pessoas suprem a necessidade de gerenciar a aparência em diversas situações sociais. A moda também é vista como fenômeno maior de comportamento, um dos mecanismos de comunicação e de transferência de significados para o mundo. Dentro deste capítulo abre-se um subtópico para falar sobre “Marcas de Moda”, atribuição dada à moda na medida em que toma ar de negócio pelas ações do marketing. E sendo assim, surgem as catedrais da marca, ou face externa da marca, como uma estratégia de marketing, de forma que todos os elementos da atmosfera da loja contribuem para reforçar a personalidade da marca e criar uma imagem forte na mente do consumidor. Na medida em que as marcas precisam se diferenciar das demais, elas necessitam assumir uma personalidade para reforçar a sua identidade, seja através dos seus produtos, bem como a partir da construção do cenário físico e de serviços. Assim, dentro de uma metáfora teatral, “Perspectiva Dramatúrgica”, é possível de forma intencional ter performances ou papéis diferentes (ator), tendo em vista causar uma impressão positiva nos outros (audiência). Todos que fazem parte do cenário de serviços da organização possuem papéis prédeterminados dentro do ambiente da loja de moda. Para entender o porquê de o ambiente físico ser trabalhado é necessário saber um pouco sobre o Gerenciamento de Impressão. Porém, cabe esclarecer que o processo de Formação de Impressão e Gerenciamento de Impressão - apesar de serem vistos separadamente - se interdependem. É por meio do Gerenciamento de Impressão que as pessoas controlam seus comportamentos verbais e não verbais diante das impressões que desejam causar nos outros. Já no processo de Formação de Impressão a mensagem, seja verbal ou não verbal, é decodificada e classificada numa categoria significativa como resultado do julgamento social das pessoas. E, assim, as respostas sobre o cenário físico, social e de experiências sensoriais, estão no consumidor de loja de moda. A loja é o cenário e objeto de estudo, sendo importante identificar e analisar quais aspectos são relevantes para a formação de impressão. A partir de então segue uma fundamentação específica sobre o “Ambiente de Loja” que foi dividido em “Cenário Físico”, “Cenário Social” e “Cenário de Experiências Sensoriais”. Aspectos do cenário físico como decoração, vitrinas, sinais, símbolos e objetos, layout, exposição de produtos e iluminação são gerenciados de forma intencional, sujeitos ao julgamento do consumidor com a intenção de formar impressão. O Cenário Social é local de encontros significativos entre vendedor e consumidor, onde as maneiras, aparência e competências de venda são significativas para criar vínculos entre o cliente e a marca. E, por fim, o estímulo do Cenário de Experiências Sensoriais (o apelo ao tato, apelo ao paladar, apelo ao olfato, apelo visual e apelo auditivo), que complementa a atmosfera de loja com ambientes diferenciados que dão vida e comunicam a personalidade da marca. 2.1 CONSUMO SIMBÓLICO O homem tem uma forma particular de apreender o mundo através de relações abstratas, que são a base da função simbólica. Após a satisfação das necessidades básicas, este homem cria um universo de símbolos e se adapta a ele a partir de experiências individuais do grupo e subgrupo ao qual pertence, onde cada indivíduo elabora um sistema simbólico próprio. O significado cultural do consumo passa a predominar. “Uma relação entre concreto e abstrato, entre visível e invisível” (SLATER, 2002; AUGRAS, 1998, p.26). Segundo Featherstone (1997), os bens de consumo possuem características culturais que comunicam a imagem das pessoas entre os grupos e subgrupos, identificando diferenças e aspectos comuns entre as pessoas. As pessoas utilizam de representações simbólicas de forma consciente, impregnando aos bens, e a partir dessas associações criam modelos diferentes de estilos de vida. Vale ressaltar que sem estes bens de consumo as sociedades modernas desenvolvidas perderiam seus instrumentos-chave para reprodução, representação e manipulação de suas culturas (McCRACKEN, 2003, p.11). Na medida em que o fato de consumir possui um sentido, é uma atividade sistemática dos signos, trazendo consigo uma relação dinâmica de trocas significativas, consciente ou inconsciente, mas viva de interioridade e substância, pois seu sentido é socialmente comunicado. Os signos distinguem os indivíduos por meio da manipulação dos objetos, “quer filiando-o ao próprio grupo tomado como referência ideal, quer demarcando-o no respectivo grupo por referência de um grupo superior” (BAUDRILLARD, 2007, p.60). Os signos simbólicos são constituídos de significante e significado que podem variar dependendo do contexto, mas são indissociáveis, exprimindo idéias interpretativas na mente daqueles que o percebem. Apesar de haver variações, eles se interdependem e várias atribuições podem ser dadas dentro do consumo simbólico, onde os códigos devem ser compartilhados e interpretados no processo de consumo (JOLY, 2005). De acordo com Miranda (2008), na medida em que escolhemos e consumimos produtos, estamos envolvidos por questões que vão além de aspectos técnicos ou de qualidade, mas porque precisamos nos comunicar com o mundo em seus atributos simbólicos que são construídos e compartilhados. Ter ou não ter coisas afetam o modo como as relações acontecem, pois as pessoas estão sempre buscando compartilhar significados, em troca de distinção, poder, status. Os produtos passam a estar diluídos em nossas vidas, nas quais objetos e seus valores culturais compõem a nossa identidade, afiliações sociais e práticas cotidianas. No consumo de bens ou produtos existe uma transferência de significados, de forma que os pensamentos se materializam no ato de comprar expondo nossa subjetividade; imaginam-se novas possibilidades, bem como oportunidades de mudanças implícitas em nos relacionamentos. As pessoas expressam mensagens através desse consumo e esse passa a fazer parte da extensão do ser enquanto interage socialmente. Sendo assim, o consumo é utilizado para formar a impressão dos outros, comunicando mensagens e status social (BELK, 1982; MILLER, 2002; McCRAKEN, 2003). Assim jamais se consome um objeto por ele mesmo ou por seu valor de uso, mas em razão de seu “valor de troca signo”, isto é, em razão do prestígio, do status, da posição social que confere. Para além da satisfação espontânea das necessidades, é preciso reconhecer no consumo um instrumento da hierarquia social e nos objetos um lugar de produção social das diferenças e dos valores estatutários (LIPOVETSKY, 2007, p.171). Através do consumo simbólico os bens se convertem em sinais distintivos, e o gosto das pessoas é classificado através de suas escolhas, bens que expressam para os outros quem são, gerenciando em sociedade a sua própria imagem, bem como a que deseja que as outras pessoas tenham dele. As pessoas passam a ter atitudes, gostos e desgostos, com relação a algo, na busca de diferenciação e similaridade pessoal, além da busca de associação e dissociação ao seu grupo de referência. “As diferenças de pura conformação são reduplicadas e, simbolicamente, acentuadas pelas diferenças de atitude, diferenças da maneira de portar seu corpo, de apresentar-se, de comportar-se em que se exprime a relação com o mundo social” (BOURDIEU, 2008, p.183). Na verdade, todo consumo é cultural, porque sempre envolve significados: as pessoas possuem necessidades e agem em função delas, interpretando sensações, experiências e situações para dar sentido e transformar os objetos. O ato de consumo envolve significados que são compartilhados no meio social. Quando os códigos de consumo da cultura do consumidor são usados, passo a reproduzir e revelar a minha posição em uma dada ordem cultural. As pessoas utilizam-se do consumo dos produtos para que, através do seu uso, tenham uma identificação em seu grupo social, que expresse a personalidade do seu dono, comunicando o que são e como desejam ser percebidos (MIRANDA, 2007; SLATER, 1997). Ou seja, qualquer produto ou serviço que simbolize valores satisfaz suas expectativas como uma experiência. Símbolos culturais estão presentes na marca, ou categoria de produto, não como algo tangível, pois todo ser humano é controlado por normas e expectativas que regem as suas escolhas, chamando de julgamento por categoria, onde avalia o mundo dentro do significado simbólico (ALLEN, 2008). O consumo simbólico advém da perspectiva do Interacionismo Simbólico, pela qual pessoas e suas aparências não podem ser isoladas do contexto social. As ações das pessoas e os significados que são atribuídos às roupas e aparência, são socialmente estabelecidas e reciprocamente definidas no meio em que vivem (KAISER,1998). O conceito de significado é central não apenas para o ponto de vista cultural e semiótico, mas também para a perspectiva do Interacionismo Simbólico, o qual promove a idéia de que as interações do dia-a-dia devem ser estudadas como um processo, em contextos naturais enquanto ocorrem se queremos entender como o significado é expresso através troca na vida social. No reino simbólico da aparência, os significados nos permitem: interpretar o que está ocorrendo e organizar nossas ações perante os outros (KAISER, 1998, p.228). Segundo autor anterior, parte do significado social das roupas pode ser atribuída ao contexto, ou seja, dentro das circunstâncias sociais da vida em que as pessoas estão inseridas. A cultura na qual as pessoas vivem e os significados sociais associados a suas roupas representam um contexto que influenciam na maneira pela qual as pessoas se relacionam entre si. Para que as pessoas se sintam inseridas na sociedade torna-se necessário o compartilhamento social, desta forma o grupo social do qual faz parte deve compartilhar dos mesmos significados, através das roupas, da sua maneira de falar, da sua posição social. As mensagens expressas, sejam elas verbais ou não, devem estar de acordo com as associações socialmente aceitas no seu grupo social (MIRANDA, 2008). O vestuário se encaixa perfeitamente nesse jogo de signos e conseqüentemente a moda como um sistema de significação, pois através do arranjo discursivo das roupas, as pessoas permitem e revelam posições e valores que assumem dentro do seu contexto sócio, econômico e cultural. As pessoas comunicam mensagens sobre elas mesmas para as outras pessoas mediante significados embutidos de forma simbólica nas nossas roupas (OLIVEIRA, 2003; SOLOMON; RABOLT, 2004). Para entender como a moda influencia os consumidores a comprar faz-se necessário analisá-la como fenômeno maior de mudança que interfere em várias áreas de consumo por fazer parte da vida das pessoas, de forma que, o vestuário é apenas uma delas, e que será focado no próximo capítulo. 2.2 MODA E CONSUMO Para Simmel (1957), na moda há duas forças antagônicas que se estabilizam na busca da diferenciação e uniformidade social. No dualismo da sociedade, onde ser ou não ser é a questão, existe uma tendência à imitação, dando ao indivíduo a satisfação de não estar sozinho nas suas ações, transferindo nesse ato de imitar a idéia de estar inserido a um determinado grupo. Este movimento natural que existe na moda faz com que as classes inferiores copiem as superiores, possibilitando novas mudanças. Estas teorias foram desenvolvidas por Simmel a partir das mudanças que ocorrem na moda. Na teoria TrickleDown, estilos dominantes são copiados por pessoas de grupos ou classe social mais baixa, com o objetivo de alcançar status e reconhecimento. Consequentemente, os lideres das classes mais altas estão sempre em busca de inovações. Quando as pessoas de uma determinada classe social copiam o líder do grupo do qual fazem parte, denomina-se este fenômeno de Teoria Trickle-across. Já na teoria Trickle-up a moda surge em subgrupos de classe baixa, como modas de rua, e são adotadas pela classe alta. Assim, dentro de um processo de socialização e movimentos contraditórios a moda se consuma num esforço de equalização entre as classes; num mundo onde tudo se altera aquilo que é adotado por uma maioria é moda (SOLOMON; RALBOT, 2004). A maneira de ser, de usar, de dispor, de consumir e a moda estão juntos. Freyre (1986), ao falar de “modos e modas”, esclarece a importância de tanto o homem quanto a mulher estarem inseridos socialmente, ressaltando as individualidades e peculiaridades que fazem da moda uma forma de expressão de estilos e comportamentos. As pessoas se comunicam com as outras pela forma de agir; para estar inserido deverá estar dentro das normas sociais, gerenciando sua aparência. As roupas desde há muito tempo têm sido um veículo de comunicação não-verbal, pelo qual antes de qualquer expressão através da fala, comunicamos o nosso sexo, idade e classe, além de informações sobre a personalidade e estado de espírito. Neste processo a maneira de vestir tem sua linguagem. Muitas vezes a transmissão do que observo nas pessoas não é expressa em palavras, mas as informações são registradas inconscientemente nas interações sociais. Cada indivíduo tem seu próprio dialeto e estoque de palavras, variações pessoais de tom e significados. “Quanto mais significativo para um indivíduo for um papel social, mais ele se vestirá para cumpri-lo” (LURIE, 1997, p.31). Na moda existem trocas fundamentais, de significados e valores atribuídos que são importantes para o processo de diferenciação e que levam a moda para a área de seleção coletiva. Neste processo ocorrem interações sociais, conduzindo as pessoas a procurar formas adequadas de expressão, um efeito para mover em direção ao que está de acordo com o moderno movimento da vida (BLUMMER, 1969). “O paradoxo da moda” está em todas as pessoas: buscar aparentar semelhanças e contrários das outras, no sentido de estar mais na moda, que revele parecer a eles no que consideram ser superior e não parecer a eles no que consideram ser inferior. Antes de qualquer análise de linguagem, faz-se um julgamento sobre a roupa como expressão de quem a veste, de forma a identificá-lo, e assim fazermos ajuste de nosso comportamento. As escolhas das roupas serão feitas dentro de suas concepções de pudor, tendo em vista o que quer esconder e ressaltar. “A nossa personalidade envolve uma máscara que é ela mesma, um artigo de roupagem” (FLUGEL, 1966, p.12). A moda é reinventada culturalmente, e o nosso corpo acompanha essas mudanças, adotando novos significados, estendendo sua capacidade de significações. Um novo contexto social e movimentos da moda impulsionam a criação do desejo do desejo, que nunca será saciado, um consumo desenfreado, consumo do consumo que move nossas sociedades. O consumo dos produtos de moda tem como fim a socialização, levando as pessoas à personalização ou diferenciação e à integração ao meio. Os sujeitos buscam suprir suas necessidades, num fazer-ser-parecer, e adotam as tendências e valores ditados pela moda no interior dos grupos sociais (OLIVEIRA, 2003; CASTILHO, 2004; MIRANDA, 2008). Por meio de um artifício de transmissão dos significados e propagação de conceitos, a moda estimula o consumo levando as pessoas a comprar. Apresenta-se, conforme Oliveira (2003), como um fenômeno social que alavanca o consumo e amplia seu domínio muito além dos limites do vestuário. As novidades audaciosas e aberrantes da moda têm por função recriar distância, excluir a maioria, incapaz de assimilá-las, imediatamente, e distinguir, ao contrário, por um tempo, as classes privilegiadas que podem, estas sim, apropriar-se delas (LIPOVETSKY, 2007, p.172). Embora de forma abstrata, na moda existem códigos que traduzem várias de nossas relações sociais, permitindo que na manifestação dessas relações, sejam classificadas coisas e pessoas, indivíduos e grupos. O vestuário adquire o seu valor, como uma marca social no sistema de sinais distintivos que se constituem, estando relacionado e dependente do meio econômico e cultural. A cultura abastece objetos e artefatos que estão imbuídos de significados que dominam o comportamento do consumidor. Produtos e consumidores selecionam e usam essas associações dentro de um senso cultural com qualidades ou atributos que eles gostariam que os outros atribuíssem para eles (DAVIS, 1994; DOUGLAS; ISHERWOOD, 2006; BOURDIER, 2008). Kaiser (1998) associa a aparência como uma grande pintura formada por um conjunto de informações que vão além do vestuário, e que resume informações importantes sobre a integração social. A gestão da nossa aparência inclui as roupas em harmonia com outros adornos. É transcrita pelos códigos que são prescritos culturalmente, onde os valores de significação estão subjacentes na comunicação da aparência. Assim, a forma como nos vestimos traz uma mensagem que será decodificada por um grupo dizendo coisas sobre seu usuário e a forma que se relaciona socialmente. Estas informações fazem parte do inconsciente coletivo e são percebidas sem um prévio interesse. As roupas representam idéias abstratas com ingredientes da formação cultural, que por terem um aspecto de poder ser controladas, a aparência é gerenciada. Para cada momento existe uma moda ou forma ideal de nos comunicarmos. Dentro desta perspectiva de teatralidade, os produtos de moda fazem parte dos bens de consumo. As pessoas utilizam os mesmos para desempenhar papéis sociais, se vestindo com o intuito de demonstrar que podem ocupar determinado lugar no seu grupo social. Dentro de uma análise dramatúrgica da moda, a roupa representa uma forma de comunicação não verbal. Através do que vestimos as pessoas percebem-nos e fazem um juízo sobre o que vêem. Esta impressão pode ser manipulada, podendo transmitir uma infinidade de significados e os resultados indicam que o modo como as pessoas se vestem interfere no juízo dos outros sobre ela (SOLOMON, 2004; MIRANDA, 2007). A moda passa a ser um cenário de escolhas, onde as roupas funcionam como instrumentos mágicos que levam as pessoas a gerenciar sua aparência em conseqüência do que vestem, mostrando quem são. “Transmitindo a forma de a pessoa ser e interagir com o mundo” (GARCIA; MIRANDA, 2007, p.106). Podemos descrever o consumo como sendo um meio para as pessoas expressarem valores sociais, através da compra de bens, como manter ideais, definirem e apoiar estilos de vida, encarar mudanças e criar estabilidades. Nesse aspecto no consumo de um determinado produto, uma identidade é gerenciada ao consumidor, que ao se comunicar, é percebido pelo meio. O consumo desenvolve uma imagem do consumidor de que as pessoas são o que consomem (SOLOMON, 2004; DOUGLAS; ISHERWOOD, 2006). A moda aglomera, de forma atual e renovada, maneiras diferentes de se vestir que são adotadas pelas pessoas como forma de “gerenciar a aparência”, modificando-a através do seu corpo, de forma a causar um sentido e interagir com o outro. A moda exerce sua influência de forma simbólica, possibilitando que as pessoas se transportem para ‟mundos possíveis„, onde a marca de moda supre os valores projetados pelo consumidor. Sendo assim, confirma-se a comunicação de um novo eu através da troca de significações. “A migração do consumo material para o simbólico é inegável e uma marca, hoje, é composta de significado organizado, oferecido e compartilhado com consumidores em experiências inesquecíveis” (GARCIA; MIRANDA, 2007, p.19). No processo de identificação pessoal e comportamento de consumo, os indivíduos passam por processos de socialização e assim desempenham o seu papel social, levando a ter identificação com algumas marcas que possuem elementos para levá-lo a representar um papel social (GADE, 2003). 2.2.1 Marcas de Moda As roupas e acessórios poderiam ser considerados apenas como objeto de primeira necessidade se não trouxessem também um conjunto de valores e características que são embutidos pelo estilista da marca e o marketing. Algumas pessoas classificam as roupas dentro de valores estéticos e funcionais e não se apercebem que consomem uma identidade de marca. Os produtos saem das fábricas como apenas peças de roupas, porém após ações de marketing se transformam, de forma mágica, em moda (MARK TUNGATE, 2005). Para Kapferer (2004), a marca traz com ela um conjunto de significados que leva o comprador a pensar quando observa esse símbolo, pois estão associados às características tangíveis do produto e as satisfações pessoais, psicológicas ou sociais. Significa que uma marca nada vale enquanto o consumidor não a reconhece e isso só é possível a partir de associações relacionadas ao produto, cultura e comunicação. Assim, quando a marca adquire difusão, notoriedade e imagem, passa a existir a valorização da mesma, fazendo com que as pessoas paguem qualquer preço para possuí-la (KAPFERER, 2004). Vale salientar que existe uma disposição para gestores e estrategistas de marca em concentrar esforços nos atributos do produto, deixando de lado aspectos que reforçam a identidade da marca, como a sua personalidade, as associações organizacionais, símbolos, benefícios de auto-expressão; estas características persistirão ao longo do tempo. O cliente não vai comprar única e exclusivamente pelo produto. O universo de itens que transmite esta identidade é imenso e tem que ser repensado em cada decisão, desde a colocação de um simples display, na escolha de um determinado arranjo para uma vitrina, ou na relação cliente e equipe de vendas. A marca é muito mais que o produto em si. A imagem da marca, identidade de marca e posição da marca, são conceitos distintos e abstratos, como veremos na figura a seguir (AAKER, 2007). Figura 1 - Abstrações da Marca de Aaker Fonte: (AAKER, 2007, p.76) Ainda segundo Aaker (2007), as marcas adquirem personalidade por interferência de um conjunto de características que a descrevem como uma pessoa. Assim uma marca pode ser considerada ousada no caso da C&A, autêntica quando se pensa em Coca-cola, ou jovem quando se visualiza a palavra Apple. As marcas são trabalhadas como pessoas e o seu reconhecimento fica visível nas associações trabalhadas pela publicidade e propaganda, cultura do país de origem, identificação com celebridades, bem como a partir de características próprias que se relacionam ao produto, como cor, embalagem, dentre outras. Estas características podem divergir de marca para marca como variam de pessoa para pessoa, porém quanto mais se destacam das demais, mais fortes e duradouras se tornam. De forma que não se recordam de marcas sem personalidade. Para Kotler (1998) a maneira mais fácil de explicar a personalidade de uma marca é fazer a pergunta: Se esta marca fosse uma pessoa, animal, ou objeto, o que viria à mente? E assim pode-se dizer que às vezes a marca pode assumir a personalidade de uma pessoa ou porta-voz bem conhecido. A personalidade da marca pode servir estrategicamente como alicerce para a diferenciação significativa, em especial nos contextos em que as marcas são semelhantes em relação aos atributos dos produtos. Na realidade, a personalidade pode definir não apenas a marca, mas também o contexto e as experiências com a classe de produtos (AAKER, 2007, p.149). O papel do estilista da marca e seus traços de identidade trazem o ar de novidade às criações, fazendo com que as roupas passem a estar impregnadas de traços que marcam quando um vestido é de Lavin, Dior, Lagerfeld, ou Zara. Estes traços são reconhecidos pelo consumidor quando se escutam certas expressões das pessoas em reuniões sociais: “É do Yves Saint Laurent”. Por trás dessa afirmação está subscrito que este estilista é famoso e foi o pioneiro do prêt-à-porter na Europa. Vale ressaltar que todos os itens ou matérias-primas que compõem uma peça de roupa fazem parte de um repertório de emoções que são comunicadas tendo em vista informar o que a marca de moda representa, e supostamente sabe-se que o consumidor irá adquiri-los ao comprá-la. E assim a moda passa a ser uma fábrica de desejos, e as pessoas se espelham na imagem do produto para se sentir bem. Cada criador sabe o consumidor que deseja chamar atenção (MARK TUNGATE, 2005). Segundo Miranda (2008), os seres humanos são pessoas visuais que observam e são observadas, na medida em que tudo aquilo que compram e possuem tem como objetivo comunicar algo. As questões funcionais são apenas o começo da construção do significado do produto e passam a expressar a sua personalidade quando somadas a uma marca, passando a se destacar dos demais. A publicidade reforça o processo de estimular o desejo das pessoas pelas marcas de moda, na medida em que comunicam benefícios a serem alcançados pelo ritual do consumo. A imagem, como uma cena silenciosa ou com textos, aparentemente sem vida, mas intensos, embora apresentados como composições fisicamente estáticas, são capazes de contar, comunicar, transmitir uma idéia, um sentimento, usando essencialmente elementos visuais entrelaçados e estruturados que necessariamente afeta quem observa (MIRANDA, 2008, p.46). A partir do momento em que os produtos passam a gerar um significado para as marcas de moda, as pessoas entram em um processo de diferenciação pessoal. Os consumidores passam a ter a oportunidade de escolher entre as muitas marcas que se debatem no espaço urbano das cidades; podemos dizer que seria uma explosão de marcas. As construções dos espaços de venda se transformam em espaços de compra, com o cliente esperando para entrar na loja e ter uma experiência de marca. Pois de uma loja a outra a atmosfera muda. No entanto, cada vez mais as lojas tentam criar uma atmosfera de loja que transmita o universo da marca, que conte a sua história. Tanto os produtos como o espaço físico das lojas que envolvem os produtos são significativos para o consumidor, como se fosse o rosto da marca (TUNGATE, 2005). Alguns fatores sociais e psicológicos se funcionam como motivadores do consumo de marcas de moda. Miranda (2008) descreve alguns dos aspectos motivacionais do consumo de marcas de moda: qualidade e conforto, necessário para que a consumidora se sinta bem e credibilidade a marca; beleza e elegância, ser reconhecido pelos outros como diferente, mas sem ficar esquisito; levantar o astral, significando a parte psicológica do consumo como recompensa ao possuir determinada marca, que a deixa feliz, aumentando sua auto- estima; preço da originalidade, quanto mais o produto é original, exclusivo e que sobreviva às mudanças da moda, mais as pessoas se dispõem a pagar. No processo de identificação pessoal e comportamento de consumo, os indivíduos passam por processos de socialização, e através deste desempenham o seu papel social, levando a ter identificação com algumas marcas que possuem elementos para levá-lo a representar um papel social (GADE, 2003). Desta forma, uma marca pode ser substancial no processo de individualização pessoal e social, na medida em que é reconhecida pelas pessoas que interpretam a identidade de quem a usa (AAKER, 2007). Para que as marcas se destaquem no cenário de consumo é preciso que sejam desejada e única, características próprias de marcas de luxo. Sendo assim segue no próximo capítulo um aprofundamento sobre marcas de luxo enquanto propulsora do consumo de produtos de moda. 2.2.2 Marcas de luxo Para compreender o processo de diferenciação de uma marca para uma marca de luxo, Kapferer (2004) define inicialmente o que é luxo. Define que uma das características do luxo é a arte do belo aplicada sobre os objetos funcionais, no entanto o que é luxo para uma pessoa pode ser comum para outros. Porém, as marcas de luxo carregam uma cultura de bom gosto dentro do que há de mais elevado, identificado não só nos objetos, mas em tudo que está em sua volta. Para afirmar que um objeto é de luxo, é necessário que ele agregue prazer envolvendo todos os sentidos, de forma que enobrece o objeto e a pessoa que usa. A marca de luxo é definida por seu programa interior, sua visão de mundo, o sistema de gosto que ela promove a busca de seus próprios padrões, independentes das normas. Enquanto produto superior é material, ligado a uma categoria de produtos particular, o luxo é não-material, ligado a valores, a uma ética (KAPFERER, 2004, p. 73). Segundo Kapferer (2004), a indústria do luxo envolve três níveis. O ápice da pirâmide é onde se situa a grife, são aqueles produtos assinados e únicos, com características de total exclusividade. No segundo nível estão às marcas de luxo, essas fabricam produtos em um volume pequeno, o ateliê, a manufatura. No nível três é o da produção em série, de uma indústria com o renome e valor agregado de produtos de alta qualidade, e sustentação das grifes; é nesse nível em que se encontram os lucros, condição para sobrevivência e expansão da grife que é sinônimo de prestígio ligado à alta costura e criação. Na base da pirâmide existe a indústria de grandes volumes; ainda usando o nome das marcas de luxo, mas neste estágio ela perde o valor pela pressão sobre os lucros e vendas em grande escala. Segue a pirâmide como desenho para explicação do que acontece para a marca se manter como grife e marca de luxo. Figura 2- O sistema clássico do luxo e da marca Fonte: (KAPFERER, 2004, p.75) Para alguns gestores do varejo de moda as marcas de luxo por ter o ar de único, novo e inovador, resguardam o valor de exclusividade ao consumidor, garantindo o prestígio e potencial de criação, resguardando a fama ao invés da sua penetração em massa (KAPFERER, 2004; TUNGATE, 2005). As marcas de luxo são representativas e trazem traços dos gostos e desejos de um cliente sofisticado, de classe alta que escolhe bem onde comprar. Esses consomem uma experiência única, e os produtos adquirem maior valor quando estão bem expostos, são bem apresentados pela equipe de vendas, seduzindo e atraindo o cliente (SACKRIDER, 2009). 2.3 PERSPECTIVA DRAMATÚRGICA A perspectiva dramatúrgica é originária da escola de Sociologia conhecida como Interacionismo Simbólico. O Interacionismo Simbólico é uma perspectiva teórica e metodológica, dentro da psicologia social, segundo o qual pessoas em diversas situações se utilizam do universo dos símbolos, e interagem umas com as outras, baseadas em diferentes interpretações consideradas importantes em diferentes aspectos de um encontro social. Reconhece que as pessoas e a sociedade são essenciais entre si e precisam interagir socialmente. Desta forma os significados dos objetos são construídos na interação social (GROVE; FISK, 1989; MENDONÇA, 2001). Sauerbronn e Ayrosa (2006) trazem uma explicação sobre o Interacionismo Simbólico, ou seja, as interações sociais desempenhadas pelos indivíduos são importantes para a compreensão dos fenômenos sociais e de interesse para as ciências sociais. Considera que os seres humanos agem sobre os objetos com base nos significados que aqueles objetos têm para eles. Os significados dos objetos originam-se na interação social que o indivíduo tem com o outro. E os indivíduos lidam com os significados e os modificam através de um processo interpretativo utilizado pela pessoa ao lidar com as coisas que encontra. É a partir das interações entre as pessoas que os significados emergem e se constroem das ações dos outros indivíduos sobre aquele que considera objeto; assim, as ações definem a coisa para o indivíduo. “Isto quer dizer que os significados dos objetos são produtos sociais formados a partir das atividades executadas pelas pessoas em suas interações com outros indivíduos”(SAUERBRON; AYROSA, 2006, p.5). Os seres humanos interpretam ou definem as ações ao contrário de meramente reagir a elas. Suas respostas estão baseadas no significado que este atribui a cada ação. Então, a interação humana é mediada pelo uso de símbolos, pela interpretação, ou pelo significado das ações dos outros. Esta mediação é equivalente para que seja inserido o processo de interpretação entre estímulo e resposta no caso do comportamento humano (BLUMER, 1998, p.79). Para o modelo dramatúrgico de Goffman (1983), o palco, o ator e a platéia, são elementos essenciais. Assim, dentro do processo de interagir socialmente, o indivíduo (ator) age dentro de uma metáfora teatral com a intenção de criar uma impressão diante da audiência (outros). Pressupondo que a vida é como um palco onde as coisas, apesar de reais, podem ser ensaiadas e conduzidas de forma intencional. Para essa visão metafórica de Goffman as podem agir por razões que as levam a atuar de maneira a transmitir aos outros uma impressão que lhe interessa (GOFFMAN, 1983; MENDONÇA, 2003; MENDONÇA; FACHIN, 2006). A teoria Dramatúrgica está focada em papéis individuais em um jogo de drama social. As pessoas gerenciam a aparência pensando nos outros e de acordo como querem ser percebidos. A forma como os indivíduos vêem os outros reflete a identidade e, conseqüentemente, como se deve interagir. As pessoas estão preocupadas com sua aparência e a impressão geral que as pessoas têm deles influencia as interações, então, variam os estilos para influenciar a percepção dos outros. “Adquirimos máscaras para adotar determinados papéis nas diferentes performances e nossa percepção do self é moldada por essas máscaras” (KAISER,1998, p.193). Os estilos são criados a partir do consumo de bens reconhecidos culturalmente, possibilitando que as pessoas se expressem de várias maneiras na sociedade. O Self, consumo e identidade se constituem socialmente nas interações sociais (SCHLENKER, 1980). Em contextos diferentes o self pode assumir identidades variadas e assim gerenciamos nossas aparências para formar, nos outros, as compreensões de nossas identidades. A identidade social é a representação de como queremos ser vistos em nossas relações sociais. “A identidade é o self no contexto, construído de negociação através dos processos sociais, pessoas interagindo no contexto, composto por um subconjunto de papéis” (KAISER, 1998, p.193). A Dramaturgia foi analisada por Carvalho (2000), o qual observou que dentro de uma visão teatral aplicada por estudiosos e prestadores de serviços, estes agem como atores que criam e mantêm uma impressão positiva diante dos consumidores. Este processo interativo ressalta a dimensão humana na prestação de serviços, na criação de “horas da verdade”, onde estes são os comunicadores da organização capazes de comprometer as atitudes, opiniões e comportamento do consumidor. Sendo assim, os atores seriam os prestadores de serviços; os consumidores, a platéia que adquire o serviço; o ambiente físico seria o cenário em que o serviço ocorre; e o desempenho do serviço seria a performance do ator. Desta forma o gestor tem a oportunidade de gerenciar intencionalmente o serviço de forma antecipada diante das necessidades e desejos do seu público. O processo de Gerenciamento de Impressão envolve comportamentos do ator com objetivo pré-definido de estabelecer uma identidade ( self no contexto) para uma determinada audiência (alvo), com a finalidade de criar impressões sobre o ator. A partir de diferentes representações na vida social, as pessoas passam a construir sua imagem pessoal e particular que projetam diante de uma audiência. O que as pessoas pensam como avaliam os atributos, e o que esses atributos podem realizar diante das interações, contribuem para prever como elas irão se apresentar diante de uma audiência, e desta forma gerenciar a impressão (SCHLENKER, 1980; MENDONÇA, 2003). Para um aprofundamento teórico sobre o processo de gerenciamento de impressão e sua relação com o consumidor de moda, alguns conceitos serão apresentados no capítulo a seguir. 2.4 GERENCIAMENTO DE IMPRESSÃO No processo de interações sociais percebe-se a importância da avaliação, do julgamento e da percepção formada dos indivíduos sobre o olhar dos outros. O gerenciamento de impressão é o processo pelo qual as pessoas em situações sociais procuram administrar o ambiente, na maneira de falar, vestir e até seus gestos, no sentido de satisfazer as impressões de acordo com o que querem criar ou a imagem a ser projetada (MENONÇA, 2003). Uma impressão pode ser percebida como uma idéia, um sentimento que o indivíduo tem sobre alguém ou algo, ou que alguém ou algo quer passar ao indivíduo; que pode ser a resposta que uma experiência ou uma pessoa tem sobre alguém ou algo. O controle da imagem é o aspecto central do gerenciamento de impressão, pelo qual nas interações sociais as pessoas agem conscientes ou inconscientes, tendo em vista o ato de controlar sua imagem. O que as pessoas desejam alcançar e o que recebem como retorno da vida é resultado do gerenciamento de impressão (MENDONÇA, 2003; SCHLENKER, 1980). Aprofundamentos teóricos sobre gerenciamento de impressão apontam que não só se controla a informação para os outros, mas também o processo envolve o que se pensa sobre nós mesmos, expressando através de nossa aparência. Assim as pessoas gerenciam sua aparência de acordo com as reações esperadas ou propósitos específicos, podendo ser no trabalho, entrevistas para emprego, encontros sociais ou mesmo pela maneira de se vestir em sua rotina diária (ROSENFELD, 1995). Sendo assim, o GI4 pode ser identificado no dia-a-dia; no cotidiano, como aparecer diante dos outros é tarefa que merece uma reflexão prévia. Em outras palavras, os homens e mulheres estão preocupados com sua aparência e a impressão geral que esta, causa em outras pessoas. Sentem também que aquelas roupas influenciam em seus humores em um determinado tempo; eles fazem um esforço para se vestir dentro dos mais novos estilos e pensam que o que vestem influencia suas percepções sobre os outros. E assim manipulamos nossa aparência pessoal com propósitos sociais, tendo uma compreensão do ambiente cultural em que vivemos (KAISER, 1998). Entende-se que o gerenciamento de impressões não é somente um processo desenvolvido para controlar as impressões sobre um indivíduo, mas também como possíveis comportamentos intencionais que buscam formar impressões positivas nos grupos e organizações (MENDONÇA, 1999). “Pode-se abordar o gerenciamento de impressões como um processo de comunicação no qual as mensagens são criadas e enviadas a uma audiência com o objetivo de transmitir determinada imagem ou impressão” (MENDONÇA; ANDRADE, 2003, p.46). O sociólogo Erving Goffman (1983), em seu livro “As representações do eu na vida cotidiana”, explica sobre a dramaturgia no dia a dia das pessoas. Segundo Goffman (1983), as pessoas atuam como se adotassem papéis, utilizando máscaras diante das diversas audiências e encontros sociais; existe uma tentativa de formar um significado ou finalidade nas interações sociais, nas quais as ações das pessoas serão direcionadas, com o propósito de planejar as expectativas como papéis, diante do que é esperado de cada um (GOFFMAN, 1983). 4 Sigla usada pelo autor para o termo gerenciamento de impressão. Em revisão literária de Mendonça (2003), por meio de estratégias e táticas que os indivíduos controlam as suas ações e comportamentos, tendo em vista alcançar seus propósitos e gerenciar uma determinada impressão. Sendo assim, segue algumas Estratégias de gerenciamento de impressão, que descreve como as pessoas criam e gerenciam impressões diante de uma audiência, agindo como que em papéis sociais e atuando de forma dramatúrgica (MENDONÇA, 2003). Quadro 1: Estratégia de Gerenciamento de Impressão Estratégia Insinuação Autopromoção Exemplificação Intimidação Suplicação Descrição/Definição Comportamento usado pelo ator para se parecer mais atrativo e simpático para os outros Comportamento que o ator usa como super competente com atenção para certas habilidades Comportamentos que apresentam o ator como moralmente confiável; isto também pode ser desempenhado para induzir a simulação dos seguidores Comportamentos que apresentam o ator como uma pessoa perigosa que é capaz e pronto a infligir sofrimento para a audiência Comportamentos que apresentam o ator como desamparado para solicitar ajuda de outros Atribuições Buscadas Emoção a ser Despertada Agradável Afeto Competente (efetivo “um vencedor”) Confiável (sofredor, delicado) Respeito (admiração, deferência) Culpa (vergonha, emulação) Perigoso (cruel e volúvel) Medo Possíveis Atribuições Negativas Bajulador, conformista, obsequioso Fraudulento, convencido, defensivo Hipócrita, sancionador, explorador Fanfarrão, falastrão, ineficaz Desamparado Solidariedade Auto(deficiente,infeliz) (obrigação) depreciação, pedido de ajuda Fonte: (MENDONÇA, 2003, p. 69) Conforme o quadro 1 é possível identificar definições de comportamentos presentes no processo de consumo de moda, a utilização de algumas destas estratégias. A estratégia de exemplificação, apresentada no quadro acima, se assemelha ao que Simmel (1957) chama de imitação na moda, dessa forma pessoas se espelham na imagem do outro para comprar algo ou parecer igual. Segundo Mendonça (2003), o indivíduo tenta passar seus valores para se posicionar diante das normas sociais reconhecidas, além de influenciar os outros. Na estratégia de autopromoção, segundo Mendonça (2003), o ator busca respeito, na medida em que expõe suas qualidades e competências. Neste sentido, Slater (1997) corrobora com o gerenciamento de impressão e o consumo, visto que os agentes do consumo usam de recursos culturais, linguagem, coisas, imagens, diante de suas necessidades; podendo, também, estabelecer uma reinterpretação e modificações que poderá questionar, bem como reproduzir a ordem social vigente. Dentro desta visão do consumo e GI, é que a moda pode ser analisada, através da qual as formas de adornar o corpo são usadas para gerar impressão nos outros, além de conter mecanismo de controle nas várias performances para comunicar-se (KAISER, 1998). Nota-se no marketing de serviços voltado para as organizações, incluindo-se aqui empresas do varejo de moda, nota-se um gestor preocupado com questões relacionadas à sua imagem, controlando o seu ambiente para parecer atrativo. Neste processo dua estratégias de GI são identificadas, a autopromoção e insinuação. Segundo Mendonça (2003), “a estratégia de insinuação tem como propósito fazer a pessoa ser mais apreciada e atraente aos olhos dos outros” (MENDONÇA, 2003, p.70). Na estratégia de autopromoção “o ator quer ser mais respeitado, mais que apreciado”. Neste ponto, quando empregamos estas estratégias no processo de interação com os clientes, existem ações que têm como objetivo melhorar a imagem empresarial, a comunicação de marketing, imagem local, bem como a comunicação boca a boca. Os aspectos físicos do cenário de serviços são ressaltados e a atmosfera dos ambientes é trabalhada dentro dos conceitos de design com comunicações visuais, envolvendo a música, cores, aroma, iluminação para envolver os clientes, provocando emoções (GRONOROOS, 1995; LEVY; WEITZ, 2000). Apresentam-se a seguir, o quadro 2, táticas de GI que têm como propósito produzir uma impressão positiva de forma rápida, em pouco tempo, no alvo. Estas táticas são o resultado de uma revisão literária de alguns autores (MENDONÇA, 2003). Quadro 2 - Táticas de Gerenciamento de Impressão TÁTICAS/COMPORTAMENTOS DEFINIÇÃO/DESCRIÇÃO Adequar-se situação Comportar-se do modo que a situação requeira Ambiente Físico Controlar o ambiente físico onde as interações sociais acontecem. Construir o cenário das interações Explicitar acontecimentos favoráveis para maximizar as implicações desejáveis para si mesmo Usar uma abordagem pessoal direta, forte e Aplauso Assertividade energética Associação social Atribuições públicas Auto descrição Comportamentos não verbais Comportamento pró-social Conformidade e concordância Culpar ou atacar outros Desculpas Dispositivos de memória Intensificar ou proteger a própria imagem administrando informação sobre as pessoas e coisas das quais se está associado Fazer declarações de atribuições que desenham o ator da melhor maneira possível Transmitir informações acerca de si mesmo por meio de descrições verbais Expressar informações sobre a personalidade, humor, opiniões e estados físicos e psicológicos através de expressões faciais, aparência física, olhar e linguagem corporal Engajar-se em ações pró-sociais para criar uma imagem positiva ou para reconciliar uma transgressão aparente e convencer uma audiência de que o ator merece uma identidade positiva Concordar com a opinião de aluem ou de algum grupo, a fim de ganhar sua aprovação Culpar outros pelas falhas do ator ou minimizar as realizações dos outros Admitir a responsabilidade pro um acontecimento indesejável e ao mesmo tempo procurar conseguir o perdão por tal ação Distorcer, reconstruir ou fabricar memórias durante interações sociais, visando ao alcance de objetivos sociais Quadro 4 - continuação Enfatizar similaridades Explicações Exposição de atitudes Justificativa Lisonja Manipulação Ambiental Persuasão Restituição Retratação Ritualização e Simbolização Troca de favores (ou benefícios) Destacar similaridades nos objetos, interesses, hobbies etc., e se comportar de maneira similar a daqueles com os quais se está interagindo Explicar um evento, buscando minimizar a severidade aparente de uma situação difícil Expressar suas atitudes no sentido de influenciar as impressões dos outros Explicar um acontecimento que cria desconforto visando minimizar a aparente gravidade do desconforto Cumprimentar outros por suas virtudes num esforço para parecer perspicaz e sensível Modificar a situação, por intermédio da manipulação de aspectos físicos, de tal forma que o outro seja levado a aceitar a influência do autor Convencer a outra parte quanto ao ponto de vista do ator, pelo uso seletivo de argumentação racional Oferecer compensações, as quais são estendidas pelo ator ao ofendido, ferido ou, por outro lado, a uma audiência prejudicada Utilizar explicações dadas antes de uma ação potencialmente embaraçosa para repetir qualquer repercussão negativa à imagem do ator. Usar cerimônias formais e símbolos de poder para aumentar ou consolidar a posição do ator. Dramatizar as interações. Trocar favores (presentes ou futuros) ou obrigações com outro, de acordo com os interesses do ator. Fazer algo bom para alguém ganhar aprovação dessa pessoa. Fonte: (MENDONÇA, 2003, p. 74) Algumas destas táticas são confirmadas no ambiente físico das lojas e identificadas quando relacionadas ao cenário físico e social no varejo. As táticas de ambiente físico e manipulação ambiental são exploradas por diversos autores de marketing, com as quais o layout e disposições dos displays, decoração e objetos devem ser controlados e dispostos no ambiente de forma a levar os consumidores a passar o maior tempo na loja e comprar (PARENTE, 2000). Outra tática identificada pelos atores no cenário social de vendas é a lisonja, sendo importante para as marcas receber o cliente com simpatia, sinceridade e educação. Estas qualidades foram consideradas como uma competência essencial para criar vínculos entre cliente e vendedor na loja de moda (PENNA; LEÃO, 2007). A persuasão e exposição de atitudes enquanto táticas de GI são identificadas nos cenários montados em vitrinas de loja de moda. Nas encenações das vitrinas os produtos adquirem alma, são expostas vivências da vida do consumidor refletindo a marca e gerenciando atitudes. Passa a idéia de consumir na medida em que, o que se expõe é o reflexo do gosto do consumidor (DEMETRESCO, 2005). Por outro lado, verifica-se que o gerenciamento de impressão e a formação de impressão do consumidor são processos que estão conectados, embora possam ser vistos separadamente, pois todas as estratégias e táticas têm como objetivo formar a impressão do consumidor (MENDONÇA, 2003). A resposta das pessoas ao gerenciamento de impressão, ou seja, como os outros decodificaram a mensagem, esta relacionada a um processo cognitivo de armazenamento da informação na memória chamado de formação de impressão. Como é o foco principal deste estudo sobre o comportamento do consumidor de loja de moda, que será aprofundado no capítulo a seguir. 2.5 FORMAÇÃO DE IMPRESSÃO Segundo Mendonça (2003), as pessoas (alvo) decodificam as mensagens que foram transmitidas (pelo ator) por meio de mensagens verbais ou não verbais, e assim formam suas impressões sobre o ator. Nessa interação existem dois processos distintos que se interdependem: o gerenciamento de impressão e a formação de impressão. O gerenciamento de impressão busca controlar a imagem que os outros desenvolvem a respeito do emissor, enquanto que o processo de decodificação das mensagens e imagens chama-se de formação de impressão. Esta Interação entre ator e audiência apresenta dois aspectos: O gerenciamento de impressão e a formação de impressão. Basicamente o gerenciamento de impressões é tudo que o ator faz para controlar o modo como os outros o vêem e a imagem que eles desenvolvem a seu respeito. A formação de impressões, por sua vez, ocorre quando as pessoas decodificam as mensagens e formam impressões e imagens de outras pessoas. O resultado desse processo vai definir o sucesso, ou não, do espetáculo, pois os esforços empreendidos nas fases anteriores será avaliado pelo público (MENDONÇA; FACHIN, 2006, p.312). De fato, para entender a formação de impressão é preciso analisar o contexto em questão das pessoas interagindo num processo de comunicação complexo, pela manifestação de comportamentos idênticos, diferentes, contraditórios ou complementares. Para que seja formada uma impressão acerca dos outros é preciso avaliar e interpretar o comportamento de forma a criar um conceito que poderá ser positivo ou negativo da pessoa. “Formar uma impressão significa organizar a informação disponível acerca de uma pessoa de modo a podermos integrá-la numa categoria significativa para nós” (CAETANO, 2006, p.89). Porém, Caetano (2006) ressalta que os estímulos não-verbais têm uma importante função no processo de formação de impressão, na medida em que o aspecto físico faz com que tenhamos condições de deduzir e tirar conclusões sobre os traços comportamentais e atitudes conferidos sobre algo ou alguém. Para captar a informação consideramos o ser humano como ser percepcionador que vai organizar a informação sobre outros e identificar um traço comportamento estável, podendo predizer um comportamento futuro. Alguns autores explicam de maneiras diferentes como acontece a formação de impressão, como veremos nos próximos tópicos. 2.5.1 Abordagens da Formação da Impressão As pesquisas sobre Formação de Impressão estão focadas sobre a representação mental que é formada acerca de uma pessoa, chamada de impressão. Estas pesquisas são focadas em dois assuntos: em como a informação é codificada e organizada na memória e como esta representação mental é transformada em julgamentos sociais, reações afetivas, e decisões de comportamento (SRULLL e WYIER, 1989). Dentro da revisão literária feita por Caetano (2006) sobre o processo de formação de impressão, são apresentadas três abordagens dentro da pesquisa no âmbito da cognição social. Na Abordagem Configuracional (Gestáltica), a formação de impressão tem um caráter holístico onde esses traços característicos da pessoa são elementos de informação, assim o significado de cada elemento é construído em função de suas relações contextuais com os demais. “Os traços que caracterizam uma pessoa organizar-se-iam de tal modo que o todo seria diferente da simples soma das partes” (CAETANO, 2006, p.91). Outra abordagem é chamada de Abordagem da Integração da Informação ou Linear. Conceitua-se esta abordagem de forma associacionista, em que cada elemento da informação oferece contribuição própria para a formação de impressão. Cada item ou elemento tem seu valor, que é somado, dividido e multiplicado dentro de escala de valoração (escala de pontuação), podendo dizer que a impressão será criada dentro do valor de cada item. Nesta abordagem não existe dependência do contexto. “Segundo a perspectiva do processamento guiado pelos dados são as características físicas e comportamentais da pessoa-alvo que determinam a produção de uma impressão específica” (CAETANO, 2006, p.90). Porém é na Abordagem da Memória que se encontra base de argumentos a serem confirmados nesta pesquisa. Esta abordagem procura ressaltar que para formar uma impressão acerca de outra pessoa recorrer-se-á a informações que foram armazenadas anteriormente. Processos relativos à aquisição, armazenamento e recuperação da informação. Sendo assim, a partir do comportamento realizado por uma pessoa forma-se uma impressão, permitindo-se fazer julgamentos baseados na memória de informação adquirida anteriormente sobre a pessoa-alvo. “A tarefa de recordação é anterior à tarefa de formação de impressão, isto é pede-se aos sujeitos que recordem os comportamentos que lhes foram apresentados e só depois se lhes dá a tarefa de formarem uma impressão” (CAETANO, 2006, p.103). 2.5.2 Abordagem da memória Existe um enfoque dado nos últimos anos em pesquisas sobre formação de impressão no modelo da abordagem da memória e que será utilizado neste estudo. Segundo Srull e Wyer (1989), este modelo integra a maioria das pesquisas, tendo como pressuposto a concepção metafórica da memória como rede associativa, por meio da qual comportamentos de uma pessoa são espontaneamente interpretados pelo sujeito em termos de conceitos-traços que estão armazenados na memória. O comportamento de uma pessoa pode ficar descritivamente registrado na memória, integrado num ou vários agrupamentos traço-comportamento. Um dos fatores para a codificação é a acessibilidade dos traços na memória. Porém, para um sujeito formar impressão acerca de outro deve interpretar os seus comportamentos de forma avaliativa, podendo estes ser favoráveis ou desfavoráveis, e um conceito final de positivo ou negativo. Quando os conceitos são consistentes ficam fortemente associados e facilmente decodificados. Assim, quando for solicitado aos sujeitos fazerem julgamentos sobre o conceito traço, este poderá desencadear um processo de recuperação da informação. O modelo da memória “assume que as características de uma pessoa são representadas por nódulos na memória (representações descritivas) e que as relações entre elas são representadas por ligações associativas (representação associativa)” (CAETANO, 2006, p.104). A figura a seguir vai mostrar como o processo de decodificação da informação acontece, e como as pessoas organizam a informação para formar a impressão acerca de algo ou alguém. De acordo com Caetano (2006), na abordagem da memória as características das pessoas ficam retidas de forma associativa. Para explicar este processo cognitivo passam por fases de codificação, armazenamento e recuperação da informação social. Sendo assim ficam retidas na memória duas representações distintas; uma de caráter descritivo e outra de caráter avaliativo. Conclui-se que as pessoas interpretam, percebem e reagem a estímulos verbais e não verbais relativos a outros. Este contexto vai além de traços de comportamento e estereótipos presentes em suas inter-relações sociais. O resultado do estudo de Lovin (1979) compreende que as interações feitas no cenário físico têm um impacto sobre as impressões formadas dos atores. Os espaços físicos são organizados de forma que tenham um significado social, com o qual as pessoas escolhem onde querem interagir de forma a definir o seu comportamento e suas ações sobre os outros. Em um processo parecido com este verifica-se que as pessoas, em seus processos sociais, classificam as outras e tiram conclusões das características, pensamentos e comportamentos (LOVIN, 1979). As pessoas são comparadas em novos encontros com noções anteriormente armazenadas sobre o individuo na memória, classificando-o como membro daquela categoria. Essa rede associativa de pontos que ficam representados na memória como uma constelação de atributos, comportamentos, interesses e valores, formam as representações sociais. Eles tenderão a classificar o indivíduo como um membro daquela categoria. Essa categoria de significado do outro que é formada, é verdadeira e importante, visto que se origina do significado subjetivo da pessoa representada. Essas representações mentais de significado dos outros influencia a maneira com a qual as pessoas concebem, interagem, e respondem emocionalmente para outros indivíduos. As representações de significado dos outros podem ser ativadas em interações sociais e podem influenciar conclusões sobre novas pessoas, expectativas interpessoais, e respostas afetivas (ANDERSEN; COLE, 1990). Dentro do processo cognitivo, as características positivas são habitualmente mais notadas, e um elemento negativo tem o poder de contraste e novidade, tornando-se mais saliente e com maior poder de informação. “Torna-se mais difícil de mudar uma primeira impressão desfavorável do que uma primeira impressão favorável” (CAETANO, 2006, p.120). Em resultados de pesquisa sobre a natureza positiva ou negativa da imagem da empresa, por Matos e Veiga (2003), verificou-se o efeito prejudicial e significativo da publicidade negativa e na percepção dos consumidores este viés negativo está associado a julgamentos morais. Sendo assim uma mensagem decodificada de forma negativa é mais efetiva que uma mensagem positiva. Deste modo, quando uma característica negativa se manifesta, acaba por ter um peso maior que uma característica positiva, podendo ser considerada uma característica interna do ator (VONK, 1994). Segundo Caetano(2006) as pessoas possuem uma maneira subjetiva de expressar suas opiniões e tecer julgamentos sobre algo ou alguém, formando as a suas impressão, e que será abordado no tópico a seguir. 2.5.3 Julgabilidade Social Neste ponto vale ressaltar que dentro de uma abordagem da julgabilidade social, a análise volta-se para o contexto social e da funcionalidade e validade social destes juízos, deixando de lado a articulação entre dados e teorias. Estes julgamentos devem ter uma validade subjetiva, e estes juízos dizem respeito a alvos sociais, pois são emitidos em contextos socialmente definidos que obedecem a normas sociais. “As pessoas só emitem julgamentos quando sentem que estão numa posição de julgar, ou seja, quando sentem esses julgamentos subjetivamente válidos” (CAETANO, 2006, p.121). As pessoas fazem inferências a partir de comportamentos e seus julgamentos são o reflexo de alguns aspectos da impressão do outro, de forma que estas características sejam reconhecidas por uma maioria. A impressão é organizada pelos fatos que se conhecem da pessoa, pelas deduções de traços feitos a partir dos fatos, pela busca de idéias que expliquem a maneira da pessoa ser, pelo sentido avaliativo para saber se gosta da pessoa ou não (VONK, 1994). O estudo de Johar e Simmons (2000) revelou que os consumidores possuem capacidade para reconhecer a marca e formam suas impressões, que pode ser revelado na hora de codificar a informação da marca ou por julgar a qualidade da marca. Os consumidores precisam ser motivados para desenvolver revelações seja na codificação ou na hora dos julgamentos. No esquema de conclusões a capacidade cognitiva do consumidor ocorre em três etapas: a habilidade ou capacidade de interpretar informações da marca; a motivação seria causar o desejo no processo de informações da marca onde incentivos podem ser usados para causar julgamentos precisos; a oportunidade é definida como o grau para que outros processos de demandas ou processo limitado do tempo podendo voltar a atenção para informações da marca. Assim a capacidade cognitiva de codificação que acontece nestas etapas determina se os consumidores têm revelações corretas e se utilizarão estas para fazer julgamentos da marca. Como segue em esquema avaliativo para saber se gosta da pessoa ou não (VONK, 1994). Figura 3 – Esquema para utilização de revelações para corrigir conclusões ESQUEMA PARA UTILIZAÇÃO DE REVELAÇÕES PARA CORRIGIR CONCLUSÕES Processo de Habilidade Capacidade cognitiva de decodificação Revelações qualificadas Processo de Oportunidade Processo de Motivação Capacidade cognitiva para julgamentos Revelações para corrigir conclusões Oportunidade para refletir Fonte: (JOAHR; SIMMONS, 2000, p.309) Neste esquema os estímulos sociais atingem as pessoas de diferentes maneiras e o seu julgamento social será mediado pelo contexto em que se encontram. Os estímulos nãoverbais têm uma importante função no processo de Formação de Impressão, na medida em que o aspecto físico da aparência faz com que tenhamos condições de deduzir e tirar conclusões sobre os traços comportamentais e atitudes conferidos sobre algo ou alguém. Para captar a informação consideramos o ser humano como ser percepcionador, que vai organizar a informação sobre outros e identificar um traço comportamento estável, podendo predizer um comportamento futuro. ”Ao formar a impressão o percepcionador procura, pois, descobrir as características principais da essência ou da natureza da outra pessoa” (CAETANO, 2006, p.122). Neste sentido dois trabalhos são identificados nas pesquisas sobre formação de impressão: Espinoza (2003) faz uma revisão sobre fatores cognitivos e afetivos na formação de atitudes do consumidor, através dos quais os pensamentos involuntariamente ou não podem levar a emoções. No entanto, a emoção não acontece sem o pensamento. Este processo cognitivo acontece anteriormente, sendo indispensável para que aconteça a emoção, pois esta é o resultado de avaliações mentais; Lima (2003) ressalta em estudos sobre a ciência cognitiva que o processo cognitivo está relacionado com atividades mentais como pensamento, a imaginação, a recordação, a solução de problemas, a percepção, o julgamento, a aprendizagem da linguagem, entre outras, e que estes dependem do nível de capacidade de pessoa. Já o processamento da informação e recuperação estaria fundamentado no conhecimento do mundo. Assim, os estágios cognitivos implicam sempre ao contexto de interações dos indivíduos no qual se decodifica a informação. Segundo Blessa (2007), a soma de vários elementos e técnicas de visual merchandising formam um conjunto necessário para criar um ambiente favorável a compra, ou atmosfera de loja, que será discutido no capitulo a seguir sobre ambiente de loja. 2.6 AMBIENTE DE LOJA Baudrillard (2006) chama de ambiência a um sistema de signos formado por um conjunto de elementos como, cores, substâncias, volumes, e como estão interligados dentro de uma coerência no espaço. Todos os objetos que fazem parte do espaço se complementam; algo os une de uma forma que os classifica. “É que naturalmente a coerência não é mais a de uma unidade de gosto e sim a de um sistema cultural de signos” (BAUDRILLARD, 2006, p.46). De acordo com Mendonça e Fachin (2006) o ambiente pode ser usado como palco com propósito de auto-apresentação, seja no cenário, nos acessórios utilizados ou na iluminação. “O Gerenciamento de Impressão também pode ser usado para exercitar poder sobre o ambiente, controlando-o ou, ao menos, fixando expectativas e parâmetros para as interações sociais” (MENDONÇA, 2003, p.65). É no ambiente físico e social que existem trocas importantes e que são medidas pelos consumidores. As impressões causadas pelo cenário físico afetam a qualidade do serviço como: a atmosfera, as características visuais, olfativas e táteis. Aspectos sensoriais que são importantes e causam impacto diante das expectativas do consumidor (GROVE; FISK, 1989). A loja traz, em seu ambiente físico, valores culturais que são expressos seja na disposição ou escolha de móveis, nos objetos ou layout; atmosfera que comunica a personalidade da marca. É no ambiente da loja que as atividades de varejo se reúnem tendo como objetivo maior a satisfação para com o varejista. Todos os aspectos físicos e sociais convergem para a construção da imagem da loja com o objetivo de conquistar o público-alvo e motivar o consumidor a passar o maior tempo possível na loja. “A atmosfera deve ser entendida como o sentimento psicológico que o varejista desenvolve... entendida como a personalidade da loja” (PARENTE, 2000, p.294). Relativo ao ambiente em que acontecem as interações com o cliente e a as pessoas da organização, esse foi dividido no modelo de serviços apresentado por Bitner (1992) em cenário físico, cenário social e cenário sensorial. Elementos desses cenários contribuem para criar uma atmosfera favorável a compra, os quais vêm apresentados nós tópicos a seguir. 2.6.1. Cenário físico O espaço físico é chamado por Goffman (1983), de cenário; faz parte da fachada onde “a mobília, decoração, a disposição física, e outros elementos do pano de fundo que vão constituir o cenário e os suportes do palco para o desenrolar da ação humana executada diante, dentro ou acima dele” (GOFFMAN, 1983, p.29). O cenário físico funciona como um meio visual que ajuda a criar e dar suporte ao papel que está sendo desempenhado ou ao que as pessoas desejam impor. Assim, apesar de o Gerenciamento de Impressão estar focado primeiramente no comportamento verbal, corrobora através da decoração do ambiente e envolvimento físico para gerenciar a impressão desejada (ORNESTEIN, 1989). O espaço físico das empresas é visto dentro de uma analogia teatral, e as pessoas são atores que tentam criar certas imagens para suas audiências. O cenário físico serve como um meio visual que ajuda a criar e dar suporte ao papel que está sendo desempenhado. A estrutura física sofre interpretações das pessoas, visto que envolve decoração, design e layout, bem como os atributos simbólicos de móveis e objetos. A disposição do mobiliário envolve mais do que aspectos de decoração de interiores, afeta o valor da comunicação indicando competência, status ou poder. Os consumidores passam a inferir alta qualidade e valor através do design de lojas, afetando a percepção do preço; assim, o ambiente de loja pode ser um atrativo para novos consumidores (ORNESTEIN, 1989; SCHLENKER, 1980; BAKER 2002). A evidência física da empresa desempenha um papel importante no processo de socialização, comunicando papéis, comportamento e relacionamentos esperados entre funcionários e entre funcionários e clientes, tendo como objetivo projetar uma imagem positiva e consciente para o público. Todavia a imagem do cliente é boa desde que também seja boa a imagem que cada funcionário transmite ao interagir com o cliente (BATESON; HOFFMAN, 2003, p.162). A loja, seja de acessórios ou roupas em shopping, é reconhecida pelo cliente como espaço de experiências que acabam se transformando em um teatro que envolve um espetáculo de emoções. Traz flexibilidade nos espaços físicos e a idéia de um teatro de varejo onde a compra se torna divertida. Assim, todos os elementos que fazem parte do cenário montado pelo varejista devem formar um conjunto realista de ambiente, que apresente o vestuário e mobiliário fazendo parte do projeto (BARON, 2001). É necessário antecipar alguns aspectos para que o projeto da loja venha atender às expectativas do público-alvo de acordo com seu estilo. O design diferenciado da loja é entendido como “um palco de teatro onde paredes, teto, piso, equipamentos, vitrines e comunicação sejam coadjuvantes dos atores principais – os produtos” (BLESSA, 2007, p.31). É preciso prever: o mobiliário especializado; o linear da família e subfamílias; agrupamento de categorias e famílias de uso; esquema de implantação; áreas de circulação de funcionários e consumidores; sac/empacotamento/segurança/vitrines; depósitos; áreas de descanso e banheiros; estacionamentos; estética, arrumação e decoração; pisos não escorregadios (BLESSA, 2007, p.32). Segundo Bitner (1992) a percepção do espaço físico pode influenciar o consumidor a categorizar a empresa dentro de um nível que fica gravado na memória como positivo ou negativo. Pode também afetar o empregado quanto a acreditar na empresa ou em sua função. Outro fator é que os arranjos de decoração e disposição dos objetos estes passam a comunicar o quanto confiável, ou não, é a empresa. O espaço físico de loja de moda é formado de uma ambiência que traz características que contribuem para formar a identidade da marca. Alguns elementos se destacam no ambiente de loja e merecem destaque: vitrinas, exposição do produto, iluminação, layout, símbolos, objetos e sinais. Vitrinas - Ao criar mundos de “parecer” as vitrinas possibilitam realizar os anseios do consumidor e assim os discursos de aparência prometem um sonho que moldam os seus desejos. Além de seduzir, pela percepção do consumidor no produto exposto, existe uma comunicação visual que leva à procura de sua auto-imagem, seja no produto ou na loja, envolvendo-se pela mensagem que foi gerenciada pela vitrine (AMATO; DEMETRESCO, 2000). Uma vitrina é encantamento e frustração, na qual a transparência do vidro é fundamental na ambiência, deixando transparecer apenas o signo, interpondo-se na sua coerência abstrata do que se vê, mas não se toca, pois ao mesmo tempo em que aproxima mantém uma distância, parece íntimo e excluso, comunica e não comunica. O vidro acelera a comunicação entre interior e exterior, impedindo uma liberdade de real para o mundo, onde se pretende guardar bem e deixar visível, acaba por abstrair os elementos da ambiência, onde o “sublime atua como motivação de compra” (BAUDRILLARD, 2006, p.49). É importante dar a vitrinas e fachada da loja a mesma abordagem do interior para que os clientes passem a associar o estilo com a marca. A preparação da entrada é primordial para que o cliente se sinta à vontade, em um local onde tudo foi preparado para recebê-lo, e criado de acordo com as necessidades e gostos de seu público alvo. A parte externa da loja e a vitrina chamam a atenção do cliente, já o interior da loja faz com que permaneça mais tempo (KARAZIAN, 2005). Essas combinações dos objetos são feitas de forma objetiva, como uma combinação intencional, de forma que os valores abstratos e os valores tangíveis estão por trás dos valores organizacionais. Os objetos refletem o mundo onde cada ser é visto como um vaso que possui interioridade Neste processo o consumidor, como sujeito, que observa para ser, possui uma relação de intimidade e referência cultural percebida pela ambiência dos objetos expostos (BAUDRILLARD, 2006). A disposição dos elementos na vitrina propõe uma abordagem além de um nível discursivo, de forma narrativa. Encena-se um jogo de valores, no qual circulam valores sociais, econômicos e culturais da sociedade e dos segmentos partitivos; como os cenários prometem algo que está nos anseios daquele que recebe, e essa promessa interage no sentido de tentar alcançar a meta almejada (DEMETRESCO, 2001, p.16). Com o objetivo de criar mundos de parecer, as vitrinas atraem por seus discursos promessas da sociedade consumista. De forma simbólica, moldam o desejo de quem as olham, seduzindo quem passa a possuir o objeto exposto. Mesmo utilizando-se de uma imagem visual, as vitrinas constroem mundos significativos para o consumidor, nos quais ele vê uma de suas imagens possíveis. A construção de encenações envolve: exposição dos produtos, tendências de materiais e comportamento. As vitrinas ditam a moda na sociedade e tornam-se objetos de desejo, os quais algumas pessoas desejam querer possuir, e outros, desejam poder ser (OLIVEIRA, 1997; DEMETRSECO, 2001). Exposição do Produto - O produto deve ser ressaltado dentro do cenário físico de forma que o surpreenda, fazendo parte do mundo do consumidor que os observa. Assim serão reconhecidos valores e outros atributos da marca. Sendo importante para criar uma atmosfera de aproximação entre lojista e cliente, superando as expectativas (RATTO, 2004; DEMESTRESCO, 2004). A composição dos elementos precisa constituir uma unidade, para ter identidade. A disposição e proporção dos elementos num plano, determinados pesos e valores diferentes possuem relações de força, dando diferentes significados a composições. Com a organização dos elementos em uma imagem é obtida a unidade estética. Para compor uma imagem é necessário criar uma unidade, tendo como diretrizes a multiplicidade e a diferença (PERAZO; VALENÇA, 1998). Organizar as mercadorias de forma a despertar o desejo de compra, contando uma história, despertando o interesse de percorrer os espaços na loja, produzindo uma conversa com o cliente, deve ser mais do que preencher prateleiras (BERNARDINO, 2008). A multiplicidade ou variedade na composição está relacionada à escolha dos elementos constitutivos, enquanto o interesse na composição é criado pelo conflito, pelo contraste e pelas tensões surgidas entre elementos e plano de base: entre linhas e planos, entre direções e estruturas, entre cor e textura, entre espaço e tempo (PERAZO; VALENÇA, 1998, P. 71). Layout - A disposição da mercadoria, disposição de móveis e organização do interior da loja devem facilitar o fluxo, o deslocamento e as escolhas dos clientes, favorecendo as estratégias de vendas (KARAZIAN, 2005). A área de entrada da loja é considerada como zona de transição, onde o cliente espera se situar quanto ao estilo da loja, temperatura, pois ainda vai entrar em contato com as mercadorias. O importante é utilizar de displays e expositores que guiem o consumidor até o fundo da loja, informando através de produtos os locais mais atrativos, zonas de impacto ou pontos focais (BERNARDINO, 2008). Os ambientes são trabalhados propositalmente, de acordo com as necessidades dos consumidores, levando em conta a forma, o tamanho e a relação espacial entre eles, pois muitas vezes facilitam a agilidade e a locomoção no espaço (BITNER, 1992). A eficiência de um layout é adquirida quando se consegue o equilíbrio entre os propósitos de: impulsionar os clientes a se movimentar entre os espaços da loja para se compre além do esperado; e valorizar cada espaço criado para gerar um ambiente simpático e acolhedor para compra (BLESSA, 2007). As lojas mais sofisticadas procuram criar uma atmosfera de exclusividade e requinte com equipamentos, prateleiras, balcões, displays mais sofisticados e elaborados. A disposição dos caixas em local mais privativo traz conforto e privacidade. A temperatura tem o poder de atrair e reter o cliente. Os provadores dispõem de um espaço maior com conforto e bem equipados (PARENTE, 2003). O layout das instalações tem efeito sobre a satisfação dos clientes, desempenho da loja e busca de alternativas pelo consumidor. Dizem respeito à disposição dos móveis, bem como tamanho e formas em suas relações espaciais para facilitar o atendimento dos objetivos dos clientes e funcionários (ZEITHAL; BITNER, 2003). O objetivo do layout é dar soluções para facilitar o fluxo do cliente e criar uma atmosfera que tenha aspectos de funcionalidade ligada à estética. O consumidor aprecia quando o seu processo de compra se transforma em uma experiência confortável e estimulante. O layout tem como objetivo maximizar a satisfação do cliente e estimular as vendas (PARENTE, 2000). Sinais, Símbolos e Objetos - Na formação das primeiras impressões os sinais, símbolos e objetos possibilitam expressar conceitos sobre o cenário físico ou social, importantes para qualificar o local, diferenciar um serviço, e comunicar significados simbólicos criando uma impressão estética. Combinados, podem ser estratégicos para comunicar acerca das normas do ambiente aos clientes. “Os significados agregados a símbolos e aos objetos do ambiente são impregnados de cultura” (ZEITHAL; BITNER, 2003, p.244). Os objetos desempenham um papel regulador na vida cotidiana, neles são abolidas muitas neuroses, anuladas muitas tensões e aflições, é isto que lhes dá uma alma, é isso que os torna nossos, mas também isto que faz deles o cenário de uma mitologia tenaz, cenário ideal de um equilíbrio neurótico (BAUDRILLARD, 2006, p.98). Lojas que possuem um apelo ao estilo de vida combinam cores, letras e painéis representativos da marca, reforçando a atmosfera da loja e motivando o consumo. As sinalizações podem transmitir mensagens que realçam os diferenciais e os pontos positivos da loja (PARENTE, 2003). A comunicação visual de uma loja inclui: letreiros indicativos, placas decorativas, banners com fotos de produtos, pôsteres com fotos de pessoas (perfil dos consumidores), efeitos teatrais fixos (decoração de fundo), decorações sazonais (balcões, coelhos de páscoa, papai Noel, namorados), identidade visual da loja etc (BLESSA, 2007, p. 33). Segundo Bitner (1992), os sinais e objetos comunicam o significado do lugar. Podem predizer normas de comportamento, como também a qualidade dos objetos usados na construção que podem ser: objetos pessoais, obras de arte, fotografias em paredes, podendo comunicar um significado simbólico e criando uma impressão estética sobre o local. Segundo Davis (1984), os artefatos possuem aspectos simbólicos que orientam e são interpretados pelas pessoas e dizem muito sobre a empresa e sobre as pessoas que nela trabalham. É nos encontros sociais e nos ambientes que refletem valores da marca que passam a existir trocas significativas entre a equipe de vendas e os consumidores. Estes são considerados como momentos especiais que fidelizam o consumidor à loja. Iluminação - Existem poucos estudos sobre a importância da luz em ambientes de loja, o que sugere um campo de estudo com pouco aprofundamento científico. No entanto estabelece uma relação entre a influência da iluminação e emoção, bem como sua capacidade de aproximar ou afastar o consumidor (CARVALHO; LIMA, 2003). Uma iluminação bem planejada ressalta cores e estimula os clientes, sobressaindo áreas que passariam despercebidas. A luz orienta o olhar, modifica os materiais, conquistando o observador ao tornar um objeto desejável (DEMETRESCO, 2001; KARAZIAN, 2005). O projeto de iluminação de loja é fundamental no processo de vendas, devendo estar de acordo com a política de vendas da marca, tendo influência direta sobre a atmosfera da loja e impressões do consumidor. É importante para criar uma atmosfera de aproximação entre lojista e cliente, pois quanto mais especializada fora loja, menor deve ser a quantidade de luz geral e mais amarelada deve ser a cor da luz para dar aconchego ao ambiente - com luz mais intensa nas áreas de maior circulação e mais concentrada nas mercadorias. As lâmpadas que melhor ressaltam as cores das mercadorias são as incandescentes, as alógenas e as de descarga (GURGEL, 2005). Muitas lojas combinam estilos diferentes de iluminação destacando os produtos com iluminação direta e deixando iluminação indireta para as áreas de maior circulação, podendo afetar o volume de vendas através da intensidade da luz. No entanto, pesquisas mostram que a claridade é mais atraente, além de existirem novas tecnologias que procuram reduzir a quantidade de luz, aumentando a aparência da claridade (PARENTE, 2000). Segundo estudos de Carvalho e Lima (2003), quando a luz é trabalhada nos espaços físicos das lojas como cenários teatrais, torna o produto mais desejável, bem como imprime sedução e emoção, cria um clima e atmosfera favorável que altera o humor e comportamento das pessoas. Em espaços comerciais a luz deve assegurar a fácil movimentação das pessoas através de uma luz geral, favorecer o desempenho das tarefas das pessoas para que seja possível circular entre os objetos e destacá-los através de uma luz diferenciada e focada. Para o desenvolvimento dos estímulos luminosos oferecidos aos consumidores da empresa, deve necessariamente ser observado o estilo da loja, a ambiência pretendida e eventualmente, o tema do cenário, fatores com os quais a luz não poderá chocar-se. Se a luz for intensa demais a ponto de incomodar a vista ou esquentar exageradamente o ambiente, pode-se esperar reações de afastamento (CARVALHO; LIMA, 2003, p. 13-14). Iluminação focada na mercadoria da vitrine dá destaque ao produto e chama a atenção do cliente. Quando bem planejada a iluminação pode indicar classe, privacidade, atendimento personalizado, ou, de forma adversa, pode sugerir auto-serviço, praticidade ou descontração (BLESSA, 2007). Todos os elementos do cenário físico interferem nas interações que acontecem no ambiente de loja e nas relações entre clientes e funcionários. Denominado de cenário social, com elementos que são discutidos no tópico a seguir. 2.6.2 Cenário Social Existem inúmeros fatores que influenciam a impressão do consumidor sobre a qualidade do serviço, como: características de comportamento, conhecimento técnico, aparência e orientação ao consumidor. As pessoas exercem papéis ou atividades individuais, “performances”, que estão voltadas para causar uma impressão positiva diante de uma audiência ( GORVE; FISK, 1989). As performances do ator são planejadas anteriormente, os quais devem atuar com responsabilidade moral, estar atentos para não cometer erros que possam destruir a impressão desejada e ter um conhecimento prévio de como melhor atuar dentro do cenário proposto pelo gestor (MENDONÇA; FACHIN, 2006). O encontro de serviços é o momento da verdade, quando o cliente interage com a empresa tendo os vendedores como representantes que devem satisfazer as suas expectativas. São os vendedores que colhem informações deste contato pessoal, tendo como objetivo tomar decisões estratégicas na medida em que abrem uma linha de comunicação com os gestores para tomar decisões estratégicas e ampliação de serviços ou modificação dos mesmos (BITNER, 1994). Os cenários de serviços sonhados pelos consumidores são aqueles em que as pessoas podem sentir-se no papel do personagem central da história tendo à sua disposição todos os estímulos necessários para manter-se no foco da situação de consumo (CARVALHO; MOTTA, 2002, p. 58). Os indivíduos assumem papéis baseados em suas expectativas e propósitos. Assim, os serviços são produzidos e consumidos simultaneamente, além de sempre serem percebidos de maneira subjetiva. A atuação da equipe de vendas deve estar ciente que é sempre mais dispendioso perder um cliente (ORNEISTEIN, 1989). “Recuperar um ex-cliente insatisfeito pode custar até 25 vezes mais e às vezes muito mais do que isso” (GROONOS,1995, p.256). Aparência e Maneiras - O ambiente de vendas compreende não só aspectos físicos, mas também o pessoal de frente, que representa a equipe de vendedores, envolvendo aspectos da aparência, maneira de se vestir, gestos e expressões faciais, posicionamento e personalidade. A aparência pessoal vai ser um estímulo que informa qual a posição que deve ser ocupada no cenário e a maneira de agir será o estimulo para saber o papel a desempenhar numa determinada situação (GROVE; FISK, 1989; SCHLENKER, 1980). A aparência pessoal e a maneira de se apresentar no cenário devem ser planejadas e representar a organização frente ao cliente. As roupas também seguem a localização geográfica da empresa, pois existe a interferência do clima nas regiões do país. A escolha das roupas, além de comunicar pela forma, cor e estética a personalidade da organização, precisa ser adequada ao corpo dos vendedores, valorizando as características positivas. Para completar o conjunto da imagem profissional cabe lembrar que o cabelo, unhas e maquiagem fazem parte deste processo de apresentação, e quando adequados para a situação valorizam a aparência pessoal como um todo. Na verdade, esses aspectos relacionados são necessários para a organização corresponder às expectativas dos consumidores (COOPER, 2008). A imagem profissional pode ser avaliada a partir de duas perspectivas principais: aparência e comportamento pessoal. Na área da aparência, você precisa desenvolver habilidade de se vestir de modo apropriado e se apresentar de maneira atraente. Na área de comportamento pessoal, é necessário desenvolver as habilidades de comunicação e a sutiliza no uso de maneiras e etiqueta adequadas, como também conhecer a importância do comportamento pessoal apropriado (COOPER, 2008, p. 2). Aspectos da aparência do ator e maneiras (equipe de vendas) são reconhecidos como a fachada da loja e representação coletiva de um todo, que foram estabelecidos para a realização dos papéis a serem desempenhados. Este desempenho apresentado deverá incorporar valores reconhecidos pela sociedade, não se restringindo apenas ao comportamento dos vendedores, mas a um conjunto de impressões gerenciadas para o meio. Os atores passam a ter uma maneira especial de lidar com a platéia, pelos gestos e fala, no que se refere à polidez, bem como, ao seu comportamento, que é notado pelo que é visto e ouvido. A maneira seria a forma utilizada pelo ator para dar sentido ao papel que vai desempenhar na interação. Podendo variar de acordo com o que esperado em situações sociais, ser amigável ou indiferente, autoritário ou submisso. Esses aspectos do cenário estabelecem uma imagem e unidade diante da audiência (GOFFMAM, 1983; SCHLENKER, 1980). A aparência das pessoas é identificada como características naturais que expressam o próprio ator, a exemplo de altura, atitude, vestuário, sexo, idade, expressões faciais e gestos. “A aparência vai revelar o status social do ator” e a “maneira serão os estímulos que funcionam no momento para nos informar sobre o papel de interação que o ator espera desempenhar na situação que se aproxima” (GOFFMAN, 1983, p.31). Aspectos da aparência física exercem impacto sobre a imagem da empresa na mente dos consumidores, uma vez que a vendedores mais bem vestidos agregam-se valores de trabalhadores mais inteligentes e melhores, além de mais agradáveis para interações. A evidência do uniforme facilita a socialização dos funcionários no sentido de aceitarem os objetivos da empresa, e afeta percepções que o consumidor tem da qualidade do serviço prestado. O uso de uniformes ajuda a identificar a equipe da empresa, apresenta um símbolo físico que personifica os ideais e atributos do grupo, implica uma estrutura de um grupo coerente, facilita percepção do desempenho, fornece um símbolo tangível de mudanças no status do funcionário (BATESON; HOFFMAN, 2003, p.162). Lurie (1997) reconhece o uniforme como um traje que foi determinado por outra pessoa. Vestir um destes trajes é deixar de lado a individualidade pessoal, e de certa forma o seu discurso ou maneira de agir foi preparado anteriormente para ter uma resposta desejada. No entanto, em determinadas situações, o uniforme pode possibilitar a representação do papel e desta forma facilitar a transição. Na maioria das vezes o uniforme é consciente e simbólico, pois se identifica aquele que o veste como integrante de um grupo ou expressa uma hierarquia. Ao usar o uniforme as pessoas parecem abandonar o direito a livre expressão por meio das roupas; é obrigado a repetir o que foi imposto por outra pessoa (LURIE, 1997). O marketing de relacionamento considera que os clientes precisam de uma atenção concentrada e contínua. Importando para o relacionamento entre vendedor e cliente, compreender o cliente e solucionar problemas construindo relacionamentos em longo prazo. O bom vendedor preocupa-se com o cliente, buscando estabelecer uma freqüência no relacionamento, e interessa-se por eles como pessoas. “A força de venda deve trabalhar em conjunto com toda a empresa para ajudar a desenvolver relacionamentos lucrativos de longo prazo com clientes-chave, oferecendo-lhes maior valor de satisfação” (KOTLER ;ARMSTRONG, 2000, p. 279). Competências de vendas - A impressão causada pela equipe de vendas é um diferencial e para livrar-se da concorrência a marca deve receber o cliente causando impacto pelo cenário e atendimento diferenciado, tornando-se reconhecida pelas novidades e causando uma primeira impressão positiva ao consumidor. Construindo a imagem visual da marca na mente do consumidor (KARAZIAN, 2005). Em estudos sobre a importância da emoção nos cenários de serviços desperta-se a atenção para o fato de que o estado emocional das pessoas pode ser alterado de acordo com o atendimento nos encontros de serviços. Ou seja, a experiência positiva ou não vai afetar emocionalmente o consumidor (MATTILLA; ENZ, 2002). Para que o vendedor atenda bem o cliente é de suma importância explorar de forma objetiva as competências essenciais e assim ampliar vantagens competitivas sobre os concorrentes. Sendo assim, esclarece a diferença entre características e competências, afirmando que “uma característica não é uma competência, a menos que possa predizer algum comportamento significativo nas atividades profissionais” (NICOLAU, 2003, p.316). Segundo MELLO et al (2006), competências podem ser definidas como características que englobam traços de personalidade, habilidades, conhecimento, influenciados pela experiência, capacitação, educação, história familiar e aspectos demográficos peculiares à pessoa. As competências são categorizadas em seis áreas distintas de comportamento: a competência de oportunidade, de relacionamento, conceituais, administrativas, estratégicas e de comprometimento. Em estudo sobre competências de vendas, aplicado em lojas de moda de classe alta, verificou-se que estas se dividem em quatro dimensões: competências de relacionamento; competências conceituais; competências estratégicas; competências administrativas. A pesquisa concluiu que o cliente de classe alta compra em poucas lojas e procura um atendimento diferenciado, procura uma relação de confiança, a partir de uma identificação pessoal entre ele e o vendedor que conhece o seu estilo, gosto e desejo. Esta clientela exige ser tratada com a sofisticação própria do seu padrão de vida, dos ambientes refinados que freqüenta. Sendo assim, a melhor maneira de ganhar uma venda é ganhando primeiro o cliente, e para tal o vendedor deve ter sensibilidade para conhecer o perfil de cada consumidor. Dentre as competências do vendedor destacaram-se nas entrevistas: ter vocação para a venda; ter talento e abraçar sua profissão com comprometimento, independente do seu nível de instrução; ser polido, tendo a educação como ponto fundamental; estar atualizado, isto é, saber dos acontecimentos e notícias do mundo – o que não implica necessariamente em ‟viver no mundo do cliente„, mas saber do que ele gosta e o meio que ele freqüenta para criar identificação e empatia pessoal; atuar no processo de vendas como sendo um consultor de moda, passando ao cliente o que se deve usar em determinadas situações, de acordo com as tendências de moda e de forma coerente com o gosto pessoal do cliente (PENNA; LEÃO, 2008). A seguir apresenta-se um aprofundamento sobre aspectos sensoriais que completam o ambiente da loja e a montagem do cenário. A utilização de apelos sensoriais é importante e deve ser explorado, como: visão, audição, olfato, paladar e tato (RATTO, 2004). 2.6.3 Cenários de Experiências Sensoriais Para trabalhar a comunicação envolvendo os cinco sentidos e causar emoção ao cliente, o marketing utiliza estratégias direcionadas para despertar o interesse das pessoas. As cores, sons, aromas e energias colaboram para criar trocas de sensações, muitas vezes imperceptíveis, mas que interferem na decisão de compra (BERRO, 2008). A maneira pela qual um indivíduo apresenta emoções nos cenários de serviços tem um forte impacto sobre a qualidade do serviço prestado. Estas emoções não podem ser vistas de forma isolada, mas como um processo social de troca. O papel da emoção passa a ter um valor central na experiência de consumo, ou seja, uma emoção positiva conduz a avaliações positivas e satisfação do consumidor. A experiência emocional ocorre quando se utiliza os serviços como num palco, e as mercadorias como adereços para envolver os indivíduos (MATILLA; ENZ, 2002). Na medida em que os cinco sentidos podem se desenvolver nas organizações, o progresso do desenvolvimento de produtos e uma maior interação com o consumidor representam uma força poética que reflete uma poderosa vantagem competitiva. “O mundo do varejo está se transformando à medida que o potencial dos sentidos é percebido” (ROBERTS, 2004, p.121). Bitner (1992) apresenta no trecho a seguir aspectos que interferem na satisfação do consumidor e seu tempo no ambiente de serviços, onde ambientes que trazem prazer são aqueles em que os consumidores querem gastar tempo e dinheiro. A percepção do espaço de serviços pode afetar as pessoas de diferentes maneiras fisiológicas. O ruído muito alto pode causar desconforto físico, a qualidade do ar pode levar as pessoas a tremer ou suar, pode também tornar difícil a respiração, os reflexos da iluminação pode diminuir a capacidade de ver e causar dor física. Todas estas respostas físicas podem influenciar diretamente as pessoas a desfrutar de uma estadia em um ambiente específico (BITNER, 1992, p.64). Visão – É a visão que determina o produto a ser levado e guia a escolha do consumidor. Diante dos cinco sentidos humanos que possibilitam a percepção das pessoas a visão representa 83%; o paladar, 1%; o tato, 1,5%; o olfato, 3,5%; audição, 11% (BLESSA, 2007). Dar vida ao belo consiste em criar uma série de oportunidades a serem exploradas, com as variáveis emocionais contribuindo para uma gama de experiências e maior gasto de tempo no interior da loja, levando a consumir mais, beneficiando empresa e consumidor (VARGAS, 2001). As comunicações visuais ajudam a impulsionar a venda, dando personalidade à loja através de efeitos especiais, e coordenam outros elementos em busca da beleza na decoração e escolha de elementos para causar emoção à imagem da loja. As cores devem ser aplicadas dentro de critérios objetivos, pois causam efeitos psicológicos, comunicando a identidade da loja (KARAZIAN, 2005; LEVY; WEITZ, 1997). Segundo Parente (2000), as cores desempenham papel importante no ambiente da loja; elas têm o poder de causar impacto emotivo, pois em determinadas situações expressam sentimentos, devendo ser usadas com habilidade para motivar a compra. As cores possuem características psicológicas que atraem públicos variados. Cores primárias têm o poder de atrair crianças (vermelho, azul, amarelo e verde); cores fortes e quentes são as que fazem a cabeça dos adolescentes; cores radicais e vivas refletem o cotidiano de esportistas; mulheres que adoram lingerie procuram tons pastéis; cores apagadas geram sobriedade aos executivos (cinza, azul-marinho). “Cores também podem definir departamentos, acompanhar ou contrastar com a cor da estação, equilíbrio e realce de elementos de exposição com elementos decorativos” (BLESSA, 2007, p. 33). O conhecimento da cor abre uma dimensão nova em nossa consciência. Dizemos que uma vida sem emoção é incolor” (HOWARD; SUN, 1992, p.23). Segundo Lurie (1997), as cores têm sua importância no ambiente e no layout de exposição de mercadorias na medida em que cada uma tem sua influência psicológica. “Cores berrantes e discordantes, assim como ruídos ou vozes altas, podem realmente ferir nossos olhos ou provocar dor de cabeça; cores suaves e harmoniosas, assim como a música e vozes suaves, nos fazem vibrar ou nos aclamar” (LURIE, 1997, p.195). Audição - Segundo Carvalho et al (2001) poucas empresas investem em pesquisa para adequar a musica ao comportamento do consumidor. Em seus estudos verificou que a música era notada quando incomodava o cliente ou criava uma atmosfera positiva, no entanto verificou-se que a música quando mal direcionada pode afastar mais que aproximar as pessoas. Ambientes silenciosos reprimem o cliente na medida em que uma palavra pronunciada será ouvida pela loja inteira, podendo ser motivo para se retirar. O reforço da música da imagem da loja acontece quando a música colabora para criar uma atmosfera e experiência agradável na mente do consumidor. A escolha deve acompanhar gosto e valores culturais do cliente (KARAZIAN, 2005). Como elemento de fácil manuseio a música pode ser alterada para estimular o comportamento do consumidor em horários variados, ou para acompanhar públicos variados em horários variados, possibilitando um controle do ritmo e circulação das pessoas. “Músicas mais leves e lentas predispõem ao cliente esquecer a hora, comprando mais (BLESSA, 2007, p.34). A música traz recordações de momentos especiais quando a melodia nos envolve, influenciando o humor e trazendo fortes emoções. “Ouvir e falar são instrumentos que criam conexões emocionais profundas com qualquer um” (ROBERTS, 2004, p.118). Os locais envolvidos por música buscam, na adequação de ritmos, proporcionarem um local de compra que reflita os valores da marca. São analisados horários de pico demográfico ou de pouco movimento na busca de uma experiência positiva da marca. “Lojas de moda direcionadas para segmentos com certos estilos de vida procuram reforçar a característica da atmosfera com músicas de preferência de seus segmentos” (PARENTE, 2000, p.298). O tempo passa despercebido quando há música, fazendo esquecer até a existência de filas. Os compradores reagem ao ritmo mais lento ou agitado, impulsionados a comprar mais, principalmente quando existe combinação de música com o produto (ZEITHAL; BITNER, 2003). Olfato - Estudos indicam que o aroma possui efeitos sobre as reações dos consumidores, podendo ser usado para reduzir percepções, aumentar o tempo despendido na loja, atrair pessoas, e melhorar as avaliações sobre a loja. Pesquisas indicam que consumidores são motivados positivamente e influenciados pelo aroma da loja, trazendo informações adicionais sobre o ambiente, produto e loja (ZEITHAL; BITNER, 2003; PARENTE, 2000). A utilização de aromas em lojas funciona com o objetivo de fazer com que o cliente lembre-se da loja sempre que sentir o cheiro. Devendo o lojista ser cauteloso e ter sensibilidade na escolha para criar uma atmosfera favorável, condizente com marca e consumidor (KARAZIAN, 2005). O olfato fica armazenado na memória distante, dessa forma cada um tem um cheiro próprio, que o distingue como uma impressão digital (ROBERTS, 2004). O Olfato é considerado por Blessa (2007) como o sentido que mais fomenta emoção. Pois o perfume ou cheiro define a personalidade do ambiente, “causando desejos e sentimentos como fome, saudade, desagrado e até felicidade” (BLESSA, 2007, p.35). Paladar - As degustações realizadas no interior de estabelecimentos de varejo tornam a experiência de compra mais divertida e prazerosa, estimulam as vendas, além de aumentar a satisfação do consumidor (PARENTE,2000). Ao experimentar uma bebida o consumidor aguça o paladar, causando fome e prazer (COBRA, 2007). O paladar é profundamente subjetivo e mais difícil de ser medido, com elementos de um sabor cheio de pequenas peculiaridades (ROBERTS, 2004). Tato - O processo de pegar ou tatear, sentindo a textura e flexibilidade do produto, traz a sensação de prazer e gratificação do consumidor, gerando um prazer antecipado à posse do produto, considerada etapa importante para a decisão de compra do produto (PARENTE, 2000). As empresas começam a perceber que o toque é fonte de valiosas sensações que não podem ser medidas em números concretos (ROBERTS, 2004). Diante do que foi exposto na fundamentação teórica apresentada, pode-se dizer que no processo de gerenciamento de impressão as marcas procuram se destacar das demais e passam a oferecer ao consumidor algo além do produto, reforçando sua imagem e identidade. A personalidade da marca é transferida para o cliente pelas associações feitas através do ambiente da loja e produto. Sendo assim, tudo que faz parte do ambiente de consumo, cenário físico, social e de experiências sensoriais, deve ser gerenciado com um único objetivo: formar uma impressão positiva da marca na mente do consumidor. Este processo cognitivo de decodificação da informação está ligado à psicologia social, leva as pessoas a organizarem a informação, resgatando da memória avaliações anteriores, a fim de serem julgadas diante do contexto de interações sociais. Algumas perguntas ficam sem respostas quando poucos dados existem sobre a formação de impressão do consumidor de moda. Cabe nesta pesquisa analisar aspectos relevantes para o consumidor de loja de moda de classe alta para que dessa forma gestores de marcas de moda possam obter vantagem competitiva e ter um posicionamento específico para o varejo de moda. Após o aprofundamento teórico e para fazer uma relação explicativa e introduzir o próximo capítulo segue o modelo teórico criado pelo pesquisador para facilitar o entendimento do leitor. Figura 4: Modelo explicativo da pesquisa Fonte: Pesquisadora 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A Pesquisa científica, além de baseada nos conhecimentos desenvolvidos sobre o tema de interesse, deve ser conduzida por método de pesquisa coerente, que possibilite estudar o fenômeno e atingir os objetivos propostos (LUDWING, 2009). O método foi selecionado diante do objeto a ser investigado e do que se pretende descobrir a respeito do mesmo. Pode ser definido como um guia de procedimentos adotado diante de um determinado problema, tendo como objetivo a resolução do problema (GIL, 1994). “Caminho ou maneira para se chegar a um determinado objetivo” (RICHARDSON, 2008, p.22). Para compreender de forma técnica o ambiente físico das lojas a pesquisadora fez curso de Design de interiores durante o período do mestrado, o que veio dar credibilidade e segurança às análises desse estudo. Assim, a partir do problema de pesquisa e dos conhecimentos teóricos e empíricos sintetizados de forma preliminar anteriormente, é possível elaborar o seguinte procedimento metodológico que permitiu a análise do problema proposto. 3.1 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA Com base no referencial teórico empírico apresentado na problemática de estudo, o mesmo foi analisado diante da seguinte questão: “Quais os fatores simbólicos e funcionais do ambiente de loja de moda, relacionados ao cenário físico, cenário social e cenário de experiências sensoriais, que contribuem para formação de impressão do consumidor de classe alta?” As questões norteadoras são subjacentes ao problema em exame e, por conseguinte, orientam o estudo. Quanto ao Cenário Físico: 1 Quais os fatores importantes na vitrina de loja de moda para a formação de impressão do consumidor? 2 Quais os fatores importantes na exposição do produto de loja de moda para a formação de impressão do consumidor? 3 Quais os fatores importantes no layout de loja de moda para a formação de impressão do consumidor? 4 Quais os fatores importantes em relação aos sinais, símbolos e objetos utilizados na loja de moda para a formação de impressão do consumidor? 5 Quais os fatores importantes na iluminação de loja de moda para a formação de impressão do consumidor? Quanto ao Cenário Social: 6 Quais os fatores importantes em relação às maneiras dos vendedores de loja de moda para a formação de impressão do consumidor? 7 Quais os fatores importantes em relação à aparência dos vendedores de loja de moda para a formação de impressão do consumidor? 8 Quais os fatores importantes em relação à competência dos vendedores de loja de moda para a formação de impressão do consumidor? Quanto aos Cenários de Experiências Sensoriais: 9 Quais os fatores importantes para formação de impressão do consumidor sob estímulo da visão? 10 Quais os fatores importantes para formação de impressão do consumidor sob estímulo do paladar? 11 Quais os fatores importantes para formação de impressão do consumidor sob estímulo do olfato? 12 Quais os fatores importantes para formação de impressão do consumidor sob estímulo do tato? 13 Quais os fatores importantes para formação de impressão do consumidor sob estímulo sonoro? 3.2 APRESENTAÇÃO DAS CATEGORIAS ANALÍTICAS As categorias analíticas da pesquisa foram definidas através dos fundamentos teóricos referentes ao problema em estudo. Em segundo plano serão revisadas de acordo com os dados, comparando a teoria com a prática. Formação de Impressão - Processo cognitivo de organizar a informação disponível acerca de algo ou pessoa para poder classificar em uma categoria significativa (CAETANO, 2006). Atmosfera de Loja- Usado por autores de marketing quando se referem ao design de um ambiente por meio de comunicações visuais, iluminação, cores, música e aromas para estimular as respostas de percepção emocionais do cliente, e, ao final, afetar seu comportamento de compra (PARENTE, 2000). Cenário físico – Envolve o conjunto de elementos que se distribuem no espaço físico do ambiente de vendas, os móveis, layout do espaço, a exposição dos produtos, vitrinas, sinais, símbolos e objetos (BITNER, 1992; PARENTE, 2000; LEVY; WEITZ, 2000; BLESSA, 2007). Cenário social – Se refere à interação entre clientes com clientes e com os funcionários (BITNER, 1992). Cenário sensorial – Se refere às condições do ambiente, que estimulam os órgãos dos sentidos: visão, olfato, tato, paladar, audição (PARENTE, 2000). Outros conceitos relevantes para este estudo: Símbolo - São significados diferentes atribuídos por cada pessoa de acordo com conceitos elaborados de forma particular. Para um objeto funcionar como símbolo é necessário que este compartilhe da realidade dos seus compradores (MIRANDA, 2001). Moda – É fenômeno social que faz parte da vida das pessoas e da história da sociedade moderna; estimula o consumo dentro de um processo de comunicação e transferência de significados que leva as pessoas a comprar. As pessoas buscam ‟ser„ por meio da moda pela possibilidade de se diferenciar, e se integram na medida em que compartilham dos mesmos significados no grupo social, ressaltando o prazer de ver a si mesmo e o prazer de ser visto pelos outros (SIMMEL, 1957; SOLOMON; RABOLOT, 2004; LIPOVETSKY, 2007). Marca - É um conjunto de associações simbólicas atribuídas a uma determinada empresa ou produto, que tem como ponto focal comunicar a identidade e ser reconhecida pelos seus consumidores (AAKER, 2007). 3.3 DELINEAMENTO DA PESQUISA Pertence ao delineamento dessa pesquisa o planejamento do estudo, ou seja, a definição de todos os métodos de coleta que foram utilizados em todas as etapas do trabalho de campo. Porém, para cumprir as etapas foi necessário identificar, antes de qualquer coisa, a natureza da pesquisa e o objeto de estudo para se atingir os objetivos. Apresenta-se a seguir a seqüência metodológica que explica as fases realizadas neste estudo. Figura 5: Desenho metodológico da pesquisa Fonte: Pesquisadora 3.3.1 Natureza da Pesquisa Este estudo se propôs a avaliar a aplicação das teorias com uma pesquisa de natureza descritiva, que tem a intenção de ir além das relações existentes, para descrever a natureza da relação (GIL, 1994; RICHARDSON, 2008). Teve o propósito de alcançar um aprofundamento de conhecimentos que dê origem a novas conjecturas, bem como à condução de novas pesquisas (TRIVIÑOS, 2008). Correspondeu a um estudo qualitativo que investiga questões subjetivas, compreendendo e interpretando as relações do indivíduo com o meio, mantendo-se distante de modelos estatísticos para explicar os dados. Partiu de um pressuposto de que o importante não é calcular ou contar pontos de vista diferentes, mas explorar o assunto em questão para ter segurança da compreensão dos resultados (BAUER; GASKELL, 2000; MARTINS, 2000). Esta pesquisa de campo se refere a um estudo de comparativo de dois casos, ou seja, foram analisadas duas lojas de Moda, que apresentavam situações semelhantes e contrastantes, tendo como objetivo obter replicações ou revelações inéditas que solucionassem o problema em questão (YIN, 2005). “Ter dois casos à disposição pode começar a mitigar a crítica ao ceticismo” (YIN, 2005, p. 76). Na aplicação da teoria de estudo de caso o pesquisador utilizou de um conjunto de técnicas de coletas de dados bem como estratégias de análise de dados. Dentro deste pressuposto no estudo de caso existem muitas situações de interesse, pois se utilizam de várias fontes de evidências que irão convergir em um formato de triângulo, tornando-se, assim, uma estratégia de pesquisa abrangente (YIN, 2005). O estudo de caso, independente de qualquer tipologia, orientará a busca de explicações e interpretações convincentes para situações que envolvam fenômenos sociais complexos, e a construção de uma teoria explicativa do caso que possibilite condições para fazerem inferências analíticas sobre proposições constatadas e outros conhecimentos encontrados (MARTINS, 2008, p.12). A perspectiva deste trabalho é transversal, na medida em que os dados serão coletados para a investigação das relações das categorias, que se dá em um determinado momento a partir da população selecionada (RICHARDSON, 2008). Neste estudo a população corresponde aos consumidores das lojas moda de classe alta selecionadas conforme os objetivos do estudo. 3.4 COLETA DE DADOS O estudo de caso traz consigo uma estratégia de pesquisa abrangente, que possibilita ao pesquisador usar vários métodos de coleta de dados. O propósito é obter informações de várias fontes de evidências para se concentrar na convergência de resultados, chamada de triangulação de dados (MARTINS, 2008). Segundo Godoi et al (2007), as pessoas, as situações e as regras de interação serão determinantes no encontro das interações humanas. E dessa forma o pesquisador sofre a influência do tema e do contexto espacial, temporal e social no qual a pesquisa está inserida. Na condução da coleta de dados de um estudo de caso o pesquisador não é apenas um registrador de informações, como acontece em trabalhos de campo de outras estratégias de pesquisa (...) o pesquisador precisa ser um detetive, capaz de compreender e interpretar as informações que estão sendo coletadas e imediatamente, avaliar se há contradições ou convergências, bem como necessidade de evidências adicionais (MARTINS, 2008, p.73). Para garantir a qualidade da pesquisa foram escolhidos alguns procedimentos metodológicos ou combinação de técnicas de coleta de dados, visto que no estudo de caso é de total importância utilizar fontes variadas de evidências sobre o mesmo fenômeno, buscando pontos convergentes nas observações e triangulação de dados. Portanto nesse estudo de dois casos, o objetivo foi manter uma vantagem estratégica pela utilização de várias fontes (YIN, 2005). Foram utilizadas nesta pesquisa as seguintes técnicas de coleta de dados. Observação direta não participante -Possibilita o contato do pesquisador com o seu objeto de estudo, relatando informações, registrando fatos e situações importantes para a análise do estudo. Exige a utilização de um protocolo de observação e diário de campo. Para uma melhor observação do ambiente de loja a pesquisadora tirou algumas fotos capturando imagens importantes para o estudo. Entrevista em profundidade (semi-estruturada) - Possibilita ao pesquisador compreender os significados atribuídos pelo cliente de classe alta sobre questões que não foram analisadas anteriormente, para entender o sentimento do cliente sobre contexto do estudo. Foi utilizado do mesmo roteiro para entrevista pessoal e entrevista telefônica. A entrevista seguiu um roteiro de perguntas (ver apêndice). - Foram entrevistados pessoalmente: 10 consumidores da loja D‟Rua (2 homens e 8 mulheres) e 8 consumidores (7 mulheres e 1 homem) da loja D‟Shopping. As entrevistas tiveram a duração de 25 a 45 min. - Foram entrevistadas por telefone: 8 pessoas da loja D‟Rua (3 homens e 5 mulheres) e 6 pessoas da loja D‟Shopping (4 homens e 2 mulheres) . As entrevistas tiveram duração de 15 a 45 minutos. 3.4.1 Ambiente de Coleta de Dados Alguns critérios de diferenciação foram estabelecidos para a escolha das lojas. Ambas atendem ao púbico de classe alta, porém com identidades diferentes. Uma delas se localiza no shopping e é uma franquia com lojas em todo o Brasil; a outra é loja de rua, vendendo multimarcas, reconhecidas nacional e internacionalmente. A escolha das duas lojas para ser o objeto de estudo desta pesquisa foi determinante para definir o local de aplicação da técnica de observação não participante. Por conseguinte, esta decisão levou necessariamente aos sujeitos da pesquisa a serem entrevistados e observados, ou seja, os consumidores das duas lojas. A loja de moda, em seus aspectos físicos, sociais e sensoriais, foi investigada como local das interações sociais, interessando para o pesquisador analisar o processo de decodificação dos consumidores. Para Richardson (2008) o pesquisador deve estar atento ao local de escolha da pesquisa, bem como com a familiaridade com os membros do grupo, pois estes são aspectos fundamentais da pesquisa qualitativa. As lojas de moda foram selecionadas na cidade do Recife, obedecendo à característica de atender o cliente de classe alta e comercializar produtos de marcas de luxo reconhecidos nacional e ou internacionalmente. O pesquisador entrou em contato com as duas lojas de moda, justificando a importância do campo para aplicação do estudo, além de dar garantias por escrito de que os dados seriam usados apenas no meio acadêmico e que nenhum nome real das pessoas envolvidas nos dois casos seriam identificados. Assim ficou determinado utilizar nomes fictícios para as duas lojas, para resguardar a marca a pedido dos gestores das marcas. Com esta questão resolvida, aguardou-se a autorização para ter acesso ao campo, que foi liberado após vários contatos e esclarecimentos sobre a pesquisa. 3.4.2 Sujeitos da pesquisa Para o presente estudo os sujeitos da pesquisa são consumidores de moda de classe alta, que correspondem em porcentagem: Classe A (6% da população) e B (23% da população), segundo critérios de classificação econômica Brasil (PINHEIRO et al 2006). Para ter acesso aos sujeitos da pesquisa, que são os consumidores de classe alta, foram escolhidas duas lojas de moda que atendem ao público masculino e feminino, e que vendem produtos de luxo, na cidade do Recife (Loja D‟Rua e D‟Shopping), porém com identidades e estilo diferenciados. A loja D‟Rua está localizada em bairro nobre da cidade onde mora o cliente de classe alta. Passa uma imagem de loja clássica e moderna, com arquitetura imponente e contemporânea. Já a loja D‟Shopping está localizada no maior shopping da cidade, loja da própria marca, reconhecida nacionalmente. Tem uma personalidade elegante, sendo reconhecida pelo estilo descontraído de viver a vida. Estas particularidades são visíveis tanto em sua arquitetura como no produto. Cada loja de moda foi considerada como um caso analisado individualmente e depois comparativamente. Ambas vendem produtos atuais e de marcas de luxo reconhecidas nacional e internacionalmente. Cabe neste momento explicar sobre o perfil dos entrevistados desta pesquisa. Vale salientar que o cliente de classe alta consome um produto reconhecido por suas características simbólicas e funcionais como de luxo. Segundo D‟Angelo (2004), o produto é considerado de luxo quando é reconhecido mundialmente como sinônimo de excelência e sofisticação, além de preço elevado, incluindo cinco características: qualidade superior, distribuição seletiva ou exclusiva, preço elevado, valor estético, adquiridos por um consumidor especial, e de marca reconhecida. No entanto, marca e preço determinam se o produto é de luxo ou não. 3.4.3 Forma de coleta de dados Em um primeiro momento o pesquisador utilizou a técnica de observar o espaço físico das duas lojas (D‟Rua e D‟Shopping) e interações que aconteceram nas lojas. A observação é um dos procedimentos importantes em estudos de caso, pois “tudo tem início com atentas observações sobre o caso que se pretende investigar” (MARTINS, 2008, p.24). “Na observação direta o observador está fisicamente presente e monitora pessoalmente o que ocorre” (COOPER; SCHINDLER, 2003, p.203). Além do que se vê na observação é preciso observar o que de fato é importante para o estudo, o que se chama de aspecto de validade. A confiabilidade é outro aspecto, visto que o que se observa é constatado por repetidas observações do mesmo fato que vão oferecer resultados parecidos. O pesquisador enquanto observa deve ser imparcial, tendo cuidado para não transmitir suas opiniões e julgamentos (MARTINS, 2008). A pesquisadora fotografou pontos importantes para a pesquisa, nas duas lojas de moda ( D‟Rua e D‟Shopping), sem a presença dos consumidores e equipe de vendas. As fotografias tornam-se um instrumento que aumenta as chances de análise dos fenômenos observados, capaz de revelar aspectos físicos importantes dos dados, oferecendo um registro concreto dos materiais utilizados (BAUER; GASKELL, 2000; BANKS, 2009). Em um segundo momento foi usado a técnica de entrevista em profundidade, com entrevista semi-estruturada, como outra técnica de coleta de dados a ser utilizada nesta pesquisa. Está baseada em questões específicas a serem tratadas, mas sem haver a necessidade de uma ordem rigorosa de perguntas (LUDWING, 2009). A entrevista em profundidade procura obter do entrevistado o que é considerado relevante para o estudo, com o intuito de saber como e por que ocorrem determinadas situações (RICHARDSON, 2008). Permitiu apreender informações subjetivas, opiniões e significados acerca de questões que não foram analisadas anteriormente em um diálogo informal, no qual respostas dão origem a novas perguntas e aprofundamentos. Por meio de um roteiro de perguntas o pesquisador obteve um suporte teórico, abordando questões específicas para o estudo; possibilitou ao mesmo ordenar e formular as perguntas com flexibilidade durante a entrevista (MARTINS, 2008). As perguntas são o resultado do aprofundamento da teoria e de informações que envolvem o caso de estudo, e a saturação teórica aconteceu quando não se encontraram dados novos nas respostas dos entrevistados que possam contribuir para a pesquisa (GODOI, 2007; TRIVIÑOS, 2008). Para registrar as informações, a entrevista foi gravada, bem como pontos importantes como gestos e expressões anotados, para que estes dados não fossem esquecidos ou passassem despercebidos. Possibilitando que o pesquisador volte aos dados quando necessário (MARTINS, 2008; LUDWING, 2009). Iniciou-se o processo de coleta de dados por meio de entrevista em profundidade pela loja D‟Rua, de forma que as entrevistas foram marcadas inicialmente na própria loja (no restaurante da loja), em contato direto entre o pesquisador-cliente ou por intermédio do vendedor. Além desta forma de abordagem, os clientes indicavam outros amigos e as entrevistas foram marcadas por telefone de acordo com a disponibilidade. Já para entrevistar os clientes da loja D‟Shopping, o pesquisador entrou em contato por telefone com os clientes da loja, adotando a técnica de „bola de neve‟, pela qual um consumidor indicou outro amigo e assim sucessivamente, até se chegar à saturação teórica da informação, quando os conteúdos começam a se repetir, sem alcançar novas informações relevantes (GIL, 2002; MARTINS, 2008). No entanto houve todo um cuidado da pesquisadora em confirmar com a gerente das lojas e vendedoras se as clientes eram realmente assíduas, ou seja, se compravam com freqüência. As perguntas (ver anexo) são o resultado do aprofundamento da teoria e de informações que envolvem o caso de estudo. A saturação teórica aconteceu quando não se encontraram dados novos nas respostas dos entrevistados que possam contribuir para a pesquisa (GODOI, 2007). Segundo Godoi (2007), dentro da pesquisa qualitativa o investigador está impedido de determinar previamente o número de entrevistas necessárias. Faz-se necessário acrescentar, ainda, o pensamento de Bauer e Gaskell (2002): um ponto importante é que permanecendo quando não surgem dados novos e significativos, é sinal de que mais entrevistas não melhoram necessariamente a qualidade do estudo (BAUER; GASKELL, 2002). Dentro de peculiaridades do campo, como falta de disponibilidade de tempo e de empatia com a entrevistadora, e para não perder a oportunidade de coletar outros dados importantes, o pesquisador resolveu adotar a técnica de entrevista por telefone. Segundo Cooper e Schindler (2003), o telefone foi usado inicialmente para marcar entrevistas. Porém passou a ser utilizado em pesquisas de uma amplitude maior com o apoio de novas tecnologias como a gravação em computadores e outros meios. No entanto para colher um conteúdo significativo, a pesquisadora tem que manter uma comunicação interessante, que prolongue a entrevista e possibilite um melhor aproveitamento das respostas. Loja D’Rua – A entrada no campo se deu por esta loja com a observação e entrevistas, sem limitação de hora ou tempo pré-determinado. A pesquisadora fez um contato inicial com a gerente da loja e deu início ao processo de coleta de dados, observação e entrevista em profundidade. Para descrever a loja D‟Rua, pode-se dizer que é uma loja multimarca e de rua, que passa uma imagem de loja clássica e moderna. Sua arquitetura é considerada por muitos como suntuosa e contemporânea, conferida no design dos objetos de decoração. É considerada uma das lojas de moda mais chic e moderna da cidade, que vende produtos atuais e de marcas de luxo, com produtos nacionais e importados. Conforme campanhas publicitárias, site da marca, aparições em revistas como Vogue, a marca é relacionada à mulher com personalidade sofisticada e moderna. A escolha da loja se deu por esta atender ao pré-requisito de ser reconhecida como loja que vende produtos de luxo, voltados para a classe alta. Desta forma, os sujeitos da pesquisa ou clientes da loja foram observados para saber quais significados atribuem ao decodificar as informações do cenário físico, cenário social e de experiência sensorial. A loja D‟Rua foi aberta ao público há 13 anos, porém, a parte nova, que foi reformada, tem apenas 5 anos. Como loja de rua a sua arquitetura passou a destacar-se dentro da cidade do Recife, reconhecida pelo tamanho e beleza. O estilo da construção é contemporâneo, com materiais nobres como mármore no piso, paredes em tons de preto e branco, e uma parede de destaque na entrada em tom mostarda, os móveis em branco com tampos de vidro, além de cadeiras, mesas e luminárias assinadas por designers. Está localizada na região sul da cidade, com área de 1600 m2, divididos em 3 andares. É considerada a melhor loja de marcas fora do eixo Rio/São Paulo. A loja também conta com um bistrô no mesmo local, onde o cliente pode comprar e se deliciar com pratos bem elaborados por um chefe de cozinha. Atende ao público masculino e feminino, consumidores que buscam uma roupa atual com um toque de novidade, ou seja, uma roupa simples e chic para o dia e peças mais sofisticadas para noite. Vende roupas e acessórios de marcas nacionais tais como: Francisca, Totem, Lenny, Alcaçuz, Alexandre Birman, Andrea Marques, Carina Duek, Cris Barros, Forum, Elisa Atheniense, Daslu Homem, Iodici, Sergio K, Ricardo Almeida, Maria Garcia, Osklen, Maria Garcia, Reinaldo Lourenço, Santa de Roca, Priting, Rafael Falci. E também marcas internacionais: Armani Jeans, Chloé, D&G, Diesel, Fendi, Lacoste, Seven, True Religion, Boss, Ermenegildo Zegna. Essas marcas oferecem produtos que misturam tecidos nobres com estilos variados, porém preservando a qualidade. O cliente da marca procura um produto que está na moda, exclusivo, sofisticado, caro; ou seja, de luxo. A sua equipe de vendas é composta por 3 gerentes no setor feminino, 1 gerente no setor masculino, 8 vendedores (2 homens e 6 mulheres), 2 pessoas na copa, 3 pessoas na limpeza e arrumação da loja, 4 costureiras, 2 motoristas. O processo de observar a loja (D‟Rua) teve a duração de três dias, com variações de horários; manhã, tarde e noite. A pesquisadora elaborou um protocolo de questões importantes (ver apêndice) para serem investigadas no ambiente da loja. O processo de observação e de entrevistas iniciou no final de outubro e seguiu até início de dezembro. Segundo Martins (2008), o protocolo orienta e conduz a pesquisa, e é formado por um conjunto de quesitos que refletem a investigação, de forma que o pesquisador fica atento para se aprofundar em questões realmente importantes para o trabalho. Para manter um primeiro contato com os clientes para entrevista a pesquisadora teve apoio de algumas vendedoras e gerentes. Foram solícitas em falar com o cliente na loja, e apresentar a pesquisadora. No entanto, poucas entrevistas foram feitas na loja. Foi necessário utilizar a técnica de bola de neve, de forma que um cliente indicou um amigo e assim sucessivamente. Para Godoi et al (2007), o efeito bola de neve funciona para abrir espaço ao pesquisador aos sujeitos, por meio da indicação de amigos, parentes e contatos pessoais. Porém, todos os clientes indicados eram confirmados com a gerente, para saber se eram realmente consumidores assíduos da loja. Os informantes-chaves são fundamentais para um estudo desta natureza, pois fornecem ao pesquisador percepções e interpretações de eventos, como podem sugerir fontes alternativas para corroborar evidências: achado básico para o estudo de caso construído com qualidade (MARTINS, 2008, p.27). Vale salientar que apenas o pré-teste do roteiro (ver anexo) da entrevista foi feito no ambiente interno da loja. As entrevistas seguintes foram aplicadas no restaurante da loja (espaço reservado), para que o cliente tivesse mais liberdade de falar e para não haver ruído de som e de pessoas, e outras em local e hora marca pelo cliente. Para segurança da pesquisadora e liberdade para levar a entrevista de forma natural, todas as entrevistas foram gravadas com autorização dos entrevistados, com garantias de preservar seus nomes. Após cada entrevista a entrevistadora fez a transcrição dos dados, garantindo um aproveitamento melhor das próximas entrevistas, com a reavaliação do roteiro de perguntas. Além do roteiro fazem parte da parafernália instrumental do entrevistador as gravações e as transcrições, que pretendem eliminar as imprecisões das anotações de campo e ampliar a possibilidade de acesso público dos resultados, com elevado detalhamento (GODOI, 2007, p.314). Como não foi possível captar todos os clientes na loja, e para dar continuidade à coleta de dados, o pesquisador telefonava para marcar o local e hora desejada, e sempre introduzia a conversa dizendo que o seu amigo o havia indicado. A partir de então houve uma maior aceitação. Porém, por dificuldade de horário e disponibilidade de tempo o próprio cliente sugeriu fazer a entrevista por telefone. A falta de tempo é considera como um fator inibidor, porém existe a própria falta de interesse ou vontade de querer participar das entrevistas, bem como fatores inibidores que poderiam causar uma situação constrangedora no ambiente social (GODOI et al, 2007). Nesta loja (D‟Rua), foram feitas 10 entrevistas em profundidade e 8 entrevistas por telefone. O número de entrevista foi determinado pela saturação teórica das respostas, na medida em que não surgiam fatos adicionais. O tempo de gravação variou entre 25 e 45 minutos nas entrevistas em profundidade. Uma diferença surpreendeu o entrevistador ao realizar a entrevista por telefone, pois verificou que os clientes se sentiam mais à vontade em falar, chegando à duração de 45 minutos. Sturges e Hanrahan (2004), fizeram uma comparação entre os resultados encontrados na entrevista feita pessoalmente e por telefone, identificando que não existe diferenças significativas na qualidade do dado coletado, podendo ser usado continuamente em pesquisas qualitativas. Entretanto, existem alguns pontos positivos na entrevista por telefone, como o anonimato do entrevistado, a não interferência do local de escolha para a entrevista, e também o fácil acesso aos sujeitos da pesquisa. O cliente de classe A tem parece ter dificuldade de marcar uma hora em sua agenda de compromissos, pela falta de tempo e excesso de compromissos, se sentem mais à vontade em fazer as entrevistas por telefone, chegando a prolongar a conversa. A pesquisadora procurou manter uma relação de respeito ao observar a loja, de maneira educada e muitas vezes cerimoniosa. Foram necessárias 5 visitas em horários variados, para observar a interação do cliente no ambiente. Nesta loja, 80% dos clientes marcam hora com o seu vendedor. Ao se apresentar e explicar os objetivos da pesquisa ao entrevistado obteve uma credibilidade e abertura por parte destes em responder as perguntas. Como consumidores assíduos da loja, sabiam que o resultado da pesquisa era importante tanto para o meio acadêmico, bem como para avaliar a gestão da marca. Algumas vezes, no caso de algum ponto negativo, o consumidor procurava se resguardar ao falar, pedindo sigilo: “por favor, isso fica aqui entre nós, pois acho a loja legal e a minha vendedora maravilhosa” ( cliente 2 e 8). No procedimento de entrevistar, a “ameaça do eu” é um fator que inibe o entrevistado, pois tem medo que a informação se espalhe e seja interpretado pelas pessoas de forma negativa (GODOI et al, 2007, p.311). Loja D’Shopping – A loja D‟Shopping difere em alguns aspectos da loja D‟Rua. Está localizada no Shopping Center Recife, é loja da própria marca, ocupando uma área de 305m2. É conhecida nacionalmente por ter produtos de qualidade, atendendo ao público feminino e masculino. A sede da marca fica no Rio de Janeiro, onde toda a produção de roupas e acessórios é distribuída para todo Brasil. Tem uma personalidade de marca elegante, reconhecida por um estilo descontraído de viver a vida. Estas particularidades podem ser vistas tanto em sua arquitetura e decoração como no produto. Passa também uma imagem de marca que valoriza a qualidade do produto e são criteriosos quanto ao conforto, escolhendo tecidos 100% algodão, além de sapatos em couro selvagem e solados reciclados. Em suas campanhas de comunicação existe a preocupação com o planeta e a responsabilidade social. A loja D‟Shopping foi aberta no ano de 1988 e conta com 1 supervisora geral das lojas, 2 gerentes de vendas, 12 vendedores, e 7 apoios ( pessoal da arrumação da loja e limpeza). O critério de escolha da segunda loja para fazer parte deste estudo de caso se deu principalmente por esta loja ter uma identidade de marca diferente da loja D‟Rua, apesar de ser reconhecida como marca que vende produto de luxo, no que se refere a preço, qualidade do produto, além do caráter de originalidade por ser uma marca diferente das demais, com identidade marcante. O estilo da marca5 é identificado pela coerência encontrada entre os objetos, a decoração, a vitrina, a exposição do produto, e por sua construção rústica. De forma que se nota de imediato que a marca está dirigida para um cliente descontraído, de bem com a vida, que procura o bem estar. A imagem da marca pode ser percebida por seu público alvo e propõe um estilo de viver ligado à natureza, a esportes náuticos, como regatas, pescarias, ciclismo. Propõe viver a vida em sua essência, conhecendo lugares inusitados, bem como a cultura dos diversos países. Também atende ao executivo que procura estar vestido com roupas elegantes, feitas com acabamento impecável e tecidos nobres, com lavagens especiais, e que não dispensa o final de semana na casa de praia velejando, passeando de lancha com amigos, ou em viagens como um aventureiro ou andarilho que se realiza em conhecer o mundo e explorar a cultura e a beleza desses lugares. Dentro de uma forma especial de perceber a riqueza do planeta, a marca utiliza matéria- prima reciclada para fabricação do produto, dentro de uma visão de responsabilidade social e ecologicamente correta. Utiliza nos sapatos de solados reciclados; na malharia, fibra de bambu, e puro algodão na maioria dos produtos. Proporciona ao consumidor o resgate de uma experiência significativa ao dispor de forma equilibrada, na ambientação da loja, objetos que trazem recordações especiais, e remetem a uma aventura do passado. A arquitetura da loja pode ser definida como rústica e moderna, usando tijolos aparente na fachada, bem como em algumas paredes internas. Outras paredes são brancas, com pinturas especiais que refletem o estilo da marca. O piso é branco, criando um fundo neutro para dispor produtos e móveis no espaço. Loja com pé direito alto, e iluminação indireta, com pontos focais direcionados para produtos e objetos, transmitindo calma e aconchego ao cliente. 5 As informações adicionais foram retiradas dos sites das lojas estudadas, revistas das marcas e folders promocionais. A equipe de Visual merchandising tem uma forma especial de trabalhar suas vitrinas, com arranjos diferentes, frases conceituais, manequins diferenciados. Reutiliza materiais nunca explorados, a exemplo de uma colcha de crochê feita de sacolas plásticas recicladas, disposta na vitrina. São construções que transmitem uma imagem de viver a vida com bem estar, além de preocupação com o planeta e responsabilidade social. A marca vendia apenas produtos masculinos, mas a mulher sempre esteve presente para comprar para o marido e filho, representando 60% do seu consumidor. Diante disto, a marca reconheceu a importância de criar a moda feminina e o produto acompanhou as mesmas características do masculino. Dirigido para a mulher descontraída, que reconhece peças clássicas pelos tecidos, modelagens e conforto, numa mistura do estilo simples com o elegante. Os acessórios femininos são originais, abusam de originalidade, com trabalhos manuais, nós, cordão, juta, madrepérolas, botões e pedras brutas. Observa-se nas roupas blusas com estampas florais, vestidos de cambraia lavados com pregas, lenços de pescoço, calças e bermudas de alfaiataria em sarja, bolsas grandes em couro selvagem, sandálias em couro selvagem e sapatênis em couro cru. O cliente masculino e feminino procura sentir o toque da roupa pegando e sentido, veste a peça para confirmar o conforto e modelagem. Este cliente de classe alta é exigente em qualidade, acabamento e caimento da peça, procura o conforto e bem estar presente nas roupas da marca. A etapa de observar a loja e aplicar a entrevista teve início em novembro se estendeu até início de dezembro. O contato inicial foi com a supervisora das lojas, que entrou em contato com o marketing no Rio de Janeiro, para que o campo fosse liberado. No entanto, não houve liberação para capturar o cliente no interior da loja. Foi necessário utilizar, como no caso da loja D‟Rua, a técnica de bola de neve, pela qual um amigo indicou outro amigo ou parente, e assim sucessivamente. A observação foi feita em três dias e horários alternados, para notificar situações adversas referentes ao estudo. Já as entrevistas foram 8 em profundidade e 6 entrevistas por telefone. Ressaltando também, como no caso da loja D‟Shopping, a importância da utilização de entrevista por telefone. Apesar de o cliente ter uma personalidade mais descontraída, continua priorizando a privacidade e falta de tempo, fatores favoráveis ao aproveitamento da entrevista por telefone. 3.5 Limitações do estudo Na fase inicial de seleção das duas lojas, a pesquisadora esperou 3 meses, tentando entrar em contato por meio de email e telefonemas com o marketing das duas marcas de moda. As marcas de luxo querem resguardar os seus clientes e informações, apesar deste estudo ter finalidade acadêmica. O cliente em questão é bem reservado, quer ser resguardado em suas respostas e não tem tempo para fazer entrevistas. Apesar de ter sido feita uma seleção por parte das gerentes, muitos clientes não tinham tempo, chegavam a marcar e não conseguiam ir ao encontro. O local da entrevista e horário foi marcado pelo cliente causando o deslocamento da entrevistadora de acordo com a disponibilidade do cliente. A pesquisadora ficou quatro meses a disposição do estudo, aumentando o custo da pesquisa. Foi preciso manter uma relação de respeito e cordialidade com o cliente em questão, pois o cliente poderia se chatear por muito pouco e quebrar a bola de neve que estava sendo feita pela indicação de um amigo que era cliente das duas lojas em questão. Com o nome do amigo indicado para futuras entrevistas houve a preocupação por parte do pesquisador de confirmar com o gerente das duas marcas para saber se era cliente assíduo. 3.6 Recomendações para futuras pesquisas Estudar a formação de impressão no ambiente de loja com marcas que atendem ao público de baixa renda complementando esta pesquisa com questões relacionadas a outro público alvo. Os resultados encontrados podem ser usados para fazer testes empíricos, com perguntas fechadas e especificas de cada ponto importante encontrado. Como sugestão para pesquisas futuras segue a necessidade de explorar os efeitos sinestésicos dos órgãos dos sentidos no ambiente de loja, as emoções causadas, e sua influência no processo de decisão de compra. 4 ANÁLISE DOS DADOS Das respostas e conteúdo das mensagens, foram identificados pela repetição de palavras e temas, e depois de transcritos foram analisados de maneira a formar categorias para compreender melhor o que os entrevistados pensam, buscando significados e capturando os momentos mais importantes e caracterizando a análise de conteúdo (RICHARDSON, 2008). Os dados foram transformados e agrupados em unidades, possibilitando uma representação do conteúdo das mensagens (RICHARDSON, 2008). Das respostas e ensaios teóricos dos entrevistados foram extraídos aspectos relevantes e, em seguida, analisados diante do referencial teórico exposto anteriormente, por meio da técnica de análise de conteúdo (MARTINS, 2008). Na análise de conteúdo decodifica-se o texto em diversos elementos, de forma a formarem grupamentos analógicos, extraindo partes utilizáveis diante do problema pesquisado e comparando com outros textos escolhidos. O objetivo foi descobrir o sentido que o autor quer dar a uma determinada mensagem e extrair seu significado (RICHARDSON, 2003). O texto pode ser recortado em idéias, uma palavra ou frase condensada que “pode ser recortado em idéias, em enunciados e em proposições portadores de significações isoláveis”. Nos conteúdos das mensagens foram encontradas unidades de registros de significação a codificar visando uma categorização, justificando a análise de conteúdo (BARDIN, 2007). Seguidamente compreendeu-se que a característica da análise de conteúdo é a inferência (variáveis inferidas a partir de variáveis de inferência ao nível da mensagem), quer as modalidades de inferência se baseiem ou não em indicadores quantitativos (BARDIN, 2007, p.109). A análise de conteúdo tem a palavra e o contexto em que é utilizado como foco, envolvendo três etapas: Pré-análise, coleta dos dados para futura análise; Descrição analítica, estudo dos dados e escolha de unidades de análise, palavra, tema, ou símbolo, para definir as categorias. É a análise da repetição das categorias que faz emergir os quadros de referências; e a interpretação inferencial, os quadros de referências são analisados e surgem para responder aos objetivos do estudo. “A análise de conteúdo adquire força e valor mediante o apoio de referencial teórico, particularmente para a construção de categorias de análises” (MARTINS, 2008, p.35). 4.1 Observação direta não participante da loja D’Rua Nas tabelas a seguir apresentam-se os dados da observação direta da loja D‟Rua, quanto ao cenário físico, cenário social e cenário de experiências sensoriais, com a finalidade de identificar situações e oportunidades para melhor entender o caso em estudo. Segundo Martins (2008), no processo de coleta de dados, o pesquisador deve observar tudo e todos, ser sensível para captar situações adversas, ser um investigador capaz de avaliar as informações que estão sendo coletadas para levar em conta fatos a favor ou contra, e assim reconhecer o momento de parar ou ir adiante. Quadro 3: Observação da loja D‟Rua ( cenário físico) Cenário Físico (D’Rua) Observações A fachada da loja é alta e como a loja parece Vitrinas facilitar a visualização da vitrine pelo cliente. As roupas da vitrine são trocadas duas vezes na semana, mas os móveis e displays continuam. Os manequins possuem uma expressão facial e postura que parece traduzir e comunicam a personalidade da marca. As vitrinas são montadas pela equipe de vendas da loja. E criadas pelo setor de marketing da loja. No interior da loja também existe produções feitas com manequins, em cima do balcão de pagamento ou nos espaços das salas. Em todos os andares existem manequins com produções de moda, os clientes passeiam por todo o espaço da loja. Quadro 3: continuação Layout Exposição dos produtos Sinais, símbolos e objetos Iluminação A loja é dividida por salas e andares. Local de pagamento e recepção é amplo, a loja é grande. Existem duas pessoas para receber os pagamentos. Os provadores são bem iluminados e amplos, com espelhos, local para pendurar roupas. O cliente experimenta as roupas com calma e trocam idéias com o seu consultor de moda. O ambiente dos provadores é dividido por cortinas. Porém, existe uma área em comum com um espelho de fundo, podendo favorecer a interação entre clientes e equipe de vendas. O restaurante é identificado na entrada e na hora da saída, ou quando tem um evento específico, como aniversário de algum cliente ou alguma comemoração. O cliente se parece se sentir à vontade, parece estar acostumado com a amplitude da loja. Demora a escolher suas roupas, parando para conversar com vendedores e amigos. Os manequins do interior da loja mudam de lugar toda semana e as produções das roupas também. Os produtos são expostos nas salas por marcas, porém existe uma combinação de cores, que facilita a visualização dos produtos nas araras e mesas de apoio. Os preços estão expostos na peças. Alguns clientes observam as etiquetas de preços. As mesas e móveis de exposição possuem design moderno, combinando com o ar contemporâneo da marca. Existe um piano antigo no interior da loja que atrai a atenção de quem entra. Existe um piano antigo no interior da loja que atrai a atenção de quem entra. O elevador facilita o acesso aos andares superiores. Existe uma vitrina interna, com jóias do designer Antônio Bernardo. A árvore plantada ao fundo da loja é bem alta, seguindo os andares superiores. A iluminação é indireta, apenas em alguns pontos. Produtos estão bem iluminados, destacando as marcas e realçando as cores. Fonte : Pesquisadora As vitrinas foram alvo de observações do pesquisador, pois quando bem trabalhada funciona como ferramenta de marketing, contribuindo para o reforço da identidade da loja de moda. Para Oliveira (1997), o vitrinista deve analisar o público alvo em sua maneira de sentir e experimentar as coisas, bem como o que compra, o que gosta mais, como fonte de informações do que é preciso mostrar nas vitrinas e espaço interno da loja (OLIVEIRA, 1997). Por ser loja de rua, os consumidores entram na loja para comprar, pois sabem que vão encontrar marcas de moda e produto moderno. Quando o consumidor passa de carro ele consegue identificar uma nova estação pelas cores e composição, mas devido à distância não consegue enxergar nitidamente detalhes das roupas. As vitrinas de rua interferem no espaço urbano, assim como constroem a imagem da marca (DEMETRESCO, 2004). As montagens são sempre limpas, e complementam-se com a expressão corporal dos manequins e roupas, exemplos de produções de moda. A partir das imagens criadas a vitrina propõe uma individualização da loja, como uma de suas funções principais (OLIVEIRA, 1997). O consumidor se sente convidado a entrar e descobrir o que tem por trás da arquitetura contemporânea da loja. Os andares e salas levam as pessoas a descobrirem algo novo. A loja é ampla e as marcas mudam de lugar, de acordo com o que se deseja dar destaque. Ou seja, às vezes o masculino está no andar de cima, outras vezes o feminino está embaixo. Pela grandiosidade e amplitude das salas pode parecer fria, no entanto existe um universo de descobertas que leva o cliente a visitar todos os andares. O trabalho do visual merchandising envolve “a colocação de todos os elementos decorativos da loja, a arrumação das roupas nas araras e prateleiras, a organização das sacolas e das gavetas dos armários da loja...Nisso também contam a decoração e a movimentação possíveis dos móveis no espaço interno, a determinação dos looks que serão apresentados dentro de cada espaço da loja e a variação possível para cada vitrina (DEMETRESCO, 2004, p.102). Destacam-se a seguir os dados coletados na observação da loja D‟Rua, quando se observa o Cenário Social. Quadro 4: Observação da loja D‟Rua (cenário social) Cenário Social (D’Rua) Aparência Maneiras Competências Observações As vendedoras se vestem com roupas das marcas vendidas na loja, todas iguais. No entanto, os gerentes da loja usam roupas que variam dentro das tendências da estação. A equipe está sempre com aparência de bem cuidada, cabelo, maquiagem e roupa limpa. A escolha da farda das vendedoras é definida quanto a cores e modelagens dentro da estação. O consumidor tem um atendimento exclusivo. Combina com sua vendedora antes de ir à loja. Caso não marque e a vendedora esteja ocupada, a gerente vai atendê-lo. O vendedor vai receber os clientes na porta com simpatia e alegria. Parece existir um entrosamento entre o vendedor e o cliente. O cliente senta e conversa com o seu vendedor como amigo e o vendedor oferece café. Os vendedores agem e demonstram gentileza, educação, atenção e pro -atividade. Leva o cliente até a porta após a compra, como agradecimento e mensagem de voltar sempre. As vendedoras recebem telefonemas dos clientes e preparam sacolas com novidades. O motorista da loja leva na casa do cliente. As vendedoras são consultoras de moda na medida em que informam a seu cliente das tendências de moda da estação. Existe um sistema de “vez” na venda, quando o cliente novo não tem uma vendedora específica, é atendido pelo vendedor da vez. A porcentagem de clientes que são atendidos por seu vendedor é de 80%. O vendedor se comunica com facilidade e educação, mantendo um clima agradável no processo de vendas. Expõe as qualidades das peças e nomes das marcas, ressaltando as qualidades da marca e produto. A loja proporciona em seu interior comemorações e confraternizações, bem como desfile das marcas que são comercializadas. Fonte - Pesquisadora Neste cenário de interação social, entre cliente e toda a equipe de vendas, vale ressaltar que a loja faz promoções com fim filantrópico. Esta ação tem como objetivo envolver o cliente e a marca dentro da temática “moda e responsabilidade social”. Convidam os clientes para desfiles das marcas vendidas na loja e um bate-papo com o estilista. Apesar de a loja ser de rua, estes eventos fazem com que o cliente venha à loja para ter uma experiência única, para conversar com os amigos, se distrair, sair da rotina, e fazer parte do mundo da moda. Neste processo de comunicação os clientes são os receptores que se comunicam facea-face com os vendedores e equipe de vendas, “escutam palavras, interpretam símbolos como aparência, por exemplo, e observam as expressões faciais, posturas, contato visual, distanciamento físico e outros indicadores não- verbais no esforço de extrair significados” (ROBBINS, 2005, p. 426). A loja D‟Rua divulga sua marca em revistas de moda ou revistas especializadas voltadas para seu público alvo. Assim, por meio de anúncios ou pela própria publicidade das marcas que são vendidas na loja, clientes de outros estados que viajam para o Recife e têm a curiosidade de conhecer a loja, que é considerada uma das melhores lojas de referência de moda do nordeste. Quadro 5 – Observação da loja D‟Rua (cenário sensorial) Cenário Sensorial (D’Rua) Visão Tato Paladar Observações As cores das paredes formam uma base neutra para expor produtos e objetos. Os objetos dispostos de uma forma estética e equilibrada para a formação de uma ambiência. As sacolas são de papel reciclável, com estampa clássica em tom neutro e preto. As clientes experimentam as roupas antes de comprar, verificando toque do tecido e modelagem. A pausa para o cafezinho e a água é agrada o cliente e faz com que o cliente pare e converse um pouco mais com o vendedor. Os clientes programam festa e comemorações no restaurante da loja. Poucos clientes que estão na loja se deslocam para o restaurante. A música faz parte do ambiente, trilha selecionada para a marca. Música com som baixo, ambiente, que não atrapalha a venda. Quadro 5: continuação Aroma A loja não possui um cheiro específico da marca. As roupas têm cheiro de roupa nova e a loja, cheiro de limpeza. Fonte: Pesquisadora Os clientes são atenciosos com os funcionários que servem o café e a água, cumprimentam e agradecem, parece ser um momento de descontração no processo de venda. Todo o ambiente da loja é climatizado, trazendo uma sensação de conforto para os clientes. O processo de escolha das roupas envolve trocar e vestir várias peças para analisar o caimento de acordo com o estilo de cada cliente. Levy e Wettz (2000), acrescentam a este estudo quando dizem que a música pode ser facilmente adaptada à atmosfera da loja, de acordo com os gostos do cliente e horários mais propícios ao ritmo, podendo ser mais acelerada ou mais calma. Assim como a cor e a iluminação a música pode acrescentar sensações ou ofuscar a atmosfera geral de um varejo. Na observação direta, o pesquisador registra por meio de fotografias o espaço físico da loja (vitrinas, ambiente da loja, objetos, decoração), acrescentando visualmente aspectos relevantes para a análise do trabalho. O pesquisador pode usar instrumentos para revelar algo que não pode ser visto por outro meio, contribuindo para o fenômeno observado (MARTINS, 2008). As fotografias a foram tiradas pela pesquisadora durante o processo de observação. Seguem algumas imagens registradas na observação indireta da loja D‟Rua. Figura 7 – Vitrina da loja D‟Rua (cenário físico) Fonte: Pesquisadora Cenário Físico - A vitrina apresenta uma composição harmoniosa, porém ressaltando as roupas. No entanto, também expressa atitudes por meio da expressão corporal dos manequins, postura dos braços, pernas e rosto. Embora as vitrinas sejam separadas, existe uma sincronia de cores, fazendo com que se interliguem. O branco dos manequins, bem como displays e chaise, trazem um fundo neutro ao cenário, e a ideia de modernidade. Vitrinas sempre limpa, sem muitos elementos, destacando apenas as roupas. Figura 8 - Exposição do produto da loja D‟Rua (cenário físico) Fonte – pesquisadora Cenário Físico – Os produtos são expostos em araras, prateleiras, e móveis com ar de vanguarda. As roupas formam uma composição com agrupamento de cores e estampas que se complementam, facilitando a escolha do cliente. Iluminação que destaca e direciona o olhar para as peças expostas. Figura 9 - Lounge da loja D‟Rua (cenário social) Fonte: Pesquisadora Cenário Social – Nos andares existem salas, com cadeiras e mesas que remetem a um design moderno. De forma que os clientes se sentem convidados a sentar e conversar, dão uma pausa para o café e água, e escolhem as roupas sem pressa. Ambiente convidativo para tomar um café, escutar a música, e interagir com amigas e consultoras de moda. Figura 10 – Piano na loja D‟Rua (cenário sensorial) Fonte: Pesquisadora Figura 11- Bistrot da loja D‟Rua (Cenário sensorial) Fonte: Pesquisadora Cenário de Experiências Sensoriais – O restaurante está inserido no espaço da loja para causar emoção, para fazer manter uma ligação entre moda e gastronomia. O piano capta a atenção do cliente ao entrar na loja, parece ser um objeto de destaque colocado para causar uma determinada impressão. 4.2 Observação direta não participante da Loja D’Shopping A loja D‟Shopping está localizada no shopping e apesar de atender ao consumidor de classe alta, é uma loja da própria de marca, com personalidade diferente da loja D‟Rua. Estas diferenças marcantes são de extrema importância para a comparação na análise dos dados. Na tabela a seguir segue o resultado da observação direta da loja D‟Shopping. Quadro 6 - Observação da loja D‟Shopping (cenário físico) Cenário Físico (D’Shopping) Observações O cliente pára para olhar o estilo das roupas nas Vitrina montagens das vitrinas, pois são trabalhadas dentro do universo do seu público. Existe uma riqueza de detalhes que são explorados, objetos, tecidos, roupas e acessórios, texto, fundo da vitrina, tendência, tema. As vitrinas do masculino e do feminino se complementam dentro do mesmo tema e materialidade. Exploram novos materiais e temas fugindo da regra ao serem comparadas com outras lojas. As vitrinas refletem o estilo da marca com elegância e descontração. As pessoas param para ver a vitrina e lêem as frases e mensagens, admiram e apontam os pontos de destaque. O cliente que já tem vínculo com a marca não pára para olhar a vitrina. Ele entra independente do que está exposto. As roupas são apresentadas em estantes, araras e Exposição do produto mesas. Tudo com uma coordenação de cores, objetos e display, para ressaltar o produto na apresentação. A escolha das roupas e a forma de apresentação das mesmas parecem mexer com a imaginação do cliente. Quadro 6- continuação Layout Sinais, símbolos e objetos Iluminação As estantes e armários de madeira são utilizados para expor o produto, bem como as produções. O layout da loja envolve dois lados, o masculino e o feminino. A mulher que tem o hábito de comprar para o homem, passa no setor feminino e compra algo pra ela no feminino. Existe um espaço de sala no interior da loja para as pessoas sentarem ou aguardar um amigo que está comprando. Possuem provadores separados, um para o feminino e outro para o masculino, isso parece evitar situações de constrangimento, quando homem e mulher se encontram no mesmo provador. A maioria das pessoas que entram na loja seguem para o lado masculino e só depois de escolher é que passam para o lado feminino. Próximo ao setor de pagamento existe um local com roupas de coleções anteriores e em promoção. O cliente sempre verifica se acha algo que goste antes de pagar. Os objetos parecem ser recordações de um passado de aventuras do consumidor. Relógios, bússola, barco, quadros, e outros. A cor da madeira utilizada nos móveis esquenta o ambiente, e lembra armários antigos. Os objetos trazem sempre uma recordação. Muitas vezes lembram praia e verão, outras vezes trazem uma recordação de uma aventura, ideia de tempo. Está inserida no produto a imagem de qualidade e conforto, identificados pela composição e lavagem dos tecidos. O espaço físico é intimista, e a iluminação aconchega, convidando o cliente a entrar na loja. O produto é iluminado de forma indireta, de forma que as características de cor e composição são ressaltadas. Fonte: Pesquisadora A arquitetura rústica com decoração clássica reforça uma imagem de marca sólida, na medida em que tudo e todos os objetos possuem os mesmos valores, formando um conjunto coerente com identidade marcante. A partir dessas associações a personalidade da marca é reconhecida como descontraída e elegante. Segundo Zeithaml e Bitner (2003), elementos do ambiente físico envolvem o cenário de serviços, criando para os consumidores, uma imagem externa do que está no interior da loja. Quadro 7 – Observação da loja D‟Shopping (cenário social) Cenário Social (D’Shopping) Observações Os vendedores se vestem com roupas da loja, Aparência porém com produções variadas. As roupas que vestem acompanham o estilo clássico e contemporâneo da marca. O cliente observa a produção dos vendedores e pergunta se tem igual. A maquiagem e cabelos são usados de forma discreta. Os cabelos estão sempre presos ou soltos, mas com naturalidade. O vendedor atende tanto no masculino como no Maneiras feminino. O cliente é atendido pelo vendedor da vez. Eles estão sempre à disposição do cliente. Mostram as roupas e procuram o tamanho ou cor que desejam. A equipe de vendas atende o cliente com simpatia, educação e simplicidade. Os vendedores parecem consultores, na medida Competência em que orientam os clientes nas produções de moda. A equipe é muito sensível aos desejos do cliente e espera ele entrar e olhar a loja para saber o que deseja. A abordagem é indireta. Não existe um diálogo do vendedor para forçar a venda, eles esperam a decisão do cliente para comprar ou não a roupa. Quando o vendedor não está atendendo, procura arrumar as roupas na loja, e se localiza em áreas em que o cliente o veja ao entrar. Fonte: Pesquisadora O consumidor possui um espaço acolhedor que o faz se sentir à vontade. Ele senta no sofá da loja e descansa, pede água e decide o que vai levar. O sistema da “vez” é adotado na loja, e apenas alguns clientes procuram o seu vendedor. Na maioria das vezes o cliente não escolhe o vendedor e compra com qualquer um deles. O cliente gosta de circular pelos espaços da loja, vendo produtos e objetos que criam uma atmosfera e dão vida à loja. O ambiente é acolhedor e foi feito para informar qual é a marca e encantar o consumidor, impulsionando o consumo. Para Zeithaml e Bitner (2003), o ambiente que envolve os funcionários e cliente reflete de forma cognitiva, emocional e psicológica, e suas reações a este arranjo, que vão influenciar seu comportamento. Quadro 8 – Observação da loja D‟Shopping (cenário sensorial) Cenário de Experiências Sensoriais Observações (D’Shopping) Visão Os objetos estão incorporados a decoração de forma que se misturam. O cliente vê a loja como um todo e fica atento aos detalhes. Paladar A loja oferece água a seus clientes. Tato As roupas têm um toque especial, e o cliente faz questão de sentir. Pegam e provam as roupas femininas e masculinas para poder comprar. Sonoro As músicas remetem a culturas de vários países, o estilo da marca remete a um viajante que quer descobrir o mundo, com música ambiente. Aroma As roupas possuem um cheiro que as identifica. Cheiro de roupa nova com um toque de madeira. Fonte: Pesquisadora Tanto o cheiro como a visão são explorados para trazer uma atmosfera agradável para o consumidor. Para Levy e Wettz (2000), o odor é o canal para as emoções de felicidade, fome, desgosto e nostalgia, pois a maioria das decisões de compra são baseadas nas emoções. E de todos os sentidos humanos o olfato tem maior impacto em nossas emoções, sendo necessário que os varejistas procurem planejar com cautela os odores que irão escolher dentro das especificações do varejo. As fotografias foram tiradas pela pesquisadora durante o processo de observação e serviram para registrar característica e aspectos relevantes da loja para o estudo. Seguem algumas imagens registradas pela pesquisadora na observação da loja D‟Shopping. Figura 11- Vitrina da loja D‟Shopping (cenário físico) Fonte: Pesquisadora Cenário Físico – Em todo o arranjo da vitrina da loja existe uma forma simples de expor as roupas, utilização de materiais diversificados e imagem que comunica a identidade da marca. Os tons são sempre pastéis ou tons de areia, que trazem neutralidade, informam ao cliente possíveis produções de moda que visam facilitar a leitura conceitual da marca. É em função do perfil do consumidor que o discurso é estruturado (...) do mesmo modo, o tipo do produto, de seu consumo, assim como o estabelecimento comercial que vende e a época do ano, vão determinar a organização do discurso (OLIVEIRA, 1997, p.62). Figura 12 – Vitrina de natal da loja D‟Shopping (cenário físico) Fonte: Pesquisadora Cenário Físico – A colcha em formato de árvore foi feita por um grupo de mulheres que trabalham com crochê, fazendo a reciclagem de sacolas plásticas, comunicando a responsabilidade social adotada pela marca. Os manequins não possuem expressão facial, porém as produções e características das roupas informam o estilo da marca. Elementos como coqueiro, a areia no piso, fundo em madeira, e painel pintado em tecido, criam uma harmonia e complementam a vitrina para criar um conjunto harmonioso. A estratégia de criação da harmonia entre as partes do todo construído. Mantendo constantes as distâncias entre os elementos das partes constituintes do todo composicional e coordenando as direções dos elementos para um determinado sentido, produzem-se relações harmônicas (OLIVEIRA, 1997, p.61). Figura 13 – Roupa da equipe de vendas da loja D‟Shopping (cenário social) Fonte: Pesquisadora Cenário Social – A equipe vendas usa as roupas da marca, de forma que as produções informam ao consumidor como fazer as combinações. As roupas mostram a descontração e conforto atribuído às roupas da marca. O cliente observa como os vendedores se vestem, facilitando suas escolhas. Segundo Cooper (2008), os clientes esperam ver uma roupa que tenha a ver com a função, pois é a aparência nos primeiros minutos do encontro de serviços que vai determinar as primeiras impressões. Figura 14- Lounge da loja D‟Shopping (cenário social) Fonte: Pesquisadora O espaço para sentar é oferecido como uma forma de o cliente se sentir em casa, descansar, ou sentar, e conversar enquanto o marido ou filho escolhe uma roupa. Cenário de experiências sensoriais - Como cenário de trocas de experiências, a iluminação acolhedora convida o cliente a sentar e conversar. Os móveis são sempre em madeira, algodão natural, couro selvagem, associações que informam ao cliente estilo da marca, fortalecendo sua imagem. Para Blessa (2007) os gestores são administradores da percepção dos clientes, devem oferecer uma loja atrativa para sair da concorrência. Figura 15 – Interior da loja D‟Shopping (cenário sensorial) Fonte: Pesquisadora Cenário de Experiência Sensorial – O visual da loja é trabalhado de forma que o consumidor observa atentamente a disposição de objetos, pinturas, objetos, combinação de cores, estantes, araras, quadros, cestos, o estilo da loja. Todo o visual da loja contribui para criar uma atmosfera favorável à compra. A atmosfera refere-se ao design de um ambiente por meio de comunicações visuais, iluminação, cores, música e aromas para estimular as respostas de percepção e emocionais dos clientes e, ao final, afetar seu comportamento de compra (LEVY; WETTZ, 2000, p. 489). 4.3 Entrevista semi-estruturada da Loja D’Rua Das respostas dos entrevistados foram formadas categorias ou classe que reúnem um grupo de elementos sob um título determinado, ou seja, isolar e organizar os elementos das mensagens, análise de conteúdo (BARDIN, 2007). O pesquisador “procura encontrar inferências confiáveis de dados e informações com respeito a determinado contexto” a partir das respostas dos entrevistados, ou seja, “buscam-se entendimentos sobre as causas e antecedentes das mensagens” (MARTINS, 2008, p.33). 4.3.1 Cenário Físico Tudo que envolve fisicamente o espaço pode afetar de certa forma a interação das pessoas, ou a duração do tempo que ele vai passar na loja. Além do que a apresentação dos lugares causa reações nas pessoas, de aproximação ou hesitação. Por conseguinte, os objetos, móveis e decoração, possuem uma linguagem própria e por meio de comunicação não-verbal transferem os significados influenciando as crenças do cliente (ZEITHAML; BITNER, 2003). A tabela a seguir é o resultado da análise dos dados coletados, quando se pergunta ao cliente sobre a impressão formada sobre a loja D‟Rua. Quadro 9 – Impressão dos consumidores (Imagem e Personalidade da marca D‟Rua) Cenário Físico (D’Rua) Fala do cliente 1 Imagem da Loja 1.1 Loja atualizada quanto à moda 1.1.2 Produtos de bom gosto 1.1.3 Qualidade dos produtos 1.2 Arquitetura diferenciada “...loja incrível, atualizada com coisas do mundo todo...” (cliente 4) “...roupa atualizada, de qualidade e bom gosto...” (cliente 10) “...roupa atualizada, de qualidade e bom gosto...” (cliente 10) “...é um projeto único na cidade...” (cliente 2) 1.2.1 Espaço Amplo “...tamanho é importante...” (cliente 5) 1.2.2 Decoração Contemporânea “...decoração clean bem contemporânea...” (cliente 8) “...a fachada externa passa essa imponência...”(cliente 7) 1.2.3 Imponência da fachada externa Quadro 9- continuação 1.3 Localização especial “...um ponto positivo...localização...” (cliente 3) 1.4 Loja multimarcas 2 Personalidade da Marca “...reconhecida pelas pessoas como uma loja com marcas fortes e conhecidas...” (cliente 5) Fala do cliente 2.1 Contemporânea “...pra mim a loja é chic...” (Cliente 11) 2.1.1Elegante “...uma loja ampla com espaço físico elegante” (Cliente 2) “...loja moderna e de bom gosto...” (cliente 11) 2.1.2 Moderna 2.1.3 Arrojada 2.1.4 Sofisticada “...loja com padrão elevado...arrojada...”(cliente 6) “...suntuosa, o que é positivo pra min.” (cliente 3) 2.1.5 Suntuosa Fonte: Pesquisadora Ocorreu que na entrevista em profundidade o entrevistador mantém um ambiente amigável, no qual o cliente expõe de forma aberta seus pontos de vista. Sendo assim, outras questões foram levantados sobre a loja D‟Rua: alguns clientes se pronunciaram dizendo que se sentiam constrangidos de ter que ir à loja e ter que comprar, pelo fato de só ir à loja marcando com o vendedor; a loja não tem calor humano; loja ampla, onde todos olham quando o cliente entra, e vira o centro das atenções; e loja que você só é bem tratada se tiver condições financeiras. Em parte alguns desses pontos podem ser esclarecidos por Kapferer, quando explica os princípios da administração do luxo. É preciso tornar a marca de luxo desejável para todos, mas não atingível pela maioria (...) A dialética da abertura e do fechamento se traduz por uma certa visibilidade na mídia, em paralelo com uma difusão muito restrita. Por esta razão, a notoriedade das marcas de luxo deve ser bem superior à sua penetração. A diferença entre o número de pessoas que conhecem a marca e número daqueles que a compram é a alavanca essencial do desejo (KAPFERER, 2004, p.77). Segue quadro que descreve aspectos relevantes sobre a vitrina da loja para o cliente. Quadro 10 – Impressão dos consumidores (Vitrinas da loja D‟Rua) Cenário Físico (D’Rua) 3 Fala do cliente Vitrinas 3.1 Exposição simples e chic 3.2 Composição harmônica 3.2.1 Realçar as roupas “...é uma vitrine minimalista, as mercadorias são expostas como obra de arte.” (cliente 8) “...de uma forma que as roupas realcem...tudo fica perfeito, numa composição harmônica...”(cliente 1) “...mas de uma forma que as roupas realcem, tudo fica perfeito...” (cliente 1) 3.2.2 Harmonia de cores “...buscam uma combinação uma harmonia nas cores...” (cliente 7) 3.2.3 Manequins bonitos “...roupas bonitas e manequins também...”(cliente 3) 3.2.4 Objetos de destaque “...objetos diferentes, assim como no caso o divã...” (cliente 3) 3.2.5 Roupas atuais “...acho que tem que ter roupas da estação...” (cliente 10) 3.2.6 Bem coordenada “...bem coordenada...trabalhando o masculino com o feminino...(cliente 6) 3.3 Co-relação entre vitrinas “...as duas se completam e não são tumultuadas, muito cheias...” (cliente 2) Fonte: Pesquisadora Alguns relatos de clientes se referem à vitrina da loja como fria, precisando ser mais trabalhada. Reconhecem que na loja D‟Rua o produto é exposto como obra de arte, vitrina com um arranjo minimalista. Vale salientar que neste caso a vitrina de rua que compõe a fachada da loja não é o fator principal que levam os clientes à loja. O fato é que na maioria das vezes estes clientes já vão direcionados à compra e a vitrina não é percebida em sua totalidade. Segundo Demetresco (2005), a vitrina não significa necessariamente um meio de comunicação apelativa, indiscreta ou oferecida entre a marca e consumidor. E algumas marcas desejam tornar-se, além de ponto de compra reconhecido dentro do espaço urbano da cidade, “landmark”, lugares que induzem o cliente a entrar. A seguir segue quadro sobre aspectos relevantes para o cliente da loja D‟Rua, no que se refere a exposição do produto. Quadro 11 – Impressão dos consumidores (Exposição do produto da loja D‟Rua) Cenário Fisico (D’Rua) Fala do Cliente 4 Exposição do produto 4.1 Exposição organizada 4.2 Espaço reservado para cada marca 4.3 Separadas por cor “...expor uma coisa por coisa, sem aglomerações...não tem que ter muita coisa, a gente acaba não enxergando tudo...”(cliente 1) “...perfeita, onde cada fornecedor tem uma arara...” (cliente 4) “...boa distribuição de cores...” (cliente 7) Fonte: Pesquisadora Alguns clientes ressaltaram, nas entrevistas, que acham que há pouca mercadoria exposta, bem como poucas marcas nacionais. Na verdade, araras para expor produtos que ficam muito cheia e longa levam pode ser cansativo. Sendo assim, as vendedoras expõem o suficiente, de forma que trazem sempre opções para ele. Para Kapferer (2004) o excesso não combina com a marca de luxo, mas sim o caráter de exclusividade, que causa o desejo de ter o produto. “É preciso que as pessoas que conhecedoras da marca, de sua significação, seja sempre mais numerosas que aquelas que a compram” (KAPFERER, 2004, p.77). Segue tabela sobre aspectos ligados ao layout da loja D‟Rua, ressaltando o ponto de vista dos entrevistados: Quadro 12: Impressão dos consumidores (Layout da loja D‟Rua) Cenário Físico (D’Rua) Fala do Cliente 5 Layout 5.1 Boa distribuição do espaço interno 5.1.1 Divisão por salas 5.1.2 Divisão por marcas 5.1.3 Divisão por gênero 5.1.4 Lounges Fonte: Pesquisadora “...o layout é bem distribuído e ajuda na escolha das roupas...” (cliente 5) “...tudo bem separado por cores, estilistas e marcas...” (cliente 3) “...parte de homem e mulher bem separada...” (cliente 8) “...os lounges são perfeitos...parece que estou em casa...” (cliente) A loja é ampla e o espaço de entrada pode ser mais bem preenchido; dessa forma, as pessoas que entram não ficam tão visadas. Alguns clientes acham que há muitas divisões e escadas, e acabam não vendo tudo; outras acham o máximo subir de elevador. Em Kapferer (2004) as marcas de luxo têm que se diferenciar, “a força da repetição dá sinais de que a marca não é mais criativa” (KAPFERER, 2004, p.76). Tungate (2008) fala sobre marcas de luxo e sobre a arquitetura das lojas, têm um papel importante na comunicação da marca. As lojas estão sendo construídas como parques temáticos, que encantam o cliente pelo seu tamanho e sua estrutura física, que acaba por desenhar a imagem intelectual da marca. Segue quadro sobre aspectos relevantes quanto a sinais, símbolos e objetos da loja D‟Rua. Quadro 13 – Impressão dos consumidores (Sinais, símbolos e objetos da loja D‟Rua) Cenário Físico (D’Rua) 6 Sinais, Símbolos e Objetos 6.1 Objetos representativos 6.2 Atrair o cliente 6.2 Criar atmosfera Fala do cliente “...Adoro o piano, as mesas, as cadeiras, traz boas lembranças...” (cliente 1) “... a árvore é linda e perfeita, traz tranqüilidade” (cliente 2) “...o conjunto de sofá..tudo é de muito bom gosto, bem escolhido, com muita harmonia...lugares gostosos...espaço para sentar e conversar..” (cliente 3) Fonte: Pesquisadora Apesar de a loja D‟Rua ser reconhecida como contemporânea, que envolve uma decoração moderna com peças assinadas por designers, alguns clientes relataram que faltam objetos. Ou seja, o que tem é pouco diante do espaço que a loja dispõe. E peças antigas que tragam à decoração aspectos da cultura e tradição. No entanto, os clientes sabem que a escolha dos objetos tem sua importância, pois estes estão cobertos de valores e cultura que são reconhecidos pelos mesmos. Segundo Baudrillard (2006), todos os materiais têm sua importância, que deve ser calculada dentro do ambiente analisando os valores de cada um para que a ambiência se complete, cálculo das funções para o arranjo, cálculo das cores, dos materiais, das formas, do espaço da ambiência. Segue quadro que descreve aspectos da iluminação. Quadro 14 – Impressão dos consumidores (Iluminação da loja D‟Rua) Cenário Físico (D’Rua) Fala do Cliente 7 Iluminação 7.1 Tornar o ambiente agradável 7.1.1 Iluminação indireta 7.1.2 Iluminação direta 7.1.3 Realçar a cor do produto 7.1.4 Ser discreta 7.1.5 Ser aconchegante “...ótima, tranqüila, não é escura.” (cliente 13) “...gosto e acho o conjunto envolvente.” (cliente 10) “Iluminação indireta que deixa a pessoa calma e tranquila...” (cliente 6) “...tem boa iluminação no todo e dirigida para o produto...” (cliente 7) “...que não distorce as características do produto.” (cliente 10) “...discreta e confortável...me sinto bem.” (cliente 11) “...Não gosto de iluminação agressiva, ou muito clara, isto não aconchega...” (cliente 1) Fonte: Pesquisadora Alguns clientes declararam que a iluminação muito forte afasta as pessoas, sendo necessária uma iluminação que torne o espaço mais intimista e acolhedor. Outro ponto importante é o fato de a iluminação errada modificar as cores do produto. Isso acontece quando a luz ofusca o cliente ou deixa sombras, dificultando a visualização do produto. Para Levy e Wettz (1997), um bom sistema de iluminação cria um clima especial na loja, mas precisa ser adequado para apresentar a cor real dos produtos, embora seja usada para focar em produtos especiais direcionando o olhar dos clientes. 4.3.2 Cenário Social O cenário social envolve os vendedores em interação com o cliente, bem como toda a equipe de vendas da loja. Apesar de haver diferentes formas de apresentação física do varejo, o cenário de serviços, procura satisfazer o cliente e deve ser planejado para atraí-lo, de modo a satisfazer e facilitar as atividades de clientes e de funcionários (ZEITHAML; BITNER, 2003). Nas entrevistas com os clientes o pesquisador se aprofundou na aparência e maneiras, e competências de vendas dos vendedores. Segue no quadro o resultado da formação de impressão do cliente sobre a equipe vendas. Quadro 15 – Impressão dos consumidores (Cenário social da loja D‟Rua) Cenário Social (D’Rua) Fala do cliente 1 Equipe de vendas 1.1 Entrosamento da equipe “...a equipe é bem entrosada...” (cliente 4) 1.2 Equipe simpática e atenciosa “... mas na maioria das vezes são pessoas cordiais...” (cliente 5) 1.3 Atendimento personalizado “...existe um vínculo a mais e procuro só ela, ligo pra saber se ela está...” (cliente 2) Fonte: Pesquisadora Apesar de existir um entrosamento da equipe de vendas, de maneira que os vendedores estão sempre dispostos a ajudar e dar atenção ao cliente e foi comum nas entrevistas. No entanto não gostavam quando era dado tratamento especial aos clientes antigos, de forma que nem todos os clientes atendidos eram recebidos com a mesma simpatia. Existe uma atenção especial aos que são conhecidos, por nome, renda, ou posição social. Funcionários e clientes reagem às dimensões de seu entorno físico de modo cognitivo, emocional e psicológico, sendo essas reações que influenciam seus comportamentos (...) a crença de uma pessoa a cerca de um lugar ou uma reação cognitiva podem influenciar muito bem a reação emocional dessa pessoa e vice-versa (ZEITHMAL; BITNER, 2003, p.240). Segue quadro sobre aspectos importantes da aparência dos vendedores da loja D‟Rua. Quadro 16 – Impressão dos consumidores (Aparência dos vendedores da loja D‟Rua) Cenário Social (D’Rua) Fala do cliente 2 Aparência 2.1 Padrão estético de classe alta “...precisa de um bom trato...” (cliente 2) 2.1.1 Higiene pessoal “...cabelo sempre arrumado...lindas e penteadas...” (cliente 1) 2.2 Uso de fardamento 2.2.1 Acompanhar tendência 2.2.2 Fácil identificação 2.2.3 Discreta sem vulgaridade 2.2.4 Usar roupas da loja “...a farda é impessoal quem faz a farda é a pessoa...” (cliente 2) “...cada estação estão com uma roupa diferente...” (cliente 4) “...gosto quando estão uniformizadas para ter uma identificação...” (cliente 5) “...discretas sem vulgaridade...nenhum apelo de sedução pelo vestuário...” (cliente 7) “...vestidos com roupas da loja todas iguais, com muito bom gosto.” (cliente 1) 2.2.5 Dar unidade à equipe “...eu gosto de todas vestidas iguais com unidade.” (cliente 2) 2.3 Gerentes com produções variadas “...cada um com seu estilo, as meninas se vestem muito legal.” (cliente 3) Fonte: Pesquisadora Apesar de a maioria dos entrevistados se sentir satisfeitos com o uso da farda das vendedoras, houve aquele que salientou que a farda não impulsiona a venda, por ser uma produção repetitiva. Outros ressaltam que a loja é muito ampla e clientes novos ficariam sem saber a quem se dirigir. Segundo Flugel (1996), as pessoas que estão envolvidas com a moda aprendem a admirar e invejar; consequentemente, a imitar. E nesse processo as roupas são copiadas de forma natural, estimula o desejo de parecer-se a eles no sentido de estar mais na moda. Segue o quadro que trata da impressão do cliente sobre a maneira e competência. Quadro 17 – Impressão dos consumidores (Maneiras e Competências dos vendedores da loja D‟Rua) Cenário Social (D’Rua) Fala do cliente 3 Maneira 3.1 Ser educado 3.1.1 Receber com simpatia 3.1.2 Ser atencioso “..e tem que ser educada para trabalhar neste ambiente...‟ (cliente 6) “...ser recebida com simpatia...” (cliente 3) “...todas as vendedoras são maravilhosas, atendem com muita atenção...” (cliente 1) Quadro 17: continuação 3.1.3 Atender com exclusividade 3.1.4 Deixar o cliente à vontade “...ter atenção exclusiva voltada para cliente...”(cliente 7) “...principal não insistir...respeitar individualidade do cliente...”(cliente3) o a 4 Competência 4.1 Ter vocação para a venda 4.1.1 Ser honesto 4.1.2 Ser sincero 4.1.3 Ter sensibilidade 4.1.4 Conhecer o gosto do cliente 4.1.5 Passar segurança 4.1.6 Ser comunicativo 4.1.7 Atender sem discriminação “...o vendedor é nato, o saber vender é dele...” (cliente 2) “...principal não insistir, respeitar a individualidade do cliente...”(cliente 4) “...não empurrar o produto quando não ficar legal.”(cliente 4) “...que sentir o feeling de cada cliente...gosto de ficar à vontade, se precisar eu chamo.”(cliente 7) “...ela sabe exatamente o que eu gosto.”(cliente 4) “...pra mim é importante passar segurança...”(cliente 2) “...ser recebida com simpatia..cordial e comunicativa.”(cliente 3) “...não pode discriminar pelo poder aquisitivo do cliente.”(cliente 7) 4.2 Ser um consultor de moda 4.2.1 Manter o cliente bem informado “...são consultoras de moda.” (cliente 6) 4.2.2 Manter relação pós venda “...dar continuidade a venda após a compra.”(cliente 8) 4.2.3 Estar atualizado em moda “...tem que ter conhecimento de moda.”(cliente 1) Fonte: Pesquisadora Vale ressaltar que as maneiras como competências são conceitos relacionados a comportamento e qualidade dos vendedores voltados para a venda. Nas entrevistas o pesquisador identificou que a maneira de vender e competência se misturam nas respostas dos entrevistados, pois está relacionada em como se apresentar diante da audiência. Na verdade, o vínculo criado vai além de uma simples compra, e em alguns casos as vendedoras se tornam amigas confidentes dos clientes. 4.3.3 Cenário de Experiências Sensoriais Para influenciar os sentidos das pessoas os varejistas procuram dar destaque à atmosfera da loja, utilizando-se de vários recursos, como o som, aromas, paladar e o tato (PARENTE, 2000). O quadro a seguir identifica alguns pontos relevantes sobre o cenário de experiências sensoriais da loja D‟Rua. Quadro 18 – Impressão dos consumidores (Cenário de experiências sensoriais da loja D‟Rua) Cenário de Experiências Sensoriais (D’Rua) Fala dos Clientes 1 Visão (ver) 1.1 Decoração coordenada 1.2 Boa distribuição de cores e objetos 1.3 Boa distribuição dos produtos “...toda a decoração causa um impacto visual.” (cliente 1) “...como as cores e os objetos chamam a atenção.” (cliente 3) “...o ambiente é organizado visualmente com a distribuição dos produtos.” (cliente 3) 2 Tato (toque) 2.1 Antecipação da compra 2.1.1 Conferir o toque dos tecidos 2.1.2 Conferir a qualidade 2.1.3 Conferir a modelagem 3 Paladar (gosto) 3.1 Parada para conversar 3.2 Gentileza da loja 3.3 Unir sabor e moda 4 “...mas o cafezinho prolonga a conversa.” (cliente 4) “...os clientes são loucos pelo serviço de copa.” (cliente 7) “...o restaurante é legal, completa a loja, tem a ver com moda.” (cliente 8) Aroma (cheiro) 4.1 Cheiro de roupa 4.2 Ambiente limpo 5 “...acho uma delícia tocar alguns tecidos, não gosto de tecidos ásperos.”(cliente 1) “...ao vestir você confere a qualidade do produto.” (cliente 7) “...tem roupas que não fica bem em você.” (cliente 9) “...as vezes sinto o cheiro de roupa nova.” (cliente 5) “...a loja é impecável quanto a limpeza.”(cliente 7) Audição (música) 5.1 “Clima da loja” 5.1.1 Trás boas recordações 5.1.2 Música ambiente “...me trás sentimentos bons, a música é uma tônica em minha vida.” (cliente 2) “...tranquila, que consegue conversar.” (cliente 9) Quadro 18: continuação 5.1.3 Descontrai o ambiente “...as músicas são uma delícia, muitas vezes compro dançando (cliente 1) 5.1.4 Seleção personalizada “...traz uma emoção especial quando reconheço a música.” (cliente 5) 5.1.5 Perde a noção de tempo “...você fica mais à vontade e o tempo passa.” (cliente 4) “...o fundo musical move as pessoas, é uma experiência.” (cliente 5) 5.1.6 Atrai o cliente Fonte: Pesquisadora Algumas clientes relataram que sentiam falta de um cheiro característico na loja, pois se lembravam da loja quando abriam a peça que compraram em casa, ou no manuseio da embalagem. Segundo Parente (2000) pesquisas confirmam que o aroma influencia na avaliação dos consumidores à loja, mexendo com suas emoções. Segundo Levy e Wettz (1998), o olfato é um dos sentidos que interferem no humor e sentimentos de felicidade dos consumidores. 4.4 Entrevista semi-estruturada da Loja D’Shopping As entrevistas da loja D‟Shopping transcorreram da mesma forma que a loja D‟Rua, seguindo o mesmo roteiro de perguntas, bem como a análise dos dados. O resultado desta análise de conteúdo foi inserido em tabelas e dividido em Cenário Físico, Cenário Social e Cenário de Experiências Sensoriais, e codificado na medida em que categorias se formavam. Segundo Bardin (2007), o objetivo da análise de conteúdo é de ao manusear os conteúdos das mensagens, identificar indicadores que levem à compreensão de uma realidade que vai além do que se lê. Na codificação o material analisado é tratado e recortado, de forma a agregar e enumerar dados, possibilitando uma representação das características do conteúdo. 4.4.1 Cenário Físico O cenário físico da loja foi trabalhado pelo gestor para causar uma impressão positiva nos consumidores, utilizando de forma adequada objetos, móveis, vitrinas, iluminação. Para Moles (1972), o ambiente é tudo o que está a nossa volta no espaço e tempo. Desta forma os objetos trazem mensagens, pois são provenientes do nosso meio social. Estes são necessários para fazer as mediações das relações humanas em sociedade. Segundo Schlenker (1980), dentro do espaço físico o design tem sua importância e envolve mais do que decoração, ele é construído para comunicar, e a busca pela diferenciação vai causar uma determinada impressão naqueles que estão envolvidos. No quadro abaixo segue a análise dos dados sobre a impressão formada sobre a loja D‟Shopping. Quadro 19 – Impressão dos consumidores (Imagem e Personalidade da loja D‟Shopping) Cenário Físico (D’Shopping) Fala do cliente 1 Imagem da Loja 1.1 Arquitetura diferenciada 1.1.1 Loja bonita 1.1.2 Aconchegante 1.1.3 Espaço amplo 1.1.4 Decoração com identidade 1.2 Loja atualizada quanto à moda 1.2.1 Produtos de qualidade 1.2.1 Design dos produtos 1.3 Loja de marca própria “...me sinto a vontade sem receio de entrar na loja...” (cliente 4) “... bonita que gosto de comprar...” (cliente 4) “...estilo balneário chic e loja extremamente bem cuidada...” (cliente 2) “...pois a pessoas entram sem receio de comprar ou não.” (cliente 2) “...ambientes grandes e bem arrumados, organizados...”(cliente 8) “......tudo bem dosado, tons neutros e pasteis e caquis...” (cliente 6) “....as camisas da loja duram bastante a qualidade do tecido é muito boa...” (cliente 8) “...gosto das roupas elas tem um design, e o estilo também...” (cliente 9) “...loja com publico direcionado...” (cliente 9) Quadro 19: continuação 2 Personalidade da Marca 2.1 Clássica 2.1.2 Moderna 2.1.3 Elegante 2.2 Descontraída 2.3 Jovial 2.4 Casual “...é atemporal, as roupas tem uma vida muito mais longa” (cliente 3) “...acho que é uma marca moderna, ela acompanha as novidades...” (cliente 12) “...casual com bom gosto, elegante...” (cliente 1) “...tecido mais leve e confortável com a cara mais de praia.”(cliente 2) “...lembra uma aventura marítima, safári, um viajante que guarda relíquias de suas viagens...” (cliente 11) “...mesmo a roupa mais formal tem um ar de jovialidade.” (cliente 6) “...sem formalidades mesmo nos modelos mais sociais...” ( cliente 6) Fonte: Pesquisadora Os clientes têm uma impressão positiva quanto à loja como um todo e se sentem atraídos a entrar e comprar. A marca oferece uma moda descontraída, moderna e elegante, com naturalidade, priorizando acabamentos e qualidade dos tecidos. Oura observação freqüente dos clientes é que a loja remete a praia e que tem a ver com o nosso dia-a-dia, como madeira, barco, estampas de coqueiro e florais, algodão e linho mais leve. Características externas da fachada da loja se estendem para o interior da loja e produtos; são aspectos importantes para fortalecer a identidade da marca. Segundo Aaker (2007), “a identidade da marca é um conjunto exclusivo de associações com a marca que o estrategista de marcas ambiciona criar ou manter” (AAKER, 2007, p.73). Demetresco (2005) descreve que as marcas devem tornar-se lugares de descobertas, um mundo particular de identidade forte, lugares de visita, momentos inesquecíveis em que o cliente interage com o mundo da marca, com prazer, lugares inesperados que se destacam nas cidades e reforçam suas características. Segue quadro que descreve aspectos relevantes sobre a vitrina da loja para o cliente. Quadro 20 – Impressão dos consumidores (Vitrinas da loja D‟Shopping) Cenário Físico (D’Shopping) Fala do cliente 3 Vitrinas 3.1.2 Identificação com a marca “...clareza do que a loja pretende mostrar...” (cliente 11) “... sempre tem objetos que trazem algo da marca e diz o que vou encontrar no interior da loja.” (cliente 1) 3.1.3 Atraente “...os acessórios barco, flores estilizadas, colares, chamam você a entrar na loja...(cliente 2) 3.1.4 Combinação de materialidades “...usam corda e coisas naturais, algodão, couro...acompanha o estilo e materiais que combinam com a loja...” (ciente 6) 3.1.5 Arranjo diferente “...utilização de materiais que se transformam e encantam... lembra praia, areia, coqueiro, guarda sol, conchas, acho simples mas me encanta.” (cliente 7) 3.1.6 Bem coordenada “... a vitrina atende os dois lados com roupa tradicional mas algo mais descontraído...um mix. é discreta ...” (cliente 9) 3.1.7 Produtos bem expostos “...itens bem escolhidos, a roupa, os sapatos...” (cliente 11) 3.1 Bem projetada Fonte: Pesquisadora Apesar de não utilizar manequins de fibra em suas vitrinas, a loja D‟Shopping atrai o olhar do cliente, que identifica na composição materiais e objetos utilizados, e percebe a correlação existente com a decoração do interior da loja e o estilo de roupas da marca. Porém, existem clientes que vão ao shopping com pressa, mas que já são fiéis à marca, e sendo assim reconhecem que as vitrinas estão sempre de acordo com a imagem da marca. Alguns clientes responderam que as vitrinas da loja remetem a verão, praia, sol, e esta afirmação está relacionada ao estilo balneário e descontraído das roupas que a marca vende em suas lojas. Segundo Demetresco (2005), não só a originalidade, estética, criatividade, sedução, devem estar presentes nas vitrinas das marcas, mas precisam estar embutido no projeto aspectos que comuniquem ao consumidor a identidade da marca. Os aspectos externos da apresentação da loja provocam um forte impacto em sua imagem e são extremamente importantes para atrair o consumidor, pois determina a primeira impressão que o consumidor tem, influenciando sua percepção sobre a qualidade e o tipo da loja (PARENTE, 2000, p.294). A seguir, quadro sobre a exposição dos produtos da loja D‟Shoppping. Quadro 21 – Impressão dos consumidores (Exposição dos produtos da loja D‟Shopping) Cenário Físico (D’Shopping) Fala do cliente 4 Exposição dos produtos 4.1 Exposição organizada “...dividida por áreas, estilos, tipos de roupas, cores...” (cliente 1) “...de forma que consigo ter uma fotografia da loja na minha mente...” (cliente 3) 4.1.1 Boa visualização dos produtos “...ver as peças sem precisar mexer...” (cliente 2) 4.1.2 Facilitar a escolha das roupas “...você se ver vestida com as produções na exposição das peças.” (cliente 4) 4.1.3 Exposição atraente “...eles já fazem a produção e a roupa e colocada de maneira que você se sente jovem.. mangas arregaçadas...” (cliente 5) 4.1.4 Exposição por estilos “...você sabe que tem setores, apesar de a loja ser grande, você sabe onde tem o algodão , as roupas mais praia, ou social..” ( cliente 6) 4.1.5 Exposição adequada “...roupas penduradas, ou dobradas... facilita a compra...” (cliente 4) “expostas em estantes, armários, cabides, que dividem por setor...” (cliente 6) Fonte: Pesquisadora Vale ressaltar que a quantidade de roupas expostas deve ser avaliada pelos supervisores para que o ambiente não fique confuso. Deixar espaço para o cliente circular na loja e escolher os produtos, sem confusão visual. As produções devem acompanhar a moda e ter uma lógica de combinação que agrade visualmente o consumidor. Segundo Parente (2000), as lojas mais sofisticadas trabalham a atmosfera de forma diferenciada, com caráter de exclusividade e decoração bem coordenada. Segue tabela que ressalta aspectos relevantes sobre o layout da loja D‟Shopping. Quadro 22- Impressão dos consumidores ( Layout Loja D‟Shopping) Cenário físico (Loja D’Shopping) Fala do cliente 5 Layout da loja 5.1 Boa distribuição do espaço interno 5.1.1 Divisão por gênero 5.1.2 Divisão por estilo 5.2 Facilidade de circulação “...eu gosto pois facilita e você se orienta...não me sinto constrangida por ser homem e mulher...(cliente 5) “...vou sempre para o lado masculino primeiro e depois enquanto estou resolvendo vou para o feminino... são muitas mercadorias mas não é confuso..”(cliente 6) “...acho bom ser separado homem e mulher e separar por estilos e estampas...” (cliente 7) “...permite que você circule na hora de pagar passa por outros ambientes...” (cliente 3) 5.3 Orienta o cliente “...eu gosto pois facilita e você se orienta...” (cliente 4) 5.4 Estimula a compra “...permite que você circule na loja e na hora de pagar passa por outros ambientes...” (cliente 3) 5.5 Lounge “...Local para sentar e comprar com calma...” (cliente 1) “...passeio na loja toda e acho interessante o local de sentar pra descansar...” (cliente 11) “...as vezes sento e espero que meus filhos escolham e me tragam pra eu ver...” (cliente 7) Fonte: Pesquisadora O layout da loja é reconhecido pelos clientes como atraente. Na maioria da vezes dirigem-se primeiro para o setor masculino, pois 60% do consumidor é feminino, compra para os seus maridos e filhos. A criação do setor feminino é nova dentro da loja, e ainda não é a primeira opção dos clientes em suas compras. Segundo Parente (2000), as instalações, componentes estéticos, o conforto, distribuição dos produtos, afetam as reações emocionais dos consumidores e, sendo assim, cada espaço interno da loja tem sua própria identidade, que direciona o cliente e estimula a compra. “O formato facilita a movimentação em qualquer direção, estimulando que o consumidor passeie pela loja e assim realiza as compras” (PARENTE, 2000, p.302). Segue no quadro abaixo aspectos relevantes são analisados sobre os sinais, símbolos e objetos da loja D‟Shopping. Quadro 23 – Impressão dos consumidores (Sinais, símbolos e objetos da loja D‟Shopping) Cenário Físico (Loja D’Shopping) Fala dos clientes 6. Sinais, símbolos e objetos 6.1 Traz identidade à loja 6.1.2 Objetos inseridos no contexto “...o barco no teto e malas representam o estilo de roupa, casual e elegante...” (cliente 12) 6.1.3 Objetos representativos “...remete ao esporte, a uma viagem...” (cliente 9) “..sempre tem as fotografias, barco, traz uma boa recordação...” (cliente 1) 6.2 Atrair o cliente “...o rádio antigo traz a idéia do tempo nos objetos, isso atrai e faz com que fique mais tempo...” (cliente 9) 6.2.1 Criar harmonia “...os objetos fazem o conjunto para você fazer a leitura...” (cliente 3) “...existe uma harmonia dos objetos com a decoração, a música e produtos, eles chamam atenção e formam um conjunto...‟ (cliente 6) 6.2.2 Criar atmosfera Fonte: Pesquisadora Os objetos expostos no interior da loja contam a história da marca e reforçam a sua identidade. São símbolos de referência para o homem que viaja, veleja, e procura conforto em suas roupas. Os objetos, sinais e símbolos, se complementam e contribuem para criar uma ambiência de forma que tudo tem sentido e combina. A madeira, as cordas, o sofá natural, o piso bruto, cadeiras, dentre outros, são escolhidos diante do seu valor dentro do ambiente. Segundo Baudrillard (2006), os materiais podem ser diferentes quanto a sua materialidade, mas devem ser parecidos quanto aos signos culturais, para que formem um sistema coerente. Porém para abstrair é necessário usá-los de forma livre, desde que formem um conjunto coerente. A seguir segue a análise dos dados sobre a iluminação, que é o último tópico explorado nas entrevistas pelo pesquisador sobre o cenário físico da loja D‟Shopping. Quadro 24 – Impressão dos consumidores (Iluminação da loja D‟Shopping) Cenário Físico ( Loja D’Shopping) Fala do cliente 7 Iluminação 7.1Tornar o ambiente agradável “...me agrada, está de acordo, pois não me incomoda..(cliente 1) 7.1.1 Iluminação indireta “...não sinto que me bloqueia, mas que leva você a comprar...” (cliente 3) “...relaxa e se sinta bem...e cria um clima para comprar e ficar mais na loja..” (cliente 10) “... dirigida para as peças, valorizando o produto...(cliente 2) 7.1.2 Iluminação direta 7.1.3 Destacar o produto “...importante pois pode interferir na qualidade do produto, modifica cor e não valoriza o produto...(cliente 7) 7.1.4 Ser discreta “...é bárbara, nem é penumbra nem acesa...que me queime ou vá arder em mim...” (cliente 11) 7.1.5 Ser aconchegante “...gosto, pois é aconchegante e não gosto de loja muito clara. tenho a sensação que estou sendo observada...não é um claro que perturba.(clt. 5) Fonte: Pesquisadora A iluminação da loja D‟Shopping foi trabalhada com luz amarela, que traz para os clientes uma sensação de aconchego, e de não estar sendo observado, espaço reservado para o cliente que se sente seguro, pois aconchega. Alguns clientes não se apercebem, mas dizem que sentem que não incomoda, pois não gostam de ser visados e percebidos, como no caso de uma iluminação muito clara. Segundo Levy e Wettz (1997), a iluminação vai destacar elementos que contribuem para melhorar a imagem da loja, além de atrair os consumidores para as mercadorias e conduzir de forma calculada à loja. 4.4.2 Cenário Social É no cenário social que clientes e funcionários interagem e esta interação acontece de forma planejada, e de forma significativa para os outros. Ela deve ser controlada, de uma maneira que as ações comuniquem o que é importante no cenário. Estas ações são gerenciadas e estão cobertas de valores que são reconhecidos pelas pessoas para causar impressão sobre as mesmas (GOFFMAN, 1959; MENDONÇA,2003). Segue no quadro abaixo a análise dos dados referente ao cenário social da loja D‟Shopping, que envolve a impressão sobre a equipe de vendas, questões relevantes sobre a aparência, maneira e competências dos vendedores da loja. Quadro 25 – Impressão dos consumidores (Cenário social da Loja D‟Shopping) Cenário social (loja D’Shopping) Fala do cliente 1 Equipe de vendas 1.1 Simpática e atenciosa “...sou muito bem atendida...simpáticos e atenciosos.”(4) 1.2 Prestativos “...simpatia de toda a equipe...(cliente 2) “..estão sempre dispostos a atender...” (cliente 5) 1.3 Atendimento por rodízio “...eu não tenho uma pessoa para me atender, sempre acho que mudou...eu gosto quando tem um vendedor que me conhece, ao meu gosto, pois já traz o que eu gosto...(cliente 6) Fonte: Pesquisadora Um aspecto importante das entrevistas foi enfatizado pelos clientes, que foi o fato de a loja ter uma alta rotatividade de vendedores e este cliente de classe alta gostar de ser atendido por um mesmo vendedor, para criar vínculos de amizade, facilitando a venda, pois este já sabe do estilo de roupa que o cliente gosta. No entanto, se sentem satisfeitos com o atendimento da equipe como um todo. Segundo Bernardino et al (2008), a antiga denominação dada ao antigo varejo de “vendas” na atualidade já era, agora o gestor deve trazer o cliente a loja para “comprar”. O vendedor deve ouvir, conquistando empatia, fazendo sentir-se bem no ambiente, e assim inspirá-lo a comprar. Transformar a venda numa experiência de compra. Segue no quadro, na próxima página, sobre a aparência dos vendedores sobre a loja D‟Shopping. Quadro 26 – Impressão dos consumidores (Aparência dos vendedores da loja D‟Shopping) Cenário Social (loja D’Shopping) Fala do cliente 2. Aparência 2.1 Usar fardamento 2.1.1 Usam roupas da loja “..acho que se vestem de forma bem charmosa adoro ver as produções...acho cafona tudo igualzinho....(ciente 2) 2.1.2 Produções com estilo da marca “...elas são super transadas...não gosto de tudo igualzinho..(cliente 3) 2.2 Padrão Estético classe alta “ bonitos e magros...padrão estético que lembra o consumidor classe A... faz um perfil do consumidor...” (cliente 5) 2.2.1 Higiene Pessoal “...sempre bem cuidados e dentro do estilo deles...” (cliente 11) “...esteja com boa aparência física de limpo...” (cliente 12) Fonte: Pesquisadora No caso da loja D‟Shopping, a forma como os vendedores se vestem remete ao estilo da loja, e contribuindo para a venda, na medida em que os clientes observam as produções e trocam idéias, tirando o ar bitolado de estarem vestidos todos iguais. Se sentem à vontade para tirar dúvidas, pois a equipe se veste dentro do que é proposto pela marca. Segundo Robbins (2005), as pessoas, enquanto receptores das mensagens, sejam verbais ou não verbais, interpretam palavras e símbolos, bem como a aparência, expressões faciais e posturas, extraindo significados. Segundo Bernardino et al (2008), o vendedor não vende apenas o produto em si, pois a sua aparência, educação e simpatia são observadas pelos clientes e fazem parte do processo de vendas. Outro aspecto foi focado nas entrevistas e analisado: as maneiras dos vendedores e competências, e apresentado no quadro da página a seguir. Quadro 27 – Impressão dos consumidores (Maneiras e Competências dos vendedores da Loja D‟Shopping) Cenário social ( loja D’Shopping) Fala do cliente 3. Maneiras 3.1 Ser Educado 3.1.1 Atendimento Informal 3.1.2 Ser Atencioso 3.1.3 Deixar o cliente á vontade 3.1.4 Atender com naturalidade 3.1.5 Ser sensível 3.1.6 Acompanhar o cliente até a porta 3.1.7 Ser discreto “...leve...simpático...alegre...descontraído...” (ciente 1) “...mostra as novidades...sem forçar a venda...” (cliente 3) “...deixar escolher a vontade todo cliente tem o seu tempo de escolhas...observar e estar por perto..” ( cliente.5) “......deixar experimentar, abrir, experimentar...sugerindo sem forçar de uma maneira bem natural..(ciente 6) “...o vendedor é aquele que já sabe o que vç quer e trás a roupa certa..” (cliente 6) “...o vendedor é aquele que já sabe o que você quer e trás a roupa certa..” (cliente 6) “...muito solícitos e calmos e acompanham você até a porta...(cliente 7) “...com atenção discreta ....sem intimidade...” (cliente 12) 4. Competências 4.1 Ser um consultor de moda “....gosto de sugestões de moda e novas maneiras de usar e misturar..(cliente 2) 4.1.1 Conhecer o perfil do cliente “......se não quero uma peça ela já tira da minha frente para não confundir e criar dúvidas e deixar o ambiente mais limpo...” (cliente 2) 4.1.2 Informar sobre promoções e novidades “....dar informações de promoções, ofertas e forma de pagamento diferentes... tudo dentro do meu perfil..(cliente 3) 4.1.3 Manter o cliente bem informado “...ele tem que saber sobre moda...” (cliente 11) Quadro 27: continuação 4.2 Ter vocação para a venda 4.2.1 Ser polido “...educação...paciente...sensível...e ouvir o que eu quero...ter sensibilidade.(cliente.4) 4.2.2 Saber apresentar o produto “...ter conhecimento dos produtos que a loja vende, tecidos sapatos...” (cliente 12) 4.2.3 Ser sincero “... conhecer o meu gosto...ser sincero e não pressionar...(cliente 5) 4.2.4 Ser organizado “......se não quero uma peça ela já tira da minha frente para não confundir e criar dúvidas e deixar o ambiente mais limpo...” (cliente 2) Fonte: Pesquisadora O consumidor de classe alta da loja D‟Shopping quer ter um vendedor que conheça os seu gosto e atenda com educação. Porém ficou visível nas respostas a preocupação de fazerem escolhas certas e contar com a sinceridade do vendedor, de maneira que não force a venda, empurrando o produto. Segundo Rocha-Pinto et al (2005), para que o vendedor seja competente ele precisa conhecer seu ambiente de trabalho para planejar uma negociação, como ter traços de personalidades, além de qualidades e habilidades que levem a ter atitudes. O importante é saber ser, mas para tal é necessário saber fazer, tem que aprender a refazer-se a cada dia de forma criativa. 4.4.3 Cenário de Experiências Sensoriais O ambiente de loja está envolvido por uma série de aspectos relacionados com os 5 sentidos humanos. Segundo Zeithmal e Bitner, “as cores, a decoração, a música e outros elementos da atmosfera podem ter um efeito inexplicável, muitas vezes, subconsciente, sobre o humor das pessoas em um local” (ZEITHMAL ; BITNER, 2003, p. 241). Bernardino (2008, p. 96) argumenta que a venda tem que ser uma experiência “o cliente precisa sentir-se bem enquanto está na loja; do contrário não comprará nada e não voltará”. Quadro 28 – Impressão dos consumidores (Cenário de experiências sensoriais da Loja D‟Shopping) Cenário sensorial (loja Fala do cliente D’Shopping) 1.Visão (ver) 1.1 Decoração bem coordenada 1.1.2 Ambiente convidativo 1.1.3 Objetos representativos “...acho que toda a decoração se combina e traz uma sensação legal de compra...bom gosto, jovialidade de verão de algodão, mesmo na roupa formal...(cliente 6) “...conjunto perfeito que me convida a entrar...ambiente bonito...tudo é coordenado até o tecido da cortina...” (cliente 2) “ os objetos, eles chama atenção e formam um conjunto...” (cliente 12) 2.Tato (toque) 2.1.Antecipação da compra 2.1.1 Sentir o toque do tecido “...é importante pegar...para sentir o tecido, pois faço restrição ao produto..s.e não sentir o tecido...” (cliente 5) 2.1.2 Sentir o caimento da roupa “...tem que ter caimento e ser confortável, as vezes parece adequada e não é...gosto de roupas confortáveis...(cliente 3) 2.1.3 Ser confortável “...tem que ter caimento e ser confortável, as vezes parece adequada e não é...gosto de roupas confortáveis...(cliente 3) 3.Paladar 3.1 Gentileza da loja 3.2 Distrai e relaxa 3.3 Parada para descansar “... é importante pois é prazeroso ser oferecido alguma coisa, mas nunca foi oferecido...” (cliente 6)“...uma delicadeza...faz o diferencial...é um carinho...fica impessoal sem café...(cliente 1) “...da uma relaxada no processo de vendas...(cliente 6)“...e acho que na hora de pagar relaxa distrai você da conta...(cliente 4) “...importante... dar uma relaxada, sentar e tomar um café...” (cliente 9) 4. Aroma 4.1 Recordação da loja 4.2 Personaliza a loja 5.Audição (música) 5.1 “Clima da loja” “...acho importante...o cheiro trás a recordação da loja...(Cliente 1) “...de roupa de algodão...cheiro refinado...tenho uma lembrança pelo cheiro...(cliente 2) Quadro 28: continuação 5.1.1 Música ambiente “...a música ambiente acalma...pois as pessoas trazem várias emoções e uma música acalma...(Cliente1)“ 5.1.2 Seleção personalizada “......não lembro mas não incomoda...esta muito bem inserida pois não atrapalha...(cliente 3) Fonte: Pesquisadora Com relação ao estímulo sensorial, verifica-se que tem o propósito de causar emoção, como também transformar a compra em uma experiência prazerosa para o cliente. Alguns clientes sentem falta do café na loja D‟Shopping, referem-se como uma gentileza e pausa para relaxar. No entanto, no que se refere ao aroma da loja, que para alguns clientes personaliza, as eles sentem que as próprias mercadorias e móveis contribuem, criando um cheiro próprio de madeira e algodão. Levy e Wettz (1997) reconhecem a importância do desenvolvimento de uma atmosfera de loja que estimule a emoção dos consumidores e alimentem o comportamento de compra. Neste processo o estímulo da percepção do cliente é alcançado por meio de um design criativo e coerente com o estilo da loja. 5. COMPARAÇÃO DOS DOIS CASOS A pesquisa de campo e análise dos dados dos dois casos em particular me deu subsídios para chegar às conclusões por meio da triangulação dos dados da observação não participante e entrevista em profundidade. Isso só veio contribuir para a identificação de semelhanças e diferenças sobre as duas lojas de moda, esclarecendo os fatos e trazendo novas descobertas para o tema estudado. Segundo Yin (2005) novas descobertas servem como respostas a suposições, e a replicação teórica fortalece a validade dos resultados encontrados com o estudo comparativo de dois casos. As duas lojas em estudo atendem ao cliente de classe alta, porém se distanciam quanto ao estilo e localização. Isso leva a resultados diferentes quanto à identidade da marca, imagem da marca e, conseqüentemente, ao comportamento do consumidor. Desta forma, gestores e pessoas ligadas ao marketing das empresas de moda têm em mãos fatores e elementos significativos para o consumidor de moda de classe alta no que se refere ao ambiente em que compram. Para melhor entendimento das análises dos dois casos estudados, o pesquisador vai utilizar quadros e em seguida tecer suas conclusões respondendo a cada pergunta de pesquisa. 5.1 Cenário físico O cenário físico da loja de moda é trabalhado pelo gestor para atrair o cliente para o ponto de venda. Porém, os dados levantados confirmam que o processo de interação do cliente com a loja pode ser transformado em algo que vá além do esperado pelo consumidor, uma experiência de compra. Desta forma o espaço físico, quando associado a uma decoração bem coordenada e atrativa, faz com que o consumidor fique mais tempo na loja. Muitas vezes o cliente vai à loja e não consome de imediato, porém ele guarda na memória recordações anteriores e associações mentais que geram memórias afetivas, como resultado de suas interações no cenário físico da loja. São estas associações que orientam suas escolhas e futuras compras muitas vezes pela busca de repetir a experiência, sentimentos e emoções que quer vivenciar novamente. Quando este resultado está armazenado de forma positiva, ele faz um resgate destas informações, que o impulsiona a querer consumirem em uma determinada loja. No quadro da próxima página seguem os fatores relevantes para a formação de impressão do consumidor sobre a loja de moda de classe alta que se refletem na imagem e personalidade da marca. Quadro 29 – Comparação dos dois casos quanto à imagem e personalidade da marca (Cenário físico6) Loja D’Rua Loja D’Shopping 1.Imagem da marca 1.Imagem da marca 1.1 1.1 Loja atualizada quanto à moda* Loja atualizada quanto à moda* 1.1.1 Design dos produtos* 1.3 Design dos produtos* 1.1.2 Qualidade dos produtos* 1.1.2 Qualidade dos produtos* 1.2 Arquitetura diferenciada* 1.2 Arquitetura diferenciada* 1.2.1 Espaço amplo* 1.2.1 Espaço amplo* 1.2.2 Decoração Contemporânea 1.2.2 Decoração clássica 1.2.3 Imponência da fachada externa 1.2.3 Loja aconchegante 1.3 1.3 Localização especial* Localização especial* 1.4 Loja mutimarcas 1.4 Loja de marca própria 2 Personalidade da marca 2 Personalidade da marca 2.1 Contemporânea 2.1 Clássica 2.2 Elegante * 2.2 Moderna* 6 Os asteriscos indicam pontos convergentes entre as duas lojas estudadas. Quadro 29: continuação 2.3 Moderna* 2.3 Elegante* 2.4 Arrojada 2.4 Descontraída 2.5 Sofisticada 2.5 Jovial 2.6 Suntuosa 2.6 Casual Fonte: Pesquisadora A decodificação da marca é organizada mentalmente de forma que o consumidor vai classificá-la de acordo com os seus valores de referência. Alguns aspectos foram classificados na tabela acima, e estes contribuem para a formação de impressão de uma imagem de marca forte para o consumidor de classe alta seja de uma loja multimarca ou de marca própria. No que se refere à impressão sobre aspectos físicos da loja, alguns itens foram ressaltados tanto na loja D‟Rua como na loja D‟Shopping. Esta convergência confirma que o cliente de classe alta possui valores representativos para reconhecer no ambiente da loja características específicas, que interferem em sua avaliação como na arquitetura diferenciada, produtos com design, qualidade, e espaço amplo. Diante deste resultado entende-se que a imagem da marca é reforçada quando os aspectos físicos são bem trabalhados pelos gestores. A localização da loja é um fator determinante para este consumidor. O local deve ser de fácil acesso, de preferência no mesmo bairro ou arredores, para levar o cliente mais vezes à loja. O ideal é que seja um local de referência para o seu público-alvo. Este consumidor compra em poucas lojas de moda, aquelas que guardam uma impressão positiva e que são sinônimos de status em seu meio social. Vale salientar que a loja localizada na rua possui uma clientela mais exclusiva, que conhece a marca pelos meios de comunicação, amigos, e marketing da marca, e não possui a mesma rotatividade de uma loja de shopping. É preciso explorar aspectos visuais e físicos para se destacar, pois as pessoas passam rápido de carro e não as notam se não forem significativas em sua fachada externa. Já a loja que está localizada no shopping precisa filtrar o seu cliente com sua imagem e estilo diante de um público bem diversificado, e atraí-lo diferenciando-se das demais lojas do shopping. As pessoas são atraídas pelo visual da loja, e este o seduz quando é bonito e diferente para quem vê. O consumidor em questão é bem informado quanto à moda e tem um estilo pessoal bem definido. Procura uma loja com arquitetura diferenciada, seja por características externas e internas, onde as materialidades que complementam no espaço físico da loja formam um conjunto coordenado, agradável ao seu olhar e que o faz se sentir bem. O cliente procura um espaço que seja projetado e decorado para ele se sentir em casa, com amplitude, mas aconchegante, e que se sinta à vontade de entrar e sair sem inibições. No entanto, vale ressaltar que o cliente de classe alta quer um produto com design, que apresenta em seu desenho uma novidade, além de excelência em qualidade. Isto leva o cliente a ter segurança nas suas escolhas. Este consumidor é atualizado, viaja bastante, e tem acesso aos mais variados meios de comunicação que falam de moda como: blogs, sites, revistas, canais de TV a cabo, e amigos que fazem o boca a boca. São nas redes de amizade que o cliente reconhece os mesmos valores encontrados nos produtos, ou seja, como os amigos se vestem e onde compram é primordial para ele. Muitas vezes querem estar inseridos socialmente e as roupas funcionam como indicativo de posição e distinção social. Existem diferenças significantes entre as lojas D‟Rua e D‟Shopping. A loja D‟Rua é multimarca e de rua, possui uma clientela mais reservada, são sempre as mesmas pessoas que procuram a loja, classe “A” e “AA”. As ações de marketing são necessárias para trazer mais clientes à loja e criar vínculos com os que já são clientes, sejam desfiles, reuniões de amigas, comemorações de datas especiais, lançamento de coleção de acordo com o calendário nacional, trazer estilistas das marcas que vendem e pessoas de destaque no mundo da moda. São ações do interesse de seus clientes e que devem o surpreender pela inovação. A loja é suntuosa e possui uma imponência estética pela sua arquitetura, pois é dividida em três andares e possuindo bastante espaço atrai o consumidor que é habituado a entrar em lugares sofisticados. O espaço físico da loja, que atende tanto o público feminino e masculino, passa a ser um motivo de novas descobertas e encontros sociais, pois é a única loja a ter um setor na cidade onde se encontram grifes internacionais, como Giorgio Armani, Versace, Fendi, Gucci. Comprar nesta loja para alguns clientes é sinônimo de status e poder. Já na loja D‟Shopping, apesar de estar localizada no maior shopping da cidade e ter um volume grande de passantes, o seu público alvo é selecionado e atraído pela qualidade dos produtos, características externas e internas da loja, e, consequentemente, o preço. Este consumidor de classe alta reconhece aspectos físicos na loja e estes reforçam a sua imagem. A marca já está consolidada na cidade há mais de 20 anos, mas é reconhecida nacionalmente, com sede no Rio de Janeiro, atendendo ao público feminino e masculino. Nesta loja a decoração, os móveis, os produtos, formam um conjunto coordenado, que atribui à marca uma identidade própria, e imagem forte. O ambiente é descontraído e bem à vontade, apesar de elegante, e desta maneira as pessoas se sentem convidadas a entrar na loja, por ser uma loja acolhedora e intimista. O trabalho de gerenciamento de impressão, tendo em vista a formação de impressão, pode obter um melhor resultado quando construído de forma inversa do que observamos nestes casos, ou seja, sabendo quem é o seu consumidor-alvo, trabalhar de acordo com ele a personalidade da marca. E não criar uma marca com personalidade x ou y para depois encontrar um consumidor que interesse pela proposta. Pois a marca pode ter uma soma de várias personalidades e ser forte em uma ou duas delas. Porém é fator importante, seja no cenário físico, social, ou sensorial, para que o cliente reconheça e sinta que existe um estilo de marca que combina com sua personalidade. Transforma a loja em um espaço mais personificado, preparado para receber o seu público de forma especial. Neste caso de estudo múltiplo as duas lojas se parecem quanto à personalidade da marca e se distanciam em alguns aspectos. As duas lojas são chic7, sinônimo de elegância, bom gosto e beleza. No entanto, a loja D‟Rua é mais suntuosa em sua fachada externa, tanto relacionado a sua arquitetura, como tamanho e formato do negócio. Esta loja se propõe a vender multimarcas, com marcas reconhecidas como grifes de alta costura, e outras marcas que são reconhecidas no Recife e no Nordeste do Brasil. Isso não é tarefa fácil, pois este consumidor de classe “A e AA” viaja bastante, tem cultura, conhecimento, é bem informado de moda, além de possuir gosto sofisticado. As escolhas das materialidades da loja acabam por representar o gosto deste consumidor, que a classifica e a distingue dos demais por ser consumidor da marca D‟Rua. A decoração é trabalhada de forma discreta, com poucos objetos, para que estes se destaquem. Os móveis, cadeiras, lustres, são sempre peças assinadas por designers, atuais ou clássicas, mas de referência. Desta forma o consumidor percebe que o ambiente da loja está de acordo com o meio físico e social em que vive, de acordo com a sua cultura e origem. Fica um alerta para que este rigor seja bem dosado, e que esta suntuosidade atribuída à marca não acabe por afastar o cliente que não se percebe financeiramente como AA e/ou socialmente falando, mas que tem condições de comprar na loja. Ou seja, uma pessoa de classe média pode ter poder aquisitivo necessário para fazer suas compras na dita loja, mas nem ter coragem de entrar para conhecer por acreditar que os preços não seriam acessíveis, causando possivelmente uma situação constrangedora. As pessoas de educação fogem de situações constrangedoras, visto que procuram determinadas marcas para realizar projetos de 7 Chic é de origem francesa, utilizado pelas pessoas do meio da moda como sinônimo de elegância, bom gosto, modernidade e beleza. auto-estima e integração social, e uma situação desagradável é o oposto ao que é desejado. Porém, o jogo de querer a marca, e de ser desejada e não poder ter, faz parte do processo de ser considerada uma marca luxo. Incentiva aos que são clientes a ser fiel a marca, pela exclusividade, e induz aos que não são clientes a desejar ser. Este suporte é peça essencial para o “jogo de desejo”, de maneira que o número de pessoas que conhecem a marca deve ser superior aos que compram, e assim garantir um fator importante do luxo, que é ser exclusiva e para poucos. Na loja D‟Shopping a personalidade da marca é logo identificada pela fachada externa e interna, especificamente sua vitrina e decoração. Apesar de ser uma loja clássica, é elegante e descontraída. A forma de expor a mercadoria é elegante, estantes e mesas de madeira nobre, iluminação indireta, porém ressalta a qualidade dos produtos e da própria loja. Os objetos trazem uma recordação do estilo do consumidor, viajante, aventureiro, que adora descobrir novos lugares, guardando estas experiências na memória. No entanto, a estrutura da loja é de tijolos rústicos, com paredes de tons neutros, e este contraste quebra o ar de ser conhecida como uma loja clássica. Estes contrastes físicos encontrados fazem com que o seu cliente a veja como uma marca elegante, que prioriza o conforto da roupa com a escolha de materiais com toque especial. São listras clássicas, porém discretas, que se renovam a cada estação, além de malhas com lavagens especiais e estampas que remetem ao esporte, à natureza, a viagens. Tudo é disposto pela marca de forma moderna, elegante e descontraída. Estes sinais são reconhecidos como sinais distintivos da marca e representação do meio social em que vive este cliente. São pessoas de alto nível intelectual, cultural, e que já supriram todos os níveis de necessidades primárias e secundárias, pois não gostam de exageros em sua autoexpressão. Algumas vezes, as roupas podem ser analisadas como peças que fogem de modismos exagerados, mas na verdade elas carregam a uma história de vida que é significativa para os que a consomem. São peças clássicas, porém com ar de modernidade, com atributos representativos do estilo de vida proposto pela marca, que reforçam a sua identidade. Esta identidade se transfere para o consumidor através dos meios de comunicação, bem como pelo trabalho de visual merchandising da loja, que passa uma imagem de marca forte e própria. As pessoas fazem uma associação errada no sentido de que o que é clássico é cafona e está distante do moderno. Porém, muitas vezes se enganam, pois o estilo clássico é aquele que pode caminhar lado a lado com a moda, sem se sentir ameaçado pela tendência e vice-versa. Cada marca tem seu produto que deve ser compatível com o estilo e meio social em que seu consumidor vive; não existe mais um critério de bom ou mau gosto, mas de representatividade e reconhecimento que advém da cultura e classe social do consumidor. Quando uma marca tem estilo próprio, tem maior tempo de vida, e por ser inovadora ela recebe uma valorização monetária maior. Vale salientar que as diferença de estilo e identidade das duas lojas, apesar de ter o mesmo cliente de classe alta, é natural quando falamos de marcas de moda. As distinções e similaridades presentes na moda são semelhantes às forças contraditórias de diferenciação e integração que a impulsionam. Estas são determinantes para as pessoas terem atitudes de moda, pois estão relacionados ao gosto e desgosto de origem, e são representativas dos grupos de referência, de associação e de dissociação. Quadro 30 – Comparação dos dois casos quanto à vitrina da loja de moda (cenário físico) D’Rua D’Shopping 3 Vitrinas 3 Vitrinas 3.1 Exposição simples e chic 3.1 Exposição atraente e diferenciada 3.2 Composição harmônica* 3.2 Composição harmônica* Quadro 30: continuação 3.2.1 Roupas atuais* 3.2.1 Roupas atuais* 3.2.2 Bem coordenada* 3.2.2 Bem coordenada* 3.2.3 Harmonia de cores* 3.2.3 Harmonia de cores* 3.2.4 Manequins de qualidade 3.2.4 Manequins variados 3.2.5 Objetos de destaque* 3.2.5 Objetos de destaque* 3.2.6 Produto bem exposto* 3.2.6 Produto bem exposto* 3.3 Correlação entre vitrinas* 3.3 Correlação entre vitrinas* Fonte: Pesquisadora A localização das lojas faz com que as vitrinas tenham propósitos diferentes, e sendo assim, apenas dois pontos são convergentes. A loja D‟Rua procura criar uma vitrina de efeito, pois os carros passam rapidamente, o seu cliente já vai direcionado à loja e procura o seu vendedor. A estrutura física traz amplitude às duas vitrinas, seja na altura, largura e comprimento, e faz com que o conjunto criado tenha que contar histórias, chamar a atenção, ser diferente e atrativo para que o cliente perceba. A loja faz um jogo interessante de produções internas com manequins, aproveitando bem os espaços vazios, e apresentando a mercadoria de várias maneiras e estilos. A loja D‟Shopping procura construir um cenário bem projetado pela equipe de visual merchandising. As construções dos cenários trazem informações sobre a marca, combinando materiais diferentes, que expressam claramente a imagem da marca. O objetivo é persuadir o seu cliente a entrar pela novidade da temática exposta, de maneira que muitas vezes se imaginam dentro daquele cenário. A intenção é seduzir o cliente pela imagem visual, fazendo com que esta imagem se materialize na compra dos produtos. Apesar de as duas marcas atenderem ao mesmo público de classe alta, conseguem comunicar traços de personalidade diferentes. A loja D‟Rua utiliza manequins com expressão e estilo que seguem características de seu consumidor, sofisticado, exclusivo, elegante e moderno. Já a loja D‟shopping procura criar uma vitrina atraente, utilizando materiais inusitados, mas que remetem a descontração da marca. Formam um conjunto bem coordenado com o contexto, que expressam a descontração, casualidade e elegância de seu consumidor. Os resultados encontrados são convergentes no que se refere à composição harmônica, remetendo a uma boa combinação de cores e materiais. Este fator envolve uma escolha de materiais diversos, mas que se combina em características para formar um conjunto único de representação do que é a marca. As cores, os móveis, os displays, os manequins, as produções de moda, contribuem para reforçar a identidade da marca e alimentar o desejo de possuir o produto, na medida em que a vitrina é o resumo do que o consumidor vai encontrar no interior da loja. De maneira que os elementos utilizados pela marca de forma recorrente, mesmo que não sejam iguais, mantêm a essência, e passam a ser reconhecidos mesmo que os produtos estejam sem etiquetas, e que outras marcas tentem copiar. A boa coordenação, que também foi um aspecto convergente, se refere ao jogo de gênero, pois as duas lojas atendem ao público masculino e feminino, e dispõem o produto com coerência, sem separação do todo da vitrina. Desta forma, o cliente, seja homem ou mulher, não se sente excluído do universo da marca. Quadro 31 – Comparação dos dois casos quanto à exposição do produto da loja de moda (cenário físico) D’Rua 4 Exposição do produto 4.1 Exposição organizada* 4.1.1 Boa visualização dos produtos* D’Shopping 4 Exposição do produto 4.1 Exposição organizada* 4.1.1 Boa visualização dos produtos* 4.1.2 Espaço reservado para cada marca 4.1.2 Exposição atraente 4.1.3 Peças bem distribuídas 4.1.3 Exposição por estilos 4.1.4 Separadas por cor 4.1.4 Exposição adequada ao produto Fonte: Pesquisadora Na exposição do produto observou-se que a loja D‟Rua tem o costume de expor pouca peças nas araras, mesas e prateleiras. Isso deixa o cliente menos confuso na escolha, mas pode causar a impressão de que faltam mercadorias. A distribuição de mercadorias deve ser bem dosada para não confundir o cliente. Porém, a raridade traz a sensação de que aquele produto é exclusivo e, logo, mais caro, um produto para aqueles que têm alto poder aquisitivo. O fato de as mercadorias serem expostas por marcas é outro ponto positivo da loja e explorado quando multimarca, pois o cliente vai mais direcionado à marca que quer comprar e não perde tempo. No entanto, existe aquele cliente que quer uma pré-seleção das roupas que combinam com seu corpo e estilo, feita antecipadamente por sua vendedora de confiança. A amplitude da loja sugere a ação da vendedora como uma consultora, que utiliza suas habilidades e maneiras de apresentar o produto para cativar e manter vínculos com o consumidor. A exposição por cor é um elemento importante no processo de escolha, pois as cores transmitem sensações variadas para cada pessoa, e quando muito misturadas tornam o ambiente confuso. Nesta loja existe um jogo de trocar as mercadorias de lugar e assim transformar o em um ambiente novo. Isso para alguns clientes é positivo, mas para outros é cansativo, eles gostam de ter um mapa mental de onde encontrar o que na loja. A loja D‟Shopping utiliza mesas, armários, araras, estantes, de madeira, para expor suas mercadorias. Faz uma segmentação por espaço, de forma que o cliente sempre vai direcionado quando quer encontrar algo. Algumas produções são expostas como modelo internamente e o consumidor fica com uma representação visual, facilitando a escolha dentro do seu gosto e estilo. Pela forma como é exposta a mercadoria, fica fácil de identificar as várias linhas de produto da marca. A seleção de cores é feita por estação, de forma que a marca consegue ter um conjunto bem coordenado e uma sensação agradável, onde tudo está bem visível. Quando o produto está exposto de forma adequada, ou seja, vestidos pendurados, blusas de malha dobradas, leva o cliente a querer tocar e sentir a roupa, isto é importante para o cliente na medida em que o toque está inconscientemente relacionando com a antecipação da compra, além de ser o toque mais um aspecto que informa sobre a qualidade do produto. A exposição do produto tende a classificá-lo internamente, por tipo de produto, estilo, e cor para criar uma ambiência junto com a decoração. De forma que a junção das partes forma um ambiente único, com características próprias que reforçam a identidade da marca. Quadro 32 – Comparação dos dois casos quanto ao Layout da loja de moda (cenário físico) D’Rua D’Shopping 5 Layout 5 Layout 5.1 Boa distribuição do espaço interno* 5.1 Boa distribuição do espaço interno* 5.1.1 Divisão por gênero* 5.1.1 Divisão por gênero* 5.1.2 Divisão por andares e salas 5.1.2 Divisão por estilo 5.1.2 Separação por marcas 5.1.3 Provadores amplos* 5.1.3 Provadores amplos* 5.1.4 Lounges * 5.1.4 Lounges* Fonte: Pesquisadora O layout da loja no varejo de moda é um elemento importante, que dá formato ao ambiente interno da loja na medida em que leva o consumidor fazer uma associação direta com a imagem da marca. Quando trabalhado em conjunto com a decoração, disposição de móveis e displays, iluminação, contribui para criar uma atmosfera agradável a compra. No varejo de moda as lojas multimarcas dividem o espaço em salas menores separadas por divisórias, estantes, sofás, ou mesas, onde expõe a mercadoria por estilos como: esporte fino, social, casual, perfumes, sapatos. As lojas de marca própria procuram fazer um ambiente único e dispor as mercadorias em araras e mesas laterais, porém quando o espaço é amplo, existe a necessidade de utilizar algo que separe o espaço, para que o cliente não se sinta confuso e desorientado. A divisão do espaço por gênero é um ponto em comum e positivo nas duas marcas estudadas. O consumidor se sente mais à vontade para escolher e experimentar as roupas quando o espaço esta voltado para seu gênero. Acaba por facilitar o processo de escolha, em que o homem é mais rápido em suas escolhas do que a mulher. No entanto, vale ressaltar que não devem existir barreiras psicológicas ou físicas de delimitação do espaço, para que o consumidor não sinta constrangimento ao querer escolher uma roupa para o filho ou filha e vice-versa. Os clientes das duas lojas compram no espaço de gênero oposto e se sente confortável quanto à separação. Três aspectos se destacam dos demais no que ser refere aos objetivos do layout. A facilidade de orientação do consumidor no interior da loja, onde pode se deslocar para procurar o que quer sem grandes confusões, com o espaço devendo estar separado por estilo ou marcas. Levando em conta que muitos clientes já têm um mapa gravado na memória sobre o layout da loja e gostam quando o espaço permanece sem alterações. A facilidade em circular no espaço de forma agradável, sem aperto, como se estivesse descobrindo a marca e encontrando novidades na loja, até mesmo na hora em que se dirigem ao caixa. As pessoas não podem sair da loja achando que faltou algo para ver. E por último o espaço lounge como lugar para descansar, tomar um café ou água, ou esperar que um amigo ou parente decida o que comprar, interagindo socialmente. Estes três aspectos anteriores estimulam a compra, como fator positivo. Observa-se que para muitos o processo de escolha de mercadoria é conflitante e um layout facilitador pode levá-lo a permanecer mais tempo na loja e querer comprar mais. O melhor é quando o cliente sai satisfeito com o que comprou e pensando em voltar na loja, pois o ir e o vir dentro do espaço foram prazerosos, pois ele encontrou o que queria e ganhou tempo. Quadro 33: Comparação dos dois casos quanto aos sinais, símbolos e objetos da loja de moda (cenário físico) D’Rua 6 Sinais, símbolos e objetos 6.1Trazer identidade a loja* 6.1.1Objetos representativos* 6.1.2 Atrair o cliente* D’Shopping 6 Sinais, símbolos e objetos 6.1 Trazer identidade a loja* 6.1.1 Objetos representativos* 6.1.2 Atrair o cliente* 6.1.3 Objetos inseridos no contexto Quadro 33: continuação 6.2 Criar atmosfera* 6.2 Criar atmosfera* Fonte: Pesquisadora Os sinais, símbolos e objetos são formas de comunicação não verbal e se tornam um complemento necessário que reforça a comunicação verbal. Sabe-se que no cenário físico os objetos por si só falam, pois estes estão cobertos de valores que refletem a cultura da organização, bem como o estilo de vida do consumidor. Os objetos também possuem características que os fazem parecer com outros de igual valor ou não, e quando se unem formam um conjunto próprio. É o que chamamos de materialidades complementares, como quentes (a lã, o couro, a terra), ou frias (como o vidro, o mármore, o cristal). A loja D‟Rua escolheu materialidades contrastantes em sua construção, abusando de materiais quentes e frios, criando uma decoração moderna, contemporânea e sofisticada. A loja D‟Shopping, utiliza tons terra do branco, passando pelo amarelo e chegando ao marrom, em móveis, paredes, piso e objetos em sua construção que reforçam o ar de descontração, elegância e casualidade. É dessa forma que a escolha dos objetos é um complemento necessário para criar um conjunto coordenado para a experiência de consumo, que conta uma história da marca com originalidade. Estes objetos trazem traços marcários que acabam por informar sobre a personalidade da marca, completando a atmosfera da loja e atraindo o consumidor. Alguns objetos possuem um valor especial para as pessoas, que vai além do seu valor real. O piano, para os clientes da loja D‟Rua, tem um valor agregado dentro da sua cultura, sinônimo de tradição e de cultura musical. A árvore tem o significado de tranqüilidade, de aconchego, e acaba por tirar um pouco do ar contemporâneo reconhecido na decoração na loja. As cadeiras assinadas e usadas pelo arquiteto na decoração da loja têm seu valor reconhecido, que é compartilhado pelos clientes de classe alta que consomem a marca. No caso da Loja D‟Shopping, o barco tem o significado de esporte náutico, o rádio antigo traz a idéia de tempo, que é associado à durabilidade atribuída às roupas da marca, as fotografias remete a viagens, lugares e recordações especiais. Sendo assim, estes objetos símbolos criam um clima e atmosfera propício à compra, por fazerem parte do universo do consumidor que os reconhece e passa mais tempo na loja. Quadro 34 – Comparação dos dois casos quanto à iluminação da loja de moda (cenário físico) D’Rua D’Shopping 7. Iluminação 7. Iluminação 7.1 Tornar o ambiente agradável* 7.1 Tornar ambiente agradável* 7.1.1 Iluminação indireta* 7.1.1 Iluminação indireta* 7.1.2 Iluminação direta* 7.1.2 Iluminação direta* 7.1.3 Realçar a cor do produto* 7.1.3 Destacar o produto* 7.1.4 Discreta* 7.1.4 Discreta* 7.1.5 Aconchegante* 7.1.5 Aconchegante* Fonte: Pesquisadora Os pontos de convergência reforçam os resultados encontrados. A iluminação define o „clima‟ do ambiente, porém para se conseguir o efeito esperado é preciso escolher corretamente o sistema de luz. Os técnicos procuram fazer uma mistura de tipos de iluminação, direta e indireta, para conseguir um equilíbrio entre o efeito de sombra e luz. Isso é necessário para que o consumidor perceba os contrastes e não a quantidade de luz. A iluminação aconchegante foi identificada como fator principal nas duas lojas estudadas. Esta sensação é alcançada pela mistura de contrastes, com iluminação indireta e iluminação focada nos objetos de destaque. Desagrada ao cliente de classe alta uma luz muito clara, pois traz a sensação de estar sendo observados, além de esquentar o ambiente e levar alguns a desistir de ficar na loja. O consumidor quer se sentir como no seu ambiente de casa, privativo e só seu, quer ser recebido em um espaço que traga características do meio em que vive. Por ser polido, prefere uma iluminação intimista, mas que evite se sentir constrangido ao comprar o produto, pois as suas escolhas são criteriosas, nelas estão inclusos os seus valores. A iluminação correta para o cliente de classe alta é discreta, relaxa, além de trazer privacidade, está focada no produto para ressaltar suas qualidades. Outro elemento relevante para o consumidor foi o fato de a iluminação poder modificar as cores do produto e interferir no processo de escolha. Muitos produtos absorvem a luz e modificam a cor quando expostos, causando dúvidas quanto à qualidade percebida. A mistura de intensidade de luz, com tons que vão do branco, amarelo e laranja, traz a sensação de deixar o ambiente mais acolhedor. Este efeito é alcançado quando se consegue focar a luz de formas variadas, nos móveis, objetos, e produtos, e mais difusa nos locais mais abertos, evitando que as pessoas fiquem paradas e estimulando a compra. 5.2 Cenário Social As interações existentes no ambiente da loja de moda poderiam ser identificadas como parte principal do relacionamento entre a marca e os seus clientes, tendo a equipe de vendas como elo principal desse processo. Para cada cenário de serviços existe um papel a ser desempenhado e na loja de moda o vendedor se transforma em consultor, em psicólogo, em mediador da marca, para comunicar a cultura organizacional e identidade da marca. Estamos em uma fase de avanços com relação ao processo de venda. Entender a equipe como vendedores é bem complicado para os clientes de classe alta. Na verdade, o cliente quer ter um encontro significativo de interações verdadeiras e significantes para que sinta vontade de voltar e comprar. Desta forma dentro da imagem visual da loja todos os objetos e todas as pessoas envolvidas que fazem parte do cenário tem sua importância e contribuem para formar a impressão da marca. Quadro 35 – Comparação dos dois casos quanto a equipe de vendas da loja de moda (cenário social) D’Rua D’Shopping 1. Equipe de vendas 1.Equipe de vendas 1.1 1.1 Equipe cordial* Equipe cordial* 1.2 Entrosamento da equipe* 1.2 Entrosamento da equipe* 1.3 Atendimento personalizado 1.3 Atendimento por “rodízio” Fonte: Pesquisadora Apesar de a impressão do cliente ser positiva quanto à equipe de vendas de uma maneira geral, existem pontos que diferenciam as duas marcas quanto ao atendimento do cliente. A loja D‟Rua atende o cliente de forma personalizada, ou seja, o cliente faz questão de ser atendido pelo vendedor, com quem já tem vínculos e empatia. De forma que muitas vezes ele telefona para saber se o seu vendedor vai estar na loja, chegando a marcar horário com ele. Este perfil de atendimento é característico de loja de rua de classe alta e que vende produtos caros e de marca. O cliente tem uma confiança no seu vendedor e quer ter uma consultoria de moda e muitas vezes de vida. Ele vai explicar o que deseja, conta um pouco a sua história e quer ter a segurança de ter um vendedor que o entenda, e o receba com educação e segurança, evitando constrangimentos. No entanto aquelas pessoas que chegam à loja sem um vendedor se sentem fora do ambiente, mas esperam ser acolhidas, apesar de não existir um vínculo criado ao longo do tempo. O cliente em especial analisa a equipe como um todo, e espera uma atitude cordial por parte de todos, como atenção, calor humano, e sinceridade. Na medida em que esses valores são importantes para seus clientes, a marca deve estar atenta, e assegurar que o cliente vai ser recebido da forma esperada. A loja D‟ Rua precisa ter vendedores polidos, que atendam o cliente com simpatia, isto é necessário para trazer novos clientes e cria vínculos com a marca. Querem ter a certeza de ser bem recebidos na sua loja de preferida de forma amigável e cordial, como se estivesse em sua casa, e não sentir que existe preferência em atender determinados clientes. A loja D‟shopping utiliza o ‟sistema da vez„ no atendimento, em que os vendedores fazem um rodízio para atender o cliente, e desta forma não existe a necessidade de um atendimento personalizado como na loja de rua. O cliente se sente bem ao entrar na loja e sabe que a equipe de vendas atende dentro do que é esperado. São atenciosos, prestativos e simpáticos, atendendo dentro do que é solicitado, sem intromissão no gosto do cliente. No entanto, existe toda uma influência do cenário físico de serviços sobre os funcionários e clientes. Desta forma, com o passar do tempo, o vendedor da loja adquire valores culturais e outros que são representativos da marca e estes irão guiar suas ações. Quadro 36 – Comparação dos dois casos quanto à aparência dos vendedores (cenário social) D’Rua D’Shopping 2. Aparência 2. Aparência 2.1 Padrão estético de classe alta* 2.1 Padrão estético de classe alta* 2.1.1 Higiene pessoal* 2.1.1 Higiene pessoal* 2.2 Uso de Fardamento 2.2.2 Produções variadas 2.2.1 Roupas da loja* 2.2.1 Roupas da loja* 2.2.2 Com cor da estação* 2.2.1 Com cor da estação* 2.2.3 Facilidade na identificação 2.2.3 Acompanha o estilo da marca 2.2.4 Discreta sem vulgaridade* 2.2.4 Discreta sem vulgaridade* 2.2.5 Gerentes com produções variadas Fonte: Pesquisadora A aparência física da equipe de vendas da loja vai informar quem é a marca e seu estilo. As roupas da equipe de vendas e produtos da loja estão repletas de valores “marcários”, que são identificados seja pelo toque, pelo brilho, pelo decote, ou preço. Estes são indicativos e informam aos outros sobre quem as vestem, de forma que a aparência dos vendedores é gerenciada de acordo com a identidade da marca e do seu consumidor. Em ambas as lojas existem uma preocupação com o padrão estético da equipe de vendas, que envolve o cuidar do cabelo, unhas, maquiagem, hálito. Estes valores fazem parte da educação doméstica do consumidor e de seu estilo de vida. Para muitos é um cuidado simples, porém, indispensável. O fardamento ou maneira de se vestir no ambiente de trabalho acontece de formas diferentes nas duas lojas. A loja D‟Rua procura manter um padrão de igualdade entre as suas vendedoras, e isto facilita a identificação, pois a loja é ampla. No entanto, a maior parte dos clientes procura um atendimento personalizado e já conhece a sua vendedora; a identificação pela farda fica meio perdida. As roupas iguais trazem a sensação de unidade da equipe, e de que tudo foi organizado anteriormente para receber de acordo com as expectativas do cliente. Esse ponto é positivo para uns e negativo para outros, que preferem que as vendedoras usem produções da loja, e que sejam representativas do estilo da marca facilitando suas escolhas. Porém, vale ressaltar que este cliente quer ter exclusividade quanto ao produto, e se sente mal quando vê a roupa repetida com outros consumidores. Muitos preferem que a vendedora apresente as novidades, trazendo as roupas dos bastidores da loja. Diante de variações de gostos quanto ao fardamento, a loja se posiciona adotando a farda para as vendedoras e pessoal da copa e produções variadas para os gerentes. Na loja D‟Shopping os vendedores se vestem de acordo com o estilo da marca. As produções trazem traços da identidade da marca e na maioria das vezes são peças da loja, desde as roupas até os acessórios. Mesmo vestidos de forma variada, conseguem ter uma aparência condizente com o universo da marca, pela descontração, casualidade, jovialidade, e modernidade. Estes aspectos reforçam a sua imagem quando trabalhado em conjunto com outros aspectos físicos do cenário de serviços, como a decoração, vitrinas, exposição do produto e layout. Quadro 37 – Comparação dos dois casos quanto às maneiras e competências dos vendedores da loja de moda (cenário social) D’Rua D’Shopping 3 Maneiras 3 Maneiras 3.1 Ser educado 3.1 Ser educado 3.1.1 Receber com simpatia* 3.1.1 Receber com simpatia* 3.1.2 Atender com exclusividade 3.1.2 Atender com naturalidade 3.1.3 Ser atencioso* 3.1.3 Ser atencioso* 3.1.4 Deixar o cliente à vontade* 3.1.4 Deixar o cliente à vontade* 3.1.5 Acompanhar até a porta* 3.1.5 Acompanhar o cliente até a porta* 4 Competências 4 Competências 4.1 Ter vocação para a venda* 4.1 Ter vocação para a venda* 4.2 Ser polido 4.2 Ser polido 4.2.1 Ser honesto 4.2.1 Ser honesto 4.2.2 Ser organizado* 4.2.2 Ser organizado* 4.2.3 Ter sensibilidade* 4.2.3 Ter sensibilidade* 4.2.4 Ser sincero* 4.2.4 Ser sincero* 4.2.5 Conhecer o gosto do cliente* 4.2.5 Conhecer o gosto do cliente* 4.2.6 Saber apresentar o produto * 4.2.6 Saber apresentar o produto* 4.2.7 Passar segurança* 4.2.7 Passar segurança* 4.2.8 Ser comunicativo* 4.2.8 Ser comunicativo* 4.3 Ser um consultor de moda* 4.3 Ser um consultor de moda* 4.3.1 Conhecer o perfil do cliente* 4.3.1 Conhecer o perfil do cliente* 4.3.3Informar sobre promoções e novidades* 4.3.3 Informar sobre promoções e novidades 4.3.1 Manter o cliente bem informado* 4.3.4 Manter o cliente bem informado* 4.3.2 Manter relação pós venda* 4.3.2 Manter relação pós venda* 4.3.3 Estar atualizado em moda* 4.3.3 Estar atualizado em moda* Fonte: Pesquisadora Algumas vezes, na entrevista e na análise dos resultados, havia semelhanças na classificação dos resultados relacionados com as maneiras e competências de vendas. A pesquisadora procurou classificar maneiras como a forma de tratar e se dirigir ao cliente, ou seja, atender com proximidade incluindo gestos, forma de falar e se comunicar. Já no caso das competências, foram identificadas como características e habilidades pessoais necessárias e voltadas para a venda. Como é o caso das duas categorias encontradas, ter vocação para a venda e ser um consultor de moda. A equipe de vendas faz parte da fachada da organização e vai atuar como que em papéis predeterminados pelo gestor, tendo em vista comunicar aspectos que reforçam a identidade da marca para o consumidor. A maneira de agir, de falar e se comportar diante do cliente tem como função principal criar uma empatia inicial, que também trás traços de identidade da marca. Dessa forma a equipe de vendas da loja D”Shopping é mais descontraída, fazendo com que o cliente se sinta à vontade ao entrar na loja, do que a equipe da loja D‟Rua, que se apresenta mais formal e cerimoniosa. A impressão formada acerca da equipe de vendas é o resultado da avaliação sobre todos os estágios da interação no ambiente de venda. Vai envolver a maneira como o cliente é recebido, o relacionamento com a equipe de vendas, bem como a simpatia e gentileza para sua avaliação. Na loja D‟Rua já existe uma empatia dos clientes fiéis à marca, que têm um atendimento personalizado. Algumas maneiras são ressaltadas, como atender com exclusividade, pois o cliente não gosta de esperar e dividir o tempo com outra pessoa, e neste caso a loja adota o procedimento de chamar a gerente para auxiliar. Outra maneira é a de deixar o cliente à vontade, não insistindo na venda; muitas vezes isto é cansativo para o cliente de classe alta. Este consumidor se sente discriminado quando existe a preferência em atender algum cliente em especial. O fato de o vendedor acompanhar o cliente até a porta é um ato simpático e de agradecimento pela preferência, pois dessa forma a compra é finalizada com uma gentileza e o cliente se sente atraído pelo atendimento. Pequenos detalhes acabam por encantar e reforçar os vínculos afetivos entre o cliente e a marca. A loja D‟Shopping possui um atendimento informal e natural, de forma que a descontração da marca é notada no atendimento e postura da equipe de vendas. Os vendedores são polidos, gentis, educados, atenciosos, sensíveis, pacientes, e possuem um grau de instrução que facilita a comunicação e interação no processo de venda. Atendem em sistema de rodízio, que agrada a maioria, embora clientes antigos achem que os vendedores mudam muito e preferem quando consegue ter um vendedor constante, que vá conhecendo o seu gosto e estilo. É primordial que o vendedor conheça o ambiente em que o seu cliente vive e fale sobre coisas que são de seu interesse, para que existam trocas significativas que reforcem o relacionamento. Para este cliente que é bem informado quanto à moda, é necessário que o vendedor atenda como um consultor, passando informações específicas sobre as características que agregam valor ao produto, sobre as novidades e produtos novos que chegaram à loja, além de estar atento e bem informado sobre as mudanças de coleções e tendências de moda. Para este cliente o relacionamento pós-venda é importante. 5.3 Cenário de experiências sensoriais Para criar uma atmosfera agradável à compra e reforçar a imagem da marca, alguns aspectos são trabalhados de forma a envolver os órgãos dos sentidos com o objetivo de causar um efeito psicológico no ambiente da loja. Desta forma o visual merchandising procura criar em seu trabalho de ambientação do espaço interno das lojas de moda situações que exploram a visão, o tato, o paladar, o aroma e a audição. Esta mistura de sensações vai criar uma atmosfera de compra que estimula o consumo, causando emoções e fazendo com que o cliente se sinta confortável no interior da loja. Quadro 38 - Comparação dos dois casos quanto a visão, tato, paladar, olfato e audição na loja de moda (cenário de experiências sensoriais) D’Rua 1.Visão (Ver) 1.1 Decoração bem coordenada* 1.1.1 Boa distribuição de cores e objetos* 1.1.2 Boa distribuição dos produtos 1.1.3 Objetos representativos* 2.Tato (toque) 2.1 Antecipação da compra* 2.1.1Conferir a qualidade* 2.1.2Conferir a modelagem* 2.1.3Conferir o toque dos tecidos* 3. Paladar (gosto) 3.1 Parada para conversar* 3.2 Gentileza da loja 3.3 Unir sabor e moda 4. Aroma(cheiro) 4.1 Cheiro de roupa nova 4.2 Cheiro de limpeza 5.Audição (música) 5.1”Clima da loja”* 5.1.1 Música ambiente* 5.1.2 Seleção personalizada* 5.1.3 Descontrai o ambiente 5.1.4 Trás boas recordações 5.1.5 Perde a noção do tempo Fonte: Pesquisadora D’Shopping 1.Visão (ver) 1.1 Decoração bem coordenada* 1.1.1 Boa distribuição de cores e objetos * 1.1.2 Boa distribuição dos produtos * 1.1.3 Objetos representativos * 2.Tato (toque) 2.1 Antecipação da compra* 2.1.1 Conferir a qualidade do produto* 2.1.2 Conferir a modelagem * 2.1.3 Sentir o toque do tecido* 2.1.4 Sentir o conforto da roupa 3.Paladar (gosto) 3.1 Parada para conversar* 3.3 Distrai e relaxa 4. Aroma (cheiro) 4.1 Cheiro personalizado 4.2 Recordação da loja 5.Audição (música) 5.1 “Clima da loja”* 5.1.1 Música ambiente* 5.1.2 Seleção personalizada* 5.1.2 Seleção personalizada* Quando todos os sentidos são aguçados em um ambiente voltado para a venda de produtos de moda, o cliente passa a sentir emoções que são associadas de forma positiva à marca. A mistura das sensações complementa a atmosfera da loja criando ‟o clima para a compra‟. Para sentir a loja como espaço para vivenciar experiências únicas. A loja D‟Rua possui uma decoração sofisticada e contemporânea, que estimula a visão dos clientes. A arquitetura da loja chama a atenção do cliente pela escolha dos móveis e neutralidade, que acrescenta algo positivo a exposição dos produtos. O toque é necessário para este consumidor que gosta de experimentar a roupa antes de comprar, pois este aspecto interfere na sua decisão de compra. A hora do cafezinho é um momento especial. O cliente se distrai e passa a conversar de forma descontraída com o seu vendedor e outros amigos, colocando as ‟notícias em dia„ ou mesmo passando o tempo. Esta gentileza traz a mistura de sensações que envolvem a moda, sabor e prazer. É um toque especial que estimula o consumo, pois neste momento o cliente está sendo convidado à passar mais tempo na loja, degustando um bom café, que faz parte da cultura do brasileiro. Dentro da loja existe um restaurante, no qual todo o cardápio é coordenado por um chefe de cozinha. Este local também é espaço para comemorações dos clientes da loja, que associam a loja a momentos de prazer e criam memórias positivas. O cheiro é um apelo muito especial que deve ser bem dosado. Para muitos a loja que escolhe um aroma personalizado pode correr o risco de incomodar, pois o cheiro é muito pessoal. Esta loja vende um perfume próprio da marca e usa no ambiente da loja um cheiro próprio que envolve limpeza e roupa nova. A música atrai, visto que é selecionada dentro do gosto de seu cliente, com música ambiente, calma, que traz boas recordações. Faz com que o consumidor permaneça na loja e perca a noção do tempo. A seleção das músicas envolve uma experiência a mais com a marca, cria um clima no local de compra que contribui para a atmosfera, além de reforçar os valores e imagem da marca. A Loja D‟Shopping possui um ambiente bem coordenado, que contribui com o sentimento de prazer em viver a vida pelo que é visto no interior da loja. As cores e os objetos compõem a atmosfera da loja, tornando o espaço convidativo. O toque das roupas é um momento especial, esperado pelo cliente da marca; para muitos deles o conforto é um atributo que agrega valor à mercadoria. Gostam de experimentar para sentir o toque e caimento da roupa, como um momento de antecipação da compra, parece que antes mesmo de pagar já sentem o produto. O apelo ao paladar não foi verificado na loja, embora a maioria sinta falta deste momento, atribuindo que relaxa e distrai. Dando uma parada no processo de venda, além de ser uma gentileza da loja para com o cliente, que se sente prestigiado. A loja tem um cheiro próprio que é percebido pelo cliente. Cheiro de algodão e de madeira. Existe também uma seleção de músicas que combinam com o contexto da loja e estilo da marca, personalizando o ambiente e criando um clima agradável. Ao explorar e despertar os sentidos das pessoas no ambiente de venda, o gestor modifica o ambiente, transformando o processo de venda. A atmosfera da loja de moda se completa quando estes sentidos são explorados pelo gestor. O toque confirma o que o consumidor vê, o cheiro acrescenta memórias afetivas, pois é facilmente associado ao paladar, o gosto envolve o olfato, o tato e a visão, e a música completa a atmosfera na medida em que ‟cria um clima„ para que tudo aconteça de forma prazerosa no ambiente da loja. Vale salientar que estes apelos sensoriais podem ser explorados de acordo com a cultura do cliente e localização da loja. Servir um café é do gosto do brasileiro, porém tem maior valor quando acrescido de valores específicos da cultura e estilo de vida do consumidor. A formação de impressão do consumidor de loja de moda de classe alta é influenciada por elementos do cenário físico que comunica quem é a marca para os clientes, na medida em que trazem traços representativos da marca e da cultura, origem e estilo de vida do seu público alvo. O cenário social é o local dos encontros de verdade entre os representantes da marca, vendedores e os clientes, e sendo assim o atendimento deve ser à altura dos valores reconhecidos no meio social em que vivem. O cenário sensorial é o complemento que dar um toque especial, traz a sensação de emoção e prazer à compra e transforma a venda em uma experiência única de consumo. 6 CONCLUSÕES A formação de impressão do consumidor de moda pode dar início a investigações relevantes em áreas afins que envolvem o consumo. A moda é um fenômeno social que faz parte da vida das pessoas e vice – versa. É alvo de estudos na sociedade contemporânea, pois impulsiona as pessoas a querer ter para compartilhar significados em seu meio social, estimulando o consumo. Entender a moda como um sistema que interfere na vida das pessoas e no consumo, é a peça que faltava para aqueles que estão envolvidos, direta e indiretamente em áreas como marketing, comunicação e gestão de pessoas, com o fim de criar estratégias e ações efetivas. Uma pesquisa focada no comportamento do consumidor de moda une a teoria á prática, e alcança resultados favoráveis quando aplicados no varejo de marca de moda. O consumidor investigado possui peculiaridades próprias, que advém da sua origem e estilo de vida. Saber se o ambiente em que vive é compatível com as marcas que consomem, aumenta a possibilidade de acertos, e contribuem para que as marcas se transformem em templos de adoração na medida em que criam o ambiente propício para o ritual de consumo. Ao consumir marcas de moda o cliente adquire algo que vai além do produto em si, visto que envolve a possibilidade de reconhecimento social, distinção, status e poder. Os bens se transformam em objetos de adoração e o ato de consumir pode ser vivido como uma experiência única de consumo da marca. Para se destacar da infinidade de marcas existentes no varejo de moda, cabe aos gestores criar situações que causem impressões significativas para o consumidor que quer atingir, se transformando em memórias afetivas que interferem no processo de formação de impressão. Quando a formação de impressão é positiva, esta marca pode se destacar das demais e fidelizar o cliente a marca. É necessário criar cenários inovadores, com originalidade e elementos que se destaque no cenário físico, social e sensorial na loja de moda. Porém é crucial que tragam traços do cliente e da classe social a que se destina atender. A combinação entre a personalidade da marca e o estilo do cliente, vai atraí-lo, além de agregar valor à marca com uma identidade própria e única. REFERÊNCIAS ALLEN, M. W.; GUPTA, R.; MONNIER, A. The Interactive Effect of Cultural Symbols and uman Values on Taste Evaluation. Journal of consumer research, v. 35, ago. 2008. AMATO, C. P.; DEMETRESCO, S. Vitrina arte ou técnica. São Paulo: Propavit, 2000. ANDERSEN, S. M; COLE, S. W. Do I Know You?": The Role of Significant Othersin General Social Perception. Journal of Personality and Social Psychology. v. 59, n. 3, p. 384399, 1990 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE PESQUISA. 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APÊNDICES APÊNDICE A - Roteiro da entrevista com consumidores das lojas 1.Quanto ao Cenário físico: 1.1 - Qual é impressão que você tem sobre a loja “x”? 1.2 - O que você lembra ou fica na memória quando te pergunto sobre a vitrina da loja “x”? 1.3 - O que você pensa a respeito das vitrines da loja “x” e quais elementos da vitrine fazem você pensar assim? 1.4 - O que você pensa a respeito da exposição do produto, quais elementos lhe faz pensar assim? 1.5 - O que você pensa a respeito do layout da loja “x” e quais elementos lhe faz pensar assim? 1.6 - O que você pensa a respeito dos objetos e quais elementos fazem você pensar assim? 1.7 - O que você pensa a respeito da iluminação, quais elementos fazem você pensar assim? 2. Cenário social: 2.1- Qual é impressão que você tem sobre a equipe de vendas da loja “x”? 2.2 - O que você lembra ou fica na memória quando te pergunto sobre maneiras dos vendedores da loja de moda “x”? 2.3 - O que você lembra ou fica na memória quando te pergunto sobre a aparência dos vendedores da loja de moda “x”? 2.4 - O que você lembra ou fica na memória quando te pergunto sobre a competência dos vendedores da loja de moda “x”? 3- Cenário de experiência sensorial: 3.1 - O que lhe chama a atenção na loja “x”? 3.2- O que você sente que estimula o paladar na loja “x”? 3.3 – O que você sente que estimula o tato na loja “x”? 3.4 - Qual a lembrança que você tem que lhe remete ao cheiro na loja “x”? Qual a importância deste aspecto para você? 3.5 - E sobre o estímulo sonoro, o que você lembra na loja “x”? O que é importante para você quanto à música na loja? APÊNDICE B - Protocolo de Observação 1. Espaço físico da loja de Moda (Observação direta e indireta do cenário) a) Cenário fisico Vitrinas Layout Exposição do produto Sinais, símbolos e objetos Iluminação b) Cenário social Maneiras Aparência Competências c) Cenário de experiências sensoriais Visão Olfato Tato Paladar Audição 2. Procedimentos de coleta de dados Contato com as lojas que atendem os critérios de seleção dos sujeitos da pesquisa, para liberação do campo; Três visitas semanais a cada instituição com duração de 4 horas em turnos diferentes; Utilização de documentos com questões importantes sobre a loja a ser estudada; Utilização de máquina fotográfica para coleta dos dados; 3. Esboço do relatório do estudo de caso Relatório sobre a loja D‟Rua que inclui: ano de fundação, quantidade de funcionários, localização, marcas comercializadas, área da loja, identidade da marca. Relatório sobre a loja D‟Shopping, que inclui: ano de fundação, quantidade de funcionários, localização, produto comercializado, área da loja, identidade da marca. Classificação em tabelas. Fotografias do cenário físico da loja D‟Rua (fatos relevantes para o estudo). Fotografias do cenário físico da loja D‟Shopping (fatos relevantes para o estudo). Identificação de situações importantes para o estudo relacionadas com o gerenciamento de impressão dos dois casos estudados. 4. Questões importantes para o estudo de caso Descrever situações relevantes quanto ao cenário físico da loja D‟Rua; Descrever situações relevantes quanto ao cenário físico da loja D‟Shopping; Descrever situações relevantes quanto ao cenário social da loja D‟Rua; Descrever situações relevantes quanto ao cenário social da loja D‟Shopping; Descrever situações relevantes quanto ao cenário de experiências sensoriais da loja D‟Rua; Descrever situações relevantes quanto ao cenário de experiências sensoriais da loja D‟Shopping; 5. Avaliações do pesquisador Apresentação do relatório da loja D‟Rua com tabulação dos dados. Apresentação do relatório da loja D‟Shopping com tabulação dos dados.