PREFEITURA MUNICIPAL DO CABO DE SANTO AGOSTINHO SECRETARIA DE DESNVOLVIMENTO SOCIAL E PROMOÇÃO HUMANA SECRETARIA EXECUTIVA DE SAÚDE PROTOCOLO DE ACOLHIMENTO E AVALIAÇÃO DE RISCO NA ATENÇÃO BÁSICA SETEMBRO/2006 3 Equipe Organizadora Equipe Gerencial da SESA Antônio Carlos Borba Cabral Bernadete Perez Coelho Danielle Fabiana Pontes Itamar Cassimiro Keyla Kikushi Thatiane Cristhina de Oliveira Torres Equipes de Saúde da Família Alaíce Lamenha Quintela Márcia de Melo Alves Rosalina Campos Mota Catalogação na fonte: Biblioteca do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães/Fiocruz C116p Cabo de Santo Agostinho. Secretaria de Desenvolvimento Social e Promoção Humana. Protocolo de Acolhimento e Avaliação de Risco na Atenção Básica / Secretaria de Desenvolvimento Social e Promoção Humana; Secretaria Executiva de Saúde. — Cabo de Santo Agostinho, 2006. 41f. 1. Acolhimento. 2. Atenção à Saúde. 3. Programa de Saúde da Família. I. Título. II. Cabo de Santo Agostinho. Secretaria Executiva de Saúde. CDU 614.39 4 PREFEITO Luiz Cabral de Oliveira Filho VICE-PREFEITO José Ivaldo Gomes SECRETÁRIO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E PROMOÇÃO HUMANA Antônio João Dourado SECRETÁRIO EXECUTIVO DE SAÚDE Antônio Carlos B. Cabral CHEFE DE GABINETE Heráclito Santos Chagas Filho ASSESSORA ESPECIAL Bernadete Perez Coelho ASSESSORA TÉCNICA Aristéia Viegas e Santana GERENTE DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DA INFORMAÇÃO Sátva Asfora Medeiros GERENTE DE ATENÇÃO Á SAÚDE Débora Vilela Garcia Moura GERENTE DE ATENÇÃO BÁSICA Alessandra Wladyka Charney GERENTE DE VIGILÂNCIA À SAÚDE Cleonice Gomes da Silva GERENTE DE PROMOÇÃO À SAÚDE Marcos Roberto Andrade de Melo GERENTE DE RECURSOS HUMANOS Geórgia Maria de Albuquerque 5 6 Sumário Apresentação Página 09 1. Princípios Gerais 11 2. Recomendações gerais para a enfermagem no acolhimento com avaliação de risco no atendimento individual 12 3. Casos de Situação / Queixa (de I a XX) I. Diarréia II. Náuseas e Vômitos III. Sintomas Respiratórios IV. Crise de Bronquite V. Cólica Menstrual VI. Dor de Cabeça VII. Dor nas Costas / Lombalgia VIII. Dor na Barriga IX. Dor na Perna X. Lesões na Pele XI. Olhos Vermelhos XII. Contusões XIII. Picadas de Insetos XIV. Paciente em Crise de Choro XV. Insônia XVI. Paciente poliqueixoso XVII. Dor de Garganta XVIII. Febre no Adulo XIX. Dor no Peito XX. Pressão Alta 13 13 14 15 16 17 17 18 19 20 21 23 24 25 25 26 27 28 29 30 31 4. Modelo para anotações em Prontuário no Atendimento de Enfermagem 4.1 Orientações Gerais 4.2 Anotações que devem ser feitas no atendimento individual de enfermagem 32 5. Bibliografia 33 Anexos 35 Anexo I – Ficha de Avaliação Neurológica – Tabela de Glasgow Anexo II – Localização mais freqüente da dor na Isquemia Miocárdica Anexo III – Regiões do Corpo Humano 32 32 37 39 41 7 8 APRESENTAÇÃO Com o objetivo de qualificar a atenção à saúde no município do Cabo de Santo Agostinho vários instrumentos, dispositivos e arranjos institucionais estão sendo utilizados enquanto estratégia de mudança. O protocolo clínico-assistencial é um importante dispositivo para pactuação de condutas, atualizações clínicas, revisão da padronização de medicamentos e material médico-hospitalar, para definição de processos de trabalho em equipe e para estabelecimento de uma referência e contra-referência menos burocrática e com mais responsabilização. Não temos o objetivo de padronizar condutas sem considerar que cada sujeito tem sua singularidade, ao contrário disso queremos que as equipes possam trabalhar compondo projetos terapêuticos singulares e projetos de intervenção também singulares nas comunidades. Isso quer dizer que a vida não pode ser prevista em manuais de medidas, condutas e protocolos clínicos. Isso quer dizer que as equipes precisam lançar mão da criatividade, da discussão permanente de casos e projetos terapêuticos e da inclusão da eventualidade no cotidiano do trabalho. A proposta de clínica ampliada1 em equipes de saúde da família precisa considerar a construção de vínculo, o responsabilizarse pela saúde da população de uma microrregião e o encarregar-se de casos singulares. Essa é uma contribuição para o trabalho das equipes de saúde da família e, portanto, da rede municipal de saúde. Essa é uma contribuição para o fortalecimento de uma rede de atenção integral. Essa é uma contribuição para a permanente defesa da vida em nosso trabalho na saúde. Antônio Carlos Borba Cabral Secretário Executivo de Saúde Bernadete Perez Coelho Assessoria Especial da Secretaria Executiva de Saúde 9 10 1. Princípios Gerais Acolhimento e Responsabilização são conceitos muito ligados e amplos, que exigem mudança de postura em todo o sistema de saúde, para receber os casos e responsabilizar-se de modo integral por eles. Acolher é receber bem, ouvir a demanda, buscar forma de compreendê-la e solidarizar-se com ela. Desenvolver formas adequadas de receber os distintos modos como a população busca ajuda nos serviços de saúde, respeitando o momento existencial de cada um sem abrir mão de pôr os limites necessários. Além dessa concepção ampliada e que deve orientar a gestão de todo SUS, o tomaremos também enquanto conceito restrito: no de garantir ACESSO, qualificando a recepção das Unidades de Saúde (Campos, 2003). Esse Protocolo foi escrito com base nas necessidades das equipes de saúde da família e outras equipes da atenção básica, bem como na percepção e proposta da gestão em instituir algumas mudanças na organização da rede de atenção à saúde no Cabo de Santo Agostinho. Ele parte portanto da realidade local e da experiência e modo de organização da equipe, considerando a importância dos diferentes saberes e práticas dos diferentes profissionais de saúde. Seu objetivo é contribuir para o acolhimento, a triagem e a classificação de risco no cotidiano das equipes, incluindo essas atividades em suas dinâmicas de trabalho e organização das ações. A recepção deverá ser técnica e não administrativa, permitindo a avaliação clínica dos casos durante todo o horário de funcionamento do serviço. Algumas tarefas importantes: 1. Avaliar risco e necessidades de saúde caso a caso; 2. Resolver os casos conforme complexidade e capacidade do técnico serviço; 3. Resolver os casos na própria unidade conforme gravidade ou encaminhar para prontosocorro, serviço de referência da rede municipal ou outro serviço, responsabilizando-se pelo sucesso do encaminhamento; 4. Cadastrar pacientes/famílias ainda não matriculadas e que pertençam à região de cobertura da equipe; 5. Desenvolver ações preventivas e de educação em saúde (tuberculose, hanseníase, prevenção de câncer, vacinas etc). A partir dele estaremos realizando treinamentos de toda a equipe de enfermagem e adotando a estratégia da educação permanente para todos os profissionais da rede de saúde. O trabalho dos auxiliares de enfermagem pressupõe, além disso, supervisão permanente das enfermeiras e retaguarda médica. 11 Os textos seguirão sempre a seguinte seqüência: SITUAÇÃO QUEIXA O QUE INVESTIGAR O QUE A NFERMAGEM PODE FAZER QUANDO CHAMAR O MÉDICO Não há intenção de se chegar a diagnósticos, mas sim de criar um instrumento para avaliar os problemas mais comuns da triagem, acolhendo os usuários, classificando o risco e oferecendo soluções possíveis, com segurança para o paciente, agilidade para o serviço e uso racional dos recursos disponíveis. 2. Recomendações gerais para a enfermagem no acolhimento com avaliação de risco no atendimento individual 1. Esse protocolo é para inclusão dos usuários com queixa aguda, o usuário eventual e na avaliação de risco da primeira consulta. Essas são ações a serem incluídas na rotina de atendimento das equipes, como ocorre no atendimento programático. 2. Nos casos aparentemente de URGÊNCIA é fundamental manter a calma e obter do paciente e de seus acompanhantes o maior número de informações possível. 3. A escuta com qualidade é fundamental para uma boa avaliação e acolhimento. 4. Preocupe-se em primeiro lugar em acolher, acomodar, um paciente que chega em sofrimento agudo, isso tranqüiliza os acompanhantes, dá segurança e facilita seu trabalho. 5. A equipe de enfermagem nas nossas unidades são todas constituídas de profissionais com a formação especifica. Utilize seus conhecimentos antes de pensar em chamar o médico. 6. Nosso atendimento é por ordem de chegada ou hora marcada na rotina. A urgência ou quem está em sofrimento agudo obviamente tem prioridade até ser avaliada e atendida sua necessidade de saúde. 7. O paciente que chega agressivo deve ser abordado com competência profissional por toda a equipe, do guarda ao médico. Uma técnica muito eficaz e preventiva é levá-lo imediatamente a uma sala onde você possa, demonstrando calma, interesse e segurança, convidá-lo a sentar-se e a colocar o seu problema. A equipe de enfermagem deve ser chamada para ajudar nessa abordagem sempre que possível. A postura de "responder na mesma altura", é a mais inadequada e anti-profissional possível. Muitos dos pacientes que chegam agressivos e ofendendo os funcionários querem "platéia", querem demonstrar força, quando convidados a sentar-se numa sala 12 para colocar seu problema, se desarmam com mais facilidade. 8. Nunca dispense um paciente com traumatismo do balcão na entrada. Mesmo que o ferimento seja aparentemente muito leve o paciente deve ser levado até a sala de procedimentos e orientado sobre cuidados de higiene e investigado sobre a vacinação antitetânica. Da mesma forma os pacientes com traumas e suspeita de entorse ou fratura não podem ser dispensados da recepção e orientados para ir ao pronto socorro. Devem sim, ser investigados, receber medicação analgésica se for o caso e encaminhados por escrito pelo médico. Na falta de médico na unidade a enfermagem pode fazer o encaminhamento e a prescrição de acordo com protocolos clínicos e portarias municipal e nacional. 9. O paciente de tuberculose e hanseníase jamais deve ficar sem medicação e sem o atendimento de sua equipe. 10. Havendo médico na unidade nenhum caso de URGÊNCIA deve ser dispensado sem avaliação, independentemente do número de consultas que o médico realizou. Isso caracterizaria "omissão de socorro". 11. Esse protocolo tem também o objetivo de ampliar acesso, ampliar as portas de entrada para a rede de saúde, de estabelecer fluxo adequado para as especialidades e de estabelecer rotina de acolhimento. 3. Casos de Situação / Queixa I – SITUAÇÃO / QUEIXA: DIARRÉIA O QUE INVESTIGAR Quando começou? Quantas vezes evacuou nas últimas horas? Qual o aspecto das fezes? O paciente tem vômitos associados? Quantas vezes? O paciente tem febre? (Vômitos associados aumentam o risco de desidratação). O paciente comeu algum alimento que possa ter feito mal? Em caso positivo identifique onde o paciente se alimentou e se há outras pessoas com os mesmos sintomas. Em caso de ser identificada uma toxi-infecção alimentar há necessidade de notificação se a refeição se deu em ambientes coletivos (escolas, fábricas, etc.) ou em estabelecimentos comerciais. Avalie o estado geral, sinais de desidratação e dados vitais. O QUE A ENFERMAGEM PODE FAZER Aplicar a estratégia do AIDPI. 13 Lembrar que a diarréia aguda é doença auto-limitada e o único tratamento necessário é manter o paciente hidratado e orientado sobre a dieta, que deve ser leve e sem fibras. Oriente o uso do soro oral. No caso em que o paciente, principalmente crianças, recusa o soro, porém está se alimentando e tomando líquidos não há motivos para preocupação. Esclareça a mãe sobre isso. O aleitamento materno deve ser mantido para as crianças que ainda mamam no peito. Aproveite para informar ao paciente sobre o caráter auto-limitado da diarréia e o grau de autonomia que ele pode ter em relação a ela. No caso de trabalhadores (as) avalie a necessidade de atestado para o afastamento do trabalho. No primeiro dia da diarréia aguda a maioria das pessoas não conseguem trabalhar. Se for necessário discuta o caso com o médico e solicite sua avaliação quanto ao atestado. Oriente o paciente a retornar se necessário. QUANDO CHAMAR O MÉDICO Recém-nascidos na impossibilidade de aplicação do AIDIPI. Idosos com febre associada. Presença de vômitos muito freqüentes. Duração de mais de três dias sem sinais de melhora. Presença de sinais de desidratação: boca seca, olhos fundos, turgor pastoso da pele. Nas crianças pequenas, choro sem lágrimas e depressão da fontanela. II – SITUAÇÃO / QUEIXA: NÁUSEAS E VÔMITOS O QUE INVESTIGAR Quantas vezes o paciente vomitou? Avalie se é um quadro que está se agravando ou se estabilizando. Avalie se há associação com outros sintomas como: febre, diarréia, lesões de pele, ingestão de alimentos suspeitos. Pergunte ao paciente se ele faz uso de alguma medicação. Investigue especificamente uso de digitálicos e anti-inflamatórios. Investigue uso de bebida alcoólica. Há possibilidade de gravidez? Há presença de sangue no vômito? Sangue vivo ou borra de café? Nas crianças menores investigue se o vômito ocorre junto com sintomas respiratórios. É muito freqüente na criança a associação de vômitos aos acessos de tosse. Dados vitais. 14 O QUE A ENFERMAGEM PODE FAZER Em geral, os vômitos como sintoma isolado, ocorrem por intolerância a algum alimento. Se o estado do paciente é bom e não há sinais de desidratação o tratamento é dieta leve e hidratação oral. Nos vômitos associados à diarréia proceder como no ítem DIARRÉIA. Nos vômitos associados ao início da gravidez proceder de acordo com o protocolo específico da Atenção à Saúde da Mulher. Na associação com os sintomas respiratórios na criança avaliar o quadro geral do paciente. QUANDO CHAMAR O MÉDICO Se houver febre associada. Se o estado geral do paciente está comprometido ou se há sinais de desidratação. Se houver história de trauma crânio encefálico. Se houver cefaléia associada. Se o sintoma estiver aumentando de intensidade. Se houver presença de sangue no vômito. Se houver dor abdominal associada. Se o paciente toma digitálico ou outra medicação que possa ser associada ao sintoma. III – SITUAÇÃO / QUEIXA: SINTOMAS RESPIRÁTORIOS (TOSSE, CORIZA OU NARIZ ENTUPIDO E DOR DE GARGANTA) O QUE INVESTIGAR Quando começou? Há febre associada? De quantos dias? Há dispnéia, dificuldade respiratória de qualquer ordem? Há cefaléia associada? Avaliar estado geral e se há lesões de pele. Despir o tórax do paciente e realizar a ausculta pulmonar. Dados vitais. O QUE A ENFERMAGEM PODE FAZER NA ESTRATÉGIA AIDIPI E DEMAIS COISAS A REALIZAR Se o estado geral é bom, não há dispnéia e a febre tem duração de menos de três dias a enfermagem deve proceder na estratégia AIDIPI. Nos demais casos realizar condutas básicas: hidratação, desobstrução das narinas com soro fisiológico, vapor caseiro, repouso relativo. 15 QUANDO CHAMAR O MÉDICO Se houver dispnéia nos maiores de 5 anos. Cefaléia intensa. Lesões de pele (exantema). Prostração. Prolongamento da febre por mais de três dias. Dor à compressão de ossos da face. Dor de ouvido. OBS.: 1. TOSSE PRODUTIVA HÁ MAIS DE 15 DIAS = BACILOSCOPIA DE ESCARRO 2. TOSSE COMO SINTOMA ISOLADO APÓS QUADRO GRIPAL É FREQUENTE E PODE SE ESTENDER POR MUITO TEMPO. O PACIENTE PRESSIONA POR XAROPES QUASE SEMPRE. ORIENTE-O QUE NÃO HÁ INDICAÇÃO. ORIENTAR MEDIDAS CASEIRAS. IV – SITUAÇÃO / QUEIXA: CRISE DE BRONQUITE (CRISE ASMÁTICA) O QUE INVESTIGAR Quando começou? O paciente já tem diagnóstico estabelecido de ASMA (para os pacientes= a "bronquite")? Está tomando alguma medicação? Dose e freqüência da medicação. Observar se há dispnéia, esforço expiratório, respiração ruidosa, tiragens. Observar o estado geral do paciente: palidez, cianose, agitação, prostração. Aferir PA, temperatura, pulso. O QUE A ENFERMAGEM PODE FAZER Se o estado geral não está comprometido tranqüilize o paciente, seus acompanhantes e encaminhe ao médico. A maioria de nossos pacientes asmáticos é conhecida e tem registro de tratamentos anteriores no prontuário. Isso possibilitará que o médico oriente repetir uma inalação até que termine outra consulta e possa ver o paciente. QUANDO CHAMAR O MÉDICO Sempre que houver uma CRISE DE ASMA. 16 V – SITUAÇÃO / QUEIXA: CÓLICA MENSTRUAL O QUE INVESTIGAR Houve atraso menstrual ?( é necessário descartar abortamento). A paciente sempre tem cólicas? Já tomou alguma medicação? O fluxo é normal no aspecto e na quantidade? Aferir PA e temperatura. O QUE A ENFERMAGEM PODE FAZER Orientações Domiciliares: Acomode a paciente em decúbito lateral. Coloque bolsa de água quente sobre seu abdômen. Avalie se há necessidade de atestado/declaração para afastamento o trabalho nesse dia. Se for necessário leve o caso ao médico. Caso não tenha havido melhora administre um comprimido de hioscina, via oral. A guarde 30 a 40 minutos. Se a paciente melhorou, libere para casa com orientações, para que ela tenha autonomia de uma próxima vez. QUANDO CHAMAR O MÉDICO Se houver fluxo menstrual importante e as cólicas forem muito intensas (possibilidade de abortamento). Se houver sangramento muito intenso (hemorragia). Se a paciente estiver com dor muito intensa e as medidas adotadas pela enfermagem não trouxerem alívio. VI – SITUAÇÃO / QUEIXA: DOR DE CABEÇA O QUE INVESTIGAR Quando começou? É um sintoma recorrente? A cefaléia está associada com outros sintomas como: febre, sintomas respiratórios, vômitos, etc. Como é a cefaléia? Na cabeça inteira? De um lado só? Na nuca? Atrás dos olhos? O aparecimento da cefaléia tem relação com que? Fatores psicológicos? Estresse? Período do ciclo menstrual? Aferir PA e temperatura. 17 0BS.: 25% das cefaléias são do tipo ENXAQUECA. 25% estão associadas a infecções virais e bacterianas. Nos outros 50% a grande maioria está relacionada com tensão associada a distúrbios emocionais. Apenas 1% está relacionada a doenças intracranianas e Hipertensão Arterial. O paciente, porém, tem nessas últimas causas a sua maior preocupação. O QUE A ENFERMAGEM PODE FAZER Identificar se é um sintoma agudo e inusitado ou um sintoma recorrente. Se está relacionada com outros sinais e sintomas (febre, infecções respiratórias, hipertensão arterial sistêmica, ansiedade, fatores psicológicos) . Se a cefaléia se associa a outros sinais de alarme: sinais neurológicos, vertigem, alteração da visão,etc. Se o sintoma é recorrente e não há sinal de alarme pode ser prescrito Paracetamol e já agendar consulta médica para uma melhor pesquisa diagnóstica. É aconselhável que o paciente faça repouso, pensando que a maioria das cefaléias é de origem tensional. QUANDO CHAMAR O MÉDICO Se Se Se Se a a a a cefaléia cefaléia cefaléia cefaléia estiver associada a sinais neurológicos. estiver associada a outros sinais e sintomas. é um sintoma muito agudo e inusitado para o paciente. é localizada em região retro-orbitária ou em ossos da face. VII – SITUAÇÃO / QUEIXA: DOR NAS COSTAS / LOMBALGIA O QUE INVESTIGAR Há quanto tempo o paciente apresenta o sintoma? O paciente tem doença de coluna já conhecida? Qual a localização precisa da dor? Região lombar; flancos; unilateral; tem irradiação para membros inferiores; há um ponto da coluna vertebral especialmente dolorido? Há sintomas respiratórios associados? Há sintomas urinários associados? A dor foi desencadeada por esforço físico ou movimento brusco? Qual a profissão do paciente? Qual sua posição enquanto trabalha? Faz esforço contínuo ou repetido? Como é o colchão de sua cama? Solicitar ao paciente que descubra totalmente o tórax. Observá-lo sentado e em pé. Observe: assimetria da musculatura do dorso; assimetria dos ângulos das omoplatas. Percorra com o dedo indicador fazendo leve pressão a coluna vertebral do paciente. Verificar PA, temperatura e pulso. 18 O QUE A ENFERMAGEM PODE FAZER Se a dor é leve e está relacionada com esforço físico ou hábitos posturais (o que abrange a maioria dos casos de dor lombar) oriente o paciente a fazer repouso por dois dias e usar calor local. Se necessário a enfermagem deverá encaminhar ao médico para avaliação e uso de analgésico ou anti-inflamatório Oriente sempre o paciente sobre hábitos posturais, tipo de colchão e exercícios físicos. (ANEXO) QUANDO CHAMAR O MÉDICO Se o paciente apresenta dor nas costas associada a sintomas respiratórios, sintomas urinários e febre. Se a dor for moderada ou intensa, impedindo o paciente de andar normalmente. Se houver um ponto especialmente doloroso à pressão do dedo sobre a coluna. Se houver assimetria na musculatura, dos ângulos da omoplata ou deformidade visível da coluna vertebral. Se a dor é de localização indefinida e o paciente tem antecedentes de doença isquêmica do coração. Se for necessário afastamento do trabalho. VIII – SITUAÇÃO / QUEIXA: DOR NA BARRIGA (DOR ABDOMINAL) O QUE INVESTIGAR Há quanto tempo começou e com que sintomas está relacionada? Tem caráter recorrente ou é a primeira vez que o paciente apresenta o sintoma? Tem sintomas urinários (disúria, polaciúria, hematúria)? Tem sintomas gastrintestinais (azia, náuseas ou vômitos, mudanças de hábitos intestinais)? Tem queixas ginecológicas associadas? Há atraso menstrual? É dor em cólica ou em pressão continua? Peça ao paciente para localizar bem a dor apontando com o dedo: é dor difusa em todo abdomen; é no hipocôndrio direito/esquerdo; fossas ilíacas; epigástricas; supra-púbica? Verifique PA; temperatura. Deite o paciente na maca, descubra o abdomen e tente palpá-lo. Veja se o abdomen apresenta-se flácido, permitindo a palpação profunda ou se está contraído em defesa reflexa da dor. Tente perceber se existe alguma anormalidade como aumento de tamanho do fígado e baço, ou massas palpáveis. O QUE A ENFERMAGEM PODE FAZER A dor abdominal difusa e pouco intensa está com freqüência, relacionada com constipação intestinal. Salvo casos bem raros, a constipação está por sua vez relacionada a hábitos alimentares inadequados, sedentarismo e falta de tempo para ir ao banheiro. Se o caso é compatível com essa causa e não houver nenhum outro 19 sinal ou sintoma de alarme a enfermagem está habilitada a orientar o paciente. A conduta básica é: dieta rica em fibras (alertar o paciente que leva uma e duas semanas para fazer um efeito satisfatório); caminhadas regulares e não protelar a ida ao banheiro quando "der vontade". É aconselhável ir ao banheiro sempre no mesmo horário para criar um hábito regular. Informe o paciente que nenhuma medicação é mais eficaz do que essas medidas absolutamente necessárias. A dor epigástrica pode ocorrer também associada ao estresse ou presença de gases no intestino. O relaxamento e uso de chás caseiros, sem açúcar, e não muito quente trazem alívio ao paciente. A azia / queimação pode aparecer eventualmente associada à ingestão de alimentos muito concentrados ou condimentos (bolo, biscoitos, massas, etc). Nesse caso a orientação deve ser a de manter o tórax elevado em relação ao abdômen, para evitar refluxo do conteúdo do estômago. A orientação sobre os alimentos que causam azia é fundamental. QUANDO CHAMAR O MÉDICO Se o abdômen do paciente estiver contraído em reflexo de defesa da dor. Se houver sintomas urinários associados (disúria, polaciúria, urgência urinária, modificação da cor da urina). É muito freqüente que os pacientes relatem que a urina está "muito amarela" ou "quente" sem que isso reflita qualquer alteração objetiva. Se houver vômitos relacionados ao aparecimento da dor. Se houver febre associada. Se a dor for muito intensa ou aguda. Se houver atraso menstrual e possibilidade de gravidez. Se a dor for localizada em fossa ilíaca direita (possibilidade de apendicite, maior incidência em escolares, adolescentes e jovens). Se houver corrimento ou metrorragia (possibilidade de anexite ou abortamento). IX – SITUAÇÃO / QUEIXA: DOR NA PERNA O QUE INVESTIGAR Avaliar a intensidade e o tempo de duração. Verificar se o paciente tem varizes. Verificar se há edema. Verificar se a temperatura da pele é igual nas duas pernas. Verificar se há ferimentos e hiperemia. Há relação com exercício físico intenso? O paciente é fumante; diabético tem outra doença crônica associada? A dor é localizada em articulações? O paciente veio andando normalmente ou está mancando? Houve algum tipo de trauma? Verifique PA, temperatura. 20 O QUE A ENFERMAGEM DEVE FAZER Pacientes idosos, obesos, com varizes em membros inferiores tem dor nas pernas que costuma ser mais intensa no final do dia. Nesses casos e enfermagem deve orientar repouso com as pernas em decúbito elevado, durante 15 minutos a meia hora, várias vezes ao dia. Essa medida visa facilitar o retorno venoso e diminuir edemas. A dor muscular difusa nas pernas pode também melhorar muito com o relaxamento da musculatura. Repouso e massagens são medidas que aliviam muito. Você pode aconselhar o paciente a fazer massagens na sua própria perna ou orientar um familiar (estimular o auto-cuidado). QUANDO CHAMAR O MÉDICO Se Se Se Se Se Se Se Se a dor for muito intensa impedindo o paciente de andar normalmente. o paciente for Diabético ou Hipertenso Grave. o paciente for tabagista crônico. houver sinais inflamatórios (calor, hiperemia). a dor for localizada em articulações. houver assimetria de membros inferiores. houver febre ou nódulos sub-cutâneos (eritema nodoso). a perna estiver hiperemiada e quente (erisipela). X – SITUAÇÃO / QUEIXA: LESÕES NA PELE (MÁCULAS, PÁPULAS, PLACAS ERISTEMATOSAS) O QUE INVESTIGAR Há quanto tempo apareceram as lesões? São lesões recorrentes ou apareceram pela primeira vez? Localização das lesões: qual a parte do corpo atingida? Área exposta ao sol? Área de contato com algum tipo de tecido ou objeto do vestuário? Existem outros sintomas associados: febre; sintomas respiratórios? O paciente está usando alguma medicação? Usou alguma substância sobre a pele? Entrou em contato com substâncias potencialmente alergênicas? Teve contato com pessoas com os mesmos sintomas? Verifique sinais vitais do paciente. O QUE A ENFERMAGEM PODE FAZER Identificar brotoejas (miliária) na criança: máculas puntiformes eritematosas, que atingem as regiões mais úmidas de suor, aparecem mais no verão e quando a mãe usa excesso de roupas. A orientação para esse caso é de banhos mais freqüentes, uso de roupa adequada ao clima quente e "maizena", como talco nas áreas mais afetadas. É fundamental esclarecer a mãe sobre a causa par que ela tenha autonomia para resolver o problema na próxima vez. 21 Identificar "assaduras" (dermatite de fraldas). Orientar os cuidados: troca freqüente das fraldas; exposição da região afetada ao sol por alguns minutos, aumentando gradualmente até no máximo 30 minutos e em horário apropriado; manter por algum tempo a criança sem fraldas; não utilizar lenços umedecidos. Orientar uso de sabão neutro nas fraldas de pano; lavar o períneo a cada troca. A pomada de Óxido de Zinco disponível em nossa farmácia pode ser prescrita pela enfermagem, mas ela não substitui os cuidados de higiene. Identificar picadas de pernilongo e picadas de carrapato. As orientações a serem dadas nesse caso são: lavar a pele várias vezes ao dia para aliviar a coceira e evitar infecção, cortar sempre as unhas das crianças. No caso dos pernilongos proteger as crianças com mosquiteiros enquanto dormem. Se as lesões forem muito extensas e pruriginosas solicitar a avaliação do médico quanto a necessidade de prescrever um anti-histamínico oral. Identificar escabiose: lesões micro-papulares, escoriadas pela coçadura, atingindo a região interdigital, axilas, nádegas, abaixo das mamas e abdomen. Altamente pruriginosas. Com freqüência atingem várias pessoas da família. As medidas a serem adotadas são: monossulfiram em todo o corpo após o banho, com a pele ainda úmida. Usar por três dias seguidos. Tratar todos os familiares sintomáticos ao mesmo tempo. Orientar a trocar toda a roupa do corpo após o banho. Tirar toda roupa da cama pela manhã e deixá-la ao sol, sacundindo bem. O ácaro que causa a doença é eliminado com o uso da medicação, mas as lesões de pele levam um tempo para desaparecer. O uso mais prolongado da medicação só irá ressecar mais a pele, provocando mais prurido e cronificando lesões. Pacientes com lesões antigas, crônicas, podem aguardar consulta médica agendada. 0BS: O Benzoato de Benzila é eficaz, mas altamente tóxico e não deve ser usado sem diluição em crianças menores de 5 anos. QUANDO CHAMAR O MÉDICO Se as lesões de pele estiverem associadas a outros sintomas e comprometimento do estado geral. Se o aparecimento foi súbito e/ou associado ao uso de medicação, alimento, ou substâncias químicas que o paciente não está acostumado. Se as lesões de pele estão associadas à doença ocupacional. Se houver sinais de infecção secundária nas lesões. Nas dermatites das fraldas que podem estar complicadas com infecção por monília. Nesse caso há história de "sapinho", as lesões atingem o interior das dobras da pele e pode haver áreas de erosão da pele. LEMBRE-SE: Pacientes com lesões crônicas, de evolução arrastada, devem ter sua consulta médica agendada. 22 XI – SITUAÇÃO / QUEIXA: OLHOS VERMELHOS O QUE INVESTIGAR Há quanto tempo o paciente apresenta o sinal? Há secreção purulenta? Ou quando amanhece os olhos estão grudados? Teve algum contato com substâncias que possam causar alergia? Há edema de pálpebra? Se o paciente é criança ou adolescente freqüenta escola ou creche? Sabe de casos semelhantes? Apresenta dor ocular? No verão o problema aparece muito associado com a permanência em piscinas. Pergunte se é esse o caso. O QUE A ENFERMAGEM PODE FAZER Se o problema apareceu a menos de três dias, não há secreção purulenta, nem edema de pálpebra, nem dor, apenas hiperemia de conjuntiva e prurido é muito provável que o paciente esteja com uma reação alérgica. Nesse caso lave bem os olhos do paciente com soro fisiológico, oriente a usar compressas frias sobre os olhos - forneça gaze esterilizada para isso. Caso não melhore em 24 horas oriente retornar ao serviço e passar por avaliação médica. Se houver secreção purulenta o paciente deve estar com conjuntivite, com infecção bacteriana. Nesse caso oriente a lavar os olhos com água corrente até que estejam limpos de secreção e a utilizar soro fisiológico gelado. Lavar bem as mãos com água e sabão e não enxugar os olhos em toalha de pano. O ideal é usar toalha de papel descartável. Solicite retorno se não houver regressão dos sintomas em 48 horas. Se o paciente é criança de creche ou escola notifique o caso à vigilância à saúde. QUANDO CHAMAR O MÉDICO Se Se Se Se Se Se o caso tem duração de mais de uma semana. houver dor associada. o paciente já usou algum colírio antes de vir ao serviço. houve contato com substância irritante no trabalho. houver suspeita de corpo estranho no olho. houver edema de pálpebra. 0BS: Os recém-nascidos podem apresentar conjuntivite química pela medicação usada para prevenir a infecção por gonococo. O tratamento nesse caso é apenas limpeza freqüente com algodão embebido em água previamente fervida. Deve ser solicitado retomo em 48 horas se não houver melhora. Se houver secreção purulenta abundante encaminhe para o médico. 23 XII – SITUAÇÃO / QUEIXA: CONTUSÕES O QUE INVESTIGAR Qual a parte ou partes do corpo que foram atingidos? Cabeça? Membros? Tórax? Abdômen? Que sintomas gerais ocorrem? Tontura, cefaléia, vista embaçada, palidez? Há quanto tempo ocorreu a contusão? Há lesões superficiais? Escoriações/hematomas? Há limitação de movimentos? Há edemas? O paciente veio andando sozinho? Interrogue o paciente sobre como ocorreu o acidente. Tente identificar maus tratos na criança/ no idoso/ violência contra a mulher / acidente de trabalho. Avalie sinais vitais. Examine o paciente despido na região afetada. No caso de quedas, atropelamento e acidentes que possam ter atingido várias partes do corpo, examine o paciente por inteiro e não apenas no local onde ele apresenta dor mais intensa. Verifique cada osso, exercendo leve pressão, para identificar sinais de fratura. Peça ao paciente para realizar movimentos de flexão, extensão. Avalie se a força muscular está preservada. O QUE A ENFERMAGEM PODE FAZER Se a contusão foi em membros, não há suspeita de fratura, os movimentos normais estão preservados, a força muscular é normal e o acidente ocorreu no momento: fazer compressa geladas com objetivo de evitar o aumento do edema e hematoma. Orientar o paciente a continuar em casa com compressas quentes, para ajudar a absorção do edema e hematoma. Oriente o paciente sobre como ocorre a evolução do hematoma: vermelho na hora e depois roxo, amarelo esverdeado até o desaparecimento. O dolorimento no local permanece por uns dias. Nada há fazer para abreviar a evolução natural. Muitos pacientes procuram o serviço dias seguidos porque "o roxo aumentou" ou "a dor melhorou, mas ainda não passou". O uso de anti-inflamatório está indicado se a dor for muito intensa. Nesse caso avalie junto com um médico. Se a contusão ocorreu em tórax: despir totalmente o tórax do paciente, observar os movimentos respiratórios, a expansão na inspiração forçada. Palpar o esterno, e cada uma das costelas. Verificar se os movimentos dos ombros estão preservados. Avaliar da mesma forma a região posterior do tórax. Se o paciente veio andando e movimenta-se normalmente, avalie presença de lesões sobre a coluna vertebral. Se ainda houver dúvidas sobre o comportamento de osso ou órgão interno, encaminhe para avaliação médica. Se a contusão se deu sobre o abdômen: deite o paciente em decúbito dorsal. Descubra totalmente o abdômen e observe se há distensão, contração da musculatura ou dor à palpação. Se não houver alteração, libere o paciente com orientações. Se você suspeitar de violência doméstica, investigue junto ao usuário e família para saber que encaminhamento será dado e acione a rede de proteção e assistência. 24 QUANDO CHAMAR O MÉDICO Se a contusão for na cabeça. Se a contusão foi sobre a coluna vertebral. Se houver sinais e sintomas gerais, tais como: tontura, palidez. Paralisia parcial ou total. Se houver alterações de sinais vitais. Se a contusão foi no tórax ou no abdômen e na avaliação foi observado algum sinal de anormalidade. Se houver limitação importante de movimento dos membros. Se o paciente apresentar hematúria ou vômitos durante a observação. XIII – SITUAÇÃO / QUEIXA: PICADAS DE INSETOS (pernilongo. carrapato. marimbondo. abelha e formiga) O QUE INVESTIGAR Avaliar há quanto tempo ocorreram as picadas. É muito no nosso serviço pacientes, procurarem atendimento de urgência com picadas de pernilongo ou carrapato que ocorreram há dias atrás. Em geral por causa do prurido. Se as picadas são recentes, avaliar se há presença de sinais alérgicos. Se as lesões são antigas, verificar a presença de infecção secundária. O QUE A ENFERMAGEM PODE FAZER Se não houver sinais de reação alérgica generalizada (edema palpebral, de lábios e placas tipo urticária) orientar lavar com água fria, várias vezes ao dia, usar compressas frias para aliviar o prurido e manter bem cortadas as unhas das crianças. O uso de antialérgico tópico é contra-indicado. Se não houver prurido intenso nenhum medicamento deve ser usado. O paciente deve ser orientado sobre o caráter auto-limitado das lesões e a necessidade de um tempo para desaparecimento das mesmas. QUANDO CHAMAR O MÉDICO Se houver sinais de reação alérgica generalizada. Se as picadas forem muito numerosas e houver prurido intenso por todo o corpo. Se as picadas forem antigas e houver sinal de infecção secundária. XIV – SITUAÇÃO / QUEIXA: PACIENTE EM CRISE DE CHORO O QUE INVESTIGAR A primeira providência é acomodar o paciente num local com conforto e privacidade. 25 Investigue se há algum problema orgânico agudo e urgente. Se o paciente estiver com acompanhante tente investigar com ele se há algum desencadeante conhecido da crise. Tranqüilize o acompanhante e peça para conversar a sós com o paciente. Pergunte diretamente a ele o que aconteceu. Conflitos familiares, agressões físicas ou morais são as causas mais comuns. Muitos pacientes conseguem contar ao profissional de saúde que o acolhe com gentileza e afetividade o problema pelo qual está passando. Enquanto o paciente se acalma, verifique os sinais vitais, conversando com ele. Faça dessa ação uma forma de demonstrar apoio e consolo. Se o paciente não consegue falar, acomode-o deitado. Traga-lhe um copo com água. Continue tentando conversar. Faça inicialmente perguntas mais objetivas (onde mora, com quem mora, onde trabalha etc.). Tente novamente perguntar sobre o motivo da crise. O QUE A ENFERMAGEM PODE FAZER Consolar alguém que sofre, foi agredido ou sofreu uma perda não é prerrogativa de nenhuma profissão em particular, nem é específico da saúde mental. Todos os membros da equipe de saúde devem desenvolver essa capacidade. Quem não souber lidar com esse tipo de emoção jamais será um profissional de saúde completo. Ao consolar um adulto não o "infantilize". Esse é um erro comum. Leve a sério o seu sofrimento. Esse é o primeiro passo para ganhar a sua confiança. Se você conseguiu um bom vínculo deixe que o paciente fale sobre o seu sofrimento. Isso o irá acalmar. Avalie se ainda há alguma coisa a fazer por ele. Encaminhar a alguma instituição, como delegacia da mulher, acionar a rede de proteção e assistência à violência etc. Pergunte se há algum amigo ou familiar a quem ele possa pedir ajuda. Estimule-o a procurar ajuda e a não ficar sozinho. QUANDO CHAMAR O MÉDICO Se o paciente não reage; se estiver muito deprimido a ponto de não conseguir falar, se não demonstra nenhuma reação ao seu apoio. XV – SITUAÇÃO / QUEIXA: INSÔNIA O QUE INVESTIGAR Quando o problema começou (lembrar que problemas de sono temporários são comuns em épocas de estresse ou doença física), a quantidade de sono (lembrar que a quantidade normal de sono varia amplamente e geralmente diminui com a idade). Avaliar a preocupação do paciente sobre o fato de não conseguir dormir (preocupação acentuada pode piorar a insônia). 26 Uso de bebida alcoólica (o álcool pode ajudar no adormecer, mas pode levar ao sono inquieto e ao despertar precoce). Uso de estimulantes - (café e chá) - podem causar insônia ou piorar. O QUE A ENFERMAGEM PODE FAZER: Recomendar exercícios de relaxamento para ajudar o paciente adormecer. Evitar cochilos diurnos, uma vez que eles podem perturbar o sono da noite. Aconselhar o paciente a evitar cafeína e álcool. Se o paciente não conseguir adormecer dentro de 20 minutos, aconselhá-lo levantar e tentar mais tarde, quando sentir-se sonolento. Orientar o paciente a realizar exercícios diurnos (exercícios à noite podem contribuir para a insônia). QUANDO CHAMAR O MÉDICO Se há transtornos de sono mais complexos (narcolépsia, apnéia do sono). Se uma insônia significativa persiste a despeito das medidas acima. XVI – SITUAÇÃO / QUEIXA: PACIENTE POLIQUEIXOSO (queixas somáticas inexplicáveis) Várias queixas físicas sem uma explicação física comprovada através de história e exame físico completos. Visitas freqüentes à unidade a despeito de investigações negativas. 1) Em casos agudos os pacientes podem apresentar: Apresentações dramáticas com comportamento exagerado para chamar a atenção. Sintomas incomuns não consistentes com doença conhecida. Sintomas que variam de um minuto para outro. Sintomas que podem estar relacionados à atenção dos outros. 2) Em casos crônicos os pacientes podem: Visitar a unidade repetidamente embora os exames clínicos não revelem qualquer problema. Buscar apenas alívio dos sintomas. Estar convencidos da presença de doença física e ser incapazes de acreditar no tratamento médico - (hipocondria). O QUE INVESTIGAR Quando começou? É um sintoma recorrente? O aparecimento dos sintomas tem relação com fatores emocionais ou estresse? 27 Qual a ocupação do paciente? Identificar se o caso é agudo ou crônico. O QUE A ENFERMAGEM PODE FAZER: Informar que estresse, freqüentemente, produz sintomas. Reconhecer que os sintomas físicos do paciente na são mentiras ou invenções. Indagar sobre as crenças (o que está causando os sintomas?) e medos (o que teme que possa acontecer?) do paciente. Realizar uma escuta qualificada, tranqüilizar e aconselhar os pacientes a não centrarem em preocupações médicas (por exemplo: dor abdominal não significa câncer). Orientar métodos de relaxamento (pode ajudar no alívio dos sintomas relacionados à tensão). Casos agudos podem necessitar de repouso breve e alívio de estresse. Após o período agudo encorajar exercícios e atividades agradáveis. O paciente não precisa esperar o desaparecimento dos sintomas para retomar as rotinas normais. Pacientes com queixas crônicas, agendar consultas regulares com tempo limitado e com o mesmo profissional. Essa medida pode prevenir consultas urgentes e em diversos serviços, com uso inadequado de medicações e risco de condutas invasivas. QUANDO CHAMAR O MÉDICO: Se o paciente não demonstrar reação ao seu apoio, não houver vínculo terapêutico ou solicitar ajuda ao médico. XVII – SITUAÇÃO / QUEIXA: DOR DE GARGANTA O QUE INVESTIGAR Há quanto tempo começou? Se for aparecimento no mesmo dia da consulta considerar a possibilidade de ser o primeiro sintoma de um resfriado. Tem febre associada? Está conseguindo alimentar-se normalmente? Tem tosse, coriza? Os auxiliares de enfermagem devem fazer a inspeção da orofaringe. Nos adultos e crianças maiores a melhor forma é com o paciente sentado, usando a espátula e foco de luz. Verifique se há hiperemia; hipertrofia de amígdalas e placas de pus. Verifique temperatura. O QUE A ENFERMAGEM PODE FAZER Se a dor de garganta tem duração de um ou mais dias; se não houver pontos ou placas esbranquiçadas; se há apenas hiperemia de hipertrofia das amígdalas; se a 28 febre for de até 38° e não passou de dois dias, a enfermagem pode orientar gargarejos com solução de água morna, sal e algumas gotas de limão (= solução anti-séptica). As outras medidas preconizadas para as infecções respiratórias agudas podem ser adotadas conforme AIDPI e medidas básicas (anti-térmico; soro fisiológico nasal; boa hidratação) no caso de crianças maiores de 5 anos e adultos. QUANDO CHAMAR O MÉDICO Se houver pontos purulentos nas amígdalas. A febre dura três dias ou mais. Se há comprimento importante do estado geral. XVIII – SITUAÇÃO / QUEIXA: FEBRE NO ADULTO O QUE INVESTIGAR Quando começou? O paciente apresenta: sintomas respiratórios, sintomas urinários, sintomas gastrointestinais? O paciente apresenta lesões de pele? Há sinais de desidratação? Há grave comprometimento do estado geral? Quais os outros sintomas além da febre? O paciente é diabético; alcoolista crônico; imunodeprimido; portador de AIDS ou HIV +? O paciente está em período pós-operatório? Apresenta gânglios aumentados? Verifique a cadeia cervical, retro-auricular, axiliar e inguinal. O paciente tem doença cardíaca prévia? Verificar a temperatura; pulso e PA. O QUE A ENFERMAGEM PODE FAZER Se a febre começou a menos de 48 horas e não há qualquer sinal de localização de infecção a enfermagem poderá orientar o uso de paracetamol, boa hidratação, repouso relativo e retorno ao serviço se necessário. OBS.: Se o paciente apresenta febre aguda, sem sinais de localização, a causa mais comum são as infecções virais. Grande parte desses quadros virais só vai ficar mais caracterizada a partir do 2° dia de febre. Se o paciente apresenta sintomas respiratórios compatíveis com Resfriado, faça as orientações pertinentes (Ver Sintomas Respiratórios). 29 QUANDO CHAMAR O MÉDICO Se o paciente for: diabético, alcoolista crônico, imuno-deprimido, portador de AIDS ou HIV+. Se a febre estiver do 4° dia em diante e a enfermagem ainda não detectou sinais de localização. Se houver sinais ou sintomas: urinários, dor de ouvido, cefaléia, vômitos, lesões de pele, gânglios aumentados. Se o paciente for muito idoso. Se o paciente estiver em período pós-operatório. Se houver comprometimento do estado geral ou desidratação. Se o paciente é portador de insuficiência cardíaca. UM PACIENTE COM FEBRE NUNCA DEVE SER DISPENSADO DA RECEPÇÃO SEM QUE PASSE POR UMA AVALIAÇÃO EM SALA DE ATENDIMENTO, A MENOS QUE VOCÊ O ESTEJA AGENDANDO PARA OUTRO HORÁRIO, NO MESMO DIA. XIX – SITUAÇÃO / QUEIXA: DOR NO PEITO O QUE INVESTIGAR Que hora começou; duração da dor; se está com dor no momento da avaliação. Se a dor está acompanhada de sudorese; palidez cutânea; palpitações ou ansiedade/angústia. É o primeiro episódio ou é recorrente? Foi de início súbito? Está relacionada com: respiração, esforços físicos, emoções, movimentação da musculatura torácica, alimentação? Onde se localiza a dor? Retro-esternal; pré-cordial; epigástrica; braço esquerdo? Outras localizações: braço direito, região dorsal, região mandibular esquerda? Quais os fatores de melhora da dor: repouso, medicamentos, alimentação? Verificar: pulso - freqüência e ritmo/ PA. LEMBRAR FATORES DE RISCO PARA INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO: angina anterior, HAS, Diabete, Obesidade, Tabagismo, Estresse, Vida Sedentária. O QUE A ENFERMAGEM PODE FAZER Identificar o mais rapidamente possível o paciente com quadro típico de IAM: dor mais de 30 minutos, de forte intensidade, com sudorese, palidez e sensação de morte. CHAMAR O MÉDICO. Identificar quadros de menor risco imediato relacionados a fatores emocionais. Nesses casos a dor é atípica, os pacientes não se enquadram nos grupos de risco, não tem antecedentes cardiológicos, não apresentam um comprometimento do estado geral característico como sudorese e palidez. Tentar identificar algum desencadeamento emocional (brigas em família, aborrecimentos). Identificar quadros relacionados à alimentação, principalmente alimentação volumosa, refrigerantes durantes as refeições, ingestão de alimentos fermentados (leite, doces). 30 Identificar quadros relacionados aos movimentos bruscos ou esforços repetidos no trabalho. Nas situações intermediárias, nem típicas de IAM, nem evidentemente sem risco deixar o paciente em repouso levar o caso ao médico e com ele avaliar necessidade de ECG e outras providências imediatas. QUANDO CHAMAR O MÉDICO Nos casos característicos de IAM, imediatamente como já foi dito acima. Em todos os casos em que a enfermagem não puder afastar o risco com segurança. Nesses casos em que não há EMERGÊNCIA, proceder com tranqüilidade, sempre investigando o quadro clínico o melhor possível. XX – SITUAÇÃO / QUEIXA: PRESSÃO ALTA A SIMPLES ELEVAÇÃO DA PA NÃO CARACTERIZA CRISE HIPERTENSIVA – UTILIZAR O PROTOCOLO DE HAS. O QUE INVESTIGAR Identificar se a situação é de EMERGÊNCIA. Essas situações são acompanhadas de cefaléia intensa, escótomas, tonturas, parestesias, outros sinais de comprometimento neurológico, podendo chegar a convulsões e coma, dispnéia e taquicardia. Identificar se o quadro é de URGÊNCIA: situação em que a PA deve ser reduzida em algumas horas. Exemplos: hipertensão acelerada sem complicações imediatas, pico hipertensivo, por várias causas, como estresse, descontinuação do uso da medicação, etc. O uso descontínuo da medicação é de longe a principal causa. Aferir a PA pelo menos duas vezes, utilizando a técnica preconizada. Aferir nos dois braços. Interrogar o paciente sobre uso de medicação. Interrogar sobre outros antecedentes como: alimentação fora do habitual (focalizando o sal), ingestão de bebidas alcoólicas, estresse. Investigar a associação com outros sinais e sintomas. A dor de outra origem pode ser desencadeante de um pico hipertensivo. O QUE A ENFERMAGEM PODE FAZER Tranqüilizar o paciente. Colocar o paciente em posição confortável. Caso tenha parado com sua medicação habitual administrar o medicamento já prescrito pelo médico. . Aferir novamente a PA meia hora e uma hora após. 31 QUANDO CHAMAR O MÉDICO Nos casos caracterizados como EMERGÊNCIA hipertensiva, imediatamente. Se após os procedimentos do ítem anterior a PA não baixou ou subiu. Se o paciente estiver muito tenso e agitado. Se não há prescrição anterior de medicação no prontuário ou se o paciente ainda não tinha diagnóstico de HAS. 4. Modelo para anotações em Prontuário no Atendimento de Enfermagem 4.1 Orientações Gerais Faça letra legível. Escreva com caneta azul ou preta. Preocupe-se em anotar tudo que possa ter importância para o seguimento do paciente. Evite anotações que sejam muito genéricas e que não informem adequadamente. Ex: "Paciente bem, mantida medicação”. Lembre-se que o paciente tem o direito a ter acesso a seu prontuário quando solicitar. 4.2 Anotações que devem ser feitas no atendimento individual de enfermagem I. Data, Hora, no caso de crianças, Idade, em anos e meses e identificação do acompanhamento. Exemplo: 03/05/2000 14:00 hs, Jéssica, 1 a 4 m, com a mãe. 17/05/200007:30 hs, Robson 6 anos, com o pai. II. Motivo do Comparecimento, e se for o caso de queixa, tempo de duração. Exemplo: 1. 2. 3. 4. Dor de cabeça há 2 dias. Pacientes retomando para controle de PA e pegar medicação. Coceira em todo o corpo há mais de duas semanas. Paciente comparece para solicitar encaminhamento ao oftalmologista, pois seus óculos quebraram. 0BS.: o motivo do comparecimento ou a queixa devem ser anotados com as palavras usadas pelo paciente. III. História da Doença que motivou o comparecimento ou relato da evolução clínica no período que decorreu desde o último comparecimento. Exemplo: 1. Paciente relata cefaléia unilateral, em todo o lado da cabeça, latejante, contínua. Refere que sempre tem essa cefaléia dias antes do período menstrual. 32 2. Paciente relata uso correto da medicação conforme prescrição da consulta anterior. Está sem queixas. Nega sintomas relacionados com efeitos colaterais da medicação. Refere estar fazendo caminhadas diárias, conforme orientação do atendimento anterior. 3. Paciente refere coceira por todo o corpo que piora à noite. Relata que começou com o sintoma há quinze dias e que o prurido e lesões de pele vem se alastrando entre os dedos da mão, nas nádegas, axilas e em volta do umbigo. Seu marido e um dos filhos estão com os mesmos sintomas. 4. Paciente relata que usa óculos há mais de 5 anos. Seus óculos quebram. Faz mais de 2 anos que não vai ao oftalmologista para avaliação. IV. Exame Físico / Dados Vitais. 1. Anote dados vitais: PA, Temperatura, Pulso, conforme protocolo da enfermagem. 2. Anote sua avaliação do estado geral do paciente. Anote particularidade observadas de acordo com a natureza do atendimento em cada área. V. Conduta 1. Anote orientações importantes que foram dadas (sobre alimentação, exercício físico, hábitos de vida, etc.) 2. Anote a sua orientação sobre medicação prescrita pelo médico, de forma resumida. Exemplo: HCTZ 1-0-0 (30) MD 1-0-1 (60) 3. Anote exames solicitados, de acordo com protocolos dos programas. 4. Anote o prazo com que você solicitou retomo e em que tipo de atividade (AE; CM ou grupo). VI. Assine 5. Bibliografia CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa. Saúde Paidéia. São Paulo: Hucitec, 2003. SECRETARIA DE SAÚDE DE CAMPINAS. Protocolo de Enfermagem do Centro de Saúde Vila Ipê. Campinas, 1999. 33 34 Anexos 35 36 Anexo I – Ficha de Avaliação Neurológica – Tabela de Glasgow AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA – TABELA DE GLASGOW ADULTOS TABELA DE CLASSIFICAÇÃO Nº DE PONTOS ABERTURA DOS OLHOS MELHOR RESPOSTA VERBAL MELHOR RESPOSTA MOTORA 13 A 15 Leve 12 A 9 Moderado 3 A 8 Grave Abre Espontaneamente Abre com estimulo auditivo Abre com estimulo doloroso Não abre 4 Orientação 5 Confuso 4 Palavras Inapropriadas Sons ininteligíveis 3 Não responde 1 Obedece Comando verbal Localiza estímulos 6 Retirada Inespecífica Padrão flexor 4 Padrão extensor 2 Ausente 1 3 2 1 2 5 3 Total ACRESCENTAR AVALIAÇÃO DO REFLEXO FOTO MOTOR + POSITIVO - NEGETIVO < LENTO 37 38 Anexo II – Localização mais freqüente da dor na Isquemia Miocárdica 39 40 Anexo III – Regiões do Corpo Humano 3 33