1 UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RS DACEC – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO MBA EM GESTÃO EMPRESARIAL O PROCESSO DECISÓRIO DE COMPRA DE MODA DE VESTUÁRIO DA TERCEIRA IDADE DEBORA EDUARDA REIS Orientador: Luciano Zamberlan RESUMO O propósito em desenvolver um estudo focado no consumidor de terceira idade decorre da previsão de intenso crescimento deste público nos próximos anos, originando um mercado com necessidades específicas e com poder de compra capaz de atrair a atenção de empresas de diversos setores. Diante disso, o presente estudo objetiva avaliar o processo decisório de compra de moda de vestuário deste segmento, com o intuito de contribuir com pesquisas que foquem este grupo de consumidores. Quanto aos objetivos, a pesquisa classifica-se como exploratória e descritiva. Na fase exploratória utilizou-se de pesquisa bibliográfica e de grupos de foco realizados em dois bairros do Município de Três Passos, onde se discutiu acerca de vestuário e moda. Na etapa descritiva aplicou-se um questionário que contempla as cinco etapas do processo decisório de compra e a caracterização do entrevistado. Este instrumento de coleta de dados foi aplicado a uma amostra não probabilística por conveniência de 122 pessoas com mais de 60 anos. A partir das análises feitas percebeu-se que os idosos entrevistados possuem estilo próprio, não demonstram muita ousadia e preocupação em estar na moda e estão propensos a comprar somente quando necessário. Possuem baixa atitude de busca de informações a respeito dos produtos que desejam adquirir, tendem a não valorizar muito as marcas e primam pela sinceridade dos vendedores. Este segmento demonstra fidelidade às lojas e gostam de comprar naquelas que trabalham com uma grande variedade de produtos e pagam. Palavras-chave: Processo decisório de compra, moda, vestuário, terceira idade. INTRODUÇÃO As diversas oportunidades oferecidas pelo mercado contribuem para estimular o espírito empreendedor. Conseguir perceber estas oportunidades é um desafio para que as empresas possam se destacar num mercado cada vez mais competitivo. Ultimamente surgiram vários setores que se demonstram altamente promissores e dentre eles evidencia-se o segmento da terceira idade, que vem crescendo significativamente. Blackwell, Miniard e Engel (2005) afirmam que o segmento que se refere aos consumidores idosos está em um momento de forte e rápido crescimento. Este grupo também pode ser chamado como mercado da maturidade, seniores e idosos. Os idosos, de acordo com o IBGE (2010), representam 10,5% da população brasileira, correspondendo a 20 milhões de pessoas no Brasil. Estas pessoas têm se preocupando mais com o bem estar e estão procurando mudar seu estilo de vida. Atualmente, os idosos buscam manter-se mais atualizados com relação às mudanças que ocorrem no mercado. Estão dando maior importância à sua aparência, saúde e ao lazer. 2 São pessoas que gostam de ser atendidas de forma diferenciada, estão mais receptivos às modernidades, desde que adaptadas ao seu estilo. Estes e outros motivos fizeram com que as empresas dirigissem seu foco para este grupo de consumidores, criando produtos e serviços que melhor atendessem suas necessidades e desejos. Nesta etapa de suas vidas, o consumidor de terceira idade tem maior autonomia sobre as formas de despender suas finanças e possui um poder aquisitivo bastante atraente para empresas fornecedoras de bens e de serviços (SCHIFFMAN; KANUK, 2000). Deste modo o mercado começa a se capacitar para atender essa demanda nas mais diversas áreas, como: estética, medicina, alimentação, turismo e moda. Nesta última o mercado está intensificando seus investimentos, pois os idosos têm exigido vestuário design mais moderno que atenda às expectativas de conforto e necessidades próprias desta idade. O vestuário se caracteriza pelo conjunto de indumentária que reveste o indivíduo. Castilho (2004) afirma que a indústria oferece a cada estação, um resumo do anseio da maioria das pessoas ou de um grupo pré-definido. Um sistema de renovação permanente onde gostos, preferências e personalidades são levados em consideração. As pessoas olham para os outros a sua volta, para as ofertas da indústria e esperam que estas a ajudem a decidir o que vão vestir ou não. Assim, tendo como foco a terceira idade, que é definida pela Organização Mundial da Saúde como as pessoas com mais de 60 anos, este estudo teve por finalidade fazer uma análise sobre o consumo destas pessoas no que se refere ao vestuário. A pesquisa buscar identificar como ocorre o processo decisório de compra destes consumidores no que tange à moda. O presente artigo apresenta resultados obtidos por meio de uma pesquisa realizada com pessoas idosas do Município de Três Passos e está estruturado em três partes. Na primeira parte são apresentadas as bases teóricas que dão suporte ao tema. Num segundo momento são apresentados os procedimentos metodológicos utilizados para desenvolver o estudo. E por fim tem-se os resultados obtidos a partir da pesquisa e as ilações obtidas a partir da análise dos dados. 1. REFERENCIAL TEÓRICO 1.1 Moda A moda, em conclusões de estudos realizados por Monteiro (2006), pode ser descrita como “padrões populares de comportamentos adotados por indivíduos em determinada situação e tempo”. É notável, a atribuição do termo moda aos acessórios, roupas. Neste contexto, a moda carrega um teor simbólico que representa os desejos íntimos básicos do ser humano, sendo um meio pelos quais os indivíduos expressam sua personalidade. (MIRANDA, et al, 1999). De acordo com estudos realizados por Ferreira (2009), moda é interpretada como um estilo igualmente aceito, passando por três etapas. (1) alguns consumidores têm interesse em algo novo, para serem diferentes dos outros: estágio de introdução. (2) outros consumidores têm interesse em imitar os líderes da moda e os industriais passam a produzir maiores quantidades, tornando a moda extremamente popular, para os produtores: estágio de aceitação. (3) os consumidores partem na direção de outras modas, que possam interessar mais: estágio de regressão. Os inovadores abandonam a criação logo que os seguidores se preparam para se apropriar dela. A moda apresenta duas principais características: a busca pela exclusividade, individualidade e a necessidade de integração na sociedade. A primeira característica parte da premissa de que o estilo de vestir é assinatura, reação contra a sociedade de massa, onde a maneira de se vestir representa exclusividade e individualidade. A 3 segunda está interligada com as pressões sociais para a conformidade podendo influenciar diretamente na escolha de estilos. Esta pressão acontece decorrente a necessidade de aprovação social do grupo em que o individuo quer ser aceito. A moda se apresenta como um processo complexo operando em vários níveis. De um lado, afeta socialmente muitas pessoas ao mesmo tempo, por outro, ela exerce efeito no comportamento individual das pessoas. Neste sentido, as decisões de compra do consumidor são geralmente motivadas pelo desejo de estarem na moda (SOLOMON, 2008). O contínuo uso da moda está interligado ao desenvolvimento da identidade pessoal. Os consumidores utilizam a moda para representar tipos sociais específicos e formar senso de filiação ou de associar a construção de identidade social por eles idealizada (THOMPSON, 1996, apud FERREIRA, 2009). Ferreira (2009) destaca que das muitas expressões, símbolos e imagens, a roupa tem sido uma das mais significativas linguagens não verbalizadas do eu que passa pelo grupo de controle social. Por meio dela as pessoas buscam um entendimento próprio, comunicando para os outros esta percepção de si, enquanto solicitam a integração social perante o que é culturalmente aceito pelo grupo de que fazem parte. Os atributos simbólicos de um produto revelam como o uso e/ou a propriedade deste produto associam o consumidor com o grupo de referência, papel social ou auto-imagem. O conceito de moda, de acordo com pesquisa realizada por Gomes (2002) é de fenômenos constantes e temporários adotados pelos consumidores por tempo e situação em particular. Como também de processo de adoção de símbolos que provem de identidade dos indivíduos, uns em relação aos outros. Logo existem dois aspectos que são básicos na definição de moda, seu aspecto mutante e simbólico, o significado muda de localização e este movimento proporciona a moda este aspecto de ciclo. Na análise dos estudos de Ferreira (2009), as pessoas apresentam o comportamento de consumo por meio do seu autoconceito. O reflexo que as pessoas possuem de si mesma são motivadores no “marketplace”. Este reflexo das pessoas dentro do contexto da moda deve, ser investigada sob diversas perspectivas: psicológicas, sociológicas, econômicas, estéticas, históricas, culturais, geográficas, marketing e comunicação. Gomes (2002) fez uma investigação referente à moda e apresenta uma concepção no que se refere às fases do processo de adoção de moda: 1. Invenção e introdução: busca dos objetos de moda, pelo designer de moda, empreendedor, ou consumidor inovador através da criação de um objeto que é visivelmente diferente dos anteriores. 2. Liderança de moda: pequeno grupo de consumidores conscientes de moda adotam e introduzem a moda para o público. 3. Incremento da visibilidade social: a moda recebe o incremento da adoção dos outros consumidores conscientes de moda, fazendo que a moda se torne cada vez mais visível para maior proporção de grupos sociais e estilos de vida. 4. Conformidade nos e entre grupos sociais: a moda recebe legitimidade social compelida pelas forças da conformidade, comunicação e marketing de massa que propaga a adoção da moda. 5. Saturação social: a moda se torna quotidiana e começa o seu estágio de declínio. 6. Declínio e obsolescência: novas modas são introduzidas como substituição à moda socialmente saturada e recuso do uso da moda antiga. A moda é envolvida por um mercado de diversos setores segmentos, como a tecnologia, arquitetura, móveis, decoração, jóias, arte e vestuário. Solomon (2008) ressalta que embora as pessoas tendam a associar moda com roupas é importante ter em mente que os processos da moda afetam todos os tipos de fenômenos culturais. Segundo Miranda, Garcia e Leão (2001), moda e roupa coexistem e interagem, mas são diferentes entre si. As pessoas buscam consumir a moda mais do que a roupa, mas acima de tudo o seu conceito, a sua 4 identidade, enfim, a sua felicidade. O vestuário, entretanto, possui visível qualidade eletiva para examinar a moda e elucidar seu caráter de consumo. 1.2 Comportamento do Consumidor O comportamento do consumidor estuda como os indivíduos tomam decisões de gastar os seus recursos em itens relacionados ao consumo. Abrange o estudo de o que comprar, por que comprar, quando comprar, onde comprar, com que frequência e com que frequência usa o que compra (SCHIFFMAN; KANUK, 2000). Engel, Blackwell e Miniard (2000) exemplificam o comportamento do consumidor como sendo as atividades envolvidas em obter, consumir e dispor de produtos e serviços, incluindo os processos decisórios que antecedem e sucedem estas ações. Ainda, Schiffman e Kanuk (2000) descrevem que o estudo do comportamento do consumidor contribui para entender e a prever o comportamento dos clientes no mercado e define o comportamento dos indivíduos na busca, compra, uso, avaliação e descarte de serviços e produtos que eles esperam que irão satisfazer suas necessidades. O estudo do comportamento do consumidor constitui-se em um universo extremamente abrangente, porque, para Serralvo e Ignácio (2005), trata da relação do indivíduo com o ambiente, com infinitas possibilidades de interações para cada situação de compra vivenciada pelo indivíduo, caracterizando-se, portanto, como um mundo sem fronteiras. Cada consumidor carrega consigo características que influenciam na compra, sendo que estas características podem ser semelhantes em alguns indivíduos. Assim, os profissionais de marketing devem ser capazes de perceber as características comuns em um grupo e as pouco comuns, específicas de cada indivíduo. Portanto, estas características podem ser culturais, sociais, pessoais e psicológicos. Para Kotler e Armstrong (1999) a cultura é o fator mais determinante do comportamento da pessoa. As influências culturais no comportamento de compra variam muito de região para região. E dentro da cultura temos as subculturas, grupos de pessoas com os mesmos valores culturais, como nacionalidade, religião. Os autores acreditam que toda sociedade tem uma estruturação de classes sociais que são determinadas por renda, ocupação, educação, riqueza e outras variáveis. As classes sociais mostram preferências distintas nas compras, o que facilita na elaboração de estratégias, pois se tem semelhanças em características. Os fatores sociais são influenciados por grupos, papéis sociais e status. O comportamento de uma pessoa é influenciado por vários grupos menores, são estes que predispõem a pessoa a novos comportamentos ou estilos de vida. A família é outro fator que pode influenciar na compra de produtos ou serviços, além do papel e status de uma pessoa perante a sociedade. Pois uma pessoa que desempenha o papel de gerente possui um status e é vista com outros olhos pelas pessoas. Os fatores pessoas também contribuem para a decisão de compra de um consumidor. Estes fatores resumem-se a idade, estágio da vida, a ocupação do comprador, situação econômica que permite a qualidade da compra, o estilo de vida, a personalidade e o autoconceito. Já os fatores psicológicos vão de encontro com a hierarquia das necessidades de Maslow, onde as necessidades pessoais são geridas pela motivação, percepção, aprendizado, crenças e atitudes. Primeiramente a pessoa deve estar motivada a comprar, para isso ela precisa satisfazer as necessidades, depois disso, ela está pronta para comprar, que ocorre por meio da percepção da situação de compra. A partir daí as pessoas aprendem, com a mudança do seu comportamento e formam suas crenças e atitudes. Além dos fatores que influenciam na compra, Dias (2004) ressalta que as pessoas também desempenham vários papéis na decisão de compra, que podem ser diretos e indiretos. A participação direta é aquela relacionada diretamente com o processo de escolha, compra e consumo ou uso, onde tem-se: 5 Especificador: é o profissional que determina as características e funcionalidades do produto ou serviço a ser comprado; Decisor: aquele que toma a decisão se deve-se comprar, como comprar, por que comprar, onde comprar; Comprador: aquele que realiza a compra; Usuário: aquele que faz uso e consumo do produto ou serviço; Já a participação indireta é aquela em que o ponto de vista ou especificações podem ter influencia na escolha do produto ou serviço: Indicador: aquele que dá a idéia de comprar um produto ou serviço, que pode ser o próprio usuário; Influenciador: aquele que dá conselhos que podem influenciar na decisão; 1.3 Processo Decisório de Compra Para Engel, Blackwell e Miniard, (2000), o consumidor passa essencialmente por pelo menos cinco etapas para a tomada de decisão de compra de um produto: reconhecimento da necessidade, procura de informações, avaliação das alternativas, decisão de compra e avaliação pós-compra que se encontrarão descritas a seguir. 1.3.1 Reconhecimento Da Necessidade O reconhecimento de uma necessidade ocorre quando o consumidor se depara com um problema. Parecem existir duas diferentes necessidades de reconhecimento de um problema. Alguns consumidores são do tipo de estado real, aqueles que percebem que tem um problema quando um produto deixa de desempenhar a sua função. Outros consumidores são do tipo estado desejado, para quem deseja algo novo pode ocorrer o processo de decisão (SCHIFFMAN; KANUK, 2000). A presença do reconhecimento da necessidade não ativa automaticamente uma ação. Pois uma necessidade deve ser primeiramente ativada antes que possa ser reconhecida. Isso depende de alguns fatores, pois a necessidade quando reconhecida deve ser suficientemente importante (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000). Na visão de Kotler (2000) a necessidade pode ser provocada por estímulos internos e externos. Nos estímulos internos, uma das necessidades normais da pessoa, como fome, sede, sexo, sobe para o nível de consciência e torna-se um impulso. No caso dos estímulos externas, por exemplo, a pessoa passa por uma padaria e vê pães frescos, o que estimula sua fome. Ainda, o autor afirma que, os profissionais de marketing precisam identificar os meios que desencadeiam uma necessidade. Isso pode ser feito por meio de coleta de informações junto a vários consumidores, para identificar os estímulos mais frequentes que suscitam interesse em uma categoria de produtos. A partir disso, criam-se estratégias de marketing que provoquem o interesse dos consumidores. 1.3.2 Procura De Informações Schiffman e Kanuk (2000) descrevem que a busca por informações ocorre quando o consumidor percebe a necessidade que pode ser satisfeita pela compra e consumo. Uma forma de contribuir com a busca de informações são as lembranças e experiências anteriores. Engel, Blackwell e Miniard (2000) complementam que a busca por informações é motivada de conhecimento armazenado na memória ou da aquisição de informações do meio, ou seja, a busca pode ser interna, que envolve a recuperação de conhecimento da memória ou busca externa, que consiste na coleta de informações do mercado. Por meio da busca externa, o consumidor pode obter informações por meio de várias fontes, de acordo com Kotler e Armstrong (1999), como: Fontes pessoais: que são os amigos, vizinhos, familiares, conhecidos; 6 Fontes comerciais: propagandas, distribuidores, os vendedores, vitrines; Fatores públicos: mídia de massa e organizações de defesa do consumidor; Fatores experimentais: utilização e manuseio do produto; As fontes pessoais tendem a ser mais eficazes e importantes no que se refere a aquisição de serviços. As fontes comerciais mais informam sobre o produto e serviço e as pessoas legitimam os produtos. A medida que o consumidor adquire mais informações, ele conscientiza-se e reconhece as marcas e as características disponíveis aumentam (KOTLER; ARMSTRONG, 1999). 1.3.3 Avaliação Das Alternativas A avaliação das alternativas pode ser descrita de modo geral, conforme Engel, Blackwell e Miniard (2000), como o processo pelo qual uma alternativa de escolha é avaliada e selecionada para atender as necessidades do consumidor. Já Kotler e Armstrong (1999) descrevem a avaliação das alternativas de foram mais detalhada, onde o consumidor utiliza de conceitos para a elaboração de informação até chegar a escolher uma marca. O consumidor vê o produto como um grupo de atributos, que cada consumidor da importância diferente a cada um desses atributos, dando maior atenção à aqueles que satisfazem sua necessidade. Em seguida o consumidor da graus de importância aos diferentes atributos, conforme sua necessidade ou desejo. Depois, dá-se um conjunto de conceitos quanto à posição da marca em relação a cada atributo. A satisfação total do produto varia de acordo com os níveis de atributos e depois o consumidor desenvolve atitudes quanto às diferentes marcas por meio de um procedimento de avaliação. Kotler (2000) ainda complementa com outras ideias que concentram alguns conceitos que ajudam a simplificar o entendimento do processo de avaliação. Primeiro, o consumidor tende a satisfazer uma necessidade. Segundo, ele busca benefícios da escolha do produto. Terceiro, o consumidor vê cada produto como um conjunto de atributos com capacidades variadas de oferecer benefícios para satisfazer as necessidades. Schiffman e Kanuk (2000) apresentam outro ponto de vista, na avaliação das possíveis alternativas, mas direcionado a escolha da marca. O consumidor pode usar dois tipos de informações: uma lista com marcas, entre as quais ele faz uma escolha e o critério que será adotado para avaliar cada marca. Uma característica humana e que simplifica a tomada de decisão é fazer uma escolha a partir de uma amostra das marcas. 1.3.4 Decisão De Compra Para uma pessoa tomar uma decisão, é necessário que mais de uma alternativa esteja disponível. Quando uma pessoa está frente da escolha de fazer ou não fazer a compra, da escolher o produto A ou B, ela está em processo de tomar uma decisão (SCHIFFMAN; KANUK, 2000). Kotler e Armstrong (1999) declaram que após a avaliação, o consumidor classifica a marca e cria a intenção da compra. Mas existem dois fatores que podem interferir na intenção e na decisão e compra. O primeiro se refere à atitude dos outros, que podem influenciar na decisão da compra, do mais barato ou do mais caro. O segundo se refere a situações inesperadas, onde o consumidor pode criar uma intenção de compra com base em fatores como renda esperada, preço esperado e benefícios do produto. A tomada de decisão por parte do consumidor é uma tarefa cotidiana e que se sustenta de aspectos pessoais quanto à escolha, compra e uso de produtos e serviços. Essas decisões podem variar de simples a complexas, dependendo das alternativas de compras disponíveis em cada momento. (PIRES e MARCHETTI, 2000). 7 Engel, Blackwell e Miniard (2000), ressaltam ainda que os consumidores que exprimem suas intenções de compras, após a avaliação das alternativas, podem dividir estas compras em três categorias: Compra totalmente planejada: tanto o produto como a marca são escolhidos antecipadamente; Compra parcialmente planejada: tem-se a intenção de comprar determinado produto, mas a marca é escolhida no ato da compra; Compra não-planejada: tanto a marca como o produto são escolhidos no ato da compra. Com o passar do tempo vem mudando a porcentagem de compras feitas em pontos de venda, onde hoje a compra em casa está sendo novamente bem significativa, como acontecia épocas atrás com o uso de mascate ou caixeiro viajante. A visita aos pontos de vendas é uma forma de busca de informações e se tornou um modo de vida em si (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000). A tomada de decisão pelos clientes é influenciada e moldada por muitos fatores e determinantes, que são representadas por três categorias, de acordo com Engel, Blackwell e Miniard (2000). A primeira categoria, que é a das diferenças individuais, é formada pelos recursos do consumidor, que são o conhecimento, atitude, motivação, personalidade, valores e estilo de vida. O Conhecimento é a informação armazenada na memória e abrange uma vasta gama como a disponibilidade e as características de produtos e serviços. A Atitude é a avaliação geral de uma alternativa, que pode ser boa ou ruim. Uma Motivação é gerada quando existe uma diferença entre um estado real e um estado desejado: as necessidades e os motivos afetam todas as fases dos processos decisórios. A Personalidade é definida como respostas consistentes a estímulos ambientais. Os Valores fornecem outra explicação do porquê os consumidores variam em sua tomada de decisão e o Estilo de vida é a forma como o consumidor vive, gasta o seu tempo e o seu dinheiro. A segunda categoria, que é a das influências ambientais, é composta por variáveis que envolvem cultura, classe social, influência pessoal, família e situação. A Cultura refere-se aos valores, ideias, artefatos e outros símbolos que ajudam o indivíduo a se comunicar, interpretar e avaliar como membros participantes de uma sociedade. As Classes Sociais são divisões dentro da sociedade na qual indivíduos da mesma classe compartilham valores, interesses e estilos de vida. A Influência Pessoal tem como pressuposto que somos afetados por aqueles com quem nos associamos e as influências podem ter origem a partir de um grupo de referência, ou seja, o grupo pelo qual desejamos ser aceitos. A Família pode ser vista no seu formato formal de pai, mãe e irmãos que vivem juntos, ou um grupo de pessoas que compartilham a mesma casa. Já a Situação considera que o comportamento muda conforme a situação, que é definida como fatos que são particulares a um determinado momento e local. E, por final, na análise dos processos psicológicos tem-se o processo de informação, a aprendizagem e as mudanças de atitude e comportamento. O Processo de Informação referese à maneira como o consumidor processa os estímulos recebidos, os armazena na memória e depois os recupera. A Aprendizagem leva em consideração que a experiência resulta em mudanças no conhecimento e comportamento. As Mudanças de atitude e comportamento definem como ocorrem os processos que influenciam nas mudanças de atitude e comportamento do consumidor. 1.3.5 Avaliação Pós-Compra O processo de avaliação pós-compra, de acordo com Schiffman e Kanuk (2000), é desempenhada quando o consumidor julga suas experiências em comparação com as expectativas que tinha ao efetuar a compra. Um item importante na avaliação pós-compra é a 8 redução da incerteza ou dúvida que o consumidor pode ter tido na escolha. Como parte da análise do pós-compra, os consumidores procuram se certificar que a escolha realizada foi a melhor. Kotler e Armstrong (1999) ressaltam que se o produto adquirido não atender às expectativas, o consumidor ficará desapontado, se satisfazer as expectativas ele ficará satisfeito, e se exceder as expectativas ele ficará encantado. Engel, Blackwell e Miniard (2000) descrevem a satisfação como a avaliação pós-compra de que uma alternativa escolhida pelo menos atenda ou excede as expectativas. Após a avaliação do pós compras, se o produto atendeu as expectativas o consumidor voltará a realizar a compra, se não atender, o consumidor não voltará a comprar e buscará outras informações para a compra de um novo produto e em outro ponto de venda. Em outras palavras Schiffman e Kanuk (2000) acrescentam que quando o produto sobrevive às expectativas, é possível que voltem a comprar. E quando o desempenho do produto é decepcionante ou corresponderam às expectativas, os consumidores procurarão alternativas mais adequadas. Podendo ainda ocorrer o arrependimento pela aquisição do produto, que não foi satisfatório. 1.4. O Consumidor da Terceira Idade De acordo com estudos realizados por Rezende (2003), a terceira idade em países mais ricos tem sido sinônimo de envelhecimento ativo e independente, sendo conceituada como uma nova fase da vida, em que a ociosidade simboliza a prática de novas atividades e se constitui em uma etapa intermediária entre a aposentadoria e a velhice. Esta criação francesa surgiu no final dos anos 60 e associou o envelhecimento a um tempo de lazer e realizações totalmente desvinculado da miséria, doença ou decadência após a vida profissional ativa. O segmento maduro, ou terceira idade, seja composto por pessoas que estão na faixa etária a partir dos 60 anos, representando um dos dois grupos populacionais de maior crescimento, juntamente com o segmento composto pelos bebês nascidos no período posterior à segunda guerra mundial (GONZÁLES, 2007). O significativo aumento no número de cidadãos em idade sênior, combinado com expectativas de grandes ingressos de pessoas na faixa da terceira idade e a redução de membros em categorias mais jovens, lançou a terceira idade a uma posição de mercado atrativo e promissor para redes de varejo. Apesar dos esforços do varejo para atrair o mercado consumidor de terceira idade em função de seu grande potencial, muitos varejistas parecem acreditar que a idade cronológica por si só, dita características de consumo e motivações de compra. Percebe-se um esquecimento de que a idade cronológica é apenas uma dimensão da segmentação de consumidores. Quando uma pessoa atinge os 60 anos, ele ou ela não se torna automaticamente parte de um segmento específico que se interessa por vestuário ou moda, por exemplo, (GRECO, 1986 apud GONZÁLES, 2007). Ainda, o autor, em sua pesquisa afirma que somente a idade cronológica não permite a identificação do perfil do consumidor de terceira idade. As características demográficas sozinhas não permitem ter uma imagem completa do consumidor, mas sim criam obstáculos aos profissionais de marketing na segmentação do mercado com total potencialidade. O uso da idade cronológica, um método bastante comum para segmentação de mercado, não se aproxima totalmente do comportamento do consumidor como é a idade psicológica. Embora o uso da renda como ferramenta de segmentação esteja ligado ao potencial de consumo, ele não leva em consideração tais fatores como níveis de atividade, interesses pessoais, saúde ou tempo livre. Em estudo desenvolvido por Filho (2006), é possível ressaltar um grande desafio em relação aos consumidores idosos, pois à a existência de grande variabilidade de satisfação destes consumidores com o mercado. E nem todos os consumidores maduros estão 9 igualmente satisfeitos com os produtos e serviços ofertados, e o nível de satisfação tende variar de acordo com as diferentes características demográficas do segmento. Ainda, a satisfação da pessoa com produtos, serviços e mercado, incrementa com o avançar da idade. A grande maioria das justificativas para o alto nível de satisfação está relacionado com a idade, renda e educação ou ainda as circunstancias enfrentadas por estes consumidores durante a experiência de consumo. 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O presente estudo foi classificado, de acordo com sua abordagem, em pesquisa qualitativa, que representa uma metodologia não-estruturada, que se baseia em pequenas amostras, proporciona insights e compreensão do contexto do problema e também quantitativa, que procura quantificar os dados e aplica alguma técnica de análise estatística (MALHOTRA, 2001). Quanto aos objetivos, classifica-se como exploratório e descritivo. A pesquisa exploratória, que Vergara (2004) afirma ser realizada em área em que há pouco conhecimento. E, Malhotra (2001) caracteriza o método exploratório como flexível e versátil em relação aos métodos, pois não são empregados procedimentos ou métodos formais de pesquisa. Onde é explorado um problema ou uma situação para obter critérios ou compreensões. Os procedimentos técnicos utilizados nesta pesquisa foram os materiais bibliográficos, documentais e grupo de foco. O grupo de foco, Malhotra (2001) descreve, como uma entrevista realizada por um moderador de forma não estruturada e natural, com um pequeno grupo de pessoas. Os participantes devem ter tido experiências adequadas com os objetivos ou problema em discussão. O moderador lidera a discussão, com o objetivo de obter informações ouvindo as pessoas do mercado-alvo a falar de problemas de interesse da pesquisadora. O diálogo com os grupos se deu no dia da entrega dos questionários, nas aulas de ginástica dos bairros Centro e Padre Gonzales. O primeiro grupo, do bairro Centro, foi composto por 8 pessoas e o segundo grupo, do bairro Padre Gonzales, formado por 13 pessoas. Os participantes colocaram sua opinião sobre a moda de vestuário. As observações feitas foram transcritas pela pesquisadora no momento da conversação. Com estes grupos o entrevistador julgou obter informações suficientes para contribuir para a análise, interpretação e justificar as respostas obtidas por meio da pesquisa e responder os objetivos do estudo. A técnica utilizada nesta pesquisa foi a técnica de amostragem não-probabilística por julgamento. A amostragem por julgamento é uma forma de amostragem onde os elementos da população foram escolhidos com base no julgamento da pesquisadora, que considerou estas pessoas representativas na população de interesse (MALHOTRA, 2001),. A pesquisa descritiva que Malhotra (2001) define como conclusiva, tem como objetivo a descrição de algo, como características do mercado, de grupos relevantes como consumidores, vendedores, organizações ou áreas do mercado. Também pode estabelecer relações entre variáveis e definir sua natureza (VERGARA, 2004). A consolidação da pesquisa descritiva se deu pelo método Survey. Que se baseia no interrogatório dos participantes, dos quais se fez varias perguntas sobre seu comportamento, processo decisório de compra, característica demográfica e de estilo de vida (MALHOTRA, 2001). A pesquisa foi aplicada, no período de 26 de setembro a 21 de outubro de 2011, a 122 pessoas, com 60 anos ou mais, que correspondem cerca de 5% da população idosa do Município de Três Passos, segundo dados do IBGE. A técnica utilizada para aplicação desta pesquisa foi a amostra não-probabilística por conveniência. Esta amostragem procura obter uma amostra de elementos convenientes, cuja escolha dos participantes é função do entrevistador. Essas amostras são acessíveis, fáceis de medir e cooperadoras (MALHOTRA, 2001). O acesso da pesquisadora aos sujeitos se deu por meio de reuniões dos grupos de idosos realizados mensalmente e aulas de ginástica realizada nos bairros semanalmente. 10 Antes da aplicação do questionário foi feito um pré-teste com oito pessoas, para verificar possíveis falhas de coerência, entendimento e clareza do questionário. Após os ajustes necessários fez-se a distribuição do mesmo ao público alvo definido. O questionário, que se encontra no Apêndice deste artigo, foi dividido em duas partes. Na primeira parte temse 53 questões referentes às cinco etapas do processo decisório de compra e na segunda parte, tem-se a caracterização do entrevistado, onde descrevem-se variáveis como sexo, estado civil, idade, escolaridade entre outros. Para a construção das cinco dimensões do processo decisório de compra, do questionário, obteve-se embasamento nos conceitos descritos por Engel; Blackwell e Miniard (2000), no estudo de Bordim, Zamberlan e Froemming (2006) e nas contribuições obtidas a partir dos grupos de foco. Para identificar a caracterização dos entrevistados utilizou-se a escala nominal que é comparativa, serve para identificar respostas e atributos e identificar e classificar objetos através de uma rotulagem figurativa. Para avaliar o grau de concordância em relação aos itens descritos no processo decisório de compra foi utilizada a escala de Likert. Ela exige do entrevistado um grau de concordância ou discordância com cada uma de uma série de afirmações que descrevem o objetivo da investigação, em relação a um grupo de cinco categorias de respostas, que vão do “Discordo Totalmente” a “Concordo Totalmente”. A tabulação dos dados foi feita por meio de um software estatístico. Para fazer a análise dos resultados da pesquisa foram utilizadas a distribuição de freqüência, a análise das médias e o Teste T nos cruzamentos dos dados. No Teste T considerou-se que havia diferença entre os grupos a uma significância de 0,05 (p<0,05). 3. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 3.1 Caracterização da Amostra A amostra foi constituída por 152 respondentes, onde, 30 destes não foi possível utilizar pelo fato de não atenderem a classificação etária de respondentes proposta pela pesquisadora que é pessoas com mais de 60 anos ou não continham informações suficientes para serem tabuladas. Assim, restaram 122 questionários, possíveis de tabulação. Destes, 90,8% foram mulheres e 9,2% homens. Os mesmos foram divididos em dois grupos etários, os jovens idosos de 60 a 70 anos, que corresponde a 62,6% e os idosos acima de 70 anos, que corresponde a apenas 37,3% da pesquisa (PIMENTEL, MONEGAT, ZAMBERLAN, 2009). 84,3% da amostra responderam que são aposentados e apenas 15,7% ainda não são aposentados. Dentre os idosos, 48,6% são casados, 33,3% viúvos e18% são separados ou divorciados, solteiros e outros. O nível de escolaridade da amostra se mostrou muito baixo, onde 63,1% dos respondentes tem o Ensino Fundamental Incompleto, 14,3% tem o Ensino Fundamental Completo, 13,1% tem o Ensino Médio Completo, 2,4% tem o Ensino Médio Incompleto e apenas 7,1% da população tem Ensino Superior Completo. A renda familiar dos entrevistados variou de R$ 545,00 a R$ 2726,00 ou mais. 39,2% dos idosos do município tem uma renda de R$ 545,00 mensais, que corresponde atualmente a apenas um salário mínimo. 24,5% tem uma renda mensal de R$ 546,00 a R$ 1090,00; 22,5% tem uma renda de R$ 1091,00 a R$ 1635,00; 5,9% corresponde a renda de R$ 1636,00 a R$ 2180,00. Já 3,9% tem uma renda de R$ 2181,00 a 2725,00 e 3,9% possuem uma renda superior a R$ 2726,00 mensais que pode ser justificável pelo nível de escolaridade de 7,1% da população que possui Ensino Superior Completo. A grande maioria dos respondentes mora com cônjuges (39,1%), 23,6% moram sozinhos, 16,4% moram com os filhos, 14,5% moram com o cônjuge e os filhos e 6,4% moram com outras pessoas, como sobrinhos, irmãos e pais. 11 Em relação às atitudes de compra, a grande maioria das compras é feita pelos entrevistados mesmos (80%). E para fazer as compras, a maior parte dos entrevistados costumam ir a pé (67,60%) às lojas e 32,4% costumam ir de carro, taxi ou ônibus. Costumam frequentar as lojas em média a cada cinco meses para fazer compras de vestuário, e o melhor dia da semana para fazerem as compras é terça feira (26,9%). O tempo médio que um idoso leva para comprar um vestuário é de 00h30min (43,1%) a 01h00min (41,5%). Na hora da compra os fatores que os idosos levam mais em consideração na escolha de um vestuário é o preço (40%) e a qualidade (34,3%) da peça. O valor gasto com vestuário, pelos idosos, varia de 10% (52,6%) a 20% (32,3%) da sua renda. 3.2 O Processo Decisório de Compra A análise dos resultados obtidos partiu do grupo de cinco categoria de respostas que os respondentes tiveram para expressar seu grau de concordância ou discordância em relação a uma série de afirmações sobre o processo decisório de compra composto por cinco etapas: reconhecimento da necessidade, busca de informações, avaliação das alternativas, decisão de compra e avaliação pós-compra. Optou-se por agrupar as categorias Discordo Totalmente (DT) e Discordo (D) e Concordo (C) e Concordo Totalmente (CT), para facilitar a análise da distribuição de freqüência. 3.2.1 Reconhecimento da Necessidade Verificando a tabela 01, que se refere ao reconhecimento da necessidade de compra, os respondentes apresentaram concordância significativa no item: “Compro apenas por necessidade, não sou impulsivo (64,8)”. Percebe-se que os idosos compram vestuário somente quando necessário e o necessário, não comprando produtos por acharem bonito ou acharem que poderiam usar. Esse item pode ser confirmado pelo item “Costumo comprar roupas freqüentemente (58,2)”, onde os entrevistados discordam com a afirmação feita. Assim, é importante salientar que a presença do reconhecimento da necessidade não ativa automaticamente uma ação, pois a necessidade reconhecida deve ser suficientemente importante, que se contrapõe a compra por impulso, onde a necessidade não precisa estar presente (ENGEL; BLACKWELL E MINIARD, 2000). Já, entre os itens em que os respondentes apresentaram discordância (tabela 01), temos: “Tenho vontade de comprar, quando vejo que meus amigos estão com roupas novas (64,7)”, observa-se que os idosos não são influenciáveis pelos amigos para a compra de roupas novas. Compram roupas novas somente quando necessitam, que pode ser confirmado pelo item de concordância onde ressaltam que não são impulsivos nas compras. “Procuro sempre seguir a tendência da moda (65,1)”, mostra que os idosos possuem estilo próprio, vestem o que os fazem se sentir bem e com elegância sem precisar seguir a moda, pelo fato de não ter tamanho, como foi levantado no grupo de foco: “As roupas da moda são bonitas, mas são pequenas”. (Entrevistado A) “Não tem tamanho pra nós”. (Entrevistado B) “O „brim‟... calças desse tamanho (mostrado com as mãos), e a saia até meia coxa, poderia ser até em cima do joelho mas no modelo de hoje”. (Entrevistado C) No item “Gosto de renovar meu guarda roupa a cada troca de estação (64,7%) respondentes afirmam que não renovam o guarda roupa a cada quatro meses, ou seja, não demonstram ser tão seguidores das tendências da moda. Ainda, os respondentes afirmam que não compram roupas novas quando vão a um evento (70,9), pois usam as que possuem na guarda roupa ou não encontram o que procuram, ou ainda pelo fato de não possuírem condições financeiras para isso, conforme foi mostrado na caracterização da amostra e alguns comentários surgidos nos grupos de foco, sobre experiências de compras: 12 “As lojas não tem roupas para idosos só para jovens... fui nas lojas para comprar vestido, só achei „pelados‟ de alça, aí tenho que usar com lenço”.(Entrevistado D) “Camisa não achei pro casamento, não fechava no pescoço... o que fechava no pescoço, ficava muito grande, não pude usar gravata”.(Entrevistado F) “Que nem pra nós não tem sutiã, só de „veia‟, aqueles bege de alça larga, poderia ter uns com pedras, bordados nas alças que podiam aparecer na blusa”. (Entrevistado C) Tabela 01: Reconhecimento da Necessidade Reconhecimento da Necessidade 1-Sempre compro um produto, quando o anterior estiver velho ou com defeito; 2-Tenho vontade de comprar, quando vejo que meus amigos estão com roupas novas; 3-Procuro sempre seguir a tendência da moda; 4-Gosto de renovar meu guarda roupa a cada troca de estação; 5-Costumo comprar roupas freqüentemente; 6-Procuro me vestir de acordo com o meu grupo social; 7-Sempre que vou a um evento, compro roupas novas; 8-Compro apenas por necessidade, não sou impulsivo; 9-Quando estou deprimido procuro fazer compras; 10-Muitas vezes passo por uma vitrine, e vejo que preciso de um determinado produto; 11-Gosto de mostrar para as pessoas que posso comprar certas coisas; 12-Todo mundo estava comprando determinado produto, daí eu também quis ter um; 13-Não quero que os outros achem que uso coisas ultrapassadas ou fora de moda; DT/D 36,5 NC/ND 12,5 C/CT 50,9 64,7 22,9 12,4 65,1 64,7 58,2 26,5 70,9 20,0 80,2 19,8 22,5 20,4 31,4 14,6 15,2 11,9 15,1 12,8 21,4 42,1 14,6 64,8 8,0 30,0 26,0 44,0 78,3 10,4 11,3 74,7 15,5 6,8 53,4 30,1 16,5 Fonte: Dados da Pesquisa O item “Quando estou deprimido procuro fazer compras (80,2)” mostra que os idosos dificilmente ficam deprimidos ou procuram fazer outras coisas quando isso acontece, e foi o maior nível de discordância na etapa do reconhecimento da necessidade. Schiffman e Kanuk (2000) revelam que o humor dos consumidores também é importante para a tomada de decisão. Pois, o humor tem impacto sobre a compra dos consumidores, onde fazem compras e se fazem compras sozinhas ou acompanhadas. Sendo que as pessoas que estão de bom humor, lembram de mais informação sobre um produto do que aquelas de mau humor. Nos grupos de focos surgiram os comentários: “Quando estou deprimido eu como” “Eu não, quando estou deprimido vou dormir, pelo menos eu não como”. No item “Gosto de mostrar para as pessoas que posso comprar certas coisas (78,3)”, nota-se que os idosos não são ousados e audaciosos buscam ser discretos e não chamar a atenção. “Todo mundo estava comprando determinado produto, daí eu também quis ter um (74,7)” percebe-se a indiferença dos idosos em relação ao que os outros compram, não são invejosos. 3.2.2 Procura de Informações Observando a tabela 02, que descreve informações sobre a procura de informação sobre os produtos que se deseja compras, os respondentes concordaram no item “Não procuro informação, eu vou diretamente na loja que costumo comprar quando preciso de um produto (59,2)”. Percebe-se que os idosos não buscam informações externas sobre os produtos com 13 outras pessoas, jornais, revistas. Procuram comprar sempre no mesmo lugar, por estarem acostumados com a loja, se sentem bem ou porque sabem as informações suficientes (internas), para a compra ou ainda os vendedores podem fornecer as informações que necessitam sobre um determinado produto. Na verdade, um número significativo de consumidores faz compras importantes depois de visitar uma única loja ou considerar apenas uma marca (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000). As pessoas que tiveram boas experiências em compras anteriores irão se lembrar disso na hora que necessitarem fazer uma nova compra. “Quanto maior a importância da experiência anterior, de menos informação externa o consumidor tende a necessitar para chegar a uma decisão” (SCHIFFMAN; KANUK, 2000, p.402). Essa concordância pode ser confirmada pelo item de discordância apresentada pelos respondentes “Procuro olhar revistas, jornais para saber a tendência da moda (60,3)”, ou seja, os idosos podem olhar revistas e jornais para se manterem informados sobre outros assuntos de interesse que não seja a moda, que pouco importa para eles. Engel, Blackwell e Kollat (1978), afirmam que as pessoas têm guardadas informações, decorrentes de experiências anteriores, que podem servir de fonte de informação no presente. O item que não obteve nem concordância e nem discordância por parte dos entrevistados foi “Procuro comprar produtos somente quando estão na promoção (41,6)”, percebe-se que nem sempre os idosos compram os produtos da promoção, pois os produtos podem não atingir as expectativas dos clientes, como qualidade, costura, modelo, tamanho. Portanto, não compram produtos olhando somente o preço, pois como diz o ditado “o barato pode custar caro”. Engel, Blackwell e Miniard (2000) ressaltam que os consumidores não estão sempre procurando o menor preço ou a melhor razão preço-qualidade. Outros fatores como nome da marca podem assumir maior importância. Tabela 02: Procura de Informações Procura de informações 14-Procuro olhar revistas, jornais para saber a tendência da moda; 15-Costumo sair para olhar vitrines para saber o que comprar; 16-Peço opiniões aos meus amigos sobre o tipo de produto que devo comprar; 17-Não procuro informação, eu vou diretamente na loja que costumo comprar quando preciso de um produto; 18-Procuro comprar produtos somente quando estão na promoção; 19- Fico atento aos anúncios de TV, rádio, revistas; 20-Vejo o que as pessoas da minha idade estão usando; 21-Vou a todos os lugares possíveis que possam trabalhar com o produto; Fonte: Dados da Pesquisa DT/D 60,3 37,7 46,6 NC/ND 15,1 22,6 26,7 C/CT 24,5 39,7 26,7 31,1 9,7 59,2 28,8 27,4 32,7 47,4 41,6 18,6 18,7 26,8 29,7 54,0 48,6 25,8 3.2.3 Avaliação das Alternativas A tabela 03 apresenta itens de concordância entre os idosos, no que se refere a avaliação das alternativas. Os respondentes mostram que preferem ir em lojas em que já fizeram compras anteriormente e gostaram (94,4), e com o maior grau de concordância. Notase que os idosos sempre vão buscar fazer compras em lojas que já compraram anteriormente e que tenham gostado. Isso significa que se forem bem atendidos passam a ser clientes leais, algo comum nas pessoas da terceira idade. O item “Gosto de ir nos lugares onde eu possa escolher e ninguém fica me forçando a nada (86,2)”, os idosos declaram que não gostam de ser pressionados pelos vendedores, obrigando-os a provarem ou levarem um produto que não seja do seu agrado. O item “Prefiro ir em lojas que trabalham com uma grande variedade de produtos, de vários segmentos (89,6)”, demonstra que os respondentes gostam de ir em um único lugar para comprar, que tenha tudo, como mostra o item de discordância entre os respondentes 14 “Gosto de ir em lojas especializadas em apenas em um segmento de produto (68,0)”. Como também os idosos preferem escolher os locais que tenham o ambiente agradável, com vitrines bonitas e vendedores com boa aparência (67,2), demonstram que é importante a loja ter um ambiente onde os idosos se sentem bem, bem apresentável, bonita, além de serem bem atendidos. Como descreve o item “Acabo escolhendo o local, onde fui melhor atendido e me senti bem, mesmo que seja mais caro (70,02)”, mesmo que isso custe mais caro para o bolso. Portanto, abrem mão de pagar um pouco mais por um produto, quando é agregado valor a este por meio dos itens citados acima. Como pode-se destacar no item “Procuro sempre os lugares de preço baixo, mesmo que o produto seja similar ao que deseja (41,1)” que não obteve nem concordância nem discordância pelos respondentes. Pelo fato de terem outros fatos que influenciam na avaliação de compra, que não seja somente o preço, como qualidade, atendimento, ambiente. Tabela 03: Avaliação das Alternativas Avaliação das Alternativas 22-Procuro escolher lugares de fácil acesso, normalmente onde passo diariamente; 23-Prefiro ir em lojas em que já fiz compra anteriormente e gostei; 24-Levo muito em consideração a indicação de outras pessoas; 25-Gosto de ir nos lugares onde eu possa escolher e ninguém fica me forçando a nada; 26-Levo em consideração as características do produto como a marca, o modelo; 27-Procuro sempre os lugares de preço baixo, mesmo que o produto seja similar ao que deseja; 28-Gosto de ir em lojas especializadas em apenas em um segmento de produto; 29-Prefiro ir em lojas que trabalham com uma grande variedade de produtos, de vários segmentos; 30-Prefiro escolher os locais que tenham o ambiente agradável, com vitrines bonitas e vendedores com boa aparência; 31-Apenas faço um comparativo de preços entre as lojas e compro o produto onde é mais barato; 32-Acabo escolhendo o local, onde fui melhor atendido e me senti bem, mesmo que seja mais caro; Fonte: Dados da Pesquisa DT/D NC/ND C/CT 18,6 27,5 53,9 1,9 19,6 3,7 32,4 94,4 48,0 3,7 10,1 86,2 30,6 24,1 45,3 25,2 41,1 33,7 68,0 21,0 11,0 2,8 7,5 89,6 10,0 22,7 67,2 9,8 31,9 58,4 11,7 18,0 70,2 De acordo com estudos desenvolvidos por Bordin, Zamberlan e Froemming (2006), a escolha de uma loja está sustentada em uma combinação de fatores funcionais, como qualidade, preço e a gama de estilos de mercadoria, como também fatores simbólicos que sinalizam estado e afluxo. Ainda os autores descrevem que fatores simbólicos são as informações iniciais que atraem os consumidores para uma loja e que a decisão de compra está então suportada nos fatores funcionais encontrados dentro do ambiente de vendas do varejo. 3.2.4 Decisão de Compra Na tabela 04, que apresenta a etapa da decisão de compra, obteve-se concordância entre os idosos no item “Quando entro numa loja gosto de ser atendido o mais rápido possível (69,1), demonstra que os respondentes são impacientes, não gostam de ficar esperando, tudo tem ser de imediato e para o momento, não gostam de se atrasar e tem que ocorrer no tempo previsto. O item “O atendimento é o que mais influencia na hora de decidir pela compra de um produto (69,1)” mostra que se o idoso não foi bem atendido, pode não comprar naquela loja e talvez não mais voltar como foi confirmado pelos itens citados acima “Prefiro ir em lojas em que já fiz compras anteriormente e gostei” e “Acabo escolhendo o local, onde fui 15 melhor atendido e me senti bem, mesmo que seja mais caro”. Mooney e Bergheim (2002) descrevem que os clientes sentem-se bem recebendo um tratamento especial quando um vendedor faz tudo que pode pra prestar-lhes um atendimento qualificado, ajudando a encontrar um produto, prolongando por mais alguns dias a validade de uma oferta especial ou trabalhando com um pedido especial. Os pesquisados também confirmaram que gostam de levar os produtos no condicional para poderem provar com mais calma (70,8). É uma forma de pensar sobre a compra, se é realmente necessário, se não possui uma peça parecida no guarda roupa ou se tem algo que combine. O item “O que importa é a loja ter o produto, se tem o produto que eu quero eu levo (67,7)” pode ser justificado com o item “Não procuro informação, eu vou diretamente na loja que costumo comprar quando preciso de um produto”, ou seja, os idosos não buscam informações sobre os produtos, portanto, vão na loja de costume ou em outra e compram o que procuram, independente do preço, ou até do atendimento, ambiente, fatores discutidos acima, que também geram controvérsias em alguns itens. Tabela 04: Decisão de Compra Decisão de compra 33-Quando entro numa loja gosto de ser atendido o mais rápido possível; 34-O atendimento é o que mais influencia na hora de decidir pela compra de um produto; 35-Gosto de levar o produto no condicional porque eu posso provar com mais calma; 36-O que importa é a loja ter o produto, se tem o produto que eu quero eu levo; 37-Prefiro fazer compras quando estou acompanhado da minha família; 38-Prefiro comprar com meus amigos pois nossas opiniões são parecidas; 39-Vou nos lugares em que oferecem um horário mais flexível para as compras; 40-Gosto de comprar a vista, quando houver um bom desconto; 41-Costumo comprar a prazo, com cheque ou cartão; 42-Compro onde tenho crediário; 43-Gosto da opinião dos vendedores quando estou comprando; 44-Não escolho pela marca de um produto, mas sim pelo modelo, pelas características; 45-Planejo totalmente minhas compras, pois escolho com antecedência o produto e a marca que vou comprar; 46-Não planejo minhas compras, pois tanto o produto quanto a marca dele, escolho na loja; Fonte: Dados da Pesquisa DT/D 10,1 NC/ND 21,1 12,8 18,2 69,1 18,9 10,4 70,8 12,4 21,5 51,0 20,0 25,2 22,6 67,7 53,3 26,5 24,5 44,1 8,3 55,0 30,8 25,2 8,3 11,0 11,2 19,4 83,4 34,0 57,9 55,4 8,5 13,2 78,3 31,5 15,2 53,4 21,9 20,0 58,1 31,4 C/CT 68,8 Os idosos gostam de comprar a vista, quando houver um bom desconto (83,4) para não comprometer a renda por muito tempo, pois precisam se preocupar também com a saúde, que é confirmado pelo item de discordância “Costumo comprar a prazo, com cheque ou cartão (55,00)”. No item “Não escolho pela marca de um produto, mas sim pelo modelo, pelas características (78,3)”, observa-se que os respondentes dão mais importância a outros fatores que compõe um vestuário que a marca em si, pelo fato de ás vezes ter um valor muito acima do valor que realmente podem pagar e não fazem a associação da marca a qualidade do produto. Engel, Blackwell e Miniard (2000) descrevem que a importância que o consumidor dá ao nome da marca depende de sua capacidade de julgar qualidade. O nome da marca também pode ser influenciador quando o nome é visto com um símbolo de status e os consumidores são motivados por tais considerações. 3.2.5 Avaliação Pós-compra 16 No que se refere a etapa de avaliação pós compra (tabela 05), os idosos concordaram entre si no item: “Fico chateada quando o produto comprado não atende minhas expectativas (59,4)”, a insatisfação pode vir de um produto mal feito, de baixa qualidade e isso pode ressoar negativamente para a loja que efetuou a venda, caso não ocorra a troca, pois o cliente gerou uma variedade de expectativas sobre o produto e estas expectativas não foram satisfeitas. “Quando o vendedor foi sincero comigo na hora da compra, acabo voltando a loja (83,1)”, nota-se que o vendedor que não obrigou, forçou o idoso a comprar, o ajudou a escolher uma roupa adequada a seu tamanho, idade e estilo e foi sincero na venda acaba ganhando um cliente fiel. Como afirma Mooney e Bergheim (2002), que os consumidores acolhem bons conselhos e orientações úteis de pessoas que, ao invés de empurrar o consumidor para uma compra, o conduzem durante o processo. Sheth; Mittal; Newman (2001) ressalta que um cliente insatisfeito que tem a sua disposição outras escolhas, afasta-se de uma empresa, e acaba comprando o produto do concorrente. Vale lembrar que os clientes insatisfeitos custam caro para as empresas, pois levam sua insatisfação para várias outras pessoas. Pesquisas indicam que clientes satisfeitos conversam com três outros clientes, e os insatisfeitos são ainda mais comunicativos, e conversam com pelo menos nove outros clientes. “Gosto quando as lojas me ligam ou mandam cartões nas datas comemorativas (71,9)” percebe-se que os idosos gostam de serem lembrados em suas datas especiais, de serem tratados com um diferencial. Tabela 05: Avaliação pós-Compra Avaliação pós-compra 47-Fico chateada quando o produto comprado não atende minhas expectativas; DT/D NC/ND C/CT 25,5 15,1 59,4 48-Acabo me arrependendo dos produtos que compro por impulso; 49-Nunca me arrependo das compras que faço; 50-Quando o vendedor foi sincero comigo na hora da compra, acabo voltando a loja; 51-Se fui mal atendido, não volto mais na loja, mesmo que tenha bons produtos; 52-Evito ir a lojas que tratam as pessoas pela aparência; 53-Gosto quando as lojas me ligam ou mandam cartões nas datas comemorativas. Fonte: Dados da Pesquisa 30,0 33,6 17,0 22,4 53,0 43,9 6,6 10,4 83,1 34,6 20,6 44,9 31,1 10,4 58,5 15,6 12,6 71,9 3.3 Resultados Do Teste T Procurou-se fazer uma avaliação do processo decisório de compra, buscando diferença entre os grupos, com base em variáveis independentes. Para fazer esta análise, utilizou-se o Teste T indicando se os grupos diferem significativamente entre si com base em suas médias. Aceita-se a existência de diferenças entre as médias dos grupos a uma significância de p<0,05. Portanto, dentre as análises feitas detectou-se algumas diferenças significativas em relação a idade e sexo. Detectou-se diferenças significativas na variável idade em relação ao processo decisório de compra (tabela 06), no item: “Procuro me vestir de acordo com o meu grupo social (p=0,041)”, que se refere a etapa do reconhecimento da necessidade. Percebe-se que os jovens idosos tem preocupação maior em se vestir de acordo com as pessoas com quem convivem, para não serem diferentes. Solomon (2008) afirma que as pessoas usam o comportamento de consumo de uma pessoa para ajudá-las a fazer julgamentos sobre a identidade social daquela pessoa. Assim, também o uso de um produto pode influenciar as percepções das demais pessoas no grupo, como determinar seu próprio autoconceito e sua 17 identidade social. “Gosto de levar o produto no condicional porque eu posso provar com mais calma (p=0,008)”, se refere a etapa de decisão de compra. Mostra que os jovens idosos costumam, antes de efetuar a compra, levar o produto na condicional para provar com mais calma em casa, talvez com outras peças de roupas e obter mais tempo para pensar na decisão. Tabela 06: Idade x processo Decisório de Compra Itens 6-Procuro me vestir de acordo com o meu grupo social; 35-Gosto de levar o produto no condicional porque eu posso provar com mais calma; 1= 60 a 70 anos; 2= acima de 70 anos Fonte: Dados da Pesquisa 1 3,05 2 3,62 P 0,041 4,1 3,32 0,008 Em relação a variável sexo (tabela 07), percebeu-se diferenças significativas em itens que se referem ao processo decisório de compra. “Tenho vontade de comprar, quando vejo que meus amigos estão com roupas novas (p=0,024)”, nota-se que os homens reconhecem a necessidade de comprar um vestuário novo quando vem seus amigos com roupas novos, isso afirma que os homens observam mais o vestuário dos amigos que as mulheres, se preocupam em se vestir de acordo com o seu grupo. E pode-se dizer que cai por terra o ditado que diz que “as mulheres se vestem para as mulheres, não para os homens”. No item “Procuro sempre seguir a tendência da moda (p=0,032)”, confirma que as mulheres, reconhecem a necessidade de adquirirem roupas da moda, para estar na moda, o que contribui para o seu autoestima. Solomon (2008), salienta que a autoestima diz respeito a positividade do autoconceito de uma pessoa e a aceitação pelos outros que costuma influenciá-la. Miranda (2008) complementa afirmando que a autoestima é central na moda como processo de afirmação. Tabela 07: Sexo x Processo Decisório de Compra Itens 2-Tenho vontade de comprar, quando vejo que meus amigos estão com roupas novas; 3-Procuro sempre seguir a tendência da moda; 25-Gosto de ir nos lugares onde eu possa escolher e ninguém fica me forçando a nada; 53-Gosto quando as lojas me ligam ou mandam cartões nas datas comemorativas. Fonte: Dados da Pesquisa Masculino Feminino P 2,55 2,05 0,024 1,66 2,15 0,032 3,55 4,51 0,012 3,33 4,05 0,036 Na avaliação das alternativas de compra, tem-se o item “Gosto de ir nos lugares onde eu possa escolher e ninguém fica me forçando a nada (p=0,012)”, onde percebe-se que as mulheres são mais determinadas e não gostam de ser pressionadas no momento da compra, gostam de escolher seus produtos com calma e tranquilidade. No item “Gosto quando as lojas me ligam ou mandam cartões nas datas comemorativas (p=0,036)” , que está associado a avaliação pós-compra, nota-se que as mulheres gostam de serem lembradas pelas lojas onde fizeram compras, em datas especiais. Afirma que as mulheres lembram mais de datas especiais que os homens. CONCLUSÃO É impossível confirmar que os consumidores apresentam as mesmas informações, conceitos, atitudes e orientações de valores, acerca de produtos e serviços. Cada ser humano constrói conceitos, dos produtos que deseja adquirir, a partir de informações que busca ou recebe por meios de comunicação acessíveis a ele e tem um comportamento de compra. 18 Assim, a tomada de decisão pela compra tem influencia de muitos fatores, que o mercado empresarial deve perceber e transformar em aliada para garantir o sucesso. Diante disso, esta pesquisa teve por objetivo identificar o processo de compra do setor de moda de vestuário de um segmento de público crescente, o da terceira idade. Também, foi possível avaliar o comportamento do consumidor durante o processo de compra de moda de vestuário, identificando os itens que obtiveram maior relevância na pesquisa. Na primeira etapa, o reconhecimento das necessidades, nota-se que os idosos não compram roupas frequentemente, são controladores, possuem estilo próprio, não seguem a tendência da moda talvez por que a situação financeira não permite. Como salienta Miranda (2008), que a moda é um fenômeno cíclico, temporário, adotado por consumidores em tempo e situação particulares, e esta em constante transformação e mudança, ou ainda por não ter modelo ou tamanho adequado para pessoas da terceira idade, como declararam os participantes dos grupos de foco. Quando saem usam as roupas que tem no armário e não se preocupam em usar roupas que os outros possam achar que estão fora da moda. A etapa da procura de informações demonstrou que os idosos quando decidem em comprar roupas não buscam informações, nem com amigo, em revistas ou vitrines. Gostam de comprar roupas na promoção, mas somente quando é do agrado, na questão do modelo, tamanho. Na maioria das vezes não observam as pessoas da sua idade para ver o que estão vestindo. Por isso, os idosos, vão comprar no mesmo lugar de sempre quando precisam de um produto. A avaliação das alternativas, confirma a parte da etapa da procura das informações, em que os idosos afirmam que preferem ir nas lojas que sempre compram, pois gostam do atendimento prestado pelos vendedores, em que o ambiente proporciona uma bem estar mesmo que isso custe mais caro. Já, quando o idoso toma a decisão por comprar, gosta de ser atendido o mais rápido possível quando entra na loja. Os idosos preferem fazer as compras sozinhas, são fiéis pagadores e costumam pagar a vista. Assim, como qualquer pessoa também decepcionam-se quando um produto comprado não atende as expectativas. Por isso, primam por sinceridade por parte dos vendedores na hora da compra. No cruzamento dos dados por meio do Teste T, percebeu-se que os idosos acima de 70 anos se preocupam mais em se vestir de acordo com seu grupo social do que os idosos com idade entre 60 e 70 anos. Já os jovens idosos, que corresponde de 60 a 70 anos, que tem estilo próprio, gostam de levar os produtos no condicional para provar em casa. E, fazendo um comparativo entre homens e mulheres, os homens não tem a preocupação em seguir a tendência da moda, gostam de lugares onde os vendedores ficam juntos para a escolha do vestuário e não gostam de serem lembrados em datas comemorativas, como as mulheres. Mas, os homens são mais impulsivos nas compras que as mulheres, tem vontade de comprar que vem os amigos com roupas novas. Espera-se que este estudo como forma de comunicação ainda evolua na esfera das pesquisas processo decisório de compra, além de servir como apoio para profissionais da área que atuam no município onde a amostra está estabelecida. Percebe-se que este estudo tem a limitação de uma amostra de conveniência que limita a generalização dos resultados. Portanto, como sugestões para estudos futuros, há variadas possibilidades, como, uma correlação entre estilo de vida dos consumidores e o processo decisório de compra, ou os segmentos de idade, classe social e estado civil em relação ao comportamento de compra de moda. Também seria interessante avaliar todos estes aspectos nas decisões de compra de consumidores com menos de 60 anos. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 19 BORDIN, Flávia; ZAMBERLAN, Luciano; FROEMMING, Lurdes, M. S. O comportamento do consumidor de vestuário: uma avaliação do processo decisório de compra. In: ÂNGELO, C. F., SILVEIRA, J.A.G. Varejo Competitivo, v.11. São Paulo: Saint Paul, 2006. CARVALHO, Guilherme Barbosa de. O comportamento de consumo de serviços de entretenimento noturno: uma abordagem sobre o gênero feminino. Belo Horizonte. 2003. Dissertação (Mestrado em Administração), Centro de Pós Graduação e Pesquisa em Administração. Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, 2003. CASTILHO, Kátia. Moda e Linguagem. 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Ijuí: Editora Unijuí, 2009. 21 APÊNDICE UNIJUI – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Sou estudante do curso de MBA em Gestão Empresarial, e estou trabalhando na elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso. Esta pesquisa busca identificar o comportamento de consumidor e o estilo de vida dos consumidores de moda da terceira idade. Sua identidade será preservada e as informações obtidas nesta pesquisa serão de uso exclusivo para fins acadêmicos científicos. De acordo com as frases descritas abaixo, assinale o número que corresponde ao seu grau de concordância com relação a cada uma delas, levando em consideração sua experiência em relação à compra e conhecimento de moda. A escala utilizada varia de 1 a 5. Onde: 1 DT Discorda Totalmente 2 D Discorda 3 NC/ND Nem Concorda/ Nem Discorda 4 C Concorda As suas roupas são compradas por quem? ) Todas por outras pessoas; ) Grande maioria por você e algumas por outras pessoas; ) Grande maioria por outras pessoas e algumas por você; ) Todas por você. Processo Decisório de Compra Reconhecimento da Necessidade 1-Sempre compro um produto, quando o anterior estiver velho ou com defeito; 2-Tenho vontade de comprar, quando vejo que meus amigos estão com roupas novas; 3-Procuro sempre seguir a tendência da moda; 4-Gosto de renovar meu guarda roupa a cada troca de estação; 5-Costumo comprar roupas frequentemente; 6-Procuro me vestir de acordo com o meu grupo social; 7-Sempre que vou a um evento, compro roupas novos; 8-Compro apenas por necessidade, não sou impulsivo; 9-Quando estou deprimido procuro fazer compras; 10-Muitas vezes passo por uma vitrine, e vejo que preciso de um determinado produto; 11-Gosto de mostrar para as pessoas que posso comprar certas coisas; 12-Todo mundo estava comprando determinado produto, daí eu também quis ter um; 13-Não quero que os outros achem que uso coisas ultrapassadas ou fora de moda; Procura de informações 14-Procuro olhar revistas, jornais para saber a tendência da moda; 15-Costumo sair para olhar vitrines para saber o que comprar; 16-Peço opiniões aos meus amigos sobre o tipo de produto que devo comprar; 17-Não procuro informação, eu vou diretamente na loja que costumo comprar quando preciso de um produto; 18-Procuro comprar produtos somente quando estão na promoção; 19- Fico atento aos anúncios de TV, rádio, revistas; 20-Vejo o que as pessoas da minha idade estão usando; 21-Vou a todos os lugares possíveis que possam trabalhar com o produto; Avaliação das Alternativas 22-Procuro escolher lugares de fácil acesso, normalmente onde passo diariamente; 23-Prefiro ir em lojas em que já fiz compra anteriormente e gostei; 24-Levo muito em consideração a indicação de outras pessoas; 25-Gosto de ir nos lugares onde eu possa escolher e ninguém fica me forçando a nada; 26-Levo em consideração as características do produto como a marca, o modelo; 27-Procuro sempre os lugares de preço baixo, mesmo que o produto seja similar ao que deseja; 28-Gosto de ir em lojas especializadas em apenas em um segmento de produto; 29-Prefiro ir em lojas que trabalham com uma grande variedade de produtos, de vários segmentos; 30-Prefiro escolher os locais que tenham o ambiente agradável, com vitrines bonitas e 5 CT Concorda Totalmente 1( 2( 3( 4( DT CT 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 1 1 1 1 2 2 2 2 3 3 3 3 4 4 4 4 5 5 5 5 1 1 1 1 2 2 2 2 3 3 3 3 4 4 4 4 5 5 5 5 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5 5 5 5 1 2 3 4 5 22 vendedores com boa aparência; 31-Apenas faço um comparativo de preços entre as lojas e compro o produto onde é mais barato; 32-Acabo escolhendo o local, onde fui melhor atendido e me senti bem, mesmo que seja mais caro; Decisão de compra 33-Quando entro numa loja gosto de ser atendido o mais rápido possível; 34-O atendimento é o mais influencia na hora de decidir pela compra de um produto; 35-Gosto de levar o produto no condicional porque eu posso provar com mais calma; 36-O que importa é a loja ter o produto, se tem o produto que eu quero eu levo; 37-Prefiro fazer compras quando estou acompanhado da minha família; 38-Prefiro comprar com meus amigos pois nossas opiniões são parecidas; 39-Vou nos lugares em que oferecem um horário mais flexível para as compras; 40-Gosto de comprar a vista, quando houver um bom desconto; 41-Costumo comprar a prazo, com cheque ou cartão; 42-Compro onde tenho crediário; 43-Gosto da opinião dos vendedores quando estou comprando; 44-Não escolho pela marca de um produto, mas sim pelo modelo, pelas características; 45-Planejo totalmente minhas compras, pois escolho com antecedência o produto e a marca que vou comprar; 46-Não planejo minhas compras, pois tanto o produto quanto a marca dele, escolho na loja; Avaliação pós-compra 47-Fico chateada quando o produto comprado não atende minhas expectativas; 48-Acabo me arrependendo dos produtos que compro por impulso; 49-Nunca me arrependo das compras que faço; 50-Quando o vendedor foi sincero comigo na hora da compra, acabo voltando a loja; 51-Se fui mal atendido, não volto mais na loja, mesmo que tenha bons produtos; 52-Evito ir a lojas que tratam as pessoas pela aparência; 53-Gosto quando as lojas me ligam ou mandam cartões nas datas comemorativas. 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 1 2 3 4 5 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5 5 5 CARACTERIZAÇÃO DO ENTREVISTADO 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. Sexo: 1 ( ) Masculino 2 ( ) Feminino Estado Civil: 1 ( ) Solteiro 2 ( ) Casado 3 ( ) Viúvo 4 ( )Separado/Divorciado 5 ( ) outro Idade: __________________ Escolaridade: ______________________ Aposentado: 1 ( ) Sim 2 ( ) Não Renda familiar: 1 ( ) Até R$ 545,00 2 ( ) De R$ 546,00 a R$ 1090,00 3 ( ) De R$ 1091,00 a R$ 1635,00 4 ( ) De R$ 1636,00 a R$ 2180,00 5 ( ) De R$ 2181,00 a R$ 2725,00 6 ( ) acima de R$ 2726,00 Mora: 1 ( ) Sozinho 2 ( ) Cônjuge 3 ( ) Cônjuge e filhos 4 ( ) Filhos 5 ( ) Outros Quem? __________ Como costuma ir às lojas? 1 ( ) Carro 2 ( ) Ônibus 3 ( ) A pé 4 ( ) Táxi 5 ( ) Outro Com que freqüência costuma comprar vestuário novo? 1 ( ) 1 vez por semana 2 ( ) 2 vezes ao mês 3 ( ) 1 vez por mês 4 ( ) A cada dois meses 5 ( ) A cada três meses 6 ( ) A cada quatro meses 7 ( ) A cada cinco meses 8 ( ) A cada seis meses 9 ( ) A cada 7 meses ou mais Em que dia da semana prefere ir às lojas (três principais)? 1 ( ) Segunda 2 ( ) Terça 3 ( ) Quarta 4 ( ) Quinta 5 ( ) Sexta 6 ( ) Sábado Quanto tempo costuma ficar na loja? _______________________________________ Que fator mais influência na escolha de um vestuário? 1 ( ) Preço 2 ( ) Qualidade 3 ( ) Marca 4 ( ) Novidade 5 ( ) Modelo 6 ( ) Costura 7 ( ) Material (tecido) Da sua renda mensal, Quanto você acredita que gasta com vestuário¿ ________________