dossi ê t é cnico - Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas

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DOSSIÊ TÉCNICO
CULTIVO DO NIM
Ivo Pessoa Neves
Rede de Tecnologia da Bahia – RETEC/IEL - BA
JANEIRO/2008
DOSSIÊ TÉCNICO
Sumário
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................3
2 CARACTERIZAÇÃO DA PLANTA...........................................................................4
3 CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS ........................................................................4
4 PREPARO DO SOLO..............................................................................................5
4.1 Produção de mudas ...........................................................................................5
4.2 Plantio e Manejo da Cultura ...............................................................................6
4.3 Deficiências Nutricionais e Minerais .................................................................6
4.4 Deficiências Minerais..........................................................................................6
4.5.Tratamento Fitossanitário ..................................................................................10
5 COLHEITA E PROCESSAMENTO..........................................................................10
5.1 Colheita dos Frutos ............................................................................................10
5.2 Processamento ...................................................................................................11
5.2.1 Despolpamento e Lavagem.............................................................................11
5.2.2 Secagem...........................................................................................................12
5.2.3 Armazenamento ...............................................................................................12
5.2.4 Qualidade das Sementes ................................................................................12
6 FORMULAÇÕES E UTILIZAÇÃO............................................................................12
6.1 Uso na Indústria de Cosméticos........................................................................13
6.2 Uso Medicinal......................................................................................................13
6.3 Uso na Agricultura ..............................................................................................14
6.3.1 Controle de Pragas com Produtos do NIM.....................................................14
6.3.1.1 Extrato à Base de Folhas .............................................................................14
6.3.1.2 Extrato à Base de Sementes........................................................................14
6.3.2 Uso na Produção de Biomassas em Propriedades Rurais ...........................16
6.3.3 Uso em Reflorestamento e Sistemas Agroflorestais.....................................16
6.3.4 Uso como Fertilizante......................................................................................16
6.4 Uso Veterinário ...................................................................................................16
6.5 Uso como Inseticida ...........................................................................................17
CONCLUSÃO .............................................................................................................19
REFERÊNCIAS ..........................................................................................................19
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DOSSIÊ TÉCNICO
Título
Cultivo do Nim
Assunto
Produção de produtos não-madeireiros não especificados anteriormente em florestas
plantadas
Resumo
Caracterização da planta, preparo do solo, produção de mudas, plantio e manejo da
cultura, formulações e utilização na agricultura.
Palavras chave
Agricultura; análise do solo; manejo do solo; muda; plantio; solo
Conteúdo
1 INTRODUÇÃO
O Neem Azadirachta indica ou Nim como é mais conhecida, é uma árvore que tem sua
origem na Índia. Sendo uma planta de característica tropical, adaptou-se bem ao clima do
Brasil, onde foi introduzida oficialmente na década de 80, hoje em dia é encontrada em
todas as regiões do País.
Figura 1: Exemplar do NIM (Azadirachta indica)
Fonte: Revista Globo Rural, Julho de 2003.
Atualmente vem demonstrando eficácia no combate as diversas pragas e doenças, que
atacam plantas e animais, por conta do seu princípio ativo, a azadirachtina.
O Nim é uma árvore que tem todas as suas partes ulilizáveis como folhas, frutos,
sementes, casca e madeira, atualmente muito empregada como fonte de materiais em
diversos setores: na indústria de comésticos, produção de adubos, uso veterinário e no
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controle de pragas, principalmente no combate aos nematóideos do cisto da soja e contra
mosca das frutas.
2 CARACTERIZAÇÃO DA PLANTA
O Nim é uma planta originária da India, cujo nome cientifíco Azadirachta indica,
pertencente a família Meliaceae, assim como mogno, a andiroba e do cedro, podendo
atingir até 15 m de altura.
Apresenta galhos em forma de coroas e seu tronco é em geral reto e curto, revestido de
uma casca grossa e enrugada.
Folhas de coloração verde-escuras, abundantes, com exceção dos períodos de seca
prolongados. As flores, são hermafroditas, possuindo coloração branca e aromáticas.
Figura 2: Exemplar do NIM na fase de inflorescência
Fonte: Revista Globo Rural, Julho de 2003.
O fruto apresenta-se como uma baga ovalada no estágio maduro com polpa amarelada e
casca branca, contendo óleo da cor marrom no interior da semente.
Figura 3: Caracterização do fruto
Fonte: Revista Globo Rural, Julho de 2003.
3 CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS
O Nim tem um bom desempenho quando a temperatura está acima de 20°C e a
precipitação pluviométrica durante o ano em torno de 400 a 800 mm, também em altitudes
superiores a 700 m, resistindo a longos períodos de estiagem.
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Planta que se desenvolve em solos de características pobres em nutrientes, não se
adaptando em solos encharcados e salinos, tendo como solo ideal, aqueles que
apresentam um pH entre de 6,2 a 7, 0, com florescimento nos primeiro meses do ano, com
o amadurecimento dos frutos nos meados de junho a agosto, com uma produtividade de 25
kg/planta, após quinto ano de plantio.
4 PREPARO DO SOLO
Pode ser manual ou mecanizada, tem como operações básicas a aração e gradagem,
tendo também como alternativa a homogeneização e o destorroar do solo, que consiste em
executar uma gradagem pesada e posteriormente uma leve, podendo se também proceder
apenas à abertura das covas, nas dimensões de 40 x 40 x 40 cm.
As características dos espaçamentos devem obedecer ao critério final de exploração da
cultura, quando optar para uma madeira fina e de menor porte, em um ciclo mais curto,
devem-se adotar espaçamentos menores, como 2 x 2 m ou 3 x 3 m, para fins da produção
de carvão, adota-se o espaçamento de 4 x 4 m.
Figura 4: Técnica de espaçamento
Fonte: Embrapa, 2004.
Quando o material é destinado para área farmacológica ou para a produção de sementes
para exportação, ao iniciar o processo de competição de plantas a partir do terceiro ano,
onde apresenta um espaçamento mais estreito, recomenda-se adotar o procedimento de
cortes em série ou alternados entre as árvores.
Os sulcos devem seguir a declividade do terreno em curva de nível, com a marcação das
covas, utilizando-se cordas ou arames, levando-se também em conta o espaçamento, com
abertura das covas com as dimensões de 40 x 40 x 40 cm, podendo receber torno de 3 kg
de esterco.
Quando trata - se de solo proveniente da operação de coveamento, adiciona-se cerca de
200 g de adubo NPK 4-3-15 + Zn.
4.1 Produção de Mudas
De fácil propagação, o Nim pode reproduzir tanto sexual quanto vegetativa, utilizando-se
sementes, mudas, rebentos ou cultura de tecidos.
A forma por estaquia, é a técnica mais usada para obtenção de mudas, mas se o agricultor
optar pela propagação sexuada, ou seja, através de sementes, deve-se ter o cuidado de
realizar uma pré-germinação, que consiste em colocar as sementes entre duas estruturas
de papel ou tecido encharcadas, até que os cotilédones comecem a sair da casca, isso
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ocorre em torno de uma semana a depender das condições climáticas.
Este procedimento deve ser adotado pelo fato de que as sementes do Nim perdem seu
poder germinativo muito rápido, geralmente em de 60 dias. Agindo assim, o agricultor
aumentará a porcentagem de germinação que é em torno de 70%.
Figura 5: Canteiro de mudas do Nim.
Fonte: Revista Globo Rural, Julho 2003.
4.2 Plantio e Manejo da Cultura
O plantio deve ser realizado no início do período das chuvas.
As mudas devem ser distribuídas entre as covas, plantadas no mesmo dia para evitar
ressecamento e quando produzidas em saco plástico, só deve-se retirar do saco no
momento do plantio.
Após 30 dias do plantio deve-se percorrer a área plantada para avaliar a porcentagem de
falhas, através de contagem, caso essa contagem seja superior a 5%, deve-se realizar o
replantio em todas as falhas.
Para aumentar a resistência da planta e evitar possíveis quebras ocasionadas por ventos,
recomenda-se manter o Nim em haste.
4.3 Deficiências Nutricionais e Minerais
As deficiências nutricionais devem ser corrigidas através da adubação, sendo necessário,
portanto realizar diagnóstico de sintomas visuais de deficiência nutricionais e experimentos
de campo para poder identificar quais as são essas deficiências e os procedimentos a
serem adotados.
De acordo com os relatórios do sistema base de dados tropical da Embrapa, plantas que
se desenvolvem em solos onde ocorrem deficiências de muitos nutrientes, germinam mais
dificilmente continuam seu desenvolvimento.
4.4 Deficiências Minerais
De acordo com os relatórios do sistema base de dados tropical na região dos cerrados os
solos são formados por rochas, sendo que cerca de aproximadamente 90% desses solos
são distróficos, ou seja, são ácidos, apresentado baixa fertilidade e com baixa
concentração de matéria orgânica e nutriente como cálcio, magnésio, fósforo e potássio e
alta concentração de ferro e alumínio, que possibilitam o aparecimento de sintomas que
prejudicam o desenvolvimento do Nim, a seguir temos a indicação dessas deficiências e
suas características sintomatológicas.
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A coloração amarela-esverdeada é um indicativo de carência nitrogênio que se inicia em
folhas mais velhas, com a perda da cor verde intensa em forma de clorose uniforme
homogênea amarelo-esverdeada, depois muda para amarelo-esbranquiçada, que se
estende às folhas novas, chegando até a uma coloração verde claro, demonstrando assim
uma intensa deficiência.
Figura 6: Sintomas de deficiência nitrogênio
Fonte: Embrapa, 2005.
A deficiência de potássio se manifesta com o amarelamento internerval, sendo mais
prejudicada nas pontas das folhas na forma de V invertido, com amarelamento continuo
da-se a queda das folhas.
Figura 7: Sintoma de deficiência de potássio
Fonte: Embrapa, 2005.
A formação de manchas amareladas de tamanho variado é como se apresenta na maioria
das vezes em plantas com deficiência do macronutriente fósforo, principalmente nas folhas
mais velhas.
Em folhas mais novas a deficiência do fósforo é indicada inicialmente com uma coloração
verde-azulada brilhante.
À medida que há um agravamento dos sinais de deficiência, a cor das folhas mais velhas
progride para amarelo-castanho, o bordô para o centro do limbo (Malavolta, 1980), depois
as folhas mais velhas secam e caem, deixando as plantas com poucas folhas.
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Figura 8: Sintoma de deficiência de fósforo
Fonte: Embrapa, 2005.
Nos sintomas de deficiência de cálcio, as plantas absorvem fosfato muito eficientemente,
acumulando-o no tecido em concentrações maiores que as do fosfato presente no solo ou
na solução nutritiva e na ausência de fósforo, a maioria das plantas apresentam o caule
pouco ramificado, fino e pouco desenvolvido.
Figura 9: Sintoma de deficiência de cálcio
Fonte: Embrapa, 2005.
Os sintomas da deficiência de magnésio começam a se manifestar nas folhas em manchas
desuniformes de coloração amarelada, inicia-se próxima das suas margens, depois para a
sua parte central e com posterior intensa queda de folhas.
Figura 10: Sintoma de deficiência de magnésio
Fonte: Embrapa, 2005.
A deficiência de enxofre se manifesta com aparecimento de coloração verde-clara, sendo
que nas folhas novas mostram ter uma coloração verde muito pálida, diferenciando-se das
outras.
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Figura 11: Sintoma de deficiência de enxofre
Fonte: Embrapa, 2005.
Os sintomas de deficiência do boro se manifestam nos estádios iniciais de
desenvolvimento da planta, sendo mais visíveis da germinação até a formação dos
primeiros pares de folhas, reduzindo a resistência mecânica de caules e pecíolos,
acarretando assim uma deterioração nas bases das folhas novas, reduzindo o crescimento
radicular, podendo ocasionar à morte de raízes, especialmente nas pontas meristemáticas.
Figura 12: Sintoma de deficiência de boro
Fonte: Embrapa, 2005.
A deficiência de cobre é identificada pela coloração verde-escura acentuada nas folhas em
toda a planta, principalmente nas folhas mais velhas, sintoma que pode ser confundido
com a deficiência de fósforo, em razão da inibição da síntese de clorofila.
Figura 13: Sintoma de deficiência de cobre
Fonte: Embrapa, 2005.
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O sintoma de deficiência de ferro manifesta-se, inicialmente, nas folhas mais jovens e
posteriormente a clorose pode atingir também as nervuras, o que provoca nas folhas um
tom amarelado podendo a folha tornar-se branca com áreas necróticas.
Figura 14: Sintoma de deficiência de ferro
Fonte: Embrapa, 2005.
As características de um enrugamento das folhas mais novas e caules delgados de
coloração verde-pálido e folhagem amarelada são indicativos de deficiência de manganês.
Figura 15: Sintoma de deficiência de manganês
Fonte: Embrapa, 2005.
A deficiência de zinco pode ocorrer quando se aplica calcário em quantidade suficiente
para elevar o pH do solo acima de 6, 0, segundo Thung & Oliveira.
Figura 16: Sintoma de deficiência de zinco
Fonte: Embrapa, 2005.
4.5 Tratamento Fitossanitário
O controle de formigas, principalmente as pertencentes aos gêneros Atta e Acromyrmex,
deve-se iniciar assim que a planta estiver estabelecida para o sucesso do cultivo.
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Os equipamentos disponíveis e o tipo de formigueiro, bem como as condições ambientais
são fatores que influenciam na eficiência do combate a esses insetos e também a
utilização de produtos, principalmente os granulados, de maior oferta no comércio.
5 COLHEITA E PROCESSAMENTO
5.1 Colheita dos Frutos
A operação de colheita deve ser a realizada quando pelo menos um quarto dos frutos
estiverem amarelos e o restante “de vez”, descartando aqueles frutos que apresentarem
verdes, podendo fazer o aproveitamento daqueles derrubados no chão ou até mesmo os
que a polpa tenha sido consumida por insetos ou outro animal.
Uma vez colhido os frutos, eles são separados por qualidade em vasilhames diferentes, ou
seja, os maduros e “de vez”, ficando de 24 a 48 horas, onde ocorrerá a despolpa
propiciada por uma pequena fermentação a qual não interfere na qualidade da semente.
5.2 PROCESSAMENTO
5.2.1 Despolpamento e Lavagem
O despolpamento poderá ser realizado artesanal ou mecanicamente, sendo manual deve
ser executado com o uso de recipiente, água, areia fina e peneira, seguindo-se os
procedimentos:

Colocar uma camada de frutos em toda a extensão da base do recipiente, em
seguida um pouco de areia, adicionar a água aos poucos, até formar um caldo espesso;

Realizar movimentos circulares nesse caldo espesso, fazendo pressão para que o
atrito possibilite as cascas soltarem e seja feita a limpeza das sementes;

Colocar as sementes limpas na peneira para lavá-las. Após lavagem colocá-las em
outro recipiente, separando as que ainda apresentem resíduos de cascas;

Após despolpamento, adicionar uma pequena quantidade (mão cheia) de cal em
um recipiente com água nas quais as sementes limpas deve ser deixado por uns dez
minutos. Esse procedimento funciona como uma desinfecção para prevenir o aparecimento
de boloros, durante o armazenamento das sementes.
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Figura 17: Despolpamento artesanal
Fonte: Embrapa, Dezembro 2003.
Figura 18: Despolpamento semi - industrial
Fonte: Embrapa, Dezembro 2003.
5.2.2 Secagem
Depois de tratadas as sementes devem ser espalhadas em uma superfície revestida,
nunca em contato direto com o piso, deixando - as secar ao sol por um período médio de
três a quatro horas.
Essa exposição ao sol interfere na retirada da umidade existente nas sementes, devendo
posteriormente concluir o processo de secagem numa área sem sol durante dois a três
dias.
Durante essa secagem final, deve realizar a seleção para retirada de cascas ou sementes
que apresentarem manchas ou rachaduras, para não prejudicar a qualidade do produto
final.
5.2.3 ARMAZENAMENTO
Deve - se armazenar completamente secas, com utilização de sacos de papel ou de pano
e nunca em sacos de plástico ou materiais semelhantes, para não contribuir com o
aparecimento de bolores ou também dificultar o processo de transpiração e provocar
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germinação. Manter sempre em local seco, ventilado e fazer inspeção.
5.2.4 Qualidade das Sementes
As sementes de qualidade apresentam características de casca quase branca, secas e
livres de contaminações biológicas ou físicas.
Sementes que não atingirem tamanho médio dentro do lote devem ser descartadas, bem
como aquelas que apresentarem pontos indicativos das contaminações ou casca quebrada
ou rachada.
Quando destinadas ao plantio é necessário fazer um teste para determinar a porcentagem
de germinação de cada lote de sementes e essa característica ótima de germinação, deve
constar do rótulo das embalagens.
No rótulo deve conter as seguintes informações: nome do agricultor, localidade ou
propriedade, município, ano da safra, número do lote, período da colheita, porcentagem de
germinação e peso.
6 FORMULAÇÕES E UTILIZAÇÃO
Existe uma variedade de utilizações para o aproveitamento do Nim devido ao seu princípio
ativo a azadirachtina, altamente potente, o que possibilita os seguintes usos.
As espécies da família Meliaceae têm como característica a presença de triterpenos
oxigenados, conhecidos como meliacinas, tendo como o mais potente agente antialimentar
o azadiractin, que se encontra nas folhas, frutos e sementes, e foi isolado, inicialmente, a
partir do Nim.
Figura 19: Fórmula Estrutura da Azadirachtina
Fonte: Unicampi, Março 2000.
6.1 Uso na Indústria de Cosméticos
Utilizado na fabricação de xampus, óleos para cabelo, tônico capilar e óleo para unha e
sabonetes. De acordo com Saxena (1993), na Alemanha, do tanino da casca do caule
fabricam-se sabonete e pasta dental
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Figura 20: Cosmético do NIM
Fonte: Embrapa, Dezembro 2003.
Figura 21: Sabonete e pasta dental extraídos do tanino da casca do caule.
Fonte: Embrapa, Dezembro 1996.
6.2 Uso Medicinal
Devido às suas propriedades bactericidas e fungicidas é usada em muitos países como
eficiente remédio no tratamento de inúmeras doenças.
Doenças como a dengue, chagas e malárias podem ser controladas com a pulverização a
base de óleo de Nim. Dentre os países que cultivam e utilizam o Nim, Cuba é que detêm
mais experiência do uso na área da saúde pública.
Devido ao seu efeito antiviral, bactericida, fungicida, anti-inflamatório, analgésico, antihelmíntico, estimulante do sistema imunológico, anti-câncer, anti-cáries, efeitos contra a
diabetes, anti-fadigas crônicas, anti-dor de cabeças, o principio ativo do Nim é muito
utilizado na medicina humana.
Eficiente no combate aos fungos, muito mais que alguns fungicidas, também utilizado em
doenças com erupção cutâneas como varíola, catapora e verrugas e em fase experimental
em coquetéis contra o vírus da Aids.
Na área da higiene bucal, previne o aparecimento de doenças periodônticas devido às
propriedades anti-sépticas da planta.
6.3 Na agricultura
6.3.1 Controle de pragas com produtos do Nim
O extrato aquoso extraído do Nim comprovadamente é um potencial produto no combate
de pragas das culturas agrícolas e fácil utilização em pequenas propriedades.
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6.3.1.1 Extratos á base de folhas realizando os procedimentos de preparação

Cortar ramos de Nim e colocar para secar á sombra até que as folhas se tornem
quebradiças;

pó;
Triturar as folhas secas numa máquina forrageira ou pisar num pilão até obter um

Pesar 500 gramas desse pó e colocar de molho em dois litros de água durante 10 a
12 horas;

No dia seguinte, coar a calda obtida em um pano, adicionar 200 ml de um
detergente neutro, colocar num pulverizador, completando o volume de 20 litros de água e
aplicar.
6.3.1.2 Extrato de Sementes realizando os procedimentos de preparação

Triturar 1 kg de sementes secas de Nim e colocar em um saco de pano. Amarrar a
boca do saco e colocar de molho em uma vasilha com 2 litros d'água.

Deixar de molho durante 12 horas e em seguida espremer e coar. Obtém-se assim
uma calda rica em óleo de Nim. Deve-se adicionar 200 ml de detergente, que tem ação
emulsificante e melhora a aderência da calda às folhas das plantas ou pelo dos animais.

Colocar essa calda num pulverizador, completar o volume de 20 litros d’água e
aplicar em seguida.
As sementes extraídas de frutos do Nim podem ser utilizadas tanto na produção de mudas
para novos plantios, como para a extração de óleo.
Figura 22: Recipiente de preparação do extrato aquoso do Nim
Fonte: Embrapa, Dezembro 2003.
CULTURA/ CRIAÇÃO
PRODUTO DO NIM
PRAGAS CONTROLADAS
Acerola
Óleo
Pulgão, cochonilha, ácaro
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Café
Óleo/Extrato da Folha
Broca, bicho mineiro, ferrugem
Feijão
Extrato da Folha
Ferrugem
Gado Leiteiro
Extrato da Folha
Carrapato, berne e mosca do chifre
Milho
Extrato da Folha
Lagarta do cartucho
Pepino
Óleo
Trips, pulgões
Plantas Medicinais
Óleo
Brasileirinho,
mosca
branca,
pulgões,
ácaros
Tomate
Óleo/Extrato da Folha
Mosca branca, trips, pulgão, broca pequena,
fungos do gênero Phytophtora.
Quadro 1: Potencial de controle do Nim
Fonte: Embrapa – CNPAF, 1996.
6.3.2 Uso na Produção de Biomassa em Propriedades Rurais
Após a maturação, as árvores de Nim rendem de 10 a 40 toneladas de matéria seca por
hectare, dependendo das chuvas, do espaçamento adotado e da expressão do material
genético nas condições de cultivo.
As folhas abrangem cerca de metade dessa biomassa produzida, enquanto frutos e
madeira, representam cerca de 25% cada.
Também utilizado na fabricação de carretas, ferramentas, implementos agrícolas, postes
para cerca, casas, móveis e carvão devido ao alto poder calorífico.
6.3.3 Uso em Reflorestamento e Sistemas Agroflorestais
Pela sua característica de ser uma árvore robusta, o Nim é aproveitado como componente
nos programas de reflorestamento e na recuperação de áreas degradadas, áridas ou
costeiras e utilizadas como quebra-vento nos sistemas agro florestais.
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Figura 23: Viveiro de reflorestamento com NIM
Fonte: Agroteccatanabi, Julho 2003.
Contribui também para a produtividade das lavouras, como incremento no fornecimento
constante de matéria orgânica.
6.3.4 Como Fertilizantes
Como fertilizantes é utilizados na agricultura convencional, diminuindo as perdas de
nitrogênio pelo ar ou pelo escorrimento juntamente com as águas no interior ou na
superfície dos solos.
O Nim é também uma alternativa barata na utilização como fertilizante, na forma de torta
ou o extrato misturado com fertilizantes nitrogenados, esses últimos de custo alto no
mercado, como também pode reduzir substancialmente as perdas de volatilização da
amônia causadas por bactérias nitrificantes no solo, isto por ser antimicrobial.
Dessa forma, o Nim como fonte de adubo orgânico, pode constituir-se num dos fatores
decisivos para a redução dos custos de produção de uma determinada cultura explorada.
6.4 Uso Veterinário
Na alimentação animal e no controle de pragas, sendo utilizado em torno de 5 L de solução
a 2% do óleo emulcionável do Nim ou 2,5-5% do extrato da folha, por animal.
A torta de Nim utilizada para alimentação animal ou no tratamento curativo ou preventivo,
na homeopatia veterinária, não deixa residuais tóxicos nem mesmo sabor ou odor nas
carnes ou leites dos animais, pois é eliminado pelas fezes, o que não prejudica o consumo
humano desses produtos.
O uso da torta funciona também como elemento potente preventivo e controlador de modo
geral sobre os endoparasitas e ectoparasitas em animais e aves, sendo mais utilizado
como repelente contra ataques de moscas e insetos, alternativa para as pequenas
propriedades rurais pelo aspecto de ser um produto natural, acessível e de baixo custo
operacional.
Componentes
Quantidade
Azadiractina
500ppm
Nitrogênio
4% mínimo
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Fósforo
3%
Potássio
1,67%
Carbono
1,2%
Enxofre
1,2%
Cálcio
0,77%
Magnésio
0,75%
Outros
Cobre,
Ferro,
Zinco,
Manganês,
Boro,
Molibdênio
Quadro 2: Composição da torta do NIM
Fonte: Bionim Produtos Naturais, 2005.
6.5 Uso como Inseticida
O efeito dos extratos de Nim sobre insetos, sendo que dentre as espécies mais sensíveis
destaca-se as lagartas, pulgões, cigarrinhas e besouros mastigadores.
Dados revelam que o Nim tem comprovadamente efeito sobre cerca de 250 espécies de
insetos e em fase de testes para identificação de outras espécies como também a
dosagens a serem empregadas, mais com preocupação de não alterar o processo normal
de polinização, elemento preponderante para a multiplicação e produtividade vegetal e
produção de outros produtos.
Outra versatilidade na utilização é quanto a sua semelhança com o hormônio da ecdise,
que pode possibilitar o processo dos insetos trocarem o esqueleto externo, que ocasionam
alteração nessa transformação e, em elevadas concentrações, pode até impedí-la.
Figura 24: Produtos inseticidas
Fonte: Revista tecnologia e treinamento, 1998.
CLASSE
ESPÉCIES
EFEITOS
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Classe Orthoptera
gafanhotos, grilos,
anti-alimentar – insetos recusa-se
esperanças
a comer palnatas tartadas pelo Nim por
várias semanas
Classe Homóptera
Classe Thysanoptera
pulgões, moscas
influenciar a habilidade dos homópteros de
brancas, psyllids,
serem portadores e de transmitirem certas
cochonilhas
viroses.
larvas de trips
a formulação oleosa sufoca esse tipo de
insetos.
Classe Coleóptera
Classe Lepdoptera
fitófagos
recusam-se a comer plantas tratadas,
coccinelideos, e
crescem devagar, e alguns são mortos ao
crisomelideos
contato com os princípios ativos.
larvas de diversos
impede de se alimentarem.
lepidópteros: lagartas
militares, brocas de
fruto, broca do milho
Classe Díptera
mosca de frutas,
anti-alimentar e desregulando a
mosca dos chifres, e
crescimento
moscas domésticas
Classe Heteroptera
insetos sugadores
insetos sugadores,
insetos domésticos
mata os insetos jovens e inibe os adultos
de efetuarem a ovoposição.
Quadro 3: Principais classes de insetos controladas pelo Nim.
Fonte: Série Agricultura Alternativa, Junho 2000.
Para a preparação devem-se adotar os seguintes procedimentos:

Triturar as sementes ou frutos frescos, em água;

Deixar a mistura descansar por 12 horas;

Filtrar o líquido e pulverizando-o sobre as áreas infestadas, da mesma forma pode –
se fazer com as folhas;

Recomenda-se por litro de água, de 30 a 40 g de sementes ou de 40 a 50g de
folhas secas.
Conclusão
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Esse dossiê contribui para ampliar os conhecimentos e fomento para o cultivo do Nim, hoje
na busca de uma agricultura mais racional e alternativa, para reduzir o uso de inseticidas
sintéticos, minimizando assim os danos causados ao meio ambiente.
Referências
ABREU JÚNIOR, H. Práticas alternativas de controle de pragas e doenças na
agricultura. Campinas: Emopi, 1998.
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Nome do técnico responsável
Ivo Pessoa Neves
Nome da Instituição do SBRT responsável
Rede de Tecnologia da Bahia – RETEC/IEL - BA
Data de finalização
30 jan. 2008
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