1 UNIJUI – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul DACEC – Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação Curso: Administração SATISFAÇÃO NO TRABALHO: UM ESTUDO DE CASO SOBRE AS DIMENSÕES RELACIONAMENTO INTERPESSOAL E TRABALHO EM EQUIPE Trabalho de Conclusão de Curso JONAS BONFADA Orientador: Prof. Me. Gustavo Arno Drews Ijuí (RS), 2° semestre de 2013 2 JONAS BONFADA SATISFAÇÃO NO TRABALHO: UM ESTUDO DE CASO SOBRE AS DIMENSÕES RELACIONAMENTO INTERPESSOAL E TRABALHO EM EQUIPE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Administração da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI, como requisito parcial para obtenção de grau de Bacharel em Administração. Orientador: Prof. Me. Gustavo Arno Drews Ijuí (RS) 2013 3 “É o desejo que afirma que tudo é possível, desde que estejamos totalmente comprometidos com o que fazemos.” Paulo Coelho 4 AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, pela saúde, capacidade e disposição proporcionadas ao longo de minha vida e da trajetória acadêmica, possibilitando assim realizar este sonho. A minha mãe Nair e minha esposa Vanessa, pelo carinho e apoio nos momentos de dificuldade e pela compreensão nos momentos de ausência. Aos colaboradores e professores do DACEC, em especial ao professor orientador Gustavo Arno Drews pelas palavras sempre pertinentes, dedicação, profissionalismo e disposição para ajudar. Aos meus colegas de faculdade pelo companheirismo. Ao gestor de varejo, a gerente de Recursos Humanos e aos colaboradores da Organização Schirmann. 5 RESUMO EXPANDIDO SATISFAÇÃO NO TRABALHO: UM ESTUDO DE CASO SOBRE AS DIMENSÕES RELACIONAMENTO INTERPESSOAL E TRABALHO EM EQUIPE1 Jonas Bonfada2; Gustavo Arno Drews3 1 Trabalho de Conclusão de Curso 2 Aluno do curso de Administração, [email protected] 3 Orientador: Prof. Me. Gustavo Arno Drews, [email protected] Resumo: Este trabalho teve como objetivo conhecer a satisfação dos colaboradores da organização Schirmann referente ao relacionamento interpessoal e trabalho em equipe. Com este direcionamento a pesquisa teve por natureza ser aplicada, apresentando abordagem qualitativa e quantitativa e em relação aos objetivos é exploratória, com natureza de sondagem sendo também descritiva. Quanto aos procedimentos técnicos é um estudo de caso, bibliográfica, documental e de campo. Para atingir o objetivo proposto a empresa foi analisada através de entrevista semiestruturada com os gestores (varejo e RH) e questionários aplicados a uma amostra de colaboradores durante os meses de julho e agosto de 2013, comparando-se as perspectivas destes com a bibliografia, identificando gargalos e pontos fortes. A análise dos dados revelou que a organização conta com a maioria dos colaboradores satisfeitos com a forma que se relacionam e trabalham em equipe, mostrando que suas práticas referentes a estas questões estão adequadas, podendo estas questões se tornar diferenciais competitivos da empresa. Palavras-Chave: Comportamento Organizacional; sinergia; interações. Introdução O conhecimento do Comportamento Organizacional tornou-se uma ferramenta fundamental de Gestão, visto que existe uma relação de interdependência entre organização e as pessoas que nela trabalham, sendo esta vital para a sobrevivência da empresa. Em um ambiente em que as pessoas estão satisfeitas e trabalham em equipe os objetivos são alcançados de forma mais rápida e adequada, pois representa a soma de forças. De acordo com Basso (apud MICHELETTI, [s.d.]) “(...) a interação entre seus membros e especialmente o reconhecimento da interdependência entre seus membros no atingimento dos resultados da equipe, deve favorecer ainda os resultados das outras equipes e da organização como um todo (...)”. A principal vantagem das equipes é a sua heterogeneidade, onde através do relacionamento interpessoal, cada integrante contribui de forma diferenciada em relação aos seus colegas. No entanto, se estas diferenças não são bem vistas ou aceitas pelos membros das equipes, acabará afetando negativamente o desenvolvimento das tarefas, pois resultará em isolamento e individualização resultando em falhas. O gestor deverá estar apto a oferecer um ambiente de trabalho agradável e propício ao desenvolvimento das relações interpessoais favoráveis e consequentemente 6 alcançando a eficiência do trabalho em equipe, pois no entendimento de Rocha (2008) “(...), o resultado satisfatório da empresa está intrinsecamente ligado às boas relações interpessoais entre a equipe de trabalho e os objetivos a serem alcançados (metas)”. Torna-se relevante, portanto, dentro da dimensão Grupo do Comportamento Organizacional o estudo das relações interpessoais e do trabalho em equipe e como estes atributos estão influenciando na satisfação do trabalho afetando de forma positiva ou negativa a eficiência e a prática das atividades dos colaboradores, sendo estas fundamentais para sobrevivência e eficácia da organização. Esta relevância estende-se a todos os tipos de organização, incluindo-se a empresa Luiz Schirmann Filho, a qual está também inserida em um ambiente de constante mudança e de grande concorrência e os seus colaboradores são igualmente responsáveis pelo atingimento dos objetivos almejados, tornando-se fundamental conhecer e se necessário, adequar sua politica de gestão de relacionamentos e de trabalho em equipe. Neste direcionamento o objetivo geral deste estudo é: Verificar qual é o nível de satisfação dos colaboradores da Empresa Luiz Schirmann Filho com o relacionamento interpessoal e o trabalho em equipe oriundos do Comportamento Organizacional. Já os objetivos específicos são: Descrever como ocorre a prática e a percepção do relacionamento interpessoal e o trabalho em equipe do Comportamento Organizacional na Organização em estudo, na visão da Gerente de Recursos Humanos e do responsável pelo setor de varejo; Verificar a percepção dos colaboradores em relação a estes atributos; Comparar a prática da empresa com a percepção dos colaboradores, e identificar convergências e gargalos e por fim, propor soluções / alternativas aos gargalos identificados. Metodologia Em relação a sua classificação a pesquisa, tem por natureza ser aplicada, gerando conhecimentos para a solução de problemas específicos da realidade, com o emprego de um referencial teórico para análise e apresentação de soluções / alternativas. Apresenta abordagem qualitativa, pois o ambiente natural da empresa foi utilizado para a coleta de dados. Sendo também quantitativa, pois houve o emprego de métodos e técnicas estatísticas, para calcular os índices de satisfação dos colaboradores. Quanto aos objetivos é exploratória, tendo natureza de sondagem, visando conhecer os atributos do comportamento e da satisfação no trabalho; e descritiva, pois expôs a satisfação dos colaboradores no trabalho, relacionado aos atributos pesquisados, além propor soluções / alternativas às deficiências constatadas. Quanto aos procedimentos técnicos é um estudo de caso na Empresa Schirmann. Tratou-se ainda de uma pesquisa bibliográfica, documental e de campo, sendo desenvolvida dentro da empresa em estudo. O Universo amostral refere-se à empresa Schirmann que é uma empresa de atividade comercial, sendo que a pesquisa se concentrou na área de varejo que conta com 90 colaboradores. Os sujeitos da pesquisa foram: a) a Gerente do RH; b) o responsável pelo setor de varejo; c) e uma amostra de 60 colaboradores, da área de varejo da organização Schirmann obtendo o retorno de 49 questionários. Os instrumentos de coleta de dados constituíram-se de entrevista semiestruturada 7 aplicada ao gestor e a gerente de RH e questionário aplicado aos colaboradores. O período da coleta de dados abrangeu os meses de julho e agosto de 2013. A análise dos dados ocorreu de forma quantitativa e qualitativa das respostas dos colaboradores, contrapondo aos atributos do comportamento organizacional no quadro atual da empresa. Tendo como base a teoria do referencial, buscou-se após comparação das perspectivas da empresa e dos colaboradores, identificar possíveis gargalos que poderiam influir negativamente na satisfação no trabalho e propondo ações para saná-los, bem como salientando os pontos fortes encontrados. Resultados e discussão Os dados obtidos revelam que maioria dos colaboradores está satisfeita com o relacionamento interpessoal variando entre 76% a 98% de satisfação. Apenas a questão 36 apresentou um índice menor de 63%, a qual se refere ao relacionamento entre setores e departamentos. Esse caso pode denotar um problema nas práticas da organização e não necessariamente um problema de relacionamento. Em relação ao trabalho em equipe, os índices foram igualmente satisfatórios com variantes entre 72% referente a valorização financeira ou através de estímulos quando se atinge os objetivos, chegando a 100% com a compreensão dos objetivos do trabalho e também da sua realização com responsabilidade e comprometimento em prol da equipe. A menor porcentagem referente à valorização pode ter ocorrido pela característica humana de desejar sempre melhorar ou por a organização focar apenas em estímulos financeiros. Salienta-se que as variações nos índices de satisfação ocorreram, sobretudo pelos casos de dúvida e não necessariamente pelo crescimento do número de colaboradores insatisfeitos. Conclusões Diante destes dados, conclui-se que os objetivos almejados foram atingidos. Constata-se após comparação da prática da organização com a percepção dos colaboradores, que a primeira tem gerido de forma adequada os seus processos, resultando na satisfação da maioria dos colaboradores, no que tange o relacionamento interpessoal e trabalho em equipe. Verifica-se também que estes estão intrinsicamente ligados, e a satisfação em um fator resulta na satisfação do outro. Constata-se também que empresa apresenta alguns gargalos com números mais significativos de insatisfeitos, como nas relações laterais e também referentes a valorização ao se atingir os objetivos e quanto ao recebimento de treinamentos. Sugere-se uma nova pesquisa para verificar os reais motivos da insatisfação nas relações laterais, bem como reavalie suas práticas de recompensas incluindo estímulos não financeiros, além de reavaliar se os treinamentos estão surtindo o efeito esperado, bem como se tem atingido todos os setores, evitando assim consequências negativas nos resultados da organização como um todo e também em seu clima organizacional. Referências Bibliográficas MICHELETTI, Camila. Trabalho em equipe: essencial para todas as empresas. [s.d.]. Disponível em: <http://carreiras.empregos.com.br/carreira/administracao/ge/sucesso/equipe/050704trabalho_equipe.shtm>. Acesso em: 16 mar. 2013. ROCHA, Elizangela Bispo. Relações Interpessoais. 2008. Disponível em: <http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_21586/artigo_sobre_rela%C3%87%C 3%95es_interpessoais>. Acesso em: 14 Mar. 2013. 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Contribuições para o estudo do Comportamento Organizacional ............. 21 Figura 2 - Modelo básico do Comportamento Organizacional ................................... 23 Figura 3 - Diferenças entre grupo de trabalho e equipe de trabalho ......................... 26 Figura 4 - Fachada da “A Mantiqueira” ...................................................................... 43 Figura 5 - Fachada da primeira Loja Schirmann Materiais de Construção ................ 44 Figura 6 - Primeira logomarca ................................................................................... 44 Figura 7 - Instalações na Rede Ferroviária Federal S.A ........................................... 45 Figura 8 - Foto do descarregamento de concreto usinado ........................................ 46 Figura 9 - Fachada do Schirmann Materiais de Construção em 1990 ...................... 47 Figura 10 - Segunda logomarca ................................................................................ 47 Figura 11 - Mascote Schirmanito ............................................................................... 48 Figura 12 - Terceira logomarca (atual) ...................................................................... 48 Figura 13 - DBA (Distribuidor Belgo Avançado) ........................................................ 50 Figura 14 - Dinâmica de Grupo (Equipe 1) ................................................................ 76 Figura 15 - Dinâmica de Grupo (Equipe 2) ................................................................ 77 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Número de colaboradores por empresa .................................................. 51 Gráfico 2 - Perfil da Amostra conforme a Idade (anos) ............................................. 53 Gráfico 3 - Perfil da Amostra conforme Escolaridade ................................................ 54 Gráfico 4 - Perfil da Amostra conforme o Gênero ..................................................... 54 Gráfico 5 - Perfil da Amostra conforme a Cor / Raça ................................................ 55 Gráfico 6 - Perfil da Amostra conforme o Estado Civil .............................................. 55 Gráfico 7 - Perfil da Amostra conforme o Cargo Atual .............................................. 56 Gráfico 8 - Perfil da Amostra conforme o Tempo de Serviço .................................... 57 Gráfico 9 - Perfil da Amostra conforme Tempo de Serviço no Cargo ........................ 58 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Percepção da amostra de colaboradores quanto ao tratamento recebido referente a Estima e Respeito ................................................................................... 60 Tabela 2 - Percepção da amostra de colaboradores quanto à cooperação entre colegas ...................................................................................................................... 61 Tabela 3 - Percepção da amostra quanto às relações de amizade entre os colaboradores............................................................................................................ 62 Tabela 4 - Percepção da amostra de colaboradores quanto as diferenças e características pessoais (importância e respeito) ...................................................... 64 Tabela 5 - Percepção da amostra de colaboradores quanto ao Relacionamento Ascendente, Descendente e Horizontal .................................................................... 66 Tabela 6 - Percepção dos colaboradores em relação à abertura da empresa em aceitar e estimular opiniões ....................................................................................... 69 Tabela 7 - Percepção dos colaboradores em relação aos conflitos .......................... 71 Tabela 8 - Percepção da amostra de colaboradores quanto a Satisfação com as Relações Interpessoais ............................................................................................. 74 Tabela 9 - Percepção da amostra de colaboradores quanto à confiança, respeito, motivação e estímulos ao trabalho em equipe .......................................................... 79 Tabela 10 - Percepção da amostra de colaboradores quanto ao conhecimento dos objetivos .................................................................................................................... 80 Tabela 11 - Percepção da amostra de colaboradores quanto aos objetivos atingidos em equipe.................................................................................................................. 82 Tabela 12 - Percepção da amostra de colaboradores quanto à valorização pelos objetivos atingidos ..................................................................................................... 83 Tabela 13 - Percepção da amostra de colaboradores quanto a execução de tarefas com responsabilidade e comprometimento ............................................................... 85 Tabela 14 - Percepção da amostra quanto a existência de integração e contato contínuo entre os colaboradores para complementação das habilidades ................. 86 Tabela 15 - Percepção da amostra de colaboradores quanto aos objetivos e treinamentos para o trabalho..................................................................................... 88 Tabela 16 - Percepção da amostra de colaboradores em relação à correção de falhas ......................................................................................................................... 89 10 Tabela 17 - Percepção da amostra de colaboradores quanto a existência de comunicação efetiva com superiores ........................................................................ 91 Tabela 18 – Percepção da amostra de colaboradores quanto ao recebimento de ajuda dos demais colegas ......................................................................................... 92 Tabela 19 - Percepção da amostra de colaboradores quanto à existência de sentimentos positivos entre os membros da equipe .................................................. 94 Tabela 20 – Percepção da amostra de colaboradores quanto ao comprometimento com as decisões grupais ........................................................................................... 95 11 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................................................................................. 16 1.1 Apresentação do Tema .................................................................................... 16 1.2 Questão de estudo ........................................................................................... 18 1.3 Objetivos .......................................................................................................... 18 1.4 Justificativa....................................................................................................... 19 2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 20 2.1 Visão Global do Comportamento Organizacional ............................................ 20 2.1.1 Trabalho em Equipe ................................................................................ 25 2.1.2 Relacionamento Interpessoal .................................................................. 29 2.1.2.1 Formas de Relacionamento Interpessoal .................................... 31 2.2 Satisfação no trabalho ..................................................................................... 33 3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 38 3.1 Classificação da pesquisa ................................................................................ 38 3.2 Sujeitos da pesquisa e universo amostral ........................................................ 39 3.3 Detalhamento da coleta de dados .................................................................... 39 3.4 Detalhamento da análise e interpretação dos dados ....................................... 41 4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS E DISCUSSÃO DE IDEIAS ............................... 42 4.1 Apresentação da empresa através do histórico .............................................. 42 4.2 Exposição do perfil da amostra utilizada para o levantamento dos dados ....... 52 4.3 Descrição, análise e proposições sobre a prática atual da empresa e percepção dos colaboradores ................................................................................ 58 4.3.1 Descrição, análise e proposições acerca da prática atual e percepção da empresa e dos colaboradores referente ao Relacionamento Interpessoal ........... 58 4.3.2 Descrição, análise e proposições sobre a percepção e prática da empresa e percepção dos colaboradores em relação ao trabalho em equipe ...... 75 4.4 Principais constatações acerca da pesquisa realizada .................................... 96 12 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 98 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 101 APÊNDICE A – Roteiro de entrevista com o gestor e responsável pelo RH da Empresa Schirmann Materiais de Construção ........................................................ 104 APÊNDICE B – Escalas de satisfação com o Relacionamento Interpessoal e Trabalho em Equipe ................................................................................................ 106 13 INTRODUÇÃO Este documento teve como objetivo realizar um estudo de caso relacionado à satisfação no trabalho dos colaboradores com enfoque no relacionamento interpessoal e o trabalho em equipe, atributos estes, oriundos do comportamento organizacional. A organização escolhida foi a Luiz Schirmann Filho, que tem como atividade principal a venda no varejo e atacado de materiais para a construção civil. Estes temas possuem grande influência e relevância na gestão e no desempenho das organizações, visto que se referem ao seu principal ativo, as pessoas. Estas são também a principal vantagem competitiva das organizações frente aos concorrentes, fornecedores e parceiros comerciais e se tornam um grande diferencial para atração e retenção de clientes. Estes fatores tomam forma no momento que o trabalho em equipe passa a ser incentivado e considerado como um alavancador da eficiência e da produtividade, pois este gera energia positiva, resultando um desempenho maior do que aquele atingido de forma individual. No entanto, a eficiência e a produtividade da equipe estão atreladas a forma que ocorrem os relacionamentos entre seus membros, ou seja, o relacionamento interpessoal. Quando este ocorre de forma harmoniosa, existe a cooperação na realização do trabalho, troca de ideias e experiências. No caso, da existência de “sentimentos negativos de antipatia e rejeição tenderão à diminuição das interações, ao afastamento, à menor comunicação, repercutindo desfavoravelmente nas atividades, com provável queda de produtividade” (MOSCOVICI, 1996, p. 34). Portanto, ao almejar uma produtividade elevada as organizações buscam manter suas equipes satisfeitas com a forma como trabalham e mantem suas relações interpessoais. Ao longo deste documento, se buscou expor a satisfação dos colaboradores frente a estes atributos na prática, dentro da empresa na qual se realizou o estudo. Este trabalho está dividido em quatro partes, sendo a primeira a contextualização do estudo, na qual consta a apresentação do tema, da questão de estudo, do objetivo geral e os específicos e também a justificativa para a realização do trabalho. A segunda envolve a revisão da literatura onde são apresentados argumentos para delimitar melhor o tema através de estudos já realizados por outros autores. No 14 caso é apresentada uma visão global sobre o Comportamento Organizacional, e de maneira aprofundada sobre o Trabalho em Equipe, Relacionamento Interpessoal e a Satisfação no Trabalho. Este capítulo teve alguns aprofundamentos em relação ao apresentado no projeto à medida que se buscou novas leituras sobre os temas abordados. E a terceira parte engloba a metodologia, onde estão definidas algumas dimensões que levaram a um adequado método de planejamento e desenvolvimento da pesquisa, que são: a classificação do estudo, classificado pela sua natureza, abordagem, objetivos e procedimentos técnicos. Constam também os sujeitos da pesquisa e universo amostral, e como estes foram definidos, quais as pessoas que forneceram os dados de que o pesquisador necessitou. Ainda na terceira parte deste documento, é apresentado o detalhamento da coleta de dados e o detalhamento da análise e interpretação de dados, espaços estes destinados a explicar como se obteve as informações necessárias para responder os objetivos e como foram tratados e interpretados os dados coletados. A quarta e última parte traz a apresentação do diagnóstico e análise com sustentação teórica, onde primeiramente é apresentada a empresa através do seu histórico, mostrando como surgiu e cresceu ao longo de sua história. Na sequência, é feita uma exposição do perfil da amostra dos colaboradores que responderam o questionário, ou seja, sexo, idade, cor / raça, tempo de empresa e de cargo, escolaridade e estado civil. A quarta parte apresenta ainda, uma seção com a descrição da prática atual e percepção dos gestores referentes às dinâmicas do relacionamento interpessoal e o trabalho em equipe dentro da organização, as quais são contrapostas, através de análise e discussão dos dados, com a percepção dos colaboradores sobre estes temas. São apresentadas também recomendações que visam sanar os gargalos identificados e salientam-se os pontos fortes, buscando consequentemente a melhoria do ambiente organizacional, gerando assim energia positiva para a realização das tarefas. Expõe ainda, um resumo com as principais constatações referentes às análises realizadas. E por fim, é trazida a conclusão, onde são apresentadas as considerações finais acerca do estudo realizado e também sobre o aprendizado adquirido ao conhecer o dinamismo das relações existentes no ambiente de trabalho. 15 As referências bibliográficas compreendem obras consultadas para a construção do trabalho. E nos apêndices constam os instrumentos de coleta de dados, ou seja, o roteiro de entrevista semiestruturado aplicado ao gestor e a responsável pela área de Recursos Humanos e também o questionário com questões fechadas aplicado a uma amostra dos colaboradores da organização pesquisada. 16 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Este capítulo consiste em apresentar o tema, a questão de estudo, o objetivo geral e os específicos, além da justificativa para a realização do estudo. 1.1 Apresentação do Tema O Comportamento Organizacional é um tema de grande relevância nas organizações contemporâneas. O conhecimento do comportamento dos indivíduos, dos grupos, e da estrutura organizacional se torna uma ferramenta de Gestão para uma organização devido às constantes mudanças no ambiente que está inserida, isso faz com que a organização também esteja em constante mudança, afetando assim o comportamento dos indivíduos. Esse comportamento pode afetar tanto positiva quanto negativamente o andamento das atividades da organização. Saber analisar e se adaptar a essas mudanças comportamentais são vitais para a sobrevivência organizacional. Neste contexto, o modelo de Gestão de Pessoas está passando por mudanças profundas, onde o relacionamento entre as organizações e as pessoas, supera uma relação técnica e burocrática para uma relação de interdependência, onde ambas são responsáveis e devem estar empenhadas a atingir os objetivos traçados, visando superar as pressões existentes no mercado. Contudo, as pessoas não estão sozinhas dentro da organização, elas fazem parte de uma equipe, representando a soma de forças para atingir um objetivo, o qual seria mais demorado ou inadequado caso fosse buscado de forma individualizada. Conforme Basso (apud MICHELETTI, [s.d.]), “(...) a interação entre seus membros e especialmente o reconhecimento da interdependência entre seus membros no atingimento dos resultados da equipe, deve favorecer ainda os resultados das outras equipes e da organização como um todo (...)”. Logicamente, as pessoas de uma equipe não são iguais, sendo esta a sua principal vantagem. O relacionamento interpessoal, ou seja, as relações ou contatos que os indivíduos têm uns com os outros em diferentes espaços e circunstâncias, neste caso o ambiente organizacional, torna-se fundamental para a manutenção e qualificação do trabalho em equipe, pois cada integrante irá contribuir de forma diferenciada em relação aos seus colegas, gerando assim um número maior de 17 opiniões, ideias e planos de ações. Nesta concepção, Santos (2009), diz que “(...) o trabalho em equipe possibilita dar e receber, por parte de cada um de seus membros, afeição, aceitação, sentimento de importância. Isto faz com que o indivíduo cresça, assim como alimenta o crescimento de seus pares”. Na mesma linha, Moscovici (1996, p. 35) afirma que “se as diferenças são aceitas e tratadas em aberto, a comunicação flui fácil, em dupla direção, as pessoas ouvem as outras, falam o que pensam e sentem, e tem possibilidades de dar e receber feedback”. No entanto, nem sempre estas diferenças são bem vistas ou aceitas por todos os membros de uma equipe, o que acaba afetando o desempenho desta pessoa no desenvolvimento das suas tarefas, pois acabará se isolando e fazendo o trabalho de forma individualizada. Neste sentido Moscovici (1996, p 35) salienta que: Se as diferenças são negadas ou suprimidas, a comunicação torna-se falha, incompleta, insuficiente, com bloqueios e barreiras, distorções e fofocas. As pessoas não falam o que gostariam de falar, nem ouvem as outras, só captam o que reforça sua imagem das outras e da situação. Nos dois casos o gestor da organização deverá estar apto a oferecer um ambiente de trabalho agradável e propício ao desenvolvimento das relações interpessoais favoráveis e consequentemente para alcançar a eficiência do trabalho em equipe, pois no entendimento de Rocha (2008), “(...) o resultado satisfatório da empresa está intrinsecamente ligado às boas relações interpessoais entre a equipe de trabalho e os objetivos a serem alcançados (metas)”. Torna-se relevante, portanto, dentro da dimensão Grupo do Comportamento Organizacional o estudo das relações interpessoais e do trabalho em equipe e como estes atributos estão influenciando na satisfação do trabalho afetando de forma positiva ou negativa a eficiência e a prática das atividades dos colaboradores, sendo estas fundamentais para sobrevivência e eficácia da organização. De acordo com Davis e Newstrom (1989, p. 130), “a administração necessita de informações a respeito da satisfação no trabalho dos empregados, de modo a tomar decisões pertinentes, tanto no sentido de prevenir como no resolver problemas com os funcionários”. Deste modo, este estudo tem importância a todos os tipos de organização, independentemente do seu porte e área de atuação, incluindo-se a empresa Luiz 18 Schirmann Filho, pois esta também está inserida em um ambiente de constante mudança e de grande concorrência que é o de materiais para construção e os seus colaboradores são igualmente responsáveis por atingir os objetivos organizacionais almejados, tornando-se fundamental conhecer e se necessário adequar sua política e sua prática de gestão de relacionamentos interpessoais e trabalho em equipe para que estes se tornem os mais satisfatórios possíveis. Com este direcionamento, o tema deste trabalho está definido, portanto como um estudo sobre a satisfação dos colaboradores da empresa Luiz Schirmann Filho ao relacionamento interpessoal e o trabalho em equipe oriundos do comportamento organizacional. 1.2 Questão de estudo Buscando investigar as correlações entre as relações interpessoais e o trabalho em equipe do comportamento organizacional e a satisfação no trabalho referente a estes dois assuntos a questão de estudo deste documento é “Qual é o nível de satisfação dos colaboradores da empresa Luiz Schirmann Filho com o relacionamento interpessoal e o trabalho em equipe oriundos do comportamento organizacional?”. 1.3 Objetivos O objetivo geral deste estudo é: Verificar qual é o nível de satisfação dos colaboradores da empresa Luiz Schirmann Filho com o relacionamento interpessoal e o trabalho em equipe oriundos do comportamento organizacional. Já os objetivos específicos são: - Descrever a prática e a percepção do relacionamento interpessoal e do trabalho em equipe na perspectiva do comportamento organizacional na Organização em estudo, na visão da Gerente de Recursos Humanos e do responsável pelo setor de varejo; - Verificar a percepção dos colaboradores em relação a estes atributos; - Comparar a prática da empresa com a percepção dos colaboradores, e identificar convergências e gargalos; - Propor soluções / alternativas aos gargalos identificados. 19 1.4 Justificativa Para a empresa Schirmann este estudo possibilitou a elaboração de um diagnóstico sobre o quadro atual da empresa, ou seja, como os gestores acreditam que está sendo conduzida a sua prática de relacionamento interpessoal e trabalho em equipe, e como estes aspectos estão realmente sendo percebidos pelos colaboradores, afetando a sua satisfação no trabalho e consequentemente refletindo no Comportamento Organizacional. Pode-se assim eliminar ou corrigir as dissonâncias identificadas, obtendo aumento da produtividade, com a redução do absenteísmo e da rotatividade podendo agir preventivamente, evitando o surgimento tanto de problemas individuais como coletivos. Para os colaboradores este estudo pode representar em uma correção dos aspectos que influem na desmotivação e insatisfação com o trabalho, bem como no implemento ou manutenção dos processos que estão adequados, melhorando assim o ambiente e as relações de trabalho nos quais estão inseridos, com consequente melhora de relacionamento com os clientes, fornecedores, colegas e chefia. Aos clientes resulta em um acolhimento e atendimento mais dinâmico, ativo e eficiente por parte dos colaboradores, que poderão estar mais satisfeitos com o ambiente organizacional, devido a melhora do relacionamento e da colaboração entre colegas e / ou chefia, resultando em um diferencial competitivo em relação às demais empresas do ramo indo muito além da questão preço, atraindo e retendo clientes que buscam um atendimento diferenciado e de qualidade. Ao acadêmico, o trabalho proporcionou enriquecimento técnico e pessoal pelo desenvolvimento de atividades práticas de aprendizagem, com aplicação dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso, identificando atributos do atual ambiente de trabalho da empresa Schirmann e como os colaboradores as percebem, bem como podem ser corrigidas através da proposição de alternativas. A empresa Luiz Schirmann Filho (Schirmann Materiais e Soluções para Construção – nome fantasia), foi escolhida por ser uma empresa tradicional na região, sendo referência na área em que atua, ser de porte médio e por esta contar com um número significativo de colaboradores, tendo assim uma estrutura relativamente complexa para análise, contando com pessoas das mais diversas idades, etnias, ambos os gêneros e formações educacionais. 20 2 REVISÃO DA LITERATURA Neste tópico são apresentados argumentos para delimitar melhor o tema através de estudos já realizados por outros autores. Está dividido entre os temas Comportamento Organizacional o qual tem uma abordagem global e de forma aprofundada os temas trabalho em equipe, relacionamento interpessoal e satisfação no trabalho. 2.1 Visão Global do Comportamento Organizacional Administrar uma organização não significa mais apenas estar à frente dos processos burocráticos como controlar recursos financeiros, contatar fornecedores e contratar/demitir pessoas. Significa também estar atento aos interesses e necessidades das pessoas da organização, pois são elas as responsáveis por atingir os resultados almejados no planejamento, tendo se tornado nos últimos anos o maior bem de uma organização, chegando a ganhar a denominação de capital humano. Essas pessoas são influenciadas pela estrutura existente na organização, mas elas também têm influência sobre a estrutura organizacional. Essa nova conjuntura de acordo com Drews; Pizolotto e Abreu (2008, p. 07): (...) surgiu no final da década de 1950, e representou uma evolução de modelos comportamentais baseados somente nas relações humanas, para conceitos e modelos verdadeiramente científicos, que enfocam para além das relações humanas a influência do sistema organizacional no comportamento dos colaboradores e da organização. Nessa nova configuração da administração se admite que as pessoas, grupos e estrutura organizacional são interdependentes e sofrem influências mútuas denomina-se Comportamento Organizacional. Robbins (2005, p. 6) diz que o Comportamento Organizacional é um “campo de estudos, que pesquisa três determinantes do comportamento nas organizações, os indivíduos, os grupos e a estrutura organizacional, a fim de alcançar a eficiência organizacional”. O Comportamento Organizacional (CO) constitui-se, portanto no estudo das pessoas e suas ações e atitudes dentro da organização e a influência desta sobre os 21 indivíduos, visando superar as contingências e estar preparado para as dinâmicas das atividades das organizações. Robbins (2005), destaca ainda que o estudo do Comportamento Organizacional por parte da área da Administração é visto como uma ciência aplicada que se apoia na contribuição de diversas outras disciplinas da área comportamental (a psicologia, a sociologia, antropologia, e as ciências políticas), conforme mostra figura 1. Figura 1 - Contribuições para o estudo do Comportamento Organizacional Fonte: Robbins (2005, p.9) 22 O conhecimento das dinâmicas do Comportamento Organizacional visa principalmente prever, explicar e controlar o comportamento. Sampaio (2007, p. 01) destaca que: (...) a explicação refere-se à identificação das causas ou razões que impulsionaram determinados fatos / acontecimentos / fenômenos. A previsão está direcionada para eventos futuros estabelecendo os resultados alcançados através de uma ação específica. O controle apresenta-se como um objetivo controverso, pois há em si uma dificuldade em monitorar o comportamento do ser humano, o qual é integrante fundamental nas organizações. O controle implica na contribuição mais valiosa que o comportamento organizacional acarreta para o trabalho gerando eficácia. Scaramuzza (2009, p. 4), salienta que o estudo do CO está relacionado a fatores determinantes para o andamento eficiente de uma organização que são: - Eficiência nos serviços oferecidos aos clientes e a maneira como são desempenhados, primar pela qualidade e satisfação do cliente; aumentar a produtividade e a qualidade dos produtos; - Melhoria das habilidades humanas: motivar, liderar, treinar, tornar o trabalho satisfatório, avaliar o desempenho, tornar a comunicação eficiente; - Administrar a diversidade da força de trabalho: um desafio importante e abrangente, ligado às mudanças pelas quais a sociedade tem passado (raça, etnia, deficiências, sexo). Essa diversidade deve convergir para alcançar resultados na organização; - Mudança dos processos organizacionais, desafio importante no comportamento organizacional: motivar os colaboradores, mantendo a competividade frente ao processo cada vez maior da globalização; - Melhorar o comportamento ético na organização: gerar um clima eticamente saudável entre os funcionários para que haja maior produtividade e um mínimo de confronto e ambiguidade com comportamentos classificados como certos ou errados. Portanto, o conhecimento da influência e da importância do CO, pode ser significativo para superar e/ou evitar problemas na organização, pois oferece como vantagens “o desenvolvimento de habilidades, crescimento pessoal, aprimoramento da eficiência organizacional e refinamento do senso comum” (DUBRIN, 2006, p. 17). Scaramuzza (2009, p.2), destaca ainda que o CO oferece ferramentas úteis a vários níveis de análise, e “podem auxiliar a examinar o comportamento dos indivíduos em uma organização e a compreender a complexidade envolvida nas relações interpessoais”. Em outro nível, “é importante para analisar a dinâmica de relacionamento em grupos, as relações intergrupais, sendo valioso também para compreender e analisar sistemas completos em que haja relações entre organizações (...)”. 23 A complexidade e as dinâmicas das relações citadas por Scaramuzza nas determinantes do comportamento nas organizações, indivíduos, grupos e a estrutura organizacional, são mostradas na figura 2 do Modelo Básico do Comportamento Organizacional. Figura 2 - Modelo básico do Comportamento Organizacional Fonte: Robbins (2005, p. 24) 24 Conforme análise da figura 2, o Nível do Indivíduo é a base do comportamento organizacional. E devido a sua história de vida cada indivíduo é diferente dos demais. Robbins (2005) afirma neste nível as características pessoais ou biográficas (idade, sexo, estado civil...); características de personalidade, sua estrutura emocional, valores e atitudes e seus níveis básicos de capacitação, acompanham o individuo antes mesmo de entrar na empresa e são difíceis de ser alteradas mesmo com esforço de gerenciamento. No entanto, são influenciadas pela organização e causam grande impacto no comportamento do colaborador. Cabe, portanto ao administrador estar atento às características de seus colaboradores e estar ciente que cada um tem sua vivência, com necessidades, desejos, habilidades... diferentes, para que estes possam ter suas individualidades respeitadas e atendidas e assim executar suas tarefas com obstinação, pois na concepção de Drews; Pizolotto e Abreu (2008, p. 17), “compreender, aceitar e respeitar estas diferenças é benéfico e pode conduzir à melhoria do desempenho, tanto dos indivíduos quanto das organizações”. O nível intermediário se refere aos grupos onde as relações interpessoais surgem. Neste nível a complexidade das relações aumenta, pois as pessoas agem de forma diferente quando estão em grupo, uma vez que as pessoas em um grupo são influenciadas pelos padrões de comportamento que se esperam delas, o que o grupo considera padrões aceitáveis de comportamento e o grau em que os membros de um grupo são atraídos uns pelos outros (ROBBINS, 2005). Neste nível como mostra a figura 2, os padrões de comunicação, grupos ou equipes de trabalho, os estilos de liderança, o poder e a política e os níveis de conflito afetam o comportamento das pessoas e consequentemente acabam influenciando a organização. No nível do Sistema Organizacional, o Comportamento Organizacional alcança seu mais alto nível de sofisticação, pois ocorre a soma da estrutura formal, ao conhecimento prévio e o comportamento dos indivíduos e grupos (ROBBINS, 2005), neste momento a organização se torna bem mais que a simples soma dos grupos que a compõem. Para Drews; Pizolotto e Abreu (2008), além da Cultura, Politicas e Práticas de Recursos Humanos, Desenho e Estrutura da Organização citam o processo de mudança organizacional e como a organização se desenvolve como complementos 25 das variáveis da figura 2. Estes mesmos autores consideram ainda que este sistema organizacional se reflete no comportamento dos indivíduos e grupos sendo necessário adequar a gestão aos comportamentos desejados. Robbins (2005) destaca que esta gestão influenciará no resultado humano, ou seja, sua produtividade, absenteísmo, rotatividade, cidadania e satisfação. Considerando o objetivo deste trabalho, de investigar sobre a satisfação em relação ao trabalho em equipe e as relações interpessoais no nível grupo do Comportamento Organizacional, estes assuntos serão aprofundados nos próximos subtítulos. 2.1.1 Trabalho em Equipe O trabalho realizado em equipes é recorrente dentro das organizações, e isso se deve principalmente ao fato que poucas atividades podem ser feitas de forma individual. Moscovici (1994, p. 5) afirma que “o futuro pertence a organizações baseadas em equipes”. No entanto, existem diferenças entre o trabalho realizado por um grupo e o trabalho realizado por uma equipe. Grupos são aqueles que “... cujos membros interagem basicamente para partilhar informações e tomar decisões, para mutuamente se ajudarem no desempenho em sua área de responsabilidade” (ROBBINS, 2005, p. 213). Chiavenato (1999, p. 495) afirma que grupos são “conjuntos de dois ou mais indivíduos que estabelecem contatos pessoais, significativos e propositais, uns com os outros, em uma base de continuidade, para alcançar um ou mais objetivos comuns”. A análise dos conceitos destes dois autores remete a ideia de que grupos interagem para compartilhar informações fazendo que cada membro execute da melhor forma as atividades de sua responsabilidade, não tendo, no entanto, condições para atividades coletivas e com esforço conjunto. O trabalho em grupo é, portanto, uma soma de habilidades de cada membro. Em outro direcionamento, o trabalho realizado por uma equipe, é aquele “(...) cujos esforços individuais resultam em um desempenho, que é maior que a soma das contribuições de cada um dos indivíduos” (ROBBINS, 2005, p. 213). 26 Na mesma linha de pensamento, Chiavenato (1999, p. 498) define equipe como “um grupo de pessoas com habilidades complementares e que trabalham em conjunto para alcançar um propósito comum pelo qual são coletivamente responsáveis”. Este fato gera um esforço coordenado resultando sinergia positiva, resultando em um desempenho maior do que as partes conseguiriam individualmente. Chiavenato (1999, p.98) destaca ainda que existem quatro aspectos fundamentais para a diferenciação de equipes e grupos que são: Objetivo: enquanto o grupo tem por objetivo partilhar informações, a equipe está voltado para o desempenho coletivo e integrado. Sinergia: enquanto o grupo apresenta sinergia neutra, e muitas vezes negativa, a equipe é capaz de desenvolver elevada sinergia positiva. Responsabilidade: enquanto o grupo se caracteriza pela responsabilidade individual e isolada, a equipe se caracteriza pela responsabilidade individual e mútua, coletiva e solidária entre os membros. Habilidades: enquanto o grupo utiliza habilidades randômicas e variadas de seus membros, a equipe se caracteriza pela complementação das habilidades dos seus membros para a realização de uma tarefa comum, conjunta e integrada. Estas caraterísticas podem ser melhor observadas na figura 3, das diferenças entre grupo e equipe de trabalho. Figura 3 - Diferenças entre grupo de trabalho e equipe de trabalho Fonte: Chiavenato (1999, p.499) Isso significa, portanto, que nem sempre um grupo pode ser conceituado como equipe. Para a existência de uma equipe, torna-se necessário que todos 27 busquem um objetivo comum, e não interajam somente para buscar ajuda para o cumprimento de suas metas pessoais. Para Moscovici: Pode-se considerar equipe um grupo que compreende seus objetivos e está engajado em alcançá-los, de forma compartilhada. A comunicação entre seus membros é verdadeira, opiniões diferentes são estimuladas. A confiança é grande, assumem-se riscos. As habilidades complementares dos membros possibilitam alcançar resultados, os objetivos compartilhados determinam seu propósito e direção. Respeito, mente aberta e cooperação são elevados. O grupo investe em seu próprio crescimento (...) (1994, p. 5). A partir disso, pode-se afirmar que o trabalho em equipe, aumenta a comunicação e autonomia dos colaboradores, bem como libera a criatividade dos mesmos, sendo as equipes diferenciais competitivos da Organização. No entanto, existe uma série de quesitos que devem ser observados para que o gestor consiga transformar um grupo em uma equipe, ou caso esta já exista trabalhe de forma adequada. Bergamini (1997 apud Carvalho, 2012) argumenta que: Equipes só funcionam bem quando tem um objetivo claro, uma causa comum a todos. O que pode se observar, também, é que a liderança tem um papel fundamental na criação de um bom ambiente de trabalho, onde as pessoas têm prazer em trabalhar, pois os líderes são responsáveis pela integração da sua equipe de trabalho e pelo reconhecimento e valorização das pessoas para retê-las na organização. Nesta mesma linha de pensamento Alcântara (2010, p. 35), afirma que “existem pelo menos quatro ingredientes que contribuem para o desenvolvimento de um trabalho em equipe: um ambiente de apoio, habilidades adequadas às necessidades do cargo, metas superiores e recompensas à equipe”. Keith e Newstron (2004 apud Alcântara 2010, p. 35) explicam que “o trabalho em equipe tem mais probabilidade de se desenvolver quando constrói um ambiente que lhe de apoio, as medidas de apoio ajudam os colaboradores a dar os primeiros passos para o trabalho em equipe”. Esses autores afirmam ainda que os integrantes de uma equipe devem possuir alguma qualificação para a realização das suas tarefas e possam assim desejar colaborar. Esclarecem também que os gerentes têm uma importante tarefa de tentar manter orientados seus colaboradores para as metas superiores, ou seja, 28 para sua tarefa global. Uma equipe se mantém estimulada quando existe a presença de recompensas, estas podem ser financeiras ou sob forma de estímulos. Complementando a ideia de Alcântara o autor Jerry Wisinski (1994 apud MORALES, 2012, p. 01) relaciona os seguintes elementos para que uma equipe tenha sucesso na busca dos seus objetivos: - Participação: todo integrante da equipe deve ter uma participação equilibrada sendo que ninguém deve dominar ou se ausentar do trabalho; - Vender ideias: cada membro da equipe deve propor suas ideais e apresentá-la à equipe de forma a contribuir com o trabalho; - Renúncia: renunciar uma posição pessoal em prol do grupo; - Avaliação: avaliar os resultados alcançados pela equipe procurando eliminar os pontos falhos e buscar as alternativas que resolvam os problemas; - Relacionamento: não deve haver espaço para conflitos pessoais, estes devem ser resolvidos o mais rápido possível para não prejudicar a realização das tarefas. - Realização das tarefas: todos devem estar conscientes, pois em um relacionamento em equipe a falha de um membro pode atrasar toda a equipe. As equipes aparecem em uma grande variedade de tipos. Podem ser temporárias, semiautônomas ou autogeridas. Podem ser também interfuncionais e contar com executivos. Podem ser organizadas para determinado propósito, e depois desfeitas quando o projeto é aprovado pelos níveis mais altos de decisão. Ou podem ser constituídas por empregados com habilidades similares, como operários de uma linha de montagem de determinado produto. As tarefas de uma equipe permanecem as mesmas, ainda que os membros possam mudar, à medida que os empregados chegam ou saem da empresa. As equipes devem ser usadas em resposta às mudanças nas organizações resultantes da dinâmica da globalização, porém não devem ser consideradas a solução para tudo, pois o trabalho em equipe, ao contrário do individual, costuma demandar mais tempo e recursos para ser realizado. Os benefícios do trabalho em equipe devem superar os seus custos. O gestor deve ter ferramentas de avaliação da viabilidade da implementação de equipes. Para que a equipe tenha um rendimento satisfatório e compartilhem seus conhecimentos, faz-se necessário um bom relacionamento interpessoal entre seus membros. Esse assunto será tratado no subcapítulo a seguir. 29 2.1.2 Relacionamento Interpessoal Relacionamento refere-se à habilidade de em menor ou maior grau de comunicar, conviver e se relacionar com as demais pessoas, condicionada a ligações afetivas e/ou profissionais. Moscovici (1996, p. 32) destaca que as “pessoas convivem e trabalham (...) e reagem às outras pessoas com as quais entram em contato: comunicam-se, simpatizam e sentem atrações, antipatizam e sentem aversões, aproximam-se, afastam-se, entram em conflito, colaboram, desenvolvem afetos”. Para esta mesma autora essas interferências ou reações sejam elas voluntárias e intencionais ou não, constituem o processo de interação humana. Sendo esta interação complexa e permanente entre as pessoas “sob forma de manifestos e não manifestos, verbais e não verbais, pensamentos, sentimentos, reações mentais e/ou físico-corporais” (MOSCOVICI, 1996, p.33). Cohen e Fink (2003, p. 203) entendem que as relações interpessoais “envolvem processos de comunicação, relações em termos de papeis, diferenças de status, expectativas de comportamento, graus de simpatia e respeito, e, em última estância, consequências para a produtividade, a satisfação e o desenvolvimento”. As pessoas se desenvolvem no contexto das organizações, através do relacionamento interpessoal, que se torna uma ferramenta impulsionadora e capaz de motivar as pessoas. Quando as relações interpessoais se tornam insatisfatórias, acabam por afetar a vida profissional do colaborador e como consequência a social e pessoal. Chanlat (1993 apud Silva et al, 2008, p. 2), acredita que: As relações interpessoais se desenvolvem em decorrência dos processos de interação, que corresponde às situações de trabalho compartilhadas por duas ou mais pessoas, as atividades coletivas e pré-determinadas a serem executadas, bem como interações e sentimentos recomendados, tais como: comunicação, cooperação, respeito, amizade, etc. À medida que as atividades e interações prosseguem, os sentimentos despertados podem ser diferentes dos indicados inicialmente e então, inevitavelmente, os sentimentos positivos de simpatia e atração provocarão aumento de interação e cooperação repercutindo favoravelmente nas atividades e ensejando maior produtividade. 30 Desta forma, ao se conhecer as características do relacionamento interpessoal dentro da organização e de que forma estão ocorrendo, auxilia na identificação da satisfação dos colaboradores e quais fatores os influenciam tanto negativa quanto positivamente, podendo sofrer uma intervenção corretiva caso necessário. Para Moscovici (1996, p. 145), “as pessoas se diferem na maneira de perceber, pensar e agir” e as diferenças individuais são inevitáveis com suas consequentes influências na dinâmica interpessoal as quais trazem naturalmente diferenças de opiniões e estas são expressas através de discordâncias quanto a aspectos de percepção de “tarefas, metas, meios ou procedimentos”. E essas discordâncias podem “conduzir a discussões, tensões, insatisfações e conflito aberto, ativando sentimentos e emoções mais ou menos intensos, que afetam a objetividade, reduzindo-a um mínimo, e transformam o clima emocional do grupo”. Estas diferenças quando bem trabalhadas, são muito bem vindas ao contexto das organizações, pois representa uma gama de opções, maneiras de agir distintas frente a uma situação problema, trazendo a tona uma tendência de interdependência das pessoas e dos gestores na tomada de decisão. No entanto, Moscovici (1996) destaca que os resultados desejados podem ser comprometidos, quando não há uma interação satisfatória entre as pessoas, pois as tarefas conjuntas são afetadas. Nesta conjuntura, pode haver um custo psicológico elevado para se atingir o resultado desejado, pois pode ter sido conquistado com conflitos, incompreensões, hostilidades, ressentimentos. Tendendo a se agravar com o passar do tempo tornando “cada vez mais difíceis à convergência de esforços e a colaboração real para o objetivo comum” (MOSCOVICI, 1996, p. 116). As relações interpessoais afetam, portanto os resultados e consequentemente o progresso da organização. Sendo que estas relações influenciam também os objetivos, tanto os individuais como os grupais, sendo fundamentais para integrar as equipes e obter um rendimento efetivo. “Um grupo dificilmente trabalhará como equipe se não desenvolver razoável competência interpessoal. Os processos grupais decorrem de relações e trocas entre as pessoas” (MOSCOVICI, 1996, p. 116). 31 Cohen e Fink (2003, p. 207) destacam também que: Quanto mais aberto o estilo habitual da organização, maior a probabilidade de que quaisquer duas pessoas interajam abertamente; quanto maior a politicagem, a competição, a agressividade e a hostilidade vigentes em uma organização, maior a probabilidade de que quaisquer duas pessoas se mostrem cautelosas, uma em relação a outra; e quanto mais sociável e pessoal o clima reinante, maior a probabilidade de que duas pessoas compartilhem informações e sentimentos paralelamente ao intercambio mínimo necessário às tarefas. Isso significa que ao se alcançar um ambiente organizacional agradável e propício a relacionamentos interpessoais profícuos, aumenta-se proporcionalmente a perspectiva de desenvolver o trabalho em equipe, com maior dinamismo e apoio mútuo atingindo os objetivos organizacionais e com colaboradores satisfeitos com seu trabalho. 2.1.2.1 Formas de Relacionamento Interpessoal O subcapítulo anterior deixou claro a importância e a influência do relacionamento interpessoal para o desempenho dos colaboradores e da organização. Pode-se destacar também que os relacionamentos interpessoais acontecem tanto de maneira formal quanto informal. De acordo com Kanaane (1999, p. 39), as relações interpessoais apresentam “(...) grau de formalidade e informalidade no ambiente organizacional, denotando a maior ou a menor flexibilidade das relações entre seus membros, e em que nível os mesmos respondem e participam das condições vigentes”. O relacionamento interpessoal formal é estabelecido pela organização e está relacionado às atividades do trabalho de seus membros seguindo, portanto a rede de autoridade da empresa. Estas relações ocorrem para a realização das tarefas, onde nem sempre se pode escolher com quem se relacionar. Já o relacionamento que surge de maneira espontânea, pode ser chamado de informal, pois segue os canais informais e surge como resposta às escolhas individuais, ou seja, cada indivíduo se relaciona com aquele que tem características mais próximas com as suas, onde “(...) dada a oportunidade, as pessoas se inclinam a estabelecer relações com pessoas que tenham valores, crenças, habilidades e objetivos semelhantes” (COHEN; FINK, 2003, p. 210). 32 Dentro do relacionamento interpessoal ascendentes, descendentes e horizontais. existem ainda as relações As descendentes são aquelas que ocorrem dos níveis mais altos para os mais baixos, ou seja, dos executivos para os funcionários. Correlacionando com a comunicação, este tipo de relacionamento serve para “atribuir tarefas, fornecer instruções de trabalho, informar aos subordinados sobre politicas e procedimentos, identificar problemas que precisam de atenção e fornecer feedback sobre o desempenho. Não precisa ser oral nem face a face”. (ROBBINS, 2005, p. 234). O relacionamento ascendente, mantendo ainda correspondência com a comunicação, se dirige aos escalões mais altos, se destinando principalmente a “fornecer feedback aos executivos, informá-los sobre os progressos em relação às metas e relatar os problemas que estão ocorrendo” (ROBBINS, 2005, p. 234). O relacionamento ascendente é fundamental para que os dirigentes saibam como os funcionários se sentem em relação ao seu trabalho, colegas e a organização em geral, e também é uma forma de obter ideias para melhorar os processos administrativos. Os canais do relacionamento ascendente são os: (...) relatórios de desempenho, caixas de sugestões, pesquisas sobre as atividades dos funcionários, os procedimentos de queixas, as discussões entre os funcionários e executivos, e as sessões informais em que os funcionários têm a oportunidade de identificar e discutir problemas com os chefes ou com os representantes da direção da empresa (ROBBINS, 2005, p. 234). Quando ocorre o relacionamento entre os membros de um mesmo grupo ou nível dentro da organização a este é dado o nome de relacionamento horizontal ou lateral. Este tipo de relacionamento economiza tempo e facilita a coordenação, pode ser estabelecido tanto formal quanto informalmente. No entanto, pode causar conflitos disfuncionais quando os relacionamentos ascendentes e/ou descendentes “são violados, quando atropelam ou ultrapassam seus superiores hierárquicos para fazer com que as coisas sejam realizadas ou quando os chefes descobrem que foram iniciadas ações e tomadas decisões sem o seu conhecimento” (ROBBINS, 2005, p. 235). Salienta-se, portanto que o relacionamento interpessoal dentro de uma organização ocorre das mais diversas formas, tanto formalizada pela obrigatoriedade da função, como informal se estabelecendo vínculos com colegas, chefias com os quais se identifica. 33 Cohen e Fink (2003, p. 202), afirmam que: (...) mesmo que algumas tarefas são conduzidas com relativo isolamento, (...) a maior parte delas exige ou estimula a interação entre indivíduos, (...) e mesmo periféricas a atividade a relação interpessoal pode se tornar motivo de satisfação ou frustação e assim afetar todo o trabalho de maneira importante. Neste sentido, independentemente da direção que possuem sendo ascendentes, descendentes ou laterais, todas as relações são fundamentais para se estabelecer uma rede, onde há a troca de ideias, feedback, gerando conflitos e soluções, e quem não construir essa rede de relações estará em desvantagem, visto que “é cada vez mais importante ser capaz de conviver, influir e aprender com aqueles que parecem ser diferentes sob vários aspectos” (COHEN; FINK, 2003, p. 06), pois o ambiente organizacional exige cada vez mais a habilidade de se relacionar e trabalhar com várias pessoas. 2.2 Satisfação no trabalho A satisfação no trabalho tem se tornado um tema cada vez mais contemporâneo e um desafio presente na pauta dos gestores, que buscam a diferenciação em relação a seus concorrentes, pois um colaborador satisfeito tornase mais motivado para atingir os objetivos organizacionais. Visto que a “insatisfação no trabalho pode levar a aumentos no absentismo, rotatividade de pessoal e outros comportamentos indesejáveis, de modo que é interesse dos empregadores fomentar a satisfação junto a seus funcionários” (DAVIS; NEWSTROM, 1989, p. 141). No entanto, manter os colaboradores satisfeitos não é uma tarefa fácil, de acordo com Almeida (2008, p. 01) é: Um grande desafio para os gestores de uma empresa é manter o nível de produtividade e a satisfação dos funcionários. No campo de trabalho, a questão salarial não é a única garantia de contentamento, diversos fatores também estão envolvidos e interferem na satisfação do trabalho. Como o objetivo deste trabalho é verificar o nível de satisfação dos colaboradores da organização referente ao trabalho em equipe e relacionamento interpessoal, torna-se significante conceituar o que significa satisfação no trabalho. 34 Para Davis e Newstrom (1989, p. 122) satisfação no trabalho significa: Grau segundo qual os indivíduos se sentem de modo positivo ou negativo com relação ao seu trabalho. É um conjunto de sentimentos favoráveis ou desfavoráveis com os quais os empregados veem seu trabalho; é um sentimento relativo de prazer ou dor que difere de raciocínios objetivos e de intenções comportamentais. Na concepção de Robbins (2005, p. 61), satisfação no trabalho se refere “à atitude geral de uma pessoa em relação ao trabalho que ele realiza. Uma pessoa que tem alto nível de satisfação com seu trabalho apresenta atitudes positivas em relação a ele, enquanto uma pessoa insatisfeita apresenta atitudes negativas”. Para estar satisfeito é imperativo que o colaborador faça o que goste e tenha conhecimentos, habilidades e atitudes que o deixam apto a executar de forma eficiente o seu trabalho. Por outro lado, a falta de ferramentas e recursos necessários à execução do trabalho pode acarretar na insatisfação do colaborador ante a organização e as tarefas que realiza, sendo este também um dos fatores que interferem na satisfação no trabalho. A satisfação no trabalho é um componente de motivação que leva o trabalhador a apresentar aumento de produtividade e no desempenho. Luz (1996, p. 48) destaca que: (...) poucas são as empresas que têm interesse em ouvir seus clientes internos, em conhecer suas expectativas pessoais e profissionais, suas reclamações com relação ao salário, ao trabalho que realizam, a supervisão que recebem, à integração entre os diferentes setores da empresa. Além destes fatores, a organização deve conhecer a realidade familiar, do meio social ao qual pertence o colaborador e a sua situação econômica. Ponderar sobre esses cenários auxilia a organização no entendimento e na busca de respostas que explicam a qualidade dos serviços prestados. Luz (1996, p. 5) esclarece que: A constatação de que o diferencial competitivo de uma organização, num ambiente de maior disponibilização de técnicas e tecnologias, ocorrerá a partir do comprometimento das pessoas, torna o conhecimento de expectativas, motivações, necessidades e níveis de satisfação dos indivíduos perante a organização, estratégico para a eficácia organizacional. 35 É importante destacar que apenas conhecer a realidade e as condições dos colaboradores, não tem valia se a empresa não possui a política de planejar utilizando estes critérios como norteadores, para identificar oportunidades visando à melhoria constante do ambiente de trabalho. Almeida (2008, p. 01) exemplifica que: Para satisfazer algumas das expectativas dos funcionários, empresas buscam alternativas para promover uma maior motivação. Investem em atitudes simples como promover comunicação entre funcionários, evitar clima competitivo, proporcionar oportunidades de interação e descontração, mensagens de incentivo, levando a resultados significativos no ambiente de trabalho. Como complemento, ressalta-se que Frederick Herzberg, citado por Robbins (2005, p. 135), define motivação como um desejo de realizar algo que é muito significativo para si mesmo. Torna-se importante também conceituar as duas formas de motivação visto que, ao estar motivado no trabalho, o colaborador consequentemente estará satisfeito com o mesmo. Neste sentido, Kelber (2008) destaca que “a motivação externa ou extrínseca vem de fora para dentro, representa o ´desejo` e está ligada a fatores externos, recompensas ou punições”, já a motivação interna ou intrínseca “nasce de dentro para fora e significa ´vontade`, pode ser melhor caracterizada como sendo a força que impulsiona a ação”. Ainda segundo Kelber (2008), o líder passa a ter uma função decisiva, pois deve “proporcionar para que os colaboradores alinhem seus desejos internos com as tarefas que devem executar, auxiliando na extinção das tensões internas”. São os lideres, portanto os estimuladores da motivação interna no ambiente de trabalho, e a promoção da satisfação de suas equipes com suas realizações. Desta forma, para manter ou gerar a satisfação em sua equipe de trabalho o gestor deve ter uma preocupação constante “com o desempenho das pessoas aumentando a produtividade e obtendo resultados significativos”, mesmo que se revele um objetivo complexo para se atingir, pois de acordo com Kanaane as necessidades do trabalhador “nem sempre são percebidas da mesma forma, assim como é complexo satisfazê-las” (1999, p. 28). Conforme Siqueira (2008, p. 266), “as políticas e práticas gerenciais, especialmente aquelas que definem os procedimentos e a distribuição de retornos para os comportamentos de trabalhadores demonstram a reciprocidade entre a 36 organização e o colaborador”, pois onde existe esforço, existem resultados, e tendo resultados alcança-se a produtividade. Na opinião de Luz (1996, p. 06), clima organizacional é o “reflexo do estado de espírito ou do ânimo das pessoas que predomina numa organização em um determinado período”. Ressalta ainda, que “é importante destacar o fator tempo no conceito, uma vez que o clima organizacional é instável, conforme a influência que sofre de algumas variáveis”. Isso significa que mesmo que o ambiente organizacional esteja agradável e o grupo de colaboradores motivado e satisfeito, o gestor não deve se acomodar, pois esse ambiente com o passar do tempo pode se tornar um lugar de conflitos e insatisfação. As variáveis a que Luz se refere são citadas por Kochanski (1998 apud Carvalho, 2012), o qual afirma que o clima organizacional está intrinsicamente ligado ao grau motivacional dos colaboradores, “podendo ocorrer variações devido ao estilo de liderança exercido, bem como pode ser alterado devido às condições econômicas”. Para este mesmo autor o clima organizacional torna-se uma “ferramenta influenciadora da motivação e consequentemente sobre a produtividade e o desempenho do colaborador”. Para manter um clima organizacional adequado as organizações devem considerar seus colaboradores como parceiros pela busca dos seus objetivos, para que estes trabalhem motivados e satisfeitos com a função que desempenham, repassando estes atributos aos colegas, clientes, fornecedores e demais públicos com quem tem contato. Ao encontro a esta afirmação Oliveira (2002 apud Carvalho, 2012) diz que: (...) para existir um bom ambiente de trabalho, não depende somente da empresa; depende também das pessoas que nela trabalham. Na realidade, se cada um fizer a sua parte, a empresa pode ter um bom ambiente de trabalho. É fundamental a comunicação aberta, o espírito de equipe e a confiança entre todos os membros da equipe. A empresa, portanto, não é a única responsável por um ambiente agradável e produtivo, mas também as pessoas inseridas no seu contexto. No entanto, as empresas precisam ampliar e divulgar os seus benefícios, propor políticas claras e participativas para todos, envolver as equipes no dia a dia da organização, 37 trabalhando seu Endomarketing por se tratar de um “mecanismo facilitador para integração dos colaboradores, dos propósitos organizacionais, dos objetivos e metas” (KANAANE, 1999, p. 123), conquistando, mantendo e atraindo pessoas capacitadas e talentosas para trabalhar e liderar as suas equipes. 38 3 METODOLOGIA A metodologia tem o objetivo de caracterizar o estudo, identificar os sujeitos da pesquisa e o universo amostral, definir o plano de coleta de dados, plano de análise e interpretação dos dados. Este tópico está baseado em Teixeira, Zamberlan, Rasia, (2009). 3.1 Classificação da pesquisa Quanto à natureza é uma pesquisa aplicada, pois o estudo gerou conhecimentos para aplicação prática voltada à solução de problemas específicos da realidade voltando-se à discussão de problemas, sendo empregando um referencial teórico sobre Comportamento Organizacional, trabalho em equipe, relações interpessoais e satisfação no trabalho, o qual foi utilizado para análise, apresentação de soluções / alternativas destas áreas na empresa Luiz Schirmann Filho. A pesquisa trouxe uma abordagem qualitativa, pois o ambiente natural da empresa foi utilizado para a coleta de dados. Sendo também quantitativa, pois houve o emprego de métodos e técnicas estatísticas, utilizando-se do software Excel® para calcular os índices de satisfação dos colaboradores com as relações interpessoais e trabalho em equipe. Quanto aos objetivos é uma pesquisa exploratória, pois teve natureza de sondagem, visando conhecer os atributos do comportamento e da satisfação no trabalho de uma organização; e descritiva, pois expôs a satisfação dos colaboradores no trabalho, relacionado a um conjunto de atributos oriundos do comportamento organizacional, além de propor soluções / alternativas às deficiências constatadas. Quanto aos procedimentos técnicos é um estudo de caso na empresa Schirmann. Tratou-se ainda de uma pesquisa bibliográfica, sendo utilizados livros da área da administração, para realizar a fundamentação teórica, direcionada ao Comportamento Organizacional, trabalho em equipe, relacionamento interpessoal e satisfação no trabalho; documental, pois alguns dados se basearam em documentos / questionários fornecidos a colaboradores e disponibilizados pela Organização. 39 Trata-se de uma pesquisa de campo, desenvolvida dentro da empresa em estudo, com visitas, entrevista semiestruturada, além do fato de os dados coletados corresponderem à realidade. 3.2 Sujeitos da pesquisa e universo amostral O Universo amostral refere-se à empresa Schirmann que é uma empresa de atividade comercial atuando em quatro áreas complementares. Na venda de materiais e soluções para a construção no varejo (Luiz Schirmann Filho Cia. Ltda. / CNPJ - 885797010001-78), no atacado (Schirmann Representações Ltda. / CNPJ 885797010001-78), distribuição (Schirmann Distribuidora Ltda. CNPJ 149786490001-96) e logística de seus produtos (Schirmann Transporte e Logística Ltda. / CNPJ 116572200001-09), totalizando 144 colaboradores. A pesquisa se concentrou na área de varejo que conta com 90 colaboradores. Os sujeitos da pesquisa foram: a) a responsável pelo setor de RH da empresa, a qual forneceu informações necessárias sobre esta área; b) um dos responsáveis pelo setor de varejo; c) e uma amostra dos colaboradores os quais foram questionados sobre o nível de satisfação ao relacionamento interpessoal e trabalho em equipe. 3.3 Detalhamento da coleta de dados Os instrumentos de coleta de dados constituíram-se de entrevista e questionário. Para o gestor da Organização e a gerente da área de RH foi aplicado um roteiro de entrevista semiestruturado (Apêndice A) elaborado com questões que enfocam o relacionamento interpessoal e o trabalho em equipe na visão da empresa. A entrevista com o gestor da Organização ocorreu na última semana do mês de julho de 2013 e com a gerente da Área de RH pretendia-se a princípio também realizar uma entrevista, porém por opção da mesma, devido a dinâmica de sua função e falta de tempo livre, as questões foram respondidas de forma escrita conforme a sua disponibilidade, sendo que o retorno das repostas ocorreu na quarta semana do mês de agosto também do ano de 2013. Para os colaboradores foram aplicados questionários (Apêndice B) com questões fechadas, validadas por Puente-Palacios (2002 apud Bastos e Gondin, 40 2010, p. 210) – questões de 1 a 5 - e também com questões adaptadas de Siqueira (2008) – questões 6 a 17-, além de questões elaboradas pelo autor deste trabalho – questões 18 a 35 – e de Luz (1996) com as questões 36 e 37, utilizando-se do método de escalas intervalar para analisar a satisfação no trabalho frente aos atributos do Comportamento Organizacional já mencionados. Foram distribuídos 60 questionários a uma população total de 90 colaboradores, obtendo um retorno de 49 ultrapassando o objetivo inicial que era de 47 questionários, o qual havia sido definido para ter o nível de confiança de 95 % e erro máximo desejado de 10%. No entanto, nas questões 2, 3, 18, 19 e 32 houve a omissão de uma resposta e na questão 29 houve duas omissões, obtendo nestes casos, 48 e 47 respondentes respectivamente. O período de coleta de dados com os colaboradores teve início na segunda semana de julho de 2013 e se estendeu a última semana de agosto deste mesmo ano. Esse prazo dilatado deve-se a fatores como: férias de colaboradores, atestados médicos e receio por parte de alguns para responder o questionário, o que acabou demandando várias visitas a organização, para obter a amostra necessária. Buscouse colaboradores com atribuições distintas para a aplicação dos questionários, sendo que o número de amostras foi definido aproximadamente conforme o número de funcionários por setor, porém em alguns setores houve retorno maior do que em outros. Para apresentação da organização, foram coletados alguns dados como número de colaboradores, nomes jurídicos e CNPJ das empresas que compõem o empreendimento Schirmann no início do mês de abril de 2013, diretamente com o gestor de varejo. O mesmo disponibilizou no dia em que foi realizada a entrevista, uma linha do tempo em meio eletrônico o qual conta a história da organização desde o seu surgimento até os dias atuais. Para apresentar um histórico mais detalhado o pesquisador utilizou-se também de elementos empregados por Moreno (2012) em seu trabalho de conclusão de curso, tendo em vista que o mesmo é membro da organização e conhece de maneira mais aprofunda a história da empresa, revelando detalhes pertinentes. 41 3.4 Detalhamento da análise e interpretação dos dados Primeiramente a análise dos dados ocorreu de forma quantitativa, após foi realizada a análise qualitativa das respostas dos colaboradores, contrapondo aos atributos do comportamento organizacional no quadro atual da empresa. Tendo como base a teoria do referencial levantado no capítulo 2, buscou-se após comparação das perspectivas da empresa e dos colaboradores, identificar possíveis gargalos que poderiam influir negativamente na satisfação no trabalho e propondo ações para saná-los, bem como salientando os pontos fortes encontrados. 42 4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS E DISCUSSÃO DE IDEIAS Este capítulo abrange a apresentação da empresa através do seu histórico baseando-se em dados fornecidos pela organização, site da empresa, além de Moreno (2012) em seu Trabalho de Conclusão de Curso. Conta ainda, com um subcapítulo destinado à exposição do perfil da amostra dos colaboradores utilizada para o levantamento dos dados. Em seguida, ocorre a descrição, análise e proposições acerca das considerações dos gestores e colaboradores sobre o relacionamento interpessoal e trabalho em equipe. Conta também com um tópico onde são trazidas de forma resumida as principais constatações apresentadas nos subcapítulos anteriores. 4.1 Apresentação da empresa através do histórico 1 A empresa Luiz Schirmann Filho tem seu início em 1970, ano em que foi aberto nos altos da Avenida Coronel Dico esquina com a Avenida Getúlio Vargas (em frente ao monumento da Praça dos Imigrantes), no Bairro Assis Brasil, uma loja de secos e molhados (com a comercialização de diversos itens, entre eles alimentos, tecidos, ferragens, ração animal, etc...), “A Mantiqueira”, sendo uma filial da loja pertencente a família do Sr. Luiz Schirmann, natural de São Pedro do Sul. Luiz Schirmann, pai de Luiz Schirmann Filho, sentindo a necessidade de expansão dos seus negócios decidiu abrir uma filial do seu comércio em Ijuí / RS, cidade que apresentava grande crescimento no início da década de 70. A figura 4 mostra uma foto da parte frontal da Mantiqueira. _________________________ 1 Tópico com itens extraídos de: MORENO, Alexandre Matter. Equipe de venda eficiente e eficaz: um estudo de caso na empresa Luiz Schirmann Filho. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Administração) - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí, 2012. (p. 38 – 45). 43 Figura 4 - Fachada da “A Mantiqueira” Fonte: Arquivo da Empresa Nos anos seguintes começaram a surgir os mercados, fortes concorrentes para o comércio de secos e molhados. Com seu espírito empreendedor e sentindo que o mercado dos materiais para construção tinha um grande campo a ser explorado, o Sr. Luiz decidiu trocar de ramo passando assim a atuar na venda de materiais para construção civil. Em 1º de abril de 1975 abria as portas a empresa Luiz Schirmann Filho, com o nome fantasia de “Schirmann Materiais de Construção”, registrada sob forma de firma individual, tendo sido instalada em prédio próprio à Avenida Getúlio Vargas, nº 357, que começou trabalhando somente com cal em pedra, cimento, areia e pedra. A Figura 5 expõe a fachada da primeira loja Schirmann destinada à comercialização de materiais para construção no ano de 1975. 44 Figura 5 - Fachada da primeira Loja Schirmann Materiais de Construção Fonte: Arquivo da Empresa Eram três pessoas envolvidas em todo processo, Luiz, Ângela e o funcionário Osvaldo Pinto dos Santos, o qual fazia o carregamento dos produtos. Começou assim uma época de trabalho muito intenso, que acabou gerando crescimento. Um efeito deste crescimento sentiu-se no ramo do atacado, com uma distribuição de 60.000 sacos de cimento em toda região noroeste do estado do Rio Grande do Sul. Em 1983 foi criada a primeira logomarca da empresa, figura 6. Figura 6 - Primeira logomarca Fonte: Arquivo da empresa No ano de 1983 foi criada uma empresa para atuar somente no ramo de distribuição, foi aberta a empresa Schirmann Distribuidora Ltda., instalada junto à antiga estação da R.F.F.S.A (Rede Ferroviária Federal S.A.), conforme mostra figura 45 7, recebendo em média 5 vagões de cimento por dia, que eram transportados por três caminhões próprios, para clientes de quase todas as cidades da região. Figura 7 - Instalações na Rede Ferroviária Federal S.A Fonte: Arquivo empresa. No ano de 1989, a empresa traz para o interior do Estado o concreto usinado, proporcionando para seus clientes agilidade, padronização e menor desperdício nos processos construtivos, diversificando assim o seu negócio e disponibilizando um produto novo na região, e tornando Ijuí em um centro da construção civil. A concreteira foi vendida no ano de 1995 para a Pedreira Pain, antiga parceira de negócios. Na figura 8, observa-se o descarregamento de concreto usinado da concreteira Schirmann. 46 Figura 8 - Foto do descarregamento de concreto usinado Fonte: Arquivo da empresa Com o ramo do atacado organizado, surgiu a necessidade de ampliar o negócio de varejo, e para que isso fosse possível, precisava de espaço físico. No ano de 1990, a empresa muda-se para novas instalações na Avenida Getúlio Vargas, nº 111, próximo da antiga sede. O número de funcionários também já havia aumentado para quinze e a empresa tinha grandes expectativas, as quais foram se concretizando com o passar do tempo. Com mais espaço físico o mix de produtos aumentou para 1.500 itens, e assim consolidando definitivamente a loja Schirmann Materiais para Construção como uma das principais empresas do ramo de materiais para construção da cidade de Ijuí e região. A Figura 9 apresenta a fachada do Schirmann Materiais de Construção em suas novas instalações no ano de 1990. 47 Figura 9 - Fachada do Schirmann Materiais de Construção em 1990 Fonte: Arquivo da empresa No ano de 1998 aconteceu a criação de uma nova logomarca, figura 10, e a criação da mascote “Schirmanito”, figura 11, e também ocorreu a mudança do nome fantasia da empresa, que deixou de ser “Schirmann Materiais para Construção” e passou para “Schirmann Materiais e Soluções para Construção”. Figura 10 - Segunda logomarca Fonte: Arquivo da empresa 48 Figura 11 - Mascote Schirmanito Fonte: Arquivo da Empresa Sempre atento ao mercado e com vontade de diversificar o ramo de negócios em 1999 foi inaugurado o Hotel da Praia, projeto que se originou no ano de 1992, com a aquisição de um terreno na Praia dos Ingleses, possuindo 42 apartamentos, sala de convenções, restaurante, etc. Este mais tarde foi vendido. Em 11 de março de 2000 surgiu uma nova logomarca (figura 12) da empresa, e é a atual. Foi desenvolvida por Agência D3, de Porto Alegre. Figura 12 - Terceira logomarca (atual) Fonte: Arquivo empresa. 49 O ano de 2001 foi marcado por uma série de iniciativas da empresa no sentido de qualificar o seu quadro de funcionários, bem como fortalecer a cultura de profissionalismo: - Em março foi implantado o programa D-OLHO na qualidade, programa baseado nos 5S japonês e adaptado para a realidade brasileira, proporcionando à empresa uma mudança em termos de ambiente físico e também de cultura e organização. Foram três meses de envolvimento direto de todos os funcionários na busca de melhorar as condições de trabalho. Após a execução do programa, seguiuse a manutenção do mesmo através de auditorias mensais e premiações para os setores com maior pontuação. - No dia 07 de setembro de 2001 foi realizado o 1º Seminário de Integração e Qualificação Profissional e o Programa Schirmann de Qualidade (PSQA), tendo como local o Hotel da Praia na cidade de Florianópolis – SC, contando com a participação de todos os funcionários da empresa. - Em novembro de 2001, o Schirmann torna-se uma das 14 empresas do Brasil e a única no Rio Grande do Sul a possuir uma estrutura de atendimento a cliente denominada OCT (Operador Comercial Tigre). Consiste basicamente em ter um tele serviço, e uma equipe de vendedores externos treinados pela fábrica e capacitados para esclarecer dúvidas e identificar as necessidades dos clientes e realizar venda dos produtos da marca Tigre. Com a preocupação de aprimorar a qualidade, o crescimento e, acima de tudo, o bom atendimento dos clientes, a empresa Schirmann Materiais e Soluções para Construção no ano de 2006, marca sua presença na internet com o lançamento do seu site, www.schirmann.com.br, onde todos podem conhecer um pouco de sua história, seus setores e seus parceiros. Em setembro de 2006 instala-se dentro da estrutura do Schirmann o DBA (Distribuidor Belgo Avançado, figura 13), com estoque e faturamento de notas fiscais da usina. Atuando na região das missões e planalto médio, possui um tele serviço, atendimento no balcão e uma equipe de vendedores externos treinados pela usina para a comercialização de aço. 50 Figura 13 - DBA (Distribuidor Belgo Avançado) Fonte: Arquivo empresa No ano de 2007, o Schirmann passa a ser Distribuidor Tramontina, na venda de toda sua linha de produtos, com exceção da linha gourmet (panelas, talheres, etc...), possui um vendedor externo que faz visitas a oficinas mecânicas, agropecuárias, lojas de materiais de construção, construtoras, cooperativas, etc. Em 2008, a empresa entra em mais um ramo de venda, começa a comercializar climatizadores de ar. Foi criado um setor exclusivo para a venda deste produto, atendendo a comunidade local, regional e em alguns casos ocorrendo venda para fora do estado. No ano de 2009, a empresa começa a construção do seu Home Center, uma obra única para o município e região, uma loja que terá uma área de loja de 4.000m², um depósito de 2.500m², estacionamento para 50 veículos, uma estimativa de ter 180 colaboradores. A abertura desta nova loja estava prevista para final de 2010, o que não ocorreu por problemas no projeto da cobertura. A previsão de inauguração é para final de 2013 ou início de 2014. É uma empresa considerada de médio porte, e não possui filial. Para melhor atender seus clientes e fornecedores conta com um site (www.schirmann.com.br), email ([email protected]), telefone (55-3332-0700) e fax (3332-0746). Hoje têm em seu espaço físico quatro empresas: a Luiz Schirmann Filho Cia. Ltda., Schirmann Representações Ltda.; Schirmann Distribuidora Ltda. e ainda Schirmann Transporte e Logística Ltda., contando em seu quadro funcional com aproximadamente 144 funcionários distribuídos entre o setor administrativo (que é 51 dividido em recursos humanos, contabilidade, secretaria / telefonista, compras, financeiro, comercial), almoxarifado, expedição, depósitos, transportes, central de fretes, caixas / crediário, SAC, vendas, repositores. Estes colaboradores estão alocados dentro das quatro empresas do grupo, conforme o Gráfico 1. Gráfico 1 - Número de colaboradores por empresa 7 13 34 90 Luiz Schirmann Filho Cia. Ltda. Schirmann Representações Ltda. Schirmann Distribuidora Ltda. Schirmann Transporte e Logística Ltda. Fonte: RH / Schirmann Possui direção geral centralizada, embora sigam e desenvolvam suas atividades focadas em resultados distintos. Seguem as mesmas diretrizes, as mesmas políticas administrativas e de funcionamento, com a preocupação em desenvolver as pessoas e torná-las parte importante do processo, instigando-as a se comprometerem e se responsabilizarem pela busca e crescimento profissional dentro da empresa. É uma empresa com estrutura familiar, pois têm em seu quadro diretivo os proprietários no comando, e os filhos dos mesmos assumindo cargos de direção e controle, conhecendo o negócio da empresa e se preparando para o processo de sucessão. Também conta com equipe de profissionais contratados nas mais diversas áreas garantindo assim o assessoramento e profissionalização para atingir seus objetivos. A Organização Schirmann tem como negócio principal a comercialização de materiais de construção de várias formas: Varejo – Realiza vendas para o consumidor final; 52 Atacado – Realizam vendas (principalmente de cimento) para lojas de toda a região noroeste do estado do Rio Grande do Sul, construtoras, etc.; OCT (Operadora Comercial Tigre) – Realiza venda de produtos da marca Tigre para todo o estado do Rio Grande do Sul; DBA (Distribuidor Belgo Avançado) – Realiza venda de produtos da marca Belgo Mineira para região do planalto médio, missões e central do Rio Grande do Sul. Suvinil – Realiza venda de produtos da Suvinil e Glasurit marcas de tintas imobiliárias das Basf para toda região noroeste do estado. Teleclima: efetua comercialização de climatizadores. A empresa Schirmann tem como visão: “Manter liderança regional e tornar-se ponto de referência no Estado em materiais de construção”, visão definida em seu manual, disseminada em treinamento introdutório e no regulamento interno entregue aos funcionários no momento da admissão. Como missão tem “Encantar clientes e parceiros, oferecendo materiais e soluções para construção civil com produtos e serviços de qualidade com participação no desenvolvimento”, também definido no regulamento da empresa. Os princípios que norteiam a organização são: “Profissionalismo, integridade, responsabilidade social, desenvolvimento e participação, crescimento, credibilidade, comprometimento, integração”. E tem como diretrizes: “ser uma empresa sólida, participativa e profissionalizada”. Para atuar de forma eficiente conta com um complexo e integrado sistema de informações, que garante a tomada de decisões com base em dados precisos e atualizados constantemente, fazendo com que torne ágil, reduza custos e lhe proporcione o diferencial competitivo no mercado de materiais de construção. A empresa Luiz Schirmann Filho, no ano de 2013, completou 38 anos da sua fundação e está em grande crescimento, isto se comprova pelo aumento na área de atuação regional, com os mais de 17.000 itens no seu portfólio de produtos disponíveis para venda, além dos climatizadores de ar. 4.2 Exposição do perfil da amostra utilizada para o levantamento dos dados Este tópico visa traçar o perfil dos indivíduos que trabalham na Organização em estudo e que foram utilizados como amostra no levantamento de dados na pesquisa realizada. 53 No Gráfico 2, é exposto o perfil da amostra conforme a idade (anos) dos respondentes. Gráfico 2 - Perfil da Amostra conforme a Idade (anos) 15 9 7 6 4 5 3 0 18 a 25 26 a 30 31 a 36 37 a 40 41 a 45 46 a 50 Acima 50 Resposta Omitida Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores Este gráfico revela um perfil jovem dos colaboradores da organização, com a predominância das idades de 18 a 25 anos com 15 representantes e dos 26 a 30 anos com 7 representantes, significando que 45% dos respondentes dos questionários estão entre estas faixas etárias. Para as demais faixas etárias (que abrangem dos 31 aos 36, 37 aos 40, 41 aos 45, e dos 46 aos 50 anos) existe certo equilíbrio na distribuição da amostra por idade, porém nenhum dos respondentes declarou ter 50 anos ou mais, o que pode significar perdas para a organização em termos de ausência de colaboradores com mais experiência. Dos respondentes, 9 pessoas optaram por não revelar a idade, representando 18% da amostra pesquisada. As organizações modernas buscam cada vez mais para fazer parte de sua estrutura pessoas qualificadas. Na organização em estudo isso não é diferente, conforme pode ser visto no Gráfico 3 que mostra o perfil da amostra quanto a escolaridade, onde 24 colaboradores têm ensino médio completo, ou seja, 49% da amostra levantada, 11 pessoas (22%) fazem algum curso superior, e 4 colaboradores (8%) já tem formação superior, representando um total de 79% dos funcionários com ótima formação. Nenhum dos trabalhadores pesquisados declarou ter Pós-graduação ou Ensino Médio Incompleto. 54 Gráfico 3 - Perfil da Amostra conforme Escolaridade 0 8 0 2 4 24 11 Fund. Completo Superior Ens. Medio Inc. Pós Graduaçao Med. Comp. Resposta Omitida Sup. Inc. Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores Em relação ao gênero, a análise do Gráfico 4 revela equilíbrio entre os gêneros masculino e feminino, com 23 e 22 pessoas respectivamente. Esse equilíbrio, ao contrário de alguns anos atrás, onde havia predominância do sexo masculino no ramo de atividades da organização pesquisada, se deve principalmente ao preenchimento de vagas com pessoas do gênero feminino na área de vendas, administrativa, caixas, crediários, secretarias/telefonistas. Gráfico 4 - Perfil da Amostra conforme o Gênero 4 22 23 Feminino Masculino Resposta Omitida Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores Na empresa ocorre a predominância de colaboradores da cor / raça branca, representada por 34 pessoas, ou seja, 69% do total analisado, seguido pelos pardos 55 com 4 colaboradores (8%), pretos e indígenas com 1 representante de cada, totalizando 4% do total. O motivo principal destas ocorrências deve-se ao fato da região possuir colonização predominantemente europeia. Nove pessoas optaram por não responder a respeito de sua raça / etnia. Gráfico 5 - Perfil da Amostra conforme a Cor / Raça 9 1 1 4 34 Branca Parda Preta Indigena Resposta Omitida Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores Em relação ao estado civil (Gráfico 6), a empresa apresenta entre seus colaboradores 23 solteiros, representando um porcentual de 47% do total de respondentes, 18 pessoas casadas ou em união estável (37%) e 8 pessoas não responderam este questionamento. Gráfico 6 - Perfil da Amostra conforme o Estado Civil 8 23 18 Solteiro (a) Casado (a) / Uniao Estável Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores Resposta Omitida 56 Em relação ao gráfico 7, sobre o perfil da amostra conforme o cargo chama a atenção principalmente dois fatores: o número de vendedores que representam 29% da amostra, com 14 colaboradores, demonstrando que empresa foca suas contratações na área comercial (vendas), que é uma das atividades fins da empresa, e o número de 21 respostas omissas para este aspecto, representando 43% do total de colaboradores respondentes. Esse fato pode ter dois significados: os colaboradores podem ter ficado receosos, com uma possível identificação e represália por parte dos gestores/chefias, ou que estes colaboradores não conhecem ou não sabem o nome do cargo ao qual ocupam. Para os demais cargos existe hegemonia nos números os quais apresentam números de colaboradores aproximados ou iguais. Gráfico 7 - Perfil da Amostra conforme o Cargo Atual 21 14 3 1 2 2 2 1 1 1 1 Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores O gráfico 8 revela grande rotatividade dentro da Organização, pois 22% dos colaboradores estão trabalhando nela há menos de um ano e 39% entre 1 a 3 anos, e nenhum a mais de dez anos. Um dos fatores desta alta rotatividade, segundo o gestor, deve-se ao fato do assédio do mercado para contratação de profissionais qualificados, pois no ramo da construção civil os clientes tem contato frequente com os colaboradores de praticamente todos os setores da loja, isto leva a um vínculo de relacionamento com o cliente que às vezes possui uma empresa ou cargo de chefia e acaba surgindo o convite para trabalhar com este. 57 Estes convites surgem tanto de concorrentes diretos como as Lojas Fricke, Barbadão da Construção, Renovar, Lojas Quero-Quero, Lojas Becker dentre outros, como também de ramos diversos à construção civil, como de lojas de eletrodomésticos, vestuário e calçados, lojas de tintas prediais e automotivas e até mesmo de supermercados, no caso dos colaboradores que trabalham nos caixas e expedição. Gráfico 8 - Perfil da Amostra conforme o Tempo de Serviço 7 0 11 3 9 19 Menos de 1 ano 1 a 3 anos 4 a 5 anos 6 a 10 anos Mais de 10 anos Resposta Omitida Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores O Gráfico 9, tem números muito semelhantes aos do gráfico anterior, mostrando que mesmo quando o colaborador se mantem dentro da organização por vários anos, este não consegue trocar de função ou cargo, o que pode responder a questão anterior referente a rotatividade, pois ao receber uma nova oportunidade de trabalho o colaborador pode estar almejando uma chance de crescimento em outra organização. 58 Gráfico 9 - Perfil da Amostra conforme Tempo de Serviço no Cargo 8 0 13 2 6 20 Menos de 1 ano 1 a 3 anos 4 a 5 anos 6 a 10 anos Mais de 10 anos Resposta Omitida Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores Nos subcapítulos subsequentes serão apresentados os dados, análises e proposições sobre os temas em estudo neste documento. 4.3 Descrição, análise e proposições sobre a prática atual da empresa e percepção dos colaboradores Neste subcapítulo é apresentada a visão e a prática da empresa e a percepção dos colaboradores referentes ao relacionamento interpessoal e trabalho em equipe, através da entrevista realizada com o responsável pelo varejo, do questionário com a gerente de Recursos Humanos (RH) e dos questionários aplicados aos colaboradores. Apresenta-se também a análise acerca dos gargalos identificados após a comparação das falas dos gestores e colaboradores com proposições para saná-los bem como, busca-se ressaltar os pontos fortes identificados. 4.3.1 Descrição, análise e proposições acerca da prática atual e percepção da empresa e dos colaboradores referente ao Relacionamento Interpessoal Conhecer e entender o comportamento humano no contexto organizacional adquire cada vez mais relevância, tendo em vista que “o fator humano está intrinsicamente vinculado a toda tarefa realizada” (KANAANE, 1999, p 115). Para a 59 execução destas tarefas as pessoas devem se relacionar umas com as outras, onde seus atos e atitudes podem contribuir para o seu próprio desenvolvimento, dos demais e da organização em si. O relacionamento interpessoal assume deste modo, um papel motivador na busca pela satisfação no trabalho, pois ao se manter um relacionamento interpessoal adequado gera-se um ambiente de trabalho agradável e produtivo. Este ambiente pode ser representado dentre outros, por dois atributos: a existência de respeito e estima entre os membros da equipe. E não apenas por parte dos colaboradores, mas também por parte da empresa em relação a estes. Com este direcionamento, os gestores acreditam que exista respeito e estima entre os membros da equipe e da empresa para com estes, sendo essas questões consideradas fundamentais para organização e na manutenção das equipes. Estes esclarecem e destacam que a empresa é profissional, assim como os colaboradores também devem ser, se relacionando com colegas de forma profissional e ética. Esse comportamento é exigido e essa informação é passada aos colaboradores, pois é necessário cumprir uma jornada diária dentro da organização, representando muitas vezes, um convívio maior com os colegas de trabalho do que com a própria família. Para criar um ambiente harmônico é necessário que haja respeito e estima, além do profissionalismo já mencionado, pois caso não se trabalhe desta forma a empresa está fadada ao insucesso. A organização procura fortalecer essa ideia no momento da contratação, passando aos colaboradores, seus valores, princípios, seu “DNA” devendo o colaborador se inserir nesse contexto geral e trabalhar dentro destes princípios, pois é ele que vai passar para o cliente a imagem da empresa, não é a estrutura física, e sim o relacionamento dele com as pessoas, ou seja, a imagem que a sociedade vai ter da empresa são das pessoas que estão dentro dela, na linha de frente. As afirmações feitas pelos gestores refletem perfeitamente a opinião dos colaboradores da organização, conforme pode ser observado na Tabela 1, onde são apresentadas as questões 13 e 14, referentes ao tratamento com estima e respeito por parte dos colegas e chefias respectivamente. Para fins de análise houve o somatório das dimensões dos questionários dos colaboradores, sendo as dimensões 1 e 2 tratadas como condições desfavoráveis (Insatisfeitos). As dimensões 4 e 5 são tratadas como condições favoráveis (Satisfeitos). A dimensão dúvida manteve sua semântica original. 60 Tabela 1 – Percepção da amostra de colaboradores quanto ao tratamento recebido referente a Estima e Respeito Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Respostas (N°) Respostas (%) Concordo Pouco Concordo Totalmente Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Condições Favoráveis (Satisfeitos) Discordo Pouco 13. Sou tratado com estima e respeito pelos colegas 14. Sou tratado com estima e respeito pelos meus superiores (chefia) Dúvida Discordo Totalmente Condições Desfavoráveis (Insatisfeitos) 0 0 0 0% 1 2% 18 30 48 98% 0 0 0 0% 3 6% 18 28 46 94% Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores A tabela 1 expõe através de números praticamente absolutos, que 98% dos colaboradores se sentem tratados com estima e respeito pelos colegas (questão 13), demonstrando que a política da empresa onde todos devem se tratar de forma profissional e ética está surtindo o efeito esperado. Esse cenário praticamente se repete na questão 14, onde os colaboradores sentem-se estimados e respeitados por seus chefes, representando um índice de 94% de satisfação. Os resultados apresentados nos questionários e na homília dos gestores revelam a existência de estima e respeito, havendo reciprocidade entre as partes sendo, portanto considerado um ponto forte da organização, pois revela a adequada gestão destes critérios que resultou na satisfação de colaboradores e gestores. Ao existir estima e respeito haverá consequentemente integração através da cooperação entre os colegas de trabalho. Neste sentido, os gestores esclarecem que esta cooperação costuma ser estimulada pela empresa, mas nem todos os colaboradores possuem em sua natureza o hábito de colaborar com os demais. Para estimular a cooperação entre os colaboradores além de reuniões, do espírito de equipe, facilidade de acesso às informações, um novo funcionário quando é contratado passa por um treinamento sendo orientado e solicitado para que todos colaborem uns com os outros. Existe, por exemplo, o vendedor – treinador. Este é um vendedor mais antigo com tempo de empresa, o qual conhece muito bem todos os processos, produtos e tramites da organização e esse colaborador treina os novos, sendo que este processo acontece com os repositores, caixas, depósito, motoristas dentre outros. 61 Esse procedimento é realizado por que o treinamento introdutório da empresa não é suficiente para deixar o colaborador completamente pronto para desempenhar as suas atribuições, pois aparecem situações do dia a dia que não são abordadas nesse treinamento. Em algum momento para desenvolver o seu trabalho o colaborador vai necessitar do auxílio de um colega e a reação de gostar ou não de colaborar depende muito de pessoa para pessoa. Nas palavras do gestor de varejo (2013): Tem pessoas que gostam muito de ajudar, tem pessoas que não gostam de ajudar. A gente procura sempre incentivar essa colaboração, por que é em prol do grande grupo, pois se um vendedor atender mal, o cliente vai sair falando, no Schirmamm atendem mal, lá os vendedores não conhecem os produtos, os vendedores não atendem bem, se ele atender legal, é o contrário, lá no Schirmann atendem bem. Um compromete a imagem de todo o grupo. A Tabela 2 demonstra que as questões apontadas pelos gestores são semelhantes as dos colaboradores, ou seja, a grande maioria afirma que existe cooperação entre os colegas representando 86% dos respondentes, porém conforme apontou o gestor, nem todos possuem esse perfil, resultando em um índice de 10% de colaboradores que não percebem a existência de cooperação entre seus pares. Apenas 4% dos respondentes ficaram em dúvida nesta questão. Tabela 2 - Percepção da amostra de colaboradores quanto à cooperação entre colegas Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Respostas (N°) Respostas (%) Concordo Pouco Concordo Totalmente Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Condições Favoráveis (Satisfeitos) Discordo Pouco 7. Existe cooperação entre meus colegas Dúvida Discordo Totalmente Condições Desfavoráveis (Insatisfeitos) 0 5 5 10% 2 4% 29 13 42 86% Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores Sugere-se neste caso que a empresa continue trabalhando para manter o atual ambiente da empresa, no qual ficou evidente que impera a cooperação entre a maioria dos colaboradores. Mesmo que nem todos tragam essa característica em sua personalidade e seja difícil de ser incorporada, pois acompanha o colaborador ao longo de sua vida, Robbins (2005) destaca, no entanto que pode ser influenciada 62 pela organização, exatamente o que vem ocorrendo onde o colaborador é orientado a cooperar desde o primeiro momento que entra na empresa e assim é feito constantemente com acesso a informações e em reuniões. Outro fator que se destaca dentro das relações interpessoais, resultado também da interação é a amizade. Estas relações são de extrema importância, tanto na vida pessoal quanto na vida profissional. A empresa em estudo a considera importante, pois tornam o trabalho em equipe mais estimulante e ajuda no relacionamento entre as pessoas. Dentro da organização Schirmann, conforme observado pelos gestores existem grupos nos quais os colaboradores que tem mais afinidades uns com os outros e costumam até se reunir com suas esposas e filhos, enfim com as famílias fora do ambiente de trabalho, seja nos fins de semana, durante a semana à noite, programam viagens, dentre outras atividades. A empresa não tem uma politica nem de incentivo nem contra, sendo vista com bons olhos, pois é benéfico para a organização. A questão 12, respondida pelos colaboradores que se refere a existência de amizade entre os mesmos (Tabela 3), revela novamente que as relações entre os colaboradores da empresa, estão em níveis extremamente satisfatórios, pois 98% destes, ou seja, 48 dos 49 colaboradores participantes da amostragem, consideram que existem relações de amizade entre si, o que pode representar uma ampla vantagem ao se trabalhar em uma equipe grande como o da empresa em estudo, pois significa maior troca de opiniões e ideias entre os mesmos, pois não haverá tanto receio de ser mal interpretado ou ser inconivente. Tabela 3 - Percepção da amostra quanto às relações de amizade entre os colaboradores Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Respostas (N°) Respostas (%) Concordo Pouco Concordo Totalmente Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Condições Favoráveis (Satisfeitos) Discordo Pouco 12. Existe amizade entre os colaboradores Dúvida Discordo Totalmente Condições Desfavoráveis (Insatisfeitos) 0 0 0 0% 1 2% 19 29 48 98% Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores 63 Destaca-se ao comparar a fala dos gestores com a afirmação dos colaboradores, que os primeiros não tinham ideia que as relações de amizade eram tão fortes, tendo em vista que afirmaram que existiam apenas alguns grupos de afinidades, uma vez que a empresa não tem politicas de monitoramento e incentivo relacionado a isso. As relações de amizade aparentam ter surgido, portanto de maneira informal, tendo em vista que as pessoas de acordo com Cohen e Fink (2003) tendem a se aproximar daqueles que compartilham sentimentos semelhantes. Ao analisar os sentimentos de estima, respeito, cooperação e amizade em linhas gerais, constata-se que existe interação satisfatória entre os colaboradores e organização, afetando de forma positiva as tarefas que são executadas de forma conjunta representando maior produtividade. Sugere-se que a organização conserve as suas práticas, colaborando, incentivando e monitorando para que esses sentimentos se mantenham adequados. Para os gestores as diferenças pessoais existentes nos relacionamentos também são importantes, não só para a organização Schirmann, mas também para todas as organizações em geral, pois trazem ideias, culturas, conhecimentos novos e concepções diferentes que agregam novos valores e geram crescimento tanto para a empresa quanto aos seus colaboradores. Ressalta-se, conforme a observação e convivência dos gestores no dia a dia dos colaboradores que existe respeito entre os colegas em relação às diferenças pessoais, sendo que estas diferenças compõem as conquistas e crescimento de todos. A organização em si não possui regras formalizadas de como os colaboradores devem tratar ou se portar diante das diferenças pessoais, mas é cobrado respeito um para com o outro, independentemente de cor, religião ou partido politico. Destaca-se neste caso que dentro da organização os trabalhadores não podem manifestar-se sobre esporte, política, religião e muito menos raça. O gestor de varejo destaca que em relação à raça, existe uma lei que rege esse tema, mas mesmo que não existisse não é ético ofender um colega. Para as questões políticas, esportivas e religiosas, especialmente por se tratar de um comércio os colaboradores não devem exteriorizar suas preferências, pois isso pode 64 acabar resultando na perda de uma venda ou, pior ainda, acaba por estereotipar a organização. A empresa através da fala de seus gestores demonstrou que tem consciência da importância das diferenças entre as pessoas para a pluralidade da organização. A Tabela 4, através da questão 15, apresenta um índice considerado bom de 76% quando analisado isoladamente, onde os colaboradores confirmam que a empresa respeita e estimula as diferenças entre as pessoas, no entanto, este índice pode ser considerado baixo quando comparado aos demais já apresentados. Existe nesta questão uma porcentagem significativa de respondentes em dúvida (18%), pois como levantado pelo gestor não existem regras formalizadas sobre o tema, o que pode deixar os colaboradores em dúvida se existe alguma política da organização em relação às diferenças pessoais. Já ao serem perguntados se os demais colegas respeitam as características individuais de cada indivíduo (questão 16), o índice de satisfação volta a se elevar, atingindo 90% de colaboradores satisfeitos, demonstrando que existe um excelente ambiente de trabalho onde as diferenças são aceitas pela maioria. Tabela 4 - Percepção da amostra de colaboradores quanto às diferenças e características pessoais (importância e respeito) Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Respostas (N°) Respostas (%) Concordo Pouco Concordo Totalmente Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Condições Favoráveis (Satisfeitos) Discordo Pouco 15. Sinto que minha empresa respeita e estimula as diferenças entre as pessoas 16. Meus colegas de trabalho respeitam as minhas características pessoais Dúvida Discordo Totalmente Condições Desfavoráveis (Insatisfeitos) 1 2 3 6% 9 18 % 15 22 37 76% 0 2 2 4% 3 6% 16 28 44 90% Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores Constata-se que a organização tem uma gestão aceitável, no que tange as diferenças das pessoas no ambiente organizacional, pois não possui estruturado um manual ou cartilha para reger esses critérios, o que acaba resultando em alguns colaboradores em dúvida e alguns inclusive insatisfeitos com essa questão, tendo 65 em vista que às vezes apenas falar para agir de determinada maneira não é o suficiente. Apesar disso, a empresa está no caminho correto, uma vez que a maioria dos colaboradores está satisfeita com a forma de tratamento que recebem em função das suas diferenças / características tanto por parte dos colegas, como pela empresa. Esta última por sinal tem uma visão adequada a qual afirma que as diferenças geram crescimento e agregam novos valores, sendo pautada pela fala de Drews; Pizolotto e Abreu (2008), os quais afirmam que o respeito, a compreensão e a aceitação das diferenças beneficiam as organizações e os indivíduos resultando consequentemente na melhoria de desempenho de ambas as partes. Nas relações interpessoais, além das características já apontadas, existem formas diferenciadas de como ocorrem estes contatos ou relações dentro das organizações. Os gestores se relacionam com os seus subordinados e estes com suas chefias, onde ambos mantêm contato e se relacionam com seus pares de mesmo nível hierárquico, transmitindo e recebendo feedback, informações e orientações. Estes relacionamentos recebem nomenclaturas diferentes, conforme visto no capitulo 2. Quando um chefe se dirige a um subordinado ocorre o relacionamento interpessoal descendente. Ao ocorrer dentro do mesmo nível ou linha hierárquica recebe o nome de relacionamento interpessoal horizontal. Assim como os colaboradores que buscam contato com seus superiores estão realizando o relacionamento interpessoal ascendente. Na organização em estudo, os gestores classificaram como satisfatória a forma como ocorrem estas relações, e costumam se utilizar de ferramentas como intranet, mural, circulares, reuniões, pessoalmente com contatos verbais ou com os chefes de setor que ficam encarregados de repassar as informações para os demais. A opinião dos colaboradores sobre as formas de relacionamento divergem, conforme o sentido deste. De acordo com a Tabela 5, os colaboradores estão extremamente satisfeitos com a forma que se relacionam com seus superiores (questão 28), atingindo um índice de 96% e nenhum colaborador insatisfeito com o relacionamento ascendente. No entanto, quando os superiores se direcionam para os colaboradores (questão 32), relacionamento descendente, esse índice de 66 satisfação cai para 79%. Destaca-se que nesta questão houve a omissão de uma resposta, o que resultou em 48 respondentes. A queda deste índice ocorreu devido principalmente aos respondentes que estão em dúvida (15%) e pode ser motivada pelo fato que nem sempre o relacionamento descendente ocorra para “agradar” o subordinado, pois muitas vezes este tipo de relacionamento ocorre para atribuir uma tarefa, dar uma ordem ou mesmo para feedback sobre algum procedimento que não esteja de acordo com os objetivos da organização. Entretanto, o relacionamento horizontal (questão 36) é o que apresentou o índice mais baixo entre os três, onde apenas 63% dos colaboradores, estão satisfeitos com esta forma de relacionamento. Quinze pessoas, ou seja, 31% dos respondentes estão insatisfeitos com a forma que ocorre o relacionamento horizontal, pois declaram que não existe integração entre os setores ou departamentos, o que pode significar problemas para o organização, pois esta depende da integração entre os mais diversos setores, para que possa trabalhar com eficiência. Sobre esta questão inclusive houve algumas observações do tipo “Em minha opinião deveria ter mais sincronia e integração entre os setores: vendas, financeiro e estoque”. Tabela 5 - Percepção da amostra de colaboradores quanto ao Relacionamento Ascendente, Descendente e Horizontal Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Respostas (N°) Respostas (%) Concordo Pouco Concordo Totalmente Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Condições Favoráveis (Satisfeitos) Discordo Pouco 28. Tenho um bom relacionamento com meus superiores 32. Sinto-me motivado com a forma que sou tratado pelos meus superiores 36. Existe integração entre as diversas unidades da empresa (departamentos/setores) Dúvida Discordo Totalmente Condições Desfavoráveis (Insatisfeitos) 0 0 0 0% 2 4% 15 32 47 96% 0 3 3 6% 7 15 % 19 19 38 79% 6 9 15 31% 3 6% 26 5 31 63% Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores 67 Ao ponderar sobre as formas de relacionamento interpessoal identifica-se um gargalo referente ao relacionamento horizontal ou lateral, o que pode resultar em uma demanda maior de tempo e dificuldades de coordenação de tarefas que envolvam mais de um setor, tendo em vista que essas relações podem se tornar conflituosas ao longo do tempo, pois de acordo com Cohen e Fink (2003) mesmo que “periféricas a atividade as relações interpessoais podem se tornar motivo de satisfação ou frustação”, comprometendo o trabalho significativamente. Destaca-se nesse caso, que esse problema identificado possa ter origem nas práticas da organização, ou seja, no sincronismo entre os diversos setores e não necessariamente seja um problema de relacionamento entre os setores. Cabe à organização aprofundar essa questão na busca de respostas, seja nas reuniões setoriais ou fazendo uma pesquisa interna para identificar os reais motivos que geraram esse índice de insatisfação para que possa, caso necessário, corrigir seus processos e práticas que envolvem os diversos setores ou buscar outras formas para que os colaboradores de setores distintos se sintam instigados a se relacionar de forma adequada. A empresa procurando sempre dinamizar seus processos de tomada de decisão e ter uma fonte de ideias e sugestões costuma disponibilizar canais abertos de acesso dos subordinados às chefias sem restrição nenhuma. Os gestores alegam que nada é de cima para baixo, pois o relacionamento ascendente é um fluxo de sugestões e ideais para a empresa e direção. A direção avalia e estimula essas ideias e as pessoas, principalmente os responsáveis dos setores para que desenvolvam maneiras dentro das equipes, para que surjam ideias por parte das pessoas que estão fazendo determinada função. O gestor de varejo (2013) exemplifica: (...) estou entrando hoje na empresa e estamos fazendo alguma coisa de determinada maneira, mas dai você percebe que pode ser feita de maneira diferente, vamos fazer assado, vamos poupar muito tempo, eliminar desperdícios, vamos melhorar o serviço, essa sugestão vai ser avaliada e o que vai ter que ser mudado. A tabela 6 apresenta a percepção dos colaboradores em relação a possibilidade de dar sugestões de melhoria para a organização como um todo e para a melhoria das condições/ferramentas de trabalho. Neste sentido 76% dos colaboradores acreditam haver condições favoráveis a opiniões de melhoria da 68 organização como um todo (questão 35), no entanto, 12% não vislumbram essa possibilidade, o que pode significar um pequeno ruído na comunicação dos gestores para com estes, pois conforme constatado na fala gestores e na percepção da maioria dos colaboradores existe essa abertura. Ainda na tabela 6 é apresentada a questão 37, a qual apresenta um índice melhor que a anterior, com 82% de colaboradores satisfeitos com a possibilidade de dar opinião para a melhoria do trabalho em si. Essa melhora talvez se deva ao fato de haver contato mais direto e diário com o superior imediato e os colaboradores se sintam mais capacitados para falar sobre questões específicas do seu trabalho e não de toda a organização em si. As questões 35 e 37 apresentaram porcentagens significativas de respondentes em dúvida, 12% e 14% respectivamente. Podendo denotar, que estes colaboradores fiquem acanhados ou nunca tenham cogitado a ideia de dar sugestões, pois podem considerar que os processos adotados pela empresa já são eficientes não cabendo sugestões de melhoria, o que pode resultar quando questionados, na dúvida, se existem ou não essas possibilidades. Sugere-se, que a organização intensifique ou procure divulgar com maior clareza a existência da possibilidade de dar sugestões, especialmente as globais, eliminando ou diminuindo o ruído na comunicação. E ainda, que verifique se a insatisfação apontada na questão 35 está ocorrendo em algum setor específico, denotando neste caso, que seja um problema pontual de comunicação, pois através da pesquisa não foi possível identificar se esse problema ocorre de maneira isolada, devido ao elevado número de colaboradores que optou em não declarar qual era a sua função. Visando criar um canal para aqueles colaboradores mais retraídos ou receosos, vislumbra-se a possibilidade da criação de uma caixa de sugestões para que todos possam dar a sua opinião de forma igualitária. 69 Tabela 6 - Percepção dos colaboradores em relação à abertura da empresa em aceitar e estimular opiniões Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Respostas (N°) Respostas (%) Concordo Pouco Concordo Totalmente Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Condições Favoráveis (Satisfeitos) Discordo Pouco 35. A empresa estimula ou permite que os colaboradores possam dar opiniões para melhoria da organização como um todo 37. Seu superior aceita opiniões / sugestões para melhoria do trabalho? Dúvida Discordo Totalmente Condições Desfavoráveis (Insatisfeitos) 3 3 6 12% 6 12 % 18 19 37 76% 0 2 2 4% 7 14 % 20 20 40 82% Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores Ao disponibilizar canais de acesso dos colaboradores às chefias, a organização deixa evidente que está no rumo correto também no que tange a esta questão. Indo ao encontro da afirmação de Robbins (2005), uma vez que disponibilizando esses canais a empresa busca feedback em relação às metas e problemas que possam estar ocorrendo, sendo também uma forma de saber como os colaboradores estão se sentindo em relação ao seu trabalho e o ambiente organizacional, constituindo-se também de uma oportunidade para obter ideias e sugestões. Esses canais de acesso tornam-se uma via, sem a qual os gestores não teriam como ter conhecimento dos problemas de forma célere, possibilitando assim também tomar ações corretivas rapidamente. Além disso, segundo Wisinski (1994 apud MORALES, 2012), ao possibilitar que os colaboradores participem, ou seja, os integrantes da equipe possam ter “uma participação equilibrada”, onde ninguém se sobrepõe aos demais, e também possam “vender ideias” abre precedentes para que o colaborador possa apresentar ideias e contribuir com o trabalho, possibilitando o sucesso das equipes. Para evitar conflitos entre os níveis hierárquicos, os gestores esclarecem que o ideal é o colaborador entrar em contato primeiramente com seu chefe imediato e o contato direto com os Diretores não acorra com muita frequência. Pois existe um chefe para cada setor o qual é responsável por absorver o que está acontecendo, 70 entender o funcionamento do setor, receber sugestões, críticas, ideias e repassar para a direção da empresa. O gestor de varejo explica que: Se o funcionário vem direto ou ele não passou pelo gerencial e eu não posso fazer isso, até posso receber essa informação, mas eu preciso colocar a par o responsável pelo setor, senão acabam se confundindo as funções ou se acaba perdendo o respeito pela figura daquela pessoa, por que vindo diretamente à direção, então não precisa de um responsável pelo setor, então a gente não tem restrição, mas da mesma forma é importante que se filtre essas questões, até por questão de hierarquia. A empresa procura tratar todos os conflitos de forma rápida para evitar que tomem proporções maiores e também na sua individualidade, através de conversas e diálogo. Ou ainda, acompanhando as partes conflitantes e intermediando o consenso entre os mesmos, buscando a causa na sua essência, ou seja, o que motivou ou está motivando os conflitos, visando eliminá-los para que não voltem a ocorrer no futuro. A empresa tem critérios estabelecidos e regimentados em caso de reincidências de conflitos ou indisciplina. Primeiramente, é trabalhado com uma advertência verbal buscando entender o que houve e procurando orientar o colaborador. Caso o diálogo não resolva, é lavrada uma advertência por escrito e em caso de reincidência ocorre a suspensão. Na quarta vez o colaborador é desligado da empresa. O processo de desligamento, geralmente ocorre com aqueles colaboradores que a empresa percebe que não são comprometidos, pois uma vez efetivados, começam a faltar, se atrasar, procurando forçar uma demissão por justa causa para receber os direitos trabalhistas, deixando a empresa sem outra opção, pois este funcionário acaba desestabilizando toda a equipe. A questão 25, trazida através da Tabela 7 revela que 82% dos colaboradores estão satisfeitos com a forma como são sanados / resolvidos os conflitos pela organização, ou seja, consideram que os conflitos são revolvidos de forma rápida, evitando assim, o surgimento de problemas mais graves no relacionamento entre os colegas de trabalho. Como nas últimas questões, apresentou um número significativo de respondentes em dúvida (12%), o que pode significar para alguns colaboradores que os conflitos até são tratados, mas talvez não com a agilidade necessária, ou que estes colaboradores não recebam um feedback referente a essa 71 questão, pois muitas vezes, se tratam de assuntos referentes a terceiros não tendo como ter uma opinião formada a respeito. Apenas 6% dos colaboradores, estão insatisfeitos com a forma de resolução dos conflitos por parte da organização, podendo ser esses os colaboradores que não estavam com a razão no momento da resolução de alguma divergência. A tabela 7 traz ainda a questão 26, a qual apresentou o segundo índice mais baixo dos expostos até agora, onde apenas 74% dos respondentes percebem que os gestores utilizam os conflitos como fonte de informação para que não voltem a ocorrer no futuro. Essa mesma questão apresenta praticamente o dobro de pessoas em dúvida (22%) quando comparada a anterior que trata sobre o mesmo tema, o que pode significar que os colaboradores não entenderam o questionamento, ou tem a impressão ou percepção que alguns dos conflitos voltam a acontecer algum tempo depois, pelo mesmo motivo ou razão, ainda que tenham tido a intervenção dos gestores, gerando a dúvida se são realmente utilizados como fonte de informação. Apenas 4% dos colaboradores afirmam que os conflitos não são utilizados como fonte de informação sendo estes recorrentes. Tabela 7 - Percepção dos colaboradores em relação aos conflitos Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Respostas (N°) Respostas (%) Concordo Pouco Concordo Totalmente Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Condições Favoráveis (Satisfeitos) Discordo Pouco 25. Os conflitos existentes são sanados de forma adequada e mais breve possível pela chefia, evitando incompreensões, ressentimentos e hostilidades entre colegas 26. Percebo que os conflitos são utilizados como fonte de informação para gerência evitando que os mesmos voltem a ocorrer no futuro Dúvida Discordo Totalmente Condições Desfavoráveis (Insatisfeitos) 1 2 3 6% 6 12 % 21 19 40 82% 1 1 2 4% 11 22 % 20 16 36 74% Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores 72 De acordo com Moscovici (1996), os conflitos resultam das diferenças de “perceber, pensar e agir”, sendo derivativos das interações entre as pessoas e consequentemente são inevitáveis. No entanto, a forma de tratar os conflitos resultam em duas variantes: podem conduzir a “tensões, insatisfações e conflito aberto” ou quando bem geridas evitam essas insatisfações, pois “desafia a acomodação de ideias e posições” e torna-se fonte de conhecimento, uma vez que estimulam a criatividade e concebem visões e soluções diferenciadas sobre determinado procedimento ou prática da organização. Moscovici (1994, p. 6) destaca: O conflito, em si, não é danoso nem patológico (...) suas consequências poderão ser positivas ou negativas, construtivas ou destrutivas, em decorrência do grau de aprofundamento e intensidade, da duração, do contexto, da oportunidade (timing) e do modo como ele é enfrentado e administrado. Os procedimentos adotados para a resolução dos conflitos na organização Schirmann tem resultado na segunda variante revelando que seus procedimentos estão adequados. Pois através dos resultados expostos constata-se que a maioria dos colaboradores está satisfeita com a forma que a empresa tem buscado intermediar os conflitos tanto de forma individualizada, como as partes envolvidas usando prioritariamente o diálogo como forma de resolvê-los. Usa-os também como fonte de informação, e procura saná-los de forma rápida evitando desta forma que tomem proporções maiores e negativas, prejudicando a realização das tarefas. Para encerrar esse subcapítulo ressalta-se que os gestores consideram globalmente as relações interpessoais satisfatórias. E a empresa procura contribuir oferecendo um ambiente saudável, observando e acompanhando os seus colaboradores. Esse acompanhamento / monitoramento ocorre de forma constante, através de avaliação de desempenho que é feito pelo responsável pelo setor, sendo sempre passado o feedback dessa avaliação para o colaborador, procurando tratar os pontos falhos, elogiando os pontos positivos e sempre procurando melhorar, sendo que essas melhorias devem ocorrer de forma ágil, pois o varejo é muito dinâmico. Os entrevistados esclarecem ainda, que existem alguns casos de bullyng, mas a empresa tem trabalhado para evitar que isso ocorra, pois acaba atrapalhando 73 as relações e o desempenho, contudo não ocorrem problemas mais graves entre colegas em relação a isso. Na opinião do gestor de varejo (2013): As empresas são feitas de seres humanos, um é diferente do outro, o importante é que todos tenham bem claro os objetivos da empresa e sejam profissionais a ponto de trabalhar para atingir isso. Não sou obrigado a gostar do colega ou conviver com ele harmonicamente fora empresa, mas dentro da empresa tem que ser profissional e trabalhar de acordo com as exigências que a empresa está me pedindo. Assim como os gestores, os colaboradores também estão satisfeitos com as relações que mantêm com seus colegas no ambiente de trabalho, conforme as questões 6 e 31 expostas na Tabela 8 que tratam deste tema. A questão 6 aborda sobre o relacionamento na equipe da qual o colaborador faz parte, onde se obteve o indicador de 88% de satisfação. Nesta questão, os 12% de dúvida, podem ter sido gerados pela razão de que nem sempre todos os integrantes de uma equipe se relacionam de forma igual com todos os colegas, pois sempre existem os casos de maior e menor afinidade ou de colegas com personalidades mais fortes, que acabam gerando dúvidas se existe um bom relacionamento interpessoal com todos os integrantes da equipe. Sobre o relacionamento com os demais colegas na empresa (questão 31) obtêm-se também um excelente indicador, onde 90% dos colaboradores estão satisfeitos com a forma que se relacionam com seus pares. Como apontado na questão anterior, nem sempre existem afinidades para manter relações satisfatórias com todos os membros de uma organização, o que pode ter motivado 6% dos colaboradores a ficar em dúvida também nesta questão. Apenas 4% dos colaboradores estão desmotivados com as relações que mantem com os colegas de trabalho. 74 Tabela 8 - Percepção da amostra de colaboradores quanto a Satisfação com as Relações Interpessoais Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Respostas (N°) Respostas (%) Concordo Pouco Concordo Totalmente Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Condições Favoráveis (Satisfeitos) Discordo Pouco 6. Há um bom relacionamento interpessoal entre os integrantes de minha equipe 31. Sinto-me motivado com o relacionamento que tenho com os meus colegas de trabalho Dúvida Discordo Totalmente Condições Desfavoráveis (Insatisfeitos) 0 0 0 0% 6 12 % 24 19 43 88% 0 2 2 4% 3 6% 20 24 44 90% Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores A satisfação com as relações que os colaboradores cultivam com os membros das suas equipes e também com os demais colegas revela que a organização tem um trunfo nas mãos, pois estes sentimentos favorecem a comunhão de objetivos influenciando positivamente no desempenho das equipes e consequentemente no progresso da organização. Caso contrário, para atingir os resultados esperados, poderia haver comprometimento psicológico dos trabalhadores, pois de acordo com Moscovici (1996) poderiam ter sido conseguidos com “conflitos, incompreensões hostilidades e ressentimentos”, se agravando com o tempo afetando significativamente o futuro das equipes e da organização. A análise dos dados em linhas gerais revela que a organização está no rumo correto na gestão e direcionamento das relações entre os colaboradores, com um ambiente de trabalho adequado onde a ética e o profissionalismo devem imperar para que existam relações harmoniosas e onde todos se sintam a vontade para colaborar e opinar sobre questões que influenciam tanto no seu trabalho quanto na organização como um todo. No subcapítulo seguinte é apresentada a prática e a percepção da empresa e dos colaboradores sobre o trabalho em equipe, bem como será realizado a sua análise e proposições. 75 4.3.2 Descrição, análise e proposições sobre a percepção e prática da empresa e percepção dos colaboradores em relação ao trabalho em equipe Para iniciar este subcapítulo, com este tema de fundamental importância para as organizações que buscam atingir a eficácia, diferenciando-se em relação aos concorrentes é trazida a opinião dos gestores sobre o trabalho em equipe. Essa diferenciação é possível, pois os colaboradores passam a trabalhar de forma conjunta e de maneira complementar, resultando em mais do que a simples soma das suas habilidades, buscando assim o “desempenho coletivo e integrado” (CHIAVENATO, 1999). Os gestores afirmam ser imprescindível e de extrema importância à existência do trabalho em equipe, uma vez que, este traz benefícios para a organização principalmente no que diz respeito à melhoria das condições para a realização de negócios, ao aumento da sinergia entre os colaboradores, na melhoria do ambiente de trabalho e o aumento na satisfação dos clientes. Uma empresa independentemente do seu porte, depende de pessoas. Podese proporcionar equipamentos de ponta, estrutura moderna, estar em uma boa localização na cidade, oferecer produtos de qualidade, bons preços, boas condições, mas o sucesso de uma organização depende das pessoas e as pessoas trabalhando individualmente não conseguem atingir o objetivo geral. Um depende do outro, ou seja, por mais que cada setor tenha sua função e que mesmo dentro de um setor cada um tenha sua responsabilidade, o grande grupo deve estar focado no mesmo objetivo. É função da empresa, definir os objetivos e fazer com que todos os colaboradores entendam e se comprometam. O trabalho em equipe é como uma engrenagem, todas as peças tem que funcionar em harmonia, no caso do Schirmann o cliente tem contato com vários setores, sendo atendido pelo vendedor, passa pelo crediário, caixa, expedição, depósitos e por fim recebe a mercadoria em casa ou na sua obra com os entregadores. Portanto, de nada adianta realizar um bom trabalho em um setor e não realizar em outro, se isso acontece à imagem que o cliente fica é a do erro ou do mau atendimento, ou seja, um colaborador depende dos demais, assim como os 76 demais dependem deste. Caso não exista esta cooperação entre as equipes, os setores e entre os funcionários o desempenho da organização fica comprometido. A empresa procura estimular o trabalho em equipe, através da definição de metas individuais e coletivas, do feedback constante, do reconhecimento e da delegação de responsabilidades. Além disso, periodicamente são feitos trabalhos de dinâmicas de grupo, onde se procura combinar os setores (varejo com depósito, depósito com almoxarifado, entregas, transportes...) buscando proporcionar aos colaboradores oportunidades para que se conheçam dentro da organização e tomem ciência da importância do trabalho em equipe. Uma vez que a empresa conta com mais de 140 funcionários e neste ambiente às vezes se torna uma tarefa difícil conhecer o colega de outro setor, ou mesmo, todos os colegas do mesmo setor. As Figuras 14 e 15 comprovam a existência dessas dinâmicas que envolvem trabalho em equipe e mesclam integrantes de diferentes setores. Figura 14 - Dinâmica de Grupo (Equipe 1) Fonte: Arquivo da Empresa 77 Figura 15 - Dinâmica de Grupo (Equipe 2) Fonte: Arquivo da Empresa Neste sentido, o gestor esclarece que há alguns anos atrás quando a empresa era menor não existia esse problema, pois todos se conheciam pelo nome, até mesmo a família e os filhos, mas a empresa cresceu assumindo um porte maior, com novos setores, até mesmo novas empresas e hoje o relacionamento interno fica um pouco comprometido devido a distância entre setores e pela quantidade de colaboradores. Esse trabalho de aproximação e integração entre os setores é realizado pelo RH e sua gerente, não tendo prazos fixos estipulados para a realização dos mesmos, porém é periódico, conforme surge a oportunidade. Os gestores destacam que quando se realiza uma reunião com a equipe de vendas, por exemplo, depósito, ou qualquer outro setor e está se buscando tratar um problema pontual, é normal um setor colocar a culpa no outro. Neste sentido, buscando ainda estimular o trabalho em equipe, procura-se tratar os pontos daquele setor e levantar os pontos acusados pelo outro. Depois é feita uma reunião em conjunto para alinhar os detalhes, objetivando que um tenha a visão do outro, criando empatia entre os mesmos, fazendo assim com que os colaboradores percebam que para o seu trabalho dar certo, vai depender do colega e vice-versa. Nesse sentido, cada um tem que entender a realidade dos demais para que possa colaborar da melhor forma. Essa prática é citada por Wisinski (1994 apud MORALES, 2012), o qual afirma que para o sucesso das equipes todos devem estar 78 cientes que ao realizar suas tarefas a falha de um integrante pode afetar toda a equipe. A tabela 9 expõe a concepção dos colaboradores através das questões 1 e 4, referentes aos membros da equipe e suas relações. Traz ainda a questão 29 sobre estar motivado com a equipe e a questão 33 sobre a existência de estímulos por parte da empresa para que haja trabalho em equipe. Nas questões 1 e 4, ambas apresentaram o índice de 94% de satisfação, nas quais os colaboradores afirmam sentir confiança em manter boas relações no futuro e que se sentem bem com o relacionamento que mantêm com os demais membros da equipe. Isso significa que existe confiança entre seus membros, pois como mostrado no capítulo anterior sobre o relacionamento interpessoal, são muito fortes os laços de amizade e respeito entre a maioria dos colaboradores, o que resulta em uma equipe fortalecida, sinérgica e um bom ambiente de trabalho. A congruência dos resultados citados acima resulta em 90% dos colaboradores motivados com as equipes nas quais trabalham. Salienta-se que nesta questão 29 houve a omissão de duas respostas, o obtendo-se 47 respondentes. Somente 4% dos colaboradores não estão motivados com a equipe da qual fazem parte. A questão 33 apresentou um índice de satisfação menor quando comparada as três anteriores, no entanto, 78% dos colaboradores afirmam que a empresa estimula o trabalho em equipe, confirmando que a fala dos gestores não fica somente no papel sendo posta em prática, pois estes demonstraram ter um conhecimento muito grande sobre a importância do trabalho em equipe. 79 Tabela 9 - Percepção da amostra de colaboradores quanto à confiança, respeito, motivação e estímulos ao trabalho em equipe Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Respostas (N°) Respostas (%) Concordo Pouco Concordo Totalmente Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Condições Favoráveis (Satisfeitos) Discordo Pouco 1. Em relação aos membros da minha equipe, eu sinto confiança de que manteremos boas relações no futuro 4. Sinto-me bem a respeito do relacionamento que mantenho com os membros da minha equipe 29. Sinto-me motivado com a minha equipe 33. A minha empresa estimula o trabalho em equipe Dúvida Discordo Totalmente Condições Desfavoráveis (Insatisfeitos) 0 0 0 0% 3 6% 21 25 46 94% 0 0 0 0% 3 6% 16 30 46 94% 0 2 2 4% 3 6% 25 17 42 90% 3 0 3 6% 8 16 % 22 16 38 78% Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores Ao se analisar as questões 1, 4, 29 e 33 em conjunto, nota-se que a organização tem feito um bom trabalho no que tange criar condições para a existência das equipes e para que os colaboradores trabalhem como tais, favorecendo para que existam fatores como confiança, respeito e motivação sendo, portanto estes processos geridos de forma adequada, resultando na satisfação dos colaboradores. Esse ambiente de apoio, segundo Alcântara (2010) é um dos ingredientes que ajudam no desenvolvimento das equipes. Recomenda-se, aos Diretores para tornar menos expressivo o número de colaboradores que estão em dúvida, ou pior, que não percebem as ações da empresa que visam o estímulo ao trabalho em equipe, esclarecer para estes os objetivos das dinâmicas, reuniões, dentre outras, para que compreendam claramente quais são os fins a que se propõem as atividades, pois no caso dos 6% de insatisfeitos, estas podem ser percebidas exclusivamente como perda de tempo. Para que os colaboradores trabalhem em equipe com eficácia estes devem também conhecer os objetivos da empresa para que todos ambicionem atingir o propósito comum pelo qual todos são responsáveis. 80 Com este direcionamento os gestores declaram que os colaboradores conhecem com certeza os objetivos que devem atingir. A empresa traça as suas metas, “seu norte” e passa para todos os colaboradores desde o nível de direção e de gerência até os níveis mais baixos, como vendedores, auxiliares de vendas, caixas dentre outros e todos devem trabalhar para atingir estes objetivos. Neste sentido, por meio da tabela 10, através das questões 18 e 19 mais uma vez se comprova que a fala dos gestores é a mesma que ocorre na prática através das respostas dos colaboradores, pois 86% e 85% destes, afirmam respectivamente ter conhecimento tanto dos objetivos gerais da organização, como também de seus departamentos, setor ou seção, mostrando que a organização consegue transmitir de forma clara e efetiva para a maioria dos colaboradores os objetivos almejados em seu planejamento. Essas questões apresentaram também a omissão de uma resposta, resultando novamente em 48 respondentes para cada. As questões 18 e 19 apresentaram respectivamente 10% e 13% de colaboradores em dúvida, o que pode significar que estes até conheçam os objetivos, mas talvez não os compreendam. Sugere-se para a organização investigar se este é o real motivo que esta gerando as dúvidas, e em caso afirmativo, reorganize as suas práticas de comunicação de objetivos, explicando-os de forma ainda mais detalhada para que todos tenham a devida compreensão. Essas questões apresentaram números baixos de colaboradores insatisfeitos, com 4% e 2%, respectivamente. Tabela 10 - Percepção da amostra de colaboradores quanto ao conhecimento dos objetivos Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Respostas (N°) Respostas (%) Concordo Pouco Concordo Totalmente Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Condições Favoráveis (Satisfeitos) Discordo Pouco 18. Tenho conhecimento dos objetivos da empresa 19.Tenho conhecimento dos objetivos dos planos de ação do meu departamento, setor ou seção Dúvida Discordo Totalmente Condições Desfavoráveis (Insatisfeitos) 1 1 2 4% 5 10 % 18 23 41 86% 0 1 1 2% 6 13 % 29 12 41 85% Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores 81 Salienta-se neste caso, ao proporcionar para os colaboradores conhecer os objetivos que devem ser atingidos, favorece para que todos trabalhem com o mesmo direcionamento evitando perda de tempo e dinheiro com eventuais retrabalhos ou com a busca de objetivos alheios aos anteriormente traçados pela organização. A organização demonstra outra vez excelência em seus processos, pois os gestores proporcionam de acordo com Alcântara (2010), metas superiores para que os colaboradores executem plenamente as suas tarefas, sendo também um dos elementos que fomentam o trabalho em equipe, pois segundo Bergamini (1997 apud Carvalho, 2012), as equipes só funcionam adequadamente “quando tem um objetivo claro, uma causa comum a todos”. A empresa procura gerar condições para o atingimento dos objetivos, não simplesmente comunicando as metas, mas contribui dando suporte para que os funcionários alcancem esses objetivos com maior facilidade, como por exemplo, com campanhas de vendas, treinamentos (que serão abordados mais adiante neste documento), além de estimular os colaboradores no atingimento das metas de forma coletiva (equipe). Para este último, utiliza-se como exemplo a área de vendas, a qual possui metas individuais e também o objetivo geral da loja, ou seja, tem objetivos individuais a se atingir, mas existe também o objetivo do grande grupo, onde todos devem colaborar entre si para alcançá-lo. Os colaboradores tomam conhecimento destes objetivos principalmente através de reuniões setoriais quando são lançados os objetivos e ao final do período (mês), quando é avaliado o resultado pela gerência e fornecido feedback. Também tomam conhecimento dos objetivos através de ferramentas que a empresa possui, como intranet, acompanhamento diário de vendas e murais espalhados pela organização. Conforme a questão 22 da Tabela 11, os funcionários da organização também tem ciência da importância do trabalho em equipe, pois 78% destes, afirmam que os objetivos atingidos em equipe são mais importantes que os individuais. No entanto, 12% dos colaboradores consideram que os objetivos atingidos individualmente são mais importantes. Talvez para melhorar ainda mais esse quadro e diminuir esta porcentagem, seria relevante para a empresa, trocar o critério de recompensa financeira que será exposta a seguir, onde a bonificação por atingimento de metas em equipe é menor do que a atingida de forma individual. 82 Considerando ainda, que a empresa tem controles rigorosos e constantes de produtividade, seria fácil identificar os colaboradores que tentassem ficar “na carona” dos demais colegas e mesmo assim receber a bonificação da equipe. Além disso, seria importante para que os colaboradores cooperassem ainda mais uns aos outros para atingir as metas de forma conjunta, fortalecendo as equipes. Sugere-se também que a organização intensifique a sua prática de estímulo e de esclarecimento da importância do trabalho em equipe, pois os 12% de colaboradores insatisfeitos podem não ter visão de equipe. Tabela 11 - Percepção da amostra de colaboradores quanto aos objetivos atingidos em equipe Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Respostas (N°) Respostas (%) Concordo Pouco Concordo Totalmente Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Condições Favoráveis (Satisfeitos) Discordo Pouco 22. No trabalho, os objetivos atingidos pela equipe são mais importantes que os individuais Dúvida Discordo Totalmente Condições Desfavoráveis (Insatisfeitos) 1 5 6 12% 5 10 % 19 19 38 78 % Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores Wisinski (1994 apud MORALES, 2012), afirma que a renúncia de uma posição pessoal, para o bem da coletividade também é um elemento essencial para o sucesso das equipes. Neste caso, a organização tem a maioria dos colaboradores conscientes desta importância, revelando que estes buscam primeiramente atingir os objetivos da equipe em detrimento dos individuais. Para que os colaboradores se sintam motivados a atingir os objetivos da organização, esta procura recompensar financeiramente com o pagamento de comissões e/ou gratificações quando são atingidos os objetivos traçados, tanto em equipe quanto individual. Quando um vendedor às vezes não atinge a meta individual, mas o grande grupo atinge este recebe uma bonificação por equipe, porém menor que o individual. Entretanto, ao atingir o objetivo individual e o da loja, ocorre a bonificação de ambos os valores. Com este direcionamento, conforme Tabela 12, 72% dos colaboradores se sentem valorizados financeiramente quando atingem os objetivos propostos. Esse porcentual é mais baixo, devido principalmente aos 18% de respondentes em 83 dúvida. Esse porcentual pode ter surgido, em razão dos colaboradores não desejar se comprometer frente à organização respondendo de forma negativa, mas também não estão completamente satisfeitos com as recompensas recebidas. Tabela 12 - Percepção da amostra de colaboradores quanto à valorização pelos objetivos atingidos Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Respostas (N°) Respostas (%) Concordo Pouco Concordo Totalmente Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Condições Favoráveis (Satisfeitos) Discordo Pouco 30. Sou valorizado, financeiramente e/ou através de estímulos, quando atinjo os objetivos propostos Dúvida Discordo Totalmente Condições Desfavoráveis (Insatisfeitos) 2 3 5 10% 9 18 % 21 14 35 72 % Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores Neste ponto, surge o terceiro “ingrediente” que influi no desenvolvimento das equipes: as recompensas. Conforme constatado, a maioria dos colaboradores está satisfeita com a forma que a organização tem conduzido a sua prática referente a este aspecto, no entanto, existem 10% de colaboradores insatisfeitos. Seria de grande valia para a organização investigar o motivo, verificando se estes colaboradores estão insatisfeitos pela característica humana de sempre buscar algo a mais ou se as recompensas financeiras são realmente baixas. Procurando também melhorar este aspecto sugere-se à organização que não foque apenas nas recompensas financeiras, mas que também busque reconhecer e valorizar o colaborador e as equipes com recompensas não financeiras (estímulos) como: - Mensagens espalhadas pela empresa, ressaltando a importância dos colaboradores dentro da organização e quão importante é o trabalho que realizam; - Proporcionar momentos de integração, como confraternizações em datas comemorativas e abertas para os familiares e frente a estes, elogiar o empenho, a dedicação e o comprometimento dos colaboradores e equipes para atingir os objetivos; 84 Estas atitudes tornam-se necessárias, pois de acordo com Almeida (2008) “a questão salarial não é a única garantia de contentamento” dentro do ambiente organizacional. Em relação à responsabilidade e comprometimento nas tarefas realizadas pelos colaboradores, os gestores consideram a maioria comprometida, outros nem tanto, faltando um pouco de profissionalismo para alguns, pois num grande grupo tem aqueles que se destacam e têm aqueles que se torna necessário periodicamente estar observando, monitorando e cobrando. Para aqueles que não são comprometidos e responsáveis a empresa busca realizar uma conversa em particular, onde é abertamente falado no que o colaborador deve melhorar dando feedback para este. Essas conversas ocorrem sempre que necessário e se mesmo assim o colaborador não corresponde, ocorre o desligamento. Esclarece-se, que antes de atingir este extremo os gestores procuram entender o que acontece com o colaborador, buscando identificar se trata de algum problema particular, alguma questão extra empresa, de um problema de relacionamento com algum colega ou se não está identificado com a função que está desempenhando, enfim, tenta-se identificar o problema para ajudar, procurando aconselhar, dando o suporte necessário e isso é feito até o ponto da empresa entender que o problema é o colaborador. A organização consegue identificar os colaboradores que não são comprometidos e responsáveis através do acompanhamento do desenvolvimento das tarefas. Neste ponto, os colaboradores destoam um pouco da fala dos gestores, pois 100% destes se consideram responsáveis e comprometidos, conforme pode ser observado na Tabela 13 através da questão 24, e como mostrado acima, os gestores não tem essa visão de que todos tenham essas características, uma vez que para alguns é necessário haver monitoramento e cobrança constante para que desempenhem as suas tarefas. 85 Tabela 13 - Percepção da amostra de colaboradores quanto a execução de tarefas com responsabilidade e comprometimento Discordo Pouco Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Respostas (N°) Respostas (%) Concordo Pouco Concordo Totalmente Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) 24. As tarefas realizadas por mim são sempre executadas com responsabilidade e comprometimento em prol da equipe Condições Favoráveis (Satisfeitos) Dúvida Discordo Totalmente Condições Desfavoráveis (Insatisfeitos) 0 0 0 0% 0 0% 6 43 49 100 % Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores Essa discrepância pode ser explicada talvez pelo fato que as organizações sempre buscam a melhoria e o crescimento, já os colaboradores muitas vezes, acreditam já estar dando o “seu máximo” no desempenho das suas funções, resultando na dissonância entre as partes. Recomenda-se que a organização busque informações de empregos anteriores antes de contratar novos colaboradores, obtendo referências fundamentais referentes às características de responsabilidade e comprometimento, evitando desta forma gastos desnecessários com contratação, treinamento e possível desligamento. Durante o desenvolvimento das atividades, os gestores conseguem identificar a existência de contato contínuo entre os colaboradores para complementação das suas habilidades e que ocorrem principalmente, dentre outros, no atendimento aos clientes, quando surgem dificuldades em relação aos produtos. No entanto, surgem alguns problemas e tão logo são identificados, procura-se corrigir, como por exemplo, ao se constatar que algum colaborador não está passando uma informação, busca-se fazer com que passe, conversando e explicando da importância disso para o bem do grande grupo e para ocorrer de forma harmônica e rotineira. Para corrigir esses problemas rapidamente, é realizado um monitoramento diário, pois estes ocorrem também diariamente e são constatados in loco, seja pela pessoa que não recebeu a informação ir pessoalmente reclamar para os gestores ou gerente, seja pelo próprio cliente alertar para o que está acontecendo. 86 A tabela 14 traz duas questões (9 e 23) que se referem à existência ou não de contatos entre os colaboradores para a complementação de suas habilidades. Com esse direcionamento a questão 9 apresenta que 92% dos colaboradores alegam existir integração entre os membros da equipe, ou seja, existe coesão entre estes, resultando no bom relacionamento com seus pares surgindo assim, um excelente clima para se trabalhar em equipe com a troca de ideias e opiniões, uma vez que o número de colaboradores em dúvida e insatisfeitos é expressivamente baixo. A questão 23 apresentou o maior índice de satisfação entre as questões presentes na tabela 14, onde 98% dos respondentes afirmaram que buscam contato contínuo para complementar as suas habilidades, ou seja, sanar dúvidas sobre algum produto, procedimento ou até mesmo para alguma rotina de trabalho. Tabela 14 - Percepção da amostra quanto a existência de integração e contato contínuo entre os colaboradores para complementação das habilidades Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Respostas (N°) Respostas (%) Concordo Pouco Concordo Totalmente Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Condições Favoráveis (Satisfeitos) Discordo Pouco 9. Existe integração entre os membros da equipe 23. Busco contato contínuo com meus colegas para complementar as habilidades e conhecimentos necessários para a realização das tarefas Dúvida Discordo Totalmente Condições Desfavoráveis (Insatisfeitos) 0 2 2 4% 2 4% 32 13 45 92 % 0 0 0 0% 1 2% 21 27 48 98 % Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores Ao analisar as questões em conjunto, assim como os gestores afirmaram, constata-se que existem contatos entre os membros da equipe, os quais se integram uns com os outros, bem como, se sentem impelidos a manter contatos para suplantar eventuais lacunas e dificuldades que possam ter no dia a dia do seu trabalho possibilitando desta forma, de acordo com Moscovici (1994), o alcance dos resultados. Neste sentido, aparentemente para os colaboradores não é muito significativa à questão apontada pelo gestor de surgir diariamente problemas referentes à falta de interações. Para que os colaboradores desenvolvam o seu trabalho de forma eficiente e em equipe devem estar aptos a efetuar as suas tarefas, ou seja, devem ser 87 qualificados e habilitados para as funções que desempenham, sendo este de acordo com Alcântara (2010) o quarto ingrediente básico para o desenvolvimento das equipes. Neste sentido, os gestores consideram a maioria dos colaboradores qualificados para suas funções. Eles são treinados frequentemente através de parcerias com fornecedores ou com instituições (SENAT, SEBRAE, SENAI) e em momentos, como reuniões onde os vendedores fazem treinamentos sobre técnicas de atendimento, de vendas, negociações, etc., sendo assim também com os demais setores, com suas respectivas especificidades. Recebem ainda, conforme mencionado anteriormente, treinamento introdutório e pelos colegas in loco no local de trabalho, sendo este treinamento constante até o momento da pessoa estar preparada para trabalhar sozinha. Esses treinamentos são importantes, pois o colaborador para estar na linha de frente deve estar preparado, uma vez que hoje o mercado não perdoa e o cliente também não. O gestor de varejo usa como exemplo, a contratação de um vendedor do ramo de eletrodomésticos: “Ele pode ser um excelente vendedor, mas se simplesmente ‘largar’ no salão de vendas para vender material de construção irá ‘queimá-lo’, caso não esteja preparado”. A organização deve capacitá-lo, para que conheça os tramites da empresa, os processos, os produtos, suas condições e seus limites para então ir à linha de frente. Ainda na visão dos gestores, se algum profissional seja ele vendedor ou depósito, entregador ou caixa, não tiver habilitado e preparado para a função ele vai se prejudicar e vai prejudicar a equipe. Na tabela 15, a questão 20 traz o índice absoluto de 100%, através do qual os colaboradores declaram conhecer os objetivos do seu trabalho, estando, portanto qualificados para as funções as quais desempenham, sendo esta qualificação fundamental para atingir os objetivos que são necessários ao cargo. No entanto, apenas 74% dos colaboradores (questão 21) afirmam que recebem algum tipo de treinamento. Essa questão apresentou também 10% de respondentes em dúvida, e ainda 16% dos colaboradores afirmam que não recebem treinamento. 88 Tabela 15 - Percepção da amostra de colaboradores quanto aos objetivos e treinamentos para o trabalho Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Respostas (N°) Respostas (%) Concordo Pouco Concordo Totalmente Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Condições Favoráveis (Satisfeitos) Discordo Pouco 20. Compreendo os objetivos do meu trabalho 21. Recebo treinamento para desenvolver as minhas funções Dúvida Discordo Totalmente Condições Desfavoráveis (Insatisfeitos) 0 0 0 0% 0 0% 16 33 49 100 % 3 5 8 16% 5 10 % 21 15 36 74 % Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores O percentual de respondentes em dúvida e especialmente de insatisfeitos não deveria ser tão significativo, pois os gestores asseguraram que todos os colaboradores recebem treinamento desde o momento em que ocorre a contratação e continuam recebendo ajuda (treinamento) de colaboradores mais experientes, além dos treinamentos oferecidos pela empresa através dos parceiros comerciais e em reuniões. Talvez a dúvida e principalmente a insatisfação se devam ao fato de que estes entendam que os treinamentos oferecidos não sejam adequados ou direcionados às funções as quais desempenham. Seria relevante a organização realizar um levantamento visando verificar se os treinamentos oferecidos estão sendo realmente efetivos para suprir as dúvidas dos colaboradores e se estão ocorrendo com a frequência necessária, atingido todos os setores, pois assim os colaboradores desenvolverão suas tarefas com maior precisão e agilidade e de forma ainda mais colaborativa. Para manter-se competitiva a organização deve, assim como para os demais processos já citados, reavaliar os resultados atingidos procurando eliminar falhas. A empresa em estudo monitora constante e diariamente o desempenho dos seus colaboradores e o funcionamento de todos os setores e ao verificar que algo não esteja de acordo com o que a empresa prima, busca-se corrigir. Visa o aprimoramento constante, mesmo quando algo está bom, sempre se tem algo a melhorar, buscando nunca ficar satisfeito e acomodado. Na opinião dos gestores, o varejo é muito dinâmico e se movimenta muito rápido e o consumidor muitas vezes está adiante desta velocidade, à frente do que se está oferecendo, 89 então o desafio da organização é acompanhar essa velocidade do consumidor estando preparado para essa exigência. Essa exigência faz com que a organização busque um elevado padrão em todos os processos, pois como exemplificado anteriormente, “não adianta um cliente vir aqui e ser bem atendido pelo vendedor, bem atendido no crediário, no caixa e na expedição e ser mal tratado pelo motorista na hora da entrega. A imagem que ele vai ficar da empresa é aquela do motorista” (Gestor de varejo, 2013). Este processo, o padrão de atendimento da empresa se estende a todos os setores e os gestores costumam chamá-lo de DNA do Schirmann, referindo-se ao padrão de atendimento, a forma de abordar o cliente, como tratá-lo, como efetuar a entrega de um produto, abrangendo todos os setores e todas as pessoas envolvidas nestes processos. Neste sentido, a Tabela 16 demonstra que 76% dos colaboradores percebem que os resultados são reavaliados para eliminar falhas, não voltando a ocorrer no futuro. Novamente o percentual de respondentes em dúvida (18%) é principal responsável por este índice um pouco mais baixo. Esse porcentual de dúvidas pode ser resultado do não entendimento da questão por parte dos colaboradores ou como apontado na tabela 7, através da questão 26, talvez a dúvida surja em razão de que estes colaboradores tenham a impressão ou a percepção de que algumas falhas possam voltar a acontecer, mesmo após a reavaliação das chefias. Sugere-se que a empresa faça novas investigações para chegar a conclusões mais concisas em relação a este aspecto. Apenas 6% dos colaboradores não percebem essas ações por parte da organização. Tabela 16 - Percepção da amostra de colaboradores em relação à correção de falhas Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Respostas (N°) Respostas (%) Concordo Pouco Concordo Totalmente Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Condições Favoráveis (Satisfeitos) Discordo Pouco 27. Percebo que os resultados atingidos são reavaliados pela chefia, visando eliminar falhas que não voltam a acontecer Dúvida Discordo Totalmente Condições Desfavoráveis (Insatisfeitos) 3 0 3 6% 9 18 % 13 24 37 76 % Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores 90 Conforme constatado a maioria dos colaboradores percebe a politica de monitoramento constante a que os gestores se referiram, permitindo desta forma reavaliar os resultados e analisá-los para verificar se foram atingidos conforme planejado. A organização, neste critério manteve a tendência apontada nas questões anteriores, ou seja, demonstra um domínio satisfatório de suas práticas, reavaliando e corrigindo os seus processos permanentemente, evitando desta forma que prejudiquem as equipes e consequentemente o destino da organização. Reavaliar os resultados para eliminar falhas é um dos elementos que Wisinski (1994 apud MORALES, 2012), declara serem necessários para o sucesso das equipes, pois desta forma suprime os pontos que estão falhos e buscam-se alternativas para resolver os problemas. Para que o padrão de eficiência, o qual os gestores se referiram, seja atingido de forma satisfatória, a empresa precisa dar autonomia e liberdade de comunicação aos colaboradores para que esses possam dar também a sua contribuição nos processos da empresa. Na organização em estudo os gestores afirmam que existe total autonomia e liberdade, sendo necessária e estimulada essa comunicação e quanto mais ágil melhor, sendo vista como um diferencial da empresa, pois se trata de uma empresa familiar que está buscando se profissionalizar, mas não quer perder a liberdade de acesso a qual todos têm a todos os setores. Uma vez que assim, as decisões são tomadas rapidamente e de forma bem direta. O setor administrativo, por exemplo, não tem porta, sendo todo aberto e envidraçado. Existem setores mais restritos, pois não se pode entrar no setor financeiro sem autorização ou entrar num setor que tem movimentação de empilhadeiras, caminhões e máquinas, pois há o cuidado com a integridade física e por questão de segurança. Nos demais casos quanto maior a autonomia, o entrosamento e os relacionamentos e mais ágeis as comunicações, maior será a vantagem comercial. Como já mostrado na tabela 5, no qual os colaboradores afirmaram estar satisfeitos com o relacionamento ascendente, na Tabela 17, estes também afirmam que existe comunicação efetiva com os superiores, através do porcentual de 82%. Mostrando que a organização possui um canal aberto tanto para relações como para comunicação com os seus superiores demonstrando que este é realmente um diferencial da organização. 91 Essa questão apresentou também o porcentual de dúvida de 16%, que pode ter surgido em decorrência da restrição de acesso a alguns setores. Apenas 2% dos colaboradores declaram estar insatisfeitos com este critério. Tabela 17 - Percepção da amostra de colaboradores quanto a existência de comunicação efetiva com superiores Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Respostas (N°) Respostas (%) Concordo Pouco Concordo Totalmente Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Condições Favoráveis (Satisfeitos) Discordo Pouco 17. Existe comunicação efetiva com meus superiores Dúvida Discordo Totalmente Condições Desfavoráveis (Insatisfeitos) 0 1 1 2% 8 16 % 13 27 40 82 % Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores Ao proporcionar autonomia e liberdade de comunicação, a organização possibilita aos colaboradores maior liberdade em relação ao seu trabalho liberando a sua criatividade e criando a possibilidade de ter acesso a soluções inovadoras através da troca rápida e eficiente das informações tornando a organização mais produtiva e competitiva perante o mercado. Porém não se restringe somente a isso, “enseja principalmente, mudanças positivas dos empregados para com a gerência, a empresa e o trabalho”. Quando a autonomia não é proporcionada e não existe a liberdade de comunicação “surgirão problemas, como diminuição da efetividade de criatividade, levando ao desapontamento dos membros – que acabam desistindo de resolver os problemas emergentes” (MOSCOVICI, 1994). No trabalho em equipe é fundamental que seus membros ajudem uns aos outros na realização das tarefas indo além da sua área de responsabilidade. No Schirmann existem situações onde isso é percebido de forma mais acentuada, como para o alcance dos objetivos estabelecidos, realização de atividades e no esclarecimento de dúvidas. Tem situações que é menos perceptível, mas na média geral os colaboradores contribuem uns com os outros para realizar as tarefas, pois acabam percebendo que não se consegue fazer nada de forma individualizada, acaba-se sempre dependendo de alguém. A questão 8 trazida pela Tabela 18 apresenta o índice de 82%, através do qual os colaboradores afirmam poder contar com a ajuda (colaboração) dos colegas, quando apresentam dificuldades para realizar alguma tarefa ou atingir algum 92 objetivo, independentemente do motivo que gerou a necessidade. Como apontado pelos gestores, não são em todas as situações que ocorre essa ajuda, existindo momentos que são menos perceptíveis, podendo ter motivado a dúvida em 16% dos respondentes. Sugere-se uma nova investigação por parte de empresa para rever essa questão, e identificar os reais motivos que geraram a dúvida. Apenas um colaborador, ou seja, 2% da amostra considera que não pode contar com a ajuda dos colegas em nenhuma circunstância. Tabela 18 – Percepção da amostra de colaboradores quanto ao recebimento de ajuda dos demais colegas Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Respostas (N°) Respostas (%) Concordo Pouco Concordo Totalmente Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Condições Favoráveis (Satisfeitos) Discordo Pouco 8. Posso contar com a ajuda dos outros quando necessário Dúvida Discordo Totalmente Condições Desfavoráveis (Insatisfeitos) 0 1 1 2% 8 16 % 22 18 40 82% Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores A existência de um ambiente onde as relações colaborativas são satisfatórias, ou seja, onde um auxilia o outro, aumenta consequentemente a confiança entre os membros da equipe, desta forma compartilham sentimentos positivos em relação ao modo que trabalham. Na opinião dos gestores, de forma geral existem sentimentos positivos e de confiança, há também alguns problemas, mas não ao ponto de um colega tentar prejudicar o outro, boicotando ou tentando, por exemplo, tomar uma venda dele. A rivalidade é incentivada, mas de maneira ética e sadia e com o passar do tempo dentro de uma equipe grande, cria-se a harmonia entre os colegas e um ambiente interessante de trabalho. Neste sentido, verifica-se através da tabela 19, que 81% dos colaboradores têm sentimentos positivos, com a forma como trabalham em equipe. No mesmo direcionamento, 84% destes afirmam estar satisfeitos com a forma que trabalham em equipe. Esclarece-se que nestas questões houve a omissão de uma resposta, o que resultou em 48 respondentes. A análise das duas questões demonstra que para manter sentimentos positivos é necessário que os colaboradores estejam satisfeitos com a forma de 93 trabalhar em equipe. Apenas 6% e 10% respectivamente, dos colaboradores sentem sentimentos negativos em relação à forma que trabalham juntos na equipe estando consequentemente insatisfeitos. Destaca-se que a questão 2, apresentou elevado número de colaboradores em dúvida (13%), o que pode ter sido resultado do não entendimento do questionamento. As questões 5 e 10 referem-se a confiança: nos membros e nas relações estabelecidas na equipe, respectivamente. A maioria dos colaboradores mostrou ter confiança nos membros da equipe (72%) e nas relações estabelecidas (84%), demonstrando que ambas estão interligadas. Como constatado em questões anteriores, as quedas nos índices de satisfação ocorreram principalmente devido aos colaboradores em dúvida, e não necessariamente ao crescimento dos indicadores de insatisfação, pois estes representaram apenas 8% e 4% respectivamente. Especialmente para a questão 5, esse percentual elevado pode ter surgido em razão da forma de questionamento, pois afirmar que confia completamente nos membros da equipe é uma expressão muito forte e pode resultar em certa dúvida. Ou ainda, estes porcentuais, podem ter sido gerados conforme apontado em questões anteriores, pela não compreensão dos questionamentos feitos. Optou-se por se trazer para este subcapítulo a questão 11, a qual fez o levantamento sobre harmonia nas relações interpessoais, para verificar se a rivalidade estimulada pela empresa não influi negativamente nos sentimentos da equipe. Neste sentido, após análise constata-se que a organização tem tratado esta questão com maestria, pois 92% dos colaboradores alegam existir harmonia nas relações com seus pares. 94 Tabela 19 - Percepção da amostra de colaboradores quanto à existência de sentimentos positivos entre os membros da equipe Condições Desfavoráveis (Insatisfeitos) Discordo Pouco Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Respostas (N°) Respostas (%) Concordo Pouco Concordo Totalmente Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Condições Favoráveis (Satisfeitos) Discordo Totalmente 2. Tenho sentimentos positivos sobre a forma como trabalhamos juntos na minha equipe. 3. Estou satisfeito com a forma de trabalharmos juntos na minha equipe. 5. Confio completamente nos membros da minha equipe. 10. Existe confiança nas relações estabelecidas na equipe 11. Existe harmonia nas relações interpessoais estabelecidas Dúvida 0 3 3 6% 6 13 % 22 17 39 81% 0 5 5 10% 3 6% 26 14 40 84% 2 2 4 8% 10 20 % 19 16 35 72% 0 2 2 4% 6 12 % 22 19 41 84% 0 0 0 0% 4 8% 31 14 45 92% Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores As questões trazidas pela Tabela 19 apontam que a maioria dos colaboradores, especialmente ao desconsiderar os casos de dúvida, está satisfeita e possuem sentimentos positivos com a forma como trabalham, tendo confiança nas relações e em seus colegas de equipe, resultando em harmonia nas relações estabelecidas. Essas constatações demonstram que a organização possui em seu quadro equipes maduras, entrosadas e motivadas, sendo este também um ponto forte para a organização, pois serão capazes de enfrentar os desafios que surgem no dia a dia da empresa. Moscovici (1994, p. 17) afirma que “as melhores equipes não estão livres de dificuldades problemas; todas enfrentam ocasionalmente, obstáculos desencorajadores. Contudo, uma equipe madura, hábil, motivada encontrará maneira de enfrentar e superar os maiores desafios”. Em relação às decisões estas costumam a princípio ser tomadas em equipe, as quais possibilitam o surgimento de ideias para que todos alcancem os objetivos propostos. No entanto, são mudadas caso os gestores entendam que outro processo ou objetivo é importante ou necessário e não exista tempo hábil para 95 discussões junto à equipe, uma vez que ocorrem imprevistos que fazem com que as decisões sejam readequadas e realinhadas com urgência. Devido a essa necessidade de mudar o que foi definido ou decidido em equipe, conforme a Tabela 20, apenas 67% dos colaboradores afirma que as decisões são mantidas após serem tomadas no grande grupo. No entanto, esta questão resultou em 31% dos colaboradores em dúvida, podendo significar duas coisas: responderam estar em dúvida para não se indispor com os colegas, pois caso contrário, estariam afirmando que estes não seguem o que foi acordado. Ou então, esses 31% não se lembram do que foi acordado em equipe e por este motivo não tem certeza se as decisões são alteradas ou não. Tabela 20 – Percepção da amostra de colaboradores quanto ao comprometimento com as decisões grupais Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Respostas (N°) Respostas (%) Concordo Pouco Concordo Totalmente Somatório de Respostas (N°) Somatório de Respostas (%) Condições Favoráveis (Satisfeitos) Discordo Pouco 34. A equipe é comprometida com as decisões grupais Dúvida Discordo Totalmente Condições Desfavoráveis (Insatisfeitos) 0 1 1 2% 15 31 % 16 17 33 67% Fonte: Questionários aplicados aos colaboradores A empresa tem a excelente prática de tomar prioritariamente as decisões em equipe, possibilitando desta forma, uma gama maior de pontos de vista. No entanto, sugere-se que somente altere as decisões que são tomadas em conjunto, quando estas são realmente necessárias e seja impossível de consultar a equipe. Além disso, aconselha-se a prática de esclarecer aos membros das equipes dos “porquês” das mudanças, evitando assim o surgimento de um clima desagradável e desmotivador, onde os colaboradores acabam perdendo a vontade de dar opiniões e contribuir, uma vez que independente da decisão tomada em equipe ela vai acabar sendo alterada. A seguir são apresentadas as principais constatações referentes a pesquisa realizada. 96 4.4 Principais constatações acerca da pesquisa realizada Para que os colaboradores tenham melhor desempenho nas suas funções e busquem atingir os objetivos traçados pela empresa com maior obstinação, esta deve disponibilizar ferramentas ou meios para que estes se motivem, auxiliando nas relações interpessoais e consequentemente influenciando o trabalho em equipe. Estas ferramentas e meios são proporcionados pela organização e foram citados durante o transcorrer deste trabalho, no entanto, torna-se relevante trazê-los novamente para encerrar este capítulo. Neste sentido a empresa oferece as seguintes condições e ferramentas: - A estrutura como um todo: iluminação adequada, ambiente climatizado, tecnologia e atualização dos equipamentos (caminhões, empilhadeiras, computadores...); - Treinamentos abrangendo palestras, cursos nas áreas de vendas, financeiro, contábil, T.I. , compras...; - Programas de premiação envolvendo todos os setores (recompensas financeiras); - Feedback constante; - Campanhas de vendas; - Metas individuais e coletivas; e - Um bom ambiente de trabalho (políticas de gestão de conflitos, respeito e estímulo às diferenças...). Entretanto, os gestores salientaram, durante a entrevista que a empresa pode proporcionar as condições, as ferramentas e os treinamentos, mas o restante está com o colaborador de se motivar ou não para realizar as suas tarefas. Asseguraram ainda, existir oportunidades oferecidas pela empresa, como a de crescer e desenvolver-se profissionalmente para os que se destacam. Como afirma o gestor de varejo “o resto está no particular de querer, de buscar, de se comprometer, ter objetivos para a sua carreira profissional e esse sucesso profissional se reflete diretamente na sua vida pessoal”. Neste direcionamento, os colaboradores apresentaram durante a exposição das respostas dos questionários, que estão motivados e satisfeitos com a forma que mantêm as relações interpessoais e trabalham em equipe. Grande parte desta 97 satisfação tem origem na forma que são geridos estes processos pela organização em estudo. A empresa sabe delimitar e expor as suas políticas de relacionamento, mantendo canais abertos para que os colaboradores trabalhem de forma harmoniosa e colaborativa, fazendo surgir sentimentos positivos e motivacionais para que todos busquem os mesmos objetivos, resultando desta forma em equipes maduras, as quais não são facilmente influenciadas pelas dificuldades, pois cada membro tem a ciência que pode contar com o seu colega ou chefia para transpô-las. Percebe-se que a organização busca criar condições para atingir os objetivos, e caso a equipe não corresponda, busca criar maneiras para que aconteça, através do monitoramento constante e feedback fornecido aos seus colaboradores, conseguindo assim readequar e realinhar qualquer processo que esteja falho e influenciando negativamente no consequentemente no da organização. desempenho dos colaboradores e 98 CONCLUSÃO Este documento teve como proposta principal identificar a satisfação dos colaboradores da empresa Luiz Schirmann Filho, referente ao Relacionamento Interpessoal e Trabalho em Equipe, contrapondo a prática da organização com a percepção dos colaboradores, propondo alternativas e enfatizando os pontos fortes, através de análise utilizando-se do referencial teórico pesquisado. Além disso, este trabalho proporcionou ao acadêmico, a experiência de verificar in loco as dinâmicas destes processos, que são originários da dimensão grupo do Comportamento Organizacional. Neste sentido, constatou-se que a Organização estudada apresenta índices que oscilam entre bons e excelentes de satisfação, os quais enaltecem que as suas práticas de gestão estão adequadas, quando analisadas sobre estes aspectos, pois em apenas quatro dentre as trinta e sete questões apresentadas, os índices de insatisfação foram superiores a 10%, ou seja, com mais de cinco colaboradores insatisfeitos com algum critério pesquisado. A maioria das questões (92% destas) apresentaram baixa insatisfação e as variações dos índices de satisfação ocorreram principalmente pelos respondentes em dúvida. O estudo possibilitou também averiguar que o relacionamento interpessoal está intrinsicamente ligado ao trabalho em equipe, ou seja, as relações interpessoais entre os colegas de trabalho e superiores devem estar adequadas, com políticas de gestão de conflitos, respeito às diferenças e com canais abertos de comunicação ascendente, descendentes e laterais, para que as equipes possam se desenvolver com objetivos coletivos e de forma integrada e solidária. Em relação às equipes, constatou-se também que de acordo com Alcântara (2010), a organização tem disponibilizado todos os elementos básicos necessários para o desenvolvimento do trabalho em equipe, sendo estes os responsáveis pela satisfação dos colaboradores relacionados a este critério, conforme expostos a seguir: - Ambiente de apoio, direcionado a manutenção de um bom ambiente de trabalho, comprovado através dos índices de satisfação dos colaboradores referente ao relacionamento interpessoal e também através do estímulo ao trabalho em equipe, com reconhecimento e delegação de responsabilidades, dinâmicas de grupo e busca da correção de dissonâncias constatadas entre departamentos; 99 - Treinamentos para que os colaboradores tenham os conhecimentos e habilidades que são necessárias ao desempenho efetivo das suas atribuições; - Proporciona aos colaboradores, o conhecimento das metas e objetivos da organização para que estes se mantenham direcionados às metas superiores fornecendo sempre feedback; e - Recompensas aos colaboradores e equipes. Para este último elemento, constatou-se que a organização tem focado apenas em recompensas financeiras, no entanto, pode conseguir resultados ainda mais significativos, se instituísse políticas de recompensas através de estímulos, que não envolvem gastos financeiros expressivos, mas resultam igualmente em satisfação, pois melhoram a autoimagem do colaborador. Além disso, sugeriu-se também que a organização reveja o critério de recompensas financeiras, o qual atualmente valoriza mais os objetivos atingidos individualmente do que em equipe. Estas duas ações estão amparadas por Davis e Newstron (1989), os quais afirmam que sistemas de incentivo “fornecem recompensas psicológicas, além das econômicas”, pois para esses autores: A auto-imagem pode melhorar, devido a maiores sentimentos de competência. Podem considerar inclusive que estão contribuindo com a sociedade (...). Alguns incentivos podem encorajar a cooperação entre os empregados, uma vez que será ainda mais necessário trabalhar em equipe para receber prêmios de incentivo (1989, p. 105). Considera-se que os objetivos propostos para este trabalho foram atingidos a contento, apesar de algumas dificuldades encontradas na pesquisa de campo, pois o pesquisador não faz parte do quadro funcional da empresa, e por este motivo ouve certo receio por parte de alguns que as questões fossem encaminhadas à gerência, resultando em algum tipo de represália, neste sentido ainda, muitos optaram por não responder as questões referentes ao perfil da amostra. O período de coleta de dados coincidiu com as férias escolares, o que consequentemente resultou em um número elevado de colaboradores que estavam também de férias para que pudessem cuidar dos filhos, significando em diversas idas à organização para entrega e recolhimento de questionários. A princípio a coleta de dados com a gerente de RH, era para ser em forma de entrevista, no entanto, por opção desta acabou ocorrendo em forma de questionário. 100 Sugere-se para estudos posteriores, a averiguação dos verdadeiros motivos da elevada rotatividade, constatada no questionário, através do item “tempo de serviço na instituição”, para que a empresa possa corrigir as falhas que geram esse problema, evitando assim desperdício de dinheiro, com contratações, treinamentos e posteriores demissões. Ou pode também criar a prática de entrevista de desligamento para que a organização tenha ciência do que está provocando a elevada rotatividade. Poderia ser realizado também um trabalho semelhante nas outras três empresas Schirmann, para verificar se a satisfação dos colaboradores com os itens pesquisados ocorre apenas na área de varejo, que é a atividade principal da organização e uma das mais antigas, ou se está presente também nas empresas recém-criadas, demonstrando desta forma se estes procedimentos estão enraizados em sua cultura organizacional. Este estudo poderia ainda, ser aplicado em outra empresa do mesmo ramo, visando gerar dados para análise comparatória entre as práticas de gestão referentes ao relacionamento interpessoal e trabalho em equipe. Além disso, seria de grande relevância para a organização reaplicar o questionário com as questões que apresentaram elevado índice de dúvida, para verificar se estas ocorreram realmente pelas hipóteses levantadas no decorrer deste documento, ou pelo não comprometimento dos respondentes com a pesquisa ou com a organização. 101 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALCÂNTARA, Michelli de Oliveira Marques. O Comportamento humano no trabalho. Monografia (Especialização em Gestão de Recursos Humanos) - Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes, Goiânia, 2010. Disponível em: <http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/posdistancia/29214.pdf>. Acesso em 10 Abr. 2013 ALMEIDA, Danielly. Fatores cruciais para a satisfação e o comprometimento no trabalho. 2008. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/noticias/administracao-e-negocios/fatorescruciais-para-a-satisfacao-e-o-comprometimento-no-trabalho/19468/>. Acesso em 01 Abr. 2013 ALMEIDA, Ingred Castro de. 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Se sim, são estimulados a atingi-los de forma individual ou em equipe? E como tomam conhecimento destes objetivos? 5) A cooperação entre os colaboradores costuma ser estimulada? Como a empresa a percebe (ocorre de forma espontânea, conflituosa...)? 6) A empresa recompensa os colaboradores financeiramente ou através de estímulos, quando estes atingem os objetivos traçados? De que forma? 7) Percebe responsabilidade e comprometimento nas tarefas realizadas pelos colaboradores? Qual é a postura da empresa diante daqueles que não são comprometidos e responsáveis? Explique. 8) Consegue identificar se existe contato contínuo entre os colaboradores para complementação das habilidades (tanto individuais quanto da equipe)? Se sim, em que momentos ocorrem com mais frequência? 9) Considera os colaboradores qualificados para as funções que desempenham? Costuma treiná-los? De que forma e de quanto em quanto tempo? 10) Os resultados atingidos são reavaliados procurando eliminar falhas? De que maneira isso é feito? 11) A empresa costuma dar autonomia e liberdade de comunicação aos colaboradores? Como esses processos são estimulados? 105 12) Como avalia o comportamento dos colaboradores na Empresa? 13) Acredita que os colaboradores costumam colaborar uns com os outros na realização de suas tarefas? 14) Acredita que existe respeito, estima e interação entre os membros da equipe? E pela empresa em relação a estes colaboradores? Como a empresa trabalha estas questões com os seus colaboradores? 15) Consegue perceber entre os membros da equipe, confiança uns nos outros de forma a compartilharem sentimentos positivos na forma que trabalham? Ou existem problemas identificados relacionados a estas questões? Explique! 16) Como gestor da empresa, percebe que existem relações de amizade entre os colaboradores? Costuma estimulá-las? São consideradas importantes pela organização? 17) Quais são as ferramentas que disponibiliza para que os colaboradores se motivem, para o melhor desempenho das suas funções? 18) Como a empresa trata as diferenças pessoais dos colaboradores? As consideram importantes no contexto organizacional? Por quê? 19) Considera as relações interpessoais entre os colaboradores satisfatórias? Como a empresa costuma contribuir / influenciar nestas relações? 20) Percebe a existência de respeito entre colegas em relação às diferenças pessoais (gênero, idade, raça, ideologias...)? Existe alguma politica ou regra imposta pela organização referente a este tema? 21) As decisões costumam ser tomadas em equipe? São seguidas, ou frequentemente são ignoradas e/ou mudadas? 22) Considera satisfatório o relacionamento interpessoal descendente (com subordinados) e horizontal (mesma linha hierárquica)? Quais são os canais de relacionamento utilizados? 23) Costuma disponibilizar canais de acesso dos subordinados as chefias (inclusive para sugestões e reclamações)? Quais são eles e com que objetivo? 24) Como costuma tratar / resolver os conflitos? 106 APÊNDICE B – Escalas de satisfação com o Relacionamento Interpessoal e Trabalho em Equipe Prezado(a) Colaborador(a)! Você está convidado (a) a responder este questionário anônimo que faz parte da coleta de dados para elaboração de um Trabalho de Conclusão de Curso da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI), sobre a Satisfação no Trabalho nas dimensões Relacionamento Interpessoal e Trabalho em Equipe. Os dados serão tratados de forma agrupada e de forma alguma serão utilizados para identificá-lo (a). 1 Discordo Totalmente 2 Discordo Pouco 3 Em dúvida 4 Concordo Pouco 5 Concordo Totalmente No espaço ao lado de cada afirmativa sobre seu ambiente de trabalho nesta empresa, marque com um X o número que melhor corresponda à sua percepção, conforme os critérios acima definidos. Escolha apenas uma resposta para cada item 1. Em relação aos membros da minha equipe, eu sinto confiança de que manteremos boas relações no futuro. 2. Tenho sentimentos positivos sobre a forma como trabalhamos juntos na minha equipe. 3. Estou satisfeito com a forma de trabalharmos juntos na minha equipe. 4. Sinto-me bem a respeito do relacionamento que mantenho com os membros da minha equipe; 5. Confio completamente nos membros da minha equipe. 6. Há um bom relacionamento interpessoal entre os integrantes de minha equipe 7. Existe cooperação entre meus colegas: 8. Posso contar com a ajuda dos outros quando 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Discordo Pouco Em dúvida Concordo Pouco Concordo Totalmente e, por gentileza, responda todos os itens. 107 necessário 9. Existe integração entre os membros da equipe 10. Existe confiança nas relações estabelecidas na equipe de trabalho 11. Existe harmonia nas relações interpessoais estabelecidas 12. Existe amizade entre os colaboradores 13. Sou tratado com estima e respeito pelos colegas 14. Sou tratado com estima e respeito pelos meus superiores (chefia) 15. Sinto que minha empresa respeita e estimula as diferenças entre as pessoas 16. Meus colegas de trabalho respeitam as minhas características pessoais 17. Existe comunicação efetiva com meus superiores 18. Tenho conhecimento dos objetivos da empresa 19. Tenho conhecimento dos objetivos dos planos de ação do meu departamento, setor ou seção 20. Compreendo os objetivos do meu trabalho 21. Recebo treinamento para desenvolver as minhas funções 22. No trabalho, os objetivos atingidos pela equipe são mais importantes que os individuais 23. Busco contato contínuo com meus colegas para complementar as habilidades e conhecimentos necessários para a realização das tarefas 24. As tarefas realizadas por mim são sempre executadas com responsabilidade e comprometimento em prol da equipe 25. Os conflitos existentes são sanados de forma adequada e mais breve possível pela chefia, evitando incompreensões, ressentimentos e hostilidades entre colegas 26. Percebo que os conflitos são utilizados como fonte de informação para gerência evitando que os mesmos voltem a ocorrer no futuro 27. Percebo que os resultados atingidos são reavaliados pela chefia, visando eliminar falhas que não voltam a acontecer 108 28. Tenho um bom relacionamento com meus superiores 29. Sinto-me motivado com a minha equipe 30. Sou valorizado, financeiramente e/ou através de estímulos, quando atinjo os objetivos propostos 31. Sinto-me motivado com o relacionamento que tenho com os meus colegas de trabalho 32. Sinto-me motivado com a forma que sou tratado pelos meus superiores 33. A minha empresa estimula o trabalho em equipe 34. A equipe é comprometida com as decisões grupais 35. A empresa estimula ou permite que os colaboradores possam dar opiniões para melhoria da organização como um todo 36. Existe integração entre as diversas unidades da empresa (departamentos/setores)? 37. Seu superior aceita opiniões / sugestões para melhoria do trabalho? Fonte: Puente-Palacios (2002 apud Bastos e Gondin, 2010, p. 210) – questões de 1 a 5; adaptadas de Siqueira (2008) – questões 6 a 17; autor deste trabalho – questões 18 a 35; Luz (1996) - questões 36 e 37. Para finalizar, preencha os seguintes dados complementares: Idade:________ anos Cor / raça: ( ) Amarela Gênero: ( ) Masculino ( ) Feminino ( ) Branca ( ) Parda ( ) Preta ( ) Indígena ( ) Outra: _____________ Escolaridade: ( ) Ensino Fundamental Incompleto ( ) Médio Incompleto ( ) Superior ( ) Fundamental Completo ( ) Ensino médio ( ) Superior incompleto ( ) Pós-graduação Estado civil: _____________ Cargo atual: ______________ Tempo de serviço na instituição:_______ anos. Tempo de serviço no cargo:______ anos. Utilize este espaço para fazer alguma observação sobre o trabalho em equipe e/ou relacionamento interpessoal no trabalho, se desejar: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Obrigado pela sua participação!