Princípios Elementares das Artes Cênicas

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[ Módulo 01 do Curso CTI ]
[Princípios Elementares das Artes
Cênicas]
[2011]
Anderson Cleiton
&
Viviane Faria
I
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S T R A D A
D E E S T U D O S S Ó C I O - P O L Í
C NPJ: 07.527.569/000 1 -59
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ÍNDICE
Módulo 01
Tipos de Palco
Mapa de Palco: Conhecendo o espaço onde você vai atuar
Movimentação em Cena
O Medo do palco
Exercícios de Improvisação
1
02
02
06
06
07
09
PRINCÍPIOS ELEMENTARES DAS ARTES CÊNICAS
MÓDULO 01
Os Módulos de Artes Cênicas do curso do Centro Teatral ImprovisArte formam
uma apresentação concisa e preliminar dos conhecimentos técnicos, teóricos e
práticos da atuação como ator.
1. Tipos de Palco
Neste primeiro momento apresentaremos alguns tipos de palcos e um
mapeamento de palco do tipo italiano, porque neste curso o trabalho é
desenvolvido principalmente com o palco italiano.
A primeira coisa que você precisa saber é que existem tipos diferentes de palcos
que são determinados pelo estilo do teatro como um todo. Conhecendo os tipos de
teatro e de palco onde terá que atuar o ator poderá planejar melhor seus atos em
cena.
1.1. O Teatro de Arena
Este deve ser o tipo de palco mais familiar para a maioria das pessoas, porque
quando vemos na TV uma ópera sendo encenada no contexto de um filme ou
novela geralmente este é o tipo de palco retratado.
“...é um espaço teatral coberto ou não, com o palco abaixo da platéia
que o envolve totalmente, podendo ser: Circular, Semicircular,
Quadrado, 3/4 de Circulo, Defasado, Triangular ou Ovalado.”1
Cada um destes formatos pode ser visto em uma planta baixa ou em uma
perspectiva de corte na figura que se segue.
1
ALVES, Marcos. Os Profissionais do Teatro. Disponível em <http://marcosalves.arteblog.
com.br/16/> Acessado em 18 de Jan. de 2011.
2
A figura serve ainda para ilustrar que embora as formas geométricas sejam
diferentes, o estilo do palco continua sendo de Arena por sua característica mais
marcante que é situar o espaço cênico no centro da platéia posicionando o público
em arquibancadas ao redor do palco que se posiciona abaixo dos espectadores.
1.2. Espaço Elizabetano
Outro tipo de teatro/palco que você deve saber reconhecer é o Espaço
Elizabetano que:
“Tem a característica de um palco misto. É um espaço fechado,
retangular, com uma grande ampliação de proscênio (em formato
retangular ou circular). O público o circunda por três lados: Retangular,
circular ou misto.2
2
Idem, Ibdem.
3
A figura abaixo mostra por meio de planta baixa e corte transversal este tipo de
teatro, de maneira a deixar patente como as formas geométricas se misturam em
um mesmo palco e qual o reflexo das formas na liberdade de atuação.
“O teatro elizabetano tem seu auge de 1562 a 1642. As peças
caracterizam-se pela mistura sistemática de sério e cômico; pelo
abandono das unidades aristotélicas clássicas; pela variedade na escolha
dos temas, tirados da mitologia, da literatura medieval e renascentista, e
da história; e por uma linguagem que mistura o verso mais refinado à
prosa mais descontraída.”
3
Esta forma é marcadamente renascentista, e pode-se considerar que o uso de
poliformas reflete também a inclinação dos artistas da época a misturar as
linguagens e abordagens dentro das peças teatrais.
3
O Teatro Renascentista. Disponível em <http://liriah.teatro.vilabol.uol.com.br/historia/teatro_
renascentista.htm> Acessado em 18 de Jan. de 2011.
4
1.3. Caixa Cênica Italiana
O Palco italiano é aquele cujo estilo arquitetônico permite que os espectadores
fiquem apenas de frente para o espaço cênico. Este palco tem uma cortina que é
fechada para mudança de cenário, mudança de tempo ou final da apresentação.
Normalmente o espaço entre a platéia e o palco é maior que o do palco de arena.
Em relação à sua forma geométrica:
É uma das caixas cênicas mais utilizadas para casa de espetáculos. O
palco "Italiano" é fechado pelos três lados, com uma quarta parede
visível ao público frontal através da boca de cena: retangular,
semicircular, ferradura ou misto.4
4
ALVES, Marcos. Os Profissionais do Teatro. Disponível em <http://marcosalves.arteblog.com.
br/17/> Acessado em 18 de Jan. de 2011.
5
Por ser o mais comum é que as oficinas do Centro Teatral ImprovisArte se
baseiam no estilo de palco italiano para apresentar as primeiras noções das artes
cênicas.
2. Mapa de Palco: Conhecendo o espaço onde você vai atuar
O mapa que será apresentado é do palco de estilo italiano. Com elementos
simples e suas estruturas:
A caixa cênica Italiana, é dividida essencialmente em 3 grandes áreas,
o urdume, o palco e o porão. Urdume: Situado na parte superior do
palco, é formado pelo gride, que consiste em uma espécie de estrado
por onde passam as cordas e cabos que fazem baixar e subir os telões,
bambolinas, pernas e cenários. Sobre estes estrados se apoiam os
gornes de cabeça e roladanas que guiam as cordas que servem para
equilibrar a horizontalidade das varas e para contrapesa-las com o
carro de contrapeso que fica na outra ponta destas cordas. Palco: Este
é o lugar onde se leva a cabo a representação e onde se colocam os
elementos cênicos. Sua parte frontal está limitada pela boca de cena e
pelo procênico. A Boca de cena, que tem as medidas fixas, pode ser
diminuída por meio de uma peça horizontalmente chamada de
bambolina mestra e de dois verticalmente chamados de bastidores.
Porão: Situado a baixo do solo do palco, este lugar está destinado a
colocação de elevadores de carga que tem como missão ajudar nos
efeitos especiais de aparecimento e desaparecimento. Estes
elevadores, ao princípio muito rudimentares, deram passo a um
complexo sistema de trilhos que melhoraram notavelmente a
organização e a metragem das mudanças rápidas e precisas da
cenografia. Na atualidade muitos desses sistemas tem sido
reimplantados por mecanismos de circuito hidráulico dando lugar a
aos chamados cenários flutuantes. O fosso foi o lugar onde, por muito
tempo, se situava o apontador, figura que hoje perdeu seu espaço.5
3. Movimentação em Cena
Existem algumas regras básicas bem definidas nas artes cênicas. Uma delas é
que nunca se deve dar as costas para a platéia, a não ser que seja expressamente
indicado pelo texto ou pela direção. Nestes casos a quebra desta regra deve estar
relacionada à necessidade de se dar ênfase a algum ato ou criar o impacto que se
deseja para a cena. Por exemplo, se um louco fugiu do hospital e em cena se
apresenta com aquela camisolinha típica de quem fugiu do hospital, pode ser
interessante que ele em dado momento vire de costas para que todos vejam que
5
LUGON, Vinícius. Palcos. Disponível em <http://cenoagrafiadacena.wordpress.com/2010
/01/15/palcos/> Acessado em 19 de jan. de 2011
6
ele está com o “bumbum de fora” por conta das suas vestes. E este seria um caso
peculiar.
Desta forma quando existe uma conversa entre dois interlocutores eles não
precisam estar totalmente de frente um para outro. Devem se posicionar na
diagonal. Se é uma conversa em grupo que forma uma roda, em cena essa roda será
um semicírculo que permite que todos os atores sejam vistos de frente pelo
espectador.
A movimentação em cena é chamada de marcação e obedece a pontos
predefinidos. Conhecer estes pontos é de extrema importância para o uso espacial
adequado e proveitoso do palco em apresentações teatrais.
O trabalho de todos os atores, bem como dos cenógrafos e deslocamento nas
atuações obedecem a esta prévia determinação. Na técnica teatral há duas
esquerdas:
4.
5.
6.
7.
Esquerda alta: a parte posterior e esquerda, no palco;
Esquerda baixa: o lado frontal (que margeia o proscênio) e esquerdo;
O mesmo se aplica ao lado direito;
O proscênio: é frente do palco.
4. O Medo do palco
Quando vai chegando a hora de entrar em cena todo mundo fica com aquele
friozinho na barriga. Começa bem devagarzinho é um surzinho frio escorrendo pela
testa, mãos levemente geladas, e aquela sensação de que um monstro chamado
multidão vai te engolir. Depois esta sensação persistente vai crescendo, crescendo e
aí você só pensa em se esconder. Esta ansiedade, este medo relacionado à
performance frente à uma audiência ou câmera é muito comum, e não somente
entre atores. Quando se tem que apresentar um trabalho na escola ou faculdade,
entrevista de emprego ou outras situações onde se tenha que expor opiniões frente
a opiniões diversas parecem impossíveis de serem trasposta para muitas pessoas.
Os tímidos são os que mais sofrem deste mal, mas não somente eles, todo mundo
tem medo de encarar o público. A única diferença entre o eloqüente ator de
sucesso e o Nerd tímido é apenas a coragem para encarar esta fobia enfrentando a
platéia de frente. O ator precisa se propor a enfrentar, ele tem que se jogar de
frente, com coragem.
Qual é o maior medo das pessoas? Problemas financeiros, doenças,
solidão, morte? Pesquisas realizadas nos Estados Unidos mostram que
falar em público é um dos mais citados entre as pessoas e o que mais
as aflige. Controlar o medo do palco é um grande passo na
7
preparação para falar a um grupo de pessoas. Não se pretende,
porém, que com essa atividade, este seja totalmente eliminado, mas
pode ser reduzido. Eis os 7 passos que as pessoas devem adotar para
atingir o objetivo de vencer o medo do palco.6
Veja no quadro a seguir algumas dicas de um especialista para superar esta
ansiedade que pode acontecer antes ou durante qualquer uma atividade que
envolva auto-apresentação pública.
ELIANE MESQUITA DÁ SETE DICAS PARA VENCER O MEDO DO PALCO
1. Reconheça que você não é o único
Grandes nomes como, por exemplo, o nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o diretor Orson
Welles e o ex-presidente norte-americano Eisenhower, esfregavam as mãos insistentemente
antes de uma apresentação e mostravam-se extremamente nervosos antes de falar em público,
portanto, não se preocupe, você não está só. Essas são pessoas que reconheciam a necessidade
de aparecer em público e enfrentaram seu medo.
2. Somos mais confiantes do que sentimos
Experimente perguntar a um amigo se você parece nervoso ao praticar um discurso. Muitas
vezes vemos que o nervosismo que sentimos não é observado por aqueles a quem falamos,
apenas temos a sensação de que todos estão percebendo esse nosso medo e ansiedade.
3. A experiência ameniza a ansiedade
Depois que tiver feito alguns discursos e ver que o medo do insucesso não se concretizou, a
auto-estima e a tranqüilidade em cima do palco aumentam, o que facilita a condução da
palestra ou discurso nas próximas oportunidades.
4. Interaja com a platéia
A maioria das pessoas que está na platéia esperam ouvir algo interessante vindo do palestrante.
Eles estão lá para ver o sucesso do apresentador. Brinque com eles, faça perguntas, interaja,
mas nunca perca o foco. Essa descontração, além de fazer com que a palestra torne-se mais
interessante e compreensível, permite que os espectadores não percam a atenção e os envolva
no assunto tratado.
5. Concentre-se no foco da palestra
Ao concentrar-se nas idéias, na importância e na relevância do que diz para o público, o
palestrante incrementará o controle e reduzirá o nervosismo no palco.
6. Controle seu nervosismo
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BORGES, Murilo. Eliane Mesquita Dá Sete Dicas Para Vencer O Medo Do Palco. Disponível em
<http://www.sortimentos.com/gente/comportamento-sete-passos-vencer-medo-palco.htm>
Acessado em 19 de jan. de 2011.
8
Não há uma razão válida para tentar conter o nervosismo. Deixe-o em paz. Algumas saídas para
trabalhar com ele são falar com os outros sobre assuntos engraçados, respirar fundo e fazer
exercícios de descontração que lhe ajudarão a manter a calma.
7. Ensaie muito e repita a apresentação muitas vezes
Se você tiver treinado e preparado para apresentação, o nervosismo não estará presente
quando subir no palco. A preparação o auxiliará a sentir-se confiante e todo material estudado
será fixado em sua mente. Portanto, ensaie com o tempo cronometrado insistentemente que
fará um discurso tranqüilo quando for para valer.
Fonte: Eliane Mesquita é Diretora da In Mind, empresa especializada em desenvolvimento humano,
comportamento e neurolingüistica.
Nem sempre é fácil superar o medo, mesmo com dicas concretas como estas
deixadas pela especialista. Por isso a interação nas aulas e a orientação de um
professor mais experimentado na área, e que determine o momento exato para
certas ações, pode ser o impulsionador desta coragem que o tímido ainda não
descobriu em si. A prática, o conhecimento e muito exercício podem ajudar o ator a
ganhar confiança.
5. Exercícios de Improvisação
5.1.
Exercício “A Rua”
O exercício “A Rua” consiste em propor que cada participante encene de
improviso uma cena qualquer, comumente vista na rua. Em geral os participantes
perguntam que tipo de rua. É importante deixar claro que cada um pode imaginar
uma rua diferente. Alguns pensam em uma rua do interior com crianças brincando
de pipa ou gude, sem trânsito de carros e com as mães tranqüilas olhando os filhos
de suas calçadas, outro pode pensar na rua da metrópole onde ocorrem
atropelamento, assaltos e pivetes pedem dinheiro. A regra é cada participante
combinar na coxia o que pretende fazer alguns minutos antes de entrar em cena.
Mas toda a turma, mesmo os que estiverem do outro lado do palco (na outra coxia),
também devem participar se forem chamados improvisando para entrar no
contexto da cena que o colega imaginou.
O objetivo é fazer com que todos se envolvam, na tarefa de contar uma história,
nunca deixando o palco vazio, estimulando a criatividade pela necessidade de
improvisação e de pensamento rápido que a atividade exige. A atividade pode ser
proposta pedindo para que as histórias sejam conectadas entre si, dando assim a
oportunidade para que cada ator dê continuidade a cena iniciada por seu colega de
9
palco. Mas as cenas também podem ser desvinculadas umas das outras, porque
quando passamos na rua não sabemos “o começo, o meio e o fim” das cenas que
vemos se desenrolarem diante de nós.
O exercício “A Rua” poderia perfeitamente ser substituído por “A Casa”, “A
Praia” ou “O Bar”, qualquer espaço pré-definido, contudo sem cenas ou
abordagens sugeridas por quem propõe o exercício, para que a criatividade e a
capacidade de improvisação do participante seja aflorada.
5.2.
Exercício de “Associação conduzida de Palavras”
Este exercício abre a imaginação dos participantes para que possa ser feito em
um estágio mais avançado do curso a associação livre de palavras. Consiste em dar
como pontapé inicial uma palavra para que cada um fale da primeira coisa que vem
a mente em relação à palavra lançada. E depois juntar de maneira mais ou mesmo
aleatória as idéias surgidas. Desta forma a associação de palavras pode começar
com uma palavra simples como “mesa” e acabar em uma cena onde uma família
polonesa briga em torno da mesa do jantar por causa de uma herança.
Estes são exercícios elaborados pelo Centro Teatral ImprovisArte, que foram
sendo criados de acordo com as turmas com as quais estamos lidando. Nossas
turmas têm a característica principal de serem absolutamente heterogênea em
amplos sentidos, mas principalmente em relação à faixa etária. As crianças
aprendem junto com os adultos exatamente os mesmo conteúdos, com a mesma
proposta e desenvolvendo as mesmas atividades. Com isto oferecemos para os
nossos alunos um ambiente mais próximo da realidade de execução de projetos
artísticos onde crianças e adultos contracenam.
5.3.
Exercícios Improv Comedy
Além dos exercícios propostos há ainda uma infinidade de possibilidades de
desenvolvimento da aptidão de improvisar. Neste sentido, como na maior parte do
que concerne às artes cênicas, somente 1% deve ser atribuído ao talento nato (ou a
inspiração) e 99% se deve ao esforço, a prática e a dedicação.
Alguns exercícios não são especificamente para turmas tão heterogêneas e
podem se enquadrar em outras situações de formação do ator.
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Este módulo traz uma seleção destes exercícios que foram retirados do livro
Improv Comedy de Samuel Freneh.7
Poeta/Tradutor (2 Atores)
Esta peça é interpretada diretamente para o público. Um dos atores recita um
poema original, uma fala de cada vez, em "gromelot", mas como se estivesse
falando a língua de um país estrangeiro específico. O outro ator, dividindo o palco
com o poeta, traduz cada fala para o público. O tradutor deve também falar com o
sotaque, adequado do país se assim desejar. Enquanto alternam a fala, a tradução
deve refletir a interpretação dramática do poeta, o qual, por sua vez, deve
recomeçar a história do ponto onde o tradutor para. Este exercício traz para os
participantes o benefício de audição e do trabalho para construir o poema.
Antes de começar, pegue uma sugestão de uma Primeira fala para um poema
original. Se você tem habilidade em sotaques, pode também pedir uma sugestão de
um país estrangeiro. Se não, escolha um sotaque com o qual esteja familiarizado. O
tradutor pode escolher um local para recitação do poema e começar a
apresentação apresentando-se a si mesmo e ao poeta.
Legendas (4 Atores)
Este é similar ao do Poeta/Tradutor mas envolve 4 atores. Dois deles
interpretam personagens de um filme em língua estrangeira (falando em gíria). Os
outros dois, mantendo-se à distancia do palco, fornecem legendas verbais que
traduzem o filme para o português diante do público. Aqui, ouvir é de suma
importância, já que ajuda a criar uma história impedir que as pessoas falem uma da
outra. Tenha em mente que cada fala em gíria deve ser traduzida 'antes dor fala
seguinte ser interpretada.
Dublagem (4 Atores)
Este exercício tem a mesma organização das Legendas, só que desta vez os
personagens no palco simplesmente movem os lábios para simular que estão
falando. Os atores que estão fora do palco fornecem as vozes, atuando para
sincronizar o diálogo com o movimento das bocas dos colegas. Os atores que atuam
no palco podem orientar os dubladores colaborando com atividades físicas o
7
Extraído de Improv Comedy, Samuel Freneh ed., CA. 1991. Traduzido por Jorge Mauricio de Abreu.
Colaboração do Curso de Tradução do Departamento de Letras da PUC-Rio. In Cadernos de Teatro
nº 135 (out. nov. dez. de 1993) p. 07 a 12.
11
expressões faciais apontando diálogos adequados ou "apropriadamente"
inadequados.
Restaurante Estrangeiro (3 Ou 4 Atores)
Esta cena é designada para permitir que os atores exercitem seus sotaques e
utilizem palavras e diálogos próprios daquele sotaque. O cenário é um restaurante
no qual é servido algum tipo de comida típica. Os fregueses podem ser brasileiros,
mas a equipe do restaurante é composta de pessoas de origem étnica selecionada.
Os membros da equipe podem ser garçons, cozinheiros ou mártires. Se os atores
forem hábeis em falar dialetos, deixe que o público escolha o tipo de restaurante.
Esta cena leva em conta a prática em interpretar personagens, a utilização de
entradas e saídas e o uso de dialetos.
Cena Dupla (4 Atores)
O palco é dividido em 2 áreas de modo que 2 cenas possam acontecer ao mesmo
tempo. As 2 cenas devem estar relacionadas uma à outra e devem alternar-se na
tomada de foco. Um exemplo deste arranjo é um baile de estudantes de ginásio. A
área do palco é dividida em um banheiro masculino de um lado e um banheiro
feminino do outro. No dos homens, dois rapazes conversam sobre seus encontros
enquanto no outro banheiro, as garotas falam sobre os rapazes. Embora os atores e
o público ouçam realmente o que está sendo dito em ambos os banheiros, os
personagens não ouvem. O humor vem do uso da informação que, supostamente,
você não ouve para influenciar o que você diz. Pode-se comentar o que está sendo
dito na outra cena sem realmente admitir que ouviu.
Marca de Estilo (2 A 5 Atores E Apontador)
Neste exercício, é seguramente útil estar familiarizado com o teatro
propriamente dito, com os dramaturgos e suas obras e com os estilos teatrais. O
líder do grupo experimental ou um membro da platéia sugere um problema familiar
pequeno e rotineiro tal como decidir de quem é a vez de levar o lixo para fora.
Comece a representar a cena até que o apontador congele a ação a fim de anunciar
um estilo teatral ou o nome de um dramaturgo, tais como melodramas, Kabuki,
Commedia dell'arte, Arthur Miller, Ionesco ou Shakespeare. Continue a representar
a cena nesse estilo ou do modo como um determinado dramaturgo a teria escrito
(Nelson Rodrigues, por exemplo. N.E.). Ao prosseguir com a ação no estilo desse
dramaturgo, procure evitar o uso de diálogos reais contidos em uma de suas peças
ou mesmo a incorporação de um dos seus enredos. Ao invés, tente captar o sabor e
o estilo de sua escrita e adaptá-lo ao enredo que está sendo desenvolvido em sua
cena. Você pode compilar uma lista de estilos teatrais e dramaturgos antes da cena
12
ou virar-se para as pessoas da platéia cada vez que disser "congele!", pedindo a elas
que dêem uma sugestão. Todo o exercício deve ser feito pelo mesmo grupo de
atores, sendo que alguns deles podem fazer entradas e saídas quando forem
adequadas ao enredo.
Quem Sou Eu? (Exercício de Grupo)
Um dos participantes deixa o ambiente e, ao voltar, deve adivinhar que pessoa
famosa os outros decidiram que ele é. O exercício é feito em forma de cena, mas o
improvisador que deixou a sala não sabe que personagem está interpretando.
Nessa hora, aparecem as dicas sobre como os outros se referem a ele na cena.
Evidentemente, eles não podem dizer o nome dele ou fazer qualquer referência
direta sobre quem ele é. Se aquele que tenta adivinhar, tiver idéia sobre que pessoa
ele é, começar a adotar o modo de agir característico daquela pessoa e dizer as
mesmas coisas que ela diria. Se ficar evidente que está enganado, ele deve atuar
como espectador e ouvir um, pouco mais até ter outra idéia sobre quem pode ser.
Continue sempre em forma de uma cena. Evite fazer perguntas como "Eu derrubei
uma cerejeira?" ou "Sou eu George Washington?" (ou similares racionais). Comece
com ou um ou dois atores e com aquele que tenta adivinhar. Outros podem entrar
em cena se tiverem idéias para pistas, mas devem sair logo que tiverem cumprido
seu propósito, de modo a não haver muitas pessoas no palco. Ao mesmo tempo,
este exercício é bom para desenvolver a representação de um personagem.
O Provérbio Sou Eu (Exercício em Grupo)
Eu sei que o nome não faz sentido, mas é isso o que eu tenho ouvido durante
anos. Sendo uma variação do exercício Quem Sou Eu? O Provérbio Sou Eu desafia o
ator a adivinhar e usar uma expressão comum ou aforismo, como "A grama do
vizinho é sempre mais verde", que os outros escolheram enquanto ele saiu do
ambiente. Interpretado em forma de cena, o local deve refletir o significado da
expressão. Por exemplo, se a expressão for "A grama do vizinho...", a cena deve ser
sobre inveja (ou ciúme). As pistas devem vir através do tema clã cena de modo a
levar o ator que adivinha a dizer a expressão naturalmente no contexto do que está
acontecendo à sua volta. Inicie a cena com outro ator além daquele que está
adivinhando, para que depois outros possam entrar e sair e dar pistas
subseqüentes. A cena termina quando o ator que está adivinhando utiliza a
expressão como parte de seu diálogo.
Fala Oculta (2 Atores)
Cada ator do grupo pega um pedaço de papel no qual escreve uma fala simples
do diálogo, jogando-a depois dentro de um chapéu. Antes de iniciar a cena, um dos
13
atores pega uma das falas que está no chapéu, devendo incorporá-la à mesma. Ele
deve construir o enredo da cena de modo que a fala do diálogo se encaixe na
história sem emendas. De fato, deve ser difícil para o público adivinhar qual era a
fala oculta de diálogo. O outro ator, mesmo não sabendo o conteúdo da fala oculta,
deve atuar em conjunto com o colega a fim de criar a história na direção para a qual
ele a estiver conduzindo. Para tomar este exercício mais desafiador, mande ambos
os atores pegarem um pedaço de papel e atuarem juntos no sentido de ajudar um
ao outro a emitir discretamente suas falas.
Cena para Titulo de Canção (2 a 4 Atores)
Dividam-se em grupos de 2 a 4 atores. Cada grupo escolhe uma canção bem
conhecida e cria uma cena que reflita o significado de seu título. Evite usar o título
ao pé da letra. Use-o como um tema para a cena. Por exemplo, se o título for "I left
My Heart in San Francisco", a cena deve ser sobre alguém que esteja vivendo uma
relação a longa distância ao invés de ser sobre um doador de órgãos.8 Os demais
membros dos grupos pode adivinhar cada título quando a cena estiver concluída.
Alter Ego (4 Atores)
Neste exercício, que tem estrutura semelhante ao das Legendas, 2 atores estão
no palco enquanto 2 outros permanecem fora dele. Os primeiros criam uma cena
juntos, mas após cada fala do diálogo, a voz de um dos atores que está fora do
palco diz simultaneamente o que o personagem está realmente pensando. Aqui, dar
e receber é um elemento integral, como o é a capacidade de ouvir. A mesma técnica
utilizada no exercício da Cena Dupla se faz neste. Os atores no palco, sabedores do
que seus alter egos estão dizendo, podem utilizar a informação para influenciar o
modo como seus personagens comportam-se e reagem um ao outro.
Uma Palavra de Cada Vez (2 Atores)
Este exercício mostra a quantidade de informações que uma só palavra pode
conter. Uma vez que um personagem proferiu uma determinada palavra, não
poderá fazê-lo de novo até que o outro personagem tenha falado. A cena
prossegue com 01 palavra de cada vez. É um exercício de economia de diálogos. Um
erro comum dos improvisadores é a tendência que eles têm de falar demais em uma
cena, dizendo mais coisas do que é necessário. É também uma lição para que se
utilizem ações em uma cena ao invés de confiar que o diálogo a conduza. A cena
8
Optamos por manter o exemplo em inglês "Deixei meu Coração em São Francisco" - apenas por
uma questão de fidelidade ao texto.
14
pode basear-se em uma premissa simples dada pelo diretor do grupo ou pelo
público.
Uma Frase de Cada Vez (2 Atores)
Esta cena tem as mesmas regras e arranjo do exercício anterior, só que os atores
podem usar apenas 01 frase de cada vez. Para não frustrar o propósito deste
exercício, alterne as falas de modo que os atores não possam proferir duas frases
ao mesmo tempo.
Sem Perguntas (2 Atores)
Esta é uma cena na qual tomam parte 2 pessoas, tendo como única restrição a
não formulação de perguntas. O propósito é fazer com que os atores se acostumem
a acrescentar informações, a expandir a cena e a fazer suposições, ao invés de
lançar sobre os ombros do outro ator o fardo de expandir a cena fazendo-lhe
perguntas. A cena pode basear-se numa premissa simples dada pelo diretor do
grupo ou pelo público.
Transformação (2 Atores)
Este exercício é de difícil realização e difícil explicação. É mais ou menos como
realizar seis deixas consecutivas com os mesmos 2 atores sem congelar a ação.
Escolha ocupações de abertura e de conclusão para ambos os atores. Eles começam
a cena, cada um desempenhando sua ocupação inicial. Então, é a medida que a cena
prossegue, eles se transformarão através de uma série de papéis ou ocupações
diferentes até a conclusão da cena, quando os atores chegarem às suas ocupações
de conclusão. As transições podem ser indicadas através de mudanças corporais ou
vocais. Por exemplo, um dos atores pode ser um entregador de pizzas segurando
com as duas mãos uma pizza de tamanho grande. Ele pode então transformar
aquela posição corporal tomando-se um médico e estendendo as mãos como se
elas tivessem sido escovadas. Nesse caso, o outro ator pode, de imediato, tornar-se
um enfermeiro e começar a ajustar luvas de borracha nas mãos.
Este é um exercício feito para um ator seguir o outro. Quando um deles faz uma
transição para um novo personagem ou ocupação, o outro vem depois e se torna
um personagem semelhante. Não existe um enredo contínuo. Qualquer um dos
atores pode mudar de personagem ou ocupação em qualquer tempo combinado.
Portanto, ambos devem estar flexíveis e prontos para mudanças bruscas. Faça um
total de cinco ou seis mudanças.
Cena de Começo Tardio (2 Atores)
15
2 atores sobem ao palco sem idéias preconcebidas - sem locais nem personagem
e com as mentes em branco. Então, sem pressa, deixam que a cena se desenvolva.
Se os minutos passaram sem nenhum diálogo, tudo bem. Por fim, um dos atores se
sentirá como que estando em algum lugar por alguma razão e começa a relatar esta
informação ao outro ator. Esse outro ator deve então se adaptar de acordo, e
juntos criam a cena. Este exercício encoraja os atores a sentirem-se à vontade para
participar da cena de maneira totalmente aberta, a fim de ver o que pode vir a
acontecer. Isso também os ajuda a serem capazes de se ajustar a qualquer
informação que se desenvolva.
Rashomon (3 Atores)
Neste exercício, a mesma cena básica é repetida 3 vezes consecutivas, uma vez a
partir do ponto de vista de cada personagem. Em cada variação, um dos
personagens é a figura dominante enquanto os outros interpretam papéis
secundários na cena. Baseado no filme Rashomon, de Akira Kurosawa, aborda como
diferentes personagens vêem o mesmo acontecimento.
Peça Opcional (Você Decide) (2 Atores e um Apontador)
Uma sugestão de um relacionamento entre 2 atores é aproveitada. Uma vez que
esse relacionamento e uma locação tenham sido estabelecidos, o apontador
"congela" a ação periodicamente a fim de fazer perguntas específicas aos
espectadores sobre o que eles gostariam que acontecesse depois. Os atores então
integram cada idéia nova no sentido de expandir a ação da cena. Por exemplo, se o
relacionamento é entre professor e aluno e a cena se desenvolve na sala de aula
após as horas regulares na escola, o apontador poderá perguntar, "Por que o
professor manteve o aluno na escola depois da hora?" ou "Este aluno tem um
segredo; qual é?" Continue até que a cena se esgote.
Lançando Uma Idéia (3 ou 4 Atores)
Este exercício é para criar uma idéia em conjunto. O elenco da cena é algum tipo
de equipe criativa, como um grupo de executivos de vendas, desenhistas de
automóveis ou produtores de filmes. Eles têm que criar um tipo de produto e
construir uma campanha de publicidade em torno dele. Não deve haver negação, já
que cada ator acrescenta coisas novas às idéias dos outros.
Compor Uma Canção (1 ou Mais Atores e 1 Músico)
Improvise uma canção, baseada num estilo musical e num título original ou
numa primeira fala dada pelo público ou pelo diretor do grupo. O cantor e o músico
devem trabalhar em conjunto, acompanhando um ao outro a fim de criar uma
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melodia e uma estrutura para a canção. Para se adquirir habilidade neste exercício,
é necessário muita prática.
Audição (4 ou 5 Atores, Incluindo um Diretor)
Escolha uma situação teatral que requeira uma audição. Pode ser para um
musical ou uma peça. Pode ser também por uma companhia teatral local, para uma
produção na Broadway, ou mesmo para escolha do elenco de uma novela. Um dos
atores é designado como diretor e fica responsável pela preparação do ambiente
para o público. Cada um que faz a audição se apresenta, fornece suas credenciais e
apresenta algum tipo de audição para o papel ao qual ele se adéqua. Os que fazem a
audição podem executar um monólogo, cantar uma canção, dançar ou bancar o
bobo - qualquer coisa que demonstre seu talento. Quer o personagem seja
realmente talentoso ou não, ele sempre deve dar a máximo de si ao fazer a audição.
Livro de Ritmos (3 ou 4 Atores e 1 Maestro)
Neste exercício cada ator escolhe um escritor bem conhecido e, quando
apontado pelo maestro, conta uma história no estilo daquele escritor. Lembre-se de
não repetir nem sobrepor-se ao diálogo do ator que falou antes. A platéia ou diretor
do grupo pode sugerir uma primeira fala original para começar. Para tornar o
exercício mais desafiador, deixe que a platéia sugira quais os escritores a serem
utilizados.
Alguns destes dos exercícios apresentados nesta seleção são bem conhecidos
dos apreciadores do teatro humor, porque são utilizados por grupos famosos em
suas apresentações como a “Cia. Barbixas de Humor”, “Zenas Emprovisadas” entre
outros que são vistos no Youtube ou programas da MTV. Para aqueles que ainda
não conhece estes grupos fica a dica da equipe CTI para que procurem e assistam.
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Centro Teatral ImprovisArte edição 2011
O objetivo desta edição do Centro Teatral ImprovisArte é
oferecer um curso intensivo em formato de aulões com
oficinas presenciais e material impresso e digital. Trazendo
para seus participantes conteúdos teóricos, exercícios
práticos e informações técnicas relevantes para sua
formação como ator ou cantor. Capacitando desta forma o
aluno a cantar e atuar ao final do curso, e estimulando-o a
prosseguir buscando conhecimento e aprimoramento no
âmbito das artes. Neste curso cada aula é avaliativa e
aqueles que se destacam são convidados para uma
apresentação no auditório da Casa da Moeda do Brasil,
entidade patrocinadora.
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