Sociologia e Sociedade A Sociologia e o Cotidiano A Sociologia é a disciplina que estuda os problemas que o homem enfrenta no seu dia-a-dia na vida em sociedade, sendo conhecimento científico, que visa estabelecer teorias e conceitos sobre o relacionamento entre indivíduo e sociedade, ultrapassando o senso comum. Na Sociologia o indivíduo é tratado como um produto social. Com a constituição da sociedade capitalista, surgiu a ideia de que os indivíduos são plenamente autônomos e a sociedade é um conjunto de interesses individuais. A Sociologia nasceu no século XIX como reação a esse individualismo predominante. Assim, para a Sociologia o que interessa são os relacionamentos que os homens estabelecem entre si na vida em sociedade (cooperação, conflito, interdependência, etc). Não importa o indivíduo como ser isolado, mas sim sua relação com os diferentes grupos sociais dos quais faz parte (escola, família, classes sociais, etc). Para Durkheim, os fatos sociais são regras e normas coletivas que orientam a vida do indivíduo em sociedade, sendo exteriores (não foram criadas pelo indivíduo) e coercitivas (limitam sua ação e prescrevem punição para quem não obedecer aos limites sociais). Outro conceito de Durkheim é o da instituição como sendo um conjunto de normas e regras de vida que se consolidam fora do indivíduo e que as gerações transmitem umas às outras (Igreja, Exército, família, etc). As instituições socializam os indivíduos, fazem com que eles assimilem as regras e normas necessárias à vida em comum. O método proposto por Durkheim para a Sociologia enfatiza a neutralidade do pesquisador em relação à sociedade, ou seja, ele deve descrever a realidade social, sem deixar que suas ideias e opiniões interfiram na observação dos fatos sociais. Enquanto para Durkheim a ênfase da análise recai sobre a sociedade, para Max Weber a análise deve centrar-se nos atores e em suas ações. Para ele a sociedade não é lago exterior e superior ao indivíduo. Assim, define como objeto para a Sociologia a ação social, que é qualquer ação que o indivíduo pratica, orientando-se pela ação dos outros. Só existe ação social quando o indivíduo tenta estabelecer algum tipo de comunicação, a partir de suas ações, com os demais. Segundo Weber, as normas e regras sociais são o resultado do conjunto de ações individuais, e os agentes escolhem o tempo todo, diferentes formas de conduta. As ideias coletivas (Estado, religiões, mercado econômico) só existem porque muitos indivíduos orientam reciprocamente suas ações num determinado sentido, estabelecendo relações sociais que têm de ser mantidas continuamente pelas ações individuais. Nesse sentido, a concepção do método de Weber enfatiza o papel ativo do pesquisador em face da sociedade. As construções teóricas de cada cientista dependem de escolhas pessoais que devem ser feitas visando aos aspectos da realidade que se quer explicar. Portanto, não é possível neutralidade total do cientista em relação à sociedade. Já para Karl Marx, a relação indivíduo – sociedade não pode ser pensada sem se considerar as condições materiais em que se apoiam. Para ele, o estudo de qualquer sociedade deveria partir das relações sociais que os homens estabelecem entre si para utilizar os meios de produção e transformar a natureza (comer, construir abrigos, fabricar utensílios, etc). Assim, a produção é a raiz de toda estrutura social. O principal objetivo de Marx era estudar a sociedade de seu tempo, ou seja, a sociedade capitalista na qual, segundo ele, as relações sociais de produção definem dois grandes grupos na sociedade: capitalistas (possuem os meios de produção necessários) e trabalhadores/proletariado (nada possuem além do seu corpo e disposição para trabalhar). A produção nessa sociedade só se realiza porque capitalistas e trabalhadores entram em relação; o capitalista paga ao trabalhador um salário para que ele trabalhe e, no final da produção, fica com o lucro, levando à exploração do trabalhador. Assim, a classe que o indivíduo pertence condiciona a sua atuação social. Em relação ao método, Marx afirma que pesquisador não deve se restringir à descrição da realidade social, mas deve também analisar como essa realidade se produz e se reproduz ao longo da história. Para ele, ciência tem um papel político crítico em relação à sociedade capitalista, devendo ser instrumento de compreensão e transformação da realidade. A partir dos conceitos sociológicos desses três autores, podemos abordar as situações e os problemas da vida cotidiana no campo da ciência. Acredito que o texto traz uma grande contribuição ao abordar teorias e métodos da Sociologia, os quais tratam, sob a luz da Ciência, os problemas enfrentados pelo ser humano na vida em sociedade. No dia-a-dia nos deparamos, constantemente, com situações que exigem do profissional de saúde a compreensão do indivíduo como parte de um grupo e o papel que o mesmo assume nesse coletivo. Dessa forma, nossas ações, para serem efetivas, não podem focar-se exclusivamente no indivíduo, mas devem direcionar-se ao coletivo, considerando as relações existentes, a influência do ambiente, das pessoas e das instituições sobre cada um. Karina Corrêa