O trabalho com as emoções na Terapia Cognitiva Resumo Simpósio A Terapia Cognitiva é bastante conhecida pelo trabalho de resignificação das crenças, dos pensamentos automáticos e dos padrões cognitivos dos indivíduos. Contudo, cada vez mais, torna-se premente o desenvolvimento das habilidades dos terapeutas cognitivos para o trabalho com as emoções. As evidências científicas, desde os primórdios da história da psicologia, mas também com os avanços atuais das neurociências, apontam para a importância das emoções na construção dos significados das vivências pessoais e na adaptação do indivíduo ao mundo. Na prática, isso pode ser visto na Terapia Cognitiva individual, de casais, infantil, etc. Várias são as formas para se trabalhar as emoções na área da saúde, desde as técnicas narrativas, passando pelo treino da regulação emocional até o uso de instrumentos como o Teste de Compreensão das Emoções, como será mostrado neste Simpósio. EMOÇÕES: NOSSO SISTEMA EVOLUTIVO DE AVALIAÇÃO AUTOMÁTICA Lilian Erichsen Nassif (Sala Helena Antipoff / Centro de Documentação e Pesquisa Helena Antipoff (CDPHA). Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Belo Horizonte / MG) A emoção é um processo de avaliação automática, influenciado por nosso passado evolucionista e pessoal. Antes de tomarmos consciência de um acontecimento, ela nos sinaliza que algo importante para nossa adaptação está acontecendo, a partir de um conjunto de mudanças fisiológicas. O que fazemos e pensamos é comandado pela emoção neste momento. Portanto, o pensamento racional é incapaz de impedir o funcionamento do processo de avaliação automática. Nosso código linguístico é o instrumento que dispomos para dar significado às emoções, auxiliando-nos a interpretar o processo automático, ou seja, faz parte do nosso sistema de avaliação reflexiva. Estudos históricos indicam que existem gatilhos emocionais considerados universais e aqueles que são adquiridos conforme a vivência de cada indivíduo. Nossas emoções nos mobilizam para o que é mais importante na vida, no entanto podem nos deixar em situações desadaptativas tais como: quando podemos sentir e demonstrar a emoção correta, mas com intensidade inadequada; quando sentimos a emoção apropriada, mas a demonstramos de forma incorreta; quando sentimos a emoção errada. A Terapia Cognitiva, principalmente através do seu enfoque Construtivista, permite que o paciente aprenda a identificar os sinais do seu sistema evolutivo de avaliação automática e compreenda as mensagens que ele traz para a sua adaptação a uma determinada situação vivencial. O simples ato de narrar uma experiência pode nos ativar emoções. A recordação de eventos possibilita-nos aprender como reconstruir o que está acontecendo em nossa vida e mudar o que nos emociona. A imaginação de cenas que nos emocionam também tem a função de proporcionar outros significados para um fato, de forma que estes não acionem nossos gatilhos habituais. Observa-se que o mesmo ocorre através da linguagem escrita. Desde William James (1842-1910), sabe-se que outra forma de acessar as emoções é assumindo voluntariamente a aparência de uma delas. Diante disso, entendemos que ao tomar contato direto com as emoções durante o processo terapêutico, a partir de técnicas vivenciais e narrativas, o indivíduo é capaz de reelaborar suas experiências, dando-lhes um significado diferente com o auxílio do processo de avaliação reflexiva. Palavras-chave: Emoção; Processos de avaliação; Terapia Cognitivo-Construtivista Área temática: Intervenções na área da saúde O PAPEL DAS EMOÇÕES NA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL COM CASAIS. Raphael Fischer (Universidade Estácio de Sá. Rio de Janeiro/RJ. Em um primeiro instante, o nome terapia cognitivo-comportamental pode sugerir que as emoções não são levadas em consideração durante o tratamento psicológico clínico. Na verdade, dentro dessa abordagem psicoterapêutica é de grande importância aliviar o paciente do seu sofrimento emocional. Esta apresentação foca no papel desempenhado pelas emoções nos relacionamentos amorosos. O método utilizado foi uma revisão da narrativa encontrada na literatura especifica sobre esse tema. Foram consultadas bases de dados, livros e artigos científicos. Um dos objetivos da terapia com casais é auxiliá-los a identificar e compreender as emoções que mais afetam o seu relacionamento. A meta da terapia é treinar os parceiros na regulação emocional para diminuir o desgaste tanto individual como conjugal. Examinar que emoções são mais prováveis de afetar o funcionamento do casal. Descrever aos parceiros com eles vivenciam suas emoções e as transmitem uns para os outros. Demonstrar a relação do modo de interagir dos pensamentos e comportamentos com seus estados emocionais. Muitos casais em conflitos procuram tratamento quando um ou ambos estão bastante infelizes ou perturbados. Outros reclamam sobre a ausência de emoções tanto positivas quanto negativas. Não existe uma lista específica de emoções que seja consenso na literatura científica. As emoções podem ser divididas em duas grandes categorias no que se refere ao conceito de afetos positivos e negativos. Em termos positivos têm o estado feliz-alegre; próximo-íntimo; energia-vigor; relaxado-calmo. A categoria feliz-alegre descreve mais o estado emocional do parceiro. A categoria próximo-íntimo tem um foco mais interpessoal. As categorias energiavigor e relaxado-calmo referem-se são tidas como ambíguas. Por vezes, podem beneficiar o casal ou perturbá-los em outros momentos. Em termos negativos têm o estado depressivotriste; ansiedade-estado emocional geral; raiva-estado emocional geral; desprezo-negativismo ao parceiro; senso de fadiga; ciúme; culpa; vergonha e inveja. Considera-se que o terapeuta cognitivo-comportamental trata as emoções como tendo um papel central nos relacionamentos dos casais em discórdia. Palavras-chave: Emoção; Terapia Cognitivo-Comportamental; Casal Área temática: Intervenções na área da saúde O USO DO TESTE DE COMPREENSÃO DAS EMOÇÕES NUM CONTEXTO CLÍNICO Maíra Monteiro Roazzi (Departamento de Psicologia/ American School of Recife. Recife/PE) & Antonio Roazzi (Pós Graduação em Psicologia Cognitiva/ Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Recife / PE) A competência emocional foi definida como sendo a habilidade mais básica de entre os diferentes processos cognitivos. Diversos autores tem dado particular relevo à capacidade de identificar as emoções nas outras pessoas, particularmente, na identificação de emoções no rosto das pessoas (Noller, 1985). De acordo com Roazzi et al (2008) o interesse para o estudo desta competência decorre das implicações que tal construto desempenha, tanto em outras competências da criança como na teoria da mente, nas habilidades verbais e nas cognitivas em geral, como também nos diferentes âmbitos aplicativos: familiar, escolar e o mais abrangente social. De forma geral esta competência se desenvolve entre os 3 e 11 anos e se manifesta nas capacidades de reconhecer expressões faciais, de compreender a natureza, as causas e a possibilidade de controle das emoções. Entretanto o estudo acerca da competência emocional é uma das linhas de investigação no qual faltam instrumentos fidedignos e válidos. Em 2004 Pons, Harris e Rosnay (Roazzi et al, 2008) propuseram um paradigma de pesquisa que tem possibilitado investigar de forma mais precisa a compreensão das emoções em crianças considerando simultaneamente nove componentes que, em função do nível de desenvolvimento, podem ser agrupadas em três fases: uma fase externa (3-6 anos), uma fase mental (5-9 anos) e uma fase reflexiva (8-12 anos). O instrumento proposto por estes autores é o Test of Emotion Comprehension (TEC; Pons & Harris, 2000; Harris, Pons & de Rosnay, 2005). Tem sido detectada por Pons e Harris uma evolução de uma competência meta-emocional que pode ser distinta em três áreas de desenvolvimento: 1) Categorização das emoções em relação a sua natureza; 2) Compreensão das causas das emoções; 3) Controle das emoções. O TEC foi recentemente validado no Brasil, mas no momento seu uso tem se limitado ao mapeamento do perfil emocional de diferentes populações. O presente trabalho visa desenvolver um protocolo de uso do TEC dentro da prática da terapia cognitivo-comportamental infantil. Desta forma terapeutas poderiam utilizar dados não apenas qualitativos, mas também quantitativos na avaliação inicial de seus pacientes, traçando um perfil de seu repertório emocional. Estes dados poderiam guiar o clinico na elaboração de metas de tratamento, assim como auxiliar no monitoramento da evolução do paciente e na avaliação final pós-tratamento. Palavras-chave: Competência emocional; Teste de Compreensão das Emoções; Terapia Cognitivo-Comportamental. Área temática: Intervenções na área da saúde