RAFAEL AUGUSTO FERRAZ PROPAGAÇÃO E DESEMPENHO AGRONÔMICO DE VARIEDADES DE FIGUEIRA (Ficus carica L.) COM POTENCIAL DE CULTIVO Botucatu 2017 RAFAEL AUGUSTO FERRAZ PROPAGAÇÃO E DESEMPENHO AGRONÔMICO DE VARIEDADES DE FIGUEIRA (Ficus carica L.) COM POTENCIAL DE CULTIVO Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP – Câmpus de Botucatu, para obtenção do título de Doutor em Agronomia (Horticultura). Orientadora: Profª. Drª. Sarita Leonel Botucatu 2017 AGRADECIMENTOS Deus, por me guiar todos os dias em minha vida. Toda minha família, em especial meus pais, Geraldino e Maria Josefina, e irmãos, Marcos e Leonardo. Minha linda e adorável namorada, Olívia, por toda compreensão e carinho durante esses últimos anos. Faculdade de Ciências Agronômicas, em especial ao departamento de Horticultura e todos seus funcionários pela ajuda, em especial o Sr. Lima. Minha orientadora Profª Drª Sarita Leonel pelos ensinamentos transmitidos, apoio e confiança. Aos professores Aloisio Costa Sampaio, Marco Antonio Tecchio e Regina Marta Evangelista pela atenção e auxílio oferecidos durante a condução do presente trabalho. À UNESP de Ilha Solteira/SP pelo fornecimento das estacas e ao Luis Lessi pela ajuda no planejamento e montagem do experimento. A todos meus amigos e colegas de pós-graduação durante esses últimos anos, em especial Jackson Mirellys, Joyce Helena, Bruno Leite, Rafael Bibiano, Marcelinho, Lucas Lencioni, Ana Carolina, Luis Lessi, Daniela Segantini, Erika Suzuki, Falkner Santana, Lucas Ferenzini, Sthefani Oliveira, Joara, Bruno Novaes (Bubu), Alexandre Mansano (Pagode), Aline Mendes, Gui Rago, Thais Botamede, Fabrício Custódio (Piauí), Luan Ormond, Maurício Nasser, Adelana Santos, Paulo Ferreira, Ana Paula, Adilson Pimentel e Hector Gomez por momentos de diversão e ajuda em diversos trabalhos. Aos meus amigos de república desses últimos anos Raphael (Formiga), Bernardo (Potter), Thomas (Lucélia), Thiago (Flanela), Pablo Dominguez, Tiago Alexandre, Daniel Franco (Gaúcho), Rodrigo Nowaki, Rodrigo Guimarães, ‘Tó’ e Túlio pelos momentos de convívio e diversão. A todos que de alguma forma contribuíram para esta conquista. RESUMO No Brasil, a figueira (Ficus carica L.) é cultivada com o emprego de praticamente uma única variedade, a Roxo de Valinhos, e sua colheita ocorre num período de entressafra da produção da fruta fresca no Hemisfério Norte. Sendo assim, são amplas as possibilidades de exportação do fruto brasileiro, pois ele entra no mercado internacional a partir de dezembro, logo após a safra dos países mediterrâneos, que são os maiores produtores. Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho propagativo e agronômico e a qualidade dos frutos de quatro variedades de figueira com potencial de cultivo no estado de São Paulo. O experimento foi realizado na Fazenda Experimental Lageado, da Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP de Botucatu/SP, situada a 22° 51’ 55” S e 48° 26’ 22” O e a 810 m de altitude. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com quatro tratamentos, correspondentes às variedades Roxo de Valinhos, White Genova, PI – 189 e Troiano, quatro repetições e seis plantas por parcela experimental para a análise do desempenho agronômico. Após a poda drástica de produção, as estacas foram usadas para a análise do desempenho propagativo, onde o delineamento experimental utilizado foi inteiramente ao acaso, em esquema fatorial 4 x 2 (variedades x com e sem aplicação do ácido indolbutírico a 2000 mg L-1), com quatro repetições e dez estacas por parcela experimental. No que se refere à avaliação propagativa, as estacas que não receberam tratamento com ácido indolbutírico (AIB) tiveram maior porcentagem de estacas vivas e enraizadas, com exceção da variedade Troiano, que não apresentou diferença na aplicação, além de obter os maiores valores de comprimento da maior raiz ao lado de ‘PI – 189’. A variedade Roxo de Valinhos, ao lado de White Genova, foi a variedade que brotou mais rápido e a que apresentou maior número de brotações em todas as avaliações após a poda. A variedade Troiano obteve os maiores valores de diâmetro e comprimento dos ramos, além de ter produzido mais frutos por planta, sendo estes de baixo diâmetro, comprimento e massa, tornando-se possível seu fornecimento, principalmente para a indústria, em um período já de entressafra no estado de São Paulo, devido à sua colheita mais tardia. As variedades Roxo de Valinhos e White Genova obtiveram frutos com maior massa, diâmetro e comprimento, sendo grandes as chances de exportação dos frutos dessas variedades para consumo in natura. Palavras-chave: Figo, ‘Roxo de Valinhos’. AIB. Área foliar. Sazonalidade de colheita. ABSTRACT In Brazil, virtually is cultivated an only variety of fig, Roxo de Valinhos, and its harvest occurs in a period of off-season of fresh fruit production in the Northern Hemisphere. So, are large the export possibilities because the Brazilian product enters in the market from December after the harvest of Mediterranean countries, which are the largest producers. In this context, the aim of this project is evaluate the propagative and agronomic performance and quality of fruits in four varieties of fig tree with cultivation potential in São Paulo state. The experiment was conducted at the Experimental Farm Lageado of School of Agriculture of São Paulo State University at Botucatu/SP, located at 22° 51’ 55” S e 48° 26’ 22” O and 810 m altitude. The experimental design was randomized blocks with four treatments, corresponding to the varieties Roxo de Valinhos, White Genova, PI – 189 and Troiano, with four repetitions and six plants per plot for the agronomic performance analysis. After drastic production pruning, the cuttings were used for propagation performance analysis, where the experimental design used was entirely at random, in factorial scheme 4 x 2 (varieties x whith or without application of índole-butyric acid to 2000 mg L-1), with four repetitions and ten cuttings per plot. As resgards the propagation performance, the cuttings that did not receive treatment with indole-butyric acid (IBA) had a higher percentage of live and rooted cuttings, except the Troiano variety, which showed no difference in the application, besides obtaining the highest root length values next to ‘PI – 189’. The Roxo de Valinhos variety, next to White Genova, was the variety that sprouted faster and which showed higher number of shuts al all evaluations after pruning. The Troiano variety obtained the highest values of diameter and length of branches, besides having produced more fruits per plant, being these of low diameter, length and mass, making it possible to supply, mainly for the industry, in a period already off-season in the state of São Paulo, due to its later harvest. The Roxo de Valinhos and White Genova varieties obtained fruits with higher mass, diameter and length, being great the chances of exporting the fruits of these varieties for consumption in natura. Keywords : Fig. ‘Roxo de Valinhos’. IBA. Foliar area. Harvest seasonality LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Mapa dos produtores de figo do estado de São Paulo, 2007/2008 ........... 21 Figura 2 - Área experimental na Fazenda Lageado em Botucatu/SP ......................... 39 Figura 3 - A – antes da poda drástica de produção. B – após poda drástica de produção ............................................................................................................................ 41 Figura 4 - Câmara de nebulização intermitente no Departamento de Ciência Florestal ............................................................................................................................................ 44 Figura 5 - A – estaca com corte em bisel. B – plantio das estacas em sacolas plásticas ............................................................................................................................. 45 Figura 6 - A – mudas prontas para avaliação aos 90 dias após o plantio. B – Mudas em avaliação no Departamento de Horticultura ............................................................. 46 Figura 7 - A - área experimental logo após a poda de produção. B – área experimental no período de colheita ............................................................................... 48 Figura 8 - Número de brotos por ramo em quatro variedades de figueira – Botucatu 2016 .................................................................................................................................... 61 Figura 9 - Diâmetro médio dos ramos em quatro variedades de figueira – Botucatu 2016 .................................................................................................................................... 62 Figura 10 - Comprimento médio dos ramos em quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 ................................................................................................................. 63 Figura 11 - Número médio de entrenós dos ramos em quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 .............................................................................................................. 64 Figura 12 - Número de folhas por planta em quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 ................................................................................................................................. 66 Figura 13 - Área foliar por planta em quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 ............................................................................................................................................ 67 Figura 14 - Folhas das quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 ................... 68 Figura 15 - Temperatura média mensal, precipitação pluviométrica e período de colheita em quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 ...................................... 70 Figura 16 - Duração em dias dos períodos: poda (03/08) - brotação; brotação - início da colheita; início da colheita - final da colheita de quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 ................................................................................................................. 72 Figura 17 - Frutos das variedades: A - Roxo de Valinhos; B - White Genova; C - PI – 189 (Irradiado); D - Troiano .............................................................................................. 77 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Produção mundial de figo em 2014 .............................................................. 20 Tabela 2 - Área colhida (ha) de figo no Brasil de 2010 a 2015 .................................... 20 Tabela 3 - Produção (t) de figo no Brasil de 2010 a 2015 ............................................ 21 Tabela 4 - Médias mensais das temperaturas mínimas, máximas e médias (ºC), precipitação pluviométrica (mm), umidade relativa média (%), número de horas de frio (NHF) abaixo de 7 e 13ºC e radiação solar (MJ m-2) – Botucatu – 2015/2016 .... 40 Tabela 5 - Características químicas do solo na profundidade 0-20 cm – Botucatu 2012 .................................................................................................................................... 41 Tabela 6 - Porcentagem (%) de estacas vivas e enraizadas, com e sem utilização de ácido indolbutírico (AIB) em quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 ........... 54 Tabela 7 - Percentagem (%) de estacas brotadas e número médio de brotos em estacas com e sem utilização de ácido indolbutírico (AIB) em quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 ................................................................................................ 55 Tabela 8 - Comprimento da maior raiz (cm) e volume das raízes (cm3) de estacas de quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 ........................................................... 56 Tabela 9 - Número de folhas, massa seca foliar (mg) e massa seca da raiz (mg) em estacas com e sem utilização de ácido indolbutírico (AIB) em quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 ................................................................................................ 58 Tabela 10 - Dias após a poda (DAP) para início da brotação em quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 ........................................................................................... 60 Tabela 11 - Teor de clorofilas das folhas de quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 ................................................................................................................................. 68 Tabela 12 - Produção e produtividade para quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 ................................................................................................................................. 69 Tabela 13 - Acúmulo de graus-dia (GD) e número de dias nas diferentes fases fenológicas em quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 ................................ 74 Tabela 14 - Diâmetro equatorial (DE), comprimento (diâmetro longitudinal – DL) e massa dos frutos de quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 ....................... 75 Tabela 15 - pH, sólidos solúveis, acidez e ratio (SS/AT) dos frutos de quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 ....................................................................... 77 Tabela 16 - Ácido ascórbico, açúcares redutores e não-redutores dos frutos de quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 ........................................................... 79 Tabela 17 - Polifenólicos, flavonóides e capacidade antioxidante dos frutos de quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 ....................................................................... 80 Tabela 18 - Clorofila A, clorofila B, antocianinas e carotenóides dos frutos de quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 ....................................................................... 82 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 17 2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 19 2.1 Importância econômica da cultura da figueira .............................................. 19 2.2 Caracterização botânica ............................................................................... 21 2.3 Ecofisiologia, crescimento e desenvolvimento da figueira ........................... 24 2.4 Propagação da cultura da figueira................................................................ 26 2.5 Variedades de figueira ................................................................................. 29 2.6 Estudos fenológicos ..................................................................................... 32 2.6.1 2.7 3. Estudos fenológicos na figueira ............................................................. 33 Qualidades físico-químicas e bioquímicas dos frutos................................... 34 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 39 3.1 Localização e caracterização da área experimental ..................................... 39 3.2 Instalação e condução do experimento ........................................................ 40 3.3 Tratamentos ................................................................................................. 42 3.4 Delineamento experimental .......................................................................... 43 3.5 Enraizamento de estacas de quatro variedades de figueira com e sem ácido indolbutírico ............................................................................................................ 43 3.6 3.6.1 Brotação e crescimento ......................................................................... 46 3.6.2 Produção e produtividade ...................................................................... 47 3.6.3 Sazonalidade de colheita e soma térmica expressa em graus-dia ........ 48 3.7 4. Fenologia, crescimento e sazonalidade de quatro variedades de figueira ... 46 Aspectos qualitativos dos frutos de quatro variedades de figueira ............... 49 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 53 4.1 Enraizamento de estacas de quatro variedades de figueira com e sem ácido indolbutírico ............................................................................................................ 53 4.2 Fenologia, crescimento e sazonalidade de quatro variedades de figueira .. 59 4.2.1 Brotação e crescimento......................................................................... 59 4.2.2 Produção e produtividade ..................................................................... 69 4.2.3 Sazonalidade de colheita e soma térmica expressa em graus-dia ....... 71 4.3 Aspectos qualitativos dos frutos de quatro variedades de figueira .............. 75 5. CONCLUSÕES .................................................................................................. 85 6. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 87 17 1. INTRODUÇÃO A figueira (Ficus carica L.) é uma das mais antigas frutíferas cultivadas no mundo, originária da Ásia menor e da Síria, na região mediterrânea, apresentando excelente adaptação aos diferentes climas, sendo cultivada tanto em regiões subtropicais quentes, como em regiões de clima temperado, sendo introduzida no Brasil pela primeira expedição colonizadora no ano de 1532 (ABRAHÃO et al., 1990). A maior parte da produção mundial concentra-se na região da Bacia Arábica do Mediterrâneo, compreendida pelos seguintes países: Turquia, Egito, Argélia, Marrocos e Irã. A Turquia tem atualmente a maior produção de frutos. Outros países fora dessa região também têm produção significativa de figo, como EUA e Brasil, que foi o 9º maior produtor mundial em 2014, com 28.053 toneladas produzidas (FAO, 2014). Conforme dados do IBGE (2015), o Brasil passou das 25.727 t produzidas em 2010 para 29.063 t produzidas em 2015, numa área de 2.855 ha, com produtividade média de 10 t ha-1. Atualmente, os maiores estados produtores brasileiros são Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais. No Estado de São Paulo, houve um crescimento significativo da produção nos últimos anos, passando de 5.309 t em 2010 para 11.157 t em 2015, enquanto o Rio Grande do Sul manteve a média na faixa de pouco mais 11 mil t. Mesmo com uma área colhida menor (642 ha) quando comparado aos 1590 ha do Rio Grande do Sul, São Paulo conseguiu ter uma produtividade maior, 17,38 t ha-1, enquanto Rio Grande do Sul teve 7 t ha-1 (IBGE, 2015). Na região de Campinas/SP, destaca-se, principalmente, o município de Valinhos, onde a cultura se desenvolveu inicialmente no estado, e concentra mais de 80% da produção paulista de figo. Por se tratar de uma fruta climatérica, ou seja, com maturação após a colheita, o figo tem pouco tempo de prateleira, o que dificulta a atividade de exportação. Com isso, mesmo alguns países tendo grandes produções, estas se destinam principalmente ao mercado interno, ficando o Brasil (figo partenocárpico: Roxo-de-Valinhos) e a Turquia (tipo polinizado: Smirna) como 18 importantes fornecedores de figo ao mercado internacional (LEONEL & SAMPAIO, 2011). No Brasil, a figueira é cultivada praticamente com o emprego de uma única variedade, a Roxo de Valinhos, caracterizada por apresentar grande valor econômico, rusticidade, elevado vigor e produtividade, além de boa adaptação às podas drásticas. Seus frutos podem ser utilizados tanto para consumo in natura como para a indústria (MAIORANO et al, 1997; PENTEADO, 1999). As diversas outras variedades de figo possuem características intrínsecas, importantes na escolha de qual se cultivar em uma propriedade comercial. Assim, o conhecimento das características de cada variedade é de suma importância para saber o destino da produção e as formas de manejo cultural a serem adotadas. A colheita brasileira do figo ocorre num período de entressafra da produção da fruta fresca no Hemisfério Norte. Assim, são amplas as possibilidades de exportação, pois o produto brasileiro entra no mercado internacional a partir de dezembro, logo após a safra dos países mediterrâneos (FRANCISCO et al., 2005). Alguns países como os EUA e a Turquia, possuem programas de melhoramento genético consolidados. No caso do Brasil, a necessidade emergencial é a introdução de novas variedades com potencial para a diversificação da ficicultura nacional, com estudos de caracterização fenológica e pomológica quanto à adoção do manejo de podas drásticas e podas leves, em sistemas de vaso baixo ou em eixo central baixo revestido, preconizando a produção de figos lampos (PIO & CHAGAS, 2011). Nesse contexto, o trabalho teve como objetivo caracterizar variedades de figueira, desde sua propagação até seu desenvolvimento no campo e qualidade dos seus frutos produzidos, fornecendo um leque maior de opções aos produtores, já que as perspectivas e possibilidades de expansão do cultivo da figueira no Estado de São Paulo são promissoras, com um potencial expansivo de produção no interior paulista, principalmente em função da boa adaptação da cultura e da proximidade do mercado consumidor, além das significativas exportações de figo in natura. 19 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Importância econômica da cultura da figueira A figueira (Ficus carica L.) é cultivada desde os tempos mais remotos. Na Bíblia, há citações em diversas passagens relacionadas ao cultivo dessa espécie. No período que marcou a queda do Império Romano, a figueira foi levada ao redor da costa Atlântica, na África e no sul da França. É uma das espécies frutíferas cultivadas mais antigas e, em muitos países, a figueira é tida como símbolo da fertilidade e fecundidade. Ela é originária do sul da Arábia, de onde foi difundida para a Europa e, posteriormente, para a América. Outras fontes indicam ser a figueira oriunda da Ásia Menor, mais especialmente da região da Cária (CHALFUN et al., 2012a). No Brasil, e provavelmente no estado de São Paulo, a figueira foi introduzida com o advento da primeira expedição colonizadora de Martin Afonso de Souza, no ano de 1532 (ABRAHÃO et al., 1990). Somente a partir de 1910, passou a ser cultivada comercialmente na região compreendida pelo antigo distrito de Valinhos, ainda pertencente na época à cidade de Campinas, hoje município de Valinhos e conhecido como a “Capital nacional do Figo Roxo” (PENTEADO, 1999). Ainda segundo o mesmo autor, o introdutor do Figo Roxo em Valinhos foi o Sr. Lino Busatto, imigrante italiano, que chegou por volta de 1898, e teve a iniciativa de mandar vir de uma região da Itália, próxima ao Mar Adriático, algumas mudas de figueiras, que ao chegarem encontraram fácil adaptação; tratadas com cuidado, prosperaram e seus figos, de coloração roxoescura, tornaram-se desde então conhecidos como ‘Roxo de Valinhos’. O Brasil vem se destacando nos últimos anos como grande produtor mundial de figo, alcançando a nona colocação em 2014, com 28.053 toneladas produzidas (Tabela 1). Segundo Fachinello et al. (2011), a cultura da figueira apresentou crescimento significativo nos últimos anos, incrementando em 45,72% o volume produzido, 116,16% na quantidade e 404,03% no valor exportado. 20 Os principais países importadores do figo brasileiro são Holanda, França, Alemanha e Reino Unido (FAOSTAT, 2014). Tabela 1 - Produção mundial de figo em 2014 Posição País Produção (toneladas) 1º Turquia 300 282 2º Egito 176 105 3º Argélia 128 620 4º Marrocos 126 554 5º Irã 72 672 6º Syrian Arab Republic 35 301 7º EUA 30 300 8º Espanha 28 896 9º Brasil 28 053 10º Tunísia 27 000 Fonte: FAO – Food and Agriculture Organization, production crops. No Brasil é uma cultura que se encontra praticamente em três estados produtores (Tabela 2 e 3): Rio Grande do Sul, que tem a maior área colhida e maior produção, principalmente de figos verdes para indústria; São Paulo em segundo, principalmente para figos in natura, estado que vem aumentando sua produção; e Minas Gerais na terceira posição. Tabela 2 - Área colhida (ha) de figo no Brasil de 2010 a 2015 2010 2011 2012 2013 2014 2015 São Paulo 332 450 560 574 546 642 Rio Grande do Sul 1714 1780 1588 1530 1573 1590 Minas Gerais 475 586 575 513 497 433 Brasil 2933 3041 2925 2814 2807 2855 Fonte: IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, produção agrícola municipal. No estado de São Paulo (Figura 1), na safra 2007/2008 destacou-se o município de Valinhos, tendo a maior área plantada, em torno de 239,1 hectares, seguido pelos municípios de Campinas com 135,7 hectares, Louveira e Itatiba, com aproximadamente 40,5 e 32,5 hectares plantados, respectivamente (CATI, 2016). 21 Tabela 3 - Produção (t) de figo no Brasil de 2010 a 2015 2010 2011 2012 2013 2014 2015 São Paulo 5309 7257 10550 10737 9916 11157 Rio Grande do Sul 10025 11259 10032 10217 10940 11330 Minas Gerais 4968 6018 5920 5851 5767 5190 Brasil 25727 26233 28010 28253 28044 29063 Fonte: IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, produção agrícola municipal. O volume comercializado em 2013, na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo - CEAGESP foi de 1369 toneladas de figo, sendo que o preço médio mais que dobrou entre 2010 e 2015, saltando de R$5,64/kg em 2010 para R$12,11/kg em 2015 (AGRIANUAL, 2015), demonstrando assim, o potencial de expansão da cultura no estado. Figura 1 - Mapa dos produtores de figo do estado de São Paulo, 2007/2008 Fonte: CATI – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, projeto LUPA 2007/2008. 2.2 Caracterização botânica 22 A figueira, Ficus carica L., pertence à família Moraceae, a qual inclui mais de 60 gêneros e 1500 espécies de árvores, arbustos e trepadeiras. O maior gênero dessa família é o gênero Ficus, abrangendo mais de 1000 espécies (CHALFUN et al., 2012b). A planta chega a atingir de 3 a 7 metros de altura, sendo considerada uma árvore de médio a grande porte, mesmo em regiões de climas semiáridos e solos pobres e lugares com inverno rigoroso. No Brasil, em virtude das técnicas culturais utilizadas, especialmente as podas anuais de frutificação realizadas no inverno, seguidas de desbrotas que condicionam o desenvolvimento de um número determinado de ramos por ano, a planta adquire um porte arbustivo, que diminui sua longevidade econômica (PEREIRA & NACHTIGAL, 1999). O sistema radicular da figueira caracteriza-se como fasciculado. Não havendo predominância de uma raiz principal, tendo várias em torno do tronco, com disposição radial e facilmente visível em exemplares adultos. As raízes são bastante superficiais, fibrosas, abundantes e muito frágeis, por volta de 80% delas se encontram nas profundidades entre 20 e 45 cm. Utilizando-se cobertura morta para a proteção do solo, podem apresentar raízes com comprimento superior a 8 metros. O sistema radicular da figueira é considerado um órgão de extrema importância, pois é ele quem armazena as reservas (carboidratos), durante o inverno, período em que a planta permanece em repouso vegetativo (MATSUURA et al., 2001). O tronco possui formação muito variada e madeira pouco densa. A inserção dos ramos primários, secundários e ramos produtivos são grossos, com tendência a formar arcos, contudo são pouco visíveis no sistema de produção que exige podas drásticas (PEREIRA & NACHTIGAL, 1999). As folhas da figueira são grandes, palmadas, alternas e com grandes estípulas. Inserem-se em um pecíolo largo e grosso. Seu contorno esta marcado por um número de lóbulos interiores entre três e sete, profundamente marcados, que, segundo Dominguez (1990), servem de base para definir varietalmente um indivíduo. Apresentam coloração verde intenso e brilhante, são ásperas ao tato por sua pilosidade rígida. Existem variedades praticamente isentas de aspereza, recordando as outras espécies de figueiras, dando por esse motivo bases para sua classificação varietal. 23 A figueira é caracterizada pela presença de células lactíferas, principalmente nos ramos e pecíolo foliar, que exsudam uma substância denominada de ficina, enzima proteolítica que é responsável por queimaduras de segundo grau quando em contato com a pele (MURAYAMA, 1984). As flores da figueira apresentam características particulares, sendo unissexuadas. As flores femininas se encontram repartidas dentro de um receptáculo carnoso e lobular, cuja única saída para o exterior é o ostíolo onde se inserem as flores masculinas (PEREIRA, 1981). Existem três tipos de flores: as pistiladas (femininas) com estilo curto, as pistiladas femininas com estilo longo e as estaminadas (masculinas). De acordo com Pereira e Nachtigal (1999), ambas as flores pistiladas são simples, carpeladas e com um estigma bífido. As flores pistiladas (femininas) de estilo curto apresentam um ovário, aproximadamente, globoso e um estilo em cerca de 0,7 mm de comprimento, sendo adaptadas a ovoposição da vespinha-do-figo (Blastophaga psenes), processo esse chamado de caprificação, o qual ocorre somente nos caprifigos, também chamados de selvagens ou boloitos. As flores de estilo longo apresentam um ovário mais ou menos ovóide ou elipsóide e o estilo com 1,75 mm de comprimento, não adaptado a ovoposição da vespinha-do-figo. O tipo de fruto é o sicônio, ou seja, um fruto carnoso agregado, no qual os ovários são originados de um aumento na cavidade do receptáculo (a fruta, comumente chamada de figo, não é, pois um fruto, mas uma infrutescência). Na parte terminal do fruto existe um orifício, que liga a cavidade do receptáculo com o exterior (SIMÃO, 1971). Os frutos verdadeiros da figueira são os aquênios, que se formam pelo desenvolvimento dos ovários. Os aquênios normais apresentam um embrião envolvido pelo endosperma e pelo tegumento. Os figos não polinizados podem apresentar aquênios com o ovário esclerificado, porém ocos. A parte suculenta do figo comestível consiste, principalmente, de tecido parenquimatoso dos órgãos florais, cujas células se tornam maiores e armazenam substâncias de reserva. A variedade Roxo de Valinhos, mais comum no estado de São Paulo, tem uma fruta de tamanho grande, quando destinada ao consumo in natura, podendo pesar de 70 a 100 gramas, piriforme alongado, com 24 pedúnculo curto. Na parte basal do fruto fica o ostíolo, conhecido como “olho” do figo, muito aberto, podendo apresentar o inconveniente de facilitar a entrada de fungos e insetos. A coloração externa é roxo-escura e a polpa, rosada-violácea. Apresenta uma cavidade central ampla. Os figos quando maduros são destinados ao mercado de mesa; o figo meio maduro, para a produção do doce de figo, os figos verdes pesando por volta de 20 a 30 gramas são empregados para produção de doces cristalizados ou compotas, para fins de industrialização, outros tipos como: “inchado”, constituído por figos já bastante desenvolvidos, pesando 40 a 50 gramas e apresentando início de coloração roxo-avermelhada (RIGITANO, 1955). Para Penteado (1999), a colheita deve ser realizada no estádio de maturação designado de verde-arroxeado, porém fisiologicamente maduros, ou seja, quando se apresentam completamente inchados, com coloração verde-escura modificada para roxo bronzeado, estando na fase inicial de perda de consistência firme. O roxo de Valinhos quando maduro, deteriora-se com facilidade, principalmente quando amadurece em épocas chuvosas e quentes, por isso deve ser colhido logo que atinja o ponto de maturação, também designado “de vez”. 2.3 Ecofisiologia, crescimento e desenvolvimento da figueira Quanto à ecofisiologia da figueira pode-se dizer que é uma árvore pouco exigente em solos, cresce bem em lugares pedregosos, áridos e até em solos pouco profundos, no entanto prefere solos com boa permeabilidade, férteis e bem drenados. Para produzir frutos de qualidade requer solos ricos em cálcio, e que não sejam excessivamente úmidos. Podendo ser solos arenosos de pH ligeiramente ácido a neutro (sendo o ideal para a cultura em torno de 5,6 a 6,8.). A figueira adapta-se bem aos diversos tipos de solos, porém de maneira geral, os solos mais apropriados são os solos areno-argilosos, bem drenados e com bom teor de matéria orgânica (BOLIANI & CORRÊA, 1999). Segundo Simão (1998), a figueira é uma planta subtropical de folhas caducas, tendo seu cultivo mais limitado pelas baixas temperaturas de inverno do que pelas altas temperaturas de período de verão. Para Almeida e Silveira (1997), essa cultura tem seu melhor desenvolvimento na faixa de temperatura média de 20ºC a 25ºC, e em temperaturas inferiores a 15ºC seu desenvolvimento vegetativo é retardado. A figueira adulta resiste às temperaturas de 25 até -1,5ºC, entretanto, as brotações são bastante sensíveis às temperaturas baixas (BOLIANI & CORRÊA, 1999). A necessidade de frio refere-se ao número de horas com temperaturas iguais ou inferiores a 7,2ºC, sendo fundamental para provocar a quebra da dormência e a consequente floração, brotação e frutificação (MONTEIRO et al., 2004; PENTEADO, 2004). Segundo Antunes (1985), a figueira é pouco exigente em frio, adaptando-se às regiões com 0-150 horas. Outros autores também reportam a pequena exigência de frio para a superação do repouso hibernal pela figueira (PEREIRA, 1981; FACHINELLO et al., 1996). Por ser considerada uma planta de exigências marginais quanto à temperatura, o figo geralmente atinge melhor qualidade em áreas onde as temperaturas no verão (principalmente próximo à colheita) são relativamente altas durante o dia e amenas no período noturno, propiciando aumento do teor de açúcares e uniformização da coloração do fruto (SOUZA & SILVA, 2011). Nas condições do estado de São Paulo, de maneira geral, as precipitações pluviométricas são suficientes para o desenvolvimento da figueira. No entanto, a irrigação pode ser utilizada com vantagens nos períodos de estiagens como corretivo da má distribuição das chuvas e, principalmente, quando se deseja antecipação da colheita, para alcançar preços mais competitivos no mercado (LEONEL & TECCHIO, 2008). O cultivo da figueira sob ambiente bem iluminado permite que a planta tenha um crescimento vigoroso e produza frutos de excelente qualidade (CHALFUN, 2012). O aproveitamento adequado da luz está estreitamente relacionado com a taxa fotossintética. Dentre os fatores envolvidos na produtividade agrícola, a fotossíntese é o que exerce maior influência. A elevação da taxa fotossintética depende, dentre outros fatores, do máximo aproveitamento da luz disponível, o qual pode ser obtido pela manipulação cultural. As formas de manipulação cultural compreendem uma população de plantas adequadas ao objetivo da exploração, arranjos foliares mais erectófilos, disposição das linhas de 26 plantio na direção norte-sul e técnicas de manejo de copa, tais como: podas, desfolhamento e modificação da arquitetura da planta (BERNARDES, 1987). O sombreamento leva à redução da fotossíntese total da planta, pois, folhas sombreadas apresentam menores taxas fotossintéticas e assim contribuem menos ou negativamente para a produção da planta do que as folhas expostas ao sol. Folhas de sol caracterizam-se, entre outras, pelo maior teor de clorofila e rubisco, maior densidade estomática, menor área foliar e maior peso de folha por superfície (BERNARDES, 1987; LARCHER, 2004; ALMEIDA et al., 2004). A produção fotossintética não aumenta indefinidamente com o IAF (Índice de Área Foliar), sendo limitada pelo sombreamento que as folhas superiores exercem sobre as inferiores. O autosombreamento no dossel provoca decréscimo na taxa fotossintética média em função do aumento do IAF e reduz a formação de gemas reprodutivas (JACKSON, 1980; BERNARDES, 1987; LUCCHESI, 1987; KRUGER & VOLIN, 2006). De acordo com Pimentel (1998), as plantas que apresentam uma grande área foliar podem interceptar mais energia luminosa, porém também apresentarão uma grande superfície de transpiração, o que é indesejável principalmente para plantas C3 que têm baixa eficiência no uso da água. Como a energia luminosa não é um fator limitante para a agricultura em regiões tropicais, deve ser feita à seleção de plantas que apresentem menor área especifica de folhas, ou seja, plantas com maior peso de folha por unidade de área. Como a atividade fotossintética é função do número de cloroplastos, seja disposta horizontalmente (maior área foliar) ou verticalmente (maior espessura e área especifica), uma folha mais espessa e menos larga manterá com isso, alta atividade fotossintética por unidade de área, com menor superfície de transpiração, o que permitiria o adensamento de plantio. 2.4 Propagação da cultura da figueira A figueira é uma frutífera que pode ser propagada por via sexuada, através de sementes, ou via assexuada, utilizando-se da estaquia, rebentões e enxertia (SILVA, 1983). É a estaquia o método de propagação mais utilizado nesta cultura, por meio de estacas caulinares lenhosas 27 oriundas da poda hibernal efetuada, normalmente, entre os meses de junho e julho (ALVARENGA et al., 2007). A estaquia é um método de propagação no qual ocorre a indução do enraizamento adventício em segmentos destacados da plantamãe que, uma vez submetidos às condições favoráveis, originam uma muda (FACHINELLO et al, 2005). No Estado de São Paulo, o processo mais utilizado é a estaquia diretamente no campo, com estacas provenientes de ramos que se desenvolveram no ano anterior e estes devem ter entre 30 a 40 cm de comprimento e 1,5 a 3,0 cm de diâmetro. A estaquia no local definitivo deve ser feita de tal modo que apenas duas gemas apicais fiquem acima do nível do solo ou um terço do comprimento da estaca, e as demais gemas são cobertas com solo (BEZERRA, 2007). Essa prática vem acarretando elevado custo de implantação do pomar, devido ao baixo índice de enraizamento das estacas, por não haver coincidência da estaquia com o período chuvoso, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, originando desuniformidade na formação do figueiral e, muitas vezes, necessidade de replantio (GONÇALVES et al, 2003). A solução para a propagação da figueira seria o enraizamento prévio das estacas em ambiente protegido, propiciando a seleção de plantas de qualidade e plantio no período chuvoso, possibilitando a obtenção de um pomar uniforme e vigoroso. Neste caso, a utilização de estacas de menores dimensões facilita o manejo das mudas, frente à utilização de recipientes de menor dimensão e, consequentemente, aumentando a densidade de mudas no viveiro (OHLAND et al., 2009). A época do ano está estreitamente relacionada com a consistência da estaca; estacas coletadas no período de crescimento vegetativo intenso (primavera/verão) apresentam-se mais herbáceas e, de modo geral, mostram maior capacidade de enraizamento quando coletadas nessa época, enquanto estacas coletadas no inverno possuem maior grau de lignificação e tendem a enraizar menos (FACHINELLO et al., 2005). A época de plantio variará de acordo com o tipo de muda escolhido. Caso utilize-se de mudas de raízes nuas ou estacas, recomenda-se 28 o plantio entre os meses de junho e julho, caso a escolha for mudas produzidas em recipientes, estas poderão ser plantadas em qualquer época do ano, preferivelmente na estação das águas (DAMATTO JUNIOR, 2011). Para acelerar e promover o enraizamento de estacas, podem ser empregados reguladores de crescimento, os quais levam à maior porcentagem de formação de raízes, melhor qualidade das mesmas e uniformidade no enraizamento. A utilização de reguladores vegetais tem por finalidade induzir o processo rizogênico, aumentar a porcentagem de estacas que formam raízes, o número e qualidade das raízes formadas e a uniformidade no enraizamento (MIRANDA et al., 2004). O grupo de reguladores vegetais usados com maior freqüência é o das auxinas, que são essenciais no processo de enraizamento, possivelmente por estimularem a síntese de etileno favorecendo a emissão de raízes (NORBERTO et al., 2001). O uso exógeno de substâncias promotoras de crescimento, como as auxinas, pode acelerar o processo de enraizamento das estacas, além de manter a qualidade das raízes (PIO, 2002). A principal função das auxinas no processo inicial de formação de raízes está relacionada com a atuação desse hormônio na divisão e no alongamento celular. Ainda conforme o mesmo autor, a concentração ideal de reguladores de crescimento a ser aplicada varia com a espécie que está sendo trabalhada e com a época do ano em que as estacas são retiradas das plantas matrizes. Portanto, é muito importante que tais concentrações sejam calculadas de forma correta. O aumento da concentração de ácido indol- butírico (AIB) aplicado nas estacas provoca efeito estimulador da emissão de raízes até um valor máximo, a partir do qual qualquer acréscimo de AIB tem efeito inibitório (FACHINELLO et al., 1995). Sendo assim, dependendo da concentração endógena de auxinas, a aplicação de AIB poderá causar desbalanceamento interno de tal substância, podendo ocorrer estímulo ou inibição da iniciação radicular. Albuquerque e Albuquerque (1981), estudando a aplicação exógena de AIB e ácido naftaleno acético (ANA) na base das estacas lenhosas de figueira, observaram que a concentração de 3000 mg kg-1 de AIB promoveu maior porcentagem de estacas brotadas e enraizadas. Pio (2002), quando usou imersão rápida, observou um acréscimo na porcentagem de estacas 29 enraizadas até uma concentração ótima de AIB de 2033,33 mg L-1 com 80 % de estacas enraizadas. Nunes (1981), trabalhando com estacas semilenhosas de figueira, variedade Roxo de Valinhos, verificou a necessidade de 800 mg L-1 de AIB, pelo método de imersão rápida, para se obter um maior índice de enraizamento das estacas. Segundo Hartmann e Kester (1990), o uso de AIB aplicado à base das estacas garante maior porcentagem de estacas enraizadas e melhor qualidade e uniformidade de enraizamento. 2.5 Variedades de figueira As principais variedades com potencial à diversificação da ficicultura brasileira distinguem-se em cinco grupos de figo da espécie Ficus carica de acordo com as três camadas de figo existentes (lampos, vindimos e boloitos) e a necessidade ou não de caprificação (MAIORANO et al. 2014; PIO & CHAGAS, 2011). As três camadas de figo existentes são: Figos lampos: iniciam a formação do fruto no outono, mas por causa do frio, ficam em hibernação durante o inverno. Na primavera seguinte, esses pequenos gomos que se encontram na extremidade dos ramos desenvolvem-se, amadurecendo no início do verão. São conhecidos como camada de verão. Figos vindimos: desenvolvem-se nos ramos do ano em vegetação, na axila das folhas. Iniciam sua formação na primavera e amadurecem do verão ao outono, sendo conhecidos como camada de outono. Figos boloitos: ocorrem somente nas figueiras baforeiras (selvagens). Iniciam seu desenvolvimento no outono, ficam em hibernação durante o inverno e amadurecem na primavera. São conhecidos como camada de primavera, no entanto, os figos não são comestíveis. Sendo assim, os cinco grupos de figo são: 1- Grupo Cachopo (Ficus carica violacea): engloba as variedades produtoras de figos lampos e vindimos, dispensando caprificação. Principais variedades desse grupo: Roxo de Valinhos, Brunswick, Cachopeira, 30 Colhão-de-burro, Colo de Dama, Lampa Branca, Milheira Branca, Pingo de Mel, Princesa, Três num Prato e Da Ponte de Quarteira. 2- Grupo São Pedro (Ficus carica intermedia): as figueiras desse grupo produzem figos lampos e vindimos, sendo estes últimos com a necessidade de caprificação para fixação dos frutos. Principais variedades desse grupo: Lampa-preta e Carvalhal. 3- Grupo Comum ou Adriático (Ficus carica hortensis): variedades produtoras apenas de figos vindimos, dispensando caprificação para fixação dos frutos. Principais variedades desse grupo: Bêbera Branca, Burjassote Branco, Coelha, Cotia, Leitera, Moscatel de Odeáxeres, Rainha, Troiano, Urjal e White Genova. 4- Grupo Smirna (Ficus carica smyrniaca): variedades produtoras apenas de figos vindimos, com necessidade de caprificação para fixação dos frutos. Principais variedades do grupo: Euchária Branca e Euchária Preta. 5- Grupo Baforeira: variedades produtoras de figos lampos, vindimos e boloitos, exigindo caprificação de todas as camadas para que não se interrompa o ciclo biológico da Blastophaga psenes. Principais variedades desse grupo: Toque Branco e Toque Preto. Em razão da grande diversidade de variedades de figueiras domésticas, muitas vezes com características similares dentro de um mesmo grupo, há um grande problema nas descrições das variedades por causa do confundimento varietal. Desse modo é bastante freqüente que uma mesma variedade tenha nomes diferentes em uma mesma região e, principalmente, em diferentes países (PIO & CHAGAS, 2011). No Estado de São Paulo foram introduzidas cerca de 25 variedades de figueira, das quais a única cultivada comercialmente é a Roxo de Valinhos, que não mostrou diferenças em relação à variedade Brown Turkey introduzido no Brasil em 1941, identificada por alguns autores como San Piero (MURAYAMA, 1984). O figo 'Roxo de Valinhos' foi introduzido no Brasil, no início do século passado, pelo italiano Lino Bussato, no município de Valinhos-SP. Como produz figos de coloração roxo-escura e em homenagem ao município, recebeu então a designação de Roxo de Valinhos. É também conhecida como 31 ‘Corbo’, ‘Nero’, ‘Breva Negra’, ‘Grosse Violette de Bordeaux’, ‘Negro Largo’, ‘Portugal Black’, ‘Nigra’, 'Roxo', dentre outros. Também é reconhecida por alguns autores (MAIORANO et al., 1997; PIO & CHAGAS, 2011) como ‘Brown Turkey’. O figo é uma fruta de tamanho grande, quando destinada ao consumo in natura, podendo pesar de 70 a 100 gramas, piriforme alongado, com pedúnculo curto. Na parte basal do fruto está o ostíolo, muito aberto, podendo apresentar o inconveniente de facilitar a entrada de fungos e insetos. A coloração externa é roxo-escura e a polpa é rosada-violácea. A colheita deve ser realizada no estádio de maturação designado de verde-arroxeado, porém fisiologicamente maduros, ou seja, quando se apresentam completamente inchados, com coloração verde-escura modificada para roxo bronzeado, estando na fase inicial de perda de consistência firme. O fruto quando maduro, deteriora-se com facilidade, principalmente quando amadurece em épocas chuvosas e quentes, por isso deve ser colhido logo que atinja o ponto de maturação, também designado “de vez”, apresentando início de coloração roxo-avermelhada (BOLIANI & CORRÊA, 1999). Os figos quando maduros são destinados ao mercado de mesa; o figo meio maduro, para a produção do doce de figo e os figos verdes pesando por volta de 20 a 30, gramas são utilizados para produção de doces cristalizados ou compotas, para fins de industrialização (PENTEADO, 1999). Os figos 'Troiano' e 'White Genova' são variedades italianas do grupo comum, que produzem frutos por partenocarpia (DOMINGUEZ, 1990). A variedade White Genova apresenta plantas de vigor moderado com galhos espalhados e folhas grandes. Apresenta frutos grandes com peso médio de 80 gramas com formato oblíquo-piriforme, pescoço curto ou às vezes curvado, pedúnculo curto, polpa de textura gelatinosa, sabor suave, baixa qualidade e suscetível a deterioração (CONDIT, 1955). ‘Troiano’ consiste em uma variedade extensivamente cultivada nos EUA, sendo muito apreciada para a produção de frutos ao final do verão e início do outono. Planta vigorosa que apresenta frutos pequenos com peso médio de 35 gramas (CONDIT, 1955). 32 As seleções de figo mutagênico foram originadas de plantas formadas por estacas da variedade Roxo de Valinhos provenientes de gemas irradiadas com raios gama na dose de 30 Gy, sendo que a seleção PI-189 foi a que mais se destacou, apresentando características de desenvolvimento vegetativo das plantas, produção e qualidade dos frutos superiores à variedade original Roxo de Valinhos (RODRIGUES et al., 2009). 2.6 Estudos fenológicos A fenologia refere-se ao desenvolvimento dos eventos biológicos vegetativos e reprodutivos das plantas tais como brotamento, abscisão foliar, formação de botões, flores, frutos e suas relações com mudanças no ambiente biótico e abiótico (FERRAZ, 1999). Os levantamentos fenológicos fornecem informações sobre padrões de florescimento e de frutificação de uma espécie que são a base para se compreender, tanto o processo, quanto o sucesso reprodutivo (FISCH et al., 2000). Além disso, a avaliação do comportamento fenológico propicia o conhecimento e a definição das épocas em que ocorrem as diversas fases do período vegetativo das plantas, o que pode auxiliar na escolha das práticas culturais indicando, por exemplo, a melhor época de colheita e de plantio para cada espécie (BERGAMASCHI, 2008). O conhecimento da dinâmica fenológica é, portanto, indispensável para a elaboração de estratégias de conservação e manejo de espécies (FALCÃO et al., 2003). Para Larcher (2004) o conhecimento da fenologia é baseado nas observações de estádios de desenvolvimento externamente visíveis (fenofases), como, por exemplo, a germinação das sementes, desenvolvimento das folhas, floração, descoloração das folhas e senescência das herbáceas. Segundo Bencke e Morellato (2002) os estudos dos ciclos fenológicos de plantas tropicais envolvem observação direta da espécie utilizando dois métodos de avaliação: o método qualitativo, definindo apenas a presença ou ausência da fenofase considerada e o método semi-quantitativo, com a aplicação de categorias de quantificação que estimam a intensidade do evento fenológico em cada indivíduo. 33 2.6.1 Estudos fenológicos na figueira A figueira (variedade Roxo de Valinhos) requer poda hibernal que geralmente é realizada no final do inverno (julho/agosto), próximo à época da brotação, uma vez que a produção é obtida nos ramos novos, ou do ano, emitidos no mesmo ciclo. Assim sendo, promove-se a eliminação quase que total da copa formada no ciclo anterior, onde os ramos são reduzidos a 5-10 cm, de forma a ficarem com pelo menos duas gemas em suas extremidades voltadas para fora da planta para formação da nova copa (CHALFUN et al., 1998). A época de poda pode variar, de maio a novembro, com o objetivo de acelerar ou retardar a época da colheita, respectivamente, conforme as condições climáticas e o desenvolvimento da planta (CHALFUN et al., 1998). A planta podada nestes períodos poderá ter sua produtividade afetada, podendo, porém, apresentar vantagens econômicas. Amaro (1997) descreve que o período de colheita de figos no estado de São Paulo estende-se de novembro a abril. Nas condições do sul e sudoeste de Minas Gerais, em geral, a partir de novembro começa a colheita de figo verde, estendendo-se até o mês de maio do ano subsequente, com uma maior concentração da safra nos meses de fevereiro a abril (Abrahão et al., 1997). De acordo com Corrêa e Santos (1999), na região de Valinhos/SP a poda é feita nos meses de julho a agosto e a colheita dos frutos para mercado estende-se de novembro a maio, concentrando-se de dezembro a março. Nessa região, a poda em novembro, aliada à irrigação, permite colheita na entressafra, porém, a produção por área é menor. Nas condições edafoclimáticas do município de Botucatu/SP, Leonel e Tecchio (2004) avaliaram os efeitos do adiantamento das épocas de poda e doses de cianamida hidrogenada em figueiras. As plantas foram podadas em maio e julho de 2003, com a finalidade de adquirirem a conformação de 12 ramos produtivos. Após a poda dentro de cada mês avaliado, com intervalo de 30 dias entre elas, as gemas dormentes foram pulverizadas com cianamida hidrogenada (Dormex®) 1% e 2%. As plantas de figueira podadas no mês de julho e pulverizadas com cianamida hidrogenada 2% apresentaram o maior número médio 34 de frutos e a maior produtividade estimada, sendo estatisticamente superior à poda realizada no mês de maio, confirmando não haver possibilidade de adiantar-se a poda nessa região para obtenção de frutos na entressafra. Segundo Brunini (1998), a temperatura do ar é o principal elemento a influenciar no desenvolvimento e crescimento vegetal, e uma forma de analisar as interações clima-planta é por meio do uso do sistema de unidades térmicas, ou graus-dia, que traduzem a energia à disposição da planta, em cada dia. Isto porque as plantas apresentam limites de temperatura que acionam dispositivos metabólicos, e abaixo destes suas atividades fisiológicas são interrompidas. Existe uma faixa satisfatória de temperatura para o desenvolvimento adequado e uma temperatura máxima acima da qual a taxa respiratória supera a taxa de produção de fotoassimilados. Ao invés do número de dias, a soma de grausdia (acúmulo térmico) de que a planta necessita para completar parte ou todo o ciclo, tem sido utilizada para caracterizar as fases fenológicas e/ou a produção das plantas (MONTEITH & ELSTON, 1996). Este parâmetro é de extrema relevância no processo de otimização e redução de riscos climáticos, uma vez que o conhecimento das exigências térmicas da figueira contribui para a definição antecipada das prováveis datas de colheita, indicando o potencial climático da região para produção e permitindo o planejamento das atividades agrícolas. Sendo assim, a organização das datas fenológicas proporciona informações ecológicas importantes sobre a duração média das diferentes fenofases das distintas espécies em uma área, e sobre o local, e as diferenças determinadas pelo clima nas datas de início dessas fases (LARCHER, 2004). Além disso, o registro da variação das características fenológicas das espécies é de suma importância não só pela compreensão da dinâmica das comunidades florestais, mas também como indicador da resposta destes organismos às condições climáticas e edáficas de um determinado local ou região (FOURNIER, 1974 citado por NEGRELLE & MURARO, 2006). 2.7 Qualidades físico-químicas e bioquímicas dos frutos O figo é uma fruta climatérica, ou seja, com capacidade de amadurecer depois de colhido, com uma atividade respiratória e produção de etileno moderadas. Portanto, é um fruto de alta perecibilidade, com 35 uma vida útil estimada em menos de uma semana quando armazenada em temperatura ambiente (DURIGAN, 1999). O peso e diâmetro dos frutos são características relevantes para a embalagem e transporte (CONDIT, 1941). O valor nutritivo dos figos pode mudar de acordo com a variedade e também de acordo com as condições climáticas que foi cultivado, bem como o ponto de colheita também pode influenciar no conteúdo nutricional do fruto. Os figos apresentam aumento da taxa respiratória e da liberação endógena de etileno durante seu amadurecimento, e, por estas características, são considerados climatéricos. Este comportamento permite que os frutos, após a colheita, continuem amolecendo a polpa, aumentem o teor de açúcares e sofram mudanças de coloração e aroma (CANTILLANO, 2003). As classes de carboidratos em frutos e hortaliças são de açúcares simples. Glicose, frutose e sacarose são os principais açucares presentes (SHEWFELT, 1990). Os frutos climatéricos podem apresentar consideráveis mudanças no conteúdo de açúcares totais que aumentam não só durante o período de sua maturação na árvore, como também durante o período entre a colheita e o ponto de amadurecimento, para ser comestível (CHITARRA & CHITARRA, 2005). Os diferentes teores de açúcares em frutos e vegetais dependem da variedade, do grau de maturação, condições de conservação e ano agrícola em que os frutos foram colhidos (MATTHEWS et al., 1987). Segundo os autores supracitados, em figos frescos e secos os teores de glicose e frutose em 100 gramas da porção comestível variam de 3,7 - 28,6 g a 2,8 - 26 g, respectivamente. A acidez titulável (AT) é atribuída, principalmente, aos ácidos orgânicos que se encontram dissolvidos nos vacúolos das células, tanto na forma livre, como combinada com sais, ésteres, glicossacarídeos, entre outras substâncias. Durante a maturação há redução da acidez dos frutos (CHITARRA & CHITARRA, 2005). A relação SS/AT (ratio) aumenta durante o amadurecimento dos frutos em decorrência do maior teor de SS e da redução da 36 acidez, sendo que quanto maior esta relação, melhor é o equilíbrio entre o doce e o ácido, conferindo sabor mais agradável (CARVALHO, 1984). Esta relação é usualmente utilizada para avaliar o grau de maturação dos frutos, sabor e como critério do flavor. No entanto, ela é mais indicativa do sabor porque se utiliza da acidez titulável e não do pH (KROLOW & SCHWENGBER, 2007). Os compostos fenólicos são comuns no metabolismo secundário dos vegetais, os quais além dos efeitos fisiológicos desempenham uma importante função para a saúde humana, pois atuam como antioxidantes. Os antioxidantes atuam sobre os radicais livres, inibindo o seu mecanismo oxidativo, impedindo o surgimento de doenças degenerativas (SILVA et al., 2004). Os compostos fenólicos possuem diferentes tamanhos, podendo apresentar-se tanto na forma de polifenóis simples como ácidos hidroxibenzóicos como na forma de polímeros complexos como taninos condensados e taninos hidrolisáveis de alto peso molecular (BARBERÁN & ESPÍN, 2001). Além disso, os compostos fenólicos são responsáveis pela cor e sabor de frutas, verduras e seus derivados. O maior grupo de compostos fenólicos em pequenos frutos, como o figo, são os taninos hidrolisáveis e antocianinas, ácidos hidroxicinamicos, flavonóides, incluindo proantocianidinas presentes em baixas concentrações (SIRIWOHARN & WROLSTAD, 2004). Solomon et al. (2006) demonstraram em estudos que o figo contém altos teores de polifenóis, principalmente de antocianinas e alta capacidade antioxidante. Os flavonóides são um grande grupo de compostos fenólicos, provenientes do metabolismo secundário das plantas e estão envolvidos em muitas funções da planta. As antocianinas, pertencem a uma subclasse de flavonóides e são os principais pigmentos em flores e frutas. As cores vermelhas nas folhas são muitas vezes também devido às antocianinas. (JAAKOLA et al., 2008). Diferentes subclasses de flavonóides foram encontrados desempenhando papel de proteção em tecidos vegetais. Muitas vezes a biossíntese de flavonóides aumenta em resposta aos fatores de estresse externos, tais como a seca, temperaturas frias, luz UV em excesso ou ferimentos (JAAKOLA et al., 2008). Além das propriedades funcionais, os polifenóis também estão altamente relacionados à qualidade das frutas e vegetais. Podendo 37 interferir no gosto e odor dos alimentos, conferindo sabores doces, amargos ou adstringentes (BARBERÁN & ESPÍN, 2001). Os pigmentos, além de darem cor aos alimentos, exercem funções antioxidantes. Os carotenóides que conferem cor amarela, laranja e vermelha aos alimentos, segundo Amaya-Rodriguez (1999), promovem a atividade da pró-vitamina A, inibem certos tipos de câncer, previnem enfermidades cardiovasculares, aumentam a imunidade e diminuem o risco de formação de cataratas. As clorofilas dentre seus possíveis efeitos biológicos comprovados por estudos científicos, têm mostrado efeitos benéficos à saúde por suas propriedades antimutagênicas e antigenotóxicas (LILA, 2004). As antocianinas são as responsáveis pela maioria das cores vermelha, rosa, roxa e azul observadas nos vegetais (TAIZ & ZEIGER, 2009). Essas características de qualidade são influenciadas pela variedade, nutrição mineral, irrigação, arquitetura da planta, poda, raleio, temperatura, umidade relativa, radiação solar, localização do pomar, propriedades do solo e práticas culturais (FALLAHI & MOHAN, 2000). Ocorre também variação nas características dos frutos, dentro das cultivares, devido à localização dos frutos nos ramos, concorrência entre eles, diferenças no tempo de floração e frutificação, e na ocorrência de pragas (ALBUQUERQUE et al., 2004). 38 39 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Localização e caracterização da área experimental O presente trabalho foi conduzido no pomar da Fazenda Experimental Lageado, no departamento de Horticultura da Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP de Botucatu/SP, localizada nas seguintes coordenadas geográficas: 22° 51’ 55” S e 48° 26’ 22” O e a 810 metros de altitude. Figura 2 - Área experimental na Fazenda Lageado em Botucatu/SP Foto: Rafael Augusto Ferraz - 2015 O clima da região, segundo a classificação de Kóppen, é do tipo mesotérmico, Cwa, ou seja, subtropical úmido com estiagem no período de inverno e com chuvas de novembro a abril sendo a precipitação media anual do município de 1.433 mm. A umidade relativa do ar é de 71%, com temperatura média anual de 19,3°C (CUNHA et al.,1999). O solo da área é classificado como Nitossolo Vermelho, segundo os critérios da EMBRAPA (2006). A classificação e os dados meteorológicos como temperaturas máximas, mínimas, médias, número de horas de frio acumulado abaixo de 7ºC e 13 ºC, precipitação pluviométrica, umidade relativa e radiação solar foram fornecidos pelo Departamento 40 de Solos e Recursos Ambientais da Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu/SP (Tabela 4). Tabela 4 - Médias mensais das temperaturas mínimas, máximas e médias (ºC), precipitação pluviométrica (mm), umidade relativa média (%), número de horas de frio (NHF) abaixo de 7 e 13ºC e radiação solar (MJ m-2) – Botucatu – 2015/2016 Meses TºC mínima TºC máxima TºC média Precip. Pluv. (mm) Umidade Relativa (%) NHF< 7ºC NHF <13ºC Rad. solar (MJ m-2) Ago/15 15,6 26,0 20,3 49,0 58,3 0 5,0 17,4 Set/15 17,0 27,1 21,5 218,0 68,5 0 17,2 17,0 Out/15 17,3 28,2 22,2 79,8 73,6 0 0,3 20,1 0 17,1 0 17,6 Nov/15 18,2 26,9 21,9 188,0 84,6 0 Dez/15 19,2 27,7 22,8 294,6 82,5 0 Jan/16 19,2 27,4 22,4 452,8 81,0 0 0 20,3 0 19,6 Fev/16 19,8 28,7 23,5 337,7 80,3 0 Mar/16 19,2 27,9 22,9 128,0 79,3 0 0 18,5 Abr/16 19,4 28,7 23,5 27,4 66,0 0 39,0 17,5 81,3 0 98,8 11,9 Mai/16 14,5 21,9 17,6 151,3 6,3 182,7 12,3 Jun/16 12,3 20,6 15,8 126,7 76,5 Fonte: Departamento de Solos e Recursos Ambientais, Faculdade de Ciências Agronômicas Botucatu, SP 3.2 Instalação e condução do experimento As estacas de quatro diferentes variedades foram oriundas de um banco de germoplasma da fazenda de ensino, pesquisa e extensão da UNESP de Ilha Solteira/SP. Foram plantadas em setembro de 2012 em sacolas plásticas previamente preenchidas com substrato comercial + areia na proporção de 2/1 no viveiro do Departamento de Horticultura da Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP de Botucatu/SP. A partir de fevereiro de 2013, as mudas foram transplantadas a campo, no pomar didático do mesmo departamento, no espaçamento 3,0 x 2,0 metros em covas previamente adubadas com 700,00 g de calcário dolomítico, 111,11 g de Super Simples e 66,66g de cloreto de potássio de acordo com a análise de solo feita da área em outubro de 2012 (Tabela 5) e com a recomendação do Boletim 100 (RAIJ et al., 2001). O nitrogênio foi aplicado 30 dias após o plantio, com 88,88 g de ureia por planta parcelado em quatro vezes. 41 Tabela 5 - Características químicas do solo na profundidade 0-20 cm – Botucatu - 2012 K Ca Mg SB CTC V% S pH M.O. P resina H + Al mg dm-3 -3 CaCl2 g dm -------- ------ mmolc dm ------ ------mg dm-3 3 5,1 31 58 41 1,8 42 12 56 97 58 51 Fonte: Departamento de Solos e Recursos Ambientais, Faculdade de Ciências Agronômicas Botucatu, SP As plantas receberam poda de formação, com a finalidade de adquirirem a conformação de 3 ramos produtivos, apenas no ano seguinte, em julho de 2014, os quais foram conduzidos e acompanhados até a próxima poda no inverno do ano seguinte. Em 03 de agosto de 2015, as plantas sofreram podas drásticas de produção, com a finalidade de adquirirem a conformação de 6 ramos produtivos, e assim começaram as avaliações. Após a poda, os ramos foram pincelados com Recop® (Oxicloreto de cobre) como preventivo para o surgimento de doenças (Figura 3). Figura 3 - A – antes da poda drástica de produção. B – após poda drástica de produção Foto: Rafael Augusto Ferraz - 2015 Foi feita adubação de formação após a poda de produção, seguindo os resultados da análise de solo e as recomendações do Foto: Rafael Augusto Ferraz - 2015 42 Boletim 100 (RAIJ et al., 2001). Aplicou-se 68 g planta-1 de cloreto de potássio (KCL) e 222 g planta-1 de Super Simples 40 dias após a poda. O nitrogênio foi aplicado em 4 parcelas de 40 g planta-1 de ureia a cada 30 dias após a poda. Para o tratamento fitossanitário foram utilizados produtos à base de cobre para controle da ferrugem causada pelo fungo (Cerotelium fici). As aplicações com fungicidas Tebuconazole (Folicur®) e Oxicloreto de cobre (Recop®) foram realizadas sempre que necessárias. Para controle da broca-dafigueira (Azochis gripusalis), foram feitas pulveizações com Deltametrina (Keshet 25 EC®), piretróide sintético, mais espalhante adesivo (Haiten®). O controle de plantas daninhas foi feito através de roçadas mecânicas periódicas e o coroamento das plantas foi realizado através de capina manual. O experimento foi conduzido no sequeiro. 3.3 Tratamentos Os tratamentos se referem aos quatro genótipos oriundos de um banco de germoplasma da UNESP de Ilha Solteira/SP, sendo a variedade Roxo de Valinhos usada como controle (testemunha), para efeito de possíveis comparações: Tratamento 1: ‘Roxo de Valinhos’ o Variedade do grupo Cachopo, produtora de figos lampos e vindimos, dispensando a caprificação. É a variedade mais conhecida comercialmente no estado de São Paulo. Tratamento 2: ‘White Genova do IAC’ o Variedade do grupo Comum ou Adriático, produtora apenas de figos vindimos, dispensando a caprificação. Tratamento 3: ‘PI – 189 (Seleção de plantas irradiadas)’ o Plantas de estacas da variedade Roxo de Valinhos provenientes de gemas irradiadas com raios gama na dose de 30 Gy. ‘PI-189’ foi a seleção que mais se destacou. Tratamento 4: ‘Troiano ou Palestino do IAC’ o Variedade do grupo Comum ou Adriático, produtora apenas de figos vindimos, dispensando a caprificação. Bastante cultivada nos EUA. 43 3.4 Delineamento experimental Para as análises realizadas no campo, o delineamento experimental foi em blocos ao acaso com quatro tratamentos (variedades) e quatro repetições. Cada repetição foi constituída por seis plantas por parcela. Foi realizada análise de variância e quando houve significância, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (P≤ 0,05) e ainda foi feita análise de regressão para as variáveis quantitativas. 3.5 Enraizamento de estacas de quatro variedades de figueira com e sem ácido indolbutírico As estacas para esse experimento foram provenientes das plantas das quatro variedades que sofreram poda drástica de produção no dia 3 de agosto de 2015. Foram selecionadas estacas semilenhosas, sem folhas, das porções mediana e basal do ramo, dotadas de 4 a 5 gemas, com aproximadamente 15 a 20 cm de comprimento, sendo a base da estaca submetida a um corte em bisel, logo abaixo de uma gema, e um corte reto na outra extremidade da estaca. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente ao acaso, em esquema fatorial 4 x 2 (variedades x aplicação ou não do AIB), com quatro repetições e dez estacas por parcela experimental. As estacas que receberam tratamento com AIB (Ácido indolbutírico), tiveram imersão rápida de dez segundos só a base da estaca em solução hidroalcoólica a 2000 mg L-1, de acordo com Pio (2002) e Ohland et al. (2009), que determinaram essa dose como ótima para o enraizamento de estacas de figueira. Posteriormente, inclusive as estacas que não receberam tratamento com AIB, foram colocadas para enraizar em sacolas plásticas de um litro, tendo como substrato apenas areia. As sacolas foram levadas para uma câmara de nebulização intermitente de 20 segundos, a intervalos de 15 minutos, durante 90 dias, no 44 departamento de Ciência Florestal da Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu/SP (Figuras 4 e 5). Figura 4 - Câmara de nebulização intermitente no Departamento de Ciência Florestal Foto: Rafael Augusto Ferraz - 2015 Durante esse período, foram feitas todas as medidas fitossanitárias recomendadas para garantir a sanidade das mudas, como adubações e pulverização com fungicida Folicur® (Tebuconazole). Decorrido 90 dias, as estacas foram removidas cuidadosamente das sacolas, efetuando-se sucessivas lavagens nas raízes para remoção da areia (Figura 6). 45 Figura 5 - A – estaca com corte em bisel. B – plantio das estacas em sacolas plásticas Foto: Rafael Augusto Ferraz - 2015 As variáveis avaliadas foram: porcentagem de Foto: Rafael Augusto Ferraz - 2015 estacas vivas, de estacas enraizadas e de estacas brotadas, número de brotos, comprimento da maior raiz (cm), número de folhas, volume da raiz (cm3), peso seco da raiz (mg), peso seco das folhas (mg). Na avaliação da porcentagem de estacas enraizadas, considerou-se apenas aquelas que apresentaram pelo menos uma raiz visualmente emitida. Para o comprimento da maior raiz, utilizou-se régua graduada, e para massa seca das raízes, o material vegetativo foi retirado com o auxílio de estilete e colocado para secar em estufa de circulação forçada de ar a temperatura de 60º C, por 48 horas, até atingir a massa constante. Em seguida, foi realizada a pesagem do material em balança de precisão. O mesmo foi feito para massa seca das folhas. Enquanto o volume de raízes foi medido em proveta graduada de 100 mL. As raízes eram inseridas na proveta contendo volume conhecido de água, anotando-se o volume em mL de água deslocada e em seguida convertendo esses valores para centímetros cúbicos. 46 Figura 6 - A – mudas prontas para avaliação aos 90 dias após o plantio. B – Mudas em avaliação no Departamento de Horticultura Foto: Rafael Augusto Ferraz - 2015 Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade, quando houve significância. 3.6 Fenologia, crescimento e sazonalidade de quatro variedades de figueira 3.6.1 Brotação e crescimento A avaliação da brotação foi realizada anotando-se os seguintes dados: período decorrido da poda ao início da brotação e até 35 dias após a poda (DAP). Foi considerado início da brotação quando os primeiros brotos foram emitidos. Em relação ao crescimento vegetativo da figueira, foram realizadas as seguintes avaliações em três ramos marcados por planta, a cada 30 dias, até 240 dias após a poda: comprimento, diâmetro, número de entrenós e número de folhas. 47 O comprimento dos ramos foi determinado com fita métrica, medindo a distância da extremidade basal à apical. O diâmetro dos ramos foi determinado com um paquímetro manual, realizando a medida na parte basal dos ramos. Para a leitura da área foliar (AF) foi usado o medidor de área meter, modelo 3100 LI. Foram medidas três folhas por ramo ao final do período de colheita, tomando-se por valor definitivo, o produto do número de folhas por planta, a cada avaliação, pelo valor unitário da área foliar. Foram determinados também os teores de clorofila nas folhas das quatro variedades. Para a determinação dos teores de clorofila “a”, “b” e clorofila total foram utilizadas quatro plantas de cada repetição. A extração da clorofila foi realizada em 10 mL de acetona a 80%, utilizando-se aproximadamente quatro centímetros de massa fresca de folhas, dos quais foram colocados em becker de 25 mL, revestidos com papel alumínio e armazenados em refrigeração por 48 horas. Em seguida, alíquotas com o extrato de clorofila foram transferidos para uma cubeta de vidro de 3 mL, sendo posteriormente realizada a leitura de absorbância em comprimentos de onda de 645 nm e 663 nm. Os valores obtidos foram aplicados à fórmula de Arnon (1949) e os resultados expressos em mg m-2. 3.6.2 Produção e produtividade A produção foi determinada através da soma do número total de frutos em maturação colhidos por planta, obtendo-se assim, o número total de frutos produzidos e a quantidade, em quilos, produzida por planta. A produtividade foi determinada considerando-se um estande de 1666 plantas ha-1 (kg ha-1). 48 Figura 7 - A - área experimental logo após a poda de produção. B – área experimental no período de colheita Foto: Rafael Augusto Ferraz - 2015 3.6.3 Sazonalidade de colheita e soma térmica expressa em graus-dia Foram avaliadas as datas e o período da poda ao início da brotação, da brotação ao início da colheita, do início da colheita ao final da colheita e o total do ciclo de cada variedade. Foi considerado início da colheita quando amadureceu o primeiro fruto e final da colheita quando foi colhido o último fruto. A soma térmica foi calculada em função da duração do ciclo (poda-brotação; brotação-início da colheita; e início da colheita-final da colheita) e estimada pelo acúmulo de graus-dia (ΣGD), considerando-se a temperatura mínima basal (Tb) de 8ºC e a temperatura máxima basal (TB) de 36ºC (Souza et al., 2009). Os dados de temperatura mínima e máxima média diária foram fornecidos pelo Departamento de Solos e Recursos Ambientais da Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu/SP. A caracterização das exigências térmicas da figueira foi feita utilizando-se da metodologia proposta por Ometto (1981), cujas variações são apresentadas abaixo: 49 Caso 1: Tm ≤ Tb < TM ; TB > TM Caso 2: Tm > Tb; TB > TM → GD = (TM – Tb)2/ 2 (TM – Tm) → GD = (TM – Tm)/2 + (Tm – Tb) Onde: TB = temperatura máxima basal Tb = temperatura mínima basal TM = temperatura máxima média diária Tm = temperatura mínima média diária GD = graus-dia 3.7 Aspectos qualitativos dos frutos de quatro variedades de figueira Para as caracterizações físicas, físico-químicas e bioquímicas foram utilizados quatro frutos inteiros (casca + polpa) em maturação por repetição (exceto para massa, diâmetro e comprimento, que foram utilizados dez frutos), colhidos no pico de colheita de cada variedade e transportados ao laboratório de fruticultura, onde foram realizadas as seguintes análises: Massa dos frutos: valor médio obtido pela pesagem de dez frutos por repetição em balança semi-analítica marca OWLABOR – carga máxima de 2000 g e precisão de 0,01 g. Comprimento dos frutos: obtido através da medida do diâmetro longitudinal dos frutos com paquímetro manual. Diâmetro dos frutos: obtido através da medida do diâmetro transversal dos frutos com paquímetro manual. Relação diâmetro equatorial/diâmetro longitudinal (DE/DL): permite avaliar a uniformidade do fruto, quanto mais próximo de 1 esse valor for, mais uniforme no tamanho ele é. pH: foi mensurado a partir de polpa triturada dos frutos, utilizando-se potenciômetro (Digital DMPH-2), segundo a técnica da AOAC (2005). Acidez titulável: foi expressa em gramas de ácido cítrico por 100g de polpa (g de ácido cítrico 100 g-1), obtida por meio da titulação de 50 5 g de polpa homogeneizada e diluída para 100 mL de água destilada, com solução padronizada de hidróxido de sódio a 0,1 N, tendo como indicador 0,3 mL de fenolftaleína (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2005). Sólidos solúveis: foi determinado através da leitura de 3 gotas da polpa em refratômetro digital tipo Palette PR – 32, marca ATAGO, com compensação de temperatura automática, segundo a AOAC (2005). Os resultados foram expressos em °Brix. Ratio: relação sólidos solúveis (SS) e acidez titulável (AT). Ácido ascórbico: Foram pipetados 10 mL da solução padrão de ácido ascórbico em erlenmeyer contendo 50 ml de solução de ácido oxálico a 1 %. Procedeu-se em seguida a titulação com 2,6 DCFI até coloração rosa persistente por 15 segundos para determinação do padrão. Posteriormente as amostras foram preparadas com 10 g de polpa e 50 mL de solução de ácido oxálico a 1% em erlenmeyer. Em seguida realizou-se a titulação com a solução de 2,6 DCFI padronizado até coloração rosa persistente por 15 segundos. Os resultados foram expressos em mg 100 mL -1 (AOAC, 2005). Compostos polifenólicos: a obtenção do extrato se deu através da pulverização de 0,5 g de polpa de figo em nitrogênio líquido, as amostras foram transferidas para tubos de ensaio e homogeneizadas com 3 mL de metanol (50%), levadas ao banho ultrassônico por 20 minutos e então centrifugadas em velocidade de 5.000 rpm a 4°C por 30 minutos. Em seguida, o sobrenadante foi recolhido e acondicionado em recipientes na geladeira. Acrescentou-se ao precipitado mais 4 mL de acetona (50%) e os tubos levados novamente ao banho ultrassônico por mais 20 minutos e depois centrifugados por mais 30 minutos a 4°C e a 5.000 rpm. O segundo sobrenadante foi recolhido e adicionado juntamente com o primeiro sobrenadante. Deste extrato foi utilizado 0,1 mL para reagir com 0,9 mL de água deionizada, 0,5 mL do reagente de Folin Ciocauteau e 2,5 mL de carbonato de sódio. Após uma hora de reação as leituras foram realizadas em espectrofotômetro no comprimento de ondas de 725 nm. Os resultados foram expressos em mg de ácido gálico por 100 g de polpa (SWAIN & HILLIS, 1959). Capacidade antioxidante: para a obtenção do extrato 0,5g de polpa de figo foram pulverizadas em nitrogênio líquido e transferidas para tubos de ensaio e então homogeneizadas com 3 mL de metanol (50%). As 51 amostras permaneceram em repouso por 60 minutos à temperatura ambiente. Após o repouso, as amostras foram centrifugadas por 30 minutos à 5.000 rpm a 4°C. Terminada a etapa de centrifugação o sobrenadante foi recolhido e armazenado em recipientes na geladeira. Repetiu-se o procedimento de extração com o precipitado com adição de mais 4 mL de metanol (50%). Mais uma vez, após o repouso (60 minutos) as amostras passaram por centrifugação. Após a segunda centrifugação o sobrenadante foi adicionado aos recipientes que já continham o primeiro. Do extrato obtido, 0,1 mL foi utilizado para reagir com 3,9 mL da solução de DPPH (0,06 mM) por 40 minutos em ambiente escuro. Finalizado o tempo de reação, foram realizadas as leituras das amostras em espectrofotômetro no comprimento de onda de 515 nm. Os resultados foram expressos em % de DPPH reduzido (BRAND-WILLIANS et al.,1995 ). Flavonóides: as amostras foram preparadas através da adição de 4 mL da solução de MeOH acidificado à 0,5 g de polpa de figo. Em seguida as amostras foram homogeneizadas e transferidas para o banho ultrassônico durante 30 minutos. Posteriormente, as mesmas foram submetidas à centrifugação a 5 °C em velocidade de 15.000 rpm durante 20 minutos. Os sobrenadantes foram recolhidos em tubos de ensaio com adição de 1 mL da solução de cloreto de alumínio. Após 30 minutos no escuro realizou-se as leitura em comprimento de ondas de 425 nm. Os resultados foram expressos em mg por 100 g de polpa (FUNARI & FERRO, 2006). Pigmentos: foram determinados através da metodologia proposta por Sims e Gamon (2002). Para a obtenção do extrato, amostras de 0,2 g de polpa pulverizadas em nitrogênio líquido foram transferidas para tubos de ensaio e homogeneizadas com 4 mL de acetona (80 % tamponada TRIS pH 7,2). As amostras foram centrifugadas por 10 minutos a 4 °C e a 2.000 rpm. Recolheu-se o sobrenadante e as leituras foram realizadas em espectrofotômetro para ‘clorofila A’ a 663 nm, para ‘clorofila B’ a 647 nm, para antocianinas a 537 nm e para carotenóides a 470 nm. Todas as etapas foram realizadas em ambiente escuro. Os resultados foram expressos em ug 100 g -1. Açúcares: para a determinação dos açúcares redutores, não-redutores e totais utilizou-se a metodologia descrita por Somogy, 52 adaptada por Nelson (1944). O aparelho utilizado foi o espectrofotômetro Micronal B 382, sendo a leitura realizada à 535 nm. Os resultados foram expressos em %. 53 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Enraizamento de estacas de quatro variedades de figueira com e sem ácido indolbutírico Houve significância na interação ‘variedade x aplicação do ácido indolbutírico (AIB)’ para porcentagem de estacas vivas e enraizadas, bem como para porcentagem de estacas brotadas e número médio de brotos por estaca (Tabelas 6 e 7). Observaram-se maiores valores de porcentagem de estacas vivas e enraizadas para a variedade Troiano e PI - 189, com aplicação do AIB e, valores semelhantes entre as variedades sem a aplicação do AIB. Analisando-se a aplicação do produto, as estacas que não receberam tratamento, com exceção de ‘Troiano’, tiveram maior porcentagem de estacas vivas e enraizadas (Tabela 6), possivelmente porque as estacas enraízam não necessariamente em função da quantidade de auxina aplicada, mas em função dos teores de hidratos de carbono que as mesmas contenham (ALBUQUERQUE & ALBUQUERQUE, 1981). Portanto, a resposta da estaca à aplicação exógena de auxina, depende da concentração desse hormônio presente internamente na estaca, sendo assim, dependendo da concentração endógena de auxinas, a aplicação de AIB poderá causar desbalanceamento interno de tal substância, podendo ocorrer estímulo ou inibição da iniciação radicular (FERRI, 1979; BARTOLINI et al., 1982). Tais resultados concordam com Mesquita et al. (1998), que concluíram que a ausência de AIB promoveu maior porcentagem de estacas enraizadas e brotadas, assim como Chalfun e Hoffmann (1997), que afirmaram que o uso de reguladores de crescimento é dispensável, devido à facilidade de enraizamento de estacas de figueira. 54 Tabela 6 - Porcentagem (%) de estacas vivas e enraizadas, com e sem utilização de ácido indolbutírico (AIB) em quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 % Vivas % Enraizadas Variedades Com AIB Sem AIB Com AIB Sem AIB Roxo de Valinhos 42,50 bB 75,00 aA 42,50 bB 75,00 aA White Genova 5,00 cB 70,00 aA 5,00 cB 70,00 aA PI – 189 55,00 abB 95,00 aA 55,00 abB 95,00 aA Troiano 85,00 aA 90,00 aA 85,00 aA 87,50 aA CV (%) 26,00 26,00 26,34 26,34 Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna (variedades) e maiúscula na linha (AIB), não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% probabilidade Já Ramos et al. (2008) concluíram que o mês de agosto foi a pior época para a realização de estaquias em figueira ‘Roxo de Valinhos’ sem o uso de regulador de crescimento na região de Botucatu/SP, sendo necessário o uso do mesmo na concentração de 2500 mg kg -1 para aumentar a porcentagem de enraizamento de 20 para 90 %. Também concluíram que para ter um bom enraizamento de estacas sem o uso do AIB, faz-se necessário que as estacas sejam coletadas e colocadas para enraizar nos meses de setembro e outubro, sugerindo que as condições ambientais nas épocas mais tardias sejam mais favoráveis, uma vez que a concentração de substâncias promotoras do enraizamento, como as auxinas, começa a aumentar após o período de outono, onde ocorre a dormência da figueira e é caracterizado pela concentração elevada de inibidores de crescimento (CAETANO, 2006). Por outro lado, Ohland et al. (2009) alcançaram maiores porcentagens de enraizamento de estacas de figueira ‘Roxo de Valinhos’ coletadas mais cedo, em junho, e com aplicação de 2000 mg L -1 de AIB no município de Quatro Pontes/PR. Estacas que não tiveram a aplicação do AIB obtiveram melhores resultados de porcentagem de estacas brotadas do que as que receberam tratamento, com exceção da variedade Troiano, que não demonstrou diferença estatística entre os dois tratamentos (Tabela 7). Entre as que receberam tratamento com AIB, ‘Troiano’ e ‘PI – 189’ obtiveram os maiores valores de % de estacas brotadas, com 85,00 e 55,00 %, respectivamente. Entre as que não 55 receberam tratamento com AIB, não houve diferença significativa entre as variedades. Quanto ao número médio de brotos, destacaram-se as variedades Roxo de Valinhos e PI - 189, que obtiveram melhores resultados no tratamento com a aplicação do AIB, com 2,50 e 2,22 brotos, respectivamente. Ohland et al. (2009) avaliando estacas coletadas nas podas realizadas em plantas de figueira ‘Roxo de Valinhos’ com e sem aplicação do AIB, situadas no oeste do Paraná, obtiveram maior porcentagem de brotação em junho e agosto (55 e 70 %, respectivamente), possivelmente por estarem associadas à entrada e à saída do período de dormência, respectivamente e, consequentemente, por apresentarem fluxo e mobilização das substâncias de reservas (carboidratos), responsáveis pelas brotações nas estacas. Bisi (2015), avaliando estacas de várias variedades de figueira para enraizamento em Lavras/MG, concluiu que a variedade Bruswick foi a que apresentou os maiores índices de porcentagem de estacas brotadas (95%) e estacas enraizadas (100%). Por outro lado, Troiano não teve resultados tão satisfatórios. Ainda segundo o mesmo autor, ‘Troiano’ apresentou porcentagens baixas para brotação e enraizamento, com 64,5 e 70,5 %, respectivamente, valores inferiores comparados aos resultados do presente trabalho. Tabela 7 - Percentagem (%) de estacas brotadas e número médio de brotos em estacas com e sem utilização de ácido indolbutírico (AIB) em quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 % Brotadas Nº brotos Variedades Com AIB Sem AIB Com AIB Sem AIB Roxo de Valinhos 42,50 bB 75,00 aA 2,50 aA 2,80 abA White Genova 5,00 cB 70,00 aA 0,50 cB 3,00 aA PI - 189 55,00 abB 95,00 aA 2,22 abA 2,40 abA Troiano 85,00 aA 87,50 aA 1,50 bA 1,80 bA CV (%) 26,34 26,34 23,46 23,46 Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna (variedades) e maiúscula na linha (AIB), não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% probabilidade Não houve significância na interação ‘variedade x aplicação do ácido indol-butírico (AIB)’ para comprimento da maior raiz e nem para o 56 volume de raiz, tendo havido significância apenas entre as variedades na variável comprimento da maior raiz (Tabela 8). Entre as principais funções biológicas das auxinas, podem-se citar o crescimento de órgãos, especialmente as raízes (FACHINELLO et al., 2005). Porém, não foi verificado efeito significativo entre a aplicação ou não do AIB nas estacas no presente trabalho, para comprimento da maior raiz. Este comportamento pode estar relacionado com o fato de as estacas possuírem certa quantidade endógena de hormônios, promotores ou inibidores de enraizamento, dispensando o uso exógeno de regulador vegetal. As variedades Troiano e PI - 189 apresentaram o maior comprimento de raiz, com 18,00 e 12,66 cm, respectivamente. As variedades não demonstraram diferença significativa para volume de raiz (Tabela 8). Tabela 8 - Comprimento da maior raiz (cm) e volume das raízes (cm3) de estacas de quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 Variedades Comprimento > raiz (cm) Volume de raiz (cm3) Roxo de Valinhos 12,01 bc 0,25 a White Genova 6,23 c 0,13 a PI – 189 12,66 ab 0,26 a Troiano 18,00 a 0,25 a CV (%) 34,61 44,30 DMS 5,90 0,14 Médias seguidas pelas mesmas letras na coluna (variedades) não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % probabilidade Ramos et al. (2008), em estaquia semilenhosa de figueira ‘Roxo de Valinhos’ em Botucatu/SP, observaram que o maior comprimento de raiz foi observado no tratamento-testemunha (sem IBA) no mês de setembro, com 10,9 cm aos 70 dias. Pio et al. (2008) trabalharam com estacas apicais de figueira ‘Roxo de Valinhos’ no oeste do Paraná no mês de setembro, obtiveram maior comprimento médio de raiz, com 25,19 cm aos 120 dias, não apresentando diferença significativa entre a testemunha e os tratamentos com AIB em várias dosagens. Isso também resultou em maiores valores de volume de raiz para os respectivos autores, que encontraram valor médio de 46,94 cm3 entre todos os 57 tratamentos, que também não apresentaram diferença significativa para a testemunha. Houve efeito significativo na interação ‘variedade x aplicação do ácido indol-butírico (AIB)’ para número de folhas, massa seca foliar e massa seca da raiz por estaca (Tabela 9). As variedades Roxo de Valinhos e PI-189 foram as que apresentaram melhores resultados para número de folhas com aplicação do AIB, com 12,98 e 11,23 folhas por estaca, respectivamente (Tabela 9). Sem a aplicação do AIB, a variedade Troiano foi a que apresentou menor valor, com 7,53 folhas por estaca. De modo geral, as estacas apresentaram bons resultados, tanto com quanto sem aplicação, comparando-se com os resultados de Araújo et al. (2005), que analisando doses de AIB em estacas de ‘Roxo de Valinhos’ em Piracicaba/SP, encontraram o melhor resultado na dose de 400 mg kg -1, com 1,8 folhas por estaca. Para a variável de massa seca foliar, destaca-se a variedade White Genova, que obteve o menor valor entre as variedades quando houve a aplicação do AIB, com 49 mg e, foi a única variedade que apresentou diferença significativa entre aplicação ou não do AIB, tendo o tratamento sem aplicação apresentado melhor resultado, com 532 mg. Isso se reflete devido ao fato dessa variedade ter sido a que apresentou menor valor de % de estacas brotadas e número de brotos no tratamento com aplicação do ácido indolbutírico. 58 Tabela 9 - Número de folhas, massa seca foliar (mg) e massa seca da raiz (mg) em estacas com e sem utilização de ácido indolbutírico (AIB) em quatro variedades de figueira – Botucatu 2016 Número de folhas Variedades Com AIB Sem AIB Roxo de Valinhos 12,98 aA 13,19 aA White Genova 1,12 cB 13,06 aA PI – 189 11,23 aA 11,29 aA Troiano 5,60 bA 7,53 bA CV (%) 17,58 17,58 Massa seca foliar (mg) Variedades Com AIB Sem AIB Roxo de Valinhos 633,00 aA 726,00 aA White Genova 49,00 bB 532,00 aA PI – 189 640,00 aA 557,00 aA Troiano 667,00 aA 560,00 aA CV (%) 23,53 23,53 Massa seca raiz (mg) Variedades Com AIB Sem AIB Roxo de Valinhos 77,00 bA 68,00 aA White Genova 3,00 cB 71,00 aA PI – 189 100,00 abA 76,00 aA Troiano 121,00 aA 99,00 aA CV (%) 29,10 29,10 Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna (variedades) e maiúscula na linha (AIB), não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% probabilidade Entre as variedades estudadas, foram a ‘Troiano’ e ‘PI – 189’ que apresentaram os maiores valores de massa seca da raiz com aplicação do AIB, com 121,00 e 100,00 mg, respectivamente. Sem aplicação do AIB, as variedades não obtiveram diferença significativa (Tabela 9). A maior massa seca das raízes implica maior número de raízes por estaca, que, por sua vez, propicia melhor sobrevivência e adaptação das plantas oriundas desse método de propagação e leva a um crescimento e desenvolvimento mais rápido dessas plantas no campo (MOHAMMEED & SORHAINDO, 1984). Pio et al. (2008) trabalharam com estacas apicais de figueira ‘Roxo de Valinhos’ no oeste do Paraná no mês de setembro e obtiveram 59 valor médio de massa seca da raiz de 5252,5 mg, não sendo observada diferença significativa entre a testemunha e os tratamentos com AIB em várias dosagens e, afirmam que não há necessidade de tratamentos hormonais exógenos na produção de mudas de figueira oriundas da porção apical do ramo do ano. Já Ramos et al. (2008), notaram que estacas da variedade Roxo de Valinhos coletadas no mês de agosto em Botucatu/SP, nãotratadas com AIB apresentaram menor valor e as tratadas com 5000 mg L -1, apresentaram maior massa seca de raiz, por outro lado, em setembro, as não tratadas apresentaram os maiores valores com 560,5 mg por estaca. Pio (2002) observou ligeira queda e depois aumento crescente da biomassa seca das raízes na variedade Roxo de Valinhos em Minas Gerias, conforme se aumentou a concentração de AIB, verificando que a concentração de 4.000 mg L -1 promoveu o maior enraizamento (193,31 mg). Pasqual et al. (2001) afirmam que o tratamento com auxinas, em especial o AIB, propicia efeitos benéficos ao peso e à qualidade do sistema radicular de estacas de figueira, mas isso pode depender de vários fatores, como a variedade, idade das plantas, época de coleta das estacas e condições climáticas do local. 4.2 Fenologia, crescimento e sazonalidade de quatro variedades de figueira 4.2.1 Brotação e crescimento Houve efeito significativo entre as variedades analisando-se os dias para início da brotação após a poda (DAP), com maiores valores para as variedades Troiano (16,96 dias) e PI -189 (15,63 dias) (Tabela 10). A variedade Roxo de Valinhos apresentou 13,69 dias para início da brotação após a poda em 03 de agosto de 2015, concordando com Chaves (2003), que avaliando épocas de poda para a figueira de mesma variedade em Passo Fundo/RS, obteve 14 dias para início da brotação após a poda realizada em 10 de agosto. 60 Tabela 10 - Dias após a poda (DAP) para início da brotação em quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 Variedades Início da brotação (DAP) Roxo de Valinhos 13,69 c White Genova 14,13 bc PI - 189 15,63 ab Troiano 16,96 a CV (%) 4,55 DMS 1,52 Médias seguidas pelas mesmas letras na coluna (variedades) não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % probabilidade A variedade Troiano, ao lado de PI -189, foi a que mais demorou para início da brotação, bem como a que apresentou menor número de brotos por ramo, mesmo 35 dias após a poda (2,48), de acordo com a Figura 8. Por outro lado, a variedade Roxo de Valinhos que foi a que apresentou mais brotos em todas as avaliações após a poda, com 4,39 brotos aos 35 DAP. Com exceção da variedade Troiano, todas as outras analisadas apresentaram no mínimo 2 brotos por ramo já com 21 DAP, sendo a ‘Troiano’ a mais tardia, pois apenas com 28 DAP obteve os 2 brotos desejados por ramo para formação da planta. 61 Figura 8 - Número de brotos por ramo em quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 Houve efeito significativo na interação ‘variedade x DAP’ para diâmetro, comprimento dos ramos e número médio de entrenós. Observou-se que para a maioria das variedades, as estimativas de crescimento foram ajustadas regressões com comportamento polinomial quadrático, caracterizado por um crescimento inicial maior, seguido de um período de redução progressiva. (Figuras 9 e 10). A variedade Troiano apresentou os maiores valores de diâmetro dos ramos desde a primeira avaliação 30 DAP até a última, 240 DAP, com 21,4 mm. Em contrapartida, a variedade PI – 189 apresentou os menores valores desde a primeira até a última avaliação (Figura 9). A variedade Roxo de Valinhos apresentou valores superiores apenas em relação à variedade PI -189, sendo estas duas as variedades com menores valores tanto de diâmetro como comprimento dos ramos em todas as épocas de avaliação (Figura 9 e 10). 62 Leonel e Tecchio (2010), analisando épocas de poda e uso da irrigação para a figueira ‘Roxo de Valinhos’ com dois anos de idade em Botucatu/SP nos ciclos 2004/2005 e 2005/2006, encontraram valores médios de diâmetro dos ramos primários podados em agosto variando de 51,56 a 63,40 mm. Souza (2013), avaliando ‘Roxo de Valinhos’ em Botucatu/SP com e sem irrigação em seu primeiro ciclo, encontrou valores superiores a 30 mm de diâmetro dos ramos aos 240 DAP. Figura 9 - Diâmetro médio dos ramos em quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 A variedade Troiano, com 116,83 cm de comprimento dos ramos aos 240 DAP, foi a que apresentou resultado mais próximo a Leonel e Tecchio (2010), que nos ciclos 2004/2005 e 2005/2006, encontraram valores médios de 114,00 e 155,00 cm, respectivamente, porém, para a variedade Roxo de Valinhos. No presente estudo, ‘Roxo de Valinhos’ obteve 84,49 cm de comprimento dos ramos aos 240 DAP (Figura 10). Dalastra et al. (2009) estudando épocas de poda para a figueira ‘Roxo de Valinhos’ no oeste do Paraná, obtiveram 128,43 cm de 63 comprimento médio dos ramos ao final do ciclo para as plantas que foram podadas em agosto, porém, as plantas já tinham quatro anos de idade. Figura 10 - Comprimento médio dos ramos em quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 Norberto et al. (2001b), avaliando a variedade Roxo de Valinhos em Lavras/MG, encontraram comprimento médio do ramos com 59 cm para plantas podadas em agosto sem nenhum tratamento e medição feita em decorrência da primeira colheita. No presente estudo, a variedade Roxo de Valinhos obteve 64,91 cm nesse mesmo período de avaliação, aos 150 DAP (primeira colheita). A variedade Troiano só obteve número médio de entrenós por ramo maior que ‘PI – 189’ (Figura 11), apesar de ter sido a variedade que obteve os maiores valores de comprimento dos ramos em quase todas as épocas de avaliação. Isso demonstra que os entrenós dessa variedade são mais espaçados que das outras variedades, sendo este um material que resiste melhor à deficiência hídrica, uma vez que as outras variedades obtiveram entrenós mais 64 curtos como resposta da planta à baixa suplementação hídrica. El-Kassas (1975), observou maior diâmetro dos ramos e maior comprimento dos internódios, o que significa maior comprimento de ramos, em figueiras conduzidas sob irrigação, comparadas às não-irrigadas, corroborando com a ideia de que a variedade Troiano demonstrou maior resistência à deficiência hídrica ao obter entrenós mais espaçados e assim, maior comprimento dos ramos. Figura 11 - Número médio de entrenós dos ramos em quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 Benincasa (2003) reporta que um dos papéis essenciais da água é a manutenção da turgescência, a qual é fundamental para o crescimento e alongamento celular. Taiz e Zeiger (2009) confirmam essa informação quando relatam que o maior componente do crescimento vegetal é a expansão celular governada pela pressão de turgor. Isso demonstra o porque do baixo crescimento geral das plantas no presente trabalho, umas vez que foi conduzido no sequeiro e a precipitação pluviométrica foi mediana, sendo a variedade Troiano talvez a mais resistente a tais adversidades, por ter demonstrado maior crescimento geral em relação às outras variedades. 65 Com base nas figuras 12 e 13, verificou-se que após o máximo número de folhas por planta aos 120 DAP, começou um decréscimo no número de folhas e, consequentemente, na área foliar. Esse decréscimo ocorreu porque coincidiu com o começo da colheita dos frutos para a maioria das variedades, os quais são considerados drenos preferenciais, além de ter sido verificada a incidência de ferrugem (Cerotelium fici) nas folhas. Esses resultados corroboram com os resultados encontrados por Silva (2011), que estudando a alocação de fotoassimilados marcados com carbono 13 (13C) e a relação fonte-dreno em figueiras ‘Roxo de Valinhos’ em Botucatu/SP, verificaram que nas plantas em que haviam frutos e brotações o sinal isotópico foi maior nos frutos, indicando que há uma maior translocação de fotoassimilados para esses órgãos. A abscisão natural de folhas ao longo do ciclo produtivo e, principalmente, o aumento da incidência da ferrugem da figueira (Cerotelium fici) nesse período devido ao aumento da precipitação pluviométrica, é que causaram a redução do número de folhas e, consequentemente, da área foliar das plantas ao longo das avaliações. Hopkins (1995) explica que a importância relativa dos drenos muda ao longo do ciclo da planta e conforme a distribuição espacial. Durante a fase vegetativa os meristemas apical e radicular são importantes, porém na fase reprodutiva os frutos são os drenos preferenciais. 66 Figura 12 - Número de folhas por planta em quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 As variedades Troiano e White Genova foram as que obtiveram maior área foliar em todas as épocas de avaliação (Figura 13). Porém, ‘Troiano’ foi uma das variedades que obtiveram menor número de folhas por planta de acordo com a figura 12, demonstrando assim sua grande superfície foliar expandida em relação às outras (Figura 14), uma vez que a ‘White Genova’ também obteve uma grande área foliar, porém foi a variedade que apresentou maior número de folhas. A importância da área foliar de uma cultura é amplamente conhecida por ser um parâmetro indicativo de produtividade, pois o processo fotossintético depende da interceptação da energia luminosa e a sua conversão em energia química (TAIZ & ZEIGER, 2009). A luz é importante para a produção de frutos, pois todos os aspectos do crescimento da planta e dos frutos e o desenvolvimento de gemas floríferas requerem carboidratos que são produzidos pela fotossíntese nas folhas (RAJAPAKSE et al.,1999; MARINI, 2002). Isso, aliado à característica genética da própria variedade, pode ajudar a explicar o porque da variedade White Genova ter apresentado grande área foliar com elevado número de folhas e ao mesmo tempo 67 ter produzido poucos frutos (Tabela 12) em comparação com a variedade Troiano, que obteve mais frutos por planta, além de maiores produção e produtividade, uma vez que esse elevado número de folhas pode ter ocasionado algum sombreamento e diminuído a taxa fotossintética da planta. Figura 13 - Área foliar por planta em quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 O sombreamento leva à redução da fotossíntese total da planta de figo, pois folhas sombreadas apresentam menor taxa fotossintética e assim contribuem menos ou negativamente para a produção da planta, em comparação com plantas que tem as folhas expostas ao sol (CAETANO et al., 2005). 68 Figura 14 - Folhas das quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 Foto: Rafael Augusto Ferraz - 2016 Porém, de acordo com a Tabela 11, os pigmentos que participam da fotossíntese (clorofila a e clorofila b) encontrados nas folhas, não demonstraram diferença estatística entre as variedades. Segundo Pelissari et al. (2012), o teor de clorofila reflete a qualidade foliar das plantas e como consequência do aumento desta característica, ocorre maior taxa fotossintética, o que está diretamente relacionado com o crescimento das plantas. Tabela 11 - Teor de clorofilas das folhas de quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 Variedades Clorofila a (mg m-2) Clorofila b (mg m-2) Clorofila total (mg m-2) Roxo de Valinhos 404,60 a 122,84 a 527,45 a White Genova 403,42 a 115,48 a 518,90 a PI -189 355,37 a 108,81 a 464,18 a Troiano 369,34 a 115,30 a 484,64 a CV (%) 9,90 9,96 9,82 DMS 83,77 25,41 108,15 Médias seguidas pelas mesmas letras na coluna (variedades) não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % probabilidade 69 4.2.2 Produção e produtividade Com relação à produção, foi a variedade Troiano a que obteve maior número de frutos por planta e, ao lado da variedade Roxo de Valinhos, maior produção e produtividade (Tabela 12). Leonel e Tecchio (2008) obtiveram 29,40 e 46,60 frutos por planta para a variedade Roxo de Valinhos podada em agosto sem irrigação nos ciclos 2004/2005 e 2005/2006, respectivamente em Botucatu/SP. Esses valores são próximos da variedade Troiano do presente estudo, que produziu 26,38 frutos por planta. Ainda segundo os mesmo autores, efetuando-se a poda em agosto, a fase de maior crescimento vegetativo e emissão de frutos coincide com dias mais longos e quentes, favorecendo a atividade fotossintética e a frutificação. Plantas que receberam irrigação, proporcionaram maiores valores de produção e produtividade em relação às que não receberam. Tabela 12 - Produção e produtividade para quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 Variedades Frutos planta-1 Produção (g planta-1) Produtividade (kg ha-1) Roxo de Valinhos 14,51 b 592,73 ab 987,88 ab White Genova 4,86 b 216,67 b 361,11 b PI – 189 11,79 b 319,50 b 532,50 b Troiano 26,38 a 798,12 a 1330,20 a CV (%) 35,74 40,13 40,13 DMS 11,35 426,89 711,49 Médias seguidas pelas mesmas letras na coluna (variedades) não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % probabilidade As baixas precipitações ocorridas nos meses que antecederam a frutificação (Figura 15) podem ter promovido atraso na formação dos frutos e contribuído para a baixa produção obtida no presente trabalho, principalmente para as variedades Roxo de Valinhos e PI – 189, que foram as que começaram mais cedo a colheita. 70 Figura 15 - Temperatura média mensal, precipitação pluviométrica e período de colheita em quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 Com uma produtividade de 1330,20 kg ha-1, a variedade Troiano, ao lado de ‘Roxo de Valinhos’, foi a mais produtiva, muito provavelmente devido ao maior crescimento geral, que permitiu maior acúmulo de carboidratos que posteriormente foram usados no desenvolvimento dos frutos. Souza (2013) obteve resultados próximos de produtividade e produção aos 240 DAP, porém, com ‘Roxo de Valinhos’, onde obteve 1455,25 kg ha-1 e 909,75 g planta-1 em plantas não irrigadas em Botucatu/SP. No Brasil, segundo Chalfun et al. (1998), o rendimento máximo pode chegar a 20 a 30 t ha -1, em pomares bem conduzidos com seis a nove ramos, a partir dos 6 anos de idade, lembrando que as plantas desse experimento estavam em seu segundo ciclo produtivo. Avaliando variedades de figueira em Selvíria/MS, Rodrigues et al. (2009) verificaram que as variedades Troiano e PI – 189 apresentaram maior número de frutos por planta em relação às outras variedades, com 36 e 30 frutos por planta, respectivamente. Tais resultados concordam com o 71 presente trabalho, quando dizem que a variedade Troiano foi umas das mais produtivas (3,23 t ha-1), ‘White Genova’ a menos produtiva (1,95 t ha-1) e ‘Roxo de Valinhos’ intermediária (2,27 t ha-1), porém, contradizem quando relatam que ‘PI – 189’ obteve a maior produtividade, com 3,76 t ha-1, sendo que ela chegou no máximo 0,53 t ha-1 no presente trabalho. Ainda segundo os mesmos autores, ‘PI – 189’ foi superior à variedade padrão Roxo de Valinhos em características de grande importância comercial, como número de frutos por planta e produtividade, mostrando-se assim com enorme potencial para posteriores estudos. No presente estudo, foi a variedade Troiano que obteve mais frutos por planta e produção e produtividade semelhantes a ‘Roxo de Valinhos’, além de ter obtido melhores características de crescimento como diâmetro e comprimento dos ramos. 4.2.3 Sazonalidade de colheita e soma térmica expressa em graus-dia A duração do período entre a poda e o início da colheita foi maior na variedade Troiano, com 200 dias (03/08 – 19/02) e menor na variedade PI – 189, com 162 dias (03/08 – 12/01), como visto na Figura 16. Norberto et al. (2001) afirmam que o intervalo normal entre a poda de inverno da figueira e o início da colheita é de 4 a 5 meses (120 a 150 dias) em região de clima subtropical para a variedade Roxo de Valinhos que, no presente trabalho, apresentou um intervalo de 169 dias (03/08 – 19/01). 72 Figura 16 - Duração em dias dos períodos: poda (03/08) - brotação; brotação - início da colheita; início da colheita - final da colheita de quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 A variedade Troiano apresentou o maior ciclo total entre todas as variedades, com 325 dias e, consequentemente, maior suscetibilidade das plantas ao ataque de pragas e doenças devido ao fato das plantas ficarem mais tempo no campo, o que pode ocasionar mais gastos ao produtor. ‘PI – 189’ ao lado de ‘White Genova’, foram as que tiveram o menor ciclo, com 216 dias, Leonel e Tecchio (2010), estudando a variedade Roxo de Valinhos em Botucatu/SP, obtiveram um período produtivo de 91 dias no ciclo 2004/2005 e 132 dias no ciclo 2005/2006 para plantas podadas em agosto. No presente estudo, foi a variedade Troiano que obteve maior período produtivo, com 125 dias (Figura 16). Ainda de acordo com os mesmos autores, ‘Roxo de Valinhos’ iniciou sua colheita nos dias 17 de janeiro e 27 de dezembro nos ciclos 2004/2005 e 2005/2006, respectivamente, data do primeiro ciclo próxima à observada no presente estudo para a mesma variedade, que iniciou sua colheita no dia 19 de janeiro de 2016 e obteve 67 dias produtivos (Figura 16). A figueira exige clima quente e alta luminosidade no período vegetativo para obter altos rendimentos (PEREIRA, 1981; ANTUNES et al., 1997; CHALFUN et al., 1998). Plantas podadas em agosto apresentam a fase de maior desenvolvimento vegetativo e emissão de frutos transcorrendo com dias mais longos e quentes, favorecendo a atividade fotossintética e a frutificação (NIENOW et 73 al., 2006). Seguindo essa linha, a variedade Troiano, por ter demonstrado um ciclo mais tardio em relação às demais, teve o começo da emissão de frutos em uma época com maiores precipitações pluviométricas, janeiro e fevereiro, o que pode justificar os maiores valores de frutos por planta em relação às variedades Roxo de Valinhos, White Genova e PI – 189, que tiveram um período de início de frutificação mais antecipado. A colheita da variedade Troiano foi a que começou mais tardiamente, no dia 19 de fevereiro e foi a que mais se alongou, até 23 de junho, período maior em comparação com Roxo de Valinhos, variedade dominante no estado de São Paulo, a qual no dia 26 de março já encerrou sua colheita e, segundo a literatura, estende-se no máximo até abril, possibilitando assim, que ‘Troiano’ entre no mercado já em um período no qual tenha se encerrado a colheita tradicional do figo Roxo de Valinhos no estado de São Paulo. Quanto ao acúmulo de graus-dia (GD), observa-se que as variedades Roxo de Valinhos e White Genova foram as que apresentaram o período poda-brotação mais curto, com 204,66 GD e 207,98 GD, respectivamente (Tabela 13), enquanto que no período brotação - início da colheita, foram as variedades PI-189 e Roxo de Valinhos, com e 2115,87 GD e 2254,13 GD, respectivamente. No período início da colheita - fim da colheita foram as variedades White Genova e PI - 189 que apresentaram período mais curto, com 513,61 GD e 843,96 GD, respectivamente. Considerando o ciclo total, a variedade Troiano apresentou o período mais longo, com 4577,31 GD (Tabela 13). Souza et al. (2009) relatam que a necessidade térmica para a figueira ‘Roxo de Valinhos’ desenvolver-se da poda realizada em agosto até o início da colheita em Botucatu/SP é de 1955 graus-dia. No presente estudo, a mesma variedade necessitou acumular 2458,79 (2254,13 + 204,66) grausdia para início da colheita. 74 Tabela 13 - Acúmulo de graus-dia (GD) e número de dias nas diferentes fases fenológicas em quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 Variedades ΣGD Poda – Brotação ΣGD Brotação – Início colheita ΣGD Início colheita – Final colheita ΣGD Total Roxo de Valinhos 204,66 b (14 dias) 2254,13 bc (155 dias) 1053,64 b (67 dias) 3512,42 b (236 dias) White Genova 207,98 b (14 dias) 2467,25 ab (169 dias) 513,61 c (33 dias) 3188,83 b (216 dias) PI – 189 228,69 a (16 dias) 2115,87 c (146 dias) 843,96 bc (54 dias) 3188,51 b (216 dias) Troiano 244,14 a (17 dias) 2702,54 a (183 dias) 1630,62 a (125 dias) 4577,31 a (325 dias) CV (%) 4,05 4,95 20,98 6,74 DMS 19,78 260,66 468,12 538,59 Médias seguidas pelas mesmas letras na coluna (variedades) não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % probabilidade Dalastra et al. (2009) obtiveram 3870,89 graus-dia acumulados da poda ao final da colheita para plantas da variedade Roxo de Valinhos de quatro anos de idade podadas em agosto na região oeste do Paraná. No presente estudo, a variedade Roxo de Valinhos acumulou 3512,42 graus-dia no ciclo total, mas foi a variedade Troiano que obteve maior valor entre as variedades estudadas, com 4577,31 graus-dia. A duração do ciclo variou em função do genótipo e das condições ambientais de radiação solar e temperatura ocorridas no período, e com isso, também os graus-dia acumulados. A variedade Troiano começou seu ciclo produtivo em um período a qual a temperatura já começou a declinar, diminuindo assim o metabolismo da planta, necessitando assim, acumular mais graus-dia e o ciclo acabou se estendendo mais. Estudos envolvendo a relação entre o comprimento do ciclo e a temperatura do ar mostram que, em regiões onde a temperatura é mais elevada, o ciclo da cultura é menor, em razão de seu crescimento acelerado (NEIS et al., 2010). Isto leva a crer que cada uma das variedades respondeu diferentemente em relação às condições meteorológicas reinantes, 75 principalmente com relação à disponibilidade de radiação solar e temperatura do ar, interferindo no cálculo dos graus-dia. 4.3 Aspectos qualitativos dos frutos de quatro variedades de figueira Diferenças significativas foram observadas para as características físicas dos frutos maduros das variedades de figueira, com maiores valores para as variedades Roxo de Valinhos e White Genova em massa, diâmetro e comprimento dos frutos (Tabela 14). Para a variável diâmetro equatorial/diâmetro longitudinal (DE/DL), que quanto mais próximo de um, mais uniforme é o formato do fruto, ‘White Genova’ e ‘Troiano’ apresentaram os maiores valores. Tabela 14 - Diâmetro equatorial (DE), comprimento (diâmetro longitudinal – DL) e massa dos frutos de quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 Variedades Diâmetro (mm) Comprimento (mm) Massa (g) DE/DL Roxo de Valinhos 45,01 a 58,68 a 40,84 a 0,77 bc White Genova 47,51 a 56,27 a 44,58 a 0,85 a PI – 189 37,06 b 51,63 b 27,09 b 0,72 c Troiano 39,55 b 48,67 b 30,25 b 0,81 ab CV (%) 3,23 3,40 6,58 3,06 DMS 3,02 4,04 5,19 0,05 Médias seguidas pelas mesmas letras na coluna (variedades) não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % probabilidade Souza (2013), avaliando os frutos maduros de variedades de figueira na Espanha, encontrou valores diversos para todos os atributos físicos, que variaram de 47,16 g a 75,27 g para massa média nas variedades Tiberio e Colar, respectivamente. Leonel e Tecchio (2008), avaliando a variedade Roxo de Valinhos em Botucatu/SP, encontraram valores de massa dos frutos de 51,66 g e 48,72 g nos ciclos 2004/2005 e 2005/2006, respectivamente, para plantas podadas em agosto e sem irrigação. 76 Rodrigues et al. (2009), avaliando diversas variedades de figueira em Selvíria/MS, encontraram maiores valores de massa dos frutos para as variedades White Genova e PI – 189, com 51,33 e 44,24 g, respectivamente. Nas mesmas variedades, também foram encontrados os maiores valores de diâmetro dos frutos, com 49,8 e 44,7 mm, respectivamente. Ainda segundo os mesmos autores, para comprimento dos frutos, não houve diferença significativa entre as variedades. Por outro lado, no presente estudo, a variedade PI – 189, ao lado de ‘Troiano’, apresentou os menores valores de massa, diâmetro e comprimento dos frutos, muito provavelmente devido ao fato de seus frutos terem demonstrado ligeira queda prematura antes do estádio ideal de maturação para colheita. Segundo classificação dos próprios produtores, ‘Roxo de Valinhos’ e ‘White Genova’ se enquadram no tamanho médio, que varia de 41 a 60 mm de diâmetro e 54 mm de comprimento. Já ‘PI – 89’ e ‘Troiano’ se enquadram entre os miúdos, que variam de 35 a 40 mm de diâmetro e 45 a 54 mm de comprimento (LEONEL & LEONEL, 2011). As medições das dimensões físicas do fruto, como diâmetro longitudinal, transversal ou do comprimento, são de grande utilidade para produtos destinados ao consumo in natura, sendo de uso restrito quando destinados ao processamento (CHITARRA & CHITARRA, 2005). Frutos destinados ao consumo in natura devem apresentar tamanho médio a grande, a exemplo das variedades Roxo de Valinhos e White Genova, com grandes chances de exportação, umas vez que sua produção ocorreu em um período de entressafra dos países do Hemisfério Norte, onde estão os maiores produtores. Já frutos de tamanho pequeno e miúdos se enquadram melhor para o aproveitamento na indústria, a exemplo das variedades PI – 189 e Troiano, tendo esta segunda maior chance de aproveitamento, pois sua colheita se estendeu até um período ao qual já se encerrou a produção no estado de São Paulo (Figura 17). 77 Figura 17 - Frutos das variedades: A - Roxo de Valinhos; B - White Genova; C - PI – 189 (Irradiado); D - Troiano Foto: Rafael Augusto Ferraz - 2016 O pH (potencial hidrogeniônico) representa o inverso da concentração de íons hidrogênio (H+) em um dado material. A capacidadetampão de alguns sucos permite que ocorram grandes variações na acidez titulável, sem variações apreciáveis no pH. Contudo, numa faixa de concentração de ácidos entre 2,5 e 0,5 %, o pH aumenta com a redução da acidez, sendo utilizado como indicativo dessa variação (CHITARRA & CHITARRA, 2005). Sendo assim, ‘PI - 189’ está de acordo com os referidos autores, pois teve, ao lado de ‘Troiano’, a maior acidez (0,24 g ácido cítrico 100 g-1) e o menor pH, com 3,87 (Tabela 15). Tabela 15 - pH, sólidos solúveis, acidez e ratio (SS/AT) dos frutos de quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 Variedades pH Sólidos Solúveis (ºBrix) Acidez (g ácido cítrico 100 g-1) Roxo de Valinhos 4,17 c 9,53 a 0,18 b 53,76 a White Genova 5,13 a 10,90 a 0,18 b 61,59 a PI – 189 3,87 d 5,88 b 0,24 a 24,49 b Troiano 4,78 b 11,50 a 0,23 ab 51,94 a CV (%) 1,89 12,51 11,03 21,57 DMS 0,19 2,61 0,05 22,84 SS/AT Médias seguidas pelas mesmas letras na coluna (variedades) não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % probabilidade 78 Almeida e Martin (1997) citam que o pH de figos produzidos no Brasil estão na faixa entre 5,5 e 6,0. Bostan et al. (1999), Koyuncu (1999), Koyunku et al. (1999) e Oseker e Isfendiyaroglu (1999), no entanto, relatam pH entre 4,2 e 5,9 e teores de sólidos solúveis entre 11,90 e 27,6, verificados em figos produzidos em diferentes regiões da Turquia, onde os frutos são considerados de alta qualidade. Nessa faixa de sólidos solúveis, apenas ‘Troiano’ quase se encaixa, com 11,50 ºBrix. A variedade PI -189 obteve baixos valores de sólidos solúveis, pois seus frutos apresentaram uma ligeira queda prematura antes mesmo de atingirem o ponto ideal de maturação para colheita. Já as demais variedades não atingiram valores de sólidos solúveis tão expressivos, pois, devido ao intenso ataque de pássaros na área experimental, seus frutos foram colhidos logo no início do ponto de maturação, quando a coloração começa a ficar levemente avermelhada. Souza (2013) encontrou valores de sólidos solúveis que variaram de 17 a 18,43 ºBrix para frutos de várias variedades de figueira na Espanha. Rodrigues et al. (2009), avaliando diversas variedades de figueira em Selvíria/MS, encontraram valores superiores de sólidos solúveis nas variedades Roxo de Valinhos (12,74 ºBrix), White Genova (11,51 ºBrix), PI – 189 (12,48 ºBrix) e Troiano (13,68 ºBrix). Os valores de ratio (SS/AT) foram altos provavelmente devido aos baixos valores de acidez, tendo ‘PI – 189’ o valor mais baixo de ratio devido ao seu maior valor de acidez. Esses valores podem mudar muito facilmente devido às diferenças no ponto de colheita, visto que frutos colhidos para a comercialização são colhidos em estádios iniciais de amadurecimento, os quais podem ser diferentes entre as regiões, devido ao clima, solo e tratos culturais. Vitamina C é o componente nutricionalmente mais importante e deve ser dosado como vitamina C total, ou seja, ácido ascórbico + ácido dehidroascórbico, porque ambas as formas têm atividade vitamínica. O teor de ácido ascórbico pode ser utilizado como um índice de qualidade dos alimentos, porque varia no produto de acordo com as condições de cultivo, armazenamento e processamento (CHITARRA & CHITARRA, 2005). Ainda segundo os mesmos autores, os valores de vitamina C tendem a diminuir com o amadurecimento e com o armazenamento, devido à atuação direta da enzima ácido ascórbico oxidase (ascorbinase). Este fato pode ter influenciado os altos valores de ácido ascórbico 79 observados na Tabela 16, pois os frutos estavam em um estádio inicial de amadurecimento. Tabela 16 - Ácido ascórbico, açúcares redutores e não-redutores dos frutos de quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 Variedades Ácido ascórbico (mg 100 mL-1) Açúcares redutores (%) Açúcares não-redutores (%) Roxo de Valinhos 31,10 a 6,76 a 0,67 a White Genova 30,51 a 7,76 a 1,11 a PI -189 25,47 a 2,91 b 0,63 a Troiano 30,81 a 7,79 a 1,85 a CV (%) 25,15 13,20 52,61 DMS 16,37 1,84 1,24 Médias seguidas pelas mesmas letras na coluna (variedades) não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % probabilidade Quanto aos açúcares, foi observada maior predominância de açúcares redutores (glicose + frutose) em relação aos açúcares não-redutores (sacarose) (Tabela 16). Tais resultados concordam com Gonçalves et al. (2006) que atingiram 9,51 % como valor máximo de açúcar redutor, bem superior aos açúcares não-redutores, que apresentaram valores inferiores a 1,75 %. Por outro lado, SAAD et al.(1979) observaram maior porcentagem de sacarose em relação à glicose, durante o amadurecimento de figos que sofrem polinização. Os diferentes teores de açúcares em frutos e vegetais dependem da variedade, do grau de maturação, condições de conservação e ano agrícola em que os frutos foram colhidos (MATTHEWS et al., 1987). Segundo os mesmos autores, em figos frescos e secos, os teores de glicose e frutose podem variar de 3,7 a 28,6 % e 2,8 a 26 %, respectivamente. Whiting (1970) afirma que o conteúdo de açúcares aumenta gradativamente durante os primeiros estádios de desenvolvimento do fruto e rapidamente nos últimos estádios de maturação, dependendo da cultura. No decorrer do amadurecimento, ocorrem a hidrólise do amido, a transformação dos constituintes celulósicos e a conversão de protopectina em pectina solúvel. Esse fato, provavelmente explica os menores valores de açúcares redutores na variedade 80 PI -189, a qual teve os frutos colhidos em um estádio inicial de amadurecimento mais precoce que as demais. Os compostos polifenólicos estão presentes na maioria das frutas e apresentam capacidade antioxidante no organismo humano, contudo vale ressaltar que sua concentração está relacionada à cultivar, estádio de maturação do fruto e às condições de clima e solo de cada região (REYNERSTON et al., 2008). As variedades do presente estudo não demonstraram diferença significativa para os compostos polifenólicos, bem como para flavonóides e capacidade antioxidante (Tabela 17). Correlações positivas entre os teores de polifenólicos totais e capacidade antioxidante em figos foram observados em alguns estudos (SOLOMON et al., 2006; VEBERIC et al., 2008). Apesar de não ter se diferenciado estatisticamente, nota-se que as variedades com maiores valores de polifenólicos, como ‘Roxo de Valinhos’ e ‘PI – 189’, com 187,73 mg 100 g-1 e 176,61 mg 100 g-1, respectivamente, apresentaram também maiores valores de capacidade antioxidante, com 20,15 e 20,61 % de DPPH reduzido, respectivamente. Tabela 17 - Polifenólicos, flavonóides e capacidade antioxidante dos frutos de quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 Variedades Polifenólicos (mg 100 g-1) Flavonóides (mg 100 g-1) Antioxidantes (% DPPH red.) Roxo de Valinhos 187,73 a 16,05 a 20,15 a White Genova 128,23 a 14,12 a 13,79 a PI – 189 176,61 a 20,37 a 20,61 a Troiano 152,27 a 18,71 a 13,09 a CV (%) 22,06 20,98 22,95 DMS 78,54 8,02 8,57 Médias seguidas pelas mesmas letras na coluna (variedades) não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % probabilidade Sabendo-se que a concentração dos compostos polifenólicos está relacionada à cultivar, estádio de maturação do fruto e às condições de clima e solo de cada região, os valores do presente estudo estão superiores aos encontrados por Vallejo et. al. (2012), que analisando diversas variedades de figo na Espanha, a variedade Colar apresentou teores de polifenólicos 81 totais na casca de 88,3 mg 100 g-1 e na polpa de 4,3 mg 100 g-1 e a variedade Tiberio teve frutos com casca e polpa apresentando teores de 27,4 e 1,6 mg 100 g -1, respectivamente. Diversos estudos têm mostrado que diferentes fatores bióticos e abióticos desempenham importante papel na concentração de compostos fenólicos em pequenos frutos e em sua capacidade antioxidante (KRAFT et al., 2008). Jeyaramraja et al. (2003), relatam que as condições do solo também afetam a composição fenólica das plantas. O teor de flavonóides é regulado por genes específicos que influenciam a produção do metabólito (JEONG et al., 2006), porém, segundo Anttonen et. al., (2006), também é mais afetado pela variedade do que pelo sistema de cultivo empregado, apesar do presente estudo não ter demonstrado diferenças significativas para essa variável entre as quatro variedades (Tabela 17). A radiação ultravioleta, principalmente UV-B, afeta significativamente as células vegetais. Dessa forma, quanto maior as radiações, principalmente a ultravioleta, incididas sobre a planta, maiores serão os teores de compostos fenólicos (MEYERS et al., 2003). Sendo assim, o fato dos frutos das quatro variedades de figueira terem se desenvolvido em um período de altas temperaturas e radiações justifica seus altos valores de polifenólicos e flavonóides. As variáveis clorofila A e clorofila B não apresentaram diferença significativa entre as variedades, porém, apresentaram para antocianinas e carotenóides (Tabela 18). 82 Tabela 18 - Clorofila A, clorofila B, antocianinas e carotenóides dos frutos de quatro variedades de figueira – Botucatu - 2016 Variedades Clorofila A (µg 100 g-1) Clorofila B (µg 100 g-1) Antocianinas (µg 100 g-1) Carotenóides (µg 100 g-1) Roxo de Valinhos 72,50 a 37,68 a 231,79 ab 95,13 b White Genova 69,80 a 39,07 a 185,14 b 84,79 b PI – 189 84,33 a 105,59 a 392,74 a 131,39 a Troiano 81,91 a 50,99 a 127,61 b 137,14 a CV (%) 38,57 65,21 38,99 11,73 DMS 65,70 84,00 201,77 29,05 Médias seguidas pelas mesmas letras na coluna (variedades) não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % probabilidade Sendo carotenóide o pigmento responsável pela coloração amarela, laranja e vermelha de frutos e hortaliças, ‘PI – 189’ e ‘Troiano’ naturalmente apresentaram maiores valores deste pigmento, com 131,39 µg 100 g-1 e 137,14 µg 100 g-1, respectivamente, por terem apresentado coloração mais amarelada que as demais variedades. As antocianinas, responsáveis pela maioria das cores vermelha, rosa, roxa e azul observadas nos vegetais, esteve mais presente nas variedades Roxo de Valinhos e PI – 189, com 231,79 µg 100 g-1 e 392,74 µg 100 g-1, respectivamente, sendo a primeira devido ao fato dos frutos serem mais arroxeados e a segunda, apesar de também ter apresentado altos valores de carotenóides devido à sua coloração mais amarelada, apresentou também pontos escuros na sua casca. Dueñas et. al. (2008), avaliando diversas variedades de figo na Espanha, verificaram que a maior parte das antocianinas se concentram na casca (32 – 97 µg g-1), enquanto que na polpa variam de 14 µg g-1 em variedades de polpa escura para 1,5 µg g-1 em variedades de polpa clara. Solomon et. al. (2006) encontraram a mesma proporção para a variedade Bursa, uma das mais comuns cultivadas na Espanha, com 41 µg g-1 de teor de antocianinas na casca e 1 µg g-1 na polpa. Diversos fatores ambientais tais como luz, baixas temperaturas e condições de estresse podem ativar os genes envolvidos na biossíntese das antocianinas e carotenóides (CHALKER–SCOTT, 1999). As discrepâncias observadas nas concentrações em relação a esses teores em vários 83 produtos de origem vegetal nas diversas publicações científicas se devem, em grande parte, aos métodos analíticos e aos estádios de maturação dos frutos avaliados, como também ao sistema de cultivo (HÄKKINEN, 2000). 84 85 5. CONCLUSÕES No experimento de propagação, através do enraizamento de estacas semilenhosas, as estacas de figueira que não receberam tratamento com ácido indolbutírico (AIB) tiveram maior porcentagem de estacas vivas, enraizadas e brotadas, com exceção da variedade Troiano, que não apresentou diferença na aplicação, sendo assim, dispensável o uso do AIB para essas variedades, nas condições do experimento. As variedades Roxo de Valinhos e White Genova foram as variedades que brotaram mais rápido e, a primeira, apresentou maior número de brotações em todas as avaliações após a poda. A variedade Troiano obteve os maiores valores de diâmetro e comprimento dos ramos nas avaliações de crescimento no campo. No que se refere à produção e produtividade, ‘Troiano’ e ‘Roxo de Valinhos’ obtiveram os maiores valores, sendo que a primeira obteve frutos de menor diâmetro, comprimento e massa em relação à segunda e, por ter apresentado colheita mais tardia, torna-se possível o fornecimento dos frutos, principalmente para a indústria, em um período já de entressafra no estado de São Paulo. As variedades Roxo de Valinhos e White Genova obtiveram frutos com maior massa, diâmetro e comprimento, sendo grandes as chances de exportação dos frutos dessas variedades para consumo in natura e, ao lado da variedade Troiano, obtiveram também os maiores valores de sólidos solúveis e açúcares redutores. As variedades Troiano e PI – 189 apresentaram maiores teores de carotenóides. Quanto aos valores de antocianinas, as variedades Roxo de Valinhos e PI – 189 obtiveram os maiores teores. 86 87 6. REFERÊNCIAS ABRAHÃO, E.; CHALFUN, N. N. J.; REGINA, M. A.; ALVARENGA, A. A. Influência de diferentes tipos de poda no desenvolvimento e produção da figueira (Fícus carica L.) Roxo de Valinhos. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 12, n. 2, p. 27-31, 1990. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ministério da Saúde. Métodos físicoquímicos para análise de alimentos. 4. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 1018p., 2005. Agrianual 2015. Hortifrutícolas. Agrianual 2015: Anuário da Agricultura Brasileira, São Paulo, 2015, 472 p. ALMEIDA, M. E. M de; MARTIN, Z. J. de. A industrialização do figo. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 18, n. 188, p. 14-21, 1997. ALVARENGA, A. A.; ABRAHÃO, E.; FRÁGUAS, J. C.; CARVALHO, V. L.; SILVA, R. A.; SANTA CECILIA, L. V. C.; CUNHA, R. 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