UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ” DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS LEB 432 – Máquinas e Implementos Agrícolas Máquinas para a Colheita de Cereais Prof. Thiago Romanelli - [email protected] Piracicaba, 07 a 09 de outubro de 2013 Objetivos da aula • • Caracterizar os diferentes sistemas de colheita de grãos existentes no nosso meio Analisar as partes constituintes e o funcionamento das máquinas utilizadas na colheita de grãos Bibliografia • BALASTREIRE, L.A. Máquinas Agrícolas. Editora Manole Ltda. São Paulo, 1987. 307p. • GADANHA JR., C.D.; MOLIN, J.P.; COELHO, J.L.D.; YAHN, C.H.; TOMIMORI, S.M.A.W. Máquinas e implementos agrícolas do Brasil. IPT, São Paulo, 1999. 468p. • MIALHE, L.G. Máquinas para colheita de cereais. Apostila CALQ, Piracicaba, 1984. • Material em: http://www.leb.esalq.usp.br/disciplinas/Romanelli/leb432/ Objetivos da colheita Retirar os grãos do campo e separá-los do resto do material colhido num tempo condizente e com mínima perda quantitativa mantendo-se a mais alta qualidade do grão. (ASABE, 2006) Operações Mecanizadas Preparo de solo Controle de águas Correção química Implantação de culturas Cultivo Tratamento fitossanitário Colheita Transporte Armazenamento Não podem limitar a Capacidade de Colheita Operações Mecanizadas Particularidades Capacidade de Campo Operacional Outras Operações Área / tempo (ha h-1) Capacidade de Processamento Colheita Massa / tempo (t h-1) Capacidade de Processamento (t h-1) Produtividade (t ha-1) = CcO (ha h-1) f (umidade, invasoras) Particularidades Colheita Etapa final do ciclo de produção Retirada do produto do campo Fatores cruciais: Custo e Pontualidade Colheita - Custo Colhedora: Máquina complexa Com custo alto – o maior entre as máquinas na produção de grãos Preços variam desde R$400.000 até R$1.000.000 Além do custo elevado são utilizadas por poucas horas ao ano Alto custo horário: R$200 h-1 e R$400 h-1 Tipos de Colheita Colheita Manual Colheita Semi-mecanizada Colheita Mecanizada Colheita Manual • Difundida em pequenas lavouras. • 10 dias de trabalho de um homem para cortar 1 ha. • O corte, recolhimento e trilha são feitos manualmente. Colheita Semi-Mecanizada • Neste sistema, pelo menos uma das etapas da colheita é feita manualmente. • Geralmente, o corte e o recolhimento das plantas são manuais e a trilha é feita mecanicamente. Trilhadora • Esta máquina foi construída e avaliada pela EMBRAPA. • Operada por duas pessoas. • A capacidade de produção de trilha foi de 237 kg/h, ou seja quatro vezes superior à trilha manual. FONTE: EMBRAPA, 1999 Trilhadora com Separação e Limpeza • Esta máquina foi construída e avaliada pela EMBRAPA. • Operada por duas pessoas. • A capacidade de produção de trilha foi de 117 kg/h. FONTE: EMBRAPA, 2000 Trilhadora estacionária – a origem da colhedora de hoje Trilhadora estacionária de fluxo radial Debulhadora manual para milho FEIJÃO FEIJÃO FEIJÃO AMENDOIM Colheita mecanizada Utilizam-se máquinas que realizam, em seqüência, as operações de corte, trilha, separação, limpeza e armazenamento denominadas colhedoras combinadas autopropelidas de grãos. Tipos de colhedoras Autopropelida ou tracionada Grãos ou sementes Sistema de trilha: radial ou axial Sistemas de colheita • Manual • Semi-mecanizada • Mecanizada –Indireta 1. Segadora automotriz 2. Recolhedora trilhadora autopropelida Arrancador de feijão Segadora de feijão acoplada ao engate de três pontos dianteiro Segadora de feijão adaptada ao chassi de uma antiga colhedora Recolhedora trilhadora de cereais rebocada Recolhedora autopropelida (adaptada) Recolhedora autopropelida Arrancador de amendoim Sistemas de colheita • Manual • Semi-mecanizada • Mecanizada – Indireta – Direta Tracionada Colhedora combinada tracionada por trator ASAE (1993) Semi-montada - despigadora Candelon (1971) Despigadora autopropelida - semente http://www.may.com.tr/ing/ production.html (2001) Colheita Mecanizada • Utilizam-se máquinas que realizam, em seqüência, as operações de corte, trilha, separação, limpeza e armazenamento denominadas colhedoras combinadas autopropelidas de grãos. Colhedora de cereais A primeira “combinada”, associada a um trator a vapor The Berry self-propelled combine of 1886 with a 22-ft cutting width. (Photo courtesy of the F. Hal Higgins Collection, Special Collections Department, Library of the University of California, Davis) – Resource, ASABE, nov. 2007) COLHEDORA COMBINADA AUTOPROPELIDA As máquinas e seus sistemas de trilha • Radial • Axial Rotor Côncavo Cilindro Rotor Trilhadora estacionária Primeira colhedora combinada autopropelida brasileira Colhedora combinada de grãos semi-montada com plataforma despigadora e acionada pela TDP Colhedora combinada de grãos semimontada com plataforma segadora e acionada pela TDP Área de separação Área de debulha Cone de transição e aletas propulsoras • Rotor de fluxo axial: Vantagem de permanecer com o material por mais tempo melhorando a eficiência isso contribui para redução no comprimento do sistema de separação. A rotação varia de 400 ou 760 rpm. FONTE: CASE IH, 2005. Colheita de deSementes sementes Não pode haver qualquer perda em viabilidade dos embriões Fissuras e quebras nas sementes são indesejadas Geralmente se utilizam máquinas axiais pois estas permitem uma trilha com menos impactos e danos Soja, trigo, girassol e feijão com colhedora axial ou radiais (com ressalvas) Milho com espigadoras com a trilha é feita com máquinas especiais após lenta secagem COMPOSIÇÃO DA COLHEDORA COMBINADA AUTOPROPELIDA Colhedora combinada autopropelida de fluxo radial Alimentaçã Separação Trilha Limpeza Trilhadora estacionária de fluxo radial transporte e armazenamento separação trilha alimentação corte limpeza Colhedora combinada de grãos semi-montada com plataforma despigadora e acionada pela TDP Trilha e separação Limpeza Armazenamento Despigador (“corte”) Alimentação Colhedora combinada de grãos semimontada com plataforma segadora e acionada pela TDP Transporte e armazenamento Limpeza Alimentação Peneiras Retrilha Trilha e separação Ventilador Corte Chassi Transmissões na parte industrial da máquina transporte e armazenamento trilha e separação limpeza alimentação corte armazenamento trilha separação alimentação corte Colhedora limpeza combinada autopropelida de fluxo axial transversal Transmissão predominantemente hidráulica em máquina moderna A velocidade de avanço da colhedora deve ser ajustada a todo momento para regular a taxa de alimentação – fluxo de material que entra na máquina Polia de diâmetro variável Máquinas no Pátio UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ” DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS LEB 432 – Máquinas e Implementos Agrícolas Máquinas para a Colheita de Cereais Prof. Thiago Romanelli Piracicaba, 14 a 16 de outubro de 2013 COLHEDORA COMBINADA AUTOPROPELIDA Fabricantes no Brasil • AGCO (Santa Rosa, RS) – Massey Fergusson • CNH (Curitiba, PR) – New Holland – Case • John Deere (Horizontina, RS) – John Deere COMPONENTES DE UMA COLHEDORA Etapas da colheita 1. 2. 3. 4. 5. Corte e Alimentação Trilha Separação Limpeza Transporte e Armazenamento COLHEDORA AUTOPROPELIDA DE TRILHA RADIAL FONTE: MASSEY FERGUSON , 1986. transporte e armazenamento separação trilha alimentação corte limpeza transporte e armazenamento alimentação limpeza corte separação trilha Colhedora combinada autopropelida de fluxo axial Sistema de corte e alimentação Função: corte do material a ser colhido e condução até o sistema de trilha Plataforma de Corte Proteção da base da plataforma flexivel Plataforma segadora Plataforma despigadora Molinete Funções Puxar – as plantas contra a barra segadora; Empurrar – as partes aéreas das plantas cortadas sobre o condutor transversal; Levantar – plantas que encontram acamadas e que serão cortadas. Barra de corte Correntes transportadoras rolos despigadores Plataforma despigadora As primeiras plataformas despigadoras de linhas adensadas Plataformas despigadoras de linhas adensadas, hoje bastante comuns no mercado brasileiro Plataforma segadora para feijão Corte e Alimentação - Plataforma Claas (2001) e John Deere (2001) Corte – Mecanismo Despigador ASAE (1993) Funções Cortar as plantas que ficam na faixa delimitadas pelos separadores O movimento alternativo da barra de corte é obtido de uma caixa de transmissão localizada numa das extremidades da plataforma Condutor Tranversal Funções: Receber o material cortado Conduzir o material cortado até o condutor longitudinal Condutor Longitudinal Funções: Transportar o material entregue, pelos dedos retráteis, até o mecanismo de trilha Coletor de Pedras Trilha – Sistema Radial IOCHPE - Maxion (s.d.) Sistema de trilha Função: desprender o grão da planta (trilhar - debulhar) Batedor Separador de palhas por rotor duplo: A rotação varia de 750 a 1031 rpm • Tipos de cilindro de trilha: de dentes e de barras. FONTE: SRIVASTAVA, 1993. FONTE: DEERE & CO, 1993. Sistema de separação Função: separação do material trilhado (separar o grão da palha) Saca-palhas FONTE: IOCHPE-MAXION, 1995. trilha e separação limpeza alimentação Colhedora combinada autopropelida de fluxo axial de dois rotores Saca-palhas: O movimento rotativo alternado faz com que os grãos se soltem da palha e caiam por gravidade. Para auxiliar à separação, o saca-palhas vem equipado com cristas. FONTE: DEERE & CO., 1993. Saca-palhas - Separador O movimento rotativo alternado faz com que os grãos se soltem da palha e caiam por gravidade. Para auxiliar à separação, o saca-palhas vem equipado com cristas. DEERE & CO. (1993). Saca-palhas com sua base aberta e sem-fim FONTE: DEERE & Co., 1993 Sistema de Sistema de limpeza limpeza– Alimentação por Gravidade O ventilador força o ar sob as peneiras para retirar o palhiço e a poeira O movimento oscilante das peneiras proporciona grãos mais limpos no tanque graneleiro. Sistema de limpeza – Alimentação por Gravidade Sistema de limpeza – Alimentação por transportador Retrilha Retrilha Rotor Helicóide Chapa IOCHPE - Maxion (s.d.) Sistema de transporte e armazenamento Função: transporte interno e armazenamento do produto colhido proveniente do sistema de limpeza Picador de Palhas NEW HOLLAND (2004). Difusor de Palhas Sistemas de semeadura direta boa cobertura sobre o solo Plataformas cada vez maiores Distribuição deficiente da palha Alteração na distribuição espacial de nutrientes no solo Dificulta as operações seguintes (semeadura) Claas (2001) Esteira metálica para colheita de arroz irrigado Mapas de Produtividade O mapa de produtividade de uma colhedora de grãos Os componentes básicos de um sistema de monitoramento de colheita em colhedora de grãos Eletrônica embarcada Cabine Cabine John Derre (2001) e New Holland (2001) Monitor de Perdas 2 conjuntos de sensores, instalados na descarga do saca-palha e na da peneira superior, além de um painel monitor instalado na plataforma do operador. Os sensores interceptam o fluxo de carga do material, o impacto do grão (mais denso que o resto do material) é transformado em impulso elétrico, associando à uma perda (kg/ha). NEW HOLLAND (2004) Determinação de Perdas no Campo Normas de ensaios de perdas NBR 9740 (ABNT) Nela são definidas as condições de ensaio: - declividade do terreno - número de parcelas e de repetições - tamanho das parcelas - velocidade de deslocamento - coleta do material - método de cálculos etc. FONTES DE PERDAS NA COLHEITA • As perdas na operação de colheita podem ser divididas em três partes 1. Pré-colheita – perdas que antecedem a colheita e são ocasionadas pelas condições climáticas (ventos,chuvas,etc), tombamento e debulha natural 1o Passo: Determinação das perdas précolheita Demarcar a área com uma armação de madeira ou arame de 1m2 Debulhar os grãos e pesá-los Repetir em 5 locais diferentes da lavoura Causa queda natural de grãos, excesso de chuva e vento, acamamento das plantas Copo medidor 2o Passo: Determinação das perdas na plataforma Depois que a colhedora estiver colhendo pará-la e retrocedê-la uma distância do seu comprimento Com a armação, fazer a coleta à frente das marcas dos pneus dianteiros Causa vagens cortadas não conseguem ser captadas, grãos abaixo da barra de corte, plantas arrastadas pelo movimento do molinete, grãos derrubados pela vibração da barra de corte transmitida às plantas, grãos debulhados pelo molinete e pelos separadores Como medir as perdas em campo? FONTES DE PERDAS NA COLHEITA 2. Plataforma de Corte – perdas derivadas do contato e ação dos componentes da plataforma com a cultura: • molinete (altura e posição, velocidade, inclinação do pente) • altura da plataforma • barra de corte com problemas (folga, danificação de lâminas) • velocidade de avanço da máquina • abertura do caracol e da esteira alimentadora 3o Passo: Determinação das perdas na traseira da máquina Operar a máquina com o picador de palha desligado e fazer a coleta do material com a armação atrás da colhedora Os grãos soltos recolhidos do solo correspondem a porção perdida na limpeza e separação os grãos contidos em partes da planta é devido ao sistema de trilha Causas grãos não-trilhados que não são recuperados pelo sacapalhas ou sistemas de peneiras, grãos soltos junto a palha que é descarregado pelo sacapalhas. Devido à sobrecarga do saca-palhas grãos que passam por sobre a peneira superior e são jogados fora da máquina FONTES DE PERDAS NA COLHEITA 3. Perdas internas (máquina) – perdas provocadas pelos componentes internos da máquina decorrentes de má regulagem e de deficiências de projeto. FONTES DE PERDAS NA COLHEITA • Trilha: grão preso na palha - causada pela abertura excessiva entre côncavo e cilindro, ou velocidade inadequada do cilindro e da colhedora. FONTES DE PERDAS NA COLHEITA • Separação: grão solto na palha - causada também por abertura excessiva entre côncavo e cilindro e uma baixa velocidade do cilindro, sobrecarregando o saca-palha. FONTES DE PERDAS NA COLHEITA • Limpeza: grão solto no palhiço - causada por peneiras mal ajustadas associado a má regulagem do ventilador, velocidade e direção do fluxo de ar incorretos. 4o Passo: Determinação das perdas totais devido a colhedora Para esse cálculo, é usada a quantidade total de grãos recolhidos na traseira da máquina, subtraindo-se o total de grãos recolhidos para o cálculo das perdas pré-colheita. MACHADO (2003) FONTES DE PERDAS NA COLHEITA Monitor Sensor do sacapalhas Sensor de perdas Sensor das peneiras Perdas Taxa de alimentação PAMI, 1978 Perdas Dias após a maturação 6 10 20 25 30 40 50 Teor de umidade Perdas de do milho(%) matéria-seca(%) 25 1,5 23 2,0 20 3,0 18 5,0 17 7,0 15 12,0 15 14,0 (1995) Weber 6% de perdas total: aceitável > 10%: prejuízo supera custo operacional da colhedora perdas não podem passar de 2% na colheita SLC (1988) Colheita - Pontualidade Senescência das plantas – perdas quantitativas e qualitativas Qualitativa O grão é um organismo vivo e para se manter o embrião consome parte de suas reservas – menor produtividade Após a maturação fisiológica os grãos apenas perdem qualidade Doenças fúngicas, ataque de pragas Quantitativas Deiscência – queda dos grãos no solo Acamamento – corte e entrada na plataforma dificultados Colheita - Pontualidade Comparativo de produtividade de cultivares de soja e suas respectivas perdas relativas Borges (2004)