36º Encontro Anual da Anpocs, de 21 a 25 de outubro de 2012, Águas de Lindóia, SP Título: OS BRICS NA POLÍTICA EXTERNA DO GOVERNO OBAMA GT12 - Estudos sobre Estados Unidos Palavras-chave: Brics; Governo Obama; Foreign Policy Analysis; ONU. O crescimento econômico e a diversidade nas relações entre os Estados possibilitaram e trouxeram à tona o papel de novos atores, em especial os chamados “emergentes”. Dentro desse grupo, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (esta, mais recentemente, em 2011) ganharam maior atenção à partir do que ficou conhecido pelo acrônimo Brics - de criação original por Jim O’Neil, da consultoria de investimentos norte-americana Goldman Sachs -, composto por países que ocupam, cada vez mais, posições de protagonismo no cenário internacional. Em conseqüência, as pesquisas sobre esse grupo têm crescido tanto no meio acadêmico, quanto fora dele. Um exemplo da demanda progressiva e do interesse pela categoria é a ampliação de estudos relacionados à política externa e à relação comercial desses países (entre si e com os Estados Unidos) por parte de think tanks norte-americanos e do maior espaço conferido ao tema pela imprensa – brasileira e internacional. Na esteira destas discussões, o objetivo deste trabalho é refletir sobre os avanços e ganhos práticos que o grupo teria obtido desde seu surgimento como um ator coletivo, em 2009, assim como tentar delinear um perfil do relacionamento dos Brics com os Estados Unidos. O que mudou desde a primeira cúpula, em Ecaterimburgo, na Rússia, até sua quarta edição, realizada em março de 2012, em Nova Délhi, na Índia, quando chegou-se a propor a criação de um banco conjunto? Houve, de fato, uma reorganização sistêmica? Considerando-se o peso ainda bastante significativo que os Estados Unidos têm para cada um desses países e o fato de se tratar de ano eleitoral em terras americanas, o que se pode esperar? Os Brics são considerados uma oportunidade, ou uma ameaça pela administração de Barack Obama? Busca-se a cooperação, ou se tende para a desconfiança e/ou para o confronto? Que áreas seriam, talvez, mais sensíveis no trato multilateral? Outra questão a ser respondida diz respeito à percepção e à atuação do governo norte-americano frente aos Brics. Intuitivamente, os autores desta proposta antecipam que, para os Estados Unidos, conversas e negociações bilaterais parecem trazer mais vantagens aos norte-americanos do que aquelas realizadas com os Brics de forma coletiva. Acredita-se que o presente artigo se justifique, sobretudo, por dois motivos. Primeiramente, pelo interesse brasileiro em democratizar as relações internacionais e o núcleo de seus principais centros decisórios na tentativa de ampliar sua influência externa. Nesse sentido, entre as formas de se verificar se os Brics têm recebido maior atenção na cena internacional, sugere-se que se investigue como o atual governo dos EUA percebe a atuação desses países em relação a questões sensíveis, como a reforma do Conselho de Segurança, e no que se refere a sanções a países como Líbia e Síria, que passam recentemente por intervenções, ou insurgências. Em segundo lugar, tal proposta parece ganhar sentido na medida em que verifica-se o aumento do fluxo comercial entre os integrantes dos Brics, notadamente, entre Brasil e China. Uma análise mais contundente do comércio exterior entre os países dos Brics entre si e com os EUA ajudaria a verificar se possíveis acordos firmados no período resultaram em consequências práticas. Por último e de forma mais genérica, lembra-se que as fronteiras temáticas são cada vez mais porosas e intercambiáveis, e o mundo, sem dúvida, mais global. Sem objetivos prescritivos, a presente pesquisa será de natureza analítico-descritiva e qualitativa, por meio da atribuição de significados aos discursos do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e dos chefes de Estado e de Governo dos países por ele visitados. Também se propõe a avaliação da relevância dos acordos firmados entre os atores selecionados; revisão bibliográfica; e documental, com a análise de material coletado no site da Casa Branca, ou nas páginas oficiais dos referidos governos. Para tanto, pretende-se mapear tratados, visitas e discursos de Obama, assim como recuperar as votações desses países no Conselho de Segurança. De forma geral, a análise é voltada para a forma como os Estados Unidos enxergam os Brics; mas, de maneira específica, pretende-se abordar também como uma maior institucionalização do grupo em cúpulas e reuniões afeta sua disposição no cenário internacional. O recorte temporal será fragmentado, diretamente relacionado às viagens oficiais do presidente Obama aos países integrantes do Brics: 1) à Rússia, em julho de 2009; 2) à China em novembro de 2009; 3) à Índia, em novembro de 2010; e 4) ao Brasil, em março de 2011. A viagem da primeira-dama Michelle Obama à África do Sul, em junho de 2011, será incluída. Em contrapartida, as visitas de representantes dos Brics aos EUA também serão devidamente consideradas. Espera-se, ao final, contribuir para o debate em curso sobre o papel dos Brics e sobre o posicionamento dos Estados Unidos em relação ao grupo. Autora: Tatiana Teixeira, doutoranda em Ciência Política (Iesp/Uerj) Co-autora: Fernanda Magnotta, mestranda em Relações Internacionais (Programa San Tiago Dantas) Co-autor: Lucas Leite, mestrando em Relações Internacionais (Programa San Tiago Dantas)