Ensino de Astronomia no Grande ABC Ensino de Astronomia no Grande ABC Projeto de Extensão financiado e apoiado pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (ProEc) da UFABC. Um curso de Astronomia para interessados em obter conhecimentos iniciais sobre Astronomia. As aulas serão dadas por estudantes da UFABC, bolsistas e voluntári@s. Blog: http://astronomiaufabc.wordpress.com/ Facebook: http://www.facebook.com/pages/Ensino-deAstronomia-na-UFABC/387315644700222 E-mail: [email protected] Ensino de Astronomia no Grande ABC Equipe Prof. Coordenador: Pieter Willem Westera http://professor.ufabc.edu.br/~pieter.westera/, [email protected] Bolsistas: Emerson Penedo da Silva Thays Alessandra Barreto Voluntarios: Beatriz Libanio de Araujo Yordaky Gabriel Henrique Reis dos Santos Jessica Gonçalves de Sousa Michelle Caroline Rosa Ensino de Astronomia no Grande ABC - 21 aulas de 2 horas, 14:00-16:00, em Sábados de hoje (18/03) até outubro (14/10). No final de cada aula gostaríamos avaliar o aprendizado por meio de testes de múltipla escolha, que são facultativos e anônimos. Possivelmente a exibição de um filme e palestras em julho 2 Passéios, se possível em julho (pelo fim do mês): - IAG-USP (São Paulo) - Planetário Johannes Kepler (Parque Sabina, Sto. André) - Noites de observação de céu na UFABC com telescópios Ensino de Astronomia no Grande ABC Calendário 19/03 (hoje): Introdução + História da Astronomia I: Mitologia, Astrologia e Instrumentos Antigos 25/03: História da Astronomia II 01/04: História III: até hoje incl. Exploração do Espaço Ensino de Astronomia no Grande ABC Calendário 08/04: Sistema Solar: Terra, Lua, Sol 15/04: [feriado] – não haverá aula 22/04: [feriado] – não haverá aula 29/04: Sistema Solar: Planetas Internos Ensino de Astronomia no Grande ABC Calendário 06/05: Sistema Solar: Planetas Externos 13/05: Sistema Solar: Asteroides e Cometas, Formação do Sistema Solar 20/05: não haverá aula Ensino de Astronomia no Grande ABC Calendário 27/05: Sistema Solar: O Sol 03/06: Matéria Interestelar + Estrelas I Ensino de Astronomia no Grande ABC Calendário 10/06: Estrelas II 17/06: [feriado] – não haverá aula 24/06: Exoplanetas Julho: férias incluindo filme, passeios e possíveis palestras Ensino de Astronomia no Grande ABC Calendário 05/08: Objetos Compactos I 12/08: Objetos Compactos I 19/08: Objetos Compactos III Ensino de Astronomia no Grande ABC Calendário 26/08: Via Láctea Ensino de Astronomia no Grande ABC Calendário 03/09: Galáxias I 09/09: Galáxias II 16/09: não haverá aula Ensino de Astronomia no Grande ABC Calendário 23/09: Cosmologia I 30/09: Cosmologia II 07/10: Cosmologia III Ensino de Astronomia no Grande ABC Calendário 14/10: Vida no Espaço + Discussão e Certificados Ensino de Astronomia no Grande ABC Visita ao IAG - Terça ou quinta, pelo fim de julho*(?), 19:00, encontro às 17:00 na UFABC ! No. de participantes limitado a 40 Palestra: Como observar o Céu. e observação do céu com um telescópio (se o tempo colaborar) Site: http://www.iag.usp.br/astronomia/atendimento Visita à Sabina e ao Planetário Johannes Kepler Provavelmente em julho (a ser combinado). Ensino de Astronomia no Grande ABC Noites de Observação Noites de observação de objetos Astronômicos por telescópios de alun@s da UFABC abertas para todos, organizadas possivelmente em conjunto com o Arcturus Clube de Astronomia do ABC. Quem tem um telescópio pode trazer também. Divulgadas a curto prazo e canceladas no caso de céu nublado. Aula 1: História da Astronomia I: Mitologia, Astrologia, História, Instrumentos Antigos Astronomia Wikipedia (versão inglesa): A Astronomia, ou Astrofísica (do grego astron (ἄστρον), "estrela" e nomos (νόμος), "lei" ou "cultura") é uma ciência natural que estuda corpos celestes (como estrelas, planetas, cometas, nebulosas, aglomerados de estrelas, galáxias) e fenômenos que se originam fora da atmosfera da Terra (como a radiação cósmica de fundo em micro-ondas). Ela está preocupada com a evolução, a física, a química, e o movimento de objetos celestes, bem como a formação e o desenvolvimento do Universo. Astronomia e Mitologia Das observações sobre o céu, o homem notou algumas regularidades no mesmo, tais como os dias, estações e as fases da Lua. Dessas, surgiram reflexões que levaram à busca de leis naturais, imutáveis; e também à “tentação” de colocar lá seres sobrenaturais e todo poderosos. É quase impossível falar de astronomia antiga sem falar de mitologia. Mitologia O que é um Mito? (Do gr. mythos, do latim mythus : palavra expressa, discurso, fábula) 1. Relato ou narrativa de origem remota e significação simbólica, que tem como personagens deuses, seres sobrenaturais, fantasmas coletivos, etc. 2. Narrativa de tempos fabulosos ou heróicos; lenda. O que é Mitologia? (Do gr. mythologia) 1. Estudo sistemático dos mitos. 2. Conjunto de mitos de uma determinada cultura transmitido pela tradição (oral ou escrita). Mitologia Tentativa de entender o mundo, o homem e os fenômenos que os regem. Mitos encarnam fenômenos fundamentais à vida . - Deuses representando elementos naturais; - Tempestades e outras catástrofes naturais representavam a fúria dos deuses. - Ligada intimamente à religião. Estudos astronômicos sofriam influências da mitologia. Nomenclatura de astros, estrelas e constelações estão relacionados a elementos da mitologia, especialmente a grega. O Sol em várias Mitologias Sol era uma deusa da mitologia nórdica que fora perseguida e morta pelo lobo Skoll. Na mitologia grega esse astro é associado ao deus Hélio. Na mitologia egípcia o deus do Sol é Rá. A Lua em várias Mitologias Na mitologia nórdica, Lua era a deusa da lua. Na mitologia egípcia temos Lah. Na mitologia grega há Ártemis (a luz da lua), Selene (as fases da lua) e Hécate (a lua nova). Mitologia: As Manchas da Lua A Lua é muitas vezes tida em lendas como um Sol decaído, mas ainda assim são atribuídas a ela muitas influências e poderes. Sempre existem histórias da Lua ser habitada (coelho ou lebre) e de um homem levado para a Lua para pagar um erro cometido na Terra. Mitologia: Os Planetas do Sistema Solar Deus: Romano – Mercúrio Grego – Hermes Deus mensageiro responsável por levar mensagens de Júpiter. Seus atributos são: uma bolsa, sandálias e um capacete com asas e um caduceu, rapidez. Justificativa: planeta que apresenta maior velocidade. Deusa: Rom. – Vênus Gr. – Afrodite Deusa do Amor e da Beleza. Justificativa: objeto mais brilhante no céu noturno depois da Lua – bela imagem no céu Mitologia: Os Planetas do Sistema Solar “A estrela matutina parece um homem todo pintado de vermelho; essa é a cor da vida. […] Estrela matutina, traz-nos força e renovação... O dia vem no seu encalço”. Indígenas de planícies da América do Norte. Chamada de Estrela Matutina, ou Estrela D'Alva mas é um planeta. - Antigos mexicanos temiam-no e fechavam portas e janelas de manhã para se protegerem de seus raios. Acreditavam que estes disparavam moléstias. - Por aparecer ora a leste, ora a oeste (direção das “trevas”), Vênus se tornou para maias e astecas um símbolo de morte e renascimento. Mitologia: Os Planetas do Sistema Solar Deus: Rom. – Telo; Gr. – Gaia O nome tem mais de mil anos e significa "solo". Gregos chamavam o planeta de Gaia, entidade titânica que representa a Terra. Justificativa: Terra é vista como um organismo vivo, fecundo, como uma deusa. Deus: Rom. – Marte; Gr. – Ares Deus da guerra. Justificativa: sua cor vermelha era associada ao sangue derramado em batalhas. Mitologia: Os Planetas do Sistema Solar Deus: Rom. – Júpiter ; Gr. – Zeus Rei dos deuses. Justificativa: homenagem ao maior de todos os deuses. É interessante que Júpiter é, de fato, o maior planeta do Sistema Solar, o que os gregos não tinham como saber. Já os orientais o chamavam de Estrela da Madeira. Deus: Rom. – Saturno; Gr. – Chronos Deus do cultivo e da agricultura; pai de Júpiter Justificativa: Um dos Titãs e pai de Júpiter. Como o planeta está mais longe que Júpiter, acredita-se que isso tenha determinado seu nome, uma representação de pai e filho. Mitologia: Os Planetas do Sistema Solar Deus: Rom. – Urano; Gr. – Urano Deus dos céus, das alturas; pai de Saturno. Justificativa: adjacente a Saturno. Rom. – Netuno; Gr. – Poseidon Deus dos oceanos. Justificativa: coloração azulada. Deus: Rom. – Plutão; Gr. – Hades Deus do Submundo; capacidade de se tornar invisível Justificativa: ‘planeta’ mais distante do Sol, encontra-se em constante escuridão. Estes planetas foram descobertos quando ninguém mais acreditava em deuses gregos; ganharam estes nomes para manter o padrão. A Via Láctea em várias Mitologias Lenda grega: Para se tornar imortal, Hércules deveria mamar no seio da esposa de Zeus, Hera. Para isso, Hermes, filho de Zeus, colocara a criança no seio da deusa adormecida. Mal abriu os olhos, Hera desvencilhou-se do pequeno, embora tarde demais. O leite que escorreu do seu seio deixou um rastro pelo céu: a Via Láctea. A Via Láctea em várias Mitologias Para os esquimós, eram rastros nevados do Grande Corvo. Na Estônia e Lapônia, eram trilha dos pássaros. Finlândia: Caminho dos gansos Selvagens. Mitologia: Constelações Para facilitar o reconhecimento das estrelas, os povos antigos reuniram elas em grupos, dando origem, assim, às constelações. Mitologia: Constelações Exemplo: Um dos agrupamentos aparentes de estrelas que mais se destaca no céu noturno, visível no mundo inteiro por se encontrar no equator celeste, uma constelação de verão no hemisfério sul e de inverno, no hemisfério norte, é Órion. Mitologia: Constelações Na mitologia grega representa o herói Órion, grande caçador e amado por Ártemis. Apolo, irmão de Ártemis, por não aprovar o romance entre os dois envia um escorpião para matá-lo. Apolo, então, desafia a pontaria de Ártemis, outra grande caçadora, que atinge em cheio seu amado que fugia do escorpião. Percebendo o engano que havia cometido, Ártemis, em meio às lágrimas, pediu para Zeus colocar Órion e o Escorpião entre as estrelas. Mitologia: Constelações Outro Exemplo: a Ema Constelação Guarani da Ema (coincidindo com as constelações ocidentais do Cruzeiro do Sul, da Mosca, do Centauro, do Escorpião, do Triângulo Austral e de Altar) Os povos indígenos brasileiros tinham as suas próprias constelações, representando animais e objetos importantes nas culturas deles, por exemplo a Cabeça de Onça (Desâna), a Ema (Guarani), Baweta+Coyatchicüra (Tartaruga + Queixada do Jacaré; índios Tikuna). Etnoastronomia A ciência que estuda a maneira como diferentes povos/culturas veram/vêem e entenderam/entendem o céu, i. e. as constelações estelares, calendários, etc., estabelecidas pelos diferentes povos é chamada Etnoastronomia. As constelações de culturas diferentes não necessariamente coincidem, dica de que se trata de agrupamentos apenas aparentes de estrelas. Astrologia J. Mitton: a astrologia é “a prática da tradição que pretende conectar as características humanas e o curso dos acontecimentos com as posições do Sol, Lua e planetas em relação às estrelas”. Astrologia Sua origem ainda é discutida, mas os primeiros registros documentados que se tem notícia atualmente foram feitos em escrita cuneiforme sumeriana na Mesopotâmia sobre tabuinhas de argila, e são originários da região de Lagash, governada por Gudea (aproximadamente 2122-2102 a.C.). Astrologia Vários povos antigos praticavam e parcialmente ainda praticam a sua própria astrologia: Os Egípcios, Chineses, Incas, Astecas, Maias, Gregos e outros. Para estes povos fazia sentido, achar que os astros influenciam nas nossas características e destinos. Afinal, os astros eram deuses. Muitos dos estudos astronômicos antigos (prever as posições dos astros) tinham motivações astrológicas. Astrologia e astronomia não eram separados, eram parte da mesma ciência, então temos que falar sobre astrologia também. Astrologia A base da astrologia Grega, naquela se baseia a astrologia ocidental até hoje, é o Tetrabiblos de Ptolomeu. Possui sua origem nas doze constelações do zodíaco visíveis na Via Solis (Caminho do Sol). O Sol, em seu movimento em torno da Terra, desenha, tendo as constelações ao fundo um círculo denominado eclíptica. Os 5 planetas visíveis a olho nu circulavam no interior de uma faixa estreita, que a eclíptica divide em 2. Os 5 planetas, junto à Lua e ao Sol, percorrendo esta faixa, atravessam 12 constelações. Astrologia O signo associado a uma data é a constelação zodiacal, naquela o Sol se encontrava naquela data na época do Ptolomeu. O horóscopo começa por Áries, devido à marca do início da primavera do hemisfério norte ser assinalada pelo “ingresso” do Sol na constelação de Áries na época do Ptolomeu. As posições da Lua e dos 5 planetas naquela data também influenciam no horóscopo. Astrologia Porém, pela precessão do eixo rotacional da Terra (=> aula Terra-Lua-Sol), hoje em dia o início da primavera do hemisfério norte acontece quando o Sol está na constelação de Peixes, fazendo que todos os signos do zodíaco são "atrasados". Exemplo: Quem nasceu quando o Sol estava no Touro tem signo Gêmeos. http://www.youtube.com/watch?v=DAEdMe2GfAk Além disso, o Sol passa por mais uma constelação no seu caminho além das 12 zodiacais, por Ophiuchus, ou Portador da Serpente. E desde Ptolomeu foram descobertos os Planetas Urano, Ceres, Netuno e Plutão, e Ceres e Plutão deixaram de ser planetas de novo. Isto tudo parece não influenciar nas previsões da astrologia. Astrologia Uma pseudociência é qualquer tipo de informação que se diz ser baseada em fatos científicos, ou mesmo como tendo um alto padrão de conhecimento, mas que não resulta da aplicação de métodos científicos. Afirmações que não permitem elaboração de testes e experimentos para falsificá-las constituem-se no que Popper denomina por pseudociência. A astrologia se enquadra nessa definição. Vídeo: Cosmos – a harmonia dos mundos http://www.youtube.com/watch?v=3KUyiitoynw Astronomia Antiga Deixando a Mitologia e a Astrologia de lado. Astronomia Antiga Desde que existe o ser humano, ele olha pro céu, vê os corpos celestes com seus movimentos, e tenta entendélos, por motivos religiosos (já mencionados) ou práticos (prever as estações do ano, agricultura, orientação, navegação), ou simplesmente curiosidade. => Astronomia é uma das ciências mais antigas. Os conhecimentos astronômicos dos povos antigos se manifestam na maioria dos casos nos seus calendários, e em alinhamentos das suas construções com posições de corpos celestes em determinadas datas e horários, direções especiais na rosa de ventos, etc. ... A ciência que estuda a astronomia praticada por povos préhistóricos, através de seus monumentos construídos para a observação dos astros é chamada Arqueoastronomia. Astronomia Antiga ... por exemplo no Egito (desde o 5o milênio a. C.), Os egípcios davam importância aos cíclos de tempo, usavam calendários solares e lunares e já conheciam o ano de 365 dias. Calendário achado no túmulo de Senemut Astronomia Antiga ... por exemplo no Egito (desde o 5o milênio a. C.), Pirâmide de Gizeh, os corredores são alinhados com estrelas “importantes” (em conjunção?) Astronomia Antiga na Inglaterra (3100 a 1100 a. C.), Stonehenge, certas pedras são alinhados com o Nascer do Sol no solstício de verão Astronomia Antiga na China (desde 3000 a. C.), Esfera Armilar no Observatório antigo de Pequim Carta celeste feita entre os séculos 3 e 4 a. C. O mais antigo mapa estelar conhecido Astronomia Antiga nos Estados Unidos (desde 2500 a. C.), Roda medicinal de Bighorn Astronomia Antiga na Babilônia/Mesopotâmia (desde 1200 a. C.), Notada pelos seus registros de fenômenos astronômicos tais como eclipses, posições dos planetas e nascimento e o caso da Lua. Alguns destes registros são considerados os mais antigos documentos científicos existentes (~800 a.C.). Calendário babilônico Astronomia Antiga no México (900 d. C. - chegada dos espanhois), Chichén Itzá, pirámide maio calendário maio calendário azteca Astronomia Antiga no Brasil (entre 500 e 2000 anos atrás), Círculo de Calçoene, "Stonehenge do Amapá", uma das pedras aponta pro Sol meio-dia no solstício de inverno do hemisfério norte (~21 de dezembro), e outros alinhamentos e outros lugares. Nascimento da Ciência Mas foi na Grécia que nasceu a ciência (~550 a. C.) como a conhecemos hoje, com indução, dedução, análise, síntese, hipótese, modelos, teorias, etc. Thales de Miletus (~625 - 557 a.C.) foi o primeiro filósofo natural grego importante e, frequentemente, é considerado o pai da astronomia grega. Ganhou fama ao prever um eclipse solar no ano 585 a.C. Thales de Mileto As Observações Mas primeiro: Quais são as observações que os 1os astrônomos tentaram explicar, e quais instrumentos eles usaram para fazer estas observações? O Olho Humano Foi o primeiro equipamento de observação. Como funciona o olho? Nosso olho funciona através da concentração de luz na retina, região que fica ao fundo do olho. Para permitir a passagem de luz de forma eficiente, a córnea precisa ser transparente. O cristalino, que fica logo atrás da retina, funciona como uma lente biconvexa, convergindo a luz na retina. O Olho Humano Devido ao cruzamento dos raios de luz, a imagem formada no fundo dos olhos é invertida. É o cérebro o responsável por inverter novamente a imagem para que possamos enxergar corretamente. Usando o olho, dá para fazer o que se chama astronomia de horizonte, determinar horário e direção na rosa de ventos, naqueles os corpos celestes nascem e se pôem. Ele não é muito bom para determinar posições no céu, i. e. a altura angular dos astros a cima do horizonte. O Gnômon O gnômon foi provavelmente um dos primeiros instrumentos astronômicos feito pelo homem. Sua forma mais simples consistia apenas em uma vara fincada, geralmente na vertical, no chão. A observação da sombra dessa vara, provocada pelos raios solares, permitia materializar a posição do Sol no céu ao longo do tempo. O Gnômon A observação da sombra do gnômon ao longo do dia permitiu aos primeiros astrônomos perceberem que a sombra mudava tanto de tamanho quanto de direção com o passar do tempo. Verificaram que quando a sombra produzida era a mais curta do dia, era o momento em que se dividia a parte clara do dia em duas metades. A esse instante deram o nome de Meio-dia e a direção em que a sombra se encontrava nesse instante recebeu o nome de Linha do Meio-dia ou linha meridiana. O Gnômon A linha horizontal que ficava perpendicular à linha meridiana, ganhou o nome de linha Leste-Oeste. A direção Leste foi nomeada como aquela que correspondia a do lado do nascer do Sol, ficando o Oeste para o lado oposto. De pé, com os dois braços esticados na horizontal, e apontando o direito para o leste, definia-se o Norte como sendo a direção da linha meridiana à frente da pessoa e Sul para trás. Assim foram definidos os pontos cardeais Norte, Sul, Leste e Oeste. O Gnômon A observação da variação solstício cíclica do comprimento da do verão sombra mínima ao longo do equinócios tempo, permitiu definir o solstíco conceito de estações do ano. do inverno Observaram que quando a sombra do meio-dia era a Observado meio-dia mais longa de todas, era uma época fria, enquanto que, na época da sombra mais curta, era uma época mais quente. Definiram que o início do Inverno ocorria quando a sombra do meio-dia era a mais longa; o início do Verão ocorria quando essa sombra era a mais curta. Para definir os instantes dos inícios da primavera e do outono, usaram a posição da sombra no instante em que ela dividia ao meio o ângulo formado pelas posições do Sol nos inícios do verão e do inverno. O Gnômon Um relógio de Sol é, em princípio, um gnômon com marcações no “chão” em torno para ler a hora. O Astrolábio De forma simples, o astrolábio era um disco circular, graduado em sua borda em unidades angulares, e uma régua linear que vinculada ao disco podia girar em torno de um eixo passando pelo centro do disco. Segurava-se o astrolábio pela sua parte superior, geralmente no dedo do observador, e apontava-se a régua ao astro desejado, lendo-se a graduação Astrolábio usado em terra correspondente à altura do astro. O Astrolábio Foi muito usado durante as grandes navegações, possibilitando a navegação através da orientação de astros e estrelas. O modelo usado em navios possuía algumas alterações para ser mais fácil de ser manejado e preciso mesmo com o balançar do navio ou o forte vento do mar. Astrolábio náutico O Sextante O sextante pode ser considerado o sucessor do astrolábio. É composto por um setor circular de 60°, graduado em sua borda, e uma régua linear que gira em torno de um eixo passando pelo vértice central do setor circular. O uso era feito direcionando-se a régua em direção ao astro e fazendo a leitura da graduação do setor, obtendo-se a altura ou a distância zenital do astro. O Quadrante Mural Foi o primeiro instrumento astronômico a ser introduzido na navegação. O quadrante mural não é nada mais que um sextante com um setor circular de 90° em vez de 60°. Diferente do sextante, o quadrante mural foi concebido para ser fixado em um local. Com a régua lia-se a altura do astro e fazia-se as medidas necessárias. Sendo um instrumento fixo, tinhas dimensões muito maiores, o que o tornava menos propenso a erros de leitura, tornando-se um dos instrumentos mais precisos da astronomia antiga. As Observações Então, quais são as observações que os 1os astrônomos tentaram explicar, (e que ainda hoje se pode fazer)? Olhando pro céu, se vê: - Um monte de estrelas (fixas), aparentemente agrupadas em constelações. - 7 outros corpos: Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno As constelações do hemisfério sul As Observações (a primeira vista) Todos os corpos celestes se movimentam do leste pro oeste, fazendo uma volta em torno do eixo que liga os polos celestes norte e sul em aproximadamente um dia. As posições no céu dos polos celestes dependem da posição do observador. Foto de longa exposição du céu noturno O círculo à mesma distância dos dois polos celestes (onde as estrelas fazem o maior caminho de todas) e chamado equator celeste. As Observações (a segunda vista) Apenas as estrelas (fixas) fazem círculos perfeitos em torno deste eixo, levando ~23:56, chamado um dia sideral*, para uma volta, tal que elas se deslocam do céu noturno para o céu diurno (onde ficam invisíveis) e de novo para o céu noturno no decorrer de um ano. Por isto, certas estrelas apare- Foto de longa exposição du céu noturno cem (no céu noturno) no inverno, outras na primavera, etc. *O período de 24:00 é chamado dia solar e corresponde ao tempo média entre duas conjuções do Sol (“meio-dias”). As Observações (a segunda vista) Os outros sete corpos se movimentam em relação às estrelas fixas e mudam de brilho. Estes foram chamados planetas, (estrelas) “errantes” pelos gregos: O Sol faz uma volta de um ano no céu das estrelas fixas, seguindo um caminho chamado eclíptica. A eclíptica é inclinada (por 23,5°) em relação ao equator celeste. Por causa desta inclinação, o Sol fica no hemisfério sul de ~23/9 a ~20/3, e no norte na outra metade do ano. As Observações (a segunda vista) Por isto, de março a setembro ele passa mais alto no céu no hemisfério sul, causando estações mais quentes (primavera e verão) e dias mais longos, e o oposto no hemisfério norte (Sol baixo, estações frias, dias curtos). De setembro a março, é o oposto (Sol baixo no sul, etc.). O momento de posição mais austral do Sol, em torno de 21/12, é chamado solstício de verão no hemisfério sul, e solstício de inverno no norte. O oposto vale para ~21/06, dia da posição mais pro norte. O Sol cruza o equator celeste nos equinócios, ~20/03 e ~23/09, quando dia e noite têm a mesma duração na Terra inteira (tirando os polos). As Observações (a segunda vista) A Lua faz uma volta de 27.32 dias, chamado mês sideral em relação às estrelas fixas. Já que, neste tempo, o Sol avança um pouco no céu, a Lua leva 29.53 dias, chamado A Lua fotografiada no mesmo horário em dias diferentes mês sinódico, para alcançar a mesma posição em relação ao Sol, que também é o tempo entre duas vezes a mesma fase da Lua. As Observações (a segunda vista) Os outros planetas fazem movimentos mais complicados, mas normalmente se encontram perto da eclíptica: - Vênus e Mercúrio nunca se afastam muito do Sol, às vezes ultrapassando - , às vezes sendo ultrapassados por este. - Marte, Júpiter e Saturno fazem voltas em órbitas perto da eclíptica, às vezes voltando pra trás antes de continuar, Laço na órbita de Marte chamado movimento retrógrado. Neste tempo, eles são mais brilhantes. Este movimento parcialmente retrógrado dos planetas foi o principal problema da astronomia por quase 2000 anos! As Observações (a terceira vista) O eixo de rotação (do céu) também se movimenta em relação às estrelas fixas: Ele descreve um círculo Polaris pequeno em ~26'000 anos, fazendo que a estrela polar não sempre é a mesma, Thuban e que hoje o Sol não passa nas mesmas datas pelas mesmas constelações que Deneb 2000 anos atrás, fenômeno chamado precessão lunisolar. Vega Posição do polo norte celeste no decorrer dos anos Os modelos cosmológicos antigos E como explicaram estas observações? Os modelos cosmológicos antigos Pitágoras de Samos (~570 - ~495 a.C.) “inventou” a matemática e fez hipóteses sobre a organização do Universo: A Terra é esférica, e os planetas movem-se em diferentes velocidades nas várias órbitas ao redor da Terra. Há uma ordem que domina o Universo. Pitágoras de Samos Os modelos cosmológicos antigos ~350 a. C.: Platão: Universo Geocêntrico Esfera de estrelas girando em torno da Terra imóvel, já que círculos e esferas eram vistos como as formas mais perfeitas (dogma do círculo) Acrescentado pelo aluno de Platão Eudóxio de Cnido por mais esferas carregando os planetas Platão Representações esquemáticas do modelo geocêntrico Os modelos cosmológicos antigos Aristóteles (384 - 322 a. C.): Aluno de Platão, argumentou, não conhecendo o princípio da inércia de Newton, que a Terra deve ser imóvel, por que, caso girasse, um objeto lançado verticalmente não voltaria pro Aristóteles mesmo ponto, mas com algum recuo, já que, durante o vôo, a Terra teria se deslocado (paradigma da física aristotélica). Os modelos cosmológicos antigos Aristóteles (384 - 322 a. C.): Ele também propôs 4 provas observacionais de que a Terra era uma esfera: - Navios desaparecem lentamente no horizonte. - Durante os eclipses lunares a sombra lançada sobre a Lua pela Terra parece circular. - Estrelas diferentes são visíveis em latitudes Aristóteles mais ao norte e mais ao sul (ou as mesmas estrelas em alturas diferentes). - Elefantes são encontrados tanto na Índia, que estava na sua direção leste, como no Marrocos, na sua direção oeste. Sua ideia era que ambos as regiões estão a uma distância razoável na superfície de uma esfera de tamanho moderado. => Na idade média se sabia que a Terra não é plana Os modelos cosmológicos antigos Heráclides do ponto (388 - 315 a. C.): Foi o primeiro a propor, que o movimento aparente das estrelas fixas seria devido à rotação da Terra. A Terra giraria em torno do seu eixo em em dia na direção do oeste pro leste (“refutado” por Aristóteles). Heráclides do Ponto Os modelos cosmológicos antigos Aristarco de Samos (310 - 230 a. C.) conseguiu determinar os diâmetros e distâncias da Lua e do Sol em termos do raio da Terra. Ele achou, que o Sol é muito maior a Terra, e sugeriu um modelo heliocêntrico (quase 2000 anos antes de Copérnico!), Aristarco de Samos por intuição: Ele achou contra-intuitivo um corpo grande girar em torno de um corpo muito menor. Mas a hipótese dele não “pegou” e acabou caindo no esquecimento até o trabalho de Copérnico (=> aula que vem). a 1 Determinação do raio da Terra ~240 a. C.: Eratóstenes Sabendo que meio dia de um certo dia do ano, o Sol fica no zenit em Alexandria, a d = 500 estádios = 800 km de Siena, e medindo o ângulo entre a posição do Sol e a vertical em Siena como ~7°, ele chegou em (l é a circunferência da Terra): R⨁ = l/2π = d·360°/7°/2π = 6548 km bem perto do valor real de 6378 km Eratóstenes Os modelos cosmológicos antigos ~150 a. C.: Hiparco: Epiciclos Cada planeta faz um movimento circular uniforme, chamado epiciclo, em torno de um ponto (no desenho: P) que faz um movento circular uniforme em torno da Terra. A órbita deste ponto se chama deferente. Hiparco Explica o movimento retrógrado dos planetas, pelo menos qualitativamente e o maior brilho durante o trecho retrógrado. Além disso, ele compilou o primeiro catálogo de estrelas, entre outras contribuições para a ciência. Modelo de epiciclos Os modelos cosmológicos antigos ~100 d. C.: Ptolomeu: Almagesto, o “Grande Livro” É um dos textos científicos mais influentes de todos os tempos, foi autoridade no assunto desde a antiguidade, no império bizantino, no mundo árabe e na Europa ocidental ao longo da idade Média e Renascença até o século XVI, quando surgiu o heliocentrismo de Copérnico (=> próxima aula). Ptolomeu Além de ser a principal fonte de informação sobre a astronomia da Grécia antiga, também é valiosa fonte de informação da obra de Hiparco, a qual se perdeu. Os modelos cosmológicos antigos O Modelo Ptolomáico Refinamento do modelo de epiciclos do modelo geocêntrico: Os centros dos deferentes não ficam mais na Terra, mas giram em torno de pontos chamados equantes, que também se movimentam. A velocidade angular do epiciclo é uniforme em relação ao equante (então a velocidade é, na verdade, não-uniforme). Modelo ptolomaico Os modelos cosmológicos antigos O Modelo Ptolomáico Prevê melhor as posições dos planetas. Mas ainda não perfeitamente. Nos séculos seguintes foram acrescentados mais e mais epiciclos para manter a concordância. O modelo se tornou muito complicado. Modelo ptolomaico E não muito satisfatório, já que com um número suficientemente grande de epicíclos, consegue-se reproduzir qualquer órbita: https://www.youtube.com/watch?v=QVuU2YCwHjw