C-5 C-5 - La Casa Incierta

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C-5
CMYK
CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, sábado, 7 de agosto de 2004 • 5
CADERNO C
TEATRO
Zuleika de Souza
JOVENS DE SAMAMBAIA
CONTAM AS HISTÓRIAS DAS
PRÓPRIAS VIDAS NA PEÇA
TERRA VERMELHA, QUE SERÁ
APRESENTADA HOJE E AMANHÃ
NA SALA MARTINS PENA
ENREDO
REAL
DA EQUIPE DO CORREIO
P
ouca idade e muita experiência de vida. Onze jovens de Samambaia transformaram momentos
marcantes de suas vidas em peça
de teatro. Eles apresentam hoje e
amanhã, na Sala Martins Pena do
Teatro Nacional, o espetáculo Terra vermelha. A montagem é resultado do trabalho voluntário desenvolvido pela companhia Celeiro das Antas (de Taguatinga) em
parceria com o grupo La Casa Incierta (de Madri).
Com direção do espanhol Carlos Laredo, a peça tem como base
a realidade enfrentada pelos jovens atores. Abandono, violência,
pobreza e religião são alguns temas abordados em Terra vermelha. ‘‘Eu não tinha idéia clara do
que aconteceria aqui. As pessoas
abriram o coração. Falaram de coisas muito íntimas. Recebi aprendizado maior do que esperava. As
histórias de Samambaia, de pessoas que procuram uma vida melhor, são universais’’, acredita Laredo, que criou na Espanha, em 2000,
o grupo La Casa Incierta.
Para a atriz Clarice Cardell, que
assina a assistência de direção, o
forte do trabalho é a legitimidade:
‘‘É a história da vida deles. Só 20%
do espetáculo é ficção. Eles têm
muita coragem de subir ao palco e
mostrar a verdade’’, afirma Clarice,
mulher de Laredo. Ambos foram
convidados pelo ator Zé Regino
para realizar a montagem. Terra
vermelha é fruto de um mês de intenso trabalho em conjunto.
Aulas e ensaios em Samambaia
são realizados no Galpão do Riso,
espaço revitalizado no Parque das
Três Meninas. O projeto, em que
todos os participantes são voluntários, começou há um ano, quando Regino foi convidado para
coordenar um grupo de estudantes interessados em conhecer a
linguagem teatral. Enquanto promovia encontros para estudo de
técnicas de interpretação, aulas
de palhaço, dança e música, o ator
de Brasília mantinha contato com
o casal Laredo e Cardell.
A dramaturgia foi criada a partir
de correspondências feitas entre
os jovens da cidade e o casal. ‘‘A
gente manteve contato com o gru-
DIRETORES E ELENCO NO GALPÃO DO RISO: MONTAGEM É RESULTADO DE PARCERIA DA COMPANHIA CELEIRO DAS ANTAS COM O GRUPO ESPANHOL LA CASA INCIERTA
Marcelo Barbosa/Divulgacao
feitas por Marcelo Barbosa com
edição de Sérgio Raposo.
Núcleo teatral
TERRA VERMELHA: PEÇA REÚNE EXPERIÊNCIAS VIVIDAS PELOS JOVENS ATORES
po por cartas. Eles falavam da vida,
das alegrias, tristezas e dores. Saíram muitos textos poéticos, outros, mais descritivos’’, conta Cardell, que há cinco anos trocou palcos brasilienses por teatros em
Madri. Nos depoimentos, cada um
lembrava lugares e pessoas impor-
tantes de suas vidas.
Outro passo fundamental para a
construção dramática de Terra
vermelha foi a gravação de depoimentos de pessoas próximas aos
jovens atores. Ao todo, foram dez
horas de gravações. As imagens,
que pontuam o espetáculo, foram
O morador de Samambaia João
Porto Dias, 23, deu o primeiro
passo para a criação de um núcleo teatral na cidade. ‘‘Quando
cheguei, o espaço (Galpão do Riso) estava sujo e abandonado,
sem vidro e sem janelas’’, lembra.
‘‘É muito prazeroso realizar este
trabalho. Foi uma experiência
surpreendente. Nossa vida está
aqui. Essa é a proposta do espetáculo, mas a gente acredita num
ator expondo sua vivência, protegido pela arte’’, filosofa Dias, que
por dois anos dirigiu a Paixão de
Cristo em Samambaia.
Josuel Júnior é o mais novo do
grupo. Com 17 anos, ele foi atraído
ao curso pela curiosidade. ‘‘Vim
ver o que era. No primeiro mês de
curso não entendi nada. A gente
estava pesquisando os palhaços’’,
recorda. Sobre Terra vermelha, Júnior admite que parte de sua bagagem de vida está no espetáculo. ‘‘É
a vida de cada um mesmo. A peça
juntou fragmentos das nossas vidas, a memória de cada um. Está
todo mundo integrado. Por isso, a
gente se emociona o tempo
inteiro’’, confessa.
TERRA
VERMELHA
Com jovens do Galpão
do Riso, de Samambaia.
Direção: Carlos Laredo.
Hoje, às 21h, e amanhã,
às 20h, na Sala Martins
Pena do Teatro Nacional.
Ingressos: R$ 10,00 e
R$ 5,00 (meia).
Agosto é o mês do Festival Denzel Washington no Cine Belas-Artes. Não perca. Todos os sábados, à meia-noite e meia no SBT.
7/8 – Duelo de Titãs • 14/8 – O Dossiê Pelicano • 21/8 – Possuídos • 28/8 – O Furacão
www.sbt.com.br
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RENATA CALDAS
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