UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ADELIANE CASTRO DA COSTA AVALIAÇÃO DA RECOMBINANTES IMUNOGENICIDADE DO Mycobacterium DE ANTÍGENOS tuberculosis PARA DESENVOLVIMENTO DE TESTE DE DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO PARA A TUBERCULOSE. GOIÂNIA-GO, 2012 i Termo de Ciência e de Autorização para Disponibilizar as Teses e Dissertações Eletrônicas (TEDE) na Biblioteca Digital da UFG Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Goiás–UFG a disponibilizar gratuitamente através da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações – BDTD/UFG, sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data. 1. Identificação do material bibliográfico: [ X ] Dissertação [ ] Tese 2. Identificação da Tese ou Dissertação Autor(a): Adeliane Castro da Costa CPF: 013.515.115-56 E-mail: [email protected] Seu e-mail pode ser disponibilizado na página? [ x ]Sim [ ] Não Vínculo Empregatício do autor Agência de fomento: País: Título: Aluno Sigla: CNPqFAPEG Brasil UF: GO CNPJ: Avaliação da Imunogenicidade de Antígenos Recombinantes do Mycobacterium tuberculosis para Desenvolvimento de Teste de Diagnóstico Sorológico para a Tuberculose. Palavras-chave: Tuberculose; Diagnóstico laboratorial; Imunidade Humoral Título em outra língua: Immunogenicity Evaluation of Recombinant Mycobacterium tuberculosis Antigens for the Development of Serological Diagnostic Test. Palavras-chave em outra língua: Tuberculosis; Laboratory diagnosis; Humoral Immunity Área de concentração: Imunologia Data defesa: (dd/mm/aaaa) 28/02/2012 Programa de Pós-Graduação: Medicina Tropical e Saúde Pública Orientador(a): Profª. Drª Ana Paula Junqueira-Kipnis CPF: E-mail: 37014692100 [email protected] Co-orientador(a): CPF: E-mail: 3. Informações de acesso ao documento: Liberação para disponibilização?1 [ ] total [ X] parcial Em caso de disponibilização parcial, assinale as permissões: [ X ] Capítulos. Especifique: CAPÍTULO 3- PEDIDO DE PATENTE_____________ [ ] Outras restrições: _____________________________________________________ Havendo concordância com a disponibilização eletrônica, torna-se imprescindível o envio do(s) arquivo(s) em formato digital PDF ou DOC da tese ou dissertação. O Sistema da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações garante aos autores, que os arquivos contendo eletronicamente as teses e ou dissertações, antes de sua disponibilização, receberão procedimentos de segurança, criptografia (para não permitir cópia e extração de conteúdo, permitindo apenas impressão fraca) usando o padrão do Acrobat. ______________________________ Data: ____ / ____ / _____ Assinatura do (a) autor(a) . 1 Em caso de restrição, esta poderá ser mantida por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo suscita justificativa junto à coordenação do curso. Todo resumo e metadados ficarão sempre disponibilizados ii ADELIANE CASTRO DA COSTA AVALIAÇÃO DA RECOMBINANTES IMUNOGENICIDADE DO Mycobacterium DE ANTÍGENOS tuberculosis PARA DESENVOLVIMENTO DE TESTE DE DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO PARA A TUBERCULOSE. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de PósGraduação em Medicina Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás para obtenção do Título de Mestre em Medicina Tropical e Saúde Pública. Orientadora: Profª. Drª Ana Paula Junqueira-Kipnis GOIÂNIA-GO, 2012 iii Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) GPT/BC/UFG C837a Costa, Adeliane Castro. Avaliação da imunogenicidade de antígenos recombinantes do Mycobacterium tuberculosis para desenvolvimento de teste de diagnóstico sorológico para a tuberculose [manuscrito] / Adeliane Castro da Costa. - 2012. xv, 105 f. : il., figs, tabs. Orientadora: Profª. Drª Ana Paula Junqueira Kipnis. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás, Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, 2012. Bibliografia. 1. Tuberculose. 2. Diagnóstico laboratorial. 3. Imunidade Humoral. I. Título. CDU: 616.24-002.5 iv Este trabalho é dedicado Á Deus, meu pai, companheiro e amigo fiel. “A Ele Toda Honra e Toda Glória” Aos meus pais Antônio Dias da Costa e Aidê Castro da Costa por terem me concedido a vida. “Razão do meu viver”. Aos meus irmãos Vagner Castro da Costa e Graciélia Castro da Costa, “Sem vocês nada eu seria”. "Há mais mistérios entre o céu e a terra do que pode sonhar a nossa vã filosofia". (Shakespeare) v AGRADECIMENTOS À professora Drª Ana Paula Junqueira-Kipnis por ter me dado crédito, instruções e ensinamentos, soube desempenhar seu papel de mestre, atua como verdadeiro lapidador de obras. Ela contribuiu e contribui em cada etapa deste mestrado e deste trabalho. A ela devo minha formação, admiração e respeito. Foi uma honra tê-la como orientadora, com toda certeza posso dizer que ao seu lado cresci. Meus sinceros agradecimentos. Ao professor Drº André Kipnis por participar da banca do exame de qualificação, pelas orientações e materiais cedidos ao laboratório. Certamente contribuístes diretamente a este trabalho e a minha formação. Por todo suporte científico doado desde a escrita às correções finais deste manuscrito. Muito obrigada. À professora Drª Irmtraut Araci Hoffmann Pfrimer por fazer parte de minha formação acadêmica e aceitar participar de minha banca de qualificação e defesa. Esteja certa de que é grande minha admiração por seu perfil profissional. Muito obrigada. Ao professor Drº João Alves de Araújo Filho por participar da banca do exame de qualificação e defesa, por todas as orientações cedidas, as quais certamente foram cruciais para lapidar este trabalho. Minha Gratidão. À professora Drª Mara Carvalhaes por participar da banca do exame de qualificação. Suas orientações certamente foram valiosíssimas para o aprimoramento deste trabalho. Muito obrigada. À colega, colaboradora e amiga Drª Michelle Cristina Guerreiro dos Reis que foi peça chave na construção dessa dissertação ao realizar o recrutamento e coleção das amostras de plasma aqui utilizadas, além de contribuir com seu conhecimento científico. Muitíssimo obrigada. vi À colega Msc. Cristina de Melo Cardoso Almeida por ter contribuído com o recrutamento de pacientes e controles e coleção de amostras de soros utilizadas neste estudo. Seu suporte certamente foi valioso para a construção desse trabalho. Meus sinceros agradecimentos. Ao Professor e Drº Afrânio Kritski e Drª Marta por terem doado amostras de soro para a conclusão deste trabalho. Muito obrigada. Ao aluno de doutorado Eduardo Martins de Souza por ter contribuído diretamente na construção deste trabalho ao realizar a clonagem da proteína aqui utilizada. Muito obrigada. À Msc., colega, colaboradora e amiga Bruna Daniella de Sousa Silva por me acompanhar durante o mestrado, sanando minhas principais dúvidas. Certamente foi peça importante na construção deste trabalho e em minha formação. Meus sinceros agradecimentos. À colega, colaboradora e amiga Monalisa Martins Trentini por todo auxílio, dedicação e entusiasmo em todos os experimentos. Muito obrigada. Aos colegas, amigos e companheiros do laboratório de imunopatologia das doenças infecciosas: Abadio, Aléx, André, Bruna, Danilo, Duanne, Eduardo, Fernando, Letícia, Marcos, Mayara, Michelle, Monalisa, Patrícia, Juliana, Viviane, Camilla. Agradeço ao companheirismo, a compreensão e a todos os momentos que passamos juntos, todos contribuíram diretamente para meu crescimento pessoal e profissional. Muito Obrigada. Aos colegas e amigos do laboratório de Bacteriologia Molecular: Aline, Fábio, Dellys, Rogério, Suellen, Lázaro. Muito obrigada pelo companheirismo e dedicação. A todos os professores do IPTSP especialmente do departamento de imunologia. Muito obrigada. vii Aos funcionários da secretaria geral e da secretaria do curso de pós-graduação: Senhor Fernando, Valéria, Divina, José Clementino, Kariny, José Almi. Agradeço toda assistência. Aos Amigos: Zélia de Oliveira Meira, Teodora Ataíde, Edmilson Barbosa, Donizete+, Adriana Cândido, Leonardo, Poliana Candido, Louvable Nunes, Marcos E. Ferreira, Maria A. Borges, Glêisson J. de Jesus, Jailma Bastos, Patrícia S. de Souza Hélio S. de Souza, Edivânia, Edivân, Jean Carlos, pela amizade e bom ânimo. Muito obrigada. Às agências de fomento CNPq, Sectec e FAPEG pelo financiamento do projeto. Certamente seria inviável realizar este trabalho sem este apóio. Muito obrigada. Ao CAPES pela bolsa de Mestrado. Muito obrigada. A todos que contribuíram direta ou indiretamente para realização deste trabalho. Muito obrigada. viii SUMÁRIO 1. CAPÍTULO 1- REVISÃO DE LITERATURA........................................................1 1.1. Epidemiologia........................................................................................................1 1.2. Agente Etiológico..................................................................................................2 1.3. Proteínas imunogênicas do Mycobacterium tuberculosis (Mtb) utilizadas nesta dissertação.....................................................................................................................4 1.4. Patogenia e Resposta Imune à Tuberculose...........................................................6 1.4.1. Linfócitos B........................................................................................................9 1.5. Diagnóstico da Tuberculose.................................................................................12 1.5.1. Bacteriológico...................................................................................................12 1.5.1.1. Baciloscopia...................................................................................................12 1.5.1.2. Cultura............................................................................................................13 1.5.1.3. Histopatológico..............................................................................................13 1.5.1.4. Interferon-Gamma Release Assays (IGRAs)……………...……...…..…….13 1.5.1.5. Testes sorológicos utilizados em pesquisa para diagnóstico da TB..............15 1.6. JUSTIFICATIVA................................................................................................19 2. CAPÍTULO 2- RESPOSTA IMUNE HUMORAL AO ANTÍGENO rGROES DO Mycobacterium tuberculosis EM PACIENTES COM TUBERCULOSE E SEUS CONTATOSDOMICILIARES...................................................................................20 2.1. OBJETIVOS........................................................................................................21 2.1.1. Objetivo Geral...................................................................................................21 2.1.2. Objetivos específicos....................................................................................... 21 2.2. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................22 2.2.1. População de Estudos...................................................................................... 22 ix 2.2.2. Coleta das amostras...........................................................................................22 2.2.2. Prova Tuberculínica (PT)................................................................................. 23 2.2.4. Antígeno Protéico............................................................................................ 23 2.2.5. Anticorpos Conjugados.....................................................................................23 2.2.6. ELISA (Ensaio Imuno-Enzimático)..................................................................23 2..2.7. Análise Estatística............................................................................................24 2.3. Resultados............................................................................................................25 2.3.1. Características Clínicas e Epidemiológicas......................................................25 2.3.2. Padronização de Ensaio Imuno-enzimático (ELISA) utilizando antígeno rGroEs do Mycobacterium tuberculosis.....................................................................27 2.3.3. Detecção de anticorpos das classes IgM e IgG em amostras de plasma de pacientes com Tuberculose Pulmonar e Contatos domiciliares no momento do diagnóstico por ensaio imunoenzimático (ELISA).....................................................29 2.3.4. Discussão..........................................................................................................32 2.3.5. Conclusões........................................................................................................35 3. CAPÍTULO 3- AVALIAÇÃO DA IMUNOGENICIDADE DA PROTEÍNA DE FUSÃO MPT-51_HspX_AG85 PARA DESENVOLVIMENTO DE DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO PARA A TUBERCULOSE.................................36 3.1. Objetivos..............................................................................................................37 3.1.1. Objetivo Geral...................................................................................................37 3.1.2. Objetivos Específicos........................................................................................37 3.2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................38 3.2.1. População de Estudos...................................................................................... 38 3.2.2. Controles Saudáveis..........................................................................................38 3.2.3. Coleta das amostras e realização da Prova Tuberculínica (PT)........................39 3.2.4. Antígenos recombinantes protéicos..................................................................39 3.2.4. 1. Transformação de plasmídio pET23a/Fusão em E.coli BL21 pLysS..........39 3.2.4.2. Indução da Expressão Protéica......................................................................40 x 3.2.4.3. Purificação de Proteínas em condição desnaturante......................................40 3.2.5. Padronização de ELISA com Proteína de Fusão..............................................41 3.2.5.1. Padronização de ELISA (Ensaio Imuno-Enzimático) com Proteína de Fusão...........................................................................................................................41 3.2.5.2. ELISA Indireto para Detecção de IgM e IgG sérica...........................................................................................................................42 3.2.5.3. Ensaio de Competição....................................................................................42 3.3. Validação de Ensaio de ELISA para detecção de anticorpos Séricos específicos para a Proteína de Fusão.............................................................................................43 3.4. Análise Estatística................................................................................................44 3.5. RESULTADOS...................................................................................................45 3.5.1. Dados Clínicos e Epidemiológicos da População de Estudos..........................45 3.5.2. Análise da expressão e purificação da proteína de fusão recombinante...........46 3.5.3. Padronização do ELISA para detecção de anticorpos séricos das classes IgM e IgG específicos para a proteína de fusão....................................................................50 3.5.4. Reconhecimento da proteína de fusão por anticorpos séricos IgG em pacientes com TB pulmonar ativa, utilizando a técnica de ELISA............................................51 3.5.5. Reconhecimento da Proteína de Fusão por anticorpos Séricos IgM em pacientes com TB pulmonar ativa, utilizando a técnica de ELISA........................... 53 3.5.6. Ensaio de Competição.......................................................................................56 3.7. DISCUSSÃO.......................................................................................................58 3.8. CONCLUSÕES...................................................................................................64 3.9.REFERÊNCIAS....................................................................................................65 4. ANEXOS................................................................................................................83 xi TABELAS E FIGURAS LISTA DE FIGURAS Figuras Figura 1. Representação da parede celular do Mtb. A bactéria está envolta por uma membrana citoplasmática que permanece abaixo de peptidoglicano rígido (PG). A parede celular é composta por arabinogalactana, proteínas, lipoarabinomanana (LAM), ácidos micólicos e glicolipídios. Adaptado de Gorocica et al. 2005...............................................................................................................................3 Figura 2. Padronização de ELISA utilizando antígeno rGroES nas concentrações de 5µg/ml (Linear) e 10µg/ml (Pontilhado), nas diluições de 1/5,1/10,1/20,1/40,1/80,1/160,1/320 e 1/640, utilizando plasma de indivíduos com TB, controle PT- e controle PT+, para avaliação da resposta imune humoral em ambas as concentrações de antígeno...........................................................................28 Figura 3. Níveis de anticorpos da classe IgM no plasma de pacientes com tuberculose ativa e contatos intradomiciliares (CID) PT- e PT+, no momento do diagnóstico, contra o antígeno recombinante MtGroES. * Diferença estatística entre os pacientes TB ativa e CID PT-.*p= 0.0497, test t de Student. Pacientes: n= 45; contatos: n= 96 PT- e contatos: n=76 PT+.................................................................30 Figura 4. Níveis de anticorpos da classe IgG no plasma de pacientes com Tuberculose ativa e contatos intradomiciliares (CID) PT- e PT+, no momento do diagnóstico, contra o antígeno recombinante MtGroES.* Diferença estatística entre os pacientes TB ativa e CID PT-.*p= 0.0168, test t de Student. Pacientes: n= 37; contatos: n= 85 PT- e contatos: n=56 PT+.................................................................31 Figura 5. Gel de poliacrilamida 12% corado com azul de comassie, com materiais coletados nas diferentes fases da purificação da proteína recombinante. Peso Molecular (PM), Sobrenadante (SN), ELUATO, Primeiro Lavado (1ºLAV), Segundo Lavado (2º LAV), Terceiro Lavado (3º LAV), Primeira Eluição (1ºELU), Segunda xii Eluição (2º ELU). Proteína de Fusão (30 kD)..............................................................................................................................47 Figura 6. Gel de poliacrilamida 12% corado com azul de comassie, com repurificação dos materiais coletados nas diferentes fases da purificação da proteína recombinante. Primeiro Lavado (1ºLAV), Segundo Lavado (2º LAV), Primeira Eluição (1ºELU), Segunda Eluição (2º ELU). Proteína de Fusão (30 kD)..............................................................................................................................48 Figura 7. Gel de poliacrilamida corado com azul de comassie para quantificação da proteína de fusão recombinante purificada. Concentrações decrescentes da proteína de fusão foram aplicadas no gel para comparar com concentrações decrescentes de BSA............................................................................................................................ 49 Figura 8. Padronização de ELISA utilizando proteína de fusão nas concentrações de 5µg/ml (Pontilhado) e 10µg/ml (Linear), nas diluições de 1/5, 1/10, 1/20, 1/40, 1/80, 1/160, 1/320 e 1/640, utilizando pool de soro de indivíduos com TB e pool de soros de controle PT-, para verificar a concentração ideal de antígeno e diluição ideal de soros a serem testados nos ensaios. Neste ensaio foi dosado anticorpos séricos da classe IgG. Em a, resultados adicionando o grupo de indivíduos PT positiva........................................................................................................................50 Figura 9. Níveis de anticorpos da classe IgG em amostras de soro, diluídos em 1/40, de pacientes com Tuberculose ativa e grupo controle saudável, específicos para a proteína de fusão. Diferença estatística entre os pacientes TB ativa e grupo controle saudável, ****p< 0, 0001, test t de Student. Pacientes: n= 34 e controles negativos: n= 35...........................................................................................................................51 Figura 10. Curva ROC do ensaio de ELISA para verificar a sensibilidade e especificidade do teste para a dosagem de IgG de indivíduos com TB pulmonar Ativa e um grupo controle.......................................................................................................................52 xiii Figura 11. Níveis de anticorpos da classe IgM em amostras de soro, diluídos em 1/40, de pacientes com Tuberculose ativa e grupo controle saudável, específicos para a proteína de fusão. Diferença estatística entre os pacientes TB ativa e grupo controle saudável, ****p<0, 0001, test t de Student. Pacientes: n= 35 e controles negativos: n= 39...........................................................................................................................54 Figura 12. Curva ROC do ensaio de ELISA para dosagem de IgG contra a proteína de fusão de indivíduos com TB pulmonar ativa e um grupo controle.......................................................................................................................55 Figura 13. Resultado de Ensaio de Competição. Níveis séricos de anticorpos da classe IgG em amostras de soro, diluídos em 1/40, de nove (9) pacientes com tuberculose ativa e nove (9) indivíduos controle saudáveis, antes e após incubação prévia com o antígeno específico....................................................................................................................57 LISTA DE TABELAS E QUADROS Tabelas Tabela 1. Dados sócio-epidemiológicos dos pacientes com TB e contatos domiciliares.................................................................................................................26 Tabela 2. Dados para a validação de ensaio de ELISA. Legenda: A (Verdadeiros Positivos (VP)); B (Falsos Positivos (FP)); C (Falsos Negativos (FN)) e D (Verdadeiros Negativos (VP)); A+B (Total de Positivos no teste); C+D (Total de negativos no teste); SE =Sensibilidade e ES =Especificidade...........................................................................................................44 Tabela 3. Dados Clínicos e Epidemiológicos da População de Estudo, composta por indivíduos com Tb e controles saudáveis.................................................................................................................... 45 xiv Tabela 4. Sensibilidade, especificidade e valores preditivos do teste pata detecção de anticorpos IgG específicos para proteína de fusão............................................................................................................................53 Tabela 5. Sensibilidade, especificidade e valores preditivos do teste para detecção de anticorpos IgM específicos para proteína de fusão............................................................................................................................56 Quadro Quadro 1. Sensibilidade, especificidade e Área sob a Curva (AUC) dos testes de ELISA usados em pesquisa para o diagnóstico da TB.............................................................................................................................. 18 xv ABREVIATURAS FN- Falso Negativo AIDSdo inglês: Acquired Immunodeficiency Syndrome FP- Falso Positivo AUC- do inglês: Area Under the Curve HDTAA- Hospital de Tropicais Anuar Auad Doenças BAARBacilo Resistente HIVdo inglês: Immunodeficiency Virus Human Álcool Ácido HRPdo peroxidase BCG- Bacilo Calmette-Guérin inglês: Horseradish BCR- Receptor de Célula B HSP- do inglês: Heat Shock Protein BK- Bacilo de Koch IC - Intervalo de Confiança BSA- do Albumin inglês: Bovine Serum IgA- Imunoglobulina A CAIS- Centros de Assistência Integral à Saúde CEPMHA-Comitê de Ética em Pesquisa Médica Humana e Animal IgG- Imunoglobulina G IgM- Imunoglobulina M IGRAs- Ensaio Interferon Gama de Pesquisa de CFP10- do inglês: Culture filtrate protein of 10kDa IP-10- do inglês: inducible protein 10 CID- Contatos Intradomiciliares IL-Interleucina CSU- Colorado State University IFN-γ- Interferon Gama DOTSCurso de Tratamento diretamente Observado Curto LAM- Lipoarabinomanana E1- Isoniazida, Pirazinamida EIR- Rifampicina, Etambutol Rifampicina e Isoniazida e ELISA- Ensaio Imunoenzimático ESAT- do inglês: primary antigen secretion FAPEG- Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Goiás LB Ágar- Ágar Lúria Bertani LM - Lipomanana LPS- Lipopolissacarídeo MHC- Complexo de Histocompatibilidade Principal MS- Ministério da Saúde Mtb- Mycobacterium tuberculosis NK- Células Natural Killer xvi NO- Óxido Nítrico QFT-GIT- QuantiFERON-TB Gold In-Tube OMS ou WHO - Organização Mundial de Saúde ROC- Receiving Operating Curve OPD- Ortophenilenediamina SES- Secretaria do Estado da Saúde PAMPsPadrões Moleculares Associados aos Patógenos Spais- Superintendência de Políticas e Atenção Integral à Saúde PBMC- do inglês: Peripheral blood mononuclear cells SVS- Secretaria de Vigilância e Saúde TB – Tuberculose PBS-Tampão Salina Fosfato TB-DOTtherapy PG - Peptideoglicano PT- do inglês: Derivative Purified Protein PPE- Proteína codificada pelo gen Rv2430c do Mtb TB-directly observed Th- Linfócito T Auxiliar TLR- Toll-like receptor (Receptor Semelhante ao Toll) TNF-α- Fator de Necrose Tumoral alfa PRR- do inglês: Pattern Recognition Receptor VPN- Valor Preditivo Negativo PT- Prova Tuberculínica VPP- Valor Preditivo Positivo PstSt- do inglês: phosphate binding proteins WT-Selvagem ii RESUMO Título: Avaliação da imunogenicidade de antígenos recombinantes do Mycobacterium tuberculosis para o desenvolvimento de teste de diagnóstico sorológico para Tuberculose. Introdução: A Tuberculose (TB) é uma doença infecto-contagiosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis (Mtb). Segundo a OMS um terço da população mundial está infectado pelo Mtb e cerca de 5% destes indivíduos desenvolverão a doença ativa. Este agente, Mtb, pode afetar vários órgãos, tendo o pulmão como principal alvo (TB Pulmonar). O diagnóstico da TB pode ser confirmado pela baciloscopia em amostras biológicas. Porém, esta técnica apresenta uma sensibilidade variável (35% a 85%), portanto sugere-se o desenvolvimento de novos métodos laboratoriais que melhorem este desempenho. Esta dissertação teve como primeiro objetivo avaliar a imunogenicidade e antigenicidade da proteína GroES recombinante de Mtb em pacientes com TB e seus contatos domiciliares, e como segundo objetivo, avaliar a performance de uma proteína de fusão recombinante expressando epítopos imunodominantes de proteínas previamente identificadas como imunogênicas e antigênicas: Antígeno 85C, MPT-51 e Hsp-X na discriminação de pacientes com TB ativa de controles saudáveis de área endêmica. Métodos: No primeiro estudo utilizou-se uma população de 45 pacientes com TB ativa e 172 contatos intradomiciliares (CID). No segundo estudo, 35 pacientes com TB ativa e 39 indivíduos controles saudáveis. Todos os indivíduos que aceitaram participar foram submetidos à prova tuberculínica (PT) e a coleta de sangue para obtenção de plasma e soro. Foi realizado o método de ELISA indireto para pesquisa de anticorpos das classes IgG e IgM anti-GroES e anti proteína de fusão. Resultados e conclusões: Os resultados para o rGroES demonstraram que para o IgM-rGroES, CID, PT negativa, apresentaram níveis de anticorpos (0.233±0.142) superiores aos pacientes (0,193±0,140; p=0,0497). IgM-rGroES não apresentou diferença entre TB ativa e CID, PT positiva (0,213±0,151). Para o IgG-rGroES, os indivíduos com TB ativa apresentaram níveis superiores (0,203±0,214), quando comparados aos CID PT negativo (0,121±0,145; p=0,0168). Para o IgG-rGroES, com um ponto de corte de 0,052 a sensibilidade foi 78,38% (IC95%: 61,8-90,2%); a especificidade foi 31,76% (IC95%: 22,1-42,8%). Os indivíduos com TB ativa apresentaram IgG-rGroES (0,203±0,214) semelhantes aos CID PT positivo (0,167±0,181). Concluindo, o rGroES é um antígeno imunogênico e antigênico, pois foi reconhecido pela resposta imune humoral de indivíduos com TB ativa e TB latente. Os resultados para a proteína de fusão demonstraram que para IgG, indivíduos com TB ativa apresentaram níveis de anticorpos superiores (0,407±0,141) aos controles saudáveis (0,167±0,072; p<0,0001). Com ponto de corte de 0,179 a sensibilidade foi 100% (IC95%: 89,72-100%); a especificidade foi 71,4% (IC95%: 53,70-85,36%). Para IgM-proteína de fusão, indivíduos com TB ativa apresentaram níveis superiores (0,305±0,09), que os controles saudáveis (0,212±0,057; p<0,0001). Com um ponto de corte de 0,226, a sensibilidade foi 80,0% (IC95%: 63,06-91,56%); a especificidade foi 61,54% (IC95%: 44,62-76,64%). Concluímos que o teste de ELISA com a Proteína de Fusão pode ser utilizado para o preparo de um kit de diagnóstico da TB uma vez que apresenta uma sensibilidade e especificidade superiores que as encontradas no teste padrão ouro. Palavras-chave: Tuberculose; Diagnóstico laboratorial; Imunidade Humoral ii ABSTRACT Title: Immunogenicity evaluation of recombinant Mycobacterium tuberculosis antigens for the development of serological diagnostic test. Introduction: Tuberculosis (TB) is an infectious disease caused by Mycobacterium tuberculosis (Mtb). According to the WHO, one-third of the world population is infected with Mtb and about 5% of these individuals will develop active disease. Mtb can affect various organs, having the lungs as its main target (pulmonary TB). TB diagnosis can be confirmed by the presence of alcool acid resistant bacilli in biological samples. However, this technique has a variable sensitivity (35% to 85%) therefore, it is necessary the development of new laboratory methods. The first objective of this work was to evaluate the immunogenicity and antigenicity of the recombinant protein GroES from Mtb using an indirect ELISA in TB patients and their household contacts; the second objective was evaluate the performance of a recombinant fusion protein expressing immunodominant epitopes previously identified as immunogenic and antigenic: Antigen 85C, MPT-51 and Hsp-X in the discrimination of patients with active TB from healthy controls from endemic areas. Methods: This is a transversal study. In the first study it was tested the recombinant GroES antigen in an indirect ELISA and the study population was constituted of 45 patients with active TB and 172 healthy household contacts (HHC). The second study tested a recombinant fusion protein in an indirect ELISA and the study population was, composed by 35 patients with active TB, and 39 healthy control subjects (HC). All individuals who agreed to participate underwent tuberculin skin test (TST) and blood samples were withdrawn to obtain plasma and serum. We performed an indirect ELISA for IgG and IgM specific to GroES and the fusion protein. Results and conclusions: The results showed that in the IgM-ELISA specific for rGroES, the HHC, TST negative individuals, had antibody levels (0.233 ± 0.142) higher than active TB patients (0.193±0.140;p=0.0497). No differences were observed between active TB and HHC, TST positive for IgM specific to rGroEs. For the IgG-ELISA specific for rGroES, individuals with active TB had higher levels (0.203±0.214) when compared to HHC-TST negative (0.121±0.145; p=0.0168). For the IgG-ELISA-rGroES, using a cut-off of 0.052, the sensitivity was 78.38% (95% CI: 61.8 to 90.2%), and the specificity was 31.76% (95% CI: 22.1 to 42.8%). Individuals with active TB had IgG-rGroES (0.203±0.214) similar to the HHC, TST+ (0.167±0.181). In conclusion, the rGroES an antigen is immunogenic and antigenic, it was recognized by the humoral immune response of individuals with active and latent TB. The results for the ELISA specific for the fusion protein showed for IgG, that patients with active TB had higher antibody levels (0.407±0.141), than healthy controls (0.167±0.072; p<0.0001). The cutoff of 0.179 allowed a sensitivity of 100% (95% CI: 89.72-100%); and the specificity was 71.4% (95% CI: 53.70-85.36%). ELISA for specific IgM to fusion protein, showed that individuals with active TB presented higher levels (0.305±0.09), than the healthy controls (0.212±0.057; p<0.0001). In this case, using a cutoff of 0.226, the sensitivity was 80.0% (95% CI: 63.06-91.56%), and the specificity was 61.54% (95% CI: 44.62-76.64%). We conclude that the indirect ELISA using the fusion protein presented the best performance and can be improved in order to prepare a kit for the diagnosis of TB. Keywords: Tuberculosis; Laboratory diagnosis; Humoral Immunity iii CAPÍTULO 1 - REVISÃO DA LITERATURA 1.1. Epidemiologia A Tuberculose (TB) é uma doença contagiosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis (Mtb) que infecta cerca de um terço da população mundial. Estima-se que a TB provoca em torno de oito milhões de novos casos e cerca de dois milhões de mortes por ano (WHO 2009). O Mtb pode afetar vários órgãos, mas acomete principalmente os pulmões (TB Pulmonar). As principais manifestações da doença pulmonar são: tosse produtiva com mais de 15 dias, febre vespertina baixa, suor noturno, dor no tórax e perda de peso (Jackett et al. 1988). Uma das principais preocupações da Organização Mundial de Saúde (OMS) em relação a TB são os casos em que a doença está associada ao Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Segundo a WHO, em 2009 a TB foi responsável por 9,4 milhões de casos novos, sendo que destes, 1,1 milhões estavam infectados pelo HIV. Neste mesmo ano, a doença causou a morte de 1,7 milhões de pessoas, sendo que destas 380 mil estavam infectadas pelo HIV. Atualmente, a taxa de incidência global atinge 137 casos por 100 mil habitantes (WHO 2010). Nas Américas, o Brasil e o México detêm 50% dos casos de TB, sendo que o Brasil ocupa o 19º lugar entre os 22 países que concentram 80% de todos os casos no mundo, com cerca de 5000 mortes causadas por todas as formas clínicas da tuberculose (pulmonar e extra pulmonar). A cada ano são notificados no país 85 mil casos novos, possuindo cerca de 50 milhões de infectados (MS/SVS 2010) Em 2010 foram notificados 856 casos novos de tuberculose, com incidência de 14,6 casos a cada 100.000 habitantes, uma das menores do país. Neste estado, Goiânia é um dos municípios que exige atenção prioritária do Programa Nacional de Controle de Tuberculose (MS/SVS 2011). 1 1.2. Agente Etiológico O agente causador da TB é o bacilo de Koch, Mycobacterium tuberculosis (Mtb), uma micobactéria pertencente à ordem Actinomycetales, subordem Corynebacteriaceae, família das Mycobacteriaceae e gênero Mycobacterium. O Mtb pertence a um complexo denominado Complexo Mycobacterium tuberculosis, sendo constituído de seis espécies que incluem M. africanus, M. bovis, M. canettii, M. microti, M. pinnipedii e M. caprae. Entretanto, somente o M. africanus, M. bovis e o M. tuberculosis (Mtb) causam tuberculose humana (Roberts et al. 1991). Os bacilos do Mtb consistem em bastonetes aeróbicos imóveis e não esporulados, caracterizados por serem finos retos e por não produzirem toxinas. Eles medem de 1 a 4 µm de comprimento por 0,2 a 0,6 µm de diâmetro. Possuem longo período de duplicação (16 a 20 horas) dependendo da oferta de oxigênio, de nutrientes e do pH do meio. Seu cultivo pode ser realizado in vitro em meios de cultura enriquecidos, sólidos ou líquidos, como LowensteinJensen e Middlebrook 7H10 ou 7H11(Crump et al. 2003; Adler et al. 2005). Por apresentar em sua parede celular composição rica em lipídios, os bacilos possuem uma superfície hidrofóbica fazendo com que sejam resistentes a muitos desinfetantes e corantes comuns de laboratórios. Dificilmente coram-se pelo método de Gram devido às características da sua parede celular, apesar de serem classificados como Gram positivos. O complexo de ácidos micólicos, arabinogalactanas, e peptidoglicano presentes na parede celular, constituem uma barreira periférica hidrofóbica, que durante a coloração por ZiehlNielsen retém a fucsina, não sendo descorados pelo álcool-ácido. Os ácidos micólicos (ácidos graxos de cadeia longa) parecem ser o suporte molecular da álcool-ácido-resistência (BAAR) (Aderem & Underhill 1999). O envelope do bacilo Mtb apresenta três componentes: membrana citoplasmática, parede celular, e uma cápsula externa. A membrana citoplasmática de micobactérias é composta por fosfolipídeos que são compartilhados pela família Actinomycetales (Mahapatra et al. 2005). A parede celular das micobactérias é bastante complexa, rica em lipídios e recoberta por uma espessa camada de peptidoglicano. A cápsula externa não está bem delimitada das outras camadas, embora represente o conjunto de componentes do envelope do Mtb. Na membrana plasmática estão ancorados alguns glicolipídios tais como fosfatidilinositol, manosídeos, lipomanana (LM) e lipoarabinomanana (LAM), os quais se 2 estendem até o exterior da parede celular. A LAM parece ter um importante papel na virulência das diferentes espécies de micobactérias (Briken et al. 2004). A camada de peptidoglicanos forma a base na qual estão ligados arabinogalactana, que são polissacarídeos ramificados nos quais se ligam lipídios, glicolipídios e peptidoglicanos adicionais, como apresentado na figura 1. Figura 1. Representação da parede celular do Mtb. A bactéria está envolta por uma membrana citoplasmática que permanece abaixo de peptidoglicano rígido (PG). A parede celular é composta por arabinogalactana, proteínas, lipoarabinomana na (LAM), ácidos micólicos e glicolipídios. Adaptado de Gorocica et al. 2005. A parede celular protege o conteúdo da célula, fornece suporte mecânico, sendo responsável pela morfologia da bactéria. Atravessando o envelope, desde a membrana citoplasmática, alguns glicolipídeos como a fosfatidilinositol, além de certas proteínas chamadas porinas formam canais hidrofílicos os quais permitem a passagem passiva de solutos através da camada de ácido micólico (Briken et al. 2004). A cápsula que está presente no envelope do Mtb representa um conjunto de componentes constituídos por proteínas, polissacarídeos e pequenas quantidades de lipídios em seu interior. O envelope do bacilo da tuberculose parece ser uma estrutura dinâmica que pode ser remodelado quando o microrganismo está crescendo ou persistindo em diferentes ambientes (Kremer et al. 2005). Um exemplo de proteína constituinte da cápsula é o antígeno 85c (Ag85c) que tem atividade de micolil transferase, participando da síntese dos ácidos micólicos, contribuindo para a manutenção da integridade da parede e com a patogenicidade do Mtb (Draper et al. 2005). 3 1.3. Proteínas imunogênicas do Mycobacterium tuberculosis (Mtb) utilizadas nesta dissertação Com o avanço da biologia molecular foi possível realizar o sequenciamento gênico do Mtb para investigação de proteínas que podem estar envolvidas na patogenicidade, virulência ou mecanismos de evasão do bacilo. Já foi possível identificar um grande número dessas proteínas, sendo que muitas delas têm funções conhecidas (Cole et al. 1998; Nagai et al.1991). A caracterização imunológica dessas proteínas revelou que algumas delas são potencialmente imunogênicas in vivo, em modelos humanos e animal (Turneer et al.1988; Rabahi et al. 2007; Almeida et al. 2008; Reis et al. 2009). Dentre as caracterizadas, as proteínas GroES, MPT-51, Complexo Ag 85, HspX , ESAT-6, CFP-10 e GLcB estão sendo largamente estudadas (Sable et al. 2005). O antígeno GroES (Rv3418c), também conhecido como HSP10 (Boesen et al.1995), possui de 10kDa a 14kDa e é codificado pela região gênica groES. Faz parte das proteínas de choque térmico (heat shock proteins- HSP) com atividade de chaperonina, produzida e secretada pelo Mtb quando este se encontra em condições de estresse. O GroES é uma proteína altamente conservada entre espécies e seus homólogos estão presentes em células procariotas, tais como, M. avium, M. leprae, M. intracellulare, E. coli, dentre outras (Young et al. 1988; Hussain et al. 2004; Aravindhan et al. 2007). O GroES do Mtb apresenta uma região C terminal, distinta da proteína do M.leprae (Chua-Intra et al. 2002). O GroES se apresenta na forma oligomérica de anel composta entre seis a oito subunidades idênticas. Esta proteína atua de maneira sincronizada para a liberação das proteínas dobradas pelo GroEL, uma chaperonina codificada pela região groEL (Chua-Intra et al. 2002). A imunogenicidade deste antígeno já foi comprovada uma vez que é capaz de ser reconhecido por linfócitos de indivíduos com TB ativa ou reatores ao PT (latente) (Arend et al. 2000; Boesen et al. 1995). Além disso, indivíduos saudáveis recém-vacinados com BCG também são capazes de reconhecer o GroES (Boesen et al. 1995; Ravn et al. 1997). O MPT-51(Rv3803c) é uma proteína de 27-kDa codificada pelo gene fbpC1 do genoma do Mtb, M. leprae, M. avium e M. bovis BCG (Nagai et al.1991; Rinke de Wit et al. 1993; Ohara et al. 1997b). Esta proteína liga-se à fibronectina da matriz extracelular, processo o qual pode determinar sua fixação nos tecidos do hospedeiro e sua virulência (Kitaura et al. 2000). Além disso, o MPT-51 apresenta importância significativa como marcador de 4 diagnóstico da TB, permitindo sua detecção precoce, especialmente em pacientes com AIDS (Ramalingam et al. 2003; Almeida et al. 2008). O complexo antigênico Ag 85 é composto pelas proteínas Ag 85C (Rv 0129c), Ag85A (Rv3804c) e Ag85B (Rv1886c), sendo codificadas pelos genes fbpC2, fbpA e fbpB respectivamente, apresentando peso molecular que varia entre 30 a 32-kDa (Ohara et al. 1997a). O Ag 85C possui atividade micolil transferase, participando da síntese do ácido micólico que faz parte da constituição da parede celular das bactérias, contribuindo para manutenção de sua integridade e patogênese do Mtb (Harth et al. 2002; Sanki et al. 2009). Devido a sua característica imunodominante, o Ag85C vem sendo avaliado como forte candidato a marcador de diagnóstico da tuberculose (Samanich et al. 2000; Kashyap et al. 2010). O antígeno HspX (Rv2031c), é uma proteína de choque térmico, codificado pela região gênica acr, com peso molecular de 16-kDa, também conhecida como proteína αcristalina (Chang et al. 1996). O antígeno HspX tem ação de chaperonina, o qual auxilia na conformação final das proteínas (Qamra et al. 2005). Estudos demonstraram que micobactérias deficientes do gene Acr reduzem seu crescimento dentro dos macrófagos. Condições que induzem um ambiente intracelular com hipóxia e presença de doadores de NO, permitem a prevalência de transcritos do HspX (Yuan et al. 1998). Em infecções humanas, este antígeno parece ser expresso preponderantemente na fase latente da tuberculose, desencadeando resposta imune tanto humoral quanto celular (Rabahi et al. 2007). Por todos estes fatores, o antígeno HspX é considerado potente biomarcador da tuberculose latente (Spratt et al. 2010). O ESAT-6 (do inglês Early Secreted Antigen Targed 6) e CFP-10 (do inglês Culture filtrate protein 10) são codificadas na região RD-1 do gene (do inglês Regions of Difference 1) de várias espécies do complexo M. tuberculosis, exceto nos subtipos do M. bovis BCG (Sorensen et al.1995). Esses antígenos são usados em estudos de testes diagnósticos, como QuantiFERON-TB Gold In-Tube (QFT-GIT) e TSPOT.TB (Chee et al. 2010; Ling et al. 2011). Possuem alta sensibilidade e especificidade in vitro e in vivo para diagnóstico baseado na detecção de interferon gama (Zhang et al. 2006). O GLcB (Rv1837c) é um antígeno protéico codificado pelo gen GlcB do M. tuberculosis e do M.leprae. É uma enzima malato sintetase G, de 80-kDa, que utiliza a via glioxalato, permitindo que a bactéria assimile o composto carbono, necessário para sua 5 replicação dentro do macrófago (Smith et al.2003), tem sido vista na participação da virulência do M. tuberculosis ( Kinhikar et al. 2006). Diversos outros antígenos protéicos do M. tuberculosis são estudados e publicados na literatura. Alguns antígenos como, 88-kDa, MPT32, PPE (Rv2430c), MTB-48, PstS1 e proteína indutora 10 (IP-10) são testados isolados ou em complexos na tentativa de melhorar a acurácia dos testes diagnóstico (Quadro 1). 1.4. Patogenia e Resposta Imune à Tuberculose A primeira linha de defesa contra patógenos que entram nos pulmões, como por exemplo, o Mtb, são macrófagos, granulócitos e células dendríticas. Os macrófagos alveolares são as primeiras células a interagirem com o bacilo. Estudos demonstram que tanto em humanos como em camundongos os macrófagos alveolares reconhecem os PAMPs do Mtb por meio de receptores de reconhecimento do padrão (PRR‘s) presentes nessas células, os quais permitem a ativação e fagocitose do bacilo. Entre os PRRs podem-se citar os receptores para Fc de imunoglobulinas, complemento, manose, proteína surfactante, CD14, e CD43 (Schlesinger et al. 1990; Peterson et al. 1995; Zimmerli et al. 1996; Randhawa et al. 2005). Fragmentos da proteína C3 do complemento são capazes de opsonizar antígenos do Mtb, permitindo uma interação com os receptores CR1, CR3 e CR4 presentes nos macrófagos (Maglione & Chan 2009). É importante observar que independente do receptor utilizado na interação com o macrófago, o colesterol, presente na membrana celular, favorece a ancoragem e assim a internalização da bactéria (Gatfield et al. 2000; Pieters 2001). Já foi demonstrado in vitro que a interação dos bacilos do Mtb com os receptores Fc de imunoglobulinas de macrófagos promove o aumento da produção de intermediários reativos de oxigênio, permitindo que ocorra a fusão dos fagossomos com os lisossomos (Armstrong et al. 1975). Em contrapartida, quando as bactérias interagem com o CR3 há impedimento da explosão respiratória, em um processo que impede a fusão dos fagossomos com os lisossomos (Sturgill-Koszycki et al. 1994). A capacidade de inibir a fusão do fagossoma com o lisossoma, a modulação do padrão de morte de células infectadas, além da propriedade de se reproduzir dentro do compartimento endossomal dá ao bacilo a capacidade de sobrevivência dentro dessas células (Flynn & Chan 2001). Após estarem infectados, os macrófagos alveolares produzem principalmente IL-12 e TNF-α e quimiocinas que atuam no recrutamento de outras células para o local da infecção. A 6 IL-12 pode aumentar o reconhecimento de antígenos do Mtb por linfócitos T, induzindo sua proliferação em sinergismo com a IL-2, agindo como fator de crescimento durante a fase precoce de expansão dos linfócitos T em infecções pelo Mtb. Além disso, amplia o recrutamento de linfócitos T citotóxicos para o local da infecção, induz a produção de IFN-γ pelas células natural killer (NK) e linfócitos T. Enquanto o IFN-γ aumenta a produção de TNF-α pelos monócitos infectados por Mtb, o TNF-α induz a produção de IFN-γ pelas células NK (Bancroft et al. 1989; Sampaio et al.1992). O TNF-α é uma citocina pró-inflamatória que exerce efeito microbicida em macrófagos humanos infectados pelo Mtb, sendo importantes para a formação do granuloma e contenção da micobactéria em macrófagos de murinos (Barnes et al. 1990). As células NK desempenham um papel importante na TB humana, as quais regulam diferentes aspectos da resposta imune. Estas células possuem maior citotoxicidade contra macrófagos infectados com Mtb, além de aumentar a capacidade dos linfócitos T CD8 + para produzir IFN-γ e para lisar células infectadas com Mtb, fazendo uma conexão entre a resposta imune inata e a resposta imune adaptativa (Vankayalapati 2002 & Vankayalapati 2004). Há ainda um subconjunto de células NK capazes de reconhecer antígenos pela via não clássica de apresentação, por meio das moléculas CD1d. Esta molécula permite a apresentação de lipídios presentes na parede do Mtb. Uma vez ativado, essas moléculas CD1d contribuem para a defesa do hospedeiro humano contra a infecção por Mtb. Macrófagos humanos derivados de monócitos que expressam moléculas CD1d podem induzir funções efetoras das células NK T contra células infectadas com Mtb quando ativados. Estas funções incluem secreção de IFN-γ, proliferação, atividade lítica e atividade anti-micobacteriana (Vankayalapati 2002 & Vankayalapati 2004). Com o início da infecção, outros monócitos, assim como células dendríticas são recrutados da corrente sanguínea, sendo responsáveis pela manutenção da infecção no hospedeiro (Dannenberg 1991; Sturgill-Koszycki et al. 1994, Pedroza-González et al. 2004). Os monócitos são recrutados para os pulmões, onde eles aumentam a expressão de CD11c e tornam-se CD11b+/mid/CD11c+/mid, os quais se diferenciam em macrófagos alveolares (CD11b /mid CD11c+/high) e células dendríticas (CD11b+/high/CD11c+/high) (Gonzalez-Juarrero et al. 2003). Após a ativação as células dendrídicas sofrem um processo de maturação que é acompanhada por um aumento da síntese de MHC de classe I, pela expressão de moléculas co-estimuladoras, como CD80 (B7.1) e CD86 e CD40, sendo observados nos primeiros dias 7 de infecção ao Mtb (Gonzalez-Juarrero et al. 2003). Por meio de estudos in vitro, utilizando células mononucleares do sangue periférico (PBMC) de humanos foi observado que células dendríticas infectadas com Mtb passam a expressar CD54, CD80 (B7.1), secretando um elevado número de citocinas pró-inflamatórias, tais como TNF-α, IL-1 e IL-12 (Underhill et al., 1999). Esta ativação pode facilitar a migração destas células para os linfonodos, ativando os linfócitos T por meio da produção de IL-12 (Henderson et al. 1997). Ensaio in vitro para avaliar o perfil de secreção de citocinas foi realizado em PBMC após estimulação com Mtb, revelando que macrófagos derivados de monócitos infectados com Mtb passam a secretar IL1ß, IL-6, TNF-α, IL-18 e IL-10. Foi possível observar que IL-1ß e IL-18 são produzidas nas 16 primeiras horas após a estimulação, enquanto a IL-6, IL-10 e TNF-α são produzidas mais tardiamente após 24 horas de estímulos. Foi ainda constatado que células dendríticas derivadas de monócitos passam a produzir níveis baixos de IL-12p70 e grande quantidade de IFN-α. A produção de citocinas é de fundamental importância, pois atuam no recrutamento de subpopulações de células que agem na resposta ao Mtb para formação e manutenção do granuloma, dentre essas predominam as células T auxiliares (CD4 +) e T citotóxicas (CD8+) (Araújo-Filho et al. 2008; Giacomini et al. 2001). Os linfócitos T CD8+ citolíticos reconhecem antígenos do Mtb quando este é processado e apresentado por macrófagos e células dendríticas infectados via MHC de classe I, moléculas CD1 e outras vias de apresentação (Lewinsohn et al. 1998). Uma vez ativados, esses linfócitos produzem IFN-γ e TNF-α que são potentes ativadores de macrófagos infectados, podendo também destruir células infectadas via CD95-Fas ou por meio da liberação de perforinas e granzimas, induzindo apoptose das células-alvo (Molloy et al. 1994; Lewinsohn et al. 1998; Brookes et al. 2003). Dentre as populações de células ativadas após a infecção pelo Mtb encontram-se as células Th1 (TCD4+). Esta população celular é ativada com a participação da IL-12 produzidas por macrófagos e células dendríticas infectadas. As células Th1 se expandem em resposta aos antígenos do Mtb apresentado pelas células dendríticas nos nódulos linfáticos, e depois o linfócito TCD4+ efetor migra para o local da infecção (Humphreys et al. 2006; Giacomini et al. 2001). As células TCD4+ são componentes importantes para a contenção do crescimento bacteriano e para a geração de resposta granulomatosa no pulmão. Eles são capazes de produzir IFN-γ que promovem o recrutamento de células mononucleares para formação de granuloma, tais como macrófagos e monócitos os quais atuam no controle da replicação do bacilo. Na ausência dos linfócitos TCD4+, poucas células mononucleares são 8 recrutadas para o pulmão, impossibilitando a formação do granuloma normal (Saunders et al. 2002). Com o estabelecimento da infecção dos macrófagos estes recrutam outras células do sistema imune e formam uma estrutura organizada chamada de granuloma (Dannenberg 1991). Trabalhos utilizando camundongos isogênicos demonstram que a expansão das micobactérias nos granulomas se dá por ciclos de morte de macrófagos infectados e a fagocitose por múltiplos macrófagos que são constantemente recrutados (Davis & Ramakrishnan 2009). Após a infecção com os bacilos, ocorre a formação de granulomas epitelióides, antes de se estabelecer a imunidade adaptativa (Davis & Ramakrishnan 2009). Também chamada de infecção primária ou primo-infecção, esta fase é caracterizada por apresentar lesões exsudativas com reação inflamatória aguda, contendo leucócitos circundando os bacilos. Este tipo de exsudato é absorvido em 90% dos casos, com cicatrização. Com o estabelecimento da resposta imune adaptativa, a formação do granuloma coincide com a expansão bacteriana, sugerindo que esta aceleração é impulsionada pelo crescimento bacteriano (Volkman et al. 2004; Davis & Ramakrishnan 2009). É então estabelecida a tuberculose ativa com formação de lesão tecidual caracterizada por uma inflamação granulomatosa de três zonas: uma com células gigantes multinucleadas contendo os bacilos, uma camada média de células epitelióides e uma camada periférica de fibroblastos, células mononucleares e linfócitos T e B dispersos. A primeira zona apresenta necrose caseosa central, sendo denominados tubérculos. Posteriormente ocorre a cicatrização por tecido fibroso ou calcificação (Cosma et al. 2003). Os granulomas parecem ser benéficos para o indivíduo por conter e restringir a micobactéria (Ulrichs & Kaufmann 2006). No entanto, resultados sugerem que a formação do granuloma é uma ferramenta para a expansão da infecção pelo Mtb (Davis & Ramakrishnan 2009). 1.4.1. Linfócitos B Os linfócitos B são um dos principais componentes do sistema imune, sendo responsáveis pela imunidade humoral. Tanto em humano quanto em camundongo essas células são produzidas no fígado fetal antes do nascimento e na medula óssea após o nascimento. Em camundongos, os estágios de desenvolvimento dos linfócitos B estão bem caracterizados, sendo continuamente geradas das células tronco hematopoiéticas da medula 9 óssea. Há cinco subtipos de linfócitos B maduros nos camundongos, sendo que os principais são as células B-2 e as células B-1(Baumgarth et al. 2011). As células B-2 são divididas em células B foliculares (CD23+ IgD hi IgMlow ) e células B de zona marginal (CD21+ CD1dhi IgMhi IgDlow), representando 15% e mais de 70%, respectivamente, constituindo a maioria das células B do baço. Estas células estão relacionadas com a produção de anticorpos específicos, em um processo que depende da ativação dos linfócitos T, participando preferencialmente da resposta imune adaptativa (Li et a. 2001). As células B-1 são representadas pelas subpopulações B-1a (CD43+ CD19hi CD5+ IgMhi IgDlow) e B-1b (CD43+ CD19hi IgMhi IgDlow), representando 2% e menos de 1% da população de células B do baço, respectivamente. As células B-1 são encontradas predominantemente nas cavidades pleurais e peritoniais (Li et al. 2001), órgãos linfóides secundários, mucosas, sangue, medula óssea, parênquima pulmonar, lâmina própria intestinal, dentre outros. No baço e na medula óssea essas células produzem IgM que contribuem para a manutenção dos anticorpos naturais circulantes em larga escala, estando mais envolvidas na resposta imune inata, a qual independe da ativação pelas células T (Martin et al. 2000; Li et al. 2001). Esta IgM secretada nos tecidos se liga a antígenos próprios alterados, componentes de células apoptóticas, contribuindo para a manutenção da homeostasia tecidual (Baumgarth et al. 2011). As células B são células produtoras de anticorpos específicos, sendo células efetoras do sistema imune adaptativo. Nem toda produção de anticorpos é desencadeada pela ativação prévia do sistema imune, sendo que estes podem ser produzidos sem a ausência de microrganismos (Hooijkaas et al. 1984; Bos et al. 1989; Haury et al. 1997). As células B podem proliferar e secretar anticorpos em resposta aos componentes das bactérias gramnegativas, como lipopolissacarídeo (LPS), independentemente do reconhecimento por meio do BCR. As células B expressam inúmeros receptores do sistema imune inato, incluindo os Toll-like receptor 3, 7, 8 e 9 (TLR3, TLR7, TLR8 e TLR9). Por meio do TLR4 estas células fazem o reconhecimento do LPS, permitindo sua ativação independente dos linfócitos T (Meyer-Bahlburg et al. 2008; Bekeredjian-Ding et al. 2009; Crampton et al. 2010). Os mecanismos de produção de anticorpos específicos dependem da atuação das células T helper (Th) para que haja a maturação de anticorpos, bem como a memória imunológica. As células B também funcionam como células apresentadoras de antígenos, ativando células T de uma maneira específica. Além disso, as células B induzidas tanto por 10 Th1 como por Th2 respondem produzindo anticorpos que ora favorece a entrada do microrganismo na célula ou a sua eliminação pela ativação do sistema complemento (Abebe & Bjune 2009; Maglione & Chan 2009). Por se localizarem em compartimentos intracelulares, é sabido que os bacilos da TB não são expostos aos anticorpos. No entanto, durante as etapas iniciais de infecção, os anticorpos isoladamente ou em conjunto com as citocinas fornecem funções importantes, como a prevenção da entrada de bactérias na superfície das mucosas. O papel de anticorpos em infecções bacterianas intracelulares tem sido controverso. Entretanto tem sido observada sua participação em infecções agudas, além de infecções crônicas, como a produzida pelo Mtb (Salinas-Carmona et al. 2004; Williams et al. 2004; Reljic & Ivanyi 2006; Feng et al. 2011). Em se tratando de proteção para TB, os anticorpos poderiam aumentar a imunidade por meio da neutralização de toxinas, opsonização, ativação do complemento, promoção da liberação de citocinas, citotoxicidade dependente de anticorpos, e apresentação de antígenos reforçada (Igietseme et al. 2004; Reljic & Ivanyi 2006). Por meio da opsonização, os anticorpos podem aumentar a internalização dos bacilos do Mtb pelos neutrófilos, monócitos ou macrófagos, permitindo assim maior estimulação das células TCD4 + e TCD8+ quando os bacilos são processados pelas células dendríticas. Em 2011, Feng e colaboradores verificaram que células B de memória CD19+ CD27+ e plasmoblastos CD19+ CD27high CD20+/- estão consideravelmente diminuídos no fluído pleural e aumentados no sangue periférico de pacientes com TB pleural; Células B de memória com o fenótipo CD27+ IgD+ e CD27+ IgD- encontram-se diminuídos em líquido pleural e aumentados em sangue periféricos; Células B naives CD27 - IgD+ e células B CD27 IgD- estão marcadamente aumentadas no fluído pleural em relação ao sangue periférico; Há um número maior de células B expressando IgM de superfície em relação a IgG, sendo que estes dois padrões de células estão mais aumentadas no sangue periférico em relação ao fluído pleural. Os anticorpos das classes IgG, IgA e IgM estão presentes nas secreções das mucosas do trato respiratório inferior dos seres humanos infectados pelo Mtb (Boyton & Openshaw 2002; Feng et al. 2011). Os anticorpos das classes IgG e IgM estão presentes em soro de indivíduos com TB, específicos para proteínas do Mtb (Rabahi et al. 2007; Almeida et al. 2008; Reis et al. 2009; Costa et al. 2011; Limongi et al. 2011; Feng et al. 2011). 11 1.5. Diagnóstico da Tuberculose A suspeita clínica da tuberculose (TB) começa com quadro clínico constituído por febre baixa, geralmente vespertina, cansaço excessivo, sudorese noturna, falta de apetite, adinamia, perda de peso e indisposição. Os sinais e sintomas vão depender da localização da doença. Quando a lesão é pulmonar, tem-se no início tosse seca contínua, seguida por secreção por mais de quatro semanas e sangramento respiratório. Enquanto que nas formas extrapulmonares, os sinais e sintomas dependerão do órgão afetado. Por ser uma doença infecciosa, faz-se necessário a confirmação diagnóstica por meio da identificação do Mtb em materiais da lesão. A confirmação do diagnóstico pode ser realizada por métodos, tais como métodos histopatológicos, imunológicos e radiografia do tórax, podendo ser confirmado por meio de exames bacteriológicos (Campos 2006). Os exames bacteriológicos padronizados são o exame direto e a cultura do Mtb. Esses exames baseiam-se na detecção de bacilos do Mtb (bacilo de Koch: BK) em amostras do trato respiratório (TB pulmonar) ou em espécimes provenientes de outros locais do corpo (TB extrapulmonar). A baciloscopia e a cultura em meio de Löwenstein-Jensen são consideradas o ―padrão ouro" para o diagnóstico de tuberculose ativa (Campos 2006). 1.5.1. Bacteriológico 1.5.1.1. Baciloscopia A baciloscopia é um exame bacteriológico utilizado na detecção do M. tuberculosis em materiais de lesão pela técnica de coloração de Ziehl-Nielsen. A coloração de ZiehlNielsen se baseia no uso de um corante fucsina fenicado, seguida de uma descoloração com álcool-ácido e posterior contraste com corante azul de metileno. A presença de bactérias álcool-ácido resistentes (BAAR) indica a presença de Mycobacterium sp. (Zimmer et al. 1999). Esta técnica apresenta sensibilidade variável (34-80%), devido principalmente a sua capacidade de detecção das bactérias em material biológico, a qual depende da quantidade de bacilos presentes. Portanto, esta técnica não permite o diagnóstico correto de indivíduos paucibacilares (Campos 2006; Waard & Robledo 2007; Abu-Raddad et al. 2009). 12 1.5.1.2. Cultura A cultura permite a detecção de Mtb em casos de TB com baixa carga bacilar, além de testar a sua sensibilidade aos quimioterápicos, se solicitado pelo médico responsável. Entretanto, a cultura também apresenta sensibilidade variável (30-80%). Devido ao crescimento lento do Mtb, o resultado deste teste demora de 28 a 30 dias, além de requerer estrutura laboratorial que não se encontram disponíveis na maioria das regiões endêmicas. Por isso, este método não é adotado como auxiliar no diagnóstico em países em desenvolvimento (Walton et al. 2005; Waard & Robledo 2007; Davies & Pai 2008). Apesar da identificação microscópica e cultura de micobactérias no escarro serem os métodos mais comuns de diagnóstico da tuberculose pulmonar, a detecção de tuberculose extrapulmonar por meio destas técnicas são menos viáveis devido à ausência das secreções para análise (Singh & Espitia 2007). Casos de TB pulmonar em que o indivíduo não apresenta produção de escarro, o diagnóstico fica comprometido, podendo resultar em diagnóstico falso-negativo (Jackett et al.1988). 1.5.1.3. Histopatológico Este exame permite identificar lesão granulomatosa, necrose de caseificação e outras apresentações da lesão tecidual causada pelo Mtb. Entretanto, as apresentações histopatológicas não são patognomônicas da doença, pelo fato de poder estar presentes e serem observadas em outras doenças, tais como a sarcoidose e micoses. Para certificar que a lesão granulomatosa é realmente causada pelo Mtb, faz-se necessário identificá-lo no interior do granuloma (Campos 2006). 1.5.1.4. Interferon-Gamma Release Assays (IGRAs) O QuantiFERON-TB Gold In-Tube (QFT-GIT) e TSPOT.TB foram desenvolvidos com o intuito de substituir a PT ( Prova Tuberculínica), teste utilizado para o diagnóstico da TB latente, apesar de estarem mais relacionados com a doença ativa (Lalvani et al. 2001; Mori et al. 2004; Ling et al. 2011). Eles se baseiam na detecção de interferon gama, quando células de pacientes são estimulados com dois antígenos, o ESAT6 e CFP10 ou utilizando a 13 pesquisa de interferon gama em PBMC por meio da estimulação com Ag85A do M.bovis BCG (Proteína de 32 kDa) (Chee et al. 2010; Ling et al. 2011). Em 2010, Simsek e colaboradores avaliaram a utilização do TST (Teste Tuberculínico) e o T-SPOT.TB no diagnóstico da Tb ativa e da Tb latente. Para este ensaio utilizou 136 indivíduos divididos em grupos (47 pacientes com Tb ativa, 47 controles sem exposição ao Mtb e 42 indivíduos contatos de pacientes com Tb ativa). O T-SPOT.TB apresentou uma sensibibilidade e VPN (83,0%, 82,6%) significantemente superiores aos encontrados no TST (38,3%, 60,8%) no diagnótico da Tb ativa. Nesta mesma análise o TSPOT.TB apresentou especificidade e VPP (80,9%, 81,3%) inferiores aos encontrados no TST (95,7%, 90,0%). Na África do Sul, Ling e colaboradores (2011) avaliaram a acurácia de dois IGRAs (QuantiFERON TB Gold In-Tube (QFT-GIT) and TSPOT.TB) no diagnóstico da tuberculose pulmonar. Para este ensaio, utilizaram 395 indivíduos com suspeita de tuberculose. O QuantiFERON-TB Gold In-Tube (QFT-GIT) apresentou uma sensibilidade de 76% e especificidade de 42%, enquanto o TSPOT.TB apresentou sensibilidade de 84% e especificidade de 47%. Na Alemanha, Alsleben e colaboradores (2011) avaliaram os ensaios de pesquisa de interferon gama (IGRAS) no diagnóstico de TB ativa e TB latente em crianças quando a produção do IFN-γ é estimulada pela proteína indutora 10 (IP-10). Para este estudo utilizaram uma população composta por 48 crianças, sendo que dessas 11 eram TB ativa, 14 TB latente, 8 apresentavam linfoadenopatia causada por micobactérias não-tuberculóide e 15 possuiam infecção no trato respiratório. Todos os grupos foram submetidos à pesquisa de IP-10 e interferon gama. Foi observado que os grupos acima relacionados apresentaram níveis de IP10 na média de 12.702 pg/ml, 9.109 pg/ml, 97 pg/ml, and 84 pg/ml, respectivamente, sendo que os níveis de IFN-γ estão fortemente correlacionados (r 2 = 0.69). Os dados sugerem que esta proteína pode ser um importante biomarcador em TB pediátrica, uma vez que está relacionada com a indução da produção de IFN-γ na TB. Os IGRAs são mais sensíveis que a PT e estão mais relacionados com a doença ativa. Entretanto, em áreas endêmicas para a TB, sua utilização para o diagnóstico é inviável, porque o teste é incapaz de discriminar a TB Ativa da TB latente (Mazurek et al. 2007; Pai et al. 2008). Esta situação faz com que os IGRAs apresentem uma sensibilidade insuficiente para serem utilizados no diagnóstico da TB Ativa (Ling et al. 2011). 14 1.5.1.5. Testes sorológicos utilizados em pesquisa para diagnóstico da TB A sorologia para a TB vem sendo explorada desde 1898 por Arlöing, que mostrou que soros de pacientes com TB poderiam aglutinar bacilos da tuberculose. Naquele tempo se utilizava bactérias inteiras, filtrado de culturas, extratos de bactérias, tuberculinas e seus derivados protéicos purificados (PT). Com o melhoramento da engenharia genética e das técnicas imunocromatográficas, passou-se a utilizar antígenos individuais purificados, tais como proteínas, lipopolissacarídeos e glicolipídeos, por exemplo, Ag 85, proteína 38 kDa e LAM. De uma maneira geral, testes utilizando antígenos individuais permitem a obtenção de uma boa especificidade com perda na sensibilidade, o que inviabiliza a utilização destes em um teste de triagem diagnóstica. Devido a esses fatores, até o momento não foi possível desenvolver um teste que seja sensível e específico o suficiente para substituir as técnicas convencionais para diagnóstico da TB (Bothamley et al.1995; Al Zahrani et al. 2000; Singh et al. 2003; Raqib et al. 2003; Lopez-Marin et al. 2003; Julián et al. 2004). Com a observação de que a resposta imune humoral a TB é bastante heterogenia, passou-se a empregar misturas de múltiplos antígenos do Mtb (Campos 2006). Já foi demonstrado que a utilização de coquetel de proteínas melhora a sensibilidade e especificidade dos testes na TB (Shin et al. 2008). Atualmente, a fusão de proteínas imunodominantes do Mtb é uma sugestão para se melhorar os testes diagnósticos (Singh e Espitia 2007). A possibilidade de se fundir genes que codificam proteínas imunodominantes do Mtb já é uma realidade que vem sendo adotada, permitindo inovações na área do sorodiagnóstico da TB. Trabalhos realizados por Steingart e colaboradores (2007) demonstraram que atualmente há vários testes imunológicos sendo comercializados em países em desenvolvimento para o diagnóstico de tuberculose pulmonar ativa, porém, eles apresentam uma sensibilidade e especificidade variável (0,09-59,7%; 53-98%), especificidade esta que não é um ponto positivo em um teste de triagem diagnóstica por tornar a sensibilidade muito baixa. Segundo a OMS (WHO 2011), não estão recomendados a utilização dos testes comerciais para sorodiagnóstico da tuberculose, pois os resultados destes testes são inconsistentes, imprecisos, além de apresentarem muitos casos de falso-positivo e falsonegativo. Samanich e colaboradores (2000) avaliaram a utilização do antígeno 85C em sorodiagnóstico para TB, bem como indivíduos HIV positivo com TB. Neste estudo foi 15 avaliada a reatividade de coortes de imunodeficiência humana vírus (HIV)-negativo, com baciloscopia positiva; HIV-negativos, com baciloscopia negativa; e pacientes HIV-infectados com TB, com três dos antígenos candidatos à adesão, uma proteína de 88-kDa, antígeno 85C e MPT32. Os resultados demonstram que antígenos identificados com base em sua reatividade com soros de pacientes com TB fornecem alta sensibilidade para o diagnóstico sorológico verificando que 80% dos indivíduos com tuberculose respondem ao antígeno 85C. Na Índia, Kashyap e colaboradores (2007) avaliaram a detecção do complexo antígeno 85 no diagnóstico da tuberculose. Para este ensaio utilizou pacientes com TB confirmada (24), indivíduos com diagnóstico clínico para TB (104), controles doentes (49) e controles saudáveis (20). A sensibilidade foi de 82% e a especificidade foi de 86% para o diagnóstico da TB. Dos pacientes com TB confirmada foi possível detectar 96%, enquanto para os clinicamente diagnosticados, 79% foram positivos para o teste. Choudhary e colaboradores (2003) avaliaram a produção de anticorpos da classe IgG em três grupos de indivíduos na Índia, constituído por pacientes com TB primária (32), pacientes com TB recidiva (30) e pacientes com TB extrapulmonar (30) comparado aos controles saudáveis (10) frente ao antígeno PPE (Rv2430c) do Mtb utilizando a técnica de ELISA. Nos dois primeiros casos, os pacientes foram diagnosticados por baciloscopia e no terceiro caso, a TB foi confirmada por biópsia de tecido. Foi observado que teste de ELISA com pesquisa de anticorpos da classe IgG específicos ao antígeno PPE consegue discriminar pacientes com TB primária de controle saudável (p<0,0001), a partir do qual conclui que a resposta imune com produção de anticorpos frente a esta proteína pode estar relacionada com a manifestação e progressão da tuberculose. Na Coréia do Sul, Shin e colaboradores (2008), comparam por meio de abordagem proteômica as proteínas do filtrado de cultura do Mtb (H37Rv) com as proteínas da linhagem K do Mtb (Cepa variante). Em seguida avaliaram a aplicação individual e combinada de cinco antígeno, sendo três antígenos recombinantes (rCFP-10, rESAT-6, rHspX) e dois antígenos nativos, complexo Ag85 e PstS1, em sorodiagnóstico. Para este ensaio, foram utilizados 46 pacientes com TB ativa e 46 indivíduos controles saudáveis. A sensibilidade foi variável, dependendo do antígeno testado, (rCFP-10, rESAT-6, rHspX, complexo Ag85, PstS1-45,8%; 36,9%; 67,3%; 47,8%; 56,5%), respectivamente, para uma especificidade fixa de 100%. A combinação de todas as proteínas apresentou uma sensibilidade de 77,7%. Os resultados mostram que o ensaio realizado com as proteínas da cepa variante apresenta um melhor desempenho que o ensaio utilizando as proteínas do H37Rv, uma vez que a curva ROC foi 16 0,913 e 0,867, respectivamente. Quando se avalia o potencial discriminatório dos antígenos individualmente, o rHspX apresenta melhor desempenho (Quadro 1). Na China, Wu e colaboradores (2010) testaram os antígenos recombinantes 38-kDa e MTB-48, além da fusão das proteínas CFP-10 e ESAT-6 no diagnóstico da tuberculose pulmonar. Para este ensaio, utilizaram 250 indivíduos com tuberculose ativa e 260 indivíduos saudáveis. A sensibilidade assim como a especificidade foi variável, dependendo do antígeno testado, (61,2-74,4%; 73,8-85,4%, respectivamente) (Quadro 1). Na China, Wu e colaboradores (2011) testaram uma proteína de fusão contendo os antígenos recombinantes 38-kDa-16-kDa- 6 kDa (ESAT-6) do Mtb. Para este ensaio, utilizaram 105 pacientes com TB pulmonar, 25 pacientes com TB não pulmonar e 20 controles saudáveis. A sensibilidade assim como a especificidade foi 65,4% e 84,8%, respectivamente, apresentando menos falsos negativos que o kit de ELISA comercial para diagnóstico da TB, o TB-DOT (do inglês TB- Directly Observed Therapy). A área sob a curva (AUC) encontrada foi de 0,751 (Quadro 1). O antígeno MPT-51 é uma proteína que já vem sendo utilizada como marcador da tuberculose, principalmente em indivíduos co-infectados com HIV (Sing et al. 2005). Almeida e colaboradores (2008) avaliaram a resposta imune humoral de pacientes com TB (39) e controles saudáveis (39) ao rMPT-51 e rGlcB por meio da técnica de ELISA. A sensibilidade e a especificidade foram: IgM-rMPT-51 (77.6-96.9%); IgG-rMPT-51(4.198,0%); IgM-rGlcB (8,2-95,9%); IgG-rGlcB (75,5-65,0% ), respectivamente. O antígeno rMPT-51 apresentou melhor potencial discriminatório quando se avaliou a presença de IgM específica (Quadro 1). 17 Quadro 1. Sensibilidade, especificidade e área sob a curva (AUC) dos testes de ELISA usados em pesquisa para o diagnóstico da TB. Teste Antígeno Anticorpo Sensibilidade Especificidade AUC Referência IgM 77,6% 96,9% 0,814 Almeida et al. IgG 4,1% 98,0% 0,628 2008 IgM 8,2% 95,9% 0,636 IgG 75,5% 65,0% 0,738 padrão BAAR rMPT-51 BAAR rGlcB Almeida et al. 2008 BAAR CFP10 IgG 45,8% 100% 0,889 Shin et al. 2008 BAAR ESAT-6 IgG 36,9% 100% 0,75 Shin et al. 2008 BAAR Hsp-X IgG 67.3% 100% 0,90 Shin et al. 2008 Complexo Shin et al. 2008 BAAR Ag 85 IgG 47,8% 100% 0,87 BAAR PstS1 IgG 56,5% 100% 0,89 Shin et al.2008 Combinação BAAR de proteínas IgG 77,7% 100% 0,91 Shin et al.2008 BAAR 38-kDa IgG 73,6% 85,4% 0,788 Wu X et al.2010 BAAR MTB-48 IgG 73,2% 77,7% 0,733 Wu X et al.2010 IgG 73,2% 73,8% 0,762 Wu X et al.2010 IgG 65,4% 84,8% 0,751 Wu L et al.2011 CFPBAAR 10/ESAT-6 (Fusão) 38-kDa-16- BAAR kDa-ESAT-6 (Fusão) 18 1.6. JUSTIFICATIVA Apesar do avanço da ciência desde a sua descoberta, a tuberculose continua sendo um dos principais problemas de saúde pública. A Organização Mundial de Saúde acredita que um terço da população mundial está infectada com o bacilo da TB e que surgem aproximadamente 8,8 milhões de novos casos com 2 a 3 milhões de mortes a cada ano. O Brasil ocupa o 19º lugar em número de casos e o 108º país em incidência no mundo. No estado de Goiás, a taxa de incidência da doença é de 14,6 casos para cada 100.000 habitantes. Apesar da incidência da TB no estado ter diminuído bastante, a tuberculose representa o principal fator de risco para mortalidade entre indivíduos com infecção pelo HIV e os casos que permanecem devem-se a fatores como: descuido dos governos no controle da doença, programas de controle de tuberculose mal administrados, pobreza, crescimento e migração populacional e resistência do patógeno às drogas. Os métodos laboratoriais usados para diagnosticar a TB apresentam falhas, fator que pode contribuir para transmissão e disseminação da doença. Além disso, nos casos de TB extrapulmonar o diagnóstico torna-se mais delicado devido à ausência de foco inflamatório de fácil acesso, inviabilizando o diagnóstico rápido. Por isso é necessário o desenvolvimento de testes que detectem o indivíduo na fase inicial da doença, independente do tipo de TB. Segundo dados da OMS (2011), o uso dos testes sorológicos comerciais para o diagnóstico da TB não está autorizado, devido à grande variação da sensibilidade e especificidade. Esta idéia é um ponto de partida para o incentivo ao desenvolvimento de testes que possam superar os existentes. O desenvolvimento de técnicas sorológicas capaz de assegurar o diagnóstico da TB é de grande importância, pois permite minimizar os riscos de falsos resultados para diversos tipos de TB. A descoberta de antígenos, bem como o desenvolvimento de antígenos recombinantes que possam melhorar um teste rápido de triagem diagnóstica da TB é de grande utilidade. A fusão de proteínas imunogênicas trás a possibilidade de melhora destes testes, com a tendência de se apresentar maires sensibilidades e especificidades. 19 CAPÍTULO 2 RESPOSTA IMUNE HUMORAL AO ANTÍGENO rGroES DO Mycobacterium tuberculosis EM PACIENTES COM TUBERCULOSE E SEUS CONTATOS DOMICILIARES ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA DE PATOLOGIA TROPICAL DA UFG 20 2.1. OBJETIVOS 2.1.1. Objetivo Geral Avaliar a resposta imune humoral de pacientes com TB pulmonar ativa e contatos intradomiciliares por meio da análise de anticorpos das classes IgM e IgG específicos ao antígeno GroES do Mtb. 2.1.2. Objetivos específicos Padronizar um ensaio de ELISA utilizando o antígeno recombinante GroES do Mtb. Avaliar os níveis séricos de anticorpos IgM específicos para o antígeno recombinante GroES do Mtb em pacientes com tuberculose ativa e contatos destes pacientes. Avaliar os níveis séricos de anticorpos IgG específicos para o antígeno recombinante GroES do Mtb em pacientes com tuberculose ativa e contatos destes pacientes. 21 2.2. MATERIAL E MÉTODOS 2.2.1. População de Estudos Este é um estudo observacional sobre resposta imune humoral de pacientes com tuberculose pulmonar e seus contatos. Os critérios de inclusão foram: a) pacientes: diagnóstico de tuberculose pulmonar – sintomatologia característica, radiografia sugestiva, baciloscopia positiva (escarro ou líquido bronco-alveolar) ou negativa, realizado pela equipe médica nos Centros de Assistência Integral à Saúde (CAIS) da região metropolitana de Goiânia e no Hospital de Doenças Tropicais Anuar Auad (HDTAA), maiores de 18 anos e de qualquer sexo; b) contatos: indivíduos residentes no mesmo domicílio ou lote, freqüentadores assíduos e empregados domésticos do domicílio do paciente, de qualquer sexo ou idade. Os participantes assinaram termo de consentimento livre e esclarecido, e os indivíduos menores de 18 anos foram incluídos mediante autorização dos seus responsáveis. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Médica Humana e Animal (CEPMHA) do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, protocolo nº 161/07. A população de estudos constituiu-se de 45 pacientes com TB pulmonar ativa e 172 contatos. Todos os indivíduos com TB e contatos destes que aceitaram participar da pesquisa foram submetidos à coleta de sangue para obtenção do plasma. Todos os contatos dos pacientes com TB foram submetidos à PT. A constatação da vacinação com a BCG (Bacilo Calmette-Guérin) foi feita pela presença da cicatriz vacinal no braço direito. 2.2.2. Coleta das amostras Depois de preenchido o termo de consentimento livre e esclarecido, foi coletado 20 ml de sangue heparinizado para obtenção do plasma de cada indivíduo no momento do diagnóstico. As amostras de plasma foram obtidas após centrifugação do sangue a 2.500 rpm por 15 minutos. Alíquotas de 500μl foram congeladas a -200C até o momento do uso. Todas as amostras foram descongeladas apenas uma vez para realização dos ensaios. As coletas foram realizadas no Hospital de Doenças Tropicais Anuar Auad (HDTAA) em Goiânia e no Cais Nova Era em Aparecida de Goiânia. 22 2.2.3. Prova Tuberculínica (PT) Foi aplicado intradermicamente 100μl de PT Rt 23551 (Statens Serum Institut, Copenhagen, Denamark) no antebraço esquerdo de cada contato dos pacientes. A leitura da induração cutânea foi realizada 72 horas após a aplicação e os contatos foram classificadas de acordo com os parâmetros estabelecidos pela OMS em PT positivos (induração cutânea maior ou igual a 10 mm) e PT negativos (induração cutânea menor que 10 mm). 2.2.4. Antígeno Protéico Neste estudo, foi utilizado o antígeno protéico recombinante GroES (rGroES) do Mtb, que foi fornecido ao Laboratório de Imunopatologia das Doenças Infecciosas do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública pelo Laboratório de pesquisa da Universidade Estadual do Colorado (CSU), mediante convênio firmado entre a Universidade Federal de Goiás e a Universidade Estadual do Colorado (CSU), sob contrato número NO1-AI-75320. 2.2.5. Anticorpos Conjugados Neste estudo foram utilizados os seguintes anticorpos conjugados: IgG- anticorpo monoclonal de coelho, anti- IgG humana conjugado com peroxidade (IgG-HRP, Sigma Aldrich), na concentração de 1/10.000. IgM – anticorpo monoclonal de coelho, anti-IgM humana marcada com peroxidase (IgG-HRP, Sigma Aldrich), na concentração de 1/2.500. Ambos os anticorpos conjugados foram diluídos para uso em ELISA indireto. 2.2.6. ELISA (Ensaio Imuno-Enzimático) Foi realizado o método de ELISA indireto para pesquisa de anticorpos anti-rGroES das classes IgM e IgG dos pacientes com doença ativa e dos contatos. Sucintamente, após padronização de todas as etapas, as placas de poliestireno de 96 poços (Corning- high binding) foram adsorvidas com o antígeno rGroES (10μg/mL) diluído em tampão carbonatobicarbonato 0.015 M, pH 9.8. Depois de incubadas por 18h na temperatura de 4 a 8°C, as placas foram bloqueadas utilizando o tampão carbonato-bicarbonato, leite desnatado 1%, por 2h a 37ºC. As amostras de plasma dos indivíduos incluídos no estudo foram diluídas (1/20) 23 em tampão PBS, leite desnatado 0.06% e incubadas por 2h a 37ºC. Após a incubação, as placas foram lavadas seis vezes com PBS 0.05% de Tween 20 e foram acrescentados 50L de conjugados IgM e IgG (Sigma Aldrich), nas concentrações 1/2.500 e 1/10.000, respectivamente, diluídos em PBS, 0,06% leite desnatado e incubado por 1h a 37°C. Após semelhante lavagem das placas, foi adicionado solução de substrato pH 5.0 composta por 5mg de OPD, 20L de H2O2 em 5mL de tampão citrato-fosfato, por placa. Em cada poço colocouse 50l da solução de substrato e incubou-se por 5 minutos a temperatura ambiente. Após esse período, foi adicionada a solução de parada 50l/poço, composta por H2SO4 2N. A leitura das amostras foi feita em leitora de ELISA (Multiskan Plus) a 492nm. A diluição das amostras teste foi realizada em duplicata e a média da absorvância foi expressa em densidade óptica. Controles negativos foram utilizados em todas as placas. 2.2.7. Análise Estatística A partir dos resultados das leituras expressos em densidade ótica foi realizada a construção dos gráficos. A análise estatística foi realizada no programa GraphPad Prisma 5. As leituras dos indivíduos foram comparadas por meio do test t de Student, pelo qual foi considerado significância p<0,05. Por meio deste programa é possível realizar a análise da Curva ROC. A Curva ROC é requerida para avaliar a acurácia do teste, sendo que sua análise nos fornece vários Cut-off. Ao estabelecer a sensibilidade e especificidade ideais para o teste proposto obtém-se o Cut-off desejado. 24 2.3. RESULTADOS 2.3.1. Características Clínicas e Epidemiológicas As características clínicas e epidemiológicas dos participantes do estudo encontram-se na Tabela 1. Dos 45 pacientes com tuberculose pulmonar ativa que participaram da pesquisa, 66,66% (n=30) eram do sexo masculino. A média de idade dos indivíduos do sexo masculino foi de 41,1 anos. Desses, 56,66% (n=17) receberam a vacina BCG, enquanto 43,33% (n=13) não receberam; 93,33% (n=28) tiveram RX do tórax sugestivo de tuberculose pulmonar; 93,33% (n=28) tiveram resultado de BAAR positivo, 3,33% (n=1) tiveram BAAR negativo e somente 3,33% (n=1) não foram submetidos à realização da técnica de BAAR. Todos os pacientes receberam tratamento com o esquema 1(rifampicina, isoniazida e pirazinamida) para a tuberculose pulmonar. A média de idade dos indivíduos do sexo feminino foi de 43,86 anos. Dessas, 46,66% (n=7) receberam a vacina BCG na infância, enquanto 53,33% (n=8) não a receberam; 93,33% (n=14) apresentaram RX do tórax sugestivo de tuberculose pulmonar, enquanto 6,66% (n=1) não realizaram RX pulmonar; 66,66% (n=10) tiveram resultado de BAAR positivo, 20% (n=3) negativo e apenas 13,33% (n=2) não foram submetidos à técnica de BAAR; A maioria das mulheres (n=14) receberam o esquema de tratamento 1(E1), enquanto uma delas foi tratada com o esquema EIR (rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol) de tratamento para tuberculose pulmonar, como observado na tabela 1. 25 Tabela 1. Dados sócio epidemiológicos dos pacientes com TB e contatos domiciliares TB (N=45) Contatos (N=172) Gênero Homens Mulheres 30 (66,6%) 15 (33,3%) 88 (51,46%) 84 (49,12%) Idade (anos) Homens Mulheres 41,10 (21-83) 43,86 (21-70) 31,40 (6-73) 34,6 (8-80) BCG Sim Homens Mulheres 17 (56,66%) 7 (46,66%) 68 (77,27%) 64 (76,19%) Não Homens Mulheres 13 (43,33%) 8 (53,33%) 20 (22,27%) 20 (23,80%) PT Negativa Homens Mulheres Positiva Homens Mulheres RAIO X Sugestivo Homens Mulheres Não realizado Homens Mulheres BAAR Positivo Homens Mulheres 52 (59%) 44 (52,3%) 36 (40,9%) 40 (47,6%) 28 (93,33%) 14 (93,33%) 2 (6,66%) 1 (1,66%) 28 (93,33%) 10 (66,66%) Negativo Homens Mulheres 1 (3,33%) 3 (20%) Não realizado Homens Mulheres 1 (3,33%) 2 (13,33%) Tratamento E1 Homens Mulheres EIR Homens Mulheres 30 (100%) 14 (93,33%) 1 (6,66%) 26 Os dados sócio-epidemiológicos dos contatos recrutados no momento do diagnóstico encontram-se na Tabela 1. Dos 172 contatos domiciliares dos pacientes com tuberculose pulmonar que aceitaram participar da pesquisa, 51,46% (n=88) eram do sexo masculino, enquanto 49,12% (n=84) eram do sexo feminino. A média de idade dos contatos participantes do sexo masculino foi de 31,4 anos. Desses, 77,27% (n=64) receberam a vacina BCG na infância, entretanto, 22,27% (n=20) não receberam a vacina. Após realização da PT, 52 indivíduos com idade variando entre 6 e 73 anos, apresentaram PT negativa enquanto que 36 indivíduos apresentaram positivos. A média de idade dos contatos participantes do sexo feminino foi de 34,6 anos. Sendo que dessas, 76,19% (n=64) receberam a vacina BCG na infância, enquanto que 23,80% (n=20) não a receberam; Após realização da PT, 44 indivíduos com idade variando entre 8 e 80 anos, apresentaram PT negativa enquanto que 40 indivíduos apresentaram positivos. 2.3.2. Padronização de Ensaio Imuno-enzimático (ELISA) utilizando antígeno rGroEs do Mycobacterium tuberculosis O objetivo inicial do projeto foi o de padronizar o ensaio imuno-enzimático (ELISA) para identificar a concentração do antígeno e a diluição ideal do plasma. Para a padronização deste ELISA, foram realizados diversos testes com diferentes concentrações de antígeno recombinante GroES do Mtb e diferentes diluições dos plasmas, sempre em diluições seriadas e em duplicata. Assim, as concentrações dos antígenos testadas foram: 5µg/mL e 10µg/mL. Já as diluições dos plasmas foram: 1:5, 1:10, 1:20, 1:40, 1:80, 1:160, 1:320 e 1:640. Para verificar a diluição ideal das amostras, foi utilizado pool de plasma de pacientes com tuberculose pulmonar ativa, pool de plasma de indivíduos PT- e pool de plasma de indivíduos PT+. Isso gerou curvas, sendo possíveis observar e determinar as melhores concentrações de antígenos e diluições do anticorpo primário que possibilitasse uma diferença nas leituras dos plasmas positivos e negativos, com as menores quantidades possíveis de plasmas e de antígenos. Foram utilizados 3 controles para o ensaio imuno-enzimático: branco (contendo todos os componentes do ensaio, exceto bloqueio e anticorpo), controle do conjugado (contendo 27 todos os reagentes do ensaio, exceto o anticorpo primário) e controle do bloqueio (contendo todos os reagentes do ensaio, exceto o antígeno). 0.5 O.D(492nm) 0.4 0.3 0.2 0.1 0.0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 350 400 450 500 550 600 650 Diluições 5g/mL TB CONTROLE PPD - CONTROLE PPD + 10g/mL TB CONTROLE PPD - CONTROLE PPD + Figura 2. Padronização de ELISA utilizando antígeno rGroES nas concentrações de 5µg/ml (Linear) e 10µg/ml (Pontilhado), nas diluições de 1/5,1/10,1/20,1/40,1/80,1/160,1/320 e 1/640, utilizando plasma de indivíduos com TB, controle PT- e controle PT+, para avaliação da resposta imune humoral em ambas as concentrações de antígeno. Com a padronização das condições para o ELISA, determinou-se que para o rGroES a concentração ótima de antígeno era de 10µg/mL e a diluição do anticorpo primário 1:20 para os testes posteriores com os plasmas individualmente. Foi utilizado as mesmas concentrações de antígenos e a mesma diluição das amostras para a detecção de anticorpos IgM e IgG. 28 2.3.3. Detecção de anticorpos das classes IgM e IgG em amostras de plasma de pacientes com Tuberculose Pulmonar e Contatos domiciliares no momento do diagnóstico por ensaio imunoenzimático (ELISA) Após a padronização do ensaio imuno-enzimático para o antígeno rGroES do Mtb, foram realizados testes com amostras de plasmas de pacientes com tuberculose pulmonar ativa e seus contatos intradomiciliares, a fim de se avaliar a resposta imune humoral destes por meio da detecção de anticorpo das classes IgM e IgG, no momento do diagnóstico. Foram testados plasmas de 45 pacientes com TB pulmonar ativa recémdiagnosticada, independente de sexo, etnia, e apresentando diagnóstico confirmado pelo BAAR positivo do escarro, diagnóstico clínico e de 172 contatos domiciliares dos pacientes selecionados, totalizando 217 indivíduos. Os contatos intradomiciliares (CID) foram divididos em PT positiva e PT negativa, para que fosse possível verificar se havia diferença na resposta imune humoral entre estes. Na análise dos anticorpos da classe IgM, observou-se que os CID, PT negativa, apresentaram níveis de anticorpos da classe IgM específicos para o rGroES (0,2328 ±0,1423) superiores aos pacientes (0,1931±0,1400), com p = 0,0497 (Figura 3). Quando indivíduos com TB ativa e CID PT positiva foram comparados, níveis semelhantes de anticorpos da classe IgM específicos ao rGroES foram encontrados (TB= 0,1931 ± 0,1400; CID PT+ (0,2128 ± 0,1510). Entretanto não foi possível por meio desta técnica discriminar indivíduos PT negativa de PT positiva. 29 1.2 1.0 * IgM O.D(492nm) 0.8 0.6 0.4 0.2 0.0 PACIENTES PPD- PPD+ Figura 3. Níveis de anticorpos da classe IgM no plasma de pacientes com tuberculose ativa e contatos intradomiciliares (CID) PT- e PT+, no momento do diagnóstico, contra o antígeno recombinante MtGroES. * Diferença estatística entre os pacientes TB ativa e CID PT-.*p= 0.0497, test t de Student. Pacientes: n= 45; contatos: n= 96 PT- e contatos: n=76 PT+. Na análise dos anticorpos da classe IgG, os indivíduos com tuberculose ativa apresentaram níveis superiores desses anticorpos, específicos ao rGroES, (0,2034 ± 0,2142) quando comparados aos níveis encontrados nos CID PT- (0,1211 ± 0,1456), com p=0.0168. Utilizando a curva ROC (Receiving Operating Curve), quando considerando os contatos intradomiciliares, PT negativa, como controles negativos, e fixando uma sensibilidade acima de 78% (uma vez que para o teste padrão ouro de diagnóstico para TB, a cultura do bacilo, apresenta sensibilidade variando de 65 a 85%), obteve-se sensibilidade de 78,38% (IC 95% de 61,79% a 90,17%) e especificidade de 31,76%, (IC 95% de 22,08 % a 42,76%), para um Cut-off de 0,0520. Para este ELISA a área sobre a curva (AUC) foi de 0,6367. No entanto, os indivíduos com tuberculose ativa apresentaram níveis de anticorpos da classe IgG específicos ao rGroES (0,2034 ± 0,2142) semelhantes aos CID PT+ (0,1673 ± 0,1815) (Figura 4). 30 1.2 * 1.0 O.D(492nm) 0.8 0.6 0.4 0.2 0.0 PACIENTE PPD- PPD+ Figura 4. Níveis de anticorpos da classe IgG no plasma de pacientes com Tuberculose ativa e contatos intradomiciliares (CID) PT- e PT+, no momento do diagnóstico, contra o antígeno recombinante MtGroES.* Diferença estatística entre os pacientes TB ativa e CID PT-.*p= 0.0168, test t de Student. Pacientes: n= 37; contatos: n= 85 PT- e contatos: n=56 PT+. 31 2.3.4. Discussão O estudo da resposta imune humoral de indivíduos com TB ativa contra antígenos do Mtb é importante, pois permite a observar o comportamento desta resposta e possível aprimoramento de um teste diagnóstico da TB. Com este intuito foi realizado este estudo observacional para o qual foi utilizado um teste de ELISA a fim de comparar a resposta imune humoral contra o antígeno rGroES do Mtb de pacientes com tuberculose pulmonar ativa recém-diagnosticada e seus contatos intra-domiciliares (Costa et al. 2011). A análise dos dados obtidos no estudo observacional demonstra que a maioria dos indivíduos com TB ativa eram do sexo masculino. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a TB afeta mais homens do que mulheres devido ao dinamismo e liberdade da vida social, o que os tornam mais expostos aos diversos tipos de enfermidades, justificando estarem mais presentes neste grupo de estudo como população doente (WHO 2006). Craig e colaboradores em 2007 relatam os fatores sociais que podem estar relacionados com a gestão da TB e seu impacto na sociedade, tais como uso do álcool, taxa de migração, países emergentes, dentre outros. Tais fatores podem determinar e justificar os motivos que propiciam a presença de maior número de casos de homens com tuberculose em relação às mulheres. Quanto à faixa etária destes indivíduos, a média de idade observada foi de 42 anos, variando de 21 a 83 anos de idade. A TB é uma enfermidade que atinge, na maioria das vezes, a população de indivíduos em fase reprodutiva e economicamente ativa, de acordo com o que se observa neste estudo e neste país que é endêmico para a doença (WHO 2009). A maioria dos indivíduos com TB ativa foram vacinados com BCG na infância. Porém, alguns indivíduos não formam cicatriz vacinal, uma vez que esta pode estar na dependência de citocinas do tipo Th2 ativadas após a vacinação com BCG, podendo sofrer variações individuais (Djuardi et al. 2010). Como avaliado anteriormente, nosso grupo demonstra que a vacina BCG não influencia a resposta imune humoral de indivíduos doentes, portanto não se constitui um problema para a população de estudos (Rabahi et al. 2007). Apesar de a profilaxia da TB ser realizada com a vacina BCG, estudos demonstram que sua proteção apresenta uma variabilidade muito grande, de 0% a 80%, o que a torna com eficácia reduzida, principalmente após dez anos de imunização 32 (Kaufmann 2004). Este é um dado já consolidado e que se perpetua enquanto não se desenvolve uma nova vacina para a TB ou um reforço que seja capaz de substituí-la. Em infecções pelo Mtb, a resposta imune humoral induzida por linfócitos Th2 impedem respostas imunes exacerbadas que possam prejudicar o hospedeiro, sendo, portanto uma resposta regulatória. Dessa maneira, os linfócitos Th2 produzem citocinas como IL-4 que induzem a produção de anticorpos pelos linfócitos B, os quais podem agir neutralizando resíduos tóxicos de parede celular, inibindo a ativação de células, regulando assim a resposta imunológica (Orme & Cooper 1999; Silva & Boéchat 2004). Estes anticorpos específicos para o agente bacteriano parecem conferir pouca ou nenhuma imunidade protetora contra a micobactéria (Bonato et al. 1998). Os anticorpos irão opsonizar o Mtb e suas proteínas secretadas, facilitando o reconhecimento pelas células do sistema imune (Flynn & Chan 2001). Há muito tem se estudado o papel dos anticorpos na resposta imune humana à tuberculose com o intuito de utilizá-los em seu diagnóstico laboratorial (Jackett et al. 1988). Na resposta imune humoral de indivíduos saudáveis PT negativa, os níveis plasmáticos de IgM anti-rGroES foram superiores aos pacientes com TB, havendo diferença estatística significativa entre os dois grupos (p=0.0497). Segundo Chua-Intra e colaboradores (2002), o antígeno GroES é conservado entre espécies e seus homólogos estão presentes em células procariotas, o que poderia explicar a detecção de anticorpos IgM em nosso grupo de contatos PT negativos. Entretanto, é importante salientar que a identificação de infecção por Mtb entre os contatos de pacientes tuberculosos bacilíferos é muito difícil, uma vez que a negatividade da PT pode estar associada a uma janela de reconhecimento imunológica, não necessariamente evidenciando uma ausência de infecção (Xi et al. 2010). Ferrero e colaboradores (1995) têm demonstrado que o antígenos GroES é uma proteína protetora quando há infecção em mucosa de camundongos. Essa IgM detectada no grupo de indivíduos saudáveis pode ser uma resposta protetora, impossibilitando o desenvolvimento de infecção. Esses anticorpos podem representar uma resposta imune protetora, por isso não se evidencia presença de infecção neste grupo. A presença de GroES em bactérias colonizadoras do hospedeiro nos permite sugerir que a produção de anticorpos contra essa proteína seja contínua e natural, a medida que o organismo é sugeito a algum tipo de stress (Chua-Intra et al. 1998). 33 Ao contrário, avaliando a resposta imune humoral de pacientes com TB, verificou-se níveis plasmáticos superiores (p=0.0169) de anticorpos IgG anti-rGroES nestes indivíduos em relação aos seus CID PT negativa, sugerindo que este antígeno pode discriminar estes dois grupos quando se avalia a presença de IgG. Estes achados concordam com Young & Garbe (1991) e Boesen et al. (1995) os quais relatam que o GroES é um antígeno imunodominante do Mtb capaz de provocar forte resposta de células B em indivíduos infectados e forte resposta de células T nas primeiras fases da tuberculose ativa. Segundo Verbon e colaboradores (1991), de 35-50% dos pacientes com Tb repondem com produção de anticorpos específicos ao GroES do Mtb, quando se realiza o mapeamento de anticorpos específicos a essa proteína na superfície de linfócitos B, sendo que essa produção não é evidenciada em indivíduos saudáveis. Em 2002, Chua-Intra, ao estimular PBMC com sequência N terminal, sequências específicas de GroEs do Mtb, verifica maior ativação das células dos pacientes com TB em relação a PBMC de indivíduos saudáveis, sugerindo uma atividade imunogênica acentuada desse antígeno em pacientes com TB. O antígeno GroES vem sendo utilizado como marcador de TB acítica, sendo produzido preponderantemente no líquido acítico de pacientes com TB em relação a líquido acítico de pacientes com TB não acítica, capaz de discriminar os dois grupos, quando se utiliza anticorpos IgG específicos para pesquisa dessa proteína (Kashyap et al. 2010). A detecção acentuada do GroES pode ser verificada por meio de ELISA indireto, ao utilizar anticorpos IgG específicos (Kashyap et al. 2010). 34 2.3.5. Conclusões Foi avaliada a resposta imune humoral de pacientes com TB pulmonar ativa e contatos intradomiciliares por meio da análise de anticorpos das classes IgM e IgG específicos ao o antígeno GroES do Mtb. Realizou-se a padronização do ensaio de ELISA utilizando o antígeno recombinante GroES do Mtb. CID PT negativa apresentam níveis superiores de anticorpos IgM anti-GroES do Mtb em relação a pacientes com TB ativa. Anticorpos da classe IgG anti-GroES do Mtb são capazes de discriminar pacientes com TB ativa e seus CID PT negativa. CID PT positiva não apresentam diferença quanto aos níveis de anticorpos IgM e IgG anti-GroES do Mtb em relação a pacientes com TB ativa 35 Capítulo 3 AVALIAÇÃO DA IMUNOGENICIDADE DA PROTEÍNA DE FUSÃO MPT-51-HSP-X-AG85 PARA DESENVOLVIMENTO DE DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO PARA A TUBERCULOSE. 36 3.1. OBJETIVOS 3.1.1. Objetivo Geral Avaliar a imunogenicidade e antigenicidade de uma proteína de fusão contendo as proteínas Hsp-X, Ag85c e MPT-51 do Mtb para o diagnóstico da TB. 3.1.2. Objetivos Específicos Padronizar um ensaio de ELISA utilizando a proteína de fusão em indivíduos com TB pulmonar ativa. Verificar se anticorpos séricos IgM e IgG específicos à Proteína de Fusão discrimina os pacientes com TB pulmonar ativa do grupo controle saudável Estudar a possível utilização da Proteína de Fusão como marcador de TB pulmonar ativa em sorodiagnóstico, por meio da técnica de ELISA. 37 3.2. MATERIAL E MÉTODOS 3.2.1. Populações de Estudos A população de estudos foi composta por 35 indivíduos com TB ativa pareados por sexo e idade com controles saudáveis. Os voluntários foram selecionados independentes do sexo, maiores de 18 anos e moradores do estado de Goiás. Os pacientes foram obtidos em duas Unidades Públicas de Saúde de Goiás: Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad e Centro de Referência em Diagnóstico e Terapêutica, no período de março de 2005 a março de 2006. Os critérios de inclusão para indivíduos diagnosticados foram os do Ministério da Saúde, que considera como tuberculose ativa os pacientes que apresentam manifestações clínicas como tosse produtiva e febre baixa por mais de três semanas e baciloscopia ou cultura positiva para o M. tuberculosis, além de radiografia torácica sugestiva para a doença. Os indivíduos com outras doenças crônicas e/ou imunossupressoras como a infecção pelo HIV, ou em uso de medicamentos supressores (corticóides), mulheres gestantes ou aquelas que não tiveram diagnóstico confirmado foram excluídos, além de indivíduos com idade inferior a 18 anos. 3.2.2. Controles Saudáveis Este grupo foi composto por voluntários saudáveis selecionados aleatoriamente na comunidade, moradores do estado de Goiás e que atenderam os critérios: Não ter tido contato prévio conhecido com caso índice de TB; Prova Tuberculínica (PT) não reator, HIV soronegativos e sem manifestações de doenças crônicas e parasitárias. Foram excluídos ainda aqueles indivíduos em uso de medicamentos imunossupressores bem como mulheres gestantes. Estes voluntários foram selecionados e pareados de acordo com o sexo e idade (±6 anos) com os pacientes com Tuberculose ativa. Os dados clínicos e epidemiológicos dos indivíduos com TB ativa foram obtidos após revisão dos prontuários dos pacientes. Os dados dos controles saudáveis foram obtidos no momento do recrutamento. 38 3.2.3. Coleta das amostras e realização da Prova Tuberculínica (PT) Dos voluntários selecionados para a pesquisa, foram coletados seis mililitros (mL) de sangue total, sem anticoagulantes. Após identificação, as amostras foram processadas, sendo feita a separação do soro a 2.500 rpm por 10 minutos. Os soros foram aliquotados e armazenados a -20°C. Alíquotas de amostras de soros armazenados a -20°C foram descongeladas uma única vez, no momento de realização dos ensaios. Foi aplicado intradermicamente 100μl de PPD Rt 23 (Statens Serum Institut, Copenhagen, Dinamarca) no antebraço esquerdo de cada voluntário do grupo controle. A leitura da induração cutânea foi realizada 72 horas após a aplicação e os indivíduos foram classificadas de acordo com os parâmetros estabelecidos pela OMS em PT positivos (induração cutânea maior ou igual a 10 mm) e PT negativos (induração cutânea menor que 10 mm). 3.2.4. Antígenos recombinantes protéicos 3.2.4.1. Transformação de plasmídio pET23a/Fusão em E.coli BL21 pLysS O antígeno recombinante protéico, Proteína de Fusão, foi produzido em E. coli, no Laboratório de Imunopatologia e Doenças Infecciosas do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP), da Universidade Federal de Goiás (UFG). Os vetores contendo os genes foram transformados em células competentes E. coli BL21 pLysS. Alíquotas de 50µL de células competentes de E. coli BL21 pLysS foram mantidas no gelo por 15 minutos. Após, foi adicionado 1µL de DNA plasmidial pET23a/Fusão e incubado por 5 minutos no gelo. Em seguida foram transferidas para uma cubeta de eletroporação e submetidas a choque elétrico em eletroporador sob voltagem de 2.5KV. Em seguida, foi adicionado 1 mL de meio SOC-Broth na cubeta para remover as células, e transferí-las para novo tubo estéril e incubá-la por 1 hora a 37°C, sob agitação em shaker. Logo após este período de incubação foram plaqueadas em meio seletivo LB Ágar contendo ampicilina e cloranfenicol e incubadas a 37°C por 18 horas. 39 3.2.4.2. Indução da Expressão Protéica Para a seleção das bactérias transformadas, após 24 horas de cultura em homogeneização constante a 150 rpm no Shaker, os pré-inóculos foram incubados em 1 litro de meio LB (Lúria Bertanii) 20µg/mL de cloranfenicol e 100µg/mL de ampicilina, incubando por 4 horas em Shaker a 37°C. Após 4 horas de incubação, foi adicionado 1mL de IPTG a 0.4M (Indutor) e a cultura foi incubada por mais 4 horas no Shaker a 37ºC. Após este período a cultura foi centrifugada a 9.000 xg por 10 minutos. O sedimento obtido foi armazenado a -20ºC. 3.2.4.3. Purificação de Proteínas em condição desnaturante O sedimento bacteriano descrito no procedimento anterior foi ressuspendido em 10ml de tampão de lise desnaturante pH 8.0 e incubado a temperatura ambiente (1525ºC) por 60 minutos, homogeneizando de 10 em 10 minutos. Após o tempo de incubação, a suspensão celular foi homogeneizada de 2 a 3 vezes por inversão. O lisado foi centrifugado em tubos cônicos por 45 minutos a 9000 xg a temperatura ambiente. O sobrenadante foi transferido para tubo falcon de 15mL, sendo retirado uma alíquota de 20 µL e estocado a -20ºC para a análise em SDS-PAGE. O sobrenadante foi aplicado na coluna, coletando as quatro primeiras gotas (Eluato) para que fosse feito a análise em SDS-PAGE. A coluna foi lavada duas vezes com 4ml de tampão desnaturante de lavagem do qual foi coletado as 4 primeiras gotas em tubo eppendorf. Após foi obtida a primeira e a segunda eluição. Para obtenção da primeira eluição, foi aplicado 1 ml de tampão desnaturante de eluição pH 4.5. Deste foi coletado todo o filtrado em eppendorf e separado uma alíquota de 20µL para a análise em SDS-PAGE. A segunda eluição foi obtida aplicando 1mL de tampão desnaturante de eluição pH4.5 do qual foi coletado todo o filtrado em eppendorf e separado uma alíquota de 20µL para análise em SDS-PAGE. Após a purificação, todas as frações de proteínas foram analisadas em SDS-PAGE, coradas em azul de comassie e posteriormente quantificadas. 40 3.2.5. Padronização de ELISA com Proteína de Fusão De cada etapa resultante da purificação das proteínas descritas anteriormente, foi acrescido solução tampão de amostra, em seguida as mesmas foram fervidas a 98ºC por 5 minutos. Posteriormente, as amostras foram aplicadas em gel SDS-PAGE a 12%, em seguida foram submetidas à eletroforese, a 80 volts e a 100mA de amperagem. Quando as amostras entraram no gel de resolução, a voltagem foi aumentada para 100 volts até o final da corrida. 3.2.5.1. Padronização de ELISA (Ensaio Imuno-Enzimático) com Proteína de Fusão Para a padronização do ELISA, foram realizados testes com duas concentrações de antígenos (Costa et al., 2011) e diferentes diluições de soro, sempre em diluições seriadas e em duplicata. Assim, as concentrações dos antígenos testadas foram: 5µg/mL e 10µg/mL. Já as diluições das amostras de soros foram: 1:5, 1:10, 1:20, 1:40, 1:80, 1:160, 1:320 e 1:640 (Figura 8). Para verificar as diluições ideais dos soros, foram utilizado pool de soros de pacientes com tuberculose pulmonar ativa, pool de soros de indivíduos PT- e pool de soros de indivíduos PT+. Foram utilizados 3 controles para o ensaio imunoenzimático: branco (contendo todos os componentes do ensaio, exceto bloqueio e anticorpo), controle do conjugado (contendo todos os reagentes do ensaio, exceto o anticorpo primário) e controle do bloqueio (contendo todos os reagentes do ensaio, exceto o antígeno). Nos ensaios realizados após a padronização foi utilizado pool de soros TB positivos e de soros TB negativos como controles da reação na placa. Neste estudo foram utilizados anticorpos conjugados anti-IgG- anticorpo monoclonal de coelho, anti-IgG humana conjugado com peroxidade (IgG-HRP, Sigma Aldrich), na concentração de 1/10.000. Não foi realizada padronização para dosagem de IgM, uma vez que as diversas classes de anticorpos se comportam da mesma maneira frente a diferentes concentrações dos antígenos utilizados para construir a proteína de fusão (Rabahi et al., 2007; Almeida et al., 2008; Reis et al., 2009; Costa et al., 2011; Limongi et al., 2011). 41 3.2.5.2. ELISA Indireto para Detecção de IgM e IgG sérica Após ensaio de padronização, foi realizado ELISA indireto para pesquisa de anticorpos específicos para proteína de fusão da classe IgM e IgG em pacientes com doença ativa e controles saudáveis. As placas de poliestireno de 96 poços (Costar- high binding) foram adsorvidas com a Proteína de Fusão (10μg/mL) diluído em Tampão Carbonato-Bicarbonato 0,015 M, pH 9.6. Depois de incubadas por 18 horas na temperatura de 4°C a 8°C, as placas foram bloqueadas utilizando-se 100µL de solução bloqueio, composta por tampão carbonato-bicarbonato e leite desnatado 1%, sendo novamente incubadas por duas horas a 37ºC. 50µL por poço das amostras de soro dos pacientes TB pulmonar e controles saudáveis diluídas 1/5, 1/10, 1/20 e 1/40 em tampão PBS, leite desnatado 0,06% foram adicionadas a placa e a mesma foi incubada de 4°C a 8°C . Após a incubação, as placas foram lavadas seis vezes com PBS 0,05%, Tween 20 e depois acrescentados 50µL de conjugado IgM e IgG humana conjugada com peroxidase (Sigma Aldrich) na concentração de 1/2.500 e 1/10.000, respectivamente, diluídos em PBS 1X, leite desnatado 0,06% e incubados por uma hora a 37°C. Após semelhante lavagem das placas, foi adicionada 50µL de tampão citrato-fosfato contendo OPD (1mg/mL), 20µL de H2O2 e incubados por 15 minutos a temperatura ambiente, longe do alcance da luz. Após esse período, foi adicionada 50µL/poço de H2SO4 4N para bloquear a reação enzimática. A leitura das amostras foi feita em leitora de ELISA (Multiskan Plus) a 492nm. As amostras foram avaliadas em duplicata e a média da absorbância expressa em densidade óptica. 3.2.5.3. Ensaio de Competição Foi realizado um teste de ELISA de competição para verificar a especificidade do teste utilizado neste trabalho. A placa de ELISA foi adsorvida por 18 horas em geladeira com proteína de fusão a 10μg/mL em tampão carbonato-bicarbonato 0,015 M, pH 9.6. A reação de ELISA foi bloqueada utilizando-se o tampão carbonato-bicarbonato e leite desnatado 1% por duas horas a 37ºC. Soros de 9 pacientes com TB ativa e de 9 controles saudáveis foram diluídos a 1/40 em duplicata, tampão PBS, leite desnatado 0,06%. 10µL de solução de proteína de fusão a 20 µg/mL foram adicionadas a 50µL de soro diluído a 1/40 e a placa de ELISA foi incubada por 6 horas a temperatura ambiente em 42 homogeneização constante. Após a incubação, as placas foram lavadas seis vezes com PBS 0,05%, Tween 20 e depois acrescentados 50µL de conjugado IgG humana conjugada com peroxidase (Sigma Aldrich) na concentração de 1/10.000 diluídos em PBS 1X, leite desnatado 0,06% e incubados por uma hora a 37°C. Após semelhante lavagem das placas, foi adicionada 50µL de tampão citrato-fosfato contendo OPD (1mg/mL), 20µL de H2O2 e incubados por 15 minutos a temperatura ambiente, longe do alcance da luz. Após esse período, foi adicionada 50µL/poço de H2SO4 4N para bloquear a reação enzimática. A leitura das amostras foi feita em leitora de ELISA (Multiskan Plus) a 492nm. As amostras foram avaliadas em duplicata e a média da absorbância expressa em densidade óptica. 3.3. Validação de Ensaio de ELISA para detecção de anticorpos Séricos específicos para a Proteína de Fusão A validação deste teste foi realizada calculando o valor preditivo positivo (VPP), valor preditivo negativo (VPN), sensibilidade e especificidade do ensaio. O VPP indica o quanto o teste é específico, enquanto que o VPN indica o quanto o teste pode ser sensível para determinado diagnóstico. Então, quanto mais sensível o teste, maior é o VPN e, quanto mais específico o teste melhor é o VPP. Utilizando a curva ROC (Receiving Operating Curve), quando foram consideradas as leituras em cada ELISA dos 39 indivíduos controles negativo e dos 35 indivíduos com TB ativa, foram fixadas as sensibilidades bem como as especificidades de cada teste com seus respectivos intervalos de confiança (IC 95%), por meio dos quais foram obtidos os Cut-off (ponto de corte) que são utilizados como critérios de positividade para seus respectivos ensaios. Os valores de VPP e VPN foram calculados com base na tabela 2X2 (Arantes 1992). 43 Tabela 2. Dados para a validação de ensaio de ELISA. Positivos Negativos (Doentes) (não doentes) Positivos A B A+B Negativos C D C+D A+C B+D TOTAL Desempenho SE =A/A+C ES =D/B+D VPP=A/ A+B VPN=D/ C+D TOTAL Legenda: A (Verdadeiros Positivos (VP)); B (Falsos Positivos (FP)); C (Falsos Negativos (FN)) e D (Verdadeiros Negativos (VP)); A+B (Total de Positivos no teste); C+D (Total de negativos no teste); SE =Sensibilidade e ES =Especificidade. 3.4. Análise Estatística Os resultados obtidos foram tabulados nos programas Excel (Versão 2007) e Prism 4 software (Graphpad Software 4.0). A diferença entre os grupos foi avaliada utilizando o teste t de student após a análise não paramétrica (Mann Whitney U). Foram consideradas significantemente diferentes ensaios onde p<0.05. O valor do cut-off foi utilizado para a determinação do critério de positividade do teste. A seleção do cut-off foi realizada utilizando como parâmetros o IC95% da sensibilidade do teste padrão ouro da TB: Cultura (S= 65 a 85%). O ponto de corte que permitisse a melhor sensibilidade ou que estivesse dentro dos valores do teste padrão ouro foi escolhido utilizando a análise da curva ROC (Receiver Operator Characteristic). 44 3.5. RESULTADOS 3.5.1. Dados Clínicos e Epidemiológicos da População em Estudo Dentre os indivíduos com TB ativa, a maioria era do sexo masculino (26/35) os quais apresentaram média de idade de 44 anos, variando de 20 a 73 anos. A maioria (23/35) recebeu a vacina BCG; Vinte e nove indivíduos apresentaram bacilos álcoolácido resistentes (BAAR) no escarro. Em relação a este grupo, amostras de escarro de dezesseis pacientes tiveram cultura para Mtb; uma amostra (1) apresentou resultado negativo. As demais amostras de escarro não foram submetidas à cultura bacteriológica. O grupo controle pareado por sexo e idade apresentou 18/39 indivíduos vacinados com BCG e todos eram PT negativos. Tabela 3. Dados Clínicos e Epidemiológicos da População em Estudos. Grupos Controles Saudáveis TB Ativa (39) (35) Sexo (Homens/Mulheres) 30/9 26/9 Idade Média: (variação) 43,6: (19-73) 44: (20-73) 18/21 23/12 BAAR (Positivo/Negativo/ NI) - 29/04/02 Cultura (Positivo/Negativo/NR) - 16/ 01/18 BCG (Vacinados/SI*) SI*=Não informado pelo indivíduo NR- Não Realizado NI- Não Informado 45 3.5.2. Análise da expressão e purificação da proteína de fusão recombinante. A construção dos plasmídios de clonagem e de expressão foi realizada no Laboratório de Imunopatologia das Doenças Infecciosas do IPTSP e será parte integrante de um pedido de patente. A purificação da proteína recombinante foi realizada em coluna de cromatografia de troca iônica, e a eletroforese em gel desnaturante do processo de purificação está demonstrada na Figura 5. Devido à presença de outras três bandas protéicas nos eluatos não correspondentes ao peso molecular da proteína de fusão, foi realizada uma nova purificação dos eluatos da coluna cromatográfica (Figuras 6). Para determinar a concentração da proteína de fusão (peso molecular de cerca de 30 a 35kDa) comparou-se intensidade da banda da proteína de fusão, em gel desnaturante, com concentrações conhecidas de soro albumina bovina. Neste caso a proteína purificada e utilizada neste trabalho apresentou uma concentração de 1,6 mg/ml (Figura 7). Após a determinação da concentração protéica, foram procedidos os experimentos de padronização dos ensaios imunoenzimáticos (ELISA). 46 Figura 5. Gel de poliacrilamida 12% corado com azul de comassie, com materiais coletados nas diferentes fases da purificação da proteína recombinante. Peso Molecular (PM), Sobrenadante (SN), ELUATO, Primeiro Lavado (1ºLAV), Segundo Lavado (2º LAV), Terceiro Lavado (3º LAV), Primeira Eluição (1ºELU), Segunda Eluição (2º ELU). Proteína de Fusão (30 kD). 47 Figura 6. Gel de poliacrilamida 12% corado com azul de comassie, com repurificação dos materiais coletados nas diferentes fases da purificação da proteína recombinante. Primeiro Lavado (1ºLAV), Segundo Lavado (2º LAV), Primeira Eluição (1ºELU), Segunda Eluição (2º ELU). Proteína de Fusão (30 kD). 48 Figura 7. Gel de poliacrilamida corado com azul de comassie para quantificação da proteína de fusão recombinante purificada. Concentrações decrescentes da proteína de fusão foram aplicadas no gel para comparar com concentrações decrescentes de BSA. 49 3.5.3. Padronização do ELISA para detecção de anticorpos séricos das classes IgM e IgG específicos para a proteína de fusão. Na figura 8 apresenta-se os resultados da padronização do ELISA para detecção de IgG sérica anti a proteína de fusão. Como pode ser observada na cinética dos resultados das diluições seriadas do soro, a diluição do soro a 1/40 foi a que permitiu melhor distinção entre indivíduos doentes e controles. Quanto à concentração do Ag a ser usado na placa, entre 5 e 10µg/mL, as duas concentrações permitiram distinguir os grupos pesquisados, no entanto, quando utilizada a concentração de 5µg/mL não havia distinção entre os grupos PT+ e PT-, em qualquer das diluições (Figura 8a). Ao contrário, quando utilizada a concentração de 10µg/mL a distinção entre os grupos foi maior na diluição sérica de 1/40 previamente definida. 1.1 1.1 1.0 a TB 5 g/ml PPD - 5 g/ml 1.0 PPD +5 g/ml 0.9 TB 10 g/ml PPD - 10 g/ml 0.8 0.7 O.D (492nm) 0.9 0.8 0.6 0.5 0.4 0.3 O.D (492nm) 0.7 0.2 0.1 0.0 0 0.6 1 2 3 4 5 6 7 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0.0 0 10 20 30 40 TB 5 g/ml 50 60 70 80 P - 5 g/ml 90 100 TB 10 g/ml 400 500 600 PT - 10 g/ml Figura 8. Padronização de ELISA utilizando proteína de fusão nas concentrações de 5µg/ml (Pontilhado) e 10µg/ml (Linear), nas diluições de 1/5, 1/10, 1/20, 1/40, 1/80, 1/160, 1/320 e 1/640, utilizando pool de soro de indivíduos com TB e pool de soros de controle PT-, para verificar a concentração ideal de antígeno e diluição ideal de soros a serem testados nos ensaios. Neste ensaio foram dosados anticorpos séricos da classe IgG. Em a, resultados adicionando o grupo de indivíduos PT positiva. 50 8 3.5.4. Reconhecimento da proteína de fusão por anticorpos séricos IgG em pacientes com TB pulmonar ativa, utilizando a técnica de ELISA Os níveis séricos de anticorpos específicos para a proteína de fusão da classe IgG foram dosados utilizando as amostras de soro na diluição 1/40 e a proteína de fusão na concentração de 10µg/mL. Os indivíduos TB ativa apresentaram níveis de anticorpos IgG superiores aos dos controles saudáveis PT negativos (TB=0,407±0,141; C=0,167±0,072; p< 0,0001) (Figura 9). 0.8 **** 0.7 0.6 34/34 D.O (492nm) 0.5 0.4 0.3 10/35 0.2 Ponto de Corte = 0,179 0.1 0.0 TB ATIVA CONTROLE Figura 9. Níveis de anticorpos da classe IgG em amostras de soro, diluídos em 1/40, de pacientes com Tuberculose ativa e grupo controle saudável, específicos para a proteína de fusão. Diferença estatística entre os pacientes TB ativa e grupo controle saudável, ****p< 0,0001, test t de Student. Pacientes: n= 34 e controles negativos: n= 35. Os resultados da curva ROC estão apresentados na figura 10. A área sob a curva foi de 0,946. 51 100 Sensibilidade % 75 0.9462 50 25 0 0 25 50 75 100 100% - Especificidade % Figura 10. Curva ROC do ensaio de ELISA para verificar a sensibilidade e especificidade do teste para a dosagem de IgG de indivíduos com TB pulmonar ativa e um grupo controle. Ao se fixar uma sensibilidade de 100% com intervalo de confiança de 95% variando de 89,7% a 100% obteve-se uma especificidade de 71,4% (IC 95% de 53,7% a 85,3%). Neste caso o ponto de corte foi de 0,179 (Figura 10). Para a validação dos ensaios de ELISA com a proteína de fusão foi realizado o cálculo do VPP e VPN com o auxílio da tabela 2X2 (Arantes 1992) (Tabela 4). Os resultados obtidos foram, respectivamente, 77% e 100%. 52 Tabela 4. Sensibilidade, especificidade e valores preditivos do teste para detecção de anticorpos IgG específicos para proteína de fusão. Ag PC Ptn de Fusão (IgG) 0,179 Paciente TB N°≥ ponto de corte 34/34 CT * N°≥ ponto de Corte SE % (IC 95%) ES% (IC 95%) VPP % VPN % 10/35 100 (89,7-100) 71.4 (53,7-85,3) 77% 100% Legenda: Ag (Antígeno); PC (Ponto de Corte); CT (Controles); SE (Sensibilidade); ES (Especificidade); VPP (Valor Pretitivo Positivo); VPN (Valor Preditivo Negativo); Ptn (Proteína) 3.5.5. Reconhecimento da Proteína de Fusão por anticorpos Séricos IgM em pacientes com TB pulmonar ativa, utilizando a técnica de ELISA Além de se avaliar os níveis de anticorpos IgG específicos para a Proteína de Fusão, também foram avaliados os níveis de anticorpos da classe IgM específicos. Todos os ensaios foram procedidos em duplicata. Os indivíduos com TB pulmonar ativa apresentaram média de leituras de anticorpos IgM específicos para a proteína de fusão superiores (TB=0,305±0,09;C= 0,212±0,057; p < 0,0001) (Figura 11). 53 0.8 0.6 IgM (D.O 492nm) **** 0.4 28/35 15/39 0.2 Ponto de Corte=0,226 0.0 TB ATIVA CONTROLE Figura 11. Níveis de anticorpos da classe IgM em amostras de soro, diluídos em 1/40, de pacientes com Tuberculose ativa e grupo controle saudável, específicos para a proteína de fusão. Diferença estatística entre os pacientes TB ativa e grupo controle saudável, ****p<0,0001, test t de Student. Pacientes: n= 35 e controles negativos: n= 39. Os resultados da curva ROC estão apresentados na figura 12. A área sob a curva foi de 0,821. 54 100 Sensibilidade % 75 0.8212 50 25 0 0 25 50 75 100 100% - Especificidade % Figura 12. Curva ROC do ensaio de ELISA para dosagem de IgG contra a proteína de fusão indivíduos com TB pulmonar ativa e um grupo controle. Ao se fixar uma sensibilidade de 80,0% com intervalo de confiança de 95% variando de 63,06% a 91,56% obteve-se uma especificidade de 61,54% (IC 95% de 44,62% a 76,64%). Neste caso, o ponto de corte foi de 0,226. Os VPP e VPN foram calculados para realizar a validação dos ensaios, obtendo-se os resultados de 65,0% e 77,0%, respectivamente, por meio da tabela 2X2 (Arantes 1992) (Tabela 5). 55 Tabela 5. Sensibilidade, especificidade e valores preditivos do teste para detecção de anticorpos IgM específicos para proteína de fusão. Ag PC 0,226 Ptn de Fusão (IgM) Paciente TB N°≥ ponto de corte 28/35 CT * N°≥ ponto de Corte 15/39 SE% (IC95%) 80.0 (63,0691,56) ES% (IC 95%) VPP% (IC95%) 61,54 (44,6276,64) 65,0% VPN% (IC95%) 77,0% Legenda: Ag (Antígeno); PC (Ponto de Corte); CT (Controles); SE (Sensibilidade); ES (Especificidade); VPP (Valor Pretitivo Positivo); VPN (Valor Preditivo Negativo); Ptn (Proteína) 3.5.6. Ensaio de Competição Para verificar a especificidade do ensaio de ELISA utilizando a proteína de fusão, o soro de nove indivíduos com TB ativa e de nove controles saudáveis foram utilizados. Na figura 13 demonstra-se que após incubação prévia dos soros tanto de contatos quanto de TB, diluídos com o antígeno, ocorre uma redução das densidades óticas, sendo mais proeminente no grupo TB ativa (p<0,05). 56 0.8 D.O (492nm) 0.6 0.4 0.2 0.0 Paciente Paciente + Ag Controle Controle + Ag Figura 13. Resultado de Ensaio de Competição. Níveis séricos de anticorpos da classe IgG em amostras de soro, diluídos em 1/40, de nove (9) pacientes com tuberculose ativa e nove (9) indivíduos controle saudáveis, antes e após incubação prévia com o antígeno específico. 57 3.6. DISCUSSÃO Há muito se tem isolado e caracterizado proteínas imunogênicas, produzidas pelo M. tuberculosis (Mtb) com o intuito de utilizá-las no desenvolvimento de novos testes diagnósticos da tuberculose, em especial os sorodiagnósticos como marcadores de qualquer fase da doença (Turneer et al. 1988; Nagai et al. 1991). Portanto, faz-se necessário conhecer a resposta imune humoral de indivíduos com TB ativa contra antígenos do Mtb, com o objetivo de estudar o comportamento desta resposta e, em sequencia, aprimorar este estudo para um possível teste diagnóstico da TB. Com este intuito foi realizadas meta-análises onde se demonstraram a importância de se combinar antígenos a fim de melhorar o desempenho de proteínas produzidas pelo Mtb no diagnóstico sorológico da tuberculose (Singh & Espitia 2007; Shin et al. 2008; Wu et al. 2010; Wu L et al. 2011). Com este intuito, nosso grupo construiu uma proteína de fusão artificial para tentar melhorar os testes de diagnóstico da TB. A análise dos dados socioepidemiológicos obtidos demonstra que a maioria dos indivíduos com TB ativa eram do sexo masculino. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a TB afeta mais homens do que mulheres devido ao dinamismo e liberdade da vida social, o que os tornam mais expostos aos diversos tipos de enfermidades, justificando estarem mais presentes neste grupo de estudo como população doente (WHO 2006). Craig e colaboradores em 2007 relataram os fatores sociais que podem estar relacionados com a gestão da TB e seu impacto na sociedade, tais como uso do álcool, taxa de migração, países emergentes, dentre outros. Tais fatores podem determinar e justificar os motivos que propiciam a presença de maior número de casos de homens com tuberculose em relação às mulheres. Quanto à faixa etária destes indivíduos, a média de idade observada foi de 44 anos, variando de 20 a 73 anos de idade. A TB é uma enfermidade que atinge, na maioria das vezes, a população de indivíduos em fase reprodutiva e economicamente ativa, de acordo com o que se observa neste estudo e neste país que é endêmico para a doença (WHO 2009). A maioria dos indivíduos com TB ativa foram vacinados com BCG na infância. Porém, alguns indivíduos não formam cicatriz vacinal, uma vez que esta pode estar na dependência de citocinas do tipo Th2 ativadas após a vacinação com BCG, podendo sofrer variações individuais (Djuardi et al. 2010). Como avaliado anteriormente, nosso 58 grupo demonstrou que a vacina BCG não influencia a resposta imune humoral de indivíduos doentes, portanto não se constitui um problema para a população de estudo (Rabahi et al. 2007). Apesar de a profilaxia da TB ser realizada com a vacina BCG, estudos demonstram que sua proteção apresenta uma variabilidade muito grande, de 0% a 80%, apresentando eficácia reduzida, principalmente após os dez anos de imunização (Kaufmann 2004). Este é um dado já consolidado e que se perpetua enquanto não é desenvolvida uma nova vacina para a TB ou um reforço que seja capaz de substituí-la. Em infecções pelo Mtb, a resposta imune humoral induzida por linfócitos Th2 impedem respostas imunes exacerbadas que possam prejudicar o hospedeiro, sendo, portanto uma resposta regulatória. Dessa maneira, os linfócitos Th2 produzem citocinas como IL-4 que induzem a produção de anticorpos pelos linfócitos B, os quais podem agir neutralizando resíduos tóxicos de parede celular, inibindo a ativação de células, regulando assim a resposta imunológica (Orme & Cooper 1999; Silva & Boéchat 2004). Estes anticorpos específicos para o agente bacteriano parecem conferir pouca ou nenhuma imunidade protetora contra a micobactéria (Bonato et al. 1998). Os anticorpos irão opsonizar o Mtb e suas proteínas secretadas, facilitando o reconhecimento pelas células do sistema imune (Flynn & Chan 2001). Há muito tem se estudado o papel dos anticorpos na resposta imune humana à tuberculose com o intuito de utilizá-los em seu diagnóstico laboratorial (Jackett et al. 1988). A análise da resposta imune humoral de indivíduos com tuberculose pulmonar ativa tem sido realizada através da dosagem de anticorpos específicos para vários antígenos do Mtb. Trabalhos realizados por Rabahi et al. (2007) e Almeida et al. (2008) caracterizaram e identificaram dois antígenos do Mtb como marcadores específicos de doença ativa e um antígeno como marcador de indivíduos com infecção latente para a tuberculose, quando o soro dos participantes foi analisado utilizando a técnica de ELISA. Rabahi et al. (2007) avaliando trabalhadores da área da saúde, observou que o antígeno recombinante HSPX poderia ser utilizado para discriminar indivíduos PT positiva dos PT negativa através dos anticorpos IgM. Do mesmo modo Almeida et al. (2008) empregando o antígeno MPT51 recombinante, observou que este antígeno tem a habilidade de discriminar pacientes com TB ativa de controles saudáveis através da dosagem de anticorpos das classes IgM e IgG. Com o intuito de verificar o potencial da combinação gênica de proteínas para o sorodiagnóstico, uma fusão gênica foi contruída e se constituíram de epítopos 59 imunodominantes de MPT-51, HSPX e Ag85c. Essas proteínas já se mostraram imunogênicas e antigênicas tanto na resposta imune humoral quanto celular. Estudos têm sido realizados para explorar o diagnóstico sorológico da TB, avaliando o papel dos anticorpos na resposta imune humana à tuberculose, para desenvolver método de diagnóstico laboratorial (Jackett et al. 1988). Para este fim é necessário a caracterização de marcadores específicos da doença (Singh e Espitia 2007). Para este estudo transversal utilizamos indivíduos com TB ativa e indivíduos saudáveis como grupo controle. Dessa maneira verificamos a capacidade da proteína recombinante do Mtb de discriminar indivíduos com tuberculose ativa de indivíduos saudáveis, por meio da técnica de ELISA, ao avaliar o soro de anticorpos de ambos os grupos. A análise da presença de anticorpos das classes IgG e IgM específicas para a proteína de fusão demonstraram que os indivíduos com TB estudados apresentam níveis séricos destes anticorpos significantemente superiores, quando comparados ao grupo controle. Almeida e colaboradores (2008), utilizando o antígeno MPT-51 discriminou pacientes com TB ativa de controles saudáveis, obtendo uma diferença estatística significativa (p<0,001), com sensibilidade de 67,3%, especificidade de 91,6%, VPP de 91,6% e VPN de 85,6%, no que diz respeito a anticorpos IgM, o que nos leva a conclusão de quão sensível e específico é o teste de ELISA quando se utiliza apenas o MPT-51 como marcador da TB ativa. Entretanto, quando a IgG específica para o MPT-51 foi avaliada a eficácia do teste não se repetiu. Neste presente trabalho, a dosagem da IgG específicas para a proteína de fusão conseguiu discriminar perfeitamente estes dois grupos. Shin et al., em 2008, demonstraram que o HspX sozinho foi a proteína com menor capacidade discriminatória que as outras proteínas produzidas e testadas do Mtb em ensaios sorológicos (ESAT-6, CFP10 e o antígeno 85A). Os ensaios de ELISA, na avaliação de anticorpos IgG específicos, realizados com HspX apresentaram uma sensibilidade de 60,8%, para o diagnóstico de TB ativa, enquanto que um coquetel de proteínas apresentou sensibilidade de 75,4%. Em nosso trabalho, utilizando a proteína de fusão, foi possível obter sensibilidade superior (80% e 100%), quando se avalia a presença de anticorpos das classes IgM e IgG específicas para a proteína de fusão, respectivamente. Samanich et al. (2000), ao estudar o potencial de utilização no sorodiagnóstico o antígeno 85C, avaliando a resposta imune humoral em indivíduos com TB ativa, 60 observou que 80% dos indivíduos com tuberculose respondem a este antígeno, quando avaliados por meio da técnica de ELISA. No ensaio de ELISA desenvolvido neste trabalho pode-se observar que 100% dos indivíduos com TB reconhecem a proteína de fusão, comprovando que a utilização de proteínas de fusão melhora a sensibilidade dos testes diagnósticos. Além disso, parece que a proteína de fusão criada consegue manter ou melhorar a imunorreatividade das proteínas originais, sugerindo sua potencial aplicação diagnóstica. Testes diagnósticos para hanseníase, utilizando proteína de fusão, introduzem a possibilidade de geração de proteínas quiméricas que possam oferecer maior sensibilidade para a detecção de pacientes (Stefani et al. 2008). Pode-se, portanto, inferir que este trabalho caminha para o aperfeiçoamento do diagnóstico da TB. Wu e colaboradores (2010), em estudo avaliando níveis séricos de IgG, verificou que a utilização de combinações de antígenos podem aumentar a sensibilidade e especificidade dos testes de diagnóstico para a TB, distinguindo os indivíduos com TB dos indivíduos saudáveis (p<0,001). Em nosso estudo, avaliando IgG específicas para proteína de fusão obtivemos melhor discriminação entre os dois grupos (p<0,0001), em relação ao estudo previamente citado. O teste apresentou bom desempenho, com sensibilidade de 100% e especificidade de 71%, além de VPP de 77,0% e VPN de 100% (Tabela 5). Segundo a WHO (2011) a sensibilidade de um teste de diagnóstico para a TB precisa ser acima de 80%. O teste de IgG desenvolvido neste trabalho apresentou uma sensibilidade de 100% com intervalo de confiança de 95% variando de 89,7% a 100%. Esta sensibilidade apresenta um significado clínico muito importante, pois representa a ausência de falsos negativos, uma vez que apresentou um VPN de 100%. O VPN mostra quem são os verdadeiros negativos. Portanto, pode-se inferir deste trabalho que este teste pode ser eficaz na exclusão dos indivíduos saudáveis, premitindo o rastreamento dos possíveis portadores da TB ativa. Surpreendentemente, em uma análise de custo e efetividade dos testes de diagnóstico sorológicos para a TB, Menzies (2012) relata que a maioria dos testes de diagnósticos sorológicos para TB na Índia apresentam resultados falsos positivos e falsos negativos, representando um risco social e financeiro. No entanto, acreditamos que um teste sorológico seria um risco financeiro caso as autoridades de saúde não assumissem o seu custo. Além do mais, para se afirmar tão viemente que estes testes não funcionam, 61 seria interessante a realização de ensaios utilizando os testes avaliados em outra população para testificar sua eficácia. Em outro estudo, Shin e colaboradores (2008), utilizando população composta por 46 pacientes com TB ativa, diagnosticados pela técnica de Ziell-Nielsen, e por 46 indivíduos controles saudáveis, observou que ao utilizar antígenos derivados da cepa H37Rv (rCFP-10, rESAT-6, rHspX, complexo Ag85, PstS1-45,8%) em um ELISA ao dosar anticorpos da classe IgG, obteve uma curva ROC de 0,86. Em nosso estudo, foi obtida curva ROC de 0,94, superior ao encontrado no trabalho anterior, verificando que a combinação de diferentes proteínas permite melhorar a acurácia dos testes, possibilitando a obtenção de resultados melhores ou semelhantes. Os níveis de anticorpos séricos da classe IgM específicos para a proteína de fusão dos pacientes com TB, dosados pela técnica de ELISA, foram inferiores aos níveis de anticorpos IgG. Entretanto, os anticorpos IgM também discriminaram os pacientes com TB em relação ao grupo controle. Esta distinção foi bastante clara, havendo diferença estatística significativa entre os dois grupos (p<0,0001). Este teste apresentou uma sensibilidade de 80% e especificidade de 61,5%. O VPP foi de 65% e o VPN de 77% (Tabela 6). A maioria dos trabalhos que avaliam testes diagnóstico para TB pesquisam IgG específicas (Samanich et al. 2000; Shin et al. 2008; Wu et al. 2010). Pode-se dizer que a IgG é a melhor determinante da doença, devido a maior especificidade desta imunoglobulina. A imunoglobulina M é um anticorpo de fase aguda que pode ser encontrada na fase crônica em menores proporções que a imunoglobulina G. Quando se avaliou a produção de anticorpos IgM frente ao antígenos rGroES do Mtb, entre pacientes com TB e indivíduos PT-, não foi possível discriminar os dois grupos quanto a doença (Costa et al. 2011). No entanto, trabalho anterior demonstrou que IgM especifica para antígeno HspX do Mtb foi capaz de discriminar indivíduos que foram infectados recentemente daqueles que apresentam infecção antiga ao Mtb, sem manifestação da doença (Rabahi et al. 2007). No presente trabalho, não se avaliou indivíduos infectados latentes, e apesar dos níveis séricos de anticorpos IgM terem sido um pouco inferiores aos níveis séricos de anticorpos IgG, os resultados demonstram uma discriminação entre TB ativa e controle saudável para a proteína de fusão (p<0.0001). Feng e colaboradores (2011) também encontraram níveis séricos de IgM inferiores ao níveis de IgG, porém encontraram nas células mononucleares de sangue 62 periférico de indivíduos com TB, o dobro da concentração de IgM em relação a IgG de superfície. Por ser uma doença crônica, a TB se caracteriza por ativar repetidamente a resposta imune. Os antígenos representados na proteína de fusão podem ser produzidos pelo Mtb na fase aguda, crônica ou constantemente durante a doença, podendo então reativar momentaneamente a produção de IgM específica. Por haver mais IgM de superfície com relação a IgG, em indivíduos com TB (Feng et al. 2011), pode ser que esta IgM seja continuamente secretada frente aos antígenos imunodominantes do Mtb contidos na proteína de fusão, permitindo serem observados em ensaios sorológicos. Segundo Margotto (2010), a acurácia dos testes diagnósticos é determinada pela análise da curva ROC, a qual considera a eficácia do teste quando este apresenta a área sob a curva (AUC) próxima de 1. Quanto mais próxima de 1, mais sensível e específico é o teste. Tanto o ELISA para detecção de IgM, quanto para a detecção de IgG foram considerados eficazes, uma vez que apresentaram a AUC de 0,821 e 0,94, respectivamente. As diferenças estatísticas apresentadas tanto para anticorpos IgM quanto para anticorpos IgG demonstraram que a combinação de três antígenos imunodominantes do Mtb que compõem a proteína de fusão maximizou a eficácia do sorodiagnóstico sem comprometer a especificidade (Wu L et al. 2011). Por este estudo ter utilizado um número pequeno de pacientes e controles, é necessário que estes resultados sejam confirmados em uma população maior de pacientes com TB. 63 3.7. CONCLUSÕES Foi avaliada a imunogenicidade da proteína de fusão HspX_Ag85c_MPT-51 de Mtb para o diagnóstico da TB. Foi realizada a padronização de ensaio de ELISA utilizando a proteína de fusão em indivíduos com TB pulmonar ativa. Anticorpos da classe IgG e IgM específicos para a Proteína de Fusão discriminam pacientes com TB ativa e controles saudáveis . A proteína de fusão pode ser utilizada em testes de diagnóstico de pacientes com TB ativa. 64 3.9. REFERÊNCIAS Abebe F, Bjune G 2009. 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Anexo 1 – Parecer do Comitê de Ética 83 4.2. Anexo 2 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - PACIENTE Título do projeto: Padronização de um teste de ELISA para triagem de indivíduos com alto risco de adoecimento para tuberculose, atendidos na rede pública e privada de saúde de Goiás. Pesquisador responsável: Profa. Dra. Ana Paula Junqueira-Kipnis, Imunologista. Laboratório de Imunopatologia das Doenças Infecciosas – IPTSP/UFG - sala 325. Telefone para contato: (62) 3209-6126. Este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido contém informações sobre a pesquisa indicada acima. Para assegurar que você esteja informado sobre a sua participação nesta pesquisa, pedimos que leia (ou peça que alguém leia) este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Você também deverá assinar este termo (ou fazer sua marca perante uma testemunha). Você receberá uma cópia deste termo. Você esta sendo convidado (a) a participar, como voluntário (a), em uma pesquisa que será conduzida na Universidade Federal de Goiás (Goiânia-Goiás). Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é a sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado de forma alguma. Em caso de dúvida você pode procurar o Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, nos telefones: 3269 83 38- 3269 8426. Esta pesquisa tentará padronizar um teste para identificar os indivíduos com risco de adoecimento entre os contatos de casos de tuberculose. O resultado desse projeto contribuirá para melhoria do diagnóstico precoce da tuberculose favorecendo o controle da doença. O pesquisador gastará cerca de vinte minutos com você para explicar-lhe o motivo da pesquisa, anotar algumas informações sobre o seu estado de saúde atual e pedir o seu consentimento para participar neste projeto. Neste período, um questionário será preenchido para facilitar a análise dos resultados futuramente. Serão coletados 20 ml do seu sangue para obtenção do soro e de células. Em qualquer momento da pesquisa você poderá desistir de participar sem nenhum prejuízo no tratamento e acompanhamento de seu parente com tuberculose ou seu, caso você venha a contrair a doença. As amostras de sangue serão processadas para determinação dos níveis de IgM e IgG responsivas aos antígenos do causador da tuberculose. Um banco de soros e células dos pacientes com tuberculose e dos seus 84 contatos será formado para utilizar em estudos posteriores que auxiliem no diagnóstico da tuberculose. Embora não exista nenhum risco em potencial durante a coleta de sangue, algumas vezes podem ocorrer vermelhidão e dor no local da coleta. Algumas pessoas podem desmaiar durante a coleta. Se isto acontecer interromperemos a sua participação imediatamente. Os dados obtidos, assim como seu estado de saúde e resultados de seus testes serão mantidos confidenciais pela pesquisadora responsável. Em momento algum sua informação pessoal se tornará pública. Os resultados deste estudo serão publicados em uma revista científica internacional. Este estudo tem duração prevista de Março de 2008 a Março de 2011. Embora seja improvável que esta pesquisa lhe cause algum dano, você terá direito de pleitear indenização junto à Instituição Financiadora - Fapeg. Consentimento da participação Eu,_____________________________________________________________________ _, RG/CPF/______________________, abaixo assinado, concordo em participar do estudo Padronização de um teste de ELISA para triagem de indivíduos com alto risco de adoecimento para tuberculose atendidos na rede pública e privada de saúde de Goiás, sob a responsabilidade da Dra. Ana Paula Junqueira Kipnis, como sujeito voluntário. Fui devidamente informado e esclarecido pesquisador:_______________________________________sobre a pelo pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes da minha participação. Foi me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade ou interrupção do acompanhamento do meu parente. Local e Data: _____________________________________________________ Nome do participante (letra de forma):__________________________________ Assinatura _____________________________________________ Asssinatura Dactiloscópica: Testemunhas com RG. 1.Nome/assinatura: __________________________________ 2. Nome/assinatura: _______________________________ Carimbo e assinatura do pesquisador: 85 4.3. Anexo 3-Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - CONTATOS Título do projeto: Padronização de um teste de ELISA para triagem de indivíduos com alto risco de adoecimento para tuberculose, atendidos na rede pública e privada de saúde de Goiás. Pesquisador responsável: Profa. Dra. Ana Paula Junqueira-Kipnis, Imunologista. Laboratório de Imunopatologia das Doenças Infecciosas – IPTSP/UFG - sala 325. Telefone para contato: (62) 3209-6126. Este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido contém informações sobre a pesquisa indicada acima. Para assegurar que você esteja informado sobre a sua participação nesta pesquisa, pedimos que leia (ou peça que alguém leia) este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Você também deverá assinar o termo (ou fazer sua marca perante uma testemunha). Você receberá uma cópia deste termo. Você esta sendo convidado (a) a participar, como voluntário (a), em uma pesquisa que será conduzida na Universidade Federal de Goiás (Goiânia-Goiás). Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é a sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado de forma alguma. Em caso de dúvida você pode procurar o Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, nos telefones: 3269 83 38- 3269 8426. Esta pesquisa tentará padronizar um teste para identificar os indivíduos com risco de adoecimento entre os contatos de casos de tuberculose. O resultado desse projeto contribuirá para melhoria do diagnóstico precoce da tuberculose favorecendo o controle da doença. O pesquisador gastará cerca de vinte minutos com você para explicar-lhe o motivo da pesquisa, anotar algumas informações sobre o seu estado de saúde atual e pedir o seu consentimento para participar neste projeto. Neste período, um questionário será preenchido para facilitar a análise dos resultados futuramente. Serão coletados 20 ml do seu sangue para obtenção do soro e de células. Um teste intradérmico (injeção na pele) para o diagnóstico da tuberculose será realizado. Este teste chama-se PT e é regulamentado pelo Ministério da Saúde para auxiliar no diagnóstico da tuberculose. Para saber se você é positivo ou negativo, após 72 horas será medida a reação na sua pele com uma régua especial no Laboratório onde foi realizado o exame. 86 Caso você seja positivo, será encaminhado ao médico do setor para o tratamento profilático (tratamento para evitar o adoecimento por tuberculose). Caso você seja negativo, você será acompanhado diretamente pelos pesquisadores durante dois anos para avaliar se você apresenta risco ou não de desenvolver tuberculose. Para este acompanhamento, você deverá comparecer ao Laboratório de Imunopatologia das Doenças Infecciosas na Universidade Federal de Goiás ou ao posto de saúde onde foi realizado o diagnóstico da tuberculose: quatro semanas, doze semanas, seis meses, um ano e aos dois anos após o diagnóstico da tuberculose do seu parente. Estas visitas permitirão o seu acompanhamento para o desenvolvimento de qualquer sinal (tosse, febre, etc) que possa indicar que você está infectado com a tuberculose. Serão fornecidos os vales transportes (SIT PASS) para cada visita. Caso você não possa comparecer, telefonar no número do responsável pela pesquisa, que os pesquisadores irão até a sua casa. Em qualquer momento da pesquisa você poderá desistir de participar sem nenhum prejuízo no tratamento e acompanhamento de seu parente com tuberculose ou seu, caso você venha a contrair a doença. Nestas visitas serão realizados coletas de sangue e o teste intradérmico. Estas amostras serão processadas para determinação dos níveis de IgM e IgG responsivas aos antígenos do causador da tuberculose. Um banco de soros e células dos pacientes com tuberculose e dos seus contatos será formado para utilizar em estudos posteriores que auxiliem no diagnóstico da tuberculose. Embora não exista nenhum risco em potencial durante a coleta de sangue, algumas vezes podem ocorrer vermelhidão e dor no local da coleta. Algumas pessoas podem desmaiar durante a coleta. Se isto acontecer interromperemos a sua participação imediatamente. O teste intradérmico gera vermelhidão e coceira nas pessoas positivas. Isto não gera nenhum prejuízo para você e passará com 24 horas. Os dados obtidos, assim como seu estado de saúde e resultados de seus testes serão mantidos confidenciais pela pesquisadora responsável. Em momento algum sua informação pessoal se tornará pública. Os resultados deste estudo serão publicados em uma revista científica internacional. Ao participar desta pesquisa o senhor (a) terá como benefício direto o seu acompanhamento durante dois anos para identificar possíveis riscos para o desenvolvimento da tuberculose. Não haverá nenhum tipo de pagamento ou gratificação financeira pela sua participação. 87 Este estudo tem duração prevista de Março de 2008 a Março de 2011. Embora seja improvável que esta pesquisa lhe cause algum dano, você terá direito de pleitear indenização junto à Instituição Financiadora - Fapeg. Consentimento da participação Eu,________________________________________________________________, RG/CPF/______________________, abaixo assinado, aceito participar do estudo ‗Padronização de um teste de ELISA para triagem de indivíduos com alto risco de adoecimento para tuberculose atendidos na rede pública e privada de saúde de Goiás‘, sob a responsabilidade da Dra. Ana Paula Junqueira Kipnis, como sujeito voluntário. Fui devidamente informado e esclarecido pelo pesquisador_______________________________________ sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes da minha participação. Foi me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade ou interrupção de meu acompanhamento e de meu parente. Local e Data: _____________________________________________________ Nome do participante (letra de forma): __________________________________ Assinatura _____________________________________________ Asssinatura Dactiloscópica: Testemunhas com RG. 1.Nome/assinatura: __________________________________ 2. Nome/assinatura: _________________________________ Carimbo e assinatura do pesquisador: 88 4.4. Anexo 4- Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa-UFGO 89 90 4.5. Anexo 5- Parecer do SUS e Ciência e Tecnologia do Estado de Goiás 91 4.6. Anexo 5- Termo de Consentimento dos Voluntários 4.6.1. Controles Saudáveis 92 4.6.2. Pacientes com Tuberculose 93 4.7. Anexo 6- Questionários 4.7.1. Controles saudáveis Questionário do Projeto: Caracterização dos antígenos protéicos naturais e recombinantes do Mycobacterium tuberculosis induzidos em condições de stress. Dados: Nome: Data admissão: / / Número na pesquisa: / Data nascimento: Idade: anos Endereço: Fone: Cor pele: Sexo: F[] M[] Profissão: Anamnese: Teve contato com TB ativa? Sim [] Não [] Teve contato com hanseníase? Sim [] Não [] BCG: Sim [] Não [] número de doses: [] Data da última dose: Não sabe [] Não sabe [] PPD: Sim [] Não [] Resultado [] mm Uso de medicamentos: Sim [] Data início: Não [] Qual? Complicações: Doenças: Prévia: sim [] Crônica: sim [] não [] Qual? não [] Qual? Doença pulmonar? Sim [] não Alergia? sim [X] não [] Nos últimos dias teve: Febre? sim [] não [] Dores musculares? Sim [] não[] Está gripado ou resfriado? sim [] Fumante? sim [] Etilista? sim [] não [] não [] não [] 94 4.7.2- Pacientes Anexo 5- Prontuário Pacientes nº: Questionário do Projeto: Caracterização dos antígenos protéicos naturais e recombinantes do Mycobacterium tuberculosis induzidos em condições de stress. Nome: Data admissão: Número na pesquisa: Data nascimento: Idade: [] anos Endereço: Fone: Cor pele: Sexo: F[] M[] Profissão: Hipótese diagnóstico: _______________________________________________________________________ Exames: Escarro: AAFB + [] – [] Biopsia: Resultado: pos. [] neg .[] Tecido: Cultura: Resultado: pos. [] neg .[] Meio: HIV: Resultado: pos. [] neg .[] PPD: [] mm Outros: Mycobacterium _______________________________________________________________________ Sim [] Não [] Não sabe [] Teve contato com TB ativa? Teve contato com hanseníase? Sim [] Não [] Não sabe [] BCG: Sim [] Não [] número de doses: [] Data da última dose: _______________________________________________________________________ TB ativa no momento? Sim [] Não [] Não sabe [] Data do início: É tuberculose primária? Sim [] Não [] Não sabe [] Lesão Cavitária: [] Área afetada: Não cavitária: [] Pleural: [] Outra: _______________________________________________________________________ Com que idade? [] anos História prévia de TB Foi uma tuberculose primária? Sim [] Não [] Não sabe [] Existe evidência de lesões? Sim [] Não [] Não sabe [] _______________________________________________________________________ Data de início: Tratamento anti TB INH: Sim [] Não [] Não sabe [] ETH: Sim [] Não [] Não sabe [] RIF: Sim [] Não [] Não sabe [] PYZ: Sim [] Não [] Não sabe [] STP: Sim [] Não [] Não sabe [] _______________________________________________________________________ __Resultado da quimioterapia Ainda no tratamento? Curado [] Voltou [] Morte [] Uso de corticóide? Sim [] Não [] Qual? Data início: Complicações: Doenças: Concomitante: Sim [] Não Qual? Prévia: Sim [] Não Qual? Crônica: Sim [] Não Qual? 95 96