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Image diagnosis of patients submitted to spinal injury
Diagnóstico por imagem em paciente com traumatismo da coluna vertebral
Dionei Freitas Morais1
João Simão de Melo Neto2
Antonio Ronaldo Spotti3
Lucas Crociati Meguins4
Sara Eleodoro Mussi5
Waldir Antônio Tognola6
RESUMO
O traumatismo raquimedular (TRM) pode ser definido como qualquer agressão que acarrete lesão anatômica ou funcional dos
elementos neurais (medula espinhal, raízes nervosas), dentro do canal vertebral com ou sem fraturas e / ou deslocamento da
coluna vertebral, resultando em mudança, seja ela permanente ou temporária, na sua função motora, sensitiva e autonômica. O
diagnóstico das lesões traumáticas de coluna vertebral é o evento inicial e fundamental para o sucesso terapêutico. Dentre as
mais utilizadas estão a radiografia simples, a tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM). A abordagem
inicial do paciente com suspeita de traumatismo de coluna vertebral deve ser feita através do estudo com radiografia simples,
que consiste em método disponível e rápido. A TC é capaz de diagnosticar fraturas ocultas à radiografia simples, fornecendo
informações adicionais para avaliação mais detalhada da fratura e elaboração do seu tratamento e definindo melhor os
contornos ósseos. Já a RM pode visualizar com mais vantagem o canal espinhal e o grau e a extensão de tecidos moles, como
nas lesões medulares, vasculares, discos e os hematomas epidurais. Assim, a escolha do exame no momento da avaliação inicial
do paciente irá influenciar em melhor prognóstico devendo ser realizada com autonomia e segurança.
Palavras Chave: Traumatismo raquimedular; tomografia computadorizada; ressonância magnética; exames.
ABSTRACT
The spinal cord injury (SCI) can be defined as any aggression that results in damage to anatomical or functional neural elements
(spinal cord, nerve roots) into the spinal canal with or without fractures and / or dislocation of the spine, resulting in a change,
either permanent or temporary, in their motor function, sensory and autonomic. The diagnosis of traumatic lesions of the spine
is the initial event and the key to successful treatment. Among the most used are the plain radiography, computed tomography
(CT) and magnetic resonance imaging (MRI). The initial approach to the patient with suspected spinal injury should be made
through the study of radiography, consisting of an available and fast method. CT is able to diagnose occult fractures radiography,
providing additional information for further evaluation and development of the fracture treatment and better defining the bone
edges. MRI can depict spinal canal and the degree and extent of soft tissue details, such as in spinal cord injuries, vascular,
discs and epidural hematomas. Thus, the choice of exam at the time of initial evaluation of the patient will influence in improved
prognosis should be performed autonomously and safely.
Keywords: spinal cord injury, computed tomography, magnetic resonance, exams.
I ntrodução
O traumatismo raquimedular (TRM) pode ser definido
como qualquer agressão que acarrete lesão anatômica ou
funcional dos elementos neurais (medula espinhal, raízes
nervosas), dentro do canal vertebral com ou sem fraturas e /
ou deslocamento da coluna vertebral, resultando em mudança,
seja ela permanente ou temporária, na sua função motora,
sensitiva e autonômica32,28.
Atualmente a incidência do TRM é de 30 a 40 casos/um
milhão de indivíduos, com cerca de 10 mil casos novos/ano
somente nos EUA. A prevalência da doença é de 900 a 950
casos/um milhão de indivíduos. Cerca de 48% dos pacientes
irá evoluir ao óbito, sendo 80% no local do acidente e 4 a 15%
após admissão hospitalar21. Estima-se que cerca de 250.000
pacientes esteja vivendo hoje nos EUA vítimas de TRM28. A
Doutorando em “Ciências da Saúde” pela Faculdade de Medicina da Rio Preto – FAMERP (Faculdade de Medicina de São Jose do Rio Preto/ SP). Prof. Assistente e Especialista do
Serviço de Neurocirurgia do Hospital de Base, São Jose do Rio Preto (FAMERP/SP).
2
Mestrando em “Saúde e Envelhecimento” pela Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA), Marília - SP.
3
Prof. Adj. Doutor do Departamento de Ciências Neurológicas, FAMERP, SJRP-SP.
4
Residente de Neurocirurgia. Hospital de Base, São Jose do Rio Preto (FAMERP/SP).
5
Acadêmica do curso de medicina pela Faculdade de Medicina de Catanduva (FAMECA), Catanduva – SP.
6
Prof Adj. Livre Docente do Departamento de Ciências Neurológicas pela FAMERP, SJRP-SP.
1
Received, Feb 12, 2013. Accepted, Sept 24, 2013
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maior incidência ocorre entre os 20 e 24 anos e 65% tem menos
de 35 anos de idade. No Brasil, estima-se a ocorrência de cerca
de 40 novos casos por milhão de habitantes, somando de 6 a
8 mil casos por ano com custo elevado ao sistema de Saúde10.
Existe predominância destas lesões em jovens do sexo
masculino principalmente nos meses de verão e em finais
de semana; ressaltando que esta fase da vida trata-se de um
período de inserção social com desgaste psicológico, familiar,
econômico, social, se encontram economicamente ativos, além
do desrespeito e desatenção às leis de trânsito, e a exposição ao
risco de acidentes6,19,24,33.
A principal causa de lesões traumáticas da coluna e medula é
decorrente de acidentes com veículos automotores, seguidos
por queda, mergulhos, traumatismos penetrantes e acidentes
industriais correspondem ao restante dos casos,14,23 porém
estes dados se contrapõem quando se relaciona a alterações
habitacionais e culturais27.
Enfatizando esta questão, ocorrem também diferenças em
relação às cidades grandes com destaque para lesões por arma
de fogo e acidentes automobilísticos e a zona rural ou em
cidades menores onde o mergulho se apresenta com grande
prevalência10,19,24.
Segundo DeVivo13 a região cervical é a mais afetada nos
Estados Unidos e no Canadá, que corrobora com o estudo
de Leal-Filho et al.19 realizado na cidade de Teresina, Piauí,
Brasil. Outra região que possui destaque a nível de lesão é a
de transição toracolombar, que segundo Zaninelli et al.34 é uma
das mais atingidas pelo fato de ser uma zona de transição de
um segmento fixo, entre a coluna lombar e o gradil costal, desta
forma, a existência de movimentos acima do limite fisiológico
facilita a ocorrência de lesão.
O diagnóstico correto das lesões na coluna vertebral causadas
por traumatismo é o primeiro passo, sendo fundamental
para o sucesso terapêutico. Detalhes que não são percebidos
na avaliação inicial conduzem ao erro diagnóstico com
graves consequências para o paciente11. Os relatos das lesões
traumáticas não diagnosticadas durante o primeiro atendimento
são mais frequentes na coluna cervical, existindo relatos de até
5-23% dessas lesões4. Já na coluna torácica e lombar este fato
é mais raro e ocorre em apenas 5% dos pacientes. A falha no
diagnóstico tem sido observada em todos os níveis e etapas do
atendimento dos pacientes, até mesmo nos centros terciários11.
A hipótese de fraturas de coluna vertebral deve ser aventada
nos pacientes com traumatismo cranioencefálico, intoxicação
alcoólica, perda de consciência, lesões múltiplas, traumatismo
de face e lesões traumáticas acima da clavícula. Além de
pacientes vítimas de traumatismo com queixa de dor na coluna
vertebral e com dormência, parestesia ou déficit de motricidade
de extremidades e disfunção autonômica17.
Os pacientes devem ser atendidos seguindo as normas do
Advanced Trauma Life Support (ATLS), sendo necessária
uma história dirigida, exame físico geral, da coluna vertebral
e avaliação neurológica visando determinar o nível sensitivo e
motor pela ASIA14 e avaliação de reflexo e sinais de disfunção
autonômica.
As lesões medulares podem ser classificadas como completas e
incompletas. As lesões incompletas mais comuns são dos tipos:
síndrome medular central, Brown-Séquard, medular anterior
e posterior. Existem diversas formas de classificação das
fraturas da coluna vertebral. Na coluna cervical são divididas
em lesões occipito-atlantoaxiais, subluxação e deslocamento
atlantoaxial, fratura isolada e combinada do C1 e C2, subaxiais
(C3-C7), sendo propostos vários sistemas de classificação
das lesões para facilitar a conduta terapêutica. Já na coluna
torácica e lombar pode ser dividida em torácica (T1-T10),
transição tóraco-lombar (T11-L1) e lombar (L2-S1), sendo
propostos vários modelos para classificar e tratar, como o de
Denis12 que utiliza a classificação morfológica e divide em três
colunas para determinar a presença de instabilidade mecânica
e/ou neurológica, sendo divididas em fratura achatamento,
explosão, tipo cinto de segurança e luxação12,17.
No TRM as lesões que devem ser acompanhadas, mas não
são consideradas de relevância clínica na região cervical:
fratura de processo espinhoso sem envolvimento da lâmina,
fratura de osteófito exceto “teardrop” e “corner”, fratura de
processo transverso sem envolvimento faceta articular, fratura
achatamento sem perda maior que 25% da altura do corpo,
fratura por avulsão isolada sem lesão ligamentar associada,
fratura de odontóide tipo I, fratura do platô vertebral e da
trabécula óssea2.
As lesões cerebrovasculares relacionadas ao TRM podem ser
penetrantes ou não penetrantes, podendo ocasionar transecção,
formação de pseudoaneurisma e dissecção. A dissecção é a
mais frequente, tanto da artéria carótida interna e a vertebral,
sendo que a primeira está relacionada a acidente com veículo
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automotor ocasionado pela hiperextensão do pescoço com
rotação lateral e a segunda está relacionada com fratura do
forame transverso, fratura luxação das facetas ou subluxação
vertebral.17 A maioria dos sintomas aparece após 24 horas da
lesão. Segundo o American College of Radiology2 de 2012, a
angiotomografia por multidetector e a angioressonância são os
exames utilizados no diagnóstico por imagem.
A avaliação dos pacientes vítimas de trauma pode ser
dividida em dois grupos, sintomáticas e assintomáticas.
Nos assintomáticos, não há necessidade de nenhum estudo
radiográfico, sendo considerados assintomáticos os pacientes
que apresentam ausência de dor, déficit neurológico,
intoxicação, e movimentação normal e sem qualquer alteração
do estado mental1,9. Os sintomáticos são os que apresentam
alteração do nível de consciência ou história não confiável ou
multitraumatizado, tornando a melhor modalidade a TC, que é
mais precisa que a radiografia simples9.
Considerando que a capacidade multiplanar, a redução dos
custos de equipamento e exame, o tempo mais rápido na
aquisição de imagem, o desenvolvimento de novas sequências,
os poucos artefatos ósseos e a capacidade de avaliar o conteúdo
do canal vertebral permitem que a RM seja utilizada no TRM
com alta sensibilidade no diagnóstico de lesões dos discos,
músculos e ligamentos, justifica-se plenamente sua aplicação
clínica no estudo de exames por imagem em pacientes com
traumatismo coluna vertebral.
coluna vertebral deve ser feita através do estudo com radiografia
simples, que consiste em método disponível e rápido, além
da existência de aparelhos portáteis evitando a movimentação
desnecessária do paciente com traumatismo agudo. Porém, este
exame apresenta limitação para a visualização das zonas de
transição occipitocervical e cervicotorácica, sendo que cerca 5 a
8% das fraturas da coluna vertebral não são diagnosticadas por
esse método5.
A coluna cervical deve ser inspecionada radiologicamente desde
a junção crânio-cervical até C7-T1. As três incidências mais
recomendadas são anteroposterior (AP), perfil e transoral para
a avaliação inicial destes pacientes. Se forem feitas de maneira
adequada detecta a grande maioria das fraturas instáveis em
pacientes neurologicamente intactos17,18.
As radiografias da coluna cervical em flexão e extensão têm
como objetivo verificar instabilidade oculta por lesão puramente
ligamentar e instabilidade por fratura em compressão. Está
indicada também em pacientes com cervicalgia intensa persistente
(espasmo muscular paravertebral) e deve ser realizada duas a três
semanas após acidente, guiado pela fluoroscopia2,17.
Há controvérsias quanto ao conceito de avaliação radiográfica
mínima principalmente nos pacientes com traumatismo múltiplo17,
em especial naqueles com alteração do nível de consciência. O
estudo radiográfico simples apresenta baixa sensibilidade (52%)
e alta especificidade (98%), desta forma, o uso do RX deve ser
substituído pelo TC com multidetector (Figura 1)26.
Não obstante, a possibilidade de contribuir com um diagnóstico
preciso das lesões causadas pelo TRM agudo, principalmente
com relação à extensão, localização e natureza da lesão, em
pacientes cujo resultado da tomografia computadorizada não
corresponde ao quadro clínico do paciente, também justifica
a presente pesquisa, pois a conduta depende do diagnóstico.
A neuroimagem é fundamental para o diagnóstico e tratamento
dos pacientes com TRM. A compreensão dos mecanismos
fisiopatológicos e suas manifestações imagenológicas são
essenciais para as condutas terapêuticas22. As diferentes
modalidades de diagnóstico por imagem complementam
o exame inicial do paciente. Dentre as mais utilizadas estão
a radiografia simples, a tomografia computadorizada e a
ressonância magnética3,5,11,29.
Radiografia simples (RX)
Figura 1: Paciente masculino de 53 anos, vítima de acidente automobilístico com
cervicalgia e parestesia em membro superior direito há 17 dias. (A- TC de coluna
cervical sagital sem evidencia de anormalidades; B- RM de coluna cervical
sagital T2 com hipersinal no ligamento longitudinal anterior; C- RX em flexão com
evidência de listese vertebral anterior C6C7).
A abordagem inicial do paciente com suspeita de traumatismo de
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Tomografia Computadorizada
Alguns estudos9,26 indicam como modalidade primaria inicial
da triagem a TC com corte axial fino e reconstrução de sagital e
coronal é mais precisa que a radiografia simples.
A tomografia computadorizada (TC) é capaz de diagnosticar
fraturas ocultas à radiografia simples, fornecendo informações
adicionais para avaliação mais detalhada da fratura e elaboração
do seu tratamento. É o método que melhor define os contornos
ósseos permitindo reconstrução sagital podendo fornecer dados
para diagnóstico de lesões puramente ligamentares ou lesões de
parte moles11.
A aplicabilidade da TC multidetector em pacientes comatosos
possui excelente detecção de lesões ósseas com uma
especificidade de 100% e um valor preditivo negativo de 99,7%,
sendo considerado com menor custo efetivo do que a radiografia
simples. Quando se trata de lesões de tecidos moles ou ligamentos,
este método apresenta com baixa sensibilidade, sendo suplantado
pela RM (Figura 2)26.
Ressonância Magnética
A ressonância magnética (RM) é o um método que pode fornecer
informações fundamentais nos pacientes vítimas de traumatismo
da coluna vertebral3,17, sendo a RM o método de diagnóstico
por imagem que melhor avalia o conteúdo do canal vertebral,
determinando a gravidade e a extensão das lesões medulares,
vasculares, discos e os hematomas epidurais. Além de permitir
imagens coronais e sagitais que mostram lesões em tecidos
moles e ligamentares melhor que a TC; está indicada nas lesões
neurológicas incompletas, na presença de falta de correlação entre
o nível da lesão óssea e o nível neurológico, dor persistente e
estudos radiográficos negativos, presença de disco antes da redução
da luxação, lesão da medula sem lesão óssea (SCIWORA) e na
diferenciação de fraturas patológicas, infiltração por neoplasia,
infecção e na avaliação prognóstica da lesão da medula espinhal3.
A capacidade multiplanar, a redução dos custos de equipamentos
e exames, o tempo mais rápido na aquisição de imagens e a
capacidade de avaliar melhor os tecidos moles e ligamentos,
além do seu real valor no diagnóstico nas lesões ósseas, justifica a
aplicação da ressonância magnética em pacientes vítimas de TRM;
não obstante a possibilidade de contribuir com um diagnóstico
mais preciso, principalmente com relação à extensão, localização
e a gravidade das lesões diagnosticadas pela TC20.
Figura 2: Paciente masculino de 53 anos, vítima de acidente automobilístico com
cervicalgia e parestesia em membro superior esquerdo. TC de coluna cervical
com janela óssea evidenciando fratura em corpo e lamina vertebral direita de C6.
(A- Sagital; B- Coronal; C- e D- Axial).
Mesmo com tamanha relevância qualitativa, a RM tem baixa
sensibilidade na detecção de fraturas, podendo, desta forma, haver
a associação desta com outros exames de imagem, como a TC
ou RX. Outro benefício da RM é avaliar lesões associadas não
contíguas que podem estar presentes em 28%8,25.
Além disso, a ressonância pode trazer informações prognósticas
das lesões intramedulares, estabelecendo diagnóstico diferencial
entre edema, hemorragia, e evidencia de transecção medular,
como preditivo para acompanhar e verificar a extensão as
lesões. Além disto, também tem importância na avaliação dos
pacientes com lesão subaguda ou crônica que evoluem com
deterioração neurológica tardia, tais como aumento de cavitação
intramedular2,15,30. Também auxilia na avaliação de sequelas póstraumáticas como mielomalácia, siringomielia, medula presa e
fístula arteriovenosa15.
As sequências para a realização da RM na vítima de TRM é Sagital
T1: anatomia; Sagital T2: medula, ligamentos, edema medular e
disco; Sagital T2 SPIR/FAT: edema ósseo e ligamentos; Axial T2:
medula, ligamentos, edema medular e disco; Axial MPGR T2*:
medula e hemorragia/contusão; Coronal DP: lesões ligamentares
alta20.
Novas técnicas de ressonância têm sido empregadas no TRM,
incluindo a imagem por difusão, espectroscopia e funcional7.
Embora o uso de imagem por difusão seja mais utilizado na
avaliação encefálica, vem sendo empregado no TRM visando
obter melhor visualização da extensão da lesão medular. A
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espectroscopia pode revelar uma diminuição do N-acetil aspartato
(NAA) e um aumento de lactato, sugerindo uma isquemia. Já
a funcional pode ser útil em diagnosticar as lesões medulares
parciais das completas no TRM. Porém, há necessidade de mais
estudos para comprovar tais benefícios (Figura 3)16.
Figura 3: Paciente masculino de 60 anos, vítima de queda associado a
traumatismo crânio-encefalico (Glasgow 13 ), evoluindo com tetraplegia. (ATC de coluna cervical sagintal evidenciando subluxação e fratura de osteófito
anterior C5C6; B- RM de coluna cervical sagital T2 evidenciando lesão de disco
intervertebral C5C6 e contusão medular; C- RM de coluna cervical sagital T2 –
STIR/FAT evidenciando lesão do ligamento longitudinal anterior, edema de partes
moles, hérnia de disco (C5C6), contusão medular e lesão de complexo ligamentar
posterior).
Necessidades em Avaliação Radiológica
hipersensibilidade na linha média da coluna.
O grupo Eastern Association for the Surgery of Trauma Practice9
recomenda a remoção do colar logo que possível após o trauma;
no paciente com trauma agudo de crânio com lesão cerebral
a imobilização com colar cervical não é necessária a não ser
que indique lesão da coluna cervical; exames por imagem não
são necessários e o colar cervical deve ser retirado em paciente
que se encontra alerta e sem déficit neurológico; todos outros
pacientes com suspeita de lesão na cervical devem realizar exame
radiológico e a primeira modalidade a ser adotada deve ser a TC,
caso não seja encontrada lesão e houver persistência do quadro
clínico deve se realizar RM.
Em se tratando da coluna toracolombar a TC multidetector é a
modalidade de escolha para avaliação, podendo ser derivada dos
escaneamentos das regiões toraco-abdomen-pelve. As principais
indicações para o exame de imagem nestes segmentos são dor
lombar, alteração de sensibilidade na linha média, sinais de lesão
tóraco-lombar e anormalidade neurológica, fratura na coluna
cervical, Glasgow < 15, lesão por distração, intoxicação por álcool
ou droga1.
Existem estudos de referência no que tange à necessidade da
avaliação radiológica da cervical, entre estes estão National
Emergency X-Radiography Utilization Study (NEXUs)18,
Canadian C-Spine Rule31 e o Eastern Association for the Surgery
of Trauma Practice9.
Segundo o National Emergency X- Radiography Utilization
Study (NEXUs)18 os pacientes que não necessitam realizar
exames apresentam quadro: sem dor na coluna cervical posterior,
ausência de déficit neurológico, sem evidência de intoxicação;
nível normal de consciência; e ausência de dor na movimentação
da região cervical. Relata ainda que estas decisões reduzem o
custo e exames desnecessários.
O Canadian C-Spine Rule31 divide os pacientes em baixo e alto
risco, sendo que são fatores de alto risco possuir mais ou 65 anos,
terem sidos expostos a mecanismos de lesão com alto impacto
como queda de altura relevante, trauma na cabeça e acidentes
complexos com veículos automotores. Assim, no grupo de
baixo risco estão incluídos pacientes envolvidos em acidentes
simples com veículos automotores; que se encontram sentados
na emergência ou já estão no ambulatório por algum tempo;
que apresentam início tardio de quadro álgico e ausência da
Conclusão
O traumatismo raquimedular afeta com maior prevalência o
sexo masculino, adultos jovens, sendo a principal causa de lesão
que envolve acidente com veículos automotores e queda. Estes
achados possuem relação com o contexto social, alterações
habitacionais e culturais em que estão inseridos. Dentre as
modalidades mais utilizadas que complementam a avaliação
inicial do paciente estão a radiografia simples, a tomografia
computadorizada e a ressonância magnética. A TC deve-se
utilizada primariamente para uma precisão da confirmação da
lesão e a RM quando envolver lesões que afetam tecidos moles
que abrangem a coluna espinal. Assim, a escolha do exame no
momento da avaliação inicial do paciente irá influenciar em
melhor prognóstico devendo ser realizada com autonomia e
segurança.
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Review
de pacientes atendidos no pronto-socorro do Hospital do
Trabalhador da UFPR de Curitiba – Paraná. Coluna/Columna.
2005;4(1):11-15.
Autor Correspondente
Dionei Freitas Morais
Av. José Munia, 4850 – Jardim do Sul, 15090-500
São José do Rio Preto (SP), Brasil.
Tel.: (17) 3216-9999.
E-mail: [email protected]
Morais DF, Neto JSM, Spotti AR, Meguins LC, Mussi SE, Tognola WA. - Image diagnosis of patients submitted to spinal injury
J Bras Neurocirurg 24 (1): 33-39, 2013
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