MUNDIALIZAÇÃO DO CAPITAL E NEOLIBERALISMO: O SERVIÇO SOCIAL FACE À NOVA CONFORMAÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL Marina Coutinho de Carvalho Pereira Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências da Saúde Universidade Federal de São Paulo O presente trabalho trata, inicialmente, acerca da centralidade da questão social como objeto de intervenção do Serviço Social. Em seguida, analisa a escalada da mundialização financeira e o advento do neoliberalismo a níveis mundiais, para recuperar parte das mudanças que ambos têm causado no Brasil principalmente a partir da década de 1990. A nova conformação da questão social é apreendida no esteio deste processo, sendo apontados alguns dos desafios e estratégias de seu enfrentamento pela profissão, com ênfase nas políticas públicas. O objetivo é atualizar a discussão acerca da questão social e sua relação com a mundialização e o neoliberalismo de forma críticopropositiva. Introdução O Serviço Social no Brasil prossegue em sua luta histórica por um “projeto profissional [ético-político-pedagógico que] se vincula a um projeto societário que propõe a construção de uma nova ordem social, sem exploração / dominação de classe, etnia e gênero” (NETTO, 2006, p.155), como bem sabemos, afirmado explicitamente a partir do Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais de 1993 e demais produções legais, técnicas e científicas da profissão. Esta construção se identifica com o confronto face à questão social, base de sua fundação enquanto especialização do trabalho. Questão social apreendida como o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva (...), enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada (IAMAMOTO, 2011, p.27). Temos aqui, segundo Iamamoto (2011), o desvelamento do caráter contraditório do exercício profissional que participa de um mesmo movimento que permite a continuidade da sociedade de classes (à medida que o enfrentamento da questão social favorece a acumulação de capital) e cria as possibilidades de sua transformação (pois este mesmo enfrentamento, mas em diferente proporção, mune a classe trabalhadora, com quem mantém seu compromisso ético, de condições para empreender com protagonismo a edificação da nova sociedade). Logo, para que as estratégias profissionais apontem para o efetivo alcance do projeto profissional / societário, precisamos apreender a questão social nas configurações atuais de sua materialidade histórica, em uma perspectiva de totalidade. Isto implica concretamente em redefinirmos a conformação da questão social no contexto de ação da mundialização e do neoliberalismo no Brasil, para então repensarmos os limites e as perspectivas de algumas opções estratégicas de embate contra a exploração do trabalho pelo capital, principalmente em termos das políticas públicas. A escalada da mundialização financeira e o advento do neoliberalismo A mundialização, conforme Duménil e Lévi apud Prado (2005), é apreendida a partir do pensamento marxista como “uma grande tendência do capitalismo [… cuja] etapa atual caracteriza-se pelo crescimento das operações de troca e dos fluxos internacionais de capitais, a expansão das sociedades multinacionais e um novo papel das instituições financeiras internacionais.” De fato, Marx e Engels, no Manifesto do Partido Comunista, originalmente publicado em 1848, afirmam: impelida pela necessidade de mercados sempre novos, a burguesia invade todo o globo terrestre. Necessita estabelecer-se em toda parte, explorar em toda parte, criar vínculos em toda parte. Pela exploração do mercado mundial a burguesia imprime um caráter cosmopolita à produção e ao consumo em todos os países. Para desespero dos reacionários, ela roubou da indústria sua base nacional. […] No lugar do antigo isolamento de regiões e nações autossuficientes, desenvolvem-se um intercâmbio universal e uma universal interdependência das nações. E isto se refere tanto à produção material como à produção intelectual (MARX; ENGELS, 2010 , p.43). Segundo Wallerstein (2003), em 1968 os Estados Unidos sofriam o declínio de seu domínio hegemônico, marcado pelo esgotamento de seu “excedente financeiro” aplicado em “gastos político-militares”, a retomada da competitividade do Japão e da Europa Ocidental no mercado mundial, e a onda crescente de “descontentamento” manifesta por revoltas e revoluções em diversos países do globo. Entretanto, a economia mundial começava a dar adeus aos “30 anos gloriosos” do capitalismo, para entrar “em seu longo período de estagnação”, evidenciado pela crescente queda nas taxas de lucro da produção. De acordo com Bihr apud Nogueira (2004, p.32-3), esta queda foi resultado da conjugação de quatro fatores: “a diminuição dos ganhos de produtividade”, “a elevação da composição orgânica do capital”, “a saturação da norma social de consumo”, e “o desenvolvimento do trabalho improdutivo”4. Nogueira segue apontando que “esses elementos críticos acabaram levando ao enfraquecimento do padrão produtivo taylorista e fordista” (p.33), fonte mais imediata da crise de acumulação, cujas verdadeiras e últimas causas foram mais profundas, isto é, de fundo estrutural, as quais não discutiremos aqui, mas apenas apontamos como sendo “a confluência e as múltiplas determinações de reciprocidades entre […] o estancamento econômico e a intensificação das lutas de classes.” (ANTUNES apud idem, loc. cit.). Wallerstein (op. cit.) prossegue demonstrando que a crise econômica mundial acarretou o crescimento da preponderância do capital financeiro sobre o capital produtivo como forma de lucro, o aumento generalizado do desemprego e a migração dos grandes 4 Conferir a obra da autora para maiores detalhes sobre cada um deles. parques produtivos “de regiões em que se pagavam altos salários para regiões onde os salários eram menores” (WALLERSTEIN, 2003, p.78). Com densa argumentação, o autor apresenta a subseqüente crise da alta nos preços do petróleo, no início da década de 1970, como mecanismo conjuntural e episódico de retomada do crescimento econômico dos países centrais e de financeirização da economia mundial, na qual os bancos se transformaram em vigorosos grupos de pressão junto aos ministros das Finanças de países pobres, confrontados com diversos problemas: dificuldades no balanço de pagamentos, um desemprego agudo e perturbações internas consideráveis. Esses países fizeram muitos empréstimos, mas tiveram dificuldades para reembolsar esses créditos, que se acumularam até que o serviço da dívida atingisse níveis intoleráveis (WALLERSTEIN, 2003, p.79). Desse modo, percebemos que a mundialização se expandiu de fato como avanço mundial do domínio do capital financeiro, reforçando as estruturas de colonização econômica, política e social dos países periféricos pelos centrais. Com exaustiva análise a partir do pensamento de Marx, Prado (2005) evidencia a passagem da “grande indústria” (cujo principal expoente foi o modelo fordista-taylorista de produção) para a pós-grande indústria (apoiada na reestruturação produtiva com vistas à assimilação do modelo toyotista) no esteio da mundialização, apoiada pela necessária “desregulamentação financeira após 1980”, cujo marco foi o Consenso de Washington em 1989. O modo de produção capitalista, seguindo uma tendência em seu desenvolvimento já apontada por Marx, avançou da subsunção “formal, material e organizacional” (PRADO, 2005, p.120) do trabalho ao capital para outra, “formal, intelectual e societária” (loc. cit.), mediante a constituição da capacidade produtiva de “compreensão da natureza” [distinta por Marx] como fonte por excelência da produtividade do homem social no estágio avançado da produção desenvolvida pelo capitalismo. Ora, essa força produtiva é tanto fonte da riqueza material e imaterial quanto, junto com o trabalho social, do valor e da mais-valia. Sendo algo que tem uma existência espiritual e que existe de modo espalhado na sociedade, aparece, entretanto, junto do trabalho como realização histórica do homem em geral, não mais como atribuição inerente ao capital (PRADO, 2005, p.135). O alto avanço tecnológico permitiu que o trabalhador coletivo fosse liberado da maior parte do trabalho material (destinado agora às maquinas) para voltar-se prioritariamente ao trabalho imaterial (técnico-científico). Desse modo, o valor transformado em preço de produção já não é mais apenas um quantum de tempo de trabalho, mas se torna influenciado, de modo qualitativo, pelos conhecimentos científicos e tecnológicos mobilizados no processo de produção com o concurso necessário dos trabalhadores, durante o tempo de trabalho (PRADO, 2005, p.125). O capital, portanto, se redefine: sua “matéria privilegiada” deixa de ser os ativos tangíveis (máquinas e equipamentos), para dar lugar aos ativos intangíveis (a própria subjetividade do trabalhador, ou, de modo mais amplo, a “inteligência coletiva” ou “compreensão da natureza”). Na verdade, ambos tendem a obedecer ao imperativo de se inverterem e se confundirem homogeneamente em capital financeiro. A forma produtiva do capital passa a se assentar nos países onde ainda se instalam os enormes parques industriais (em grande parte, países periféricos dos quais é possível extrair mão-de-obra barata) como meio de sustentação e extração do capital financeiro mundializado. Lo Vuolo (2001, p. 36) também indica esta financeirização da economia: el paradigma productivo del saber convencional pasa por la financiarización de la empresa y de toda la economía en el sentido de forzar um permanente ajuste y sumisión al poder autônomo del capital financeiro. En caso de conflicto de intereses, lo primordial es la renta financiera. Lãs empresas y el país se ponen em función de transformar la riqueza presente y futura em activos líquidos […] (LO VUOLO, 2001, p. 36). Retomando o raciocínio de Prado (op. cit.), devemos ter em vista que estas transformações do regime de acumulação obviamente vieram acompanhadas de um amplo e inegável reajuste do capitalismo em sua totalidade, originando “novos modos de [seu] funcionamento […] que decorrem dessa mundialização” (PRADO, 2005, p.119): em suma, o neoliberalismo, a sociedade de “domínio do capital financeiro” (PRADO, 2005, p. 126). O neoliberalismo remete aos novos modos de funcionamento do capitalismo, tanto no centro como na periferia: uma nova disciplina do trabalho e da gestão dos ganhos dos credores e dos acionistas; o recuo das intervenções estatais em matéria de desenvolvimento ou proteção social; o crescimento espetacular das instituições financeiras; a criação de novas relações entre os setores não-financeiros e financeiros com vantagens para estes últimos; uma nova atitude favorável às fusões e aquisições; uma grande desregulamentação financeira; um reforço do poder e da autonomia dos bancos centrais cuja ação se concentra na estabilidade dos preços; a determinação de drenar para o centro os recursos da periferia. O neoliberalismo dá novas formas à mundialização, notadamente aquelas da dívida do Terceiro Mundo e estragos causados pela livre mobilidade dos capitais. A característica principal da fase atual é a sua extensão gradual ao conjunto do planeta, sua própria mundialização.” (DUMÉNIL; LÉVY apud PRADO, op. cit., p.117-8). Nos dias de hoje a mundialização financeira unifica, dentro de um mesmo movimento, processos como: a “reforma” do Estado, a reestruturação produtiva, a questão social, a ideologia neoliberal e as concepções pós-modernas (IAMAMOTO, 2008 a). À luz de Cartaxo (2010), vivenciamos um período de mudança nos padrões sociais e econômicos e de “contrarreformas”5 nos sistemas de proteção social, principalmente no previdenciário que foi exigido se adequar aos ditames dos organismos multilaterais, acarretando em perda de direitos socialmente conquistados e “frutos” de lutas da classe trabalhadora. 5 O termo “contrarreforma” é extraído de Behring (2008), sendo que esta autora se contrapõe ao termo “reforma” considerado de uso ideológico pelos neoliberais. A pesquisadora se recusa a caracterizar como reforma processos regressivos delineados na conjuntura atual, os quais implicam em perda de direitos sociais. O desafio da profissão face às mudanças em seu objeto de intervenção O neoliberalismo inicia efetivamente o avanço de sua hegemonia sobre o Brasil no início da década de 19906, com o governo Collor (em que o ambiente político articulava a abertura comercial e a reestruturação produtiva — geradores de desemprego), ou seja, logo após a promulgação da Constituição de 1988, quando a sociedade brasileira ainda dava seus primeiros ensaios de uma verdadeira democratização e de avanços na consolidação dos direitos civis, políticos e sociais legitimados na Carta Magna7, tomando vulto no Governo Fernando Henrique Cardoso (FHC). Atrelado e subserviente aos interesses das instituições financeiras internacionais e dos governos dos países centrais, principalmente através da histórica e gigantesca dívida externa elevada absurdamente na ditadura, o Brasil é abraçado pela mundialização financeira, com o neoliberalismo obviamente vindo a reboque. Este é um período em que ocorrem processos de liberalização, desregulamentação e privatizações, acentuando as hierarquias entre os países (BEHRING, 2008). Quanto à Constituição brasileira de 1988, muitas foram as forças sociais que contribuíram na sua construção: movimentos sociais, sindicatos, militares, empresários e outros. O resultado final foi a afirmação de um “Estado democrático de direito”, com políticas públicas (principalmente as da Seguridade Social) de caráter “welfarista”. Era, grosso modo, a instituição do marco legal de edificação do “Estado de Bem-Estar Social” brasileiro, que nunca tivemos de fato. Uma sociedade livre para produzir capital, consumir, escolher seus governantes, e todas as demais liberdades liberais, na qual todos dispusessem de certas igualdades básicas perante a lei e de diversos direitos como a vida, a propriedade privada, a Saúde, a Assistência Social, a Previdência etc. A maioria noções muito caras ao liberalismo (inclusive em parte a Seguridade Social), especialmente ao que Prado (op. cit.) define como “liberalismo social”. O liberalismo social corresponde a um reconhecimento mistificado da subordinação real do trabalho ao capital. Com a grande indústria […] as forças produtivas sociais do trabalho aparecem como força do capital, de tal modo que a contribuição dos trabalhadores passa a figurar apenas como força coletiva suplementar. [… No liberalismo social] a forma do contrato de trabalho deixa de ser individual para se transformar em contrato coletivo, intermediado de algum modo pelo Estado. Essa mudança reflete, no plano jurídico, a negação da igualdade das partes assumida na relação meramente formal entre capitalistas e trabalhadores assalariados. Devido, pois, às próprias características da subsunção material, a essência do modo de produção aparece até certo ponto e, por isso mesmo, deve aparecer de um modo atenuado, não como contradição, mas como relação de uma parte forte, o capital, com uma parte fraca, o trabalho, que requer inclusive a intervenção compensatória do Estado (PRADO, 2005, p.131-2). 6 Segundo Behring (2008), a adesão brasileira ao neoliberalismo teve caráter tardio devido a condicionantes sociais e políticos existentes na época, pois vivíamos um período de transição democrática. 7 Para uma apreensão mais aprofundada deste período histórico, principalmente em termos dos avançosdaSeguridadeSocial,conferirNOGUEIRA(2002)eCORREIA(2005). Se retomamos o percurso histórico do Brasil, principalmente com a última ditadura, não podemos deixar de reconhecer até certo ponto que a Constituição de 1988 realmente contém em si conquistas dos trabalhadores e elementos que, se realizados, abrem margens a outras novas conquistas, mais significativas, efetivas e sociais (como a instituição dos Conselhos de Direito). Entretanto, não podemos também ignorar sua limitação ao marco do sistema capitalista. Este seu caráter liberal social, que lhe é intrínseco, tenderia a direcionar a sociedade brasileira — caso fosse cumprida na perspectiva de sua originalidade e integridade — como bem demonstra Prado à naturalização da contradição capital / trabalho, e conseqüentemente à administração via políticas públicas da questão social; o que não significaria imutabilidade desta tendência, pois, como é próprio do liberalismo social, a classe trabalhadora poderia galgar lenta e progressivamente a conquista de uma nova sociedade caso não permitisse que seus ganhos arrefecessem a luta de classes, em benefício do capital. Uma análise como esta, de um cenário praticamente hipotético, é necessária de ser aprofundada, visto que as políticas sociais com as quais o Serviço Social lida cotidianamente no confronto à questão social estão instituídas se não na, no mínimo em leis orientadas pela Constituição de 1988. E se temos como horizonte do exercício profissional a superação da ordem social capitalista, precisamos pensar a implementação dos bens e serviços sociais necessariamente a partir do marco constitucional liberal social em um duplo movimento: transcendê-lo pela explicitação social (ao invés da naturalização) da contradição capital / trabalho e ao mesmo tempo superá-lo, abrindo espaços dentro (e na medida do possível e necessário também fora) de sua institucionalidade para a construção de elementos que confluam e ajam em seu interior em favor da eclosão da nova ordem societária. Em outros termos, estamos tratando de vencer a busca amargurada e ressentida do “Welfare State” que nunca obtivemos, atualmente tão próximo e tão distante, que muito sutilmente se mantém impregnado na vasta produção literária do Serviço Social e em seu fazer profissional, simplesmente por ser a contra-proposta mais concreta e próxima frente ao neoliberalismo, a partir da qual possamos eventual e muito posteriormente rumar de fato à realização do projeto societário que compartilhamos, ou ainda, por um esquerdismo liberal de defesa da lei porque ela foi feita para ser cumprida e também os mesmos mecanismos democráticos que a redigiram devem ser respeitados quando se for alterála. Precisamos ser coerentes com nossas opções ético-políticas, e pensarmos, na linha do que já afirmamos, em propostas novas para uma sociedade realmente nova, e não em subterfúgios neoconservadores de retorno a uma outra forma do mesmo capitalismo, para então se pensar em sua superação, reservando a ética à estrita lógica maquiavélica, perversamente de fins deveras justificáveis. Ou, se for o caso, revermos nossas categorias e conceitos de práxis (como “Estado de Bem-Estar”, cidadania, política social, democracia e direitos) a partir de uma nova perspectiva, de fato autônoma, crítica e transformadora. Este estado de pensamento que ameaça o vigor revolucionário de nossa práxis é parte de um quadro sintomático mais amplo e crítico, que assola grande parte da sociedade, diagnosticado por Lo Vuolo (op. cit., p.11) como “la hegemonia del fatalismo del lenguaje econômico, político y social”, hegemonia esta identificada pelo autor com o próprio neoliberalismo, e sustentada não mais apenas pela classe capitalista, mas por todos aqueles que a incorporaram como seu modo de pensar. E continua: si el lenguaje en la sociedad está monopolizado por um grupo, se limita enormemente el uso pleno de las capacidades sociales para transformar su régimen de organización social mediante procesos de aprendizaje. […] Porque se congela un único sistema de interpretación del mundo de vida de las personas y se neutraliza la posibilidad de transformalo. En otras palabras, se congela um “estado de situación” que obviamente favorece una distribución determinada del poder social (LO VUOLO, 2001,p. 12). Prado (op. cit., p.134) concorda, ao afirmar que o neoliberalismo “surge como um sistema de relações sociais assimétricas e polarizadas e que gera inerentemente exclusão8, mas com o qual é preciso se conformar, já que ele é o único que permite a liberdade empresarial e a democracia representativa.” No caso brasileiro, e mesmo dos demais países latino-americanos advindos de ditaduras, percebemos claramente aqui mais um canal de penetração do ethos neoliberal. Certamente não conseguiríamos aqui fazer a soma dos muitos fatores que confluem para este “fatalismo da linguagem”, porém, estamos certos de que é resultado de uma imposição verticalmente descendente, dada pelos grupos de interesse do capital, que encontra na sociedade terreno fértil para se impregnar. Possivelmente sejam muitos os agentes fertilizantes. Alguns, herdados historicamente, como a já tratada dívida externa e a inserção histórica subalterna do Brasil nas relações comerciais no mercado mundial, refletida no atraso tecnológico e na pauta eminentemente agro-exportadora da produção, ambas internalizadas por grande parte da população como sendo naturais, abrindo margem à aceitação de uma política econômica de superávit das exportações, à resignação diante da cobrança dos países estrangeiros e das instituições financeiras mundiais pelo pagamento de dívidas, ao fetichismo e glamourização da colonização do pensamento, à ilusão da necessidade de políticas econômicas de estabilização em vista de atrair investimentos estrangeiros, ao abandono de lutas históricas como a reforma agrária e o fim da indústria da seca no Nordeste… ao exercício do domínio do capital financeiro sobre a nação. Contudo, é inegável que outros agentes foram incorporados na própria agenda neoliberal. Destacamos aqui: 8 Conservamos aqui a seqüência integral da citação apesar de discordar da idéia da exclusão; debate, porém que foge do escopo deste trabalho. a já mencionada apropriação pelo capital da “inteligência coletiva”, que se traduz em última instância na monopolização do pensamento da sociedade, direcionando-o ao estímulo da competitividade e empreendedorismo empresariais, ao desenvolvimento pessoal das “competências”, ou como também costuma ser chamado, do “capital humano”, e a comprometimento completo por parte do trabalhador com o capital; a indução ao coma prematuro do possível “Estado de Bem-Estar Social” brasileiro mediante a reforma do Estado9, segundo o princípio de que ele deve ser, pois, um Estado que cria ativamente as condições para a acumulação de capital, que protege os monopólios das crises econômicas, que enfraquece o poder dos sindicatos de trabalhadores assalariados, que despoja os trabalhadores da seguridade social, que privatiza as empresas pública, que transforma a oferta de bens públicos […] em serviços mercantis, que não só levanta, enfim, os obstáculos ao funcionamento dos mercados e das empresas, mas é capaz de criar as condições para que estas últimas operem de modo lucrativo (Prado, op. cit., p.132-3). A contrarreforma do Estado, que permanece em curso, solapou esperanças, relegando grandes massas de trabalhadores ao trabalho flexível, precarizado, se não “informal”, impassível de mobilização, submisso à “boa-vontade” de permanência do capital financeiro, e conseqüentemente à condição de insegurança social, à medida que os bens e serviços públicos vão sendo progressivamente relegados à ação quase sempre difusa, fragmentária, descontrolada socialmente, dispersa, focalista, residual e meritocrática do conceitualmente inconsistente terceiro setor10 e das empresas, com seus projetos de “responsabilidade sócio-ambiental” — como se o capital financeiro pretendesse ter alguma responsabilidade senão com sua própria reprodução. Paulatinamente, sob a falácia destes serem expressão do avanço democrático, as classes trabalhadoras vão sendo tolhidas quanto às possibilidades de exercício efetivo da democracia em sua radicalidade, devendo ser aqui incluída a criminalização crescente dos movimentos sociais. Para Mota (1995), para a contrarreforma do Estado ter legitimidade produziu estrategicamente uma “cultura da crise”11(idem, p. 72), como um amplo consenso, ao qual aderem indistintamente as classes burguesas e subalternas, de que não há alternativas para a superação da crise além do projeto neoliberal, o qual superaria, portanto, as contradições e projetos de classe. A autora, portanto, situa as bases materiais sobre as quais se assentam este modo de pensamento totalizante e fatalista, processador da nova hegemonização burguesa dentro da ordem capitalista, ao mesmo tempo em que analisa as diferentes vertentes de compreensão das razões e desdobramentos da crise, terminando por localizar sua concepção sobre o novo padrão de acumulação capitalista emergente na corrente teórica da acumulação flexível. No 9 Para uma análise da reforma do Estado brasileiro a partir da ótica neoliberal, ver MALAN (2002) e MARINI (2003). Já a partir de uma perspectiva crítico-marxista, ver MONTAÑO (2007). 10 MONTAÑO (2007), CORREIA (2005) e NOGUEIRA (2002) oferecem densa e vasta análise sobre a questão tendo como referência o pensamento gramsciano. 11 Para maiores detalhes ver MOTA (1995). discurso neoliberal se coloca a existência de uma nova ordem na qual todo o povo deve se adequar, requerendo ajustes estruturais que atingem a todos de forma supostamente igual e exige “sacrifícios” destes. Essa “cultura da crise”, difundida pela classe dominante, colocava em evidência a necessidade de redução de gastos com as políticas sociais, as quais eram “culpadas pela crise”, e possibilitava ao capital efetuar mudanças econômicas sem perder a hegemonia. Tal cultura tem como componentes centrais o pensamento privatista e a constituição de cidadão-consumidor, com o sentido de assegurar a adesão de todos às transformações no mundo do trabalho e dos mercados. Nesta época, Fernando Henrique Cardoso se elegeu com o discurso da estabilização da moeda (o Plano Real integrava planos de estabilização do Consenso de Washington) e deu continuidade às reformas preconizadas pelos organismos multilaterais. Como decorrência da adaptação dos países às imposições do mercado financeiro houve no país diminuição dos gastos públicos em serviços essenciais, restrição das políticas sociais12, além do incentivo do Estado aos capitais estrangeiros oferecendo-lhes “atratividade”, em especial por meio de renúncia fiscal. Outras conseqüências do ajuste neoliberal para a política social são: flexibilização dos direitos sociais conquistados, privatização dos serviços públicos, a “reforma” do Estado (BEHRING, 2008). Nos termos de OLIVEIRA (1998), “O Estado é máximo para o capital e mínimo para o social”. Segundo MARINI (2003), o governo FHC propagou ideologicamente a necessidade de realização de “reformas” na Administração Pública como forma estratégica de enfrentamento da crise (fiscal e administrativa) do Estado, a qual ficou conhecida como Nova Gestão Pública ou reforma gerencial. Para este estudioso, há semelhanças entre o governo supracitado e o Governo Lula (2003-2010), pois Luiz Inácio Lula da Silva ainda como candidato à presidente da República brasileira — em 2002 — lançou uma carta conhecida como “carta ao povo brasileiro”, comprometendo-se a dar continuidade às “reformas” de seu antecessor. A diferença entre ambos está na direção adotada em seus discursos, sendo o de Lula positivo em relação à situação brasileira e do Estado. Para ele, o Estado é apresentado como solução para a crise depois de fazer algumas “reformas”, diferindo-se de FHC no processo de implementação do Plano de Reforma do Estado13 (MARINI, 2003). A contrarreforma da Previdência Social, como parte das “reformas” institucionais, foi um dos alvos prioritários devido a sua importância social, econômica e política, justificando-se por diversas razões, tais como: a) a questão da equidade e da justiça entre os contribuintes do Regime Geral da Previdência Social (RGPS) com os do Regime Próprio do Funcionalismo Público; b) a questão 12 Para FHC, as políticas sociais previstas na Constituição Federal de 1988 do Brasil aumentavam o déficit público (BEHRING, 2008). 13 Segundo MARINI (2003), Lula lançou em 2002 a chamada “Carta ao povo brasileiro” com vistas em marcar sua posição junto ao anseio popular, por um lado, e de outro, comprometendo-se a realizar “reformas estruturais, de combate à inflação e equilíbrio fiscal”. Segundo CARTAXO e CORDEIRO (2008), a primeira reforma da Previdência nesse governo ocorreu com rapidez. Lula para se eleger teve apoio tanto da classe trabalhadora como da classe média brasileira aliada à grande burguesia e ao imperialismo. demográfica, havendo inversão na pirâmide demográfica na atualidade, o que gera uma desproporção entre contribuintes ativos e aposentados, haja vista que o sistema financeiro previdenciário brasileiro é prioritariamente do tipo repartição simples que se baseia na solidariedade entre gerações – dos jovens para os idosos; c) os encargos empresariais comprometeriam a competitividade das empresas; d) um suposto “déficit” da Previdência. Estes aspectos oficiais foram divulgados nos meios de comunicação para a formação de uma “cultura da crise” e houvesse consentimento da população com o desmantelamento da Previdência Social (CARTAXO, 2009). No contexto de crise passam a ser questionados os custos da força de trabalho. Nos termos de CHESNAIS (1996), com a ascensão do capital financeiro se busca obter a máxima produtividade do trabalho sem a preocupação com as conseqüências sobre o nível de emprego. Para ANTUNES (1999) e VALENCIA (2009), o mundo do trabalho está caracterizado pela destruição, precarização e eliminação dos postos de trabalho e pelo desemprego estrutural. O sistema capitalista produz mercadorias, tecnologias e serviços não para satisfazer necessidades humanas em abstrato, como postula a teoria neoclássica e funcionalista, mas sim para elevar ao máximo a acumulação e a rentabilidade geral do sistema, mesmo que este se encontre imerso num ciclo depressivo como o que se experimenta na atualidade (VALENCIA, 2009, p. 39). Nesse sentido, as mudanças operadas a partir da introdução de novas formas de organização e exploração da força de trabalho pelo capital são funcionais ao resgate da rentabilidade do capital, tendo impactos desastrosos para a classe trabalhadora, tais como: aumento do desemprego, redução da estabilidade no trabalho, diminuição dos salários, perda do poder dos sindicatos, intensificação do trabalho, aumento da jornada de trabalho, empregos temporários, subempregos, terceirização, polivalência, enfim, havendo a flexibilização das relações e dos contratos de trabalho e impactos nas legislações sociais (perca de direitos sociais / redução da proteção social / políticas focalizadas) (ANTUNES, 1999). Não devemos, contudo, perder a origem deste emaranhado, que se encontra na contradição entre capital e trabalho. Segundo Prado, o neoliberalismo expressa o reconhecimento da contradição entre trabalho e capital, ainda que também de um modo mistificado. A contradição é assumida como disposição social cujo desenvolvimento conflituoso deve ser necessariamente bloqueado e cuja natureza deve ser contrariada por meio de uma unificação de classe. Agora, é a própria contradição que tem de ser objetivamente neutralizada. […] A contradição entre capital e trabalho não é pois, ocultada; ela aparece de certo modo, mas é apresentada como uma espécie de moto-perpétuo concorrencial necessário à boa sociedade, para o qual não há — diz o neoliberalismo — alternativa (Prado, 2005, p.134). Colocada a questão de outra forma, o capital tem se reconhecido abertamente enquanto tal, mas ao mesmo tempo passando a impressão de que seja necessário, benéfico, e esteja ao alcance de todos. Haveria capitalistas e trabalhadores; mas não, luta de classes. Pelo contrário, todos são “colaboradores” na manutenção da empresa, e na ausência de utopias societárias, o trabalhador espera que o capitalista extraia, graças a seu trabalho, o máximo de lucro / capital (mais-valia) em vista do crescimento econômico possível de ser alcançado, pretensa condição para a melhoria nas condições de vida do país. Interesses caóticos e inconciliáveis, portanto, confluiriam harmonicamente, mediante o exercício da solidariedade, do empreendedorismo, do voluntariado, da responsabilidade sócio-ambiental, através da qual seriam afirmadas a igual condição de todos e o objetivo comum de redução das desigualdades sociais mediante um grande mutirão. As desigualdades sociais, assim, também se mostram evidentes, porém se assume que não apenas não há como, mas também que não se deve erradicá-las. Quando estas, por conseguinte, se manifestam mediante suas expressões, ou seja, a questão social, as respostas dadas dificilmente fogem dos campos — apesar de aparentemente contraditórios, engendrados da mesma forma — do anestesiamento social, da indignação frente aos governantes (e somente a eles), dos protestos inócuos e midiáticos, ou do apelo assistencialista, seja a alguém “mais capaz” de solucionar, seja doing yourself14. Toda esta trama de aparências / essências do neoliberalismo se complexifica ainda mais se fazemos, bastando de modo muito breve, um retorno de nosso olhar sobre o desenrolar destes processos sociais no contexto da mundialização. Ao passo que o capital se torna cada vez mais mundial, o trabalho, em grande maioria, permanece nacional, porém, progressivamente desprovido de uma nação da qual efetivamente faça parte. Conseqüentemente, não só persistem as desigualdades sociais de nosso povo em relações aos de outros países como Estados Unidos, os da União Européia e do Japão, mas também seus custos — novamente, a questão social — permanecem aqui no Brasil. Basta nos questionarmos: nós, incluindo os mais pauperizados, temos livre trânsito nestes países, possibilidades de lá nos estabelecermos? O capital financeiro no mínimo sofre alguma tributação para subsidiar políticas sociais redistributivas nos países em que foi gerado, ou, pensando de forma ainda mais utópica, as instituições financeiras internacionais e as grandes potências pensam na construção de um sistema de proteção social internacional, voltado prioritariamente em um primeiro momento em, no mínimo, reduzir substancialmente as disparidades internacionais nas condições de vida? Certamente, não é por acaso que elas preferem patrocinar organizações do terceiro setor internacionais para virem ao Brasil e a outros países periféricos desenvolver programas humanitários, mediante os quais contribuem com a ilusão da globalização, pela qual nos mantemos satisfeitos em sermos visitados e a navegar virtualmente pelo mundo, sem ameaçar a transposição das fronteiras de outrem, e o que é pior, com a colonização das lutas sociais, à medida que nutrem aquele fatalismo do qual tratávamos, de que nada podemos fazer, a não ser os 14 Faça você mesmo. estrangeiros, mais capazes, aqueles que realmente sabem desenvolver projetos para atenuar as mazelas sociais, e com os quais passamos a ter uma dívida de gratidão, pois voluntariamente se propuseram a vir aqui nos ajudar. O Serviço Social, evidentemente, não fica imune diante deste quadro, pelo contrário, é parte da classe trabalhadora e, portanto, está sujeito a todas suas implicações aqui tratadas. Um primeiro desafio que se lhe apresenta é o de superar o “fatalismo da linguagem” para que não caia na apreensão e estratégia de enfrentamento da questão social neoliberais. O outro, é o de ir além, e construir alternativas condizentes com seu projeto profissional e em articulação com todos os sujeitos coletivos que compartilham do mesmo projeto societário, frente ao discurso inevitável. Os assistentes sociais precisam atuar na direção da práxis revolucionária no cotidiano do exercício profissional, na perspectiva de construírem com os usuários, a partir de uma perspectiva crítica e de totalidade, os bens e serviços sociais, e ao mesmo tempo, mediante este trabalho, formarem novas subjetividades que agem e escolhem eticamente em vista do consenso contra-hegemônico da classe trabalhadora. Neste sentido, o aprofundamento do conteúdo ético da profissão torna-se imprescindível, à medida que identifica a opção pela profissão com a opção pela recusa do fazer profissional fatal. De acordo com o que propõe Nogueira (2001), é necessário imprimir à profissão um movimento direcionado ao “Estado ampliado”. Trata-se de uma tarefa de amplas possibilidades, sendo uma delas, privilegiada, a participação nos Conselhos de Direitos, devendo ser eles valorizados e ocupados crescentemente pela sociedade civil como efetivos espaços democráticos dos quais ainda dispomos. Conclusão De modo geral, concluímos que a conjuntura histórica atual do país requer da profissão que ela não fuja, mas ocupe espaços nas empresas, nos movimentos sociais, nas ONGs, nas associações de bairro, nos Conselhos de Direito como já dito, na sociedade política (cabendo aqui o também vasto leque de alternativas, como cargos governamentais, o magistério universitário, o poder judiciário dentre outros) etc, e abra novos locus nos quais pulula a questão social e que por isso demandam sua intervenção (como a questão ambiental, a educação e a deficiência), pois somente estando presente conseguirá efetivamente exercer seu papel de mediação em vista da realização do projeto profissional / societário. Por fim, cabe ressaltarmos que há muitos pontos abordados neste trabalho que podem ser tomados como objeto de estudos mais aprofundados, principalmente quanto a este debate sobre a construção do novo no contexto do neoliberalismo / mundialização financeira, que precisa receber maior atenção na produção de conhecimentos do Serviço Social, mas ao mesmo tempo, pela própria dinamicidade dialética da práxis, passa pela criação cotidiana, de modo geral, isoladamente sem vulto, mas que progressivamente vai adensando seu conteúdo e forma. É um campo onde não há fórmulas mágicas ou simplesmente equacionáveis, no qual um único intelecto genial seja capaz de vislumbrar o plano de ação, mas que requer obrigatoriamente a construção coletiva, a práxis feita de forma amplamente social, pois somente à medida que construirmos socialmente a nova sociedade esta poderá de fato se tornar realidade, enquanto “sociedade humana ou a humanidade socializada” (MARX apud KONDER, 1992, p.122), da qual, segundo Santos (2006), “estamos fazendo o ensaio do que será”. Referências ANTUNES, R. Os Sentidos do Trabalho: ensaio sobre a afirmação e negação do trabalho. São Paulo: Boitempo, 1999. BEHRING, E. Brasil em contra-reforma. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008. BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. CARTAXO, Ana Maria Baima. Projeto de Pesquisa: os impactos das transformações societárias contemporâneas na formação e no exercício profissional do Assistente Social no contexto previdenciário.In: SEMANA DO ASSISTENTE SOCIAL. Anais... Florianópolis: UFSC, 2010. ______. Anotações de aula da disciplina Serviço Social e Seguridade Social: Previdência. 21 maio 2009. Notas de aula. Mimeografado. CFESS. Código de Ética Profissional do Assistente Social. 1993. CHESNAIS, F. A mundialização do capital. São Paulo: Xamã, 1996. CORREIA, Maria Valéria Costa. Que controle social na saúde? In:______ Desafios para o controle social: subsídios para capacitação de conselheiros de saúde. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2005, p.47-78. ENCONTRO com Milton Santos ou o mundo global visto do lado de cá. Direção: Silvio Tendler. Brasil: Caliban Produções Cinematográficas, 2006. 1 DVD (89 min), son. color., letterbox. IAMAMOTO, M. V. O Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional. São Paulo: Cortez, 2011. ______. As dimensões ético-políticas e teórico-metodológicas no Serviço Social contemporâneo. Trajetória e desafios. In: SEMINÁRIO LATINOAMERICANO DE ESCUELAS DE TRABAJO SOCIAL, 18., 2004, San José. Boletín Electrónico Sura… San José: Universidad de Costa Rica, 2005. Disponível em < http://www.ts.ucr.ac.cr/binarios/sura/sura-0107.zip>. Acesso em: 08 de junho de 2008. ______. Serviço Social em tempo de capital fetiche: capital financeiro, trabalho e questão social. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008 a. KONDER, Leandro. O Futuro da filosofia da práxis: o pensamento de Marx no século XXI. 2.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. p.97-128. MALAN, Pedro Sampaio. O Brasil na primeira década do século XXI — perspectivas do desenvolvimento com estabilidade. In: BIELSCHOWSKY, R. (org.). Políticas para a retomada do crescimento: reflexões de economistas brasileiros. Brasília: IPEA; CEPAL, 2002. p.185-207. MARINI, Caio. Aspectos contemporâneos do debate sobre a reforma da administração pública no Brasil: a agenda herdada e as novas perspectivas. In: VII Congreso Internacional Del CALD sobre la Reforma del Estado y de la Administracion Pública, Panamá, 28-31 oct. 2003. 10p. MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto comunista. São Paulo: Boitempo, 2010. MONTAÑO, Carlos. Terceiro setor e questão social. Crítica ao padrão emergente de intervenção social. 4.ed. São Paulo: Cortez, 2007. 288 p. MOTA, A. E. Cultura da Crise e Seguridade Social: Um estudo sobre as tendências da previdência e da assistência social brasileira nos anos 80 e 90. São Paulo: Cortez, 1995. NETTO, José Paulo (2006), A Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social, In: Freire, Lúcia M. B. Freire & Castro, Alba Tereza Barroso (org.) (2006). Serviço Social, Política Social e Trabalho, São Paulo: Cortez/ Rio de Janeiro: UERJ, (pp. 141160). NOGUEIRA, Claudia Mazzei. O capitalismo recente e a questão feminina. Fordismo, reestruturação produtiva e precarização do trabalho feminino. In: ______. A feminização no mundo do trabalho. Campinas: Autores Associados, 2004. cap. 2. NOGUEIRA, Marco Aurélio. A dialética estado / sociedade e a construção da seguridade pública. Cadernos ABONG. Políticas de assistência social: uma trajetória de avanços e desafios. n.30. Brasília, nov. 2002, pp.13-54. OLIVEIRA, F. Os direitos do antivalor. Petrópolis: Vozes, 1998. PRADO, Eleutério. Pós-grande indústria e neoliberalismo. In: ______. Desmedida do valor: crítica da pós-grande indústria. São Paulo: Xamã, 2005, p.117-37. VALENCIA, A. S. A reestruturação do mundo do trabalho: superexploração e novos paradigmas da organização do trabalho. Uberlândia: EDUFU, 2009. VUOLO, Rubén M. Lo. Alternativas. La economia como cuestión social. Argentina: Altamira, 2000. p.11-44. cap.1-2. WALLERSTEIN, Immanuel. Mundialização ou era de transição? Uma visão de longo prazo da trajetória do sistema-mundo. In: CHESNAIS, F. (org.). Uma nova fase do capitalismo? São Paulo: Xamã, 2003. p.71-92.