título do resumo

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A INFLUÊNCIA DO COMPORTAMENTO GOVERNADO POR REGRAS NA
AQUISIÇÃO E MANUTENÇÃO DE UM ANÁLOGO EXPERIMENTAL DE
PRÁTICAS CULTURAIS
Paola Rafaela Vitali Taciano, Vitor Miranda de Araujo, Camila Muchon de Melo,
e-mail do orientador: [email protected]
Universidade Estadual de Londrina/Centro de Ciências Biológicas/CCB
Área e subárea do conhecimento: Psicologia/Psicologia Experimental.
Palavras-chave: Práticas culturais; Comportamento governado por regras;
Responsabilização.
Resumo
Os fenômenos sociais têm sido estudados pela Análise do Comportamento.
Contudo, há questões que carecem de compreensão, tal como o papel do
comportamento verbal em relação às contingências comportamentais
entrelaçadas (CCEs). O presente estudo buscou, a partir dos dados verbais de
um análogo experimental de práticas culturais de responsabilização, verificar
se o comportamento controlado por regras afeta a aquisição e a manutenção
de práticas culturais. Participaram do estudo 18 estudantes universitários e
foram analisados os episódios verbais ocorridos em duas sessões
experimentais. A análise foi feita por meio da categorização de episódios
verbais, definidos aqui como “regra”, podendo ser classificadas como instrução
acurada, regra mitológica ou regra coercitiva. Os resultados demonstraram que
o comportamento verbal foi um facilitador para a aquisição e manutenção da
prática cultural, apesar dela ter sido selecionada mesmo quando os sujeitos
não descreveram acuradamente a contingência.
Introdução
Os fenômenos sociais têm sido estudados pela Análise do Comportamento
(ANDERY et al., 2005; BAUM et al., 2004). O comportamento verbal, como um
comportamento social, segue o mesmo princípio operante. Regras são
estímulos discriminativos verbais que descrevem as contingências. O episódio
verbal confere a participação de um falante, aquele que emite o
comportamento verbal, e do ouvinte (SKINNER, 1957). Skinner (1969/1984)
descreve que o comportamento governado por regras e o comportamento
controlado por contingências estão sob diferentes controles de estímulo, e são,
dessa forma, diferentes operantes. Afirma ainda que o comportamento
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modelado pelas contingências não implica no conhecimento das regras. Podese, portanto, agir com ou sem o conhecimento das regras.
Em estudos atuais, Glenn (1986) cunhou o conceito de
metacontingência como uma nova possibilidade de compreender a evolução de
práticas culturais. As contingências comportamentais entrelaçadas (CCEs) são
componentes de uma metacontingência e funcionam como unidade integrada,
resultando em um produto agregado que pode influenciar na probabilidade de
ocorrências futuras das contingências comportamentais entrelaçadas, por meio
do um ambiente receptor selecionador (GLENN et al., 2016). Andery et al.
(2005) descrevem uma possibilidade de contingência entrelaçada, as
contingências de suporte, as quais operam sobre contingências individuais que
participam do entrelaçamento. O comportamento verbal é uma contingência de
suporte. Portanto, compreender de que forma o comportamento verbal
influencia na seleção e na manutenção de práticas culturais é essencial para a
compreensão dos fenômenos sociais em geral.
O presente estudo buscou a partir dos dados de comportamentos
verbais de um experimento de microcultura (ARAUJO, 2015), com prática
análoga à de responsabilização, verificar se o comportamento controlado por
regras afeta a aquisição e a manutenção de práticas culturais.
Procedimentos metodológicos
Participaram do estudo 18 estudantes universitários, os quais foram divididos
em 5 microculturas (MCs). O experimento foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa com seres humanos da Universidade Estadual de Londrina
(CAAE: 41725915.4.0000.5231) e todos os participantes assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. Analisou-se os dados verbais da MC2 e
MC3. Para tanto, as sessões foram gravadas em vídeo, assistidas e transcritas
integralmente. Foi considerado um episódio verbal uma fala completa do
participante. Classificou-se as frases a partir da categorização descrita por
Baum et al. (2004), sendo divididas em: a) instruções acuradas, regras que
descrevem de modo correto, parcial ou completamente, as contingências; b)
mitológicas, regras que descrevem incorretamente as contingências e; c)
coercitivas, regras que apenas especificam o comportamento a ser emitido sem
descrever as contingências.
Resultados e Discussão
As duas microculturas analisadas atingiram o critério de estabilidade (ABABAB)
em ambas as condições experimentais, realizando as reversões programadas.
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Figura 1 - Número cumulativo de episódios verbais de cada microcultura.
Como demonstra a Figura 1, a MC2 apresentou um total de 43 episódios
verbais durante todo o experimento, sendo 12 episódios verbais do tipo
instruções acuradas, 7 mitológicas e 24 coercitivas. A microcultura 3
apresentou um total de 119 episódios verbais durante todo o experimento,
sendo que não apresentou instruções acuradas, emitiu um total de 13 regras
mitológicas e 106 coercitivas.
Pode-se observar comparando as duas microculturas que a MC2
apresentou regras do tipo instruções acuradas, enquanto a MC3 não
apresentou. Entende-se, correlacionando com os dados de Araujo (2015), que
o comportamento verbal facilitou a aprendizagem da prática cultural vigente, já
que a MC2 necessitou de poucas rodadas para cumprir o critério de
estabilidade. Esse resultado corrobora a literatura, na medida em que Skinner
(1969/1984), por exemplo, descreveu que sem o comportamento verbal as
práticas culturais se reproduziriam mais lentamente, com menos facilidade e
consistência. Glenn (1986) afirma também a importância do comportamento
verbal, como uma contingência de suporte, pois preenche a lacuna entre o
comportamento e a consequência a longo prazo.
A MC3 apresentou quase que o dobro de regras mitológicas em relação
à MC2 (MC3 apresentou 13 regras e a MC2, 7), sugerindo que, apesar da
inexistência de regras do tipo instruções acuradas na MC3, os participantes se
comportaram de modo a tentar descrever as contingências em vigor. Se
comparado com os dados de Araujo (2015), há uma forte evidência de que o
comportamento verbal emitido pelos participantes de ambas as microculturas
influenciou na aprendizagem da prática cultural, já que na MC3 os sujeitos não
apresentaram instruções acuradas, mas apresentaram instruções mitológicas,
e a MC3 demorou mais rodadas para que a prática surgisse e ficasse sob o
controle das consequências culturais programadas.
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Conclusões
Com base nos dados obtidos, pode-se afirmar que o comportamento verbal foi
um facilitador para a aquisição e manutenção da prática cultural de
responsabilização, apesar da prática cultural ter sido selecionada mesmo
quando os sujeitos não descreveram acuradamente a contingência.
Agradecimentos
Projeto
de
pesquisa
número
9551
aprovado
na
CHAMADA
MCTI/CNPQ/MEC/CAPES Nº 22/2014 em Dezembro de 2014. Agradeço à
Fundação Araucária e ao CNPq pela oportunidade e incentivo ao me beneficiar
com a bolsa de Iniciação Científica. À minha orientadora e aos colegas do
projeto do qual este estudo faz parte.
Referências
ANDERY, M. A. P. A. et al. A análise de fenômenos sociais: Esboçando uma
proposta para a identificação de contingências entrelaçadas e
metacontingências. Revista Brasileira de Análise do Comportamento, 1,
149-165, 2005.
ARAUJO, V. M. Prática cultural de responsabilização: um análogo
experimental em microculturas de laboratório. 2015. 53 p. (Dissertação de
Mestrado), Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2015.
BAUM, W. M. et al. Cultural evolution in laboratory microsocieties including
traditions of rule giving and rule following. Evolution and Human Behavior, 25,
305-326. 2004. doi: 10.1016/j.evolhumbehav.2004.05.003
GLENN, S. S. Metacontingencies in Walden Two. Behavior Analysis and
Social Action, 5, 2-8, 1986.
GLENN, S. S. et al. Toward consistent terminology in a behaviorist approach to
cultural analysis. Behavior and Social Issues, 25, 11-27, 2016.
SKINNER, B. F. Verbal behavior. New York, NY: Appleton-Century-Crofts,
1957.
______. Contingências do reforço: uma análise teórica. (R. Moreno, Trad.).
Coleção “Os pensadores”. São Paulo, Abril Cultural, 1984. (Trabalho original
publicado em 1969).
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