ÁGUAS EM SUA CIDADE Autoria: Noely Mendes Paez – 1, Valquíria Aguiar Meneguez – 2 Instituição: 1 - Laboratório Interdisciplinar De Formação Do Educador – LAIFE - Faculdade De Filosofia Ciências E Letras De Ribeirão Preto - USP 2 - Laboratório Interdisciplinar De Formação Do Educador – LAIFE - Faculdade De Filosofia Ciências E Letras De Ribeirão Preto - USP Resumo: Esta prática parte da observação e identificação dos cursos d’água da área urbana do município de Ibitinga/SP, possibilitando análises posteriores sobre como a comunidade local se relaciona com o meio ambiente de onde vivem. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) , a Geografia tem por objetivo estudar as relações entre o processo histórico na formação das sociedades humanas e o funcionamento da natureza por meio da leitura do lugar, do território, a partir de sua paisagem. Assim, é partindo deste conceito de Geografia que a presente prática pedagógica busca incentivar o interesse dos alunos pelas características da localidade em que vivem, uma vez que acreditamos ser através desta análise da paisagem local que ele poderá compreender como ela se constituiu ao longo do tempo e através de heranças sucessivas das relações entre sociedade e natureza. Para isto foram utilizados mapas da cidade, imagens fotográficas locais, atlas escolar digital, trabalho de campo, tudo objetivando facilitar a compreensão do estudo proposto. A presente prática ainda não foi finalizada. Nossos resultados ainda são parciais, pois ainda estamos desenvolvendo as atividades com os alunos, uma vez que elas são parte integrante do planejamento que foi realizado no início do ano. No entanto, podemos afirmar que até a fase em que estamos os alunos têm se mostrado envolvidos e interessados no assunto que está sendo abordado. Palavras-chave: cursos d’água; meio ambiente; prática pedagógica. Objetivos: Identificar a denominação e a distribuição espacial dos cinco córregos existentes na área urbana do município. Analisar as condições socioambientais (presença de mata ciliar, de resíduos sólidos e emissão de esgoto) dos mesmos. Introdução: Esta prática está inserida num contexto mais amplo que é o da pesquisa Práticas Educativas Sobre a Localidade e o Cotidiano de Ribeirão Preto, desenvolvido pelo Grupo de Estudos Da Localidade (ELO), sediado no LAIFE, instalado na FFCLRP, da USP. Este grupo é coordenado pela professora doutora Andréa Coelho Lastória e desde o ano de 2006 vem desenvolvendo esta pesquisa, que teve como primeiro produto a elaboração do Atlas Escolar, Histórico, Geográfico e Ambiental de Ribeirão Preto. Como uma das autoras, membro do grupo, é professora na cidade de Ibitinga, decidiu-se por elaborar um trabalho, onde foi utilizado este Atlas Escolar numa outra localidade. Escolheu-se iniciar a abordagem do tema As Águas Em Sua Cidade, partindo da escala local, no caso a cidade de Ibitinga e, em seguida, ampliar para a escala regional, quando foi introduzido o trabalho com o Atlas Escolar do município de Ribeirão Preto. Acreditamos ser de grande importância a sistematização do conhecimento sobre o lugar onde vivem os alunos, tendo em vista que, o município de Ibitinga é uma Área de Preservação Ambiental – APA, esta preocupação torna-se latente para toda a comunidade. A área de abrangência desta APA coincide com a área do município, que se localiza junto à margem direita do rio Tietê. Desta forma, levar os alunos a observarem, representarem, descreverem e analisarem as condições ambientais do local onde vivem é de grande importância, para que eles possam compreender como todos nós somos agentes das transformações que ocorrem a todo momento no lugar onde vivemos. Pretende-se com isso possibilitar a formação de alunos com atitudes críticas e conscientes em relação ao local onde vivem e interagem a todo momento. Metodologia: Como a cidade de Ibitinga está localizada dentro de uma área de preservação ambiental, reconhecer os atributos naturais que possibilitam a ela estar nesta condição é muito importante para os alunos. Desta forma, para levantar os conhecimentos prévios dos alunos, a prática teve início com uma atividade, onde eles foram estimulados a desenharem os pequenos rios existentes no espaço urbano do município de Ibitinga. Esta primeira atividade foi muito importante, pois possibilitou à professora analisar como os alunos se utilizam dos símbolos cartográficos, se eles têm noção de legenda, de proporção, de referências e orientação espacial. Isto permitiu que estas noções fossem sendo trabalhadas com os alunos que no decorrer das aulas. Durante a comparação entre seus trabalhos e o mapa da cidade, eles puderam constatar a localização real desses pequenos rios. Como parte das atividades desenvolvidas ao longo da prática, foi feita a leitura e análise da página Bacias Hidrográficas, do Atlas Escolar Histórico, Geográfico e Ambiental de Ribeirão Preto, que serviu como base de conhecimento para a construção dos vários conceitos relacionados ao tema. Foi realizado um estudo do meio com os alunos, para que pudessem observar a paisagem da área onde os córregos se localizam e as condições ambientais do entorno. Acreditamos que uma das formas de possibilitar que os alunos tenham uma atitude consciente em relação à conservação e valorização das águas superficiais de sua cidade, seja a de desenvolver atividades que os levem a refletir sobre como elas são apropriadas por eles e por toda a sociedade local. Resultados: Nossos resultados ainda são parciais, pois como a prática pedagógica faz parte de um estudo mais abrangente da localidade e das possibilidades de uso do Atlas em sala de aulas, as atividades ainda estão em desenvolvimento. Os alunos, após verem “in loco” a qualidade das águas dos córregos, ficaram mais preocupados com o que é neles despejado. Também começam a se referir a eles de uma forma mais familiar, passando a utilizar seus nomes para denominá-los e não mais as expressões grotescas, as quais estavam acostumados. É importante destacar que essas expressões são muito comuns na maioria dos municípios que tem seu esgoto despejado diretamente nos rios, sem nenhum tratamento. Esta foi uma questão muito questionada pelos alunos durante o estudo do meio. Considerações finais: Julgamos que este tipo de prática pedagógica contribua com a mudança do paradigma dos alunos no que se refere a importância das águas superficiais da cidade. Os mesmos alunos que até então só se referiam aos córregos com denominações grotescas, já se referem a eles por seus nomes próprios quando os observam no trajeto casaescola, ou nos seus passeios com a família. Constatamos pelos diálogos que se seguiram durante as aulas, que vários alunos passaram a observar os córregos de uma maneira mais atenta e a questionar a falta de ação do poder público, no que se refere à ausência de tratamento do esgoto que é despejado diretamente nos córregos. Agradecimentos: A todos os membros do Grupo de Estudos da Localidade – ELO, pelas inúmeras sugestões, questionamentos e estímulos dados, que possibilitaram o crescimento e aperfeiçoamento desta prática. Ao Laboratório Interdisciplinar de Formação do Educador – LAIFE, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, na Universidade de São Paulo – FFCLRP / USP, local institucional onde é desenvolvida a pesquisa. À Secretaria Municipal de Educação de Ibitinga por ter cedido os ônibus para transportarem os alunos, as imediações dos córregos que foram analisados e à equipe gestora da Escola Estadual Professor Ângelo Martino, da cidade de Ibitinga, pelo apoio constante durante a execução da prática. Referências: BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. 5ª. à 8ª. Séries. Geografia. Brasília: MEC/SEF,1998. CARLOS, Ana Fani Alessandri (Org.). A geografia na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1999. LASTORIA, A. C.; ANTONIO, L. O. ; CAZETTA, V.; COUTO, M. A.; DEZAN, M. D. S. de; DIAS, T. S.; FAEDA, L. M. A. S.; FERNANDES, S.A.S. de ; FERREIRA, M. N. ; FISCHER, E. G. ; FREITAS, G. V. ; GUZZO, P. ; HENRIQUES, O.K. ; MELLO, R. C.; MENEGUEZ, V. A.; MORAES, C. C. ; OLIVEIRA, L. ; PADUA, J. ; PAEZ, N. M. ; PEREIRA, C. Q. T. ; RAMOS, T. H. S. ; RODRIGUES, E. S. E. S. ; SALGADO, E. M. ; SANTOS, J. F. A. ; SARTORIO, S. L. ; SILVA, J. R. M. ; SUDAN, D. C. ; ROSA, A. V. . 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