Texto complementar Maternidade em xeque Mara Figueira GEOGRAFIA 1 Geografia Assunto: Maternidade Maternidade em xeque [...] Hoje, porém, não há como negar que a opção de não ter filhos está disponível nos países desenvolvidos e também nas nações em desenvolvimento, como o Brasil.“A partir do momento em que as tecnologias contraceptivas permitiram separar a sexualidade da reprodução, abriu-se uma outra opção para homens e mulheres, principalmente nas classes médias, de que a realização pessoal não passa necessariamente pela paternidade e pela maternidade. É uma questão de escolha pessoal e não mais uma obrigação pessoal. E poder escolher o número de filhos – ou não ter filho algum – é uma conquista importante de homens e mulheres’” explica a socióloga Elisabete Dória Bilac, pesquisadora do Núcleo de Estudos da População (NEPO), da Universidade Estadual de Campinas. “Nesse sentido, não há nada de errado em escolher não ter filhos, já que vivemos hoje em uma sociedade multicultural, com demandas diferenciadas de grupos diferenciados”,completa Lucia Scavone. Filhos: tê-los ou não? A situação no Brasil Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil contará, em 2050, com uma população total de quase 260 milhões de habitantes, um crescimento absoluto de mais de 75 milhões de pessoas em relação ao ano de 2005. Por trás desses números gigantescos, porém, a realidade é que a taxa de fecundidade total – o número médio de filhos que uma mulher tem ao final de seu período fértil – tem declinado. [...] O resultado prático dessa média pode ser visto na composição da população. Em 1995, o percentual de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos na população total era de 32,2%. Em 2005, essa participação caiu para 26,5% e, em 2050, as projeções populacionais indicam que a proporção de crianças e adolescentes alcançará 17,8%. Segundo o IBGE, em 2005, o número de mulheres em idade de reprodução somava 51,2 milhões de pessoas sendo que, destas, 63% tinham pelo menos um filho nascido vivo. Porém, entre 1995 e 2005, reduziu-se o percentual de casal com filhos. Ele era de 63,7% e passou para 53,3%, na Região Nordeste, mudança também ocorrida no Sudeste. A queda é creditada à reprodução da fecundidade das mulheres do país como um todo. [...] FIGUEIRA, Mara. Sociologia, São Paulo, Escala, ano II, n. 13, p. 20-22. 1