RELATORIO VER SUS 2015 - JAINARA DIAS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO
Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde
Ministério da Saúde
RELATÓRIO DE VIVÊNCIAS
Vivente: Jainara Dias da Silva – Ciências Farmacêuticas UNIVASF
Petrolina, Janeiro de 2015
O projeto Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde (VER-SUS) 2015
do Vale do São Francisco, na Univasf campus Petrolina teve início no dia 11 de janeiro
(domingo). Este projeto é uma iniciativa do Ministério da Saúde junto à Associação
Brasileira da Rede Unida, o Conass, o Conasems, a UNE, a Fiocruz e a UFRGS para
qualificar a formação de profissionais de saúde interessados na melhoria do sistema de saúde
dos brasileiros.
1º Dia (11/01) Domingo):
As atividades do Ver SUS no Vale do São Francisco, se iniciou ás 9:00 horas. Inicialmente
houve a apresentação onde todos nós pudemos nos conhecer inicialmente, posteriormente
houve a separação dos NB’s. Na primeira reunião dos NB’s o grupo se conheceu, revelando
nome, curso e o porquê de estar na vivência, foi escolhido o nome para o grupo, em que o
meu grupo foi chamado Portô, pois nosso pensamento foi que em um circo o portô um
precisa do outro assim como no SUS um profissional necessita do trabalho do outro e dos
pacientes e vice versa para executar um bom trabalho e realmente atender a necessidade do
paciente. Então fizemos nosso cartaz e representando o nosso NB ao restante dos viventes e
facilitadores.
A tarde houve o CINE –SUS: Políticas de saúde no Brasil, que retrata como era a saúde
brasileira antes do SUS em que as pessoas pobres eram atendidas por redes filantrópicas e a
situação da saúde no Brasil desde meados de 1910 até hoje. O filme fez com que
conhecêssemos um pouco mais do SUS que hoje atende mais de um milhão de pessoas por
dia, e 98% dessas pessoas que o procuram são atendidas segundo dados do IBGE.
Posteriormente ao assistir o filme houve uma discursão sobre o filme e chegamos a abordar
sobre a importância dos conselhos e do controle social e concluímos que a disciplinas que
temos na grade de curso da universidade não aborda sobre o SUS, ou seja os estudantes de
saúde desconhecem o SUS, o que dificulta um bom trabalho futuramente no sistema.
Ás 16 horas houve uma palestra sobre Atenção Primária de Saúde, com a médica Adriana
Arcângelis formada pela UFS e residente de medicina de família e comunidade pela
UNIVASF. Onde ela falou sobre a criação do SUS e seus princípios, o PSF, o NASF, as UBS
que realizam trabalhos de prevenção, promoção à saúde, recuperação/reabilitação.
A noite houve exibição do filme Sicko: SOS Saúde e posteriormente uma discursão sobre o
filme. Chegamos à conclusão que diversos países desenvolvidos não tem um sistema de
saúde pública socializada enquanto países subdesenvolvidos tem um sistema igualitário e isso
parte de uma ausência de coesão social.
2º Dia (12/01 Segunda): “Determinantes Sociais em Saúde”
Pela manhã houve visitas a Unidades básicas de saúde tanto em Juazeiro e Petrolina. Fui
sorteada para ir ao bairro Dom Thomaz na cidade de Juazeiro – BA, e lá inicialmente
conversamos com a enfermeira, Regina, que nos apresentou a unidade, seu funcionamento,
quadro de funcionários, as áreas em que cada agente de saúde trabalha. Depois conhecemos a
agente de saúde, Dona Vera, onde percorremos por algumas ruas e acompanhamos as visitas
domiciliares que ela realiza. Visitamos residências, cada uma em diferentes situações, tais
como: hipertensão, diabetes e gravidez.
Pela tarde houve uma palestra sobre Determinantes Sociais de saúde com o professor
Carlos Dornels Freira de Souza, posteriormente assistimos ao filme A ilha das flores. E a
noite tivemos uma oficina de teatro do oprimido onde conhecemos um pouco sobre como se
deu a criação do T.O e praticamos também.
Mapa da Área 18 – Unidade básica de Saúde do bairro Dom Thomaz em Juazeiro – BA
Viventes e facilitadores do VER – SUS acompanhando o trabalho da agente comunitária de
saúde no bairro Dom Thomaz em Jauzeiro – BA.
3º Dia (13/01 Terça-feira): “Violência e Vulnerabilidade Socioeconômica”
Fui sorteada a visitar um terreiro de candomblé, localizado no bairro Quidé em Juazeiro –
BA. Lá conhecemos um pouco sobre a história deles, seus antepassados, as atividades
beneficentes que eles realizam para os moradores daquele bairro. Foi visto que eles têm
parceria como instituições de ensino da região, entre ela a UNEB e a UNIVASF, no qual
buscam um melhor posição na sociedade, buscam o fim do preconceito com a culturas deles.
De tarde houve debate sobre a vulnerabilidade socioeconômica abordando a
vulnerabilidade dos negros, dos LGBT’s e das mulheres. Sobre o parto humanizado e
descriminalização do aborto. A noite houve uma discursão sobre a reforma política.
Terreiro de candomblé Ilê asé ayra Onyndankor
4º Dia (14/01 – Quarta-feira): “Saúde no campo”
Pela manhã todo o grupo visitou o acampamento do MST localizado na rodovia BR 235,
Km 22, Projeto Senador Nilo Coelho – N4 e o assentamento Água Viva também localizado
na zona rural. Primeiramente conhecemos o acampamento e fomos recebidos por um
integrante do movimento onde nos explicou como funciona a luta deles, quais os direitos já
foram conquistados e qual a diferença entre acampamento e assentamento. Lá uma das
primeiras estruturas a ser formada é uma escola, pois apesar de várias famílias saírem de suas
casas, as crianças não podem deixar de estudar, a educação é voltada para a solidariedade,
uma educação libertadora voltada a todos e não a uma única pessoa. Foi visto que há postos
de saúde próximo ao local. Eles recebem cesta básica da CONAB, mas tem meses que a
alimentação não chega até eles, tem vezes que passa de três meses a falta da cesta básica. Foi
também explicado a diferença entre Reforma Agrária e Reforma Agrária Popular. Na visita
ao assentamento vimos várias plantações, e vimos a história de vida de uma assentada que
nos explicou como funciona o cadastramento e relatou que não pode haver mais de duas
pessoas da mesma família cadastrada em um mesmo assentamento.
Pela tarde houve uma discussão sobre a saúde no campo com uma médica, Emília. O maior
objetivo de abordar esse tema se deu pelo fato de que na academia os estudantes não são
preparados para atender esses pacientes que residem no campo e a necessidade deles muitas
vezes diferem das pessoas que residem na cidade. Houve uma discursão sobre o conceito de
saúde, como se dá o acesso a saúde no campo e na cidade. O conceito de determinante social
e determinação social, onde o primeiro são diferentes fatores e este último são todos os
fatores juntos em um processo eles irão se relacionar entre si. No conceito de saúde da 8º
Conferência de Saúde se tinha que o acesso a terra também é saúde, porém na Constituição
Federal de 1988 foi retirada. A palestrante também falou sobre o Estatuto da Terra criado em
1964, sobre a importância das plantas medicinais para a população do campo, a importância
da chegada dos mais médicos para uma melhor saúde no campo, onde muitas vezes os
médicos brasileiros se recusam a trabalhar nesses locais. E concluímos que um dos fatores
primordiais para se ter saúde é o acesso a terra, pois pessoas que têm sua própria terra se
alimentam bem, consequentemente serão mais saudáveis.
A noite foi passado o documentário O Veneno está na mesa, no qual retrata sobre a
presença dos agrotóxicos no mundo. O Brasil é o campeão mundial em agrotóxicos e cada
brasileiro consome em média 5,2L de agrotóxico por ano e a consequência dessa overdose de
veneno é o câncer, má formações congênitas, doenças hepáticas, etc. É mostrado também
entrevistas com familiares de vítimas do agrotóxico. É um assunto que não é muito discutido
no Brasil e entre os estudantes ficou uma indagação, nós questionamos o porquê que o nosso
país tem dois ministérios, o da agricultura e o da agricultura familiar e nunca se busca uma
solução para os problemas que o uso de agrotóxico causa.
Acampamento do MST.
Viventes e facilitadores no assentamento Água Viva.
5º Dia (15/01 – Quinta-feira): “Saúde mental”
Pela manhã eu fui visitar o CAPS II enquanto os outros colegas conheceram o CAPS i,
CAPS AD e o manicômio. Inicialmente fomos ao Municipal Josepha Coelho em Petrolina –
PE conhecer os funcionários e usuários do Centro de Atenção Psicossocial e acompanhar as
atividades físicas que são realizadas toda quinta feira. Lá conversamos com usuários onde nos
receberam bem e vimos que eles têm um tratamento excelente, eles nos disseram que no
CAPS eles realizam atividades de artesanato, dinâmicas, aula de dança e que CAPS realiza
vários passeio com eles, como por exemplo cinema, chácaras e vinícolas e também no
exército. Eles contaram que se sentem bem no CAPS, muitos estão há vários anos em
tratamento e mostraram serem bem apegados a psicóloga Adriana Lira que é a coordenadora
de Centro. Ao acabarem as atividades fomos ao CAPS II conhecer o local, é uma casa bem
grande e arejada. Lá conta ao todo com 18 profissionais, tais como: farmacêutico, médico,
psicólogo, assistente social, psiquiatra. São atendidos pacientes que têm problemas desde
uma depressão grave até uma psicopatia. Lá foi explicada a diferença entre os CAPS i, AD e
II.
Pela tarde houve uma roda de conversa sobre o tema Saúde Mental. Inicialmente houve
comentários sobre o que os viventes acharam das visitas, cada grupo comentava sobre os
dispositivos que visitaram pela manhã. Nessa roda de conversa estava presentes uma usuária
do CAPS II, chamada Vera Lúcia e a professora Bárbara Cabral do colegiado de psicologia
da UNIVASF que também deu uma palestra sobre Loucura e reforma psiquiátrica:
Provocações. Foi abordado também sobre a luta anti-manicomial e sobre a rede de atenção
psicossocial.
Ás 17 horas um encontro entre dois NB’s onde compartilhamos mais uma vez das visitas do
dia. Ás 19h30min houve uma rode de conversa com um cientista social e uma psicóloga
sobre redução de danos. Um dos assuntos abordados foi a criação dos CAPS que se deu no
final de década de 80 e nos primeiros meses do ano 2000 houve a criação do CAPS AD e
também sobre o Programa Braços Abertos que vendo sendo um sucesso em São Paulo.
Entrada do CAPS II.
Artesanato feito pelos pacientes no CAPS II.
Roda de conversa com a usuária do CAPS II e a professora Bárbara Cabral.
6º Dia (16/01 – Sexta -feira): “Redes de atenção da saúde”
Pela manhã visita ao Hospital de Traumas, onde fomos recepcionadas por uma enfermeira
que também é professora do colegiado de enfermagem da UNIVASF. Lá ela falou um pouco
sobre o objetivo da construção do hospital, sobre a gestão atual e próxima gestão a EBSERH.
Mostrou a estrutura do hospital, por onde entram os pacientes que é ou pela sala de
acolhimento onde uma enfermeira juntamente com uma técnica em enfermagem irá fazer a
triagem do paciente para saber em qual sala encaminhá-lo se é na sala verde, amarela ou azul,
e também tem a outra entrada que é quando o paciente está numa situação mais grave e vai
diretamente para a sala vermelha ou o centro cirúrgico. Conhecemos o centro de fisioterapia,
as salas verde, amarela e azul, onde presenciamos também vários pacientes deitados na maca
nos corredores do hospital por falta de vaga nos quartos. Vimos à importância que tem do
hospital está bem no centro da cidade, com o objetivo de poder atender pessoas da cidade, da
zona rural, que passam pelas rodovia, enfim todos, até porque o atendimento deve ser a todos
de acordo com os princípios do SUS.
A tarde fomos a plenária e tivemos uma roda de conversa com uma servidora da Secretaria
Municipal de saúde da cidade de Petrolina e com um estudante de medicina, sobre a RAS –
Rede de Atenção a Saúde. Foram abordado os níveis de atenção a saúde, a atenção primária,
secundária e terciária, conceitos de referência e contra referencia, a importância que tem das
diferentes instituições estarem interligadas. Depois houve a última reunião do NB,
compartilhamos nossas experiências sobre as visitas que realizamos pela manhã que foram
SAMU, UPA, Hospital Universitário, Maternidade na cidade de Juazeiro e o CTA ( Centro
de Testagem e Acompanhamento) e depois conversamos um pouco sobre como foi
importância da nossa convivência durante a semana, como foi boa essa interação entre os
diferentes cursos, no meu NB tinha viventes de farmácia, medicina. Psicologia e serviço
social.
A noite houve uma palestra sobre medicalização, com o professor Jackson Guedes do
colegiado de Ciências Farmacêuticas da UNIVASF, e P4 (Prevenção Quaternária) com o
médico Marco Túlio. Sobre medicalização foi abordado a dependência que as pessoas têm
pelo medicamento, chegando até á muitas vezes se tornarem refém e o papel da indústria
farmacêutica nesse processo de dependência, a importância do bom relacionamento entre os
profissionais e foi recomendado a leitura de um livro ‘’ A verdade sobre os laboratórios
farmacêuticos. Já o médico Marco Túlio tratou sobre a prevenção quaternária que é o
conjunto de ações que visam evitar a iatrogenia associada ás intervenções médicas como
sobre medicalização ou es excessos preventivos. E deu como exemplo de uma prevenção
quaternária o Novembro Azul.
Palestra sobre Medicalização com Jackson Guedes, farmacêutico e professor do colegiado de
Ciências Farmacêuticas da UNIVASF.
7º Dia (17/01 – Sábado): “Encerramento”
Fizemos algumas dinâmicas, primeiramente construímos juntos os nomes VER – SUS, cada
NB ia montar uma letra e dizer o que aprendemos durante a semana e o que esperamos do
SUS. Depois colocamos uma bola de assopro amarrado em nossos calçados e um dos
facilitadores disse que ia dar um minuto, quem ficasse até o final com a bola ganhava. Então
alguns tiveram vontade de estourar a bola dos outros, então uma viventes falou que não foi
dito nas regras para estourar a bola do outro, então ficamos quietos e no final todos
ganharam, posteriormente tivemos uma discursão sobre essa dinâmica, onde muitas vezes as
pessoas querem passar por cima dos outros para conquistar algo e não há necessidade disso
podemos muito bem conquistar nossos objetivos sem atrapalhar o caminho do próximo.
Finalmente realizamos uma proposta de intervenção, onde fizemos cartazes e colocamos
nas salas de aula, nos murais da universidade e nos prédios dos colegiados e também fizemos
uma faixa de 7 metros com a frase ‘’QUEREMOS UMA EDUCAÇÃO VOLTADA PARA O
SUS ‘’e ao redor colocamos os cursos que estavam presentes nessa edição do Ver SUS que
foram farmácia, psicologia, medicina, enfermagem, medicina veterinária, agropecuária,
fisioterapia, fonodiaulogia, serviço social e ciências sociais. Essa proposta de intervenção se
deu pelo fato de não termos em nossa graduação assuntos relacionados com o aprendizado
voltado ao Sistema Único de Saúde.
Confecção dos cartazes.
Fizemos essa faixa e colocamos no bloco de sala de aulas da UNIVASF Campus Petrolina.
O VER – SUS para mim foi uma grande oportunidade e foi importante para
meu amadurecimento tanto pessoal como profissional, pois foi na vivência
que passei a conhecer melhor o SUS, tanto seus lados positivos quanto
negativos, e me tornar uma pessoa mais humana. Foi uma experiência
incrível, foram sete dias que realmente valeu a pena, e mesmo no início da
minha graduação sei que quero ser uma profissional desse sistema público
que um dia foi uma utopia e hoje é uma realidade, que ainda tem muito que
se melhorar, mas já é uma conquista, que mesmo com as dificuldades é um
dos melhores sistemas públicos de saúde do mundo.
A vivência foi muito linda.
Eu acredito no SUS e sempre irei defendê-lo.
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