THIAGO RAMOS GRIGIO EFEITO DA ESTIMULAÇÃO DO NERVO TRIGÊMEO PARA O TRATAMENTO DA FIBROMIALGIA: ENSAIO CLÍNICO ABERTO, NÃO CONTROLADO Dissertação apresentada ao Curso de PósGraduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do Título de Mestre em Pesquisa em Cirurgia. SÃO PAULO 2016 THIAGO RAMOS GRIGIO EFEITO DA ESTIMULAÇÃO DO NERVO TRIGÊMEO PARA O TRATAMENTO DA FIBROMIALGIA: ENSAIO CLÍNICO ABERTO, NÃO CONTROLADO Dissertação apresentada ao Curso de Pós- Graduação da Faculdade de Ciências Médica da Santa Casa de São Paulo para obtenção do Título de Mestre em Pesquisa em Cirurgia. Área de Concentração: Reinserção Social Orientador: Prof. Dr. Marcelo Vaz Perez SÃO PAULO 2016 FICHA CATALOGRÁFICA Preparada pela Biblioteca Central da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Grigio, Thiago Ramos Efeito da estimulação do nervo trigêmeo para o tratamento da fibromialgia: ensaio clínico aberto, não controlado./ Thiago Ramos Grigio. São Paulo, 2015. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Pesquisa em Cirurgia. Área de Concentração: Reinserção Social Orientador: Marcelo Vaz Perez 1. Fibromialgia 2. Nervo trigêmeo 3. Manejo da dor 4. Terapia por estimulação elétrica BC-FCMSCSP/05-16 DEDICATÓRIA Dedico esta tese aos meus pais, Alva e Sidney, que sempre me apoiaram. À minha irmã, Michele, companheira e grande amiga. Dedicatória AGRADECIMENTOS Meus sinceros votos de agradecimentos, À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, por ter me acolhido. À CAPES, pelo apoio financeiro, permitindo o estudo. Ao Prof. Dr. Marcelo Vaz Perez, meu Orientador e amigo, que sempre me ajudou e incentivou nas pesquisas científicas. Considero uma pessoa muito especial na minha vida, pois além do conhecimento técnico e científico, aprendi a ver a vida com outros olhos. À Prof. Dra. Lígia de Andrade Silva Telles Mathias, pelo imenso carinho e dedicação. Agradeço pela paciência para me ajudar nos momentos difíceis. Aprendi a valorizar a pesquisa científica com sua imensa sabedoria e amor pelo trabalho que realiza. Ao Prof. Dr. Quirino Cordeiro Júnior, pela oportunidade de realizar este trabalho ao lado de alguém com muita sabedora e serenidade. Ao Prof. Dr. Pedro Shiozawa, pelo apoio e amizade. Obrigado pela paciência e por toda a ajuda em corrigir os mínimos detalhes. À Prof. Dra. Débora de Oliveira Cumino, que exemplifica competência profissional e dedicação. À minha melhor amiga, Maria Carolina Pedalino Pinheiro, pela amizade infinita. Ao Dr. Eduardo Brigatto, pela amizade e apoio prestado a mim. Ao Dr. Onésimo Duarte Ribeiro Júnior, por me incentivar a escolher a área de Anestesiologia e Tratamento da Dor. Aos pacientes anônimos, sem os quais este estudo não seria possível. Aos secretários da pós-graduação, Daniel, Sônia e Mirtes, pela disponibilidade e atenção que sempre recebi em todos os momentos. Agradecimentos ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ACR* - Colégio Americano de Reumatologia (American College of Rheumatology) ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária BDI* - Beck Depression Inventory CAMCOG* - Cambridge Cognitive Examination CFM - Conselho Federal de Medicina DP - Desvio Padrão EMTr - Estimulação Magnética Transcraniana Repetitiva ETCC - Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua EVA - Escala Visual Analógica FDA* - Food and Drug Administration FM - Fibromialgia HDRS-17* - Escala de Depressão de Hamilton versão 17 itens (Hamilton Depression Rating Scale) IASP* - Associação Internacional para o Estudo da Dor (International for the Study of Pain) Association MMSE - Mini-Exame do Estado Mental MoCA* - Questionário de Avaliação Cognitiva de Montreal (Montreal Cognitive Assessment) NTS - Núcleo do Trato Solitário QIDS-SR* - Quick Inventory of Depressive Symptomatology Self-Report RNM - Ressonância Nuclear Magnética TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TNS* - Estimulação do Nervo Trigêmeo (Trigeminal Nerve Stimulation) Abreviaturas e Símbolos SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1.1. Revisão da literatura................................................................................ 1.1.1. Fibromialgia........................................................................................ 1.1.2. Epidemiologia .................................................................................... 1.1.3. Diagnóstico da fibromialgia ................................................................ 1.1.4. Tratamento da fibromialgia…………………………............................. 1.1.5. Avaliação e mensuração da dor pela Escala Visual Analógica ......... 1.1.6. Avaliação e mensuração da cognição pelo questionário MoCA (Montreal Cognitive Assessment) ........................................................ 1.1.7. Avaliação e mensuração da depressão pela Escala de Hamilton...... 1.1.8. Princípios gerais do uso clínico da Neuromodulação NãoInvasiva............................................................................................... 1.1.9. Uso de Estimulação do Nervo Trigêmeo (TNS - Trigeminal Nerve Stimulation) na neuropsiquiatria .......................................................... 1.1.10. Estimulação do Nervo Trigêmeo (TNS): conceitos fundamentais…. 1.1.11. Considerações anatômicas sobre a Estimulação do Nervo Trigêmeo............................................................................................ 1.1.12. Segurança e efeitos colaterais ........................................................ 1 3 3 6 7 9 9 10 10 11 12 12 13 15 2 - OBJETIVOS.................................................................................................. 17 3 - CASUÍSTICA E MÉTODO............................................................................ 3.1. Visão geral .............................................................................................. 3.2. Intervenção ............................................................................................. 3.3. Desfechos ............................................................................................... 3.4. Desenho do Protocolo ............................................................................ 3.5. Análise estatística ................................................................................... 19 20 21 22 23 24 4 - RESULTADOS.............................................................................................. 4.1. Fluxograma................................................................................................ 4.2. Dados antropométricos ............................................................................ 4.3. Resultado das variáveis analisadas no momento inicial (T0) ................... 4.4. Resultado da Escala Visual Analógica (EVA) nos momentos T0, T1 e T2.. 4.5. Resultado da MoCA .................................................................................. 4.6. Resultado da HDRS-17............................................................................. 4.7. Resultado de regressão com variáveis clínicas......................................... 25 26 26 27 27 29 29 30 5. DISCUSSÃO.................................................................................................. 31 6. CONCLUSÃO................................................................................................. 36 7. ANEXOS......................................................................................................... 38 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 46 FONTES CONSULTADAS……………………………………………………….. RESUMO……………………………………………………………………………. ABSTRACT…………………………………………………………………………. APÊNDICE....................................................................................................... 54 56 58 60 Sumário 1. INTRODUÇÃO 2 Dor crônica é um sintoma debilitante comum e predominante em pacientes com fibromialgia (FM). O impacto negativo que a fibromialgia causa na qualidade de vida das pessoas tem sido relatado por muitos estudos[1-4]. É uma condição que afeta significativamente o bem estar físico, mental e social, atividades diárias, levando ao isolamento familiar e gerando custos significativos e diminuição da produtividade[1]. Os custos anuais médios indiretos (incluindo o absentismo, o desemprego, a aposentadoria precoce e a incapacidade) para indivíduos com FM foram estimados em média $49 mil dólares[2]. É responsável por aproximadamente 15% das consultas em ambulatórios de reumatologia, e 5 a 10% nos ambulatórios de clínica geral[3]. A presença e a gravidade dos sintomas são muito amplas. Existe uma forte predisposição familiar. Uma variedade de fatores biológicos e psicológicos é capaz de desencadear ou exacerbar a FM, incluindo trauma físico, infecção e trauma na infância[1]. FM é diagnosticada principalmente pela exclusão de outras possibilidades. Os principais diagnósticos diferenciais são doenças reumáticas da coluna vertebral, doenças sistêmicas inflamatórias e o hipotireoidismo. Ao contrário dessas outras doenças, a FM não está associada a alterações radiológicas ou laboratoriais[4]. A resposta ao tratamento é imprevisível, de forma que a FM ainda é um desafio na prática clínica diária. Uma vez que não há tratamento específico que altere a patogênese da FM, a terapia farmacológica e não farmacológica visa a redução da dor e melhoria dos outros sintomas[4,5]. Nas últimas décadas, houve grande evolução na compreensão da FM, de forma que possibilitou melhor entendimento dos mecanismos subjacentes e diferentes modalidades terapêuticas para o tratamento dessa doença[1]. Além disso, os desafios da FM podem deixar a equipe de saúde sobrecarregada ao ponto de causarem esgotamento profissional[2]. Introdução 3 Acredita-se que o uso de estratégia de neuromodulação não-invasiva pode se mostrar como ferramenta útil na otimização dos sintomas destes pacientes[6]. 1.1. Revisão da literatura 1.1.1 Fibromialgia Fibromialgia é uma síndrome reumática não articular, de origem desconhecida, caracterizada por dor musculoesquelética difusa, crônica e presença de múltiplas regiões dolorosas, denominadas tender points (áreas hiperalgésicas), especialmente no esqueleto axial. É uma dor de origem central que também possui componente de estímulo periférico, especialmente nos nociceptores. Os sintomas geralmente presentes em pacientes com fibromialgia e em portadores de outras desordens com sensibilização central incluem dor multifocal, fadiga, distúrbios do sono, rigidez matinal, ansiedade e depressão. No entanto, pacientes fibromiálgicos apresentam ampla variedade de outros sintomas como oculares, cefaleias, síndrome do colon irritável, dificuldade de concentração e memorização, disfunção sexual, rigidez, disestesia e diminuição da função física[7-9]. Alguns sintomas centrais que acompanham o quadro estão presentes na grande maioria dos pacientes. As manifestações clínicas mais comuns são: a) Fadiga Afeta aproximadamente 90% dos casos, sendo mais notada pela manhã e ao final do dia. As atividades intelectuais e o menor esforço físico agravam esta fadiga, impedindo a realização das atividades da vida diária. É associada aos distúrbios do sono falta de condicionamento físico, disfunção[1]. Outro sintoma associado à fadiga geralmente presente é a sensação de inchaço, particularmente nas mãos, antebraços e trapézios, que não é observada pelo examinador e não está relacionada a qualquer processo inflamatório[8,9]. Introdução 4 b) Distúrbios do sono São relatados diversos tipos de distúrbios de sono, resultando em ausência de restauração de energia e consequente cansaço, que aparece logo pela manhã[1]. Smith et al (2011) mostram que a insônia é um sintoma comum e é bastante variável. Muitos relatam que têm sono leve, mas alguns pacientes referem bom sono e dormem toda noite, embora acordem mais cansados do que antes de se deitar, com a sensação de não ter dormido, dor pelo corpo, rigidez e cansaço[1]. Problemas de sono são decorrentes da intrusão de ondas alfa nos estágios 3 e 4 do sono, quando não há movimentos dos olhos ou atividade muscular[10,11]. Nessas fases o cérebro produz ondas delta e acontece a produção de 80% do hormônio do crescimento, cuja função é de restaurar e regenerar a musculatura. Essa intrusão impede o sono profundo e restaurador[12]. A perturbação do sono leva a mudanças secundárias, como a diminuição da secreção do hormônio do crescimento, diminuição da saturação de oxigênio na hemoglobina durante a noite e redução da atividade imune, levando a maior dor e gravidade dos sintomas. Distúrbios do sono são encontrados em várias outras doenças com dor crônica, incluindo artrite reumatóide e neoplasia lombalgia crônica[11]. Outros achados são movimentos periódicos dos membros, síndrome das pernas inquietas, fadiga matutina e dor ao despertar[1]. c) Síndrome do cólon irritável Acontece em cerca de 60% dos pacientes. As queixas mais comuns referem-se a alterações do hábito intestinal, variando de constipação intestinal à diarreia, sendo que alguns intercalam períodos de constipação e de diarreia. São comuns também as queixas de náuseas, vômitos, dor ou desconforto abdominal, flatulência, sensação de inchaço cólicas após refeições[13]. d) Alterações de humor e depressão Distúrbios de humor são comumente encontrados em pacientes com FM. São Introdução 5 caracterizados por ansiedade, depressão e irritabilidade na maioria dos doentes, mas não se sabe se estas alterações são causa ou consequência; podem estar relacionados ao distúrbio do sono, acarretando sonolência durante o dia, além de problemas de memória e concentração[14]. Segundo Clauw (2009), mulheres com FM apresentam altos níveis de angústia com uma combinação de sintomas somáticos de ansiedade e depressão e associado a presença dos pontos sensíveis à pressão (tender points) [9]. Cerca de 30% a 50% dos pacientes com fibromialgia tem depressão. Ansiedade, alteração do humor e do comportamento, irritabilidade ou outros distúrbios psicológicos acompanham cerca de 1/3 destes pacientes[14]. e) Maior sensibilidade ao frio As mudanças de temperatura afetam agudamente o doente, havendo piora da dor com as mudanças climáticas, com relação à temperatura fria, à umidade e ao arcondicionado. f) Rigidez articular difusa Aparece especialmente pela manhã, após repouso prolongado ou mudanças climáticas. Esta sensação deve ser diferenciada da rigidez da artrite reumatoide, na qual a rigidez é maior nas articulações e demora um tempo maior para se dissipar[11]. g) Parestesias e perda de força Podem ser localizadas ou difusas, sem relação com exame neurológico e edema subjetivo de tecidos moles percebido pelo paciente, que frequentemente queixa-se de mãos inchadas, pois o exame físico revela ausência de edema[11]. Estão relacionadas à fadiga, que pode ser bastante significativa, com sensação de exaustão fácil e dificuldade para realização de tarefas laborais ou domésticas. Sensações parestésicas habitualmente se fazem presentes[13]. h) Cefaleia Introdução 6 Há relatos nos doentes com FM de cefaleias de caráter tensional ou do tipo enxaqueca[15]. Foi observado que a prevalência de fibromialgia nos pacientes com cefaleia é cerca de dez vezes maior do que na população em geral, mas ainda não é claro se o diagnóstico de cefaleia é mais prevalente nos pacientes com FM[16]. Vários estudos destacam algumas condições que podem coexistir. Aydin et al (2006) e Yunus (2007), destacam a presença de sensibilidade química, sintomas alérgicos, ressecamento ocular, palpitações, dispneia, vulvodinía, dismenorreia, tensão pré-menstrual, disfunção sexual, flutuações de peso, sudorese noturna, disfagia, síndrome das pernas inquietas, dor nas articulações temporomandibulares, síndrome da fadiga crônica, fenômeno de Raynaud, disfunção autonômica e disgeusia (alteração do paladar)[15,17]. Yunus (2007) destaca também sintomas como tontura, zumbido, dor torácica atípica, palpitação, dor abdominal, constipação, diarreia, dispepsia, urgência miccional, dificuldade de concentração e falta de memória[17]. Berger et al (2007) acrescentam distúrbios de dor neuropática, doenças músculo-esqueléticas, doenças do aparelho digestivo, doenças respiratórias, doenças do aparelho circulatório, enxaqueca, depressão, diabetes e neoplasias[18]. 1.1.2. Epidemiologia A FM afeta, aproximadamente, oito vezes mais mulheres do que homens, provocando impacto negativo sobre a qualidade de vida e atividades da vida diária dos seus portadores. Acomete desde crianças a idosos, mas geralmente seus sintomas iniciam-se entre 25 e 65 anos. Em alguns países da América do Norte e da Europa, é uma das entidades clínicas com maior índice de incapacidade[19]. No Brasil, é a segunda doença reumatológica mais frequente, apresentando prevalência em torno de 2,5%[20]. Mesmo a FM sendo considerada a causa mais comum de dor musculoesquelética generalizada em mulheres, estudos mostram que o homem portador da síndrome apresenta dor mais intensa, mais fadiga, maior incapacidade Introdução 7 funcional e pior qualidade de vida[21]. A mulher é mais vulnerável ao desenvolvimento e manutenção da dor com sintomatologia mais difusa[21-23]. 1.1.3. Diagnóstico de fibromialgia Com relação ao diagnóstico, este é baseado somente em critérios clínicos, devido à ausência de exames complementares que a identifiquem[24]. Em 1990, o American College of Rheumatology (ACR) determinou os critérios diagnósticos para FM: dor difusa presente no esqueleto axial e em ambos os hemicorpos, acima e abaixo da cintura; dor em 11 ou mais dos 18 tender points e dor crônica por mais de três meses (Quadro 1). Este teste apresentou sensibilidade de 88,4% e especificidade de 81,1% para o diagnóstico[19]. Devido à dificuldade de exame complementar para o diagnóstico e a subjetividade para o mesmo é frequente a discussão de que a FM é uma síndrome complexa que inclui síndromes somáticas funcionais, sintomas inexplicados, desordens somatoformes e síndromes de sensibilidade central[1]. Vinte anos depois (2010), a ACR publicou preliminar de novos critérios diagnósticos, levando em consideração outros sintomas além da dor difusa em detrimento da palpação dos pontos dolorosos. Neste estudo, foi descoberto que cerca de 25% dos pacientes com FM não satisfez os critérios diagnósticos determinados em 1990. O critério proposto para o diagnóstico se baseia em pontos de dor relatada pelo paciente e pela gravidade de sintomas, assim caso apresente índice de dor difusa > 7 e escala de gravidade > 5, ou índice de dor difusa entre 3 – 6 e escala de gravidade > 9. Os sintomas devem estar estáveis e presentes por pelo menos três meses e não deve haver outra condição clínica que pudesse explicar essa sintomatologia (Quadro 2)[25]. Segundo Jones et al (2015), os critérios ACR 2010 tem sensibilidade de 55% e especificidade de 99%[26]. Em 2011, a ACR propôs uma versão modificada dos critérios de 2010. Versão que simplifica os sintomas somáticos para uso em estudos clínicos e epidemiológicos. Esse critério proposto elimina a estimativa do médico da grande quantidade de sintomas somáticos e substitui por quatro sintomas específicos de Introdução 8 auto-relato (dor de cabeça, dor ou cólicas no abdome inferior e depressão)[27]. Esses critérios modificados de 2010 tem sensibilidade de 64% e especificidade de 78%[26]. Quadro 1: Critérios de 1990 da ACR para a classificação da fibromialgia. CRITÉRIOS DE 1990 PARA DIAGNÓSTICO DA FIBROMIALGIA A. História de dor difusa Definição: para ser considerada difusa devem existir os seguintes parâmetros: dor do lado direito e esquerdo do corpo, dor acima e abaixo da linha da cintura. Deve estar presente dor em esqueleto axial. A dor deve estar presente por pelo menos 3 meses. B. Presença de dor em pelo menos 11 dos 18 tender points, à palpação digital aplicando-se uma força de aproximadamente 4kg. Quadro 2: Critérios preliminares de fibromialgia elaborados pelo ACR em 2010. CRITÉRIOS PRELIMINARES DE FIBROMIAGIA ELABORADOS EM 2010 Índice de dor generalizada: - Mandíbula E - Mandíbula D - Ombro E - Ombro D - Braço E - Braço D - Antebraço E - Antebraço D - Quadril E - Quadril D - Coxa E - Coxa D - Perna E - Perna D - Cervical - Dorso - Tórax - Lombar - Abdome Escala de gravidade dos sintomas (0 a 3): - Fadiga: 0 1 2 3 - Sono não reparador: 0 1 2 3 - Sintomas cognitivos (dificuldade de memória, concentração, etc): 0 1 2 3 - Sintomas somáticosψ: 0 1 2 3 ψ Os sintomas somáticos que podem ser considerados são: dor muscular, síndrome do intestino irritável, fadiga/cansaço, pensamento ou problemas para se lembrar, fraqueza muscular, dor de cabeça, cólicas no abdome, dormência/ formigamento, tontura, insônia, depressão, constipação, dor na parte superior do abdome, náuseas, nervosismo, dor no peito, visão turva, febre, diarréia, boca seca, fenômeno de Raynaud, urticária, zumbido, vômitos, azia, úlceras orais, perda/mudança no gosto, convulsões, olhos secos, falta de ar, perda de apetite, sensibilidade ao sol, dificuldades com audição, perda de cabelo, micção frequente, dor ao urinar e espasmos da bexiga. Introdução 9 1.1.4. Tratamento da fibromialgia O primeiro passo no tratamento da fibromialgia é informar sobre a natureza benigna da doença e educar o paciente. A estratégia para o tratamento requer uma abordagem multidisciplinar; o tratamento da fibromialgia multimodal com terapia farmacológica e não farmacológica. As técnicas não farmacológicas como exercícios, educação e terapia cognitivo-comportamental representam importante papel no seu tratamento. No entanto, esses tratamentos são subutilizados na prática clínica[7,24]. Dentre a terapia farmacológica, a maioria dos estudos clínicos utilizam diversos fármacos. Segundo a Food and Drug Administration (FDA), os fármacos com forte evidência para o tratamento são: inibidores de recaptação duais como os antidepressivos (amitriptilina, duloxetina, fluoxetina, venlafaxina), anticonvulsivantes (gabapentina, pregabalina), inibidores seletivos de recaptação de serotonina e noradrenalina[24,28]. A FM é parte de um continuum muito maior, incluindo síndromes funcionais somáticas, sintomas clinicamente inexplicáveis e transtornos somatiformes[24]. O da dor nesses pacientes ainda é um desafio na prática clínica e as respostas ao tratamento são imprevisíveis[24]. Dessa forma, tratamentos estão sendo pesquisados para o controle completo dessa doença. 1.1.5. Avaliação e mensuração da dor pela Escala Visual Analógica (EVA) A escala visual analógica (EVA) para dor é um instrumento unidimensional de avaliação de auto-relato do paciente amplamente utilizado e eficiente como instrumento de medição da dor entre pacientes com FM[29,30]. A EVA consiste em uma linha, de 10cm, na qual suas extremidades são classificadas como ausência de dor e pior dor que o indivíduo sentiu. É solicitado ao paciente que indique qual ponto ao longo da linha representa sua intensidade de dor. A distância do ponto de ausência de dor até a marca feita pelo paciente é a pontuação da intensidade de dor do paciente[31] (Anexo 1). Introdução 10 Por ser uma linha plana (linha absoluta e sem marcas) correndo da esquerda para a direita é a escala mais imparcial e é a mais recomendada para avaliação do paciente[32,33]. 1.1.6. Avaliação e mensuração da cognição pelo questionário MoCA (Montreal Cognitive Assessment) Vários instrumentos padronizados para a avaliação cognitiva estão descritos na literatura[34-36]. O teste de Avaliação Cognitiva Montreal (Montreal Cognitive Assessment - MoCA), desenvolvido como instrumento de rastreio para déficit de cognição foi criado por Nasreddine et al (2005)[37]. O teste foi traduzido e adaptado para 30 idiomas (www.mocatest.org). Posteriormente, esta versão foi novamente traduzida por Sarmento (2009)[38]. No Brasil, estudo indiciou boas características psicométricas para esse teste[39]. Neste, é possível avaliar diferentes domínios cognitivos: atenção, concentração, funções executivas, memória, linguagem, capacidades visuo-construtivas, capacidade de abstração, cálculo e orientação[37]. Quando comparado com o Mini-Exame do Estado Mental (MMSE) e o Cambridge Cognitive Examination (CAMCOG), que são utilizados também no rastreio cognitivo na prática médica, o MoCA é mais abrangente e mais sensível para avaliação da recuperação de memória e déficit cognitivo leve [36,40]. O MoCA é um questionário que apresenta manual com as instruções para a administração de modo objetivo, com um sistema de cotação do desempenho dos itens. Pode ter pontuação máxima de trinta pontos, avaliando oito domínios cognitivos[41]. Os domínios cognitivos avaliados são: função executiva, capacidade visuoespacial, memória, linguagem, orientação, atenção, concentração e memória de trabalho[41]. 1.1.7. Avaliação e mensuração da depressão pela Escala de Hamilton Diversas escalas são utilizadas na avaliação da depressão, como a Escala de Hamilton para Depressão, Inventário de Depressão de Beck (BDI- Beck Depression Inventory) e Inventário Rápido de Autorelato de Sintomatologia Depressiva (QIDSIntrodução 11 SR- Quick Inventory of Depressive Symptomatology Self-Report) [42] . A Escala de Hamilton para Depressão, também chamado de Hamilton Depression Rating Scale (HDRS), é um questionário de vários itens usados para avaliar a depressão. É um teste que mede a gravidade de sintomas depressivos[43]. O questionário é usado para avaliar a gravidade da depressão por humor, sentimentos de culpa, ideação suicida, agitação ou retardo, ansiedade, perda de peso e sintomas somáticos. É o mais utilizado para avaliação da depressão. A versão original contém 17 itens (HDRS-17)[43]. O instrumento foi submetido a uma extensa validação e tem sido utilizado em diversos ensaios clínicos randomizados[44,45]. Administrado por profissional de saúde, é pontuado numa escala ascendente de 0 a 4 com base nas respostas. A pontuação geral determina se uma pessoa está sofrendo de um caso leve, moderado ou grave de depressão. 1.1.8. Princípios gerais do uso clínico da Neuromodulação Não-Invasiva Diversas estratégias têm sido estudadas com a finalidade de modular a atividade elétrica disfuncional. Dentre elas, a estimulação magnética transcraniana repetitiva (EMTr), a estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) e a estimulação do nervo trigêmeo (TNS - trigeminal nerve stimulation/estimulação do nervo trigêmeo)[46-49]. A EMTr produz campo magnético pulsátil e possui a finalidade de modular a atividade cortical no córtex pré-frontal. Já o TNS, induz a propagação de corrente elétrica em direção a estruturas cerebrais profundas e corticais por intermédio do nervo trigêmeo. A EMTr é aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) para uso clínico nos transtornos depressivos, alucinações auditivas refratárias e planejamento neurocirúrgico[50]. Já a TNS não possui aprovação da ANVISA, sendo utilizada exclusivamente em pesquisa[50]. Protocolos clínicos de neuromodulação são realizados em sessões diárias, de segundas às sextas feiras, com a sessão de estimulação durando cerca de 30 minutos por dia. De acordo com o protocolo em questão, realizam-se de 5 a Introdução 12 15 sessões de estimulação consecutivas. Tanto a EMTr, a ETCC e a TNS são técnicas indolores, que não estão associadas a efeitos colaterais de curto ou longo prazo[47-49, 51,52]. 1.1.9. Uso de Estimulação do Nervo Trigêmeo (TNS - Trigeminal Nerve Stimulation) na neuropsiquiatria Alguns estudos foram publicados sobre estimulação do nervo trigêmeo (TNS) no tratamento de distúrbios psiquiátricos[53,54]. A TNS é analisada como uma estratégia terapêutica útil e promissora para a gestão de transtornos depressivos. Em ensaio clínico atual, um grupo de pesquisadores descreveu cinco pacientes (60% mulheres; idade dos homens: 49,6 anos) diagnosticados com depressão resistente ao tratamento e que receberam TNS por um período de oito semanas de seguimento. Os eletrodos foram posicionados na região supraorbitária (saída do nervo supraorbitário) bilateralmente para estimulação dos ramos V1 do nervo trigêmeo por aproximadamente 8 horas por noite (8 semanas ~55 noites). A corrente elétrica foi ajustada para ser confortável, mas com níveis de estimulação perceptíveis. Os autores verificaram remissão nos sintomas depressivos em até 70% dos pacientes em um período de dois meses de follow-up[54]. Relato de caso publicado por Shiozawa et al (2014) evidenciou melhora dos sintomas dolorosos com o uso de TNS em paciente com FM[6]. No final do protocolo, o paciente apresentou melhora dos sintomas depressivos e dolorosos, diminuindo a necessidade de medicações analgésicas. 1.1.10. Estimulação do Nervo Trigêmeo (TNS): conceitos fundamentais O neuroestimulador elétrico externo é utilizado com frequência de 120 Hz, com pulsos de onda com duração de 250 microssegundos. O estímulo elétrico determina um pulso de onda bifásico e assimétrico, ajustável de 0 a 100mA. O nervo trigêmeo leva informação para importantes estruturas cerebrais, incluindo o núcleo solitário, o locus ceruleus, o nervo vago e o córtex cerebral. Estas áreas são conhecidas por participarem no desencadeamento e na inibição de epilepsia. O nervo trigêmeo também envia sinais específicos ao córtex cingulado anterior, este envolvido no humor, na atenção e nas tomadas de decisões. O estímulo elétrico externo do nervo Introdução 13 trigêmeo atinge áreas cerebrais específicas com ação modulatória, atuando como uma interessante estratégia terapêutica[54]. 1.1.11. Considerações anatômicas sobre a Estimulação do Nervo Trigêmeo O nervo trigêmeo possui três principais ramos sensitivos na face, todos esses bilaterais. É considerado nervo misto, contendo fibras sensitivas (aferentes) e motoras (eferentes), sendo as primeiras de interesse ao quadro nevrálgico, responsáveis pela sensibilidade proprioceptiva (pressão profunda e cinestesia) além de exteroceptiva (tato, dor e temperatura) da face e parte do crânio, inervando, ainda, os músculos responsáveis pela mastigação. No gânglio trigeminal chegam as fibras sensitivas relacionadas ao estiramento e à propriocepção. Os prolongamentos periféricos dos neurônios sensitivos do gânglio trigeminal formam os três ramos do nervo trigêmeo: nervo oftálmico, nervo maxilar e nervo mandibular[55]. O gânglio trigeminal localiza-se no cavo trigeminal, sobre a parte petrosa do osso temporal, logo atrás da carótida interna e porção posterior do seio cavernoso[55]. O ramo oftálmico (V1) sai da extremidade superior do gânglio trigeminal, portanto de dentro da cavidade craniana, para alcançar a orbita pela fissura orbital superior. É dividido em três ramos: nervo nasociliar, frontal e lacrimal, todos os ramos são essencialmente sensitivos. O nervo frontal, que entra superior e medialmente na órbita, divide-se em nervo supraorbitário (ramo lateral) e nervo supratroclear (ramo medial). O ramo maxilar (V2) atravessa o forame redondo e é responsável pela sensibilidade da pele e tecido subcutâneo do lábio superior, asa do nariz, bochecha, pálpebra inferior, região temporal, mucosa do véu do palato, abóbada palatina, amígdala, seio maxilar, fossa nasal, gengiva, polpas dentárias superiores, periósteo da órbita e dura-máter da fossa cerebral média. O ramo mandibular (V3) emerge pelo forame oval e logo abaixo deste se ramifica em vários nervos, sendo que os dois ramos principais são o nervo lingual e alveolar inferior. V3 permite a inervação sensitiva da fossa temporal, mento, mandíbula, porção anterior do pavilhão auricular (exceto lóbulo), porção anterosuperior do conduto auditivo externo e membrana timpânica, inervando, também, os dois terços anteriores da língua, assoalho da boca, mastóide, polpas dentárias inferiores, gengiva, articulação temporomandibular e duramáter da fossa posterior (Fig. 1)[56]. Introdução 14 Figura 1: Anatomia do nervo trigêmeo. A porção sensitiva do nervo soma-se à raiz motora que supre os músculos mastigatórios. O gânglio trigeminal, o qual está localizado no cavum trigeminal, projeta-se para o núcleo trigeminal, onde há projeções para o núcleo do trato solitário (NTS)[57-59], locus coeruleus, formação reticular e tálamo[58-60]. Destas regiões, os impulsos partem em direção ao sistema límbico, regiões sensoriais e corticais responsáveis pela modulação afetiva, planejamento e funções corticais superiores (Fig. 2)[58,60,61]. A propagação de estímulos eléctricos através destas projeções neuronais a partir de locais periféricos para o sistema nervoso central pode representar nova estratégia para a modulação da atividade corticosubcortical. Introdução 15 NTS: núcleo do trato solitário; NT TC: núcleo trigêmeo do tronco cerebral; NR: núcleos da rafe; LC: locus coeruleus; VPM: núcleo ventral póstero-medial; NT IL e M: núcleo talâmico intralaminar e medial. Figura 2: representação gráfica das principais conexões estabelecidas pelo nervo trigêmeo (Adaptado de Fanselow, 2012)[59]. 1.1.12. Segurança e efeitos colaterais O uso de TNS tem sido bem tolerado em diferentes protocolos de estudo[53,62,63]. Efeitos colaterais são infrequentes, transitórios e, se presentes, leves. Os principais eventos relatados são irritação cutânea, tinido, sensação de formigamento local, sensação de pressão exercida pela faixa que prende os eletrodos e cefaleia leve durante a estimulação[62]. Pop et al (2011) não reportaram nenhum efeito adverso identificável em eletrocardiógrafo. Também não houve Introdução 16 alteração da frequência cardíaca, da pressão sanguínea sistólica ou diastólica, mostrando segurança hemodinâmica da técnica[62]. O uso de TNS deve ser realizado em ambiente sob supervisão médica para poder garantir assistência ao paciente em caso de eventos adversos. Introdução 17 2. OBJETIVOS 18 O presente ensaio clínico tem como objetivos: - Primário: avaliar o efeito da TNS sobre sintomas dolorosos avaliados por escala visual analógica (EVA) em pacientes portadores de fibromialgia até 30 dias após o procedimento. - Secundário: avaliar o efeito da TNS sobre sintomas cognitivos e depressivos com o questionário MoCA e da escala HDRS-17. Objetivos 19 3. CASUÍSTICA E MÉTODO 20 3.1. Visão Geral Trata-se de ensaio clínico aberto não controlado aprovado pelo Comitê de Ética da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (Apêndice 1). Foram selecionados aleatoriamente pacientes com diagnóstico de FM em seguimento no Ambulatório de Dor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo no período de um mês. Critérios de inclusão: (1) pacientes entre 18 e 69 anos; (2) pacientes com diagnóstico de fibromialgia feito por profissional habilitado segundo ACR 1990 e 2010; (3) pacientes em tratamento para FM; (4) pacientes com dor segundo EVA > 7; (3) concordância em participar do estudo conforme o preconizado no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice 2). Critérios de exclusão citamos: (1) pacientes com indicação psiquiátrica de internação hospitalar; (2) pacientes com comorbidade psiquiátrica; (3) pacientes com diagnóstico de transtorno de personalidade; (4) presença de doenças neurológicas ou clínicas graves como neoplasias em atividade, doenças neurodegenerativas e doenças crônicas descompensadas. Foram incluídos 20 pacientes elegíveis. O cálculo do tamanho amostral foi baseado no fato de se tratar de ensaio clínico aberto “proof-of-concept”, i.e, o intuito maior foi a própria avaliação da eficácia e segurança da técnica (não desconsiderando o efeito placebo), de modo que a estimativa do “effect size” foi uma função deste desfecho. O calculo do tamanho amostral foi realizado por meio do The Fleming Single-stage Procedure. As análises foram consideradas significativas para um p <0,05, poder do estudo de 90%, P0 de 10% e P1 de 50%. Desta maneira, futuros estudos controlados envolvendo a TNS nesta população poderão embasar o cálculo do tamanho amostral no impacto clínico do presente estudo, salvaguardando o entendimento de que se trata de ensaio não controlado. Casuística e Método 21 3.2. Intervenção A TNS foi aplicada pelo simulador externo Neurodyn® (Imbramed). A estimulação foi conduzida a uma frequência de 120Hz com pulsos de duração de 250 microsegundos. A intensidade da corrente foi individualmente estabelecida e foi equivalente a uma sensação leve não dolorosa de parestesia (aproximadamente até 5mA). O estímulo gerava um pulso de onda bifásico e assimétrico. Eletrodos (25cm2) foram colocados na região supraorbitária, acima do forâmen supraorbital, bilateralmente (Fig. 3) Figura 3: Posicionamento dos eletrodos durante o protocolo de intervenção. A intervenção foi realizada em 10 sessões com duração de 30 minutos cada. Esse protocolo foi dividido em 2 blocos, sendo que cada bloco foi composto por 5 sessões consecutivas e diárias; com dois dias de intervalo (período sem intervenção) entre os blocos. 3.3. Desfechos O desfecho primário foi a intensidade da dor avaliada pela EVA para dor. A escala visual analógica (EVA) para dor é um instrumento que consiste de uma linha de 10cm, com âncoras em ambas as extremidades. Numa delas é Casuística e Método 22 marcada “nenhuma dor” ou “0 e na outra extremidade é indicada “a pior dor possível" ou “10”. A magnitude da dor é indicada marcando a linha e uma régua é utilizada para quantificar a mensuração numa escala de 1-100mm (Anexo 1). Como desfechos secundários foram avaliados sintomas cognitivos e depressivos. Foi utilizado o questionário Montreal Cognitive Assessment (MoCA) para avaliação da função cognitiva, considerando o nível de consciência e funcionamento global, a fim de comparar seu escore com as estimativas feitas pelos outros instrumentos. Serviu também para avaliar possíveis danos cognitivos e se houve melhora em algumas funções cognitivas específicas com o tratamento. Secundariamente foram medidos sintomas depressivos por meio da HDRS-17 (Hamilton Depression Rating Scale), versão 17 itens. O perfil demográfico dos pacientes foi avaliado por meio das seguintes variáveis: gênero e idade. Os desfechos foram mensurados em três ocasiões: (1) Tempo 01 (T0): avaliação basal, ou seja, antes do início da intervenção; utilizadas as escalas para avaliação da intensidade da dor (EVA), dos sintomas clínicos de depressão (HDRS-17) e de cognição (MoCA); (2) Tempo 01 (T1): final da última sessão do protocolo de dez estimulações. Analisado os dados da EVA, HDRS-17 e MoCA, bem como avaliação dos possíveis efeitos adversos; (3) Tempo 02 (T2): após um mês do fim das sessões foram avaliados novamente: EVA, HDRS-17, MoCA e efeitos adversos tardios. 3.4. Desenho do Protocolo Os pacientes foram selecionados aleatoriamente do Ambulatório de Dor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Após avaliação inicial e preenchimento dos critérios de inclusão, os pacientes foram convidados a participar do estudo e solicitada a assinatura do TCLE. A seguir foi explicado a cada um dos pacientes o objetivo e o protocolo do estudo. Os Casuística e Método 23 pacientes já estavam em uso de medicamentos e foram orientados a não interromper seu uso durante todo momento da pesquisa. Neste momento inicial foi realizado a mensuração da intensidade da dor (EVA) e aplicado o teste MoCA e HDRS-17. Para avaliação da dor, foi solicitado que o paciente preenchesse a EVA (Anexo 1). O teste MoCA é constituído de um protocolo com pontuação máxima de trinta pontos; sendo o escore de 26 ou mais considerado normal (Anexo 2). Para o HDRS-17, uma pontuação de 0 a 7 é considerada dentro do intervalo normal, enquanto pontuação de 20 indica no mínimo sintomas depressivos moderados. Essa escala se baseia no julgamento do próprio paciente a não ser nas questões 8, 9 e 10 em que se baseia no comportamento observado durante a entrevista (Anexo 3)[43]. Após a entrevista clínica e coleta inicial dos dados, os pacientes foram submetidos ao protocolo do estudo. Ao final das dez sessões de estimulação, procedeu-se novamente com a entrevista clínica para coleta de dados: EVA, MoCA e HDRS-17. Trinta dias do fim das sessões foi feita nova entrevista e coleta da EVA, MoCA e HDRS-17. Casuística e Método 24 Ambulatório Triagem Intervenção Seguimento Critérios de elegibilidade TNS Após 30 dias da última sessão TNS= Estimulação do Nervo Trigêmeo Figura 4: Fluxo de pesquisa. 3.5. Análise estatística As análises estatísticas foram feitas com os programas Stata 12 SE. De maneira geral, todas as análises foram feitas pelo princípio de intenção de tratamento (ou seja, todos os pacientes foram incluídos na análise) em que dados perdidos seriam imputados de acordo com o princípio da última observação trazida a termo (Last Observation Carried Forward). As análises foram consideradas significativas para um p <0,05. Para o desfecho principal foi utilizado modelo geral linear com uma variável dependente contínua (escore de dor na EVA) e uma variável independente categórica: tempo (dois níveis, correspondentes ao dia inicial e final). As análises secundárias utilizaram o mesmo modelo. Casuística e Método 25 4. RESULTADOS 26 Vinte pacientes foram considerados elegíveis para o estudo. Um paciente foi excluído durante o trabalho pois não conseguiu completar o protocolo proposto. O resultado das variáveis analisadas encontra-se no Apêndice 2. 4.1. Fluxograma 20 pacientes selecionados 1 paciente não completou o desenho do estudo por indisponibilidade de tempo 1019 pacientes completaram o estudo Figura 5: Fluxograma. 4.2. Dados antropométricos A distribuição dos dados foi avaliada pelo teste de KOLMOGOROV-SMIRNOV, mostrando distribuição normal das variáveis. Os dados relativos ao gênero e à idade encontram-se na Tabela 1. Somente um paciente foi do gênero masculino. A idade média foi de 45,5 anos. Resultados 27 Tabela 1: Dados sociodemográficos (gênero, idade). Gênero Feminino (N) 18 (94,74%) Masculino (N) 1 (5,26%) Total (N) 19 (100%) Idade (média + DP) (anos) 45,52 + 11,41 Máximo (anos) 61 Mínimo (anos) 18 N= número absoluto; DP= desvio padrão. 4.3. Resultado das variáveis analisadas no momento inicial (T0) Todos os pacientes relataram a dor, segundo a EVA, como maior ou igual a 7 no momento da primeira avaliação. Antes da estimulação, a média da EVA foi 8,76; a média da HDRS-17 foi 15,42 (DP=9,61) e a média da avaliação cognitiva segundo MoCA foi de 22 (DP=5,8) (Tab. 2). Tabela 2: Variáveis analisadas no momento inicial (T0). Avaliação inicial Média DP Mínimo Máximo EVA 8,76 1,49 7 10 HDRS-17 15,42 9,61 2 38 22 5,8 13 29 MoCA DP= desvio padrão; EVA= Escala Visual Analógica; HDRS-17= Hamilton Depression Rating Scale; MoCA= Montreal Cognitive Assessment 4.4. Resultado da Escala Visual Analógica (EVA) nos momentos T0, T1 e T2 A Tabela 3 e a Figura 6 apresenta os resultados da EVA dos pacientes estudados nos momentos T0, T1e T2, verificando-se na comparação dos grupos Resultados 28 diferença estatística significativa (ANOVA – p<0,0001). Ao final das sessões da TNS houve redução média da intensidade da dor (EVA) de 3,68 (DP=1,49) (p<0,0001). Após 30 dias, a EVA manteve-se com redução média de 3,55 em relação aos valores inicias. Considerando-se a análise categórica, 9 de 19 pacientes apresentaram resposta clínica definida como redução da pontuação segundo a escala de dor de pelo menos 50% da dor. Tabela 3: Valores mínimos, máximos, médios e respectivos desvios padrão da escala visual analógica (EVA) dos pacientes estudados nos três momentos (T0– avaliação basal; T1– ao final das 10 sessões; T2– 30 dias após o final das sessões). EVA Média DP Mínimo Máximo T0 8,76 1,49 7 10 T1 5,08 2,75 1 10 T2 5,21 2,67 1 10 EVA= Escala Visual Analógica; DP= desvio padrão; T0= avaliação basal; T1= ao final das 10 sessões; T2= 30 dias após o final das sessões 9 8 7 EVA 6 5 T0 T1 T2 EVA= Escala Visual Analógica; T0= avaliação basal; T1= ao final das 10 sessões; T2= 30 dias após o final das sessões Figura 6: Gráfico da avaliação da dor (EVA T0 x resultado). Resultados 29 O resultado do teste de Tukey utilizado para comparação par a par mostrou diferença estatística significativa entre T0 versus T1 (p<0,05) e T0 versus T2 (p<0,05) (Tab. 4) Tabela 4: Resultados do t test para comparação de todos os pares de momentos estudados e os respectivos intervalos de confiança. IC 95% P EVA T0 vs EVA T1 8,04 9,48 <0,001 EVA T0 vs EVA T2 8,04 9,50 <0,001 EVA T1 vs EVA T2 3,75 6,41 0,64 EVA= Escala Visual Analógica; T0= avaliação basal; T1= ao final das 10 sessões; T2= 30 dias após o final das sessões; IC: intervalo de confiança (95%); ns=não significativo 4.5. Resultado da MoCA Na Tabela 5 podem ser observados os resultados do teste de MoCA dos pacientes estudados nos momentos T0, T1 e T2. Na comparação dos grupos não se verificou diferença estatística significativa (ANOVA – p=0,904). Tabela 5: Valores mínimos, máximos, médios e respectivos desvios padrão do teste de MoCA dos pacientes estudados nos três momentos (T0– avaliação basal; T1– ao final das 10 sessões; T2– 30 dias após o final das sessões). Média DP Mínimo Máximo MoCA T0 22,05 5,80 13 29 MoCA T1 22,89 5,60 13 29 MoCA T2 22,42 5,95 13 29 MoCA= Montreal Cognitive Assessment; T0= avaliação basal; T1= ao final das 10 sessões; T2= 30 dias após o final das sessões Resultados 30 4.6. Resultado da HDRS-17 Em relação aos sintomas depressivos, não houve alterações significativas a partir da linha de base após o protocolo de intervenção, como avaliadas pela HDRS17 (ANOVA - p=0,815) (Tab. 6). Tabela 6: Valores mínimos, máximos, médios e respectivos desvios padrão da HDRS-17 dos pacientes estudados nos três momentos (T0– avaliação basal; T1– ao final das 10 sessões; T2– 30 dias após o final das sessões). Média DP Mínimo Máximo HDRS-17 T0 14,42 9,61 2 38 HDRS-17 T1 13,63 10,12 0 38 HDRS-17 T2 13,57 10,55 0 38 HDRS-17= Hamilton Depression Rating Scale; T0= avaliação basal; T1= ao final das 10 sessões ; T2= 30 dias após o final das sessões. 4.7. Resultado de regressão com variáveis clínicas Nenhuma variável clínica se correlacionou com a melhora dos sintomas de dor avaliados pela EVA (Tab. 7). Tabela 7: Regressão com variáveis clínicas. Variável t P* IC (95%) Gênero -1,43 0,175 -12,53271 a 2,529862 Idade (anos) 1,52 0,154 -0,0467667 a 0,2666956 HDRS-17 T0 -0,17 0,869 -0,2304091 a 0,1970539 MoCA T0 0,50 0,626 -0,2666473 a 0,4266519 *Análise feito através de t-test. IC= intervalo de confiança (95%); HDRS-17 T0= avaliação basal Hamilton Depression Rating Scale; MoCA T0= avaliação basal da Montreal Cognitive Assessment Resultados 31 5. DISCUSSÃO 32 Neste estudo, decidiu-se incluir pacientes com diagnóstico de FM realizado por meio das publicações da ACR de 1990 e 2010. Não foi utilizado o critério modificado de 2010 pois este teste possui menor especificidade (78%) dentre os três propostos pela ACR[26]. Dessa forma, foram escolhidos os dois critérios diagnósticos com maior especificidade para reduzir as chances de apresentar um falso diagnostico de FM e ter certeza de um resultado mais preciso do diagnóstico. O tratamento dos pacientes com fibromialgia é um desafio; diversos tratamentos são sugeridos para o seu controle. O objetivo principal deste estudo foi avaliar a neuromodulação não-invasiva para o controle dos sintomas dolorosos dos pacientes com FM. Segundo Queiroz (2013), a prevalência média global de FM é de 2,7%, variando de 0,4% na Grécia a 9,3% na Tunísia[64]. Estudo da Dinamarca reportou prevalência menor que 1%[65]; na Espanha, prevalência foi de 2,4%[66]; e, na América do Norte varia de 2.0 a 3,3%[20]. A taxa média foi de 3,1% nas Américas[64]. Estimativas de prevalência de base populacional são de 2 a 7 vezes mais comum nas mulheres do que nos homens[20, 67]. No Brasil, a prevalência é de 2,5%. Ainda no Brasil, a prevalência é de 4,9% entre as mulheres e 0,1% entre os homens[68]. Todos os estudos acima citados utilizaram os critérios para a classificação de FM da ACR do ano 1990. Pelo fato da FM ser uma condição crônica predominante em adultos, limitou-se a presente pesquisa a indivíduos de 18 anos ou mais. A prevalência de FM foi predominante no gênero feminino neste estudo, estando de acordo com a prevalência mundial, segundo Queiroz (2013)[64]. A idade média dos pacientes com FM deste estudo está de acordo com a média mundial segundo Queiroz (2013)[64]. Os mecanismos fisiopatológicos para o desenvolvimento da FM são multifatoriais. O aumento generalizado da sensibilidade à dor pode ser atribuído a fenômenos fisiológicos como sensibilização central ou outros processos de amplificação subcorticais e a fenômenos psicológicos, como hipervigilância, catastrofização[30]. Discussão 33 De acordo com a International Association for the Study of Pain (IASP), dor é considerada uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a um dano real ou potencial dos tecidos, ou descrita em termos de tais lesões[69]. No entanto, esta definição apresenta falha pois não leva em conta a relação do fator mental com o mundo, como dano familiar, social e espiritual. Alguns estudos tem demonstrado a importância do sistema nervoso central e periférico no processo doloroso e comportamental de pacientes portadores de FM. No primeiro estudo no uso de Ressonância Nuclear Magnética (RNM) em pacientes com fibromialgia, Gracely et al (2002) evidenciaram aumento regional no fluxo sanguíneo cerebral em pacientes com fibromialgia em comparação com os controles quando administrados estímulos de pressão em ambos os grupos [9,70] . Essas regiões incluem o córtex somatossensorial primário e secundário, a ínsula e o córtex cingulado anterior. Ichesco et al (2009) demonstraram que pacientes com FM apresentam aumento significativo da atividade neural na ínsula, lobos parietais inferiores bilaterais, no córtex somatossensorial primário e secundário, no putâmen e caudado[71]. Estudos de neuroimagem em pacientes com dor aumentam a neuroatividade de estruturas cerebrais envolvidas na sensação e emoção. Evidências de neuroimagem funcional corroboram a ação do córtex somatossensorial no processo discriminativo da dimensão da dor, e regiões como o insula e cíngulo anterior no processo afetivo e avaliativo da dor[70,71]. Baseados nestes estudos e revendo a neuroanatomia do nervo trigêmeo, este possui conexão com áreas semelhantes das que estariam responsáveis pelo desenvolvimento da fibromialgia. A TNS pode exercer seu efeito por meio das vias moduladoras da dor, como a via descendente inibitória e modulando as regiões sócio-afetivas do cérebro, como o lobo temporal direito. Estudos de neuroimagem em pacientes com depressão mostram fluxo cerebral reduzido, especificamente no córtex pré-frontal, giro cingulado anterior, córtex temporal anterior, caudado, putamen e tálamo. Segundo Shiozawa et al (2015), uso Discussão 34 de TNS para o tratamento da depressão, em estudo fase II, controlado e randomizado, mostrou melhora dos sintomas depressivos com significância estatística em relação ao grupo de intervenção simulada[46]70,71]. Novas estratégias terapêuticas como a EMTr, a ETCC e a estimulação do nervo vago têm sido cada vez mais estudadas como tratamentos para diferentes transtornos neuropsiquiátricos como a FM[47,60]. A neuromodulação do nervo trigêmeo tem sido alvo no manejo da dor, dada a possibilidade de se alcançar os objetivos terapêuticos ligados a diferentes regiões cerebrais corticais e subcorticais[72-74]. Outras condições neurológicas também têm sido estudadas com TNS como epilepsia [53,54,76] satisfatórios refratária[53,62,63,75] e depressão com resultados . Este é o primeiro estudo que investigou o uso da TNS em pacientes com FM. A estimulação craniana é capaz de induzir neuroplasticidade, ou seja, mudanças na excitabilidade cortical[77]. Segundo Dietrich et al (2008) e Revesz et al (2008) ocorrem alterações na atividade neuronal após aplicação de estímulos elétricos em nervos cranianos em regiões como a amígdala, ínsula, giro pré-central, hipocampo e tálamo[78,79]. De acordo com esse mecanismo, o estímulo elétrico segue da periferia em direção ao tronco cerebral e estruturas cerebrais. O ensaio aberto apresentou resposta clínica favorável da técnica de TNS pois houve superioridade estatística na diminuição da intensidade da dor conforme a EVA. A análise sobre a redução do sintoma de dor pela EVA mostrou redução média de 3,68 pontos com significância estatística após o protocolo. Após 30 dias do procedimento, mantinha-se estabilidade da melhora dos sintomas dolorosos, sem recidiva do quadro. Nenhuma variável clínica se correlacionou com a melhora dos sintomas dolorosos. Ou seja, a melhora da dor não se relacionou com o gênero, HDRS-17, MoCA e EVA no T0. A HDRS-17 foi utilizada para avaliar se houve correlação do uso da TNS com melhora dos sintomas dolorosos e depressivos. Não houve variação significativa dos Discussão 35 sintomas depressivos. Desta forma, pode-se concluir que a redução da dor segundo a EVA não foi acompanhada de uma eventual redução dos sintomas depressivos, ou seja, não houve overlapping entre a diminuição dos sintomas de dor e de humor. O teste de Avaliação Cognitiva Montreal (MoCA) é um instrumento de rastreio de déficit de cognição. Foi utilizado nessa pesquisa com o objetivo de avaliar se os pacientes sofreram melhora ou algum déficit cognitivo leve após o TNS. A análise sobre sintomas cognitivos pelo MoCA não mostrou melhora no desempenho cognitivo nem piora (com p=0,904). Dessa forma, demonstrou-se que é uma técnica segura pois não houve comprometimento cognitivo. A média dos pontos obtidos pelos pacientes no teste MoCA foi abaixo da normalidade, estando de acordo com os resultados apresentados por Coppieters et al (2015). Este grupo de autores concluíram que pacientes com FM apresentam comprometimento cognitivos significativo, sinais de sensibilização central e diminuição da qualidade de vida relacionada com a saúde em comparação com indivíduos saudáveis sem dor[80]. Estudos com a segurança e a eficácia do uso da estimulação de nervos tem sido uma preocupação. Segundo Lange et al (2011) a estimulação de nervos vago em pacientes com FM apresentou efeitos colaterais leves e com boa tolerabilidade, assim como foram os efeitos colaterais encontrados na estimulação de pacientes com depressão e convulsão[81]. Neste estudo, a técnica foi segura e não foram relatados efeitos adversos. A principal limitação deste estudo é que foi estudo aberto, sem grupo controle para comparação. Não é possível diferenciar o efeito do tratamento com efeito placebo. O termo “aberto” reflete a possibilidade de viés por falta de cegamento, no entanto, Schulz, Grimes (2002) afirmam que estudos abertos podem ser metodologicamente sólidos[82]. Apesar deste estudo apresentar pequena amostra e estar sujeito à influência aparentemente grande a partir dos resultados de um único indivíduo, os resultados obtidos neste estudo mostram significância estatística. Discussão 36 A validade externa pode ser limitada. O presente estudo não se trata de ensaio multicêntrico; dessa forma a população estudada é limitada ao centro de pesquisa, podendo prejudicar a generalização dos resultados. Portanto, o presente estudo necessita de uma nova intervenção, como ensaio clínico duplamente encoberto, randomizado. Discussão 37 6. CONCLUSÃO 38 Os resultados do uso da TNS para o tratamento de FM evidenciam melhora dos sintomas dolorosos até 30 dias após a intervenção. Não foram observados efeitos sobre os sintomas cognitivos e depressivos em pacientes portadores de FM até 30 dias após o procedimento avaliados pelo teste de MoCA e HDRS-17. Conclusão 39 7. ANEXOS 40 ANEXO 1 ESCALA VISUAL ANALÓGICA PARA GRADUAÇÃO DA INTENSIDADE DA DOR 0 10 Anexos 41 ANEXO 2 MOCA Anexos 42 ANEXO 3 ESCALA DE HAMILTON PARA AVALIAÇÃO DA DEPRESSÃO (HDRS-17) Instruções: Em cada item escolha o escore que melhor caracteriza o paciente na última semana. Assinale sua opção no espaço apropriado ( ). Essa escala se baseia no julgamento do próprio paciente a não ser nas questões 8, 9 e 10 em que se baseia no comportamento observado durante a entrevista! 1. Humor deprimido (tristeza, desesperança, desamparo, menos valia) 0 ( ) Ausente. 1 ( ) Sentimentos são relatados somente se perguntados. 2 ( ) Sentimentos são relatados espontaneamente com palavras. 3 ( ) Comunica estes sentimentos não verbalmente, ou seja, na expressão facial, postura, voz e a tendência ao choro. 4 ( ) Paciente comunica quase exclusivamente esses sentimentos, espontaneamente, tanto em seu relato verbal como na comunicação não verbal. 2. Sentimentos de culpa 0 ( ) Ausentes. 1 ( ) Auto-recriminação; acha que decepcionou outras pessoas. 2 ( ) Ideias de culpa ou ruminações sobre erros ou ações do passado. 3 ( ) Acha que a doença atual é um castigo; delírios de culpa. 4 ( ) Ouve vozes que acusam ou denunciam e/ou tem alucinações visuais ameaçadoras. 3. Suicídio 0 ( ) Ausente. 1 ( ) Acha que a vida não vale a pena. 2 ( ) Gostaria de estar morto ou qualquer cogitação sobre possível morte para si mesmo. 3 ( ) Ideias ou gestos suicidas. 4 ( ) Tentativa de suicídio Qualquer tentativa séria marque 4. Anexos 43 4. Insônia inicial 0 ( ) Sem dificuldade para iniciar o sono. 1 ( ) Queixa-se de dificuldade ocasional para conciliar o sono, ou seja, mais que meia hora. 2 ( ) Queixa-se de dificuldade para conciliar o sono todas as noites. 5. Insônia intermediária 0 ( ) Sem dificuldades. 1 ( ) Queixa-se de ficar com inquietude e perturbação durante a noite. 2 ( ) Acorda durante a noite – qualquer saída da cama marcar 2 (exceto para necessidades fisiológicas). 6. Insônia terminal (final da madrugada) 0 ( ) Sem dificuldade. 1 ( ) Acorda no final da madrugada mas, volta a dormir. 2 ( ) Não consegue voltar a dormir se acordar no final da madrugada ou sair da cama. 7. Trabalho e atividades 0 ( ) Sem dificuldades. 1 ( ) Pensamentos e sentimentos de incapacidade, fadiga ou fraqueza relacionados a atividades, trabalho ou passatempos. (“Faz as coisas mas sem vontade”) 2 ( ) Perda de interesse em atividades, passatempos ou trabalho relatado diretamente pelo paciente ou indiretamente, por meio de falta de iniciativa, vacilação (sente que precisa se forçar para trabalhar ou desenvolver atividades). 3 ( ) Redução do tempo gasto em atividades ou queda de produtividade. Marque 3 se não ocupa pelo menos três horas/dia em atividades (trabalho ou passatempos), exceto as de rotina. 4 ( ) parou de trabalhar devido à depressão. Marque 4 se o paciente não desenvolve atividades além das de rotina ou deixa de executá-las sem ajuda. Anexos 44 8. Retardo (lentificação do pensamento e concentração, diminuição da atividade motora) discurso, dificuldade de 0 ( ) Pensamento e discurso normal. 1 ( ) Discreta lentificação durante a entrevista. 2 ( ) Óbvia lentificação durante a entrevista. 3 ( ) Entrevista difícil devido à lentidão. 4 ( ) Estupor. 9. Agitação 0 ( ) Nenhuma. 1 ( ) Inquietude. 2 ( ) Brinca com as mãos ou cabelos, etc. 3 ( ) Movimenta-se, não consegue sentar-se quieto durante a entrevista. 4 ( ) Retorce as mãos, rói unhas, puxa cabelos, morde lábios. 10. Ansiedade psíquica 0 ( ) Sem problemas. 1 ( ) Tensão e irritabilidade subjetivas. 2 ( ) Preocupação excessiva com trivialidades. 3 ( ) Atitude apreensiva aparente na fisionomia ou no discurso. 4 ( ) Medos expressos espontaneamente. 11. Ansiedade acompanhada de sintomas somáticos (concomitantes fisiológicos da ansiedade: GI: boca seca, flatulência, indigestão, diarreia, cólicas, eructação; CV: palpitação, cefaleias. Resp.: hiperventilação, suspiros, sudorese ter que urinar frequentemente) “Durante um episódio de ansiedade, o(a) Sr(a) costuma ter os sintomas...” 0 ( ) Ausente. 1 ( ) Leve: Sintomas menores relatados quando inquirido. 2 ( ) Moderado: Paciente descreve espontaneamente sintomas não incapacitantes. Anexos 45 3 ( ) Grave: Maior número e frequência que 2; acompanhado de estresse subjetivo e prejudica o funcionamento normal. 4 ( ) Incapacitante: Numerosos sintomas, persistentes ou incapacitantes na maior parte do tempo; ataques de pânico. 12. Sintomas relacionados ao apetite e sistema digestivo. 0 ( ) Nenhum 1 ( ) Perda de apetite, mas come sem necessidade de encorajamento. Peso no abdome. 2 ( ) Dificuldades para comer sem encorajamento ou insistência e/ou necessita de laxantes ou medicação constantemente para sintomas gastrointestinais (como náusea, indigestão, flatulência, constipação, etc.). 13. Sintomas físicos em geral 0 ( ) Nenhum. 1 ( ) Peso ou lassidão em membros, costas ou cabeça e/ou Dores nas costas, cabeça ou musculares e/ou perda de energia e fatigabilidade. 2 ( ) Marque 2 para qualquer sintoma bem definido. 14. Sintomas genitais (perda da libido, distúrbios menstruais) 0 ( ) Ausentes ou informação insuficiente. 1 ( ) Leves: redução da libido ou desempenho sexual insatisfatório; tensão prémenstrual leve. 2 ( ) Graves: desinteresse ou impotência; tensão pré-menstrual grave. 15. Hipocondria 0 ( ) Ausente. 1 ( ) Auto-observação (corporal) aumentada. 2 ( ) Preocupação excessiva com a saúde. 3 ( ) Queixas frequentes, pedidos de ajuda, etc. 4 ( ) Delírio hipocondríaco. Anexos 46 16. Perda de peso (avalie A ou B) A. De acordo com o paciente. 0 ( ) Nenhum. 1 ( ) Provável emagrecimento associada à doença atual. 2 ( ) Perda de peso indubitável (de acordo com o paciente). B. Com base em medidas semanais. 0 ( ) Menos de 0,5 Kg de perda de peso na semana. 1 ( ) Mais de 0,5 Kg de perda de peso na semana. 2 ( ) Mais de 1 Kg de perda de peso na semana. 17. Crítica 0 ( ) Reconhece estar deprimido e doente ou não estar deprimido esta semana. 1 ( ) Reconhece estar com sintomas de depressão, mas atribui estes sintomas à má alimentação, ao clima, ao excesso de trabalho, ao vírus, à necessidade de descanso, etc. 2 ( ) Nega estar com depressão. Anexos 47 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 48 1. Smith HS, Harris R, Clauw DJ. Fibromyalgia: an afferent processing disorder leading to a complex pain generalized syndrome. Pain Physician. 2011; 14(2):E217E45. 2. Fleming KC, Volcheck MM. Central sensitization syndrome and the initial evaluation of a patient with fibromyalgia: a review. Rambam Maimonides Med J. 2015; 6(2):e0020. 3. Provenza JR, Pollak DF, Martinez JE, Paiva ES, Helfenstein M, Heymann R, Matos JMC, Souza EJR. Fibromialgia. Rev Bras Reumatol. 2004. 44(6):443-9. 4. 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O manejo da dor ainda é um desafio na prática clínica e as respostas ao tratamento são imprevisíveis. Diversas estratégias têm sido estudadas com a finalidade de modular a atividade elétrica disfuncional. Dentre elas, a estimulação do nervo trigêmeo (TNS - trigeminal nerve stimulation/estimulação do nervo trigêmeo). O uso de estratégia de neuromodulação não-invasiva pode se mostrar como ferramenta útil na otimização dos sintomas destes pacientes. OBJETIVO: O presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito da TNS sobre os sintomas dolorosos avaliados por escala visual analógica (EVA) em pacientes portadores de FM até 30 dias após o procedimento e sobre sintomas cognitivos e depressivos. MATERIAL E MÉTODO: Realizado ensaio clínico aberto não controlado. Cálculo amostral realizado por meio do The Fleming Single-stage Procedure. Incluídos 20 pacientes. A TNS foi aplicado em 10 sessões usando estimulador elétrico externo na região do nervo trigêmeo. RESULTADO: Antes da estimulação, a média da EVA foi 8,76. Ao final das sessões houve redução média da intensidade da dor de 3,68 com significância estatística. Após 30 dias do procedimento, mantinha-se estabilidade da melhora dos sintomas dolorosos. Não se verificou diferença estatística significativa sobre alterações nos sintomas cognitivos e depressivos. A técnica foi segura e não foram relatados efeitos adversos. CONCLUSÃO: o uso de TNS para o tratamento de FM evidencia melhora dos sintomas dolorosos até 30 dias após a intervenção. Não foram observados efeitos sobre os sintomas cognitivos e depressivos até 30 dias após o procedimento. 59 ABSTRACT 60 2016 THIAGO RAMOS GRIGIO EFFECT OF TRIGEMINAL NERVE STIMULATION FOR THE TREATMENT OF FIBROMYALGIA: OPEN TRIAL, UNCONTROLLED INTRODUCTION: Chronic pain is a common and debilitating symptom prevalent in patients with fibromyalgia (FM). The FM is part of a much larger continuum, including functional somatic syndromes, medically unexplained symptoms and somatoforms disorders. The negative impact that FM can cause to the quality of life has been reported by many studies. It is a condition that significantly affects physical wellbeing, mental and social, daily activities, leading to family isolation and generating significant costs and decreased productivity. Pain management is still a challenge in clinical practice and responses to treatment are unpredictable. Several strategies have been studied in order to modulate the electrical dysfunctional activity. Among them, stimulation of the trigeminal nerve (TNS - trigeminal nerve stimulation). The use of non-invasive neuromodulation strategy could prove as a useful tool in optimizing the symptoms of these patients. OBJECTIVE: This study aimed to evaluate the effect of TNS on the painful symptoms assessed by visual analog scale (VAS) in patients with FM within 30 days after the procedure and on cognitive and depressive symptoms. METHODS: Held open trial uncontrolled. Sample size calculation performed by the The Fleming Single-stage Procedure. Included in 20 patients. TNS was applied in 10 sessions using external electrical stimulator in the trigeminal nerve area. RESULTS: Before stimulation, the mean VAS was 8.76. At the end of the sessions there was an average reduction of pain intensity of 3.68 statistically significant. After 30 days of the procedure, it remained stable improvement of painful symptoms. There was no statistically significant difference in changes in cognitive and depressive symptoms. The technique was safe and there were no reported adverse effects. CONCLUSION: Use of TNS for the treatment of FM shows improvement in painful symptoms within 30 days of the intervention. No effects were seen on cognitive and depressive symptoms within 30 days of the procedure. 61 APÊNDICE 62 APÊNDICE 1 APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA Apêndice 63 Apêndice 64 APÊNDICE 2 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO O(a) Sr(a) foi selecionado(a) e está sendo convidado(a) para participar da pesquisa intitulada: Estimulação do Nervo Trigêmeo (TNS) como estratégia complementar no tratamento de fibromialgia, estudo aberto que tem como objetivo: verificar a eficácia da estimulação do nervo trigêmeo no tratamento de sintomas dolorosos da fibromialgia. Para tanto, receberá estimulação do trigêmeo. Este é um estudo baseado em uma abordagem terapêutica. A pesquisa terá duração de 1 mês para cada indivíduo a partir do momento da inclusão na pesquisa. Suas respostas serão tratadas de forma anônima e confidencial, isto é, em nenhum momento será divulgado o seu nome em qualquer fase do estudo. Quando for necessário exemplificar determinada situação, sua privacidade será assegurada uma vez que seu nome será substituído de forma aleatória. Os dados coletados serão utilizados apenas nesta pesquisa e os resultados divulgados em eventos e/ ou revistas científicas. Sua participação é voluntária, isto é, a qualquer momento você pode recusar-se a responder qualquer pergunta ou desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a instituição que forneceu os seus dados, como também na que trabalha. Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder as perguntas a serem realizadas sob a forma de questionários e entrevistas médicas. A estimulação do nervo trigêmeo consiste na aplicação de 2 eletrodos próximos a região da testa com o uso de uma fita adesiva hipoalergênica. Aplica-se um estímulo elétrico indolor durante 30 minutos utilizando-se um aparelho específico (neuroestimulador externo EMS400). Retiram-se os eletrodos, sem maiores comemorativos. O processo é indolor e não possui contraindicações absolutas. Todo procedimento será feito na presença de um médico habilitado para tanto. O(a) Sr(a) não terá nenhum custo ou quaisquer compensações financeiras. Não haverá riscos de qualquer natureza relacionada a sua participação. O benefício relacionado à sua participação será de aumentar o conhecimento científico para a medicina. O(a) Sr(a) receberá uma cópia deste termo onde consta o contato do pesquisador responsável, e demais membros da equipe, podendo tirar as suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento. Desde já agradecemos! __________________________________________________ Dr. Thiago Ramos Grigio (Pesquisador Responsável) Fone: 3466-2100 (contato com Dr. Pedro Shiozawa) E-mail: [email protected] São Paulo, ____ de _______________ de 2014. Declaro estar ciente do inteiro teor deste TERMO DE CONSENTIMENTO e estou de acordo em participar do estudo proposto, sabendo que dele poderei desistir a qualquer momento, sem sofrer qualquer punição ou constrangimento. NOME:_______________________________________ RG:__________________________________________ FONE:_______________________________________ Sujeito da Pesquisa: ______________________________________________ (assinatura) Apêndice 65 APÊNDICE 3 GÊN fem fem masc fem fem fem fem fem fem fem fem fem fem fem fem fem fem fem fem IDADE (anos) 48 45 60 55 28 34 36 57 57 50 18 55 49 61 43 45 48 37 39 MoCA T0 29 27 29 29 25 29 28 15 15 14 24 19 13 14 22 23 18 24 22 HDRS T0 7 6 5 24 2 3 8 15 23 38 17 22 18 18 32 14 16 10 15 EVA T0 7 9 8 9 7 7 8 9,3 10 10 9,3 9 8,6 10 10 9,7 9 9,6 10 MoCA T1 29 27 29 29 29 29 28 14 15 18 26 20 13 17 22 23 19 24 24 HDRS T1 0 6 3 7 1 2 7 15 22 38 15 20 18 18 32 14 16 10 15 EVA T1 1 9 7 1 2 3 8 6,3 3 6,3 5,6 2,6 8,4 2,4 10 5 4 4,8 7,3 MoCA T2 29 28 29 28 29 29 28 15 15 14 24 19 13 14 22 24 22 22 26 HDRS T2 0 4 3 6 1 1 5 15 23 38 17 22 18 18 32 13 16 10 15 EVA T2 1 8 7 2 2 5 6 6 3 5 9 2 9 3 10 5 5 6 8 GEN= gênero; EVA= Escala Visual Analógica; HDRS-17= Hamilton Depression Rating Scale; MoCA= Montreal Cognitive Assessment; T0= avaliação basal; T1= ao final das 10 sessões; T2= 30 dias após o final das sessões; fem= feminino; masc= masculino Apêndice