Curso Superior de Licenciatura em Ciências da Natureza Com Habilitação em Biologia Aedes aegypti: conhecer para combater. Projeto de extensão do IFF visando a diminuição de casos de dengue em Campos dos Goytacazes-RJ GEISILANE LOPES LEITE DO NASCIMENTO BRAGA MARCELLE DE OLIVEIRA MANHÃES CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ 2010 GEISILANE LOPES LEITE DO NASCIMENTO BRAGA MARCELLE DE OLIVEIRA MANHÃES Aedes aegypti: conhecer para combater. Projeto de extensão do IFF visando a diminuição de casos de dengue em Campos dos Goytacazes-RJ Monografia apresentada ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense como requisito parcial para conclusão do Curso de Ciências Natureza, Licenciatura em Biologia. Orientadora: Profª. Dra. Desiely Silva Gusmão Taouil CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ 2010 da Dados de Catalogação na Publicação (CIP) B813a Braga, Geisilane Lopes Leite do Nascimento. Aedes aegypti: conhecer para combater. Projeto de extesão do IFF visando a diminuição de casos de dengue em Campos dos Goytacazes-RJ / Geisilane Lopes Leite do Nascimento Braga, Marcelle de Oliveira Manhães – Campos dos Goytacazes, RJ : [s.n.], 2010. 108 f. ; il. Orientadora: Desiely Silva Gusmão Taouil. Monografia (Graduação em Ciências da Natureza. Licenciatura em Biologia). Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense. Campus Centro, Campos dos Goytacazes, RJ. Bibliografia: f. 70 - 75. 1. Dengue – Prevenção – Estudo e ensino. 2. Aedes aegypti - Controle – Estudo e ensino. I. Manhães, Marcelle de Oliveira, II. Taouil, Desiely Silva Gusmão, orient. III. Título. CDD – 614.571 GEISILANE LOPES LEITE DO NASCIMENTO BRAGA MARCELLE DE OLIVEIRA MANHÃES Aedes aegypti: conhecer para combater. Projeto de extensão do IFF visando a diminuição de casos de dengue em Campos dos Goytacazes-RJ Monografia apresentada ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense como requisito parcial para conclusão do Curso de Ciências Natureza, Licenciatura em Biologia. Aprovada em 10 de Agosto de 2010. Banca Avaliadora: Profª. Desiely Silva Gusmão Taouil (orientadora) Doutora em Biocências e Biotecnologia-UENF IFF Campus Campos – Centro Profª. Carla de Sales Pessanha Mestre em Biociências e Biotecnologia-UENF Universidade Estadual do Norte Fluminense MSc. Analiz de Oliveira Gaio. Mestre em Biociências e Biotecnologia-UENF Universidade Estadual do Norte Fluminense da AGRADECIMENTO A Deus, pois nada teria sentido se não fosse a sua presença ao nosso lado. A Profª. Desiely Silva Gusmão Taouil pela orientação e dedicação que tornaram possível a conclusão desta monografia As Prof.ª Carla Sales e Analiz Gaio por aceitarem compor a mesa examinadora. A todos os professores do curso de Licenciatura em Ciências da Natureza do IFF que foram tão importantes na nossa vida acadêmica. A Welliton Pacheco Rangel (Peninha) por sua paciência, disposição e contribuição no desenvolvimento deste trabalho. A turma de Licenciatura em Ciências da Natureza e em especial a turma de Licenciatura em Biologia pelo incentivo, força, amizade e carinho que partilhamos durante nossa caminhada. A todos os nossos amigos e familiares que sempre estiveram presentes e nos deram força em todos os momentos. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais, Edson e Albenice (in memorian) e ao meu irmão Erisson que sempre me incentivaram nesta caminhada. Ao meu marido por está ao meu lado dedicando todo carinho, amor e paciência. Geisilane L. L. do Nascimento Braga Dedico este trabalho aos meus pais pelo apoio, incentivo e dedicação ao longo desses anos. As minhas irmãs, pelo carinho e força nos momentos difíceis. Ao meu namorado e amigo pelo amor, ajuda e compreensão. Marcelle de Oliveira Manhães ... a educação é uma forma de intervenção no mundo. Paulo Freire RESUMO A dengue é uma doença causada por um arbovírus, que ocorre principalmente em áreas tropicais e subtropicais do mundo, inclusive no Brasil. Existem quatro tipos diferentes de vírus que causam a dengue, chamados de DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. O principal vetor da doença é o mosquito Aedes aegypti. Esta doença é uma das maiores preocupações mundiais na área de saúde pública. Campanhas educativas vêm sendo realizadas anualmente em todo o Brasil pelas Secretarias de Saúde das cidades. O objetivo das campanhas é esclarecer a população sobre a dengue, seus sintomas e medidas de como evitar o desenvolvimento dos insetos nas moradias. Porém, essas campanhas além de não enfocarem de maneira clara o vetor desta doença, não conseguem resultados relacionados à mudança de hábitos. Este projeto objetivou a transmissão de informações sobre o Ae. aegypti e a dengue à comunidade do IFF, incluindo alunos e funcionário em geral. Professores da rede municipal também estiveram no foco das ações do projeto. Palestras, exposições, cursos, produção de um filme, elaboração de um guia e aplicação de um questionário estiveram entre as atividades realizadas. A carência de informações pôde ser percebida, mas também notou-se um grande interesse do público em conhecer mais sobre o Ae. aegypti. Outra atividade proposta por este projeto foi a identificação das espécies de mosquitos e larvas. Quanto mais a população receber informações de qualidade e se conscientizar, maior será a contribuição da mesma na redução dos casos de dengue. Palavras-chave: Aedes aegypti, dengue, educação, professor. ABSTRACT Dengue is a disease caused by an arbovirus, which occurs mainly in tropical and subtropical areas of the world, including Brazil. There are four different types of viruses that cause dengue, called DEN-1, DEN-2, DEN-3 and DEN-4. The main vector of the disease is the mosquito Aedes aegypti. This disease is a major concern in global public health. Educational campaigns have been held annually in Brazil by the Health Departments of the cities. The purpose of campaigns is to inform the population about dengue, its symptoms and measures to prevent the development of insects in dwellings. However, these campaigns in addition to not focus more clearly the vector of this disease, they can not related to the change of habits. This project aimed at providing information on the Ae. aegypti and dengue to the community of IFF, including students and staff in general. Teachers of the municipal also been the focus of the project actions. Lectures, exhibitions, courses, film production, producing a guide and application of a questionnaire were among the activities. The lack of information might be perceived, but we did find a great public interest in knowing more about the Ae. aegypti. Another activity proposed by this project was to identify the species of mosquitoes and larvae. The more people receive quality information and be aware, the bigger the contribution the same reduction of dengue cases. Keywords: Aedes aegypti, dengue, education, teacher. LISTA DE ABREVIATURAS FUNASA – Fundação Nacional de Saúde Ae. Aegypti – Aedes aegypti OMS – Organização Mundial da Saúde FHD – Febre Hemorrágica da dengue SVS – Secretaria de Vigilância em Saúde MS – Ministério da Saúde DCC – Dengue com complicações DC – Dengue Clássico IgM – Imunoglobulina M IgG – Imunoglobulina G ATP – Adenosina trifosfato IFF – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense SUCEN – Superintendência de Controle de Endemias FIOCUZ – Instituto Oswaldo Cruz SUCAM – Superintendência de Campanhas de Saúde Pública PNEAa – Plano Nacional de Erradicação do Aedes aegypti CCZ – Centro de Controle de Zoonose SSC – Superentendência de Saúde Coletiva SMS – Secretaria Municipal de Saúde LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - Distribuição da dengue no mundo .................................................... 17 FIGURA 2 - Mapa do ministério da saúde modificado, comparando o número de casos de dengue no Brasil em 2009 e 2010 ................................................... 20 FIGURA 3 - Ciclo de transmissão da dengue ...................................................... 21 FIGURA 4 - Morfologia externa do Ae. aegypti .................................................... 29 FIGURA 5 - Patas e asas do mosquito Ae. aegypti ............................................. 30 FIGURA 6 - Tórax do Ae. aegypti contendo o “desenho” em forma de lira .......... 31 FIGURA 7 - O instrumento chamado de lira......................................................... 31 FIGURA 8 - Imagem do mosquito Ae. aegypti ..................................................... 32 FIGURA 9 - Mosquito Ae. aegypti se alimentando ............................................... 33 FIGURA 10 - Imagem de lixos em terreno baldio................................................. 34 FIGURA 11 - Ciclo de vida do Ae. aegypti ........................................................... 35 FIGURA 12 - Microscopia óptica de ovos de Ae. aegypti .................................... 36 FIGURA 13 - Imagem do abdome da fêmea do Ae. aegypti no momento da oviposição ....................................................................................................... 37 FIGURA 14 - Imagem da eclosão do ovo ............................................................ 38 FIGURA 15 - Esquema de larva de Ae. aegypti ................................................... 39 FIGURA 16 - Larva de Ae. aegypti respirando na superfície da água ................. 39 FIGURA 17 - Microscopia óptica dos 4 estágios larvais do Aedes aegypti ......... 40 FIGURA 18 - Esquema da pupa de Ae. aegypti, mostrando a morfologia externa ................................................................................................................. 41 FIGURA 19 - Imagem da pupa na cor parda recém transformada e pupa escura próximo do momento da emergência do adulto........................................ 42 FIGURA 20 - Imagem do mosquito Ae. aegypti adulto emergindo da pupa ......... 43 FIGURA 21 - Fêmea e macho acasalando .......................................................... 44 FIGURA 22 - Divulgação da atividade: identificação das espécies de mosquitos ............................................................................................................................. 59 FIGURA 23 - Apresentação da palestra no IFF Campus Campos-Guarus .......... 60 FIGURA 24 - Exposição no IFF campus Campos – Guarus ................................ 61 FIGURA 25 - Exposição do projeto Ae. aegypti: conhecer para combater, no IFF Campus Campos - Centro ........................................................................ 61 FIGURA 26 - Número de casos ao longo dos anos obtido através do questionário .......................................................................................................... 63 FIGURA 27 - Procedimentos utilizados ao encontrar as larvas ........................... 64 FIGURA 28 - Resposta de alunos que não vêem importância neste projeto ....... 65 FIGURA 29 - Curso de atualização para professores .......................................... 67 FIGURA 30 - Opinião dos professores sobre este projeto de extensão............... 68 SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS................................................................................ .9 LISTA DE FIGURAS ............................................................................................ 10 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 15 CAPÍTULO 1 - A DENGUE .................................................................................. 17 1.1 - Histórico ....................................................................................................... 17 1.1.1 - Dengue no Mundo ..................................................................................... 17 1.1.2 - Dengue no Brasil ....................................................................................... 19 1.2 - Transmissão do vírus da dengue pelo Ae. aegypti ...................................... 21 1.3 - Aspectos Clínicos da Doença ...................................................................... 22 1.3.1 - Dengue clássica ........................................................................................ 22 1.3.2 - Febre hemorrágica da dengue (FHD) ....................................................... 23 1.3.3 - Dengue com complicações ....................................................................... 24 1.4 - Tratamento ................................................................................................... 24 1.5 - Prevenção e Controle .................................................................................. 25 1.5.1 - Combate a Larva ....................................................................................... 25 1.5.2 - Combate ao Adulto.................................................................................... 27 CAPÍTULO 2 - O Aedes aegypti ......................................................................... 29 2.1 - Morfologia do Ae. aegypti............................................................................. 29 2.2 - Alimentação e Nutrição do mosquito adulto ................................................. 32 2.3 - Comportamento de Oviposição .................................................................... 34 2.4 - Ciclo de vida................................................................................................. 35 2.4.1 - Ovos .......................................................................................................... 36 2.4.2 - Larvas ....................................................................................................... 38 2.4.3 - Pupa .......................................................................................................... 41 2.5 - Reprodução.................................................................................................. 43 CAPÍTULO 3 - O vírus da dengue ...................................................................... 45 CAPITULO 4 - Projetos Pedagógicos na Escola.............................................. 47 4.1 - Educação e o controle do Ae. aegypti .......................................................... 47 4.2 - Projeto de extensão Ae. aegypti: conhecer para combater .......................... 49 5 - Objetivos ........................................................................................................ 52 5.1 - Geral ............................................................................................................ 52 5.2 - Específico..................................................................................................... 52 6 - Materiais e Métodos ...................................................................................... 53 6.1 - Palestra sobre o Ae. aegypti e a transmissão da dengue ............................ 53 6.2 - Exposições de Ae. aegypti no IFF Fluminense ............................................ 53 6.2.1 - Obtenção de Ae. aegypti para as exposições e elaboração do filme ........ 53 6.2.2 - Exposições ............................................................................................... 54 6.3 - Elaboração de questionário para levantamento de informações sobre incidência de mosquitos e casos de dengue ........................................................ 55 6.4 - Produção de um filme sobre o ciclo de vida do mosquito Ae. aegypti ......... 55 6.5 - Atualização de professores de escolas públicas sobre a dengue e o Ae. aegypti .................................................................................................................. 56 6.6 - Preparação de guia de apoio de aula sobre dengue e Ae. aegypti para professores de Ensino Médio da rede pública...................................................... 57 6.7 - Identificação das espécies de mosquitos presentes em diferentes bairros de Campos dos Goytacazes ................................................................................ 57 7 – Resultados e Discussão .............................................................................. 60 7.1 - Palestra e exposição sobre o Ae. aegypti no IFF Fluminense ..................... 60 7.2 - Aplicação de questionário ............................................................................ 62 7.3 - Produção de um filme sobre o ciclo de vida do mosquito Ae. aegypti ......... 66 7.4 - Atualização de professores de escolas públicas e preparação de guia de apoio sobre a dengue e o Ae. aegypti .................................................................. 67 7.5 - Identificação das espécies de mosquitos presentes em diferentes bairros de Campos dos Goytacazes ................................................................................ 69 8 - Conclusão ...................................................................................................... 70 9 - Referências Bibliográficas ........................................................................... 71 ANEXOS .............................................................................................................. 77 Anexo 1: Banner................................................................................................... 78 Anexo 2: Cartaz.................................................................................................... 80 Anexo 3: Questionário do professor ..................................................................... 82 Anexo 4: Questionário do aluno ........................................................................... 84 Anexo 5: Vídeo ..................................................................................................... 87 Anexo 6: Guia de apoio para o professor ............................................................. 89 15 Introdução Os mosquitos, em geral, são vetores de uma ampla variedade de doenças infecciosas para o homem, incluindo malária, filariose, febre amarela, dengue, e outras doenças transmitidas por vírus (GWARDS e COLLINS, 1996), consideradas as mais importantes causas de morbidade e mortalidade no mundo. O controle de mosquitos é uma tarefa difícil e que deveria ser contínua, pois exige nas épocas de surtos uma grande e perfeita integração entre as atividades próprias e exclusivas da Fundação Nacional da Saúde com outros órgãos competentes (NEVES, 2005), tendo a escola um fundamental papel na conscientização da população para a destruição dos focos domiciliares e peridomiciliares do vetor. A dengue ocorre em mais de 100 países e territórios do mundo, ameaçando mais de 2,5 milhões de pessoas nas regiões tropicais e subtropicais. A incidência anual de dengue alcança 50 milhões de casos, mais de 500 mil pacientes são hospitalizados com dengue hemorrágica a cada ano e 20 mil morrem em consequência da dengue (SILVA, 2007). O Município de Campos dos Goytacazes até o dia 04 de agosto de 2010 registrou 5.139 casos de dengue notificados e 1.258 casos confirmados (SSC, 2010). Tendo em vista a dificuldade em erradicar o vetor e a alta incidência de dengue no Município de Campos dos Goytacazes, um projeto de extensão foi desenvolvido com a finalidade de mobilizar e atualizar os profissionais da educação, os alunos e a comunidade para o combate a dengue. Portanto, este trabalho foi elaborado com base neste projeto de extensão denominado Aedes aegypti: conhecer para combater do IFF Campus Campos – Centro. O primeiro capítulo traz um histórico da Dengue no Brasil e no Mundo, apresentando os primeiros relatos até os dados atuais. Também descreve os sintomas, o tratamento, prevenção e controle da doença. No segundo capítulo são fornecidos dados sobre a morfologia do mosquito adulto e a biologia de suas fases imaturas, o ovo, a larva e a pupa, sendo abordados aspectos do mosquito referentes à sua nutrição, reprodução e comportamento. 16 O terceiro capítulo destaca características estruturais e comportamentais do vírus da dengue no organismo, abordando seu poder de infecção e a resposta imunológica gerada pelo hospedeiro. No quarto e último capítulo foi descrito o projeto de extensão mostrando o importante papel da escola na educação voltada para a saúde pública no combate ao vetor da dengue. 17 Capítulo 1 - A Dengue 1.1 - Histórico 1.1.1 - Dengue no Mundo A dengue é uma infecção transmitida por um mosquito que nas últimas décadas se tornou um importante problema de saúde pública internacional (OMS, 2009), demonstrado na figura 1. FIGURA 1 – Distribuição da dengue no mundo. a) Hemisfério ocidental; b) Hemisfério oriental (CDC, 2009). Trata-se de uma arbovirose1 causada por um arbovírus da família Flaviviridae, cujo vetor é o Aedes aegypti pertencente à família Culicidae, uma espécie de mosquito de origem africana que chegou ao continente americano no 1 Arboviroses são enfermidades infecciosas causadas por vírus que se multiplicam nos tecidos de artrópodes hematófagos, sendo transmitidos, através da picada, para vertebrados suscetíveis, neste produzindo viremia capaz de infectar um novo hospedeiro invertebrado (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998, p. 103). 18 período da colonização, sendo introduzido no Brasil provavelmente na época do tráfego de escravos (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). O mosquito da dengue foi descrito pela primeira vez em 1762, quando foi denominado Culex aegypti. Após a descrição do gênero Aedes, em 1818, foi denominado Ae. aegypti. A origem do nome dengue é árabe arcaica, significando fraqueza (astenia) (FIGUEREDO, 1991). Alguns autores relatam que a palavra dengue é de origem espanhola, que quer dizer "melindre", "manha", referindo-se ao estado de moleza e cansaço em que fica a pessoa contaminada pelo vírus, após a transmissão do mesmo pela picada do Ae. aegypti infectado (OSANAI et al. 1984). Em alguns países, a dengue é conhecida como “febre quebra ossos”. No Brasil (1846-1872), inicialmente, a dengue recebeu vários nomes, como “polca”, “patuléia”, “febre eruptiva reumatiforme”, “urucubaca” e “melindre” (OSANAI et al. 1984). A doença foi relatada entre 1779 e 1780, tendo ocorrido epidemias na Ásia, na América do Norte e também na África, indicando que há mais de 200 anos, tanto o vetor, como populações de vírus apresentavam ampla distribuição nos trópicos (SANTOS, 2003), onde as condições do ambiente como alta temperatura e grande frequência de chuvas favorecem o desenvolvimento do vetor (TAUIL, 2002). O isolamento do vírus ocorreu na década de quarenta, por Kimura e Hotta, em 1943 e 1944, respectivamente, tendo-se denominado esta cepa de Mochizuki (SANTOS, 2003). Em 1945, Sabin e Schlesinger isolaram os sorotipos 1 e 2. Em 1956, no auge da epidemia de dengue hemorrágica no sudeste asiático, Hammon e colaboradores isolaram os sorotipos 3 e 4, definindo-se, a partir daí, que a dengue é causada por quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4 (MARTINEZ TORRES, 1990). 19 1.1.2 - Dengue no Brasil Há referências de epidemias desde o século XIX no Brasil. Mas no século passado há relatos em 1916, em São Paulo, e em 1923, em Niterói, no Rio de Janeiro, sem diagnóstico laboratorial (SVS/MS, 2005). O Ae. aegypti sendo também o vetor da febre amarela, foi intensamente combatido em nosso território, tendo sido considerado erradicado em 1955 (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). Mas a erradicação não durou muito. Com o processo de industrialização e urbanização acelerada do país durante os anos 40 e 50, surgiram novos criadouros para os mosquitos como, por exemplo, pneus, ferros velhos e outros. Então, em 1976, o Ae. aegypti foi reintroduzido no Brasil, a partir de Salvador-BA, por falhas na vigilância epidemiológica e pelas mudanças sociais e ambientais propiciadas pela urbanização acelerada da época (TAUIL, 2002). A primeira epidemia, documentada clínica e laboratorialmente, ocorreu em 1981-1982, em Boa Vista-RO, e foi causada pelos sorotipos 1 e 4. Em 1986, ocorreram epidemias no Rio de Janeiro e algumas capitais da região Nordeste. Desde então, a dengue vem ocorrendo no Brasil de forma continuada, geralmente associadas à introdução de novos sorotipos em áreas anteriormente não afetadas. Na epidemia de 1986, foi identificado também a circulação do sorotipo DEN1, inicialmente no estado do Rio de Janeiro, disseminando-se para outros seis estados até 1990, nesse ano, foi identificada a circulação de um novo sorotipo, o DEN2, também no estado do Rio de Janeiro (SVS/MS, 2005). A circulação do sorotipo 3 do vírus foi identificada, pela primeira vez, em dezembro de 2000, no estado do Rio de Janeiro e, posteriormente, no estado de Roraima, em novembro de 2001 (SVS/MS, 2005). Em 2002, foi registrada a maior epidemia da doença no país, com 794.219 casos, a maioria deles no Rio de Janeiro (BRASIL, 2007). Desde o início da epidemia de 2002 observava-se a rápida dispersão do sorotipo 3 para outros estados: no primeiro semestre de 2004, por exemplo, 23 dos 27 estados do país já apresentavam a circulação simultânea dos sorotipos 1, 2 e 3 do vírus da dengue (SVS/MS, 2005). O sorotipo predominou na grande maioria dos estados do Brasil entre 2002 e 20 2006. No período entre 2007 e 2009, foi observada uma alteração no sorotipo predominante, com a substituição do DEN-3 pelo DEN-2. Essa alteração levou a ocorrência de epidemias em diversos estados. O monitoramento de sorotipos circulantes ao longo de 2009 apontou para uma nova mudança no sorotipo predominante, com uma recirculação importante do DEN-1. A recirculação do DEN1 alerta para a possibilidade de epidemia deste sorotipo, onde a população não esteve em contato com o vírus desde o início da década (SVS/MS, 2010a). Segundo o Ministério da Saúde do primeiro dia de janeiro de 2009 ao décimo terceiro dia de fevereiro deste mesmo ano o país registrou 51.873 casos confirmados de dengue. Neste mesmo período em 2010 foram confirmados 108.540 casos de dengue, mostrando um aumento no número de casos em relação ao ano de 2009 (Figura 2). Do total de 20.520 casos registrados na região sudeste em 2010 entre o primeiro dia de janeiro ao décimo terceiro dia de fevereiro foram notificados em Minas Gerais 15.626, São Paulo 2.930, Rio de Janeiro 636 e Espírito Santo com 1.328 (SVS/MS, 2010b). FIGURA 2 – Distribuição dos casos de dengue nas regiões do Brasil nos anos de 2009 e 2010 (Fonte: Modificado de Ministério da Saúde, 2010). 21 Segundo a Superintendência de Saúde Coletiva de Campos dos GoytacazesRJ, o município registrou no período de 01 de janeiro de 2010 a 04 de agosto de 2010, 1.148 casos de dengue clássico, 17 casos de dengue com complicação, 182 casos de febre hemorrágica da dengue e 04 óbitos (SSC, 2010). 1.2 - Transmissão do vírus da dengue pelo Aedes aegypti A transmissão do vírus da dengue ocorre pela interação homem - mosquito – homem, como mostra a figura 3. FIGURA 3 - Ciclo de transmissão da dengue (RUSSO, 2003). O mosquito adquire o vírus quando a fêmea de Ae. aegypti pica um homem infectado durante o período de viremia, que ocorre entre 2 a 7 dias após a picada (OMS, 2009). Após um repasto de sangue infectado, a fêmea adquire o vírus que se localiza no intestino médio e multiplica-se em outros órgãos como nas glândulas salivares. Após 8 a 12 dias de incubação a mesma torna-se apta a transmitir o vírus (SVS/MS, 2005). Uma vez com o vírus da dengue, a fêmea torna-se vetor 22 permanente da doença, sendo incapaz de controlar a invasão do vírus em todas as partes de seu corpo (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). A transmissão mecânica também é possível. Ocorre quando o repasto é interrompido e o mosquito, imediatamente, se alimenta num hospedeiro susceptível próximo. Não há transmissão por contato direto de um doente ou de suas secreções com uma pessoa sadia, nem de fontes de água ou alimento (FUNASA, 2002). As fêmeas de Ae. aegypti infectadas transmitem o vírus para a geração seguinte via transovariana (pelos ovos), de maneira que, variável percentual das fêmeas filhas, de um espécime infectado, nasça infectado (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). 1.3 - Aspectos clínicos da doença O processo infeccioso desencadeado pelo vírus da dengue possui um amplo quadro clínico, podendo variar desde uma simples infecção inaparente (assintomática), até quadros mais graves, nos quais se verificam hemorragias. Com isso, a dengue pode se apresentar sob duas formas: dengue clássica (DC) também descrita como febre da dengue (FD - “dandy fever”) e a dengue hemorrágica (DH) ou febre hemorrágica da dengue (FHD) (SANTOS, 2003). Depois da picada do mosquito, os sintomas se manifestam entre três e quinze dias, mas em média de cinco a seis dias. Só depois desse período que os seguintes sintomas aparecem: 1.3.1 - Dengue clássica O quadro clínico é muito variável. A primeira manifestação é a febre alta (39° a 40°), seguida de cefaléia, mialgia (dor nos músculos), prostração, artralgia (dor nas articulações), anorexia, astenia (fraqueza), dor retroorbital (dor nos olhos), náuseas, vômitos, exantema (erupção cutânea) e prurido cutâneo. Hepatomegalia pode ocorrer, ocasionalmente, desde o aparecimento da febre. Alguns aspectos clínicos dependem, com frequência, da idade do paciente (SVS/MS, 2005). A dor 23 abdominal generalizada pode ocorrer principalmente nas crianças. Os adultos podem apresentar pequenas manifestações hemorrágicas, como petéquias, epistaxe (derramamento de sangue pelo nariz), gengivorragia (derramamento de sangue pela gengiva), sangramento gastrointestinal, hematúria (presença de sangue na urina) e sangramentos acíclicos do útero. A doença tem uma duração de 5 a 7 dias. Com o desaparecimento da febre, há regressão dos sinais e sintomas, podendo ainda persistir a fadiga (FUNASA, 2002). A presença de manifestações hemorrágicas não é exclusiva da febre hemorrágica da dengue e quadros com trombocitopenia (plaquetas < 100.000/mm³) podem ser observados, com ou sem essas manifestações (BRASIL, 2005). A dengue clássica se manifesta no primeiro contato com um dos 4 tipos do vírus da dengue. Quando se contrai um deles, fica-se imune a este tipo (RUSSO, 2003). 1.3.2 - Febre hemorrágica da dengue (FHD) Os sintomas iniciais são semelhantes aos da dengue clássica, porém evolui rapidamente para manifestações hemorrágicas e/ou instabilidade hemodinâmica e/ou choque. Os casos típicos da FHD são caracterizados por febre alta, fenômenos hemorrágicos, hepatomegalia e insuficiência circulatória (FUNASA, 2002). Observa-se o surgimento de manifestações hemorrágicas espontâneas, trombocitopenia com hemoconcentração concomitante, devido aumento da permeabilidade vascular que leva ao extravasamento de plasma para os tecidos aumentando o hematócrito (SILVA, 2008). A dengue hemorrágica ocorre quando a pessoa é contaminada novamente por outro tipo do vírus, sendo que, raramente, essa forma pode ocorre na primeira infecção (RUSSO, 2003). 24 1.3.3 - Dengue com complicações O termo dengue com complicações é aplicado a todos os casos que não se enquadram nos critérios de FHD e dengue clássica. Nessa situação a presença de alterações neurológicas; disfunção cardiorrespiratória; insuficiência hepática; trombocitopenia; hemorragia digestiva; derrames cavitários e/ou óbito caracterizam o quadro (BRASIL, 2005). 1.4 - Tratamento Não existem medicamentos e vacinas para combater o vírus. A pessoa com dengue deve ficar em repouso, beber muito líquido e só usar medicamento para aliviar as dores e a febre, sempre com indicação do médico. Não devem ser utilizados medicamentos com ácido acetilsalicílico como, por exemplo, AAS, Alidor, Aspirina, Aspirina "C”, Aspi-C, Aspisin, Atagripe, Benegrip, CAAS, Cefurix, Cheracap, Cibalena, Corisona D, Doril, Engov, Melhoral, Melhoral C, Sonrisal, pois podem facilitar o sangramento (RUSSO, 2003). Para quem já teve dengue uma vez, o cuidado deve ser redobrado, já que a dengue hemorrágica é em geral observada em pacientes que apresentaram infecção por um dos sorotipos e, mais tarde, adquiriram outra infecção, nesse momento por um sorotipo diferente do vírus (LUPI, 2007) A OMS tem investido desde a década de 70 no desenvolvimento de vacinas contra a dengue (BRICKS, 2004). Porém há dificuldades que impedem o desenvolvimento desta vacina como: a necessidade de imunização contra os quatros sorotipos virais com alta eficiência (FIGUEIREDO, 1999) e a dificuldade de encontrar modelos animais para testar a efetividade da vacina, visto que os animais não apresentam o mesmo quadro clínico que os humanos (GIBBONS e VAUGHN, 2002; HALSTEAD, 2002). 25 1.5 - Prevenção e controle O Ae. aegypti encontrou, no mundo moderno, condições muito favoráveis para uma rápida expansão, devido a urbanização acelerada, a deficiência da limpeza urbana pela intensa utilização de materiais não-biodegradáveis, como recipientes descartáveis de plástico e vidro, e pelas mudanças climáticas (SANTOS, 2003). Com essas condições, o Ae. aegypti espalhou-se por uma área onde vivem bilhões de pessoas. A prevenção da dengue vem ocorrendo apenas pelo controle da população do mosquito Ae. aegypti, metodologia que vem sendo adotada há mais de um século, visto que ainda não foi desenvolvida uma vacina eficaz contra o vírus. Um método eficiente para a prevenção da dengue é a participação da população para a eliminação de criadouros dos mosquitos O combate aos Aedes pode ser feito nas fases de larva e adulto. 1.5.1 - Combate à larva O combate à larva pode acontecer por quatro métodos básicos: controle físico, químico, biológico e integrado. a - Controle físico Consiste em modificar ou remover os criadouros de larvas visando interromper o ciclo biológico dos mosquitos (NEVES, 2005). 26 b - Controle químico É feito por meio de produtos químicos que inibem o desenvolvimento das larvas ou intoxicam ou asfixiam as mesmas. Como o hormônio juvenil que interfere no desenvolvimento larval e na emergência de adultos e os inibidores de formação de quitinas (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). c - Controle biológico Consiste em utilizar organismos capazes de parasitar ou predar os mosquitos. Dos vários agentes estudados, os que mostraram maior eficiência foram: predadores, helmintos, protozoários, fungos e bactérias (NEVES, 2005). o Predadores Existem mais de 250 predadores invertebrados de larvas de mosquitos destacando-se as planárias (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998), microcrustáceos e baratas d’água. Entre os vertebrados destacam-se os peixes larvófagos dos gêneros Poeciliidae e Cyprinodontidae (FUNASA, 2001). o Helmintos Vários nematódeos da família Mermithidae têm sido estudados para o controle de larvas de culicídeos. Entre os fatores limitantes do uso deste agente está a dificuldade de produção em massa in vitro (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). o Protozoários Diversos microsporídeos têm sido estudados, porém não há perspectivas de sua utilização prática, com exceção de Hedhzardia aedis, que é específico para o mosquito Ae. aegypti. Em testes de laboratórios esta espécie mostrou ser capaz de eliminar 100% da população de Ae. aegypti (NEVES, 2005). 27 Está sendo introduzida no Brasil a espécie Hedhzardia aedis para viabilizar o seu uso como agente de um método alternativo de controle do mosquito transmissor da dengue (NEVES, 2005). o Fungos Vários fungos têm sido pesquisados para o controle de mosquitos, destacando-se Metharhysium anisopliae e Lagenidium giganteum, que são muito eficientes contra larvas de Anopheles, Culex, Aedes e outros. Fatores limitantes para o uso deste agente são a baixa especificidade, a alta dosagem necessária e as dificuldades de cultivos in vitro de fungos (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). o Bactérias Bactérias entomopatogênicas são utilizadas no controle de larvas de mosquitos. Porém a mais estudada, eficiente e utilizada mundialmente no controle do Aedes é o Bacillus thuringiensis israelensis (SANTOS, 2003). Essas bactérias apresentam grande potencial para o controle de mosquitos, pois não foi observado o desenvolvimento de resistência a estes inseticidas biológicos (NEVES, 2005). d - Controle integrado Consiste em integrar dois ou mais métodos de controle simultaneamente ou sequencialmente, visando reduzir os custos e aumentar os resultados (Neves, 2005). 1.5.2 - Combate ao adulto Consiste na aplicação de inseticidas. A escolha de um determinado inseticida leva em conta o custo e a eficiência do mesmo. Deve-se ficar atento se a eficiência 28 diminui ao longo do tempo. Esta diminuição se deve ao fato da seleção de mosquitos resistentes ao inseticida. Quando este é aplicado sucessivas vezes em dosagem letal, a grande maioria dos mosquitos morrem. Porém, alguns que já eram geneticamente resistentes, em pouco tempo repovoam o ambiente. Para que o inseticida seja eficaz contra as novas gerações já resistentes, este deverá ser aplicado em dosagem maior, o que se torna impraticável, em vista da toxidade para o homem e animais domésticos e do custo aumentado (NEVES, 2005). O tratamento realizado pelo fumacê é usado principalmente em epidemias para matar rapidamente os mosquitos adultos, evitando assim a disseminação de doenças como a dengue (NEVES, 2005). 29 Capítulo 2 - O Aedes aegypti 2.1 - Morfologia do Aedes aegypti O mosquito tem seu corpo segmentado e revestido pelo exoesqueleto ou cutícula, formado principalmente por quitina. O corpo do mosquito adulto é nitidamente dividido em cabeça, tórax e abdome (SUCAM, 1987), como mostra a figura 4. FIGURA 4 - Morfologia externa do Ae. aegypti. Na cabeça encontram-se os principais órgãos do sentido, como os olhos, as antenas e os palpos, demonstrados na figura 4. As antenas dos mosquitos são longas e compostas de 15 ou 16 segmentos, onde a porção flagelar da antena varia de acordo com o sexo (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). A figura 8 compara macho e fêmea de Ae. aegypti. Nos machos as antenas são plumosas, ou seja, os pêlos presentes nas antenas são longos e numerosos, enquanto que nas fêmeas são singelas, com pêlos bem mais ralos (SUCAM, 1987). 30 Entre os olhos e abaixo das duas antenas acha-se uma estrutura abaulada denominada clípeo e logo abaixo deste se origina o conjunto de órgãos do aparelho bucal, que é do tipo picador ou pungitivo (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). Na fêmea a probóscide é apropriada para sugar o sangue que lhe é necessário para a maturação dos ovos. No macho a probóscide é imprópria para picar (SUCAM, 1987). No tórax estão os apêndices especializados na locomoção, isto é as patas e asas (FIGURA 5). As asas dos mosquitos apresentam escamas, em diferente quantidade e aspecto. As veias das asas são particularmente cobertas por um grupo de escamas claras intercaladas por outros de escamas escuras. Tais manchas de escamas têm grande importância taxonômica. As patas são longas, apresentando-se em três pares (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). FIGURA 5 - Patas e asas do mosquito Ae. aegypti. O Ae. aegypti possui coloração preta/marrom, manchas brancas e com listras (faixas) brancas nas bases dos segmentos tarsais. Um desenho em forma de lira pode ser visto no tórax. Nos espécimes mais velhos, o “desenho da lira” (FIGURA 6 e 7) pode desaparecer (FUNASA, 2001; TAVEIRA et al. 2001). 31 FIGURA 6 - Tórax do Ae. aegypti contendo o “desenho” em forma de lira. (FIOCRUZ, 2010d). FIGURA 7 - O instrumento chamado de lira (HOURNE, 2010). O abdome inclui a maior parte dos órgãos internos, dos aparelhos reprodutor, digestivo e excretor. Este também vai variar de acordo com o sexo, pois nos machos o abdome é mais fino do que as fêmeas (Figura 8), já que as fêmeas necessitam de um abdome maior para armazenar/guardar os ovos até que estes estejam aptos a serem postos sobre uma superfície úmida e então eclodirem (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). 32 FIGURA 8 - Imagem do mosquito Ae. aegypti. a) macho; b) fêmea não alimentada; c) fêmea alimentada. 2.2 - Alimentação e nutrição do mosquito adulto Machos e fêmeas alimentam-se de néctar e sucos vegetais (FUNASA, 2001), demonstrado na figura 9b, porém somente as fêmeas se alimentam de sangue (Figura 9a). Este repasto sanguíneo pode acontecer a qualquer momento, seja antes ou depois do acasalamento, já que para a maturação dos ovos há necessidade de aminoácidos que estão presentes no sangue do homem. (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). 33 FIGURA 9 - Mosquito Ae. aegypti se alimentando; a) Fêmea do Ae. aegypti alimentando; b) Macho de Ae. aegypti se alimentando. Os mosquitos são atraídos pelos hospedeiros vertebrados por meio de combinação de estímulos, como visual (silhueta), correntes de convecção (temperatura e umidade), olfativo (ácido láctico, CO2, octenol, ATP e vapor d’ água) (NEVES, 2005; SANTOS e MIRANDA, 2009). No entanto, o estímulo olfativo detectado pelas antenas e pelos palpos maxilares é o responsável pela atração a longa distância (NEVES, 2005). Após pousarem sobre o hospedeiro, a fêmea seleciona cuidadosamente o local da picada com os órgãos sensoriais situados na labela (CHRISTOPHERS, 1960). O conjunto de estiletes bucais é, então, introduzido na pele do hospedeiro, ficando o lábio dobrado. Na maioria das vezes ocorre sucção diretamente de um capilar e o processo se completa em, aproximadamente, 3 minutos (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). A fêmea do mosquito é ágil ao picar e sempre que perturbada durante a ingestão de sangue, interrompe o processo, voa, e, logo após, estará novamente apta a ser atraída ao mesmo, ou a outro hospedeiro, ocasião em que deverá completar a refeição (NATAL, 2002). As fêmeas de Ae. aegypti preferem os horários diurnos para se alimentarem de sangue. Seus picos de maior atividade acham-se, geralmente, situados no amanhecer e pouco antes do anoitecer, mas ataca o homem, e por vezes animais domésticos, a qualquer hora do dia. À noite, embora raramente sejam oportunistas, atacam o homem se este se aproxima de seu abrigo (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). Como o metabolismo energético dos mosquitos machos depende da ingestão de carboidratos, estes usualmente são provenientes das seivas, flores e frutos. Os 34 açúcares ao serem ingeridos são gradualmente digeridos no intestino médio (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). 2.3 - Comportamento de oviposição A oviposição ocorre mais frequentemente no fim da tarde (FUNASA, 2001). Os criadouros preferenciais do Ae. aegypti são os recipientes artificiais, tanto os abandonados pelo homem a céu aberto e preenchidos pelas águas das chuvas, como aqueles utilizados para armazenar água para uso doméstico (MATHESON, 1932), como mostra a figura 10. FIGURA 10 - Imagem de lixos em terreno baldio; a) Imagens de um terreno baldio; b) Pneu contendo água. A seleção do local de oviposição por parte das fêmeas é o principal fator responsável pela distribuição dos mosquitos nos criadouros e é da maior relevância para a distribuição da espécie na natureza. Fatores físicos, químicos e biológicos podem influenciar nessa seleção: intensidade de luz ou ausência de luz, o comprimento de onda da luz refletida, diferentes temperaturas, graus de salinidade, presença de vegetais ou de seus produtos, microrganismos e seus produtos (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). Por volta de três dias após o repasto, em condições satisfatórias de temperatura, a fêmea coloca os seus ovos (FUNASA, 2001), podendo variar entre 50 e 200 ovos por postura. Os ovos de um mesmo ciclo gonadotrófico são depositados em locais variados (SANTOS, 2003). 35 Fêmeas de Ae. aegypti tendem a realizar a oviposição no interior de recipientes que armazenam água, embora já tenha sido relatada a capacidade em realizarem oviposição na superfície da água (GOMES et al. 2006). 2.4 - Ciclo de vida O Ae. aegypti apresenta metamorfose completa em seu ciclo de vida, portanto, é holometabólico. Desse modo, apresentam, como qualquer culicídeo, duas fases no seu ciclo de vida, mostrado na figura 11: a aquática, que inclui três estágios de desenvolvimento: ovo, larva (quatro estádios larvais) e pupa e a terrestre, que corresponde ao mosquito adulto (SUCEN, 2010). FIGURA 11 - Ciclo de vida do Ae. aegypti. 36 A duração do ciclo de vida, em condições favoráveis com presença abundante de alimento e temperatura adequada é de aproximadamente 10 dias, a partir da oviposição até a fase adulta (SUCEN, 2010). O Ae. aegypti vive relativamente pouco tempo, de 10 a 42 dias (SUCAM, 1987). As fêmeas sobrevivem por tempo sensivelmente mais longo do que os machos (CHRISTOPHERS, 1960; CLEMENTS, 1963; CONSOLI, 1982). A longevidade do mosquito adulto depende de fatores intrínsecos, tais como nutrição larval, metabolismo e sua idade fisiológica2, e extrínsecos, como temperatura, umidade e disponibilidade de carboidratos adequados para a nutrição (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). 2.4.1 - Ovos Os ovos dos mosquitos Aedes são elípticos, alongados e com simetria bilateral (Figura 12) envolvidos por uma casca impermeável chamada de cório. FIGURA 12 - Microscopia óptica de ovos de Ae. aegypti (20x). 2 Idade fisiológica: consiste no número de ciclos reprodutivos pelo qual a fêmea tenha passado. Pode-se calcular a idade cronológica aproximada a partir da idade fisiológica. 37 A estrutura e as propriedades do cório permitem que o embrião esteja protegido, para que a passagem de gases respiratórios aconteça e que haja resistência à perda de água (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). No momento da postura os ovos são brancos (Figura 13), mas, rapidamente, adquirem a cor negra brilhante e são colocados isoladamente pelas fêmeas na parede de recipientes contendo água, podendo também ser depositado diretamente na superfície da água. Após a postura dos ovos, o embrião completa seu desenvolvimento em 48 horas em condições favoráveis de umidade e temperatura (FUNASA, 2001). FIGURA 13 - Imagem do abdome da fêmea do Ae. aegypti no momento da oviposição (FIOCRUZ, 2010c). Os ovos de Ae. aegypti têm capacidade de permanecer em diapausa por mais de um ano (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998), aguardando situação ambiental favorável para a eclosão, demonstrando uma vantagem considerável para o mosquito e um grande desafio para o controle da dengue. No primeiro contato do ovo com a água uma larva é liberada, como mostra a figura 14. 38 FIGURA 14 - a) e b) Imagem da eclosão do ovo (40x); c) Larva após a eclosão (40x). Esta condição de diapausa em situações desfavoráveis à eclosão permite que os ovos sejam transportados a grandes distâncias, em recipientes secos, tornando-se assim o principal meio de dispersão do inseto (dispersão passiva) (FUNASA, 2001). A partir de uma pesquisa desenvolvida no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/FIOCRUZ) foi observado que os ovos adquirem resistência muito rápida, apenas 15h após a postura, reforçando mais uma vez que a eliminação dos focos é a maneira mais eficaz de combater o vetor da dengue (FIOCRUZ, 2010a). 2.4.2 - Larvas O estágio larval acontece na água, onde as mesmas nadam ativamente. Seu corpo tem aspecto vermiforme e se divide em cabeça, tórax e abdome dividido em oito segmentos. Na extremidade livre do abdome esta localizado o sifão por onde respiram (SUCAM, 1987), demonstrado na figura 15. 39 FIGURA 15 - Esquema de larva de Ae. aegypti (40x). O sifão é curto, grosso e mais escuro que o corpo. Para respirar ou descansar, a larva vem à superfície da água, onde fica em posição quase vertical (SUCAM, 1987), apresentado na figura 16. Movimenta-se em forma de serpente, fazendo um “S” em seu deslocamento. É sensível a movimentos bruscos na água e, sob feixe de luz, desloca-se com rapidez, buscando refúgio no fundo do recipiente, pois apresenta fobia a luz (fotofobia) (FUNASA, 2001). FIGURA 16 - Larva de Ae. aegypti respirando na superfície da água. 40 A fase larval é o período de alimentação e crescimento (FUNASA, 2001). As larvas passam a maior parte do tempo alimentando-se de detritos orgânicos animais ou vegetais, bactérias, fungos e protozoários existentes na água, mas principalmente de material orgânico acumulado nas paredes e fundo dos depósitos (SUCEN, 2010). O processo pelo qual se alimentam é denominado “filtrante”, embora possam triturar ou morder elementos submersos, raspar superfícies de objetos e engolir corpos mais volumosos por possuírem aparelho bucal do tipo mastigador – raspador (HARBACH e PEYTON, 1993). As larvas não apresentam características de selecionarem os alimentos, o que facilita a ação de larvicidas por via oral (SUCEN, 2010). As larvas possuem quatro estágios evolutivos (Figura 17), que se desenvolvem em um período de 5 a 10 dias, desde que ocorram condições favoráveis (SUCEN, 2010). O último estágio pode prolongar-se por várias semanas em condições de baixa temperatura e escassez de alimentos. Já que a duração da fase larval depende da temperatura, disponibilidade de alimento, densidade das larvas no criadouro, entre outros, o período entre a eclosão e a pupação pode não exceder a cinco dias em condições ótimas para o desenvolvimento da larva (FUNASA, 2001). FIGURA 17 - Microscopia óptica dos 4 estágios larvais do Aedes aegypti (4x). a) 1º estágio larval; b) 2º estágio larval; c) 3º estágio larval; d) 4º estágio larval (RUSSO, 2003). 41 A passagem de um estágio larval para o próximo ocorre pelo processo de “muda”, onde há o desprendimento do exoesqueleto. Este processo se dá pela abertura da cápsula cefálica e o tórax do exoesqueleto. A larva emerge com um novo exoesqueleto que apresenta folga para aumentar o seu tamanho (SUCEN, 2010) 2.4.3 - Pupa O estádio pupal corresponde a um período de transição em que ocorrem profundas transformações que levam a formação do adulto e à mudança do habitat aquático pelo terrestre. E esta fase de metamorfose não requer alimentação até que se transforme no mosquito adulto. As pupas têm aspecto de vírgula (Figura 17) são bastantes móveis quando perturbadas, mas estão quase sempre paradas em contato com a superfície da água. O corpo da pupa divide-se em cefalotórax e abdome onde ambos são providos de cerdas. As trompas respiratórias são curtas, e ficam situadas na extremidade livre da cabeça, enquanto que na extremidade livre do abdome ficam as paletas natatórias (SUCAM, 1987), como demonstrado na figura 18. FIGURA 18 - Esquema da pupa de Ae. aegypti, mostrando a morfologia externa. 42 O período de desenvolvimento pode ser influenciado sensivelmente pela temperatura, encurtando-o ou prolongando-o, conforme, respectivamente, ela atingir valores altos ou baixos. A uma temperatura entre 27 a 38°C, o período de desenvolvimento da pupa pode ocorrer de 1 a 3 dias. As temperaturas de sobrevivência são iguais àquelas que as larvas necessitam (SUCEN, 2010). Seu corpo, que tem inicialmente a mesma cor da larva recém-transformada, escurece na medida em que se aproxima o momento da emergência do adulto, apresentado na figura 19 (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). FIGURA 19 - Imagem da pupa na cor parda recém transformada e pupa escura próximo do momento da emergência do adulto. A pupa quando madura permite que a cutícula do cefalotórax se rompa na região mediana e o mosquito adulto surge levantando o seu abdômen pouco a pouco até ficar em posição horizontal à superfície da água. Um minuto depois o tórax do adulto sai através de uma fenda e em seguida todo o seu corpo vai aparecendo lentamente. Livre do exoesqueleto permanece em repouso sobre a exúvia3 abandonada na superfície (SUCEN, 2010), como mostra a figura 20. 3 muda. Exúvia: é o nome do exoesqueleto quitinoso de artrópodes deixado quando realizam uma 43 FIGURA 20 - Imagem do mosquito Ae. aegypti adulto emergindo da pupa. a), b) e c) Mosquito Ae. aegypti emergindo. d) Mosquito sobre a água após a emergência. 2.5 - Reprodução Dentro de 24 horas após emergirem, machos e fêmeas podem acasalar (FUNASA, 2001). Os machos são atraídos pela frequência vibratória do batimento das asas das fêmeas, onde este se entrelaça a ela através de suas patas (Figura 21), mostrando a relação entre o sentido da audição e as antenas (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). 44 FIGURA 21- Fêmea e macho acasalando. O acasalamento pode acontecer antes ou após a ingestão do primeiro repasto sanguíneo, mas é frequentemente anterior a este. O Ae. aegypti é capaz de acasalar em pequenos espaços, durante o vôo ou pousado sobre uma superfície. Após a cópula os espermatozóides são armazenados nas espermatecas presente no corpo da fêmea e são utilizados pouco a pouco para fecundar os ovos durante o processo de postura (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). A fêmea do Ae. aegypti é capaz de realizar inúmeras posturas no decorrer de sua vida, porém a cópula com o macho ocorre uma única vez (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). Uma única inseminação é suficiente para fecundar todos os ovos que a fêmea venha a produzir durante sua vida (SUCEN, 2010), pois os espermatozóides podem manter-se viáveis por muito tempo (CLEMENTS, 1963; ANDREADIS e HALL, 1980). 45 Capítulo 3 - O vírus da dengue Trata-se de um vírus de RNA fita simples do gênero Flavivirus, pertencente à família Flaviviridae (SVS/MS - 2005). A partícula viral é icosaédrica, coberta por um envelope lipídico contendo proteínas do envelope e da membrana (ROTHMAN, 2004). O genoma viral tem uma única janela aberta de leitura, codificando uma poliproteína, que após processamento origina sete proteínas não-estruturais (NS1, NS2A, NS2B, NS3, NS4A, NS4B e NS5), cuja função ainda não está determinada, e três proteínas estruturais: A proteína “C” do núcleo capsídeo, a proteína “M” associada à membrana e a proteína “E” do envelope viral, que é responsável pela reação de neutralização na qual há a presença de anticorpos e, pela interação do vírus com receptores nas células do hospedeiro (ROTHMAN, 2004). O mosquito adquire o vírus ao se alimentar do sangue infectado, este se multiplica no intestino médio do inseto (parte conhecida como mesêntero) e, com o tempo, passa para outros órgãos, como os ovários, o tecido nervoso e, finalmente, as glândulas salivares, contaminando o homem ao ser picado. (FIOCRUZ, 2010b). Através da picada do mosquito infectado, o vírus penetra na corrente sanguínea do indivíduo sadio e faz uma primeira replicação em células musculares estriadas e lisas, e fibroblastos, bem como em linfonodos locais. Seguido tal multiplicação, tem início a viremia, disseminando-se por todo o organismo. Os vírus podem circular livres, no plasma ou no interior de monócitos e macrófagos. Sabe-se que essas células fagocíticas são os maiores sítios de replicação viral (FIGUEIREDO, 1999). Os vírus também podem atingir a medula óssea, onde compromete a produção de plaquetas (elemento presente no sangue, fundamental para o processo de coagulação). Também, durante a multiplicação do vírus, formam-se substâncias que agridem as paredes dos vasos sanguíneos, originando uma perda de líquido (plasma) (FIOCRUZ, 2010b). O vírus se liga às células hospedeiras permissivas via endocitose mediada por receptor. A internalização e acidificação no endossomo e fusão da membrana viral e vesicular permitem a entrada do nucleocapsídeo no citoplasma da célula hospedeira e desempacotamento do genoma. Em seguida, tem início à replicação 46 do genoma e montagem de novas partículas virais (MUKHOPADHYAY et al. 2005), permitindo a multiplicação do vírus dentro da célula. Em resposta à replicação dos vírus, tanto a mediada por anticorpos, quanto a mediada por células, são ativadas com o objetivo de conter a infecção (LUPI et al. 2007). Na resposta mediada por células, os linfócitos T participam ativamente, reduzindo o número de células infectadas com o vírus e conferindo proteção contra reinfecção. Na resposta mediada por anticorpo, os anticorpos, principalmente os que se ligam a epítopos da proteína E, promovem lise do envelope ou bloqueio de seus receptores com consequente neutralização viral (FIGUEIREDO, 1999). Os quatro sorotipos conhecidos são antigenicamente relacionados, mas não conferem proteção cruzada, isto é, a infecção por um determinado sorotipo não protege contra infecção pelos demais sorotipos, mas em tempo relativamente curto pode conferir imunidade para outros sorotipos (SILVA, 2008). Anticorpos produzidos para um determinado sorotipo, não neutralizam o segundo vírus infectante de tipo diferente e amplificam a infecção, facilitando ao novo tipo infectante a penetração em macrófagos. Os vírus utilizam a porção Fc dos anticorpos ligados ao envelope para a ligação com os receptores de membrana Fcγ, presentes na membrana celular macrofágica. Trata-se do fenômeno de facilitação por anticorpos da penetração viral em macrófagos (FIGUEIREDO, 1999). A primeira infecção pelo vírus da dengue estimula a produção de anticorpos IgM antidengue que passam a ser observados por volta do 4º dia da doença, com picos no final da 1ª semana, mas podendo permanecer durante meses. Os anticorpos IgG antidengue são observados, em níveis baixos a partir do 4º dia após o início dos sintomas, aumentando sua concentração gradualmente, atingindo altos níveis em 2 semanas, sendo detectáveis durante anos, conferindo imunidade contra o mesmo sorotipo, provavelmente, pelo resto da vida (LUPI et al. 2007). Infecções por dengue, em indivíduos que já tiveram contato com outros sorotipos do vírus, podem alterar o perfil da resposta imune, que passa a ser do tipo anamnéstico ou de infecção secundária (reinfecção), com baixa produção de IgM e liberação intensa e precoce de IgG (FIGUEIREDO, 1999). 47 Capítulo 4 - Projetos Pedagógicos na Escola Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio apresentam como alguns dos seus objetivos o fornecimento de um aprendizado útil à vida do aluno, no qual as informações e os conhecimentos adquiridos pelos alunos se transformem em instrumentos de compreensão, interpretação, julgamento, mudança e previsão da realidade. Dessa forma a educação deve priorizar a formação ética, o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico do indivíduo (BRASIL, 2000). A fim de cumprir estes objetivos, as escolas têm utilizado métodos pedagógicos alternativos que auxiliam na aprendizagem. Um desses métodos são os projetos alternativos que funcionam como uma ferramenta que possibilita uma melhor forma de trabalhar os conteúdos de maneira mais atraente e interessante, servindo como fonte de investigação e criação, estimulando os alunos a buscar cada vez mais informações (NOGUEIRA, 2001). O projeto é um mecanismo que propicia a interação sujeito-objeto de conhecimento, assim os alunos assumem uma posição ativa diante da sociedade, estabelecendo relação entre o que ele aprende na escola e a sua vida (NOGUEIRA, 2001). 4.1 - Educação e o controle do Ae. aegypti A educação é a maneira principal de transformar a sociedade. O aluno não deve ser somente ensinado e sim educado para que possa saber associar o ensino à vida, conhecimento e ética, reflexão e ação, ter visão do todo. A educação deve contribuir para modificar a nossa sociedade ajudando os alunos a tornarem-se cidadãos realizados e produtivos (MORAN et al. 2000). Sabendo que a prevenção da dengue vem ocorrendo apenas pelo controle da população do mosquito Ae. aegypti, já que ainda não foi desenvolvida uma vacina eficaz contra o vírus. Esse controle é realizado pelas Secretarias de Saúde 48 de cada cidade através da aplicação de inseticidas em possíveis criadouros do inseto durante visitas domiciliares. Segundo a SUCEN (Superintendência de Controle de Endemias), os agentes da saúde deveriam instruir os moradores acerca da dengue e do seu vetor, mas isso não vem ocorrendo, o que é presenciado são visitas breves somente para aplicação do inseticida. A falta de esclarecimento pelos agentes de saúde, não capacitados para essa tarefa, e a pouca participação do sistema de ensino junto às crianças e jovens são fatos que dificultam as oportunidades de discussão quanto as dúvidas, as quais ficam, muitas vezes, sem resposta. O caráter não permanente de divulgação e as formas pelas quais as informações (fragmentadas e incompletas) são elaboradas e transmitidas à população são fatores que também contribuem para o problema de assimilação e compreensão da doença (LENZI et al. 2000). Quando lançado pelo governo brasileiro em 1996, o Plano Nacional de Erradicação do Aedes aegypti (PNEAa) não deu ênfase à educação e à participação da comunidade na eliminação de criadouros, mas sim à erradicação do mosquito vetor em um típico sistema “de cima para baixo” (GUBLER, 1989). De acordo com Krogstad e Ruebush (1996), entretanto, devido à necessidade de programas econômicos e sustentáveis para a prevenção e controle de doenças em países tropicais, seria exatamente a participação da comunidade a melhor intervenção ou estratégia. A escola é ponto de partida eficiente para a educação voltada à saúde pública, envolvendo diversas questões como, por exemplo, a dengue (ANDRADE, 1998). Entretanto, Russo (2003) concluiu que a escola não tem colaborado na transmissão dessas informações, através da identificação de um conhecimento basal em alunos do Ensino Médio, que provavelmente foi adquirido através dos meios de comunicação utilizados nas campanhas. Acredita-se que os indivíduos devam receber informações sobre a dengue e o seu vetor em alguma fase da sua vida escolar. É necessário que essas informações sejam passadas com qualidade e a solidificação de ações desse tipo dentro das escolas permitirá a qualificação de agentes multiplicadores desse conhecimento. Entretanto, para que este objetivo seja alcançado, é necessário o desenvolvimento de estratégias que valorizem a comunicação/educação e também enfatizem a responsabilidade social, no resgate da cidadania, numa perspectiva de que cada cidadão é responsável pela sua comunidade. 49 O governo brasileiro tem investido no combate à dengue, entretanto os investimentos na informação ainda não são suficientes, em vista do significativo índice de letalidade que esta virose causa, porém as diversas estratégias desenvolvidas pelas instituições governamentais como a veiculação de informações pela mídia, outdoors, faixas, cartazes, folhetos ou palestras em escolas proporcionam aumento de conhecimento sobre dengue, mas parecem impotentes diante das sucessivas epidemias que vem ocorrendo, pois apenas o conhecimento não provoca mudanças de hábitos na sociedade. Assim, no caso da dengue, a educação deve ter como objetivo estimular a participação efetiva da população para uma eliminação mensurável de criadouros dos mosquitos vetores no ambiente doméstico, e não simplesmente o acréscimo de conhecimento (BRASSOLATTI e ANDRADE, 2002). Assim é necessária a atuação conjunta da população e instituições no planejamento de atividades educativas para prevenção e controle da dengue (SALES, 2008), pois os estudantes representam um excelente canal para a introdução de novos conceitos na comunidade, pelo fato de serem membros permanentes desta, e por estarem com o cognitivo em formação (BRASSOLATTI e ANDRADE, 2002). O aluno não deve ser somente ensinado e sim educado para que possa saber associar o ensino à vida, dessa forma a educação deve contribuir para modificar a nossa sociedade ajudando os alunos a tornarem-se cidadãos realizados e produtivos (MORAN, et al. 2000). 4.2 - Projeto de extensão Aedes aegypti: conhecer para combater A dengue é responsável por milhares de óbitos anualmente no mundo, e no Brasil a situação não é diferente devido à elevada infestação domiciliar pelo Ae. aegypti contaminado pelo vírus. A grande parte dos criadouros infestados ou potenciais se encontra no interior dos domicílios, isto dificulta a erradicação do mosquito devido à multiplicação dos mesmos nos vários recipientes que podem armazenar águas de chuvas. Visto que o Ae. aegypti desenvolve-se, preferencialmente, em reservatórios artificiais (MATHESON, 1932), as atividades educativas têm cada vez mais 50 responsabilidades, tanto no engajamento da população na eliminação dos criadouros, como no esclarecimento sobre a dengue e sua etiologia (SALES, 2008). Com isso, observamos que hoje em dia as questões de saúde estão se tornando cada vez mais necessárias de serem discutidas no ambiente escolar, portanto é necessário que os professores estejam preparados para discutir tais questões. Infelizmente muitas escolas apresentam como deficiência a falta de instrumentalização do professor e a falta de informações. Com o objetivo de criar novas formas de divulgação sobre essa doença foi desenvolvido o Projeto Aedes aegypti: Conhecer para combater no Instituto Federal Fluminense no campus Campos - Centro. Assim, uma das etapas desse projeto foi elaboração de um mini-curso para atualização de professores sobre à dengue e o seu vetor. Desta forma, os mesmos poderão levar para a sala de aula o conhecimento adquirido, contribuindo para o controle do vetor e doença. A utilização de cursos de atualização para profissionais da educação tem o objetivo de capacitar os educadores para servirem de multiplicadores aos alunos e colegas, e auxiliarem, por meio de uma vigilância entomológica no ambiente da escola, na prevenção da dengue nesse espaço e, por extensão, na comunidade, atuando assim como agentes transformadores para melhoria da saúde pública (LERVOLINO e PELICIONE, 2005). Um guia também foi elaborado para ajudar os professores a se informarem sobre o Ae. aegypti. O guia apresenta fotos explicativas sobre o ciclo de vida do mosquito e informações sobre o controle do vetor, esclarecendo a necessidade de acabar com os seus criadouros, já que possuem duas formas de vida: aquáticas e terrestre. Também foi abordado o ciclo da doença, os sintomas e tratamento de forma clara e objetiva. Outra etapa consistiu de palestra realizada para alunos do IFF do campus Campos-Centro e Guarus, onde informações sobre o comportamento e hábitos dos mosquitos foram passadas com qualidade a fim de excluir conceitos errôneos construídos no senso-comum. É fundamental que os alunos saibam exatamente qual é o vetor da dengue, para isso foi realizada exposições e a produção de um filme com todas as fases de vida do mosquito. Esta atividade possibilitará a visualização das características 51 físicas do mosquito, o ciclo de vida completo e diferenciação entre fêmeas e machos. Apesar das atividades educativas gerarem um ganho de conhecimento no que se refere a questões relativas à doença, uma correspondente mudança de práticas por parte da população não ocorre (NETO et al. 1998). Embora a educação seja uma interessante ferramenta de trabalho com as comunidades na busca pela motivação popular, a análise de trabalhos prévios mostra que os resultados obtidos pela maioria dos projetos desenvolvidos limitam-se apenas a aquisição de conhecimento. Com a finalidade de ter um envolvimento e participação da comunidade no controle da dengue, um objetivo do projeto foi realizar a identificação de larvas e mosquitos adquiridos nas residências dos alunos, funcionários e demais pessoas da localidade. Com esse método pretendia-se estimular à participação da população no controle da dengue. Através dessas metas educacionais pretende-se formar os alunos como agentes multiplicadores, constituindo um veículo eficaz para disseminar as mais importantes orientações sobre a dengue. 52 5 - Objetivos 5.1 - Geral - Transmitir conhecimentos sobre o mosquito Ae. aegypti e a dengue visando o envolvimento da população no controle desse vetor em Campos dos GoytacazesRJ. 5.2 - Específico - Realizar palestras sobre o tema no IFF Campus Campos-Centro e IFF Campus Campos-Guarus voltadas aos alunos. - Realizar exposições do Ae. aegypti e de todas as suas fases de desenvolvimento no IFF Campus Campos-Centro e IFF Campus Campos-Guarus. - Obter informações sobre a distribuição e comportamento do Ae. aegypti em Campos dos Goyatacazes através de um questionário fornecido aos alunos do IFF Campus Campos-Centro. - Atuar na identificação de larvas de mosquitos coletadas por alunos e funcionários em suas residências. - Produzir um filme sobre o ciclo de vida do Ae. aegypti. - Promover cursos de atualização para professores da rede pública de ensino sobre o Ae. aegypti e a transmissão da dengue. - Produzir um guia de apoio ao professor para ser usado em aulas sobre o Ae. aegypti e a dengue. 53 6 – Materiais e Métodos 6.1 - Palestra sobre o Ae. aegypti e a transmissão da dengue As palestras esclareceram alunos do IFF Campus Campos-Centro e Campus Campos-Guarus sobre a dengue e o Ae. aegypti. A palestra desenvolvida no IFF Campus Campos-Centro aconteceu no sábado letivo do dia 21/06/2008 no auditório Cristina Bastos com a participação de mais de 250 alunos do Ensino Médio desta instituição. A palestra que ocorreu no IFF Campus Campos-Guarus foi desenvolvida no dia 23/04/09 no período da manhã com a presença de alunos do Ensino Médio, principalmente do Curso de Enfermagem. Esta atividade aconteceu através de uma parceria com o projeto de extensão: Com vivência. O objetivo foi excluir conceitos errôneos construídos no senso-comum, buscando proporcionar um espaço para as reflexões sobre a contribuição da população para o combate do vetor. 6.2 - Exposições de Ae. aegypti no IFF Fluminense 6.2.1 - Obtenção de Ae. aegypti para as exposições e elaboração do filme. Os mosquitos utilizados foram obtidos a partir do insetário do Laboratório de Biotecnologia, Centro de Biociências e Biotecnologia, Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF, coordenado pelo Prof. Francisco José Alves Lemos, colaborador deste projeto. Os mosquitos foram mantidos em gaiolas a 27oC e alimentados com sacarose 10%. Um recipiente contendo água destilada foi mantido dentro das gaiolas para manter a umidade. As larvas foram mantidas em bandejas com água contendo ração de camundongo triturada. As pupas foram coletadas e mantidas em 54 gaiolas até a emergência dos adultos. A produção de ovos foi induzida depois do fornecimento de sangue de camundongo aos mosquitos. As fêmeas depositaram os ovos em papel de filtro úmido 2 a 3 dias depois da alimentação sanguínea. 6.2.2 – Exposições As exposições ocorreram no IFF Campus Campos-Centro e Campus Campos-Guarus. Todas as fases de vida do mosquito foram apresentadas. A observação se deu a olho nu e com o auxílio de microscópio estereoscópio. Esta atividade possibilitou a visualização das características físicas do mosquito, o ciclo de vida completo e a diferenciação de fêmeas e machos. A exposição de mosquitos Ae. aegypti e todas as suas fases de vida ocorreu no pátio do campus Campos-Centro durante três dias, no período de 17 a 19 de dezembro de 2008 nos turnos da manhã, tarde e noite, atingindo alunos, professores e funcionários. Para a realização deste evento, foi de extrema importância a parceria com o Setor de Multimídia gerenciado por Carlos Alberto Pessanha (Pepe) naquele período. Esta atividade foi desenvolvida pelas bolsistas do projeto: Érica Lima Ribeiro, Geisilane Lopes Leite do Nascimento do Braga e Marcelle de Oliveira Manhães. Também houve a participação de treze alunos voluntários do Curso de Ciências da Natureza que foram capacitados para colaborarem nas exposições. Estes são: Carina Miranda da Silva; Críscila Maria Bastos de Souza; Darla Cristine Maravilha Peçanha dos Santos; Dayana Caldas Cardoso Sardinha; Ellen Aparecida de Souza Oliveira; Érika Robaina de Barros; Josilaine Gomes Soares da Cruz; Joyce Sthefane Costa de Souza; Lívia Ferreira da Silva; Luciane Oliveira Silveira; Márcio Pessanha Miranda; Rackel Dias Corrêa; Vilmara Primo Lima. A exposição do IFF campus Campos-Guarus aconteceu no dia 23/04/09, que correspondeu ao mesmo dia que foi realizado a palestra nesta instituição. Esta exposição iniciou logo após a palestra, no turno da tarde, onde alunos e funcionários puderam observar e conhecer todo o ciclo de vida do Ae. aegypti. 55 6.3 - Elaboração de questionário para levantamento de informações sobre incidência de mosquitos e casos de dengue Um questionário (Anexo 4) foi elaborado para os alunos do Ensino Médio do IFF Campus Campos - Centro contendo questões cujas respostas exigiriam do aluno uma série de observações que deveriam ser respondidas em suas casas junto da família. O objetivo do questionário foi avaliar aspectos da doença e da biologia do Ae. aegypti, sendo os alunos as fontes de informações. 6.4 - Produção de um filme sobre o ciclo de vida do mosquito Ae. aegypti. Todos os estágios de vida do mosquito, ovos, larvas, pupa e adulto foram fornecidos pelo insetário da UENF e filmados utilizando uma filmadora da marca Panasonic modelo NV-GS320 no estúdio do IFF-Campus Campos-Centro com a colaboração do Welliton Pacheco Rangel (Peninha). Inicialmente foi feito a filmagem da fêmea de Ae. aegypti se alimentando de sangue. As fêmeas foram individualmente retiradas da gaiola com o auxílio do sugador e cuidadosamente colocadas sobre o braço de um voluntário. Após a alimentação as fêmeas foram mortas. A emergência do mosquito adulto ocorreu em um aquário contendo pupas escuras. Depois de algumas horas de filmagem foi possível registrar a emergência do mosquito através de uma abertura no cefalotórax da pupa, se mantendo alguns minutos sobre a água. Para registrar a eclosão foram realizadas várias tentativas. A filmadora foi acoplada ao microscópio estereoscópio, onde os ovos que estavam em uma placa de Petri com água foram observados em um aumento de 20x e 40x. No dia anterior a filmagem, ração canina triturada foi adicionada à água de eclosão. Após alguns minutos de filmagem, foi possível notar a saída da larva. Os quatro estádios larvais foram mantidos em placas de Petri com água e filmados através da acoplagem da filmadora a um microscópio estereoscópio. Aumentos de 20x e 40x permitiram a visualização das larvas. 56 Os mosquitos adultos foram mantidos inicialmente por 5 minutos a -4oC para sua imobilização. Após este período foram transferidos para uma placa de Petri. A filmadora foi acoplada ao microscópio estereoscópio e aumentos de 20x e 40x foram utilizados. A filmagem do acasalamento ocorreu após a transferência de machos e fêmeas para um aquário vedado utilizando o sugador. A filmadora ficou apoiada em um suporte durante a filmagem. Este mesmo aquário foi utilizado para fazer a filmagem dos mosquitos se alimentando do néctar de flores. 6.5 - Atualização de professores de escolas públicas sobre a dengue e o Ae. aegypti A Secretaria Municipal de Educação foi contatada para agendamento do minicurso teórico-prático. Este curso de atualização sobre o Ae. aegypti e a transmissão da dengue foi oferecido a 24 professores da Rede Municipal de Educação no dia 17/06/2009 e teve a duração de oito horas. O primeiro momento do curso abordou a biologia do Ae. aegypti e forneceu informações sobre a dengue e sua transmissão com auxílio de uma apresentação em Power Point. A segunda parte apresentou uma exposição de todo o ciclo de vida do Ae. aegypti e ocorreu no Laboratório de Biologia do IFF Campus Campos-Centro onde os professores conheceram com mais detalhes o mosquito Ae. aegypti através do uso de microscópios estereoscópios. As amostras de ovos, larvas, pupas e adultos foram obtidas no insetário da UENF. No término do curso foi entregue uma ficha para o professor (Anexo 3) com intuito de saber a opinião dos deles sobre este projeto. As escolas municipais que participaram desde curso foram: CEMSTIAC, Centro Educacional 29 de Maio, Creche Escola Luiz Gonzaga da Silva, Escola Municipal Ângelo Faez, Escola Municipal Bartholomeu Lysandro, Escola Municipal Cláudia Almeida Pinto de Oliveira, Escola Municipal Conselheiro Josino, Escola Municipal Dr. Luiz Sobral, Escola Municipal Francisco de Assis, Escola Municipal Lions I, Escola Municipal Maria Antônia Pessanha Trindade, Escola Municipal 57 Miguel Henrique, Escola Municipal Nossa Sra. Aparecida, Escola Municipal Oziel de Souza, Escola Municipal Profa. Wilmar Cava Barros, Escola Municipal Raymundo Soares Filho, Escola Municipal Marechal Arthur da Costa e Silva. 6.6 - Preparação de guia de apoio de aula sobre dengue e Ae. aegypti para professores de Ensino Médio da rede pública O guia (Anexo 6) apresenta informações sobre o Ae. aegypti e a dengue necessárias para o esclarecimento dos professores. Este contém informações relevantes sobre o assunto como: principal vetor da doença, suas características, comportamento, hábitos alimentares, ciclo de vida e ciclo da doença; fatores que contribuem para a incidência do mosquito no Brasil; maneiras de controlar a população do vetor; sintomas diferenciais entre as formas clássica e hemorrágica da doença; tratamento sintomático; prevenção. Durante o preparo deste guia foram realizadas várias pesquisas bibliográficas utilizando sites, livros, artigos, manuais distribuídos pelo Ministério da Saúde e Fundação Nacional de Saúde e monografias. Este guia apresenta um mapa de distribuição da dengue no mundo e fotos que ilustram cada fase de vida, morfologia interna e externa do mosquito adulto para facilitar o entendimento e reconhecimento do Ae. aegypti. 6.7 - Identificação das espécies de mosquitos presentes em diferentes bairros de Campos dos Goytacazes Alunos e funcionários do IFF Campus Campos-Centro foram informados sobre a ação do projeto voltada para a identificação de mosquitos presentes em suas residências. O objetivo desta proposta era de alertar os participantes sobre a presença de Ae. aegypti nas moradias. As larvas e adultos encontrados deveriam ser entregues no Laboratório de Biologia do IFF Campus Campos-Centro para a análise. 58 Diversas formas de divulgação desta atividade foram elaboradas, como: chamada no site do IFF, banner (Anexo 1) e cartazes (Anexo 2) distribuídos em vários pontos do IFF (Figura 22) e solicitação aos professores que divulgassem esta atividade em suas salas de aula. Contudo, não foi possível desenvolver esta tarefa, pois nenhuma amostra foi entregue, devido à falta de conscientização da população. 59 FIGURA 22 - Divulgação da atividade: identificação das espécies de mosquitos. a) banner; b) cartaz; c) cartaz ampliado; d) site do IFF. 60 7 – Resultados e discussão 7.1 - Palestra e exposição sobre o Ae. aegypti no IFF Fluminense. Durante a palestra e a exposição foram ressaltadas características morfológicas e comportamentais do vetor, destacando que a participação da população no combate ao vetor é indispensável para o controle da doença. Na exposição foi utilizado um banner produzido pelo projeto com informações sobre o ciclo de vida do Ae. aegypti. Como resultado de uma parceria com o projeto de extensão Com vivência foi realizado a palestra (Figura 23) e a exposição (Figura 24) no IFF Campus Campos – Guarus e teve um público composto em sua maioria por alunos do curso técnico de enfermagem. FIGURA 23 - Apresentação da palestra no IFF Campus Campos-Guarus.a) Coordenadora do projeto apresentando a palestra; b) Alunos do ensino médio assistindo a palestra. 61 FIGURA 24 - Exposição no IFF campus Campos – Guarus. a) e b) Aluno do IFF participando da exposição. A palestra que aconteceu no IFF campus Campos – Centro (Figura 25) apresentou um grande número de interessados apesar de ter ocorrido num sábado. Após a palestra os alunos puderam esclarecer suas dúvidas. FIGURA 25 - Exposição do projeto Ae. aegypti: conhecer para combater, no IFF Campus Campos Centro. A) Banner contendo informações sobre o ciclo de vida do Ae. aegypti; B), C) e D) alunos do diurno observando as fases do Ae. aegypti com o auxílio de microscópios estereoscópios; E) alunos assistindo ao filme sobre o ciclo de vida do Ae. aegypti; F) e G) alunos do noturno; H) alunos recebendo informações durante a apresentação do filme. Nestas etapas foi possível construir um espaço de reflexão através da grande participação dos alunos, onde estes se mostraram muito interessados pelo assunto, 62 fazendo perguntas e tirando dúvidas, alcançando os objetivos propostos pela palestra como excluir conceitos errôneos que foram construídos no senso-comum e de reconhecer o vetor da dengue. 7.2 - Aplicação de questionário. Um questionário (Anexo 4) foi aplicado para 194 alunos do ensino médio do IF Fluminense para obtenção de informações referentes a dengue e seu vetor. Ao analisar os questionários concluímos que o IFF é uma instituição que atende a pessoas de toda região Norte Fluminense, e observamos também que a dengue é uma doença que abrange toda esta região e não apenas a cidade de Campos dos Goytacazes. Dos 194 alunos que responderam o questionário, 127 relataram que não houve casos de dengue em suas famílias, já os outros 67 alunos confirmaram que algum membro de sua família teve dengue, havendo a necessidade de 18 internações. Também foram descritos que 9 pessoas tiveram dengue mais de uma vez. Das 67 famílias que apresentaram casos de dengue, 5 casos foram de dengue hemorrágica, onde 4 destes ocorreram na primeira infecção, sem a ocorrência de nenhum óbito. Os maiores números de casos de dengue relatados pelos alunos foram compatíveis com as epidemias ocorridas na região Norte Fluminense, que foram nos anos de 2002, 2007 e 2008, como mostra a figura 26. 63 FIGURA 26 - Número de casos ao longo dos anos obtido através do questionário. Sabendo que o Ae. aegypti é o principal vetor da dengue e habita ambientes domiciliares e peridomiciliares, dos 194 alunos apenas 70 afirmaram que já encontraram o mosquito adulto em suas casas, podendo caracterizar a falta de atenção das pessoas para a presença do Ae. aegypti ao seu redor. Sessenta e quatro alunos já observaram as larvas do mosquito em seus quintais. Essas larvas foram encontradas pelos alunos do IFF em recipientes contendo água, como: pneus, garrafas, pratos de plantas, caixas d'água, ralo, suporte de galão, bebedouros de animais, calhas, piscinas, aquários, bromélias, água empoçada, chafariz, galão de 20 litros, baldes, sacos plásticos e torneiras em desuso. Após encontrar as larvas estes agiram de diferentes formas para combate das larvas apresentado na figura 27, caracterizando a carência informação pois não sabem como agir ao encontrar as larvas. 64 40 a) Retirou água de recipientes; b) Comunicou ao CCZ; c) Colocou as garrafas de cabeça para baixo; d) Colocou fogo nas larvas; e) Jogou produtos químicos; f) Lavou os recipientes; g) Limpou o quintal; h) Retirou a água empoçada; i) Esvaziou ou tampou a pscina; j) Trocou água de bebedouro de animais; k) Colocou areia nos vasos de planta; l) Limpou ou vedou caixas d'água. N º d e p ro cedim en to s realiz ad o s. 35 30 25 20 15 10 5 0 a b c d e f g h i j k l Procedimento realizado ao encontrar as larvas. FIGURA 27 - Procedimentos utilizados ao encontrar as larvas. A figura 27 mostra que 35 alunos retiraram a água de recipientes, mas somente 4 lavaram os mesmos, demonstrando que os alunos e seus familiares que apenas retiraram a água não conhecem as características dos ovos deste mosquito, que podem permanecer em diapausa por mais de 1 ano na parede destes recipientes. Segundo o levantamento dos questionários 107 pessoas moram próximas a terrenos baldios com lixos o que favorece o desenvolvimento do vetor. Nas questões 16, 19, 20, 22 e 23 foi observado que diversas formas de prevenção e controle da dengue são utilizados, como o trabalho do fumacê, uso de inseticidas, repelentes, cortinados e proteção para as janelas (telas). Segundo os alunos tanto a visita dos agentes de saúde para aplicação de larvicidas como a passagem do carro do fumacê ocorrem em frequência variadas, havendo relatos de que estes só acontecem nos períodos de epidemias, indicando a falta de organização e eficiência dos serviços do Centro de Controle de Zoonoses. Durante o levantamento dos resultados do questionário foi observado que 3 alunos responderam que não permitem a entrada dos agentes de saúde em suas residências, por motivos de medo de assaltos devido a falta de identificação dos agentes. Em geral, cerca de 122 alunos disseram que utilizam inseticidas como forma de combate ao mosquito e desses 14 acham que este método não é eficiente. 65 Já os repelentes são menos utilizados comparados ao inseticida. Além desses métodos foi observada a prática de fechar a casa cedo para evitar a entrada de mosquitos, utilização de cortinados, telas, ventiladores e ar condicionados. Desta forma podemos concluir que as pessoas utilizam métodos variados para evitarem os mosquitos, mas não há mudanças de hábitos para evitar a proliferação dos mosquitos, cabendo a escola o papel de estimular e conscientizar as pessoas para se tornarem agentes multiplicadores do conhecimento. Cento e trinta e oito alunos responderam que mesmo após as epidemias, não houve mudanças de hábito em suas casas para contribuírem com a diminuição da população do vetor. Este comportamento não era esperado, visto que os alunos disseram saber da importância da água no ciclo de vida do mosquito. Além disso, 5 pessoas (Figura 28) disseram que não vêem importância neste projeto de extensão que visa contribuir com a diminuição dos casos de dengue em Campos dos Goytacazes-RJ. FIGURA 28 - Resposta de alunos que não vêem importância neste projeto. Entre as atividades do projeto estavam elaboração e execução de palestras e exposições sobre a dengue e seu vetor, foi contabilizado que dos 194 alunos que responderam ao questionário 49 assistiram apenas a palestra, 4 assistiram apenas a exposição e 14 participaram de ambos. Deste total de alunos que assistiram à 66 palestra e/ou exposição foram observados que 46 sabem identificar o Ae. aegypti de forma correta e 36 mudaram os hábitos para evitarem a proliferação do mosquito adulto. Estas avaliações foram feitas com base nas questões 10, 25 e 26 respectivamente. Algumas mudanças de hábitos descritas foram: não deixar acumular água parada em recipientes; colocar areia nos vasos de plantas; limpeza do quintal; limpar calhas; limpar e fechar caixas d’água; fechar os ralos, entre outros. Com isso, podemos concluir que os alunos que tiveram maior contato com informações sobre a dengue e seu vetor através da palestra e exposição, apresentam maior consciência da gravidade desta doença do que os demais. 7.3 - Produção de um filme sobre o ciclo de vida do mosquito Ae. aegypti. Um filme que segue no anexo 5, abordando o ciclo de vida do Ae. aegypti, de aproximadamente seis minutos foi produzido com o auxílio do setor de multimídia do IFF-Campos campus Centro coordenado por Welliton Pacheco Rangel (Peninha). Durante a produção do filme foram realizadas diversas filmagens no Laboratório de Biologia do IFF-Campos campus Centro, no estúdio do setor de multimídia, nas ruas e hospital da cidade de Campos dos Goytacazes. O filme contém imagens do desenvolvimento completo do mosquito: eclosão da larva, desenvolvimento da larva, transformação de pupa em mosquito, alimentação e reprodução dos mosquitos; além disso, apresenta os criadouros artificiais e informações sobre a doença. O filme estará ou o DVD do filme disponível na biblioteca do IFF para empréstimos quando requisitados pelos alunos e funcionários do IFF. Este também será disponibilizado durante palestras, exposições e cursos em outras instituições que venha a receber este projeto. 67 7.4 – Atualização de professores de escolas públicas Municipais e preparação de guia de apoio sobre a dengue e o Ae. aegypti. Foi ministrado um curso teórico-prático de atualização para os professores da prefeitura de Campos dos Goytacazes – RJ. Este curso apresentou duas etapas. A primeira etapa foi uma palestra com informações sobre a dengue e seu vetor (Figura 29). Já na segunda etapa foram expostas as fases de vida do vetor. FIGURA 29 - Curso de atualização para professores. a) e b) Primeira etapa do curso. Através da ficha (Anexo 3) entregue aos professores foi possível notar a aceitação do projeto, visto que os professores elogiaram esta atividade e acreditam que este tipo de trabalho é importante para esclarecimento sobre a dengue. Nesta ficha foi perguntado aos professores se eles gostariam que este projeto visitasse a sua escola. Na figura 30 é possível observar algumas respostas. 68 FIGURA 30 - Opinião dos professores sobre este projeto de extensão. Como complemento ao curso de atualização dos professores foi produzido um guia com informações sobre a dengue e seu vetor para auxiliar os professores na elaboração de aula sobre esta doença. O guia será enviado aos professores que participaram do curso via e-mail. Russo (2003) aponta a necessidade de formalização do ensino sobre dengue na escola. Já que a escola é ponto de partida eficiente para a educação voltada à saúde pública (ANDRADE, 1998), havendo necessidade do preparo dos professores para auxiliarem seus alunos. A utilização de cursos de atualização para profissionais da educação tem o objetivo de atualizar os educadores, para servirem de multiplicadores aos alunos e colegas, atuando como agentes transformadores e ativos nos movimentos de melhorias de saúde pública (LERVOLINO e PELICIONI, 2005), o que inclui aprender sobre a dengue e o seu vetor. 69 7.5 - Identificação das espécies de mosquitos presentes em diferentes bairros de Campos dos Goytacazes. Esta etapa tinha como objetivo estimular a participação dos alunos e funcionários para identificação das espécies de mosquitos e larvas encontradas em suas residências. Porém esta etapa não foi concluída, pois nenhuma amostra de larva ou mosquito foi entregue no Laboratório de Biologia para análise, apesar das diversas formas de divulgação. 70 8 - Conclusão Sabe-se que a dengue é uma doença que acomete milhões de pessoas todos os anos e a única forma de controle da doença é o combate ao vetor. Porém, os métodos utilizados atualmente não têm sido eficazes, porque não incentivam a participação efetiva da população. Por isso, uma das atividades deste projeto era a identificação das espécies de mosquitos presentes em diferentes bairros de Campos dos Goytacazes, porém não houve a participação da população, mostrando que esta não se encontra consciente da necessidade de conhecer o Aedes aegypti. Com a análise dos questionários observamos grande carência de informações sobre a dengue e seu mosquito transmissor, o que dificulta o combate ao vetor. Também constatamos que ainda existem pessoas que não tem noção da seriedade desta doença, relatando que não há importância nas ações referentes no controle da dengue. Logo, a escola tem um papel decisivo na transmissão de conhecimento sobre este assunto. O uso de materiais didáticos como o guia que apresenta informações importantes sobre o tema serve como uma ferramenta de auxílio no preparo das aulas. As palestras e exposições são essenciais para excluir conceitos errôneos construídos no senso-comum. O filme produzido também será outro recurso informativo e acessível que possibilitará uma melhor compreensão sobre a dengue e seu vetor. 71 9 - Referências Bibliográficas ANDRADE, C. S. F. Uma educação especial para o controle biológico dos vetores da dengue. Anais do VI Siconbiol - Simpósio de Controle Biológico. Rio de Janeiro, p. 156, 1998. ANDREADIS T. C., HALL, D. W. Relationship between physiological age and fecundity in Culex salinarius (Diptera: Culicidae). J. Med. Entomol, 1980. BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília, 2000. BRASIL, Ministério da Saúde. Dengue: diagnóstico e manejo clínico. Série A. Normas e Manuais Técnicos, Brasília, 2005. BRASIL, Ministério da Saúde – Secretaria de Vigilância em Saúde, 2007. 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Saúde Pública. v. 18, n.3, 2002. 77 ANEXOS 78 ANEXO 1 BANNER 79 80 ANEXO 2 CARTAZ 81 O Projeto de Extensão “Aedes aegypti: conhecer para combater”, está identificando larvas e mosquitos encontrados em residências dos alunos, funcionários e comunidade vizinha ao IFF Campus Campos-Centro. Tragam as larvas e mosquitos encontrados em sua residência para identificação das espécies. Local de entrega das amostras: Laboratório de Biologia. BLOCO: A - 2º andar, sala 218. Manhã Tarde Noite Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira 8hs 30min 8hs 30min 8hs 30min 8hs 30min 8hs 30min até até até até até 11hs 30min 11hs 30min 11hs 30min 11hs 30min 11hs 30min 13hs 30min 13hs 30min 13hs 30min 13hs 30min até até até até 17hs 17hs 17h 17hs 18hs 18hs 18hs até até até 22hs 22hs 22hs xxxxxxx 18hs Xxxxxxx até 22hs 82 ANEXO 3 QUESTIONÁRIO DO PROFESSOR 83 Projeto de extensão Aedes aegypti: conhecer para combater. Palestra Aedes aegypti e a transmissão da dengue. Nome do professor:______________________________________________ ______________________________________________________________ Área:_________________________________________________________ e-mail:________________________________________________________ Escola Municipal onde trabalha:____________________________________ ______________________________________________________________ Gostaria da visita do projeto, Aedes aegypti: conhecer para combater, a sua escola? Comente brevemente sobre os benefícios da visita. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ Com quem podemos entrar em contato para viabilizarmos a visita à escola? (nome, telefone, e-mail, etc). ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 84 ANEXO 4 QUESTIONÁRIO DO ALUNO 85 Aedes aegypti: conhecer para combater. O projeto “Aedes aegypti: conhecer para combater” vem sendo desenvolvido no IFF e visa, principalmente, informar a comunidade sobre o mosquito, seus aspectos morfológicos, hábitos e comportamento. visando colaborar com a diminuição da população do mesmo e, consequentemente,com a redução dos casos de dengue na cidade. Entre as ações do projeto está a palestra oferecida aos alunos durante um sábado letivo (junho/2008) e a exposição das fases de vida do Aedes aegypti no pátio do IFF em dezembro de 2008. O questionário tem como objetivo fazer um levantamento de informações sobre a dengue e o seu vetor. Assim, sugerimos que você responda-o com o auxílio da sua família. A entrega será feita ao(a) seu(sua) professor(a) de Biologia. 1–Cidade: _________________________ 2 – Bairro onde mora: __________________________________ 3 – Quantas pessoas moram com você? __________________________________ 4– Entre as pessoas que moram com você, quantas já tiveram dengue? ________ Faça um levantamento sobre a idade que cada uma apresentava quando teve dengue e o ano. __________________________________ __________________________________ __________________________________ __________________________________ __________________________________ __________________________________ 5 – Quantas tiveram dengue mais de uma vez? __________________________________ 6 – Houve algum caso hemorrágico? Quantos? __________________________________ 7 – Houve necessidade de internação? __________________________________ 8 – O(s) caso(s) hemorrágico(s) correspondeu(ram) à primeira ou a segunda infecção com o vírus da dengue? __________________________________ __________________________________ 9 – Houve algum óbito? __________________________________ 10 – Você sabe identificar o Aedes aegypti? Quais características você utiliza na identificação? __________________________________ __________________________________ __________________________________ 11 – Você já encontrou o Aedes aegypti em sua casa?_____________________________ 12 – Mosquitos são encontrados frequentemente em sua casa? _________________________________ 13 – Você já observou larvas de mosquitos no seu quintal? _____________ Em quais recipientes elas se encontravam? ( ) pratos de vasos de plantas. ( ) caixa d´água. Quantos centímetros de água havia, aproximadamente? _____________________ ( ) bebedouro de animais. Qual(is) animal(is)? __________________________________ __________________________________ ( ) suporte para galão de água mineral. ( ) pneu. ( ) garrafas destampadas ou qualquer outro recipiente deixadas no quintal. Qual(is) recipiente(s)? __________________________________ ( ) ralo. ( ) calha. ( ) piscina. Quantos centímetros de água havia na piscina, aproximadamente?__________________ ( ) aquário. ( ) bromélia. ( ) Outro. Especifique: _______________ __________________________________ __________________________________ 14 – Como você (ou outra pessoa da família) procedeu quando as larvas foram encontradas? __________________________________ __________________________________ __________________________________ __________________________________ 86 15 – Há terrenos baldios na sua rua? __________ Quantos? _________ Há lixo nos terrenos? __________________________________ 16 – É comum ver o carro do fumacê passar em sua rua? __________ Com que freqüência passa? ( )nunca passou. ( )passa toda semana ( )passa todo mês. ( )raramente passa. . 17 – Sua família permite a entrada dos agentes de saúde encarregados da aplicação de inseticidas nas moradias? ( ) Permite. ( ) Não permite. Motivo: __________________________________ __________________________________ 18 – A visita ocorre com qual freqüência? __________________________________ 19 – Vocês utilizam inseticida? _________ Qual(is)? __________________________ O inseticida elimina os mosquitos com eficiência? __________________________________ __________________________________ 20 – Vocês utilizam repelente? _________ Qual? ____________________________ 21 – Vocês têm o hábito de fechar a casa cedo para evitar a entrada de mosquitos? __________________________________ 22 – Vocês utilizam cortinado nas camas para evitarem o contato com os mosquitos? __________________________________ 23 – As janelas de sua casa possuem telas para evitar a entrada de mosquitos? __________________________________ 24 – Ventilador e/ou ar condicionado é (são) ligados na tentativa de afastarem os mosquitos? __________________________________ 25 – Durante a epidemia de 2008, você e sua família mudaram algum hábito para evitarem o contato com os mosquitos? _________Qual?____________________ __________________________________ __________________________________ __________________________________ 26 – Houve alguma mudança quanto à arrumação do quintal? __________Qual foi a medida tomada mais importante? __________________________________ __________________________________ __________________________________ __________________________________ __________________________________ __________________________________ __________________________________ __________________________________ __________________________________ 27 – Você participou da palestra “Aedes aegypti e a transmissão da dengue” oferecida em Junho de 2008? ____________________________ 28 – Você visitou a exposição sobre o Aedes aegypti em Dezembro de 2008? ____________________________ 29 – Você vê importância nas ações citadas acima? ____________________________ ____________________________ ____________________________ ____________________________ ____________________________ ____________________________ ____________________________ 30 – Caso queira, comente sobre algo que julga importante e que não foi perguntado no questionário, e que possa colaborar com o projeto “Aedes aegypti: conhecer para combater”. ____________________________ ____________________________ ____________________________ ____________________________ ____________________________ ____________________________ ____________________________ ____________________________ O Projeto “Aedes aegypti: conhecer para combater” agradece a sua colaboração e fica a disposição para esclarecer dúvidas sobre a dengue e seu vetor. Contato: aaegypti.conhecerparacombater@ gmail.com 87 ANEXO 5 VÍDEO 88 89 ANEXO 6 GUIA DE APOIO PARA O PROFESSOR Guia Para Apoio De Aula Sobre A Dengue E Aedes Aegypti. Aedes aegypti e a transmissão da dengue. Desiely Silva Gusmão Taouil Geisilane Lopes Leite do Nascimento Braga Marcelle de Oliveira Manhães Projeto de Extensão: Aedes aegypti: conhecer para combater. Campos dos Goytacazes-RJ 2010 1- Aedes aegypti O mosquito Aedes aegypti é o principal vetor da dengue. Este apresenta hábitos domésticos, vivendo no interior de domicílios e nas regiões peridomiciliares (NATAL, 2002). Nem todos os mosquitos da espécie Aedes aegypti transmitem a dengue, somente aqueles que estiverem infectados pelo vírus. O mosquito sadio pode se infectar ao picar uma pessoa que esteja com dengue. O Ae. aegypti é próprio das regiões tropicais e subtropicais (LOURENÇO DE OLIVEIRA et al., 2002), onde o clima quente e úmido favorece o seu desenvolvimento (TAUIL, 2002). A figura 1 mostra as regiões sujeitas a epidemias da dengue no mundo. FIGURA 1. Distribuição mundial do dengue (modificado de OMS, 2007). Este mosquito encontrou, no mundo moderno, condições muito favoráveis para uma rápida expansão, devido à urbanização acelerada, a deficiência da limpeza urbana pela intensa utilização de materiais não- biodegradáveis, como recipientes descartáveis de plástico e 1 vidro (TAUIL, 2002). Com essas condições, bilhões de pessoas estão em contato com o Ae. aegypti. Seus criadouros preferenciais são os recipientes artificiais, tanto os abandonados pelo homem a céu aberto e preenchidos pelas águas das chuvas, como aqueles utilizados para armazenar água para uso doméstico (MATHESON, 1932). 1.1- Ciclo de vida O Ae. aegypti desenvolve-se por metamorfose completa. Seu ciclo de vida compreende 4 fases que são ovo, larva, pupa e adulto, como mostra a figura 2. Apresenta duas fases no seu ciclo de vida, a aquática com três etapas de FIGURA 2 - Ciclo de vida do Ae. aegypti. desenvolvimento (o ovo, a larva e a pupa) e aérea que corresponde ao mosquito adulto. A duração do ciclo de vida, 1.1.1- Ovos em condições favoráveis com presença abundante de alimento e temperatura adequada é de, aproximadamente, 10 Os ovos apresentam contorno alongado e fusiforme. dias, a partir da oviposição até a fase adulta (SUCEN, 2010). No momento da postura os ovos são brancos, mas, rapidamente, adquirem a cor negra brilhante, como mostra as figuras 3 e 4 (FUNASA, 2001). 2 dias, em condições favoráveis de umidade e temperatura. Após este período estarão prontos para eclodir (SUCEN, 2010). Quando os ovos são colocados fora da água apresentam diapausa mesmo quando a água seca, estes os ovos sofrem dessecação e se mantêm viáveis por um ano aproximadamente, e eclodem no primeiro contato com a água (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). A capacidade de resistir à dessecação é um sério FIGURA 3 - Microscopia óptica de ovos de Ae. aegypti (20x). obstáculo para a erradicação do mosquito. Esta condição FIGURA 4 – Imagem do abdome da fêmea do Ae. aegypti no momento da permite que os ovos sejam transportados a grandes oviposição (FIOCRUZ, 2010d). distâncias, em recipientes secos, tornando-se assim o principal meio de dispersão do inseto (dispersão passiva) O “córion” (casca) dos ovos dos mosquitos é (FUNASA, 2001). impermeável, pois o embrião depende da estrutura e das propriedades da casca para a sua proteção mecânica, A seleção do local de oviposição por parte das fêmeas passagem de gases respiratórios e resistência à perda de é o principal fator responsável pela distribuição dos mosquitos água (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). nos criadouros e é da maior relevância para a distribuição das Os ovos são depositados individualmente pelas fêmeas espécies na natureza. Fatores físicos, químicos e biológicos na parede de recipientes contendo água. Também podem ser podem influenciar nessa seleção: intensidade luminosa ou colocados diretamente na superfície da água. Após a postura ausência de luz, diferentes temperaturas, graus de salinidade, dos ovos o embrião completa seu desenvolvimento em 2 a 3 presença de vegetais ou dos seus produtos, microrganismos ou os seus produtos, substâncias relacionadas às formas 3 imaturas de mosquitos e outros (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). 1.1.2- Larvas As larvas sempre aquáticas têm aspecto vermiforme e coloração que varia entre o esbranquiçado, esverdeado, avermelhado ou mesmo enegrecido dependendo da composição do meio onde se encontra (CONSOLI e FIGURA 5 - Esquema de larva de Ae. aegypti, destacando a cabeça, OLIVEIRA, 1998). tórax e abdome. O corpo da larva possui cerdas que têm funções sensoriais e auxiliam na flutuação. À frente da cabeça encontram-se as escovas (Figura A larva é dividida em cabeça, tórax e abdome, 6), que em movimento, promovem correntes hídricas que demonstrado na figura 5 (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998; trazem para a boca da larva as partículas que serão FUNASA, 2001). A cabeça possui um par de antenas, um par mastigadas (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). de olhos e o aparelho bucal do tipo mastigador-raspador (HARBACH e PEYTON, 1993) alimentando-se de material orgânico acumulado nas paredes e fundo dos depósitos (FUNASA, 2001). 4 sob feixe de luz, desloca-se com rapidez, buscando refúgio no fundo do recipiente (fotofobia) (FUNASA, 2001). As larvas possuem quatro estágios evolutivos, como mostra a figura 7, que se desenvolvem em um período de 5 a 10 dias, desde que ocorram em condições favoráveis (SUCEN, 2010). 2 mm FIGURA 6 – Morfologia externa da larva, destacando as escovas orais e antena (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). 4 mm Na porção final do abdome das larvas encontra-se o sifão respiratório (Figura 5) que é curto, grosso e mais escuro que o corpo (SUCAM, 1987). Este permite que as larvas 6 mm respirem o oxigênio do ar embora sejam aquáticas, mas para isto acontecer é necessário aproximar-se da superfície da água ou ligando-se a mesma através do sifão respiratório, onde fica em posição quase vertical (SUCAM, 1987). 8 mm Movimenta-se em forma de serpente, fazendo um “S” em seu FIGURA 7 - Microscopia óptica dos 4 estágios larvais do Aedes aegypti deslocamento. É sensível a movimentos bruscos na água e, (4x). A) 1º estágio larval; B) 2º estágio larval; C) 3º estágio larval; D) 4º estágio larval (RUSSO, 2003). 5 e OLIVEIRA, 1998), como mostra a figura 9 e 10. O último estágio pode prolongar-se por várias semanas em condições de baixa temperatura e escassez de alimentos. Já que a duração da fase larval depende da temperatura, disponibilidade de alimento, densidade das larvas no criadouro, entre outros (FUNASA, 2001). A passagem de um estágio larval para o próximo ocorre pelo processo de “muda”, onde há o desprendimento do exoesqueleto. Este processo se dá pela abertura da cápsula cefálica e o tórax do exoesqueleto. A larva emerge com um novo exoesqueleto que apresenta folga para FIGURA 8- Imagem da pupa de Ae. aegypti, mostrando a morfologia aumentar o seu tamanho (SUCEN, 2010) externa. 1.1.3- Pupa Nesta fase ocorre a metamorfose, onde a larva que está no último estágio passa para a fase de pupa. Nesta fase o inseto não se alimenta. As pupas têm aspecto de vírgula (Figura 8), são bastantes móveis quando perturbadas, mas estão sempre paradas em contato com a superfície da água. Seu corpo, que tem inicialmente a mesma 9 cor da larva recém transformada, escurece na medida em que FIGURA 9 – Imagem da pupa na cor parda recém transformada e pupa se aproxima o momento da emergência do adulto (CONSOLI escura próximo do momento da emergência do adulto. 6 extremidade livre do abdome ficam as palhetas natatórias (SUCAM,1987). 1.1.4- Mosquito adulto O corpo do mosquito adulto é dividido em cabeça, tórax e abdome, demonstrado na figura 11. Na cabeça encontramse os principais órgãos do sentido, como os olhos, as antenas e os palpos, além disso, o aparelho bucal, que é do tipo picador. No tórax estão localizadas as patas e asas, como mostra a figura 11. Já o abdome inclui a maior parte dos órgãos internos, dos aparelhos reprodutor, digestivo e excretor (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). FIGURA 10 - Imagem do mosquito Ae. aegypti adulto emergindo da pupa. a), b) e c) Mosquito Ae. aegypti emergindo; d) Mosquito sobre a água após a emergência. O corpo é divido em duas porções: cefalotórax (fusão da cabeça e tórax) e abdome, como mostra a figura 8. Ambos, cefalotórax e abdome são providos de cerdas. As trompas ou trompetas respiratórios (Figura 8) são curtos e ficam situados Figura 11 – Morfologia externa do Ae. aegypti. a) Imagem do mosquito na extremidade livre do cefalotórax, enquanto que na adulto, destacando patas e asas; b) Destacando cabeça, tórax e abdome. 7 Os machos possuem pêlos mais numerosos, longos e As veias das asas são particularmente cobertas por abdome mais fino. Já nas fêmeas os pêlos são poucos e grupos de escamas claras intercaladas por outros de abdome espesso (SUCAM, 1987), como demonstrado na escamas escuras. Tais manchas de escamas têm grande figura 12. importância para a identificação da espécie (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). O Ae. aegypti possui coloração preta/marrom, manchas brancas e com listras (faixas) brancas nas bases dos segmentos das patas, demonstrado na figura 13. Um desenho em forma de lira (Figura 13 e 14) pode ser visto no tórax. Nos espécimes mais velhos, o “desenho da lira” pode desaparecer (FUNASA, 2001, p.13; TAVEIRA et al., 2001). 13 Aspecto de Lira 14 FIGURA 13 - Tórax do Ae. aegypti contendo o “desenho” em forma de lira. (FIOCRUZ, 2010c). FIGURA 14 - O instrumento chamado de lira (HOURNE, 2010). FIGURA 12 – Imagem ao olho nú de Ae. aegypti. a) macho; b) fêmea não alimentada; c) fêmea alimentada. 8 interior das casas para repousar nos cantos sombrios, atrás 1.2- Hábitos alimentares de móveis, quadro e etc (REY, 2001). Isto permitiu a interação Somente as fêmeas dos mosquitos são hematófagas, do mosquito com vírus e protozoários humanos, que se ou seja, se alimentam de sangue (Figura 15), pois necessitam adaptaram a fisiologia do inseto, e passaram a utilizá-lo em de proteínas que são fornecidas através do repasto sua dispersão. A fêmea do Aedes é atraída pelo homem a partir da sanguíneo para a produção de ovos (CONSOLI e OLIVEIRA, percepção de substâncias como H2O, CO2 e Adenosina 1998). trifosfato (ATP) liberado pelo homem (SANTOS e MIRANDA, 2009). A fêmea, após pousar sobre o hospedeiro, seleciona cuidadosamente o local da picada com os órgãos sensoriais. O conjunto de estiletes bucais é então introduzido na pele do hospedeiro, ficando o lábio dobrado. A saliva, concomitantemente inoculada, pode conter anticoagulantes, aglutininas e substâncias eventualmente alergênicas (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). O metabolismo energético dos mosquitos machos depende FIGURA 15 - Imagem de fêmea Ae. aegypti se alimentando de sangue. da ingestão de carboidratos, usualmente proveniente de seivas, flores e frutos (Figura 16). Os açúcares ao serem ingeridos são armazenados nos divertículos dorsal Este repasto ocorre quase sempre durante o dia, nas e ventral (Figura, 17), estes são gradualmente digeridos no primeiras horas da manhã ou ao anoitecer, recolhendo-se no intestino médio (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). 9 Quando o mosquito pica uma pessoa infectada, os vírus se multiplicam no intestino e em outros órgãos como as glândulas salivares (FIOCRUZ, 2010a), apresentada na figura 17. A partir desse momento, o inseto permanece infectado pelo resto da vida (vive cerca de 30 dias). Em relação ao tempo de vida, as fêmeas sobrevivem por tempo sensivelmente mais longo do que os machos (SUCEN, 2010). 1.3- Reprodução FIGURA 16 – Macho de Ae. aegypti se alimentando. O acasalamento pode acontecer antes ou após a ingestão do primeiro repasto sanguíneo, mas é frequentemente anterior a este. O Ae. aegypti é capaz de acasalar em pequenos espaços, durante o vôo ou pousado sobre uma superfície (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). Os machos são atraídos pela frequência vibratória do batimento das asas das fêmeas da mesma espécie. Isto mostra a relação entre o sentido da audição e as antenas. No momento da cópula, o macho precisa segurar firmemente a porção final do abdome da fêmea para poder nela introduzir FIGURA 17 – Morfologia interna do sistema digestivo do adulto (CONSOLI seu órgão copulador (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998), (Figura e OLIVEIRA, 1998). 18 e 19). 10 Em média, cada fêmea de Ae. aegypti, fêmea chega a colocar entre 50 e 200 ovos de cada vez. Após a cópula os espermatozóides são armazenados nas espermatecas (Figura 20), e são utilizados pouco a pouco para fecundar os ovos durante o processo de postura (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). FIGURA 18 – Aparelho reprodutor masculino (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). FIGURA 20 - Aparelho reprodutor feminino (CONSOLI e OLIVEIRA, FIGURA 19 – Fêmea e macho do mosquito Ae. aegypti acasalando. 1998). 11 Uma única inseminação é suficiente para fecundar todos os ovos que a fêmea venha a produzir durante sua vida b) Controle químico (SUCEN, 2010), pois os espermatozóides podem manter-se É feito por meio de produtos químicos que inibem o viáveis por muito tempo (CLEMENTS, 1963; ANDREADIS e desenvolvimento das larvas ou intoxicam ou asfixiam as HALL, 1980). mesmas (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). 1.4- Controle c) Controle biológico O controle da dengue é um enorme desafio no Brasil e no Mundo. Mais de 2,5 bilhões de pessoas correm o risco de Consiste em utilizar organismos capazes de parasitar ou adquirir tal doença (OMS, 2009). predar os mosquitos, como: helmintos, protozoários, fungos e A prevenção da dengue vem ocorrendo apenas pelo bactérias (NEVES, 2005). controle da população do mosquito Ae. aegypti, metodologia que vem sendo adotado há mais de um século, visto que d) Controle integrado ainda não foi desenvolvida uma vacina eficaz contra o vírus. O controle do mosquito Ae. aegypti pode ser dividido em Consiste em integrar dois ou mais métodos de controle controle físico, químico, biológico e integrado. simultaneamente ou sequencialmente, visando reduzir os custos e aumentar os resultados (NEVES, 2005). a) Controle físico Porém, essas medidas de controle do vetor não têm contribuído com eficiência na diminuição dos casos de Consiste em remover os criadouros de larvas visando interromper o ciclo biológico dos mosquitos (NEVES, 2005). dengue no mundo. Por isso, é necessário o desenvolvimento 12 após este repasto de sangue infectado, o mosquito adquire o de estratégias que valorizem a comunicação/educação. Acreditamos que a educação é a maneira principal de vírus que se localiza no intestino médio e multiplica-se em transformar a sociedade, e deve ter como objetivo estimular a outros órgãos como nas glândulas salivares da fêmea participação efetiva da população para uma eliminação tornado-se apta a transmití-lo depois de 8 a 12 dias de mensurável de criadouros dos mosquitos vetores no ambiente incubação (SVS/MS, 2005). A transmissão do vírus para o doméstico (BRASSOLATTI e ANDRADE, 2002). homem ocorrerá quando este mosquito infectado picar um indivíduo sadio (Figura 21). 2- A dengue A dengue é um dos principais problemas de saúde pública do mundo, sendo uma das mais importantes doenças tropicais e subtropicais do século XXI (OMS). Trata-se de uma arbovirose causada por um arbovírus da família Flaviviridae, que se diferencia em 4 sorotipos: Den1, Den2, Den3 e Den4. 2.1- Transmissão No sangue humano infectado o vírus circula entre 2 e 7 dias, nesse período aparece a febre no indivíduo e o mosquito pode adquirir o vírus (OMS, 2009), já que as fêmeas dos mosquitos Aedes aegypti são hematófagas. FIGURA 21 - Ciclo de transmissão da dengue (RUSSO, 2003). Então, elas picam o homem na busca de alimento, 13 Não há transmissão por contato direto de um doente ou 2.2.1- Dengue clássica de suas secreções com uma pessoa sadia, nem de fontes de água ou alimento (FUNASA, 2002). As fêmeas de Ae. aegypti O quadro clínico é muito variável. A primeira infectadas transmitem o vírus para a geração seguinte via manifestação é a febre alta (39° a 40°), seguida de cefaléia, transovariana variável mialgia (dor nos músculos), prostração, artralgia (dor nas percentual das fêmeas filhas, de um espécime infectado, articulações), anorexia (dor de cabeça), dor retroorbital (dor nasça já infectado (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). nos (pelos ovos), de maneira que, olhos), náuseas, vômitos, petéquias (hemorragia cutânea). Hepatomegalia (aumento do fígado) dolorosa pode ocorrer, ocasionalmente, desde o aparecimento da febre. 2.2- Sintomas Alguns aspectos clínicos dependem, com frequência, da A infecção por dengue pode causar uma doença cujo idade do paciente. A dor abdominal generalizada pode ocorrer sintoma varia desde formas inaparentes até quadros graves e principalmente nas crianças. A doença tem uma duração de 5 hemorrágicos que podem levar a morte (BRASIL, 2005). a 7 dias. Com o desaparecimento da febre, há regressão dos sinais e sintomas, podendo ainda persistir a fadiga (SVS/MS, Com isso, a dengue apresenta-se sob duas formas: 2005). dengue clássica (DC) também descrita como febre da dengue A presença de manifestações hemorrágicas não é (FD - “dandy fever”) e a dengue hemorrágica (DH) ou febre exclusiva da febre hemorrágica da dengue e quadros com hemorrágica da dengue (FHD) (SANTOS, 2003). Depois da picada do mosquito, os sintomas se trombocitopenia (destruição de plaquetas; <100.000/mm3) manifestam entre três e quinze dias, mas em média de cinco podem ser observados, com ou sem essas manifestações a seis dias. Só depois desse período que os seguintes (BRASIL, 2005). A dengue clássica se manifesta no primeiro sintomas aparecem: contato com um dos 4 tipos do vírus da dengue. Quando se contrai um deles, fica-se imune aquele tipo (RUSSO, 2003). 14 2.3- Tratamento 2.2.2- Febre hemorrágica da dengue (FHD) Os sintomas iniciais são semelhantes aos da dengue Não existem medicamentos e vacinas para combater o clássica, porém evoluem rapidamente no terceiro ou quarto vírus. A pessoa com dengue deve ficar em repouso, beber dia para manifestações hemorrágicas (SVS/MS, 2005). Os muito líquido e só usar medicamento para aliviar as dores e a casos típicos da FHD são caracterizados por febre alta, febre, sempre com indicação do médico. Não devem ser fenômenos utilizados medicamentos com ácido acetilsalicílico como, por hemorrágicos, hepatomegalia, insuficiência exemplo, AAS, Alidor, Aspirina, Aspirina "C”, Aspi-C, Aspisin, circulatória e trombocitopenia (10.000/mm³ ou menos). A dengue hemorrágica ocorre quando a pessoa é Atagripe, Benegrip, CAAS, Cefurix, Cheracap, Cibalena, contaminada novamente por outro tipo do vírus, sendo que, Corisona D, Doril, Engov, Melhoral, Melhoral C, Sonrisal, pois raramente, essa forma ocorre na primeira infecção (RUSSO, podem facilitar o sangramento (RUSSO, 2003). Para quem já teve dengue uma vez, o cuidado deve 2003). ser redobrado. Em uma segunda contaminação, as chances são maiores de a doença evoluir para a forma hemorrágica, 2.2.3- Dengue com complicações que pode ser mortal. O termo dengue com complicações é aplicado a todos A OMS tem investido desde a década de 70 no os casos que não se enquadram nos critérios de FHD e desenvolvimento de vacinas contra a dengue (BRICKS, dengue clássica. Nessa situação a presença de alterações 2004). neurológicas; insuficiência desenvolvimento desta vacina como: a necessidade de hepática; trombocitopenia; hemorragia digestiva; derrames imunização contra os quatros sorotipos virais com alta cavitários e/ou óbito caracterizam o quadro (BRASIL, 2005). eficiência (FIGUEIREDO, 1999) e a dificuldade de encontrar disfunção cardiorrespiratória; Porém há dificuldades que impedem o modelos animais para testar a efetividade da vacina, visto que 15 os animais não apresentam o mesmo quadro clínico que os BIBLIOGRAFIA humanos (GIBBONS e VAUGHN, 2002; HALSTEAD, 2002). ANDREADIS T. C.; HALL, D. W. Relationship between physiological age and fecundity in Culex salinarius (Diptera: Culicidae). J. Med. Entomol, 1980. BRASIL, Ministério da Saúde. Dengue: diagnóstico e manejo clínico. Série A. Normas e Manuais Técnicos, Brasília, 2005. BRASSOLATTI, R.C.; ANDRADE, C.F.S. 2002. Avaliação de uma intervenção educativa na prevenção da dengue. 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