ATENÇÃO Caso o seu veículo publique – parcialmente ou na íntegra – esta matéria de serviço, envie-nos uma cópia da edição. O endereço é o SRTVN Qd. 701 – Centro Empresarial Norte, Bl.A, Sl. 735 – Cep.: 70.710-200 - Brasília/DF. Obrigado. Legenda da foto: Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) oferecem, além dos cuidados clínicos, uma série de atividades sociais para estimular a recuperação dos pacientes Crédito da foto: Arquivo/MS Pacientes de saúde mental se recuperam melhor em convívio social Política do governo que reestrutura atenção psiquiátrica busca alternativas para internação e promove retorno a atividades cotidianas de lazer e trabalho Durante muito tempo, os profissionais de saúde acreditaram que a melhor forma de tratar os pacientes com transtornos mentais seria isolá-los em hospitais especializados. No entanto, experiências mostram que quando recebem um atendimento mais individualizado e mantêm contato com a sociedade e seus familiares, na maior parte dos casos, esses pacientes apresentam melhora considerável em seus quadros clínicos. O Ministério da Saúde trabalha desde 2003 com o Programa de Reestruturação da Assistência Psiquiátrica Hospitalar no Sistema Único de Saúde (SUS), que propõe várias alternativas ao modelo de institucionalização dos tratamentos de saúde mental. Hoje, 18 de maio, comemora-se o Dia Nacional de Luta Antimanicomial. A Lei 10.216, de 2001, foi um passo fundamental para iniciar a mudança no sistema de atenção psiquiátrica no país. Ela redirecionou a atenção à saúde mental para uma rede de base comunitária, com forte participação da sociedade civil. O Ministério da Saúde segue esta lei como referência no processo de reforma da assistência psiquiátrica. Para o governo federal, o antigo modelo de saúde mental deixa bastante a desejar no que diz respeito à recuperação de seus pacientes. “Isolada do convívio familiar e social, muitas vezes em condições precárias de higiene e de alimentação, a pessoa tem menos possibilidades de se recuperar e pode até sofrer uma piora em suas condições de saúde”, afirma o coordenador nacional do Programa de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Pedro Gabriel Delgado. Para mudar o modelo de atenção psiquiátrica o Ministério da Saúde aumentou incentivos financeiros para reduzir o número dos leitos psiquiátricos em todo o país. A medida incentiva que as instituições de saúde liberem pacientes que não tenham necessidade de permanecer hospitalizados. Por outro lado, a redução do número de pacientes internados permitirá que os hospitais dêem uma atenção mais humanizada e diferenciada àqueles que realmente tenham necessidade de ficar internados. Cada vez que um hospital reduz 40 leitos, ganha um aumento no valor da diária paga pelo SUS. No ano de 2002, havia 240 hospitais psiquiátricos com 50.805 leitos espalhados em todas as regiões brasileiras, principalmente no Sudeste. Dados de dezembro de 2005 mostram que houve redução de leitos para 42.076, principalmente nos hospitais de maior porte. Hoje, a maioria dos leitos está situada em hospitais de médio e pequeno porte, onde a assistência ao paciente é mais adequada e humanizada. Retorno – Ao deixarem as clinicas e os hospitais, os pacientes recomeçam uma nova vida. Graças ao programa De Volta para Casa, desenvolvido pelo Ministério da Saúde, aqueles que têm opção podem retornar para o convívio familiar. Eles continuam a receber atendimento especializado por meio dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e são beneficiados com um salário mínimo para ajudar em suas despesas, até que possam trabalhar e se sustentar. Se em um período de 12 meses o beneficiário do programa não apresentar condições favoráveis à completa reintegração à sociedade, o auxílio é renovado. Os Caps prestam atendimento a pessoas com transtornos mentais. Quando cuidam de crianças e adolescentes são chamados de Caps-i. Também compõem a rede de Caps, serviços voltados às pessoas que sofrem de transtornos decorrentes do uso prejudicial de álcool e outras drogas (Caps AD). Os Centros de Atenção Psicossocial oferecem desde cuidados clínicos até atividades de reinserção social do paciente, como o acesso ao trabalho, ao lazer e aos direitos civis e o fortalecimento dos laços familiares e sociais. A equipe do Caps é composta de psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, professores de educação física, assistentes sociais, enfermeiras e auxiliares de enfermagem. Existem 800 Caps em todo o país. Até o final de 2006 a meta do Ministério da Saúde é atingir o numero de 1000. “Ao contrário dos hospitais, estes centros permitem um atendimento diferenciado ao paciente, conforme o seu problema, e estão situados próximos ao lugar de moradia dos pacientes e seus familiares. Dessa maneira, aumentam as chances de recuperação”, avalia Pedro Gabriel Delgado. Os Caps são classificados em três tipos diferentes, de acordo com sua capacidade de atendimento. O CAPS I atende a uma região de referência, chamada “território” de até 50.000 habitantes; o CAPS II atende a um território de 100.000 habitantes, e o CAPS III, que funciona 24 horas por dia e todos os dias da semana, pode dar cobertura para uma população de até 150 mil habitantes. Os Caps recebem incentivos financeiros do Ministério da Saúde, de acordo com o seu porte. Os pacientes que não têm a opção de voltar ao convívio familiar podem ser recebidos pelas chamadas Residências Terapêuticas. Elas são alugadas com recursos do Ministério da Saúde repassados aos governos municipais. Geralmente, um profissional é encarregado de cuidar dos moradores. Em cada Residência Terapêutica podem morar até oito pessoas. Até o fim de 2002, existiam 85 dessas casas. Hoje, elas chegaram a 470 unidades. As Residências Terapêuticas estão presentes em 81 municípios brasileiros e beneficiam mais de 2 mil moradores. Avaliação e Monitoramento dos Serviços – O Ministério da Saúde avalia todos os anos os hospitais psiquiátricos do SUS (públicos, conveniados filantrópicos e privados) para saber se eles oferecem um tratamento adequado a seus pacientes. O Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares/Psiquiatria (PNASH/Psiquiatria) é realizado por equipes das secretarias estaduais e municipais de Saúde. Elas entrevistam os pacientes para saber a opinião deles sobre o tratamento. Na avaliação, as equipes observam itens como limpeza hospitalar, alimentação, projeto terapêutico institucional e direitos dos pacientes. Durante a avaliação anual, os hospitais psiquiátricos que apresentarem um bom desempenho receberão um acréscimo no pagamento mensal feito pelo governo. Hospitais com rendimento acima de 81% ganham incentivo adicional de R$ 1,20 por leito no valor da diária. Hospitais que apresentarem desempenho baixo recebem um prazo de 90 dias para se readequar, quando então são reavaliados. Isto garante que eventuais problemas no funcionamento dos hospitais e na qualidade do atendimento sejam logo identificados e as providências tomadas. Uma comissão formada por técnicos do Ministério da Saúde e representantes dos hospitais privados e filantrópicos vem se reunindo nos últimos meses para acompanhar o processo de gestão e remuneração dos serviços hospitalares de psiquiatria. Vistoria vai melhorar serviço dos Caps Recentemente o sistema de vistoria anual também foi implantado para os Caps. O propósito é aprimorar a metodologia na avaliação do atendimento nos Caps. Com a proposta de articular melhor a rede desses centros existentes no país e para discutir as dificuldades e conquistas desse modelo, foi realizado, dos dias 26 a 28 de abril, na Universidade de Campinas (Unicamp), o Seminário Internacional sobre Avaliação de Serviços de Saúde Mental. O evento contou com a participação da Organização Mundial da Saúde (OMS), de universidades da Bahia, do Rio de Janeiro e de São Paulo, da Universidade de Campinas (Unicamp) e da Universidade de São Paulo (USP) e de pesquisadores da Universidade de Montreal, no Canadá, e de Lanús, na Argentina. Participaram das discussões profissionais atuantes na área de saúde mental dos países da América Latina e do Canadá e da Inglaterra – estes dois últimos considerados grandes modelos em assistência mental. Desde 2005, o Ministério da Saúde implantou um programa de supervisão clínico-institucional dos Caps, para apoiar e melhorar o trabalho das equipes multidisciplinares que atuam nos serviços. Estima-se que 400.000 pacientes – a maioria portadores de transtornos mentais severos – estejam sendo atendidos pelos 800 Caps que funcionam em todos os estados do país.