geomorfologia - Governo do Tocantins

Propaganda
GOVERNODOESTADODO TOCANTINS
SECRETARIADOPLANEJAMENTOEMEIOAMBIENTE
DIRETORIADEZONEAMENTOECOLÓGICO-ECONÔMICO
PROJETO DE GESTÃO AMBIENTALINTEGRADA
- BICO DO PAPAGAIO ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO
GEOMORFOLOGIA
FOLHA SB.22-Z-D (Araguaína)
- ESTADO DO TOCANTINS -
Palmas
2004
GOVERNO DO ESTADO DO TOCANTINS
Marcelo de Carvalho Miranda
Governador
Raimundo Nonato Pires dos Santos
Vice-Governador
SECRETARIA DO PLANEJAMENTO E MEIO AMBIENTE
Lívio William Reis de Carvalho
Secretário
Nilton Claro Costa
Subsecretário
Eduardo Quirino Pereira
Diretor de Zoneamento Ecológico-Econômico
Belizário Franco Neto
Diretor de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
Glênio Benvindo de Oliveira
Diretor de Orçamento
Félix Valóis Guará
Diretor de Planejamento
Joaquín Eduardo Manchola Cifuentes
Diretor de Pesquisa e Informações
Ana Maria Demétrio
Diretora de Administração e Finanças
Eder Soares Pinto
Diretor de Ciência e Tecnologia
GOVERNO DO ESTADO DO TOCANTINS
SECRETARIA DO PLANEJAMENTO E MEIO AMBIENTE
DIRETORIA DE ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO
Projeto de Gestão Ambiental Integrada
- Bico do Papagaio -
Zoneamento Ecológico-Econômico
Execução pela Secretaria do Planejamento e Meio Ambiente - Seplan, Diretoria de Zoneamento Ecológico-Econômico,
em convênio com o Ministério do Meio Ambiente - MMA, por meio do Subprograma de Política de Recursos Naturais /
Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil - PPG-7
GEOMORFOLOGIA
FOLHA SB.22-Z-D (Araguaína)
- Estado do Tocantins Escala 1:250.000
TEXTO EXPLICATIVO
ORGANIZADO POR
Ricardo Ribeiro Dias
Rodrigo Sabino Teixeira Borges
CRÉDITOS DE AUTORIA
TEXTO EXPLICATIVO
Patrícia de Araújo Romão
Ricardo Ribeiro Dias
Rodrigo Sabino Teixeira Borges
CARTA GEOMORFOLÓGICA
Patrícia de Araújo Romão
ACOMPANHAMENTO TÉCNICO
Eduardo Quirino Pereira
Coordenação editorial a cargo da
Diretoria de Zoneamento Ecológico-Econômico - DZE
Secretaria do Planejamento e Meio Ambiente - Seplan
Revisão de Texto
Waleska Zanina Amorim
ROMÃO, Patrícia de Araújo; DIAS, Ricardo Ribeiro; BORGES, Rodrigo Sabino Teixeira.
Projeto de Gestão Ambiental Integrada da Região do Bico do Papagaio. Zoneamento
Ecológico-Econômico. Secretaria do Planejamento e Meio Ambiente (Seplan). Diretoria de
Zoneamento Ecológico-Econômico (DZE). Araguaína. Geomorfologia da Folha SB.22-Z-D. Estado
do Tocantins. Escala 1:250.000. Org. por Ricardo Ribeiro Dias e Rodrigo Sabino Teixeira Borges.
2.ed. Palmas, Seplan/DZE, 2004.
60p., ilust., 1 mapa dobr.
Séries ZEE - Tocantins / Bico do Papagaio / Geomorfologia - v. 5/5.
2.ed. executada pela Secretaria do Planejamento e Meio Ambiente (Seplan) como
contrapartida ao convênio firmado com o Ministério do Meio Ambiente, no âmbito do Subprograma
de Política de Recursos Naturais/Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil
(PPG-7), com a cooperação financeira para o Tocantins da União Européia (CEC) e Rain Forest
Fund (RFT), cooperação técnica do Departament for International Development (DFID) e parceria
do Banco Mundial.
1. Geomorfologia. Mapas. I. Tocantins. Secretaria do Planejamento e Meio Ambiente. II.
Diretoria de Zoneamento Ecológico-Econômico. III. Título.
CDU 551.4(811)
Palavra do Governador
O meu governo, após ampla discussão com a sociedade, definiu como
um dos seus macroobjetivos no PPA 2004-2007 o aumento da produção com
desenvolvimento sustentável, tendo como orientações básicas a redução das
desigualdades regionais, a promoção de oportunidades à população tocantinense
e a complementaridade com as iniciativas em nível nacional para os setores produtivo
e ambiental na Amazônia Legal e no Corredor Araguaia-Tocantins.
Para o aumento da produção com desenvolvimento sustentável, entre
outras ações, temos conduzido a elaboração dos zoneamentos ecológicoeconômicos e dos planos de gestão territorial para as diversas regiões do Estado.
Estas ações permitem a identificação, mapeamento e descrição das áreas com
importância estratégica para a conservação ambiental e das áreas com melhor
capacidade de suporte natural e socioeconômico para o desenvolvimento das
atividades e empreendimentos públicos e privados.
Fico feliz em entregar à sociedade mais um produto relacionado ao
Zoneamento Ecológico-Econômico e ao Plano de Gestão Territorial da Região Norte
do Tocantins, e ratifico o meu compromisso com a melhoria da qualidade de vida da
população residente na referida área, pautado na viabilização de atividades e
empreendimentos, na redução da pobreza e na conservação dos recursos hídricos
e biodiversidade.
Confio plenamente no uso das informações desta publicação e afirmo
que o Estado do Tocantins caminha, a passos largos, rumo a um novo estágio de
desenvolvimento econômico e social, modelado pela garantia de boa qualidade de
vida às próximas gerações.
Marcelo de Carvalho Miranda
Governor
A Word from the Governor
My government, after a broad discussion with society, has defined as
one of its macro objectives in the 2004-2007 PPA (Pluriannual Plan) the increase of
the State’s output with sustainable development, having as basic guidelines the
reduction of regional inequalities, the promotion of opportunities to the Tocantins
people and the complement of the national level initiatives for the Legal Amazon
and the Araguaia-Tocantins corridor production and environmental sectors.
To increase production with sustainable development, among other
actions, we are setting up ecological-economic zoning and territorial management
plans for the various State regions. These actions allow the categorizing, mapping
and description of environmental conservation areas of strategic importance and of
the areas with better natural and socio-economic support capacity for carrying-out
the public and private activities and enterprises.
I’m glad to bring forth another product of the Ecological-Economic
Zoning and of the Tocantins State North Region Territorial Management Plan, and
confirm my commitment with the improvement of the region’s people quality of life,
centered on the feasibility of the activities and enterprises, in poverty reduction and
in the preservation of the water resources and biodiversity.
I fully endorse the use of the information of this booklet and am truly
confident that the Tocantins State is heading, with large steps, towards a new
stage of economic and social development, designed to ensure the best quality of
life to the next generations.
Marcelo de Carvalho Miranda
Governor
Apresentação
O Governo do Estado do Tocantins tem conseguido incorporar o
segmento ambiental no planejamento e gestão das políticas públicas. Por meio do
Zoneamento Ecológico-Econômico, considerado o nosso ponto estratégico do Estado
para possibilitar avanços no desenvolvimento econômico com conservação e proteção
ambiental, a SEPLAN tem, eficientemente, gerado produtos que subsidiam a gestão
do território tocantinense.
Buscando aumentar a lista de produtos do Zoneamento EcológicoEconômico disponíveis para a sociedade e os órgãos dos governos federal, estadual
e municipal, apresento o estudo “Geomorfologia Folha SB-22-Z-D (Araguaína)”, o
qual foi elaborado com recursos do Tesouro do Estado e do Programa Piloto para
Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG-7), através do Ministério do Meio
Ambiente e do Banco Mundial.
O estudo de geomorfologia, realizado a baixo custo, teve como principais
instrumentos imagens de satélite, base de dados da SEPLAN e produtos cartográficos
do RADAMBRASIL, complementados com trabalho de campo. Sobre estes dados
foi aplicada metodologia para a hierarquização do relevo e para sua caracterização
quanto à vulnerabilidade a perda de solos. Foram definidos três Domínios
morfoestruturais, duas Regiões geomorfológicas e cinco Unidades geomorfológicas.
O objetivo principal deste estudo foi gerar informações em quantidade e qualidade
suficientes para a elaboração do ZEE - Bico do Papagaio.
Sumarizando, o estudo ora apresentado supre, momentaneamente, a
falta de mapeamentos tradicionais na escala 1:250.000 e se traduz numa contribuição
desta SEPLAN para a ampliação do conhecimento dos recursos naturais do Tocantins
e subsídio para o planejamento regional.
Lívio William Reis de Carvalho
Secretário do Planejamento e Meio Ambiente
Presentation
The government of the State of Tocantins has been able to account for
environment in public policies planning and management. Through the Ecological
and Economic Zoning Programme, considered the State´s strategic point in order to
make it possible to go further into economic development with environmental protection
and conservation, SEPLAN has efficiently generated products that support Tocantins
in its land management.
Seeking to increase the list of products made available to society and
municipal, state and federal agencies through the Ecologic and Economic Zoning
Programme, I present now the work “Geomorphology SB-22-Z-D (Araguaína)”, which
was obtained after financial efforts from the State Treasure, the G7 Pilot Programme to
conserve the Brazilian Rain Forest (PPG-7), through the Environment Ministry, and the
World Bank.
The study of geomorphology, done at low cost, had as main tools
satellite imagery, SEPLAN´s data base and cartographic products from
RADAMBRASIL, completed with field surveys. Over this information a methodology
to classity relief and characterize landscape based on its vulnerability to soil loss
was applied. This brought the definition of three Morpho-structural Domains, two
Geomorphological Regions and five Geomorphological Units. The main objective of
this study was to generate information that had enough quality and the necessary
quantity to achieve the Ecological and Economic Zoning of Bico do Papagaio.
Summarizing, the present study momentarily supplies the gap of
traditional surveys at scale 1:250.000, being a contribution given by this SEPLAN
towards a better understanding of the natural resources of State of Tocantins and
support to land management.
Lívio William Reis de Carvalho
Planning and Environment Secretariat
Resumo
Este relatório e o mapa geomorfológico em anexo tratam do estudo e
cartografia do relevo de parte do Estado do Tocantins, unidade federal inserida na
Região Norte do Brasil. A área mapeada corresponde a parte das Folhas SB.22-ZD Araguaína e SC.22-X-B Conceição do Araguaia, mapeadas anteriormente na escala
1:1.000.000 pelo Projeto RADAMBRASIL e constantes na base de dados da
SEPLAN na escala 1:250.000. Está delimitada a Norte e a Sul, respectivamente,
pelos paralelos 7º00’00” e aproximadamente 8º25’00” de latitude sul, a Oeste pelo
rio Araguaia e a Leste pelo meridiano 48º00’00” de longitude oeste. O relatório
apresenta, no capítulo referente à metodologia, a ordenação hierárquica dos fatos
geomorfológicos identificados ou mapeados por meio das imagens orbitais do
LANDSAT 5. Discute a contribuição bibliográfica disponível, comparando-a com os
resultados obtidos com a presente pesquisa. Baseado na similitude das formas de
relevo, na altimetria relativa, nas características genéticas e na configuração das
bacias hidrográficas define na área três Domínios morfoestruturais: Bacias
Sedimentares Paleo-mesozóicas e Coberturas Meso-cenozóicas, Embasamentos
em Estilo Complexo e Faixas de Dobramentos, e Azonal das Áreas Aluviais; duas
Regiões geomorfológicas: Planaltos da Bacia do Parnaíba e Depressões do
Araguaia-Tocantins; e cinco Unidades geomorfológicas: Chapadas do Meio Norte,
Planalto Residual do Araguaia, Planaltos do Interflúvio Araguaia-Tocantins, Depressão
do Tocantins e Depressão do Araguaia, além das unidades azonais caracterizadas
pelas Planícies e Terraços Fluviais. Analisa os diversos fatores que caracterizam a
evolução do relevo. Reconhece várias fases erosivas, resultando na elaboração dos
pediplanos. Refere-se à abertura dos relevos dobrados e à interferência de uma
movimentação tectônica recente sobre a drenagem e a superfícies aplanadas. Avalia
as formas de relevo sugerindo uma melhor utilização da terra. Analisa os traçados
das estradas, a navegação fluvial, a existência de sítios favoráveis à implantação
de represas hidrelétricas e sugere locais com possibilidades de ocorrência de
depósitos minerais.
Abstract
This report and the Geomorphological map attached are about the study
and cartography of the relief of part of the State of Tocantins, Federal Unit of the
Northern Region of Brazil. The mapped area corresponds to portions of the topografic
Sheets SB.22-Z-D Araguaína and SC.22-X-B Conceição do Araguaia, previously
mapped at scale 1:1.000.000 by RADAMBRASIL project and existent at scale
1:250.000 in SEPLAN’s archives. The area is limited at the North by parallel 7º00’00”
and at the South by parallel 8º25’00” of latitude South of Equator, at the West by
Araguaia River and the East by Meridien 48º00’00” west of Greenwich. The report
presents, under methodology considerations, the hierarquical ordering of
geomorphological facts, identified trough Landsat-5 imagery. It discusses the available
bibliographie contribution, conparing it to the results obtamed in the present survey.
Based on similarity of relief forms, relative altimetry, genetic characteristics and
watersheds conformation, three Morphostructural Domains are defined in the area:
Bacias Sedimentares Paleo-mesozóicas e Coberturas Meso-cenozóicas (Paleomesozoic and Meso-cenozoic Sedimentary Basins), Embasamentos em Estilo
Complexo e Faixas de Dobramentos (Complex Stile Basements and Folding Belts),
and Azonal das Áreas Aluviais (Azonal from Alluvial Areas); two Geomorphological
Regions: Planaltos da Bacia do Parnaiba (Parnaíba Basin Highlands) and Depressão
do Araguaia-Tocantins (Araguaia-Tocantins Depressions); and five Geomorphological
Units: Chapadas do Meio Norte (Middle-North Plateus), Planalto Residual do Araguaia
(Highlands Araguaia’s Residual), Planalto do Interfluvio Araguaia-Tocantins (Highlands
Araguaia-Tocantins’ Interrill), Depressão do Tocantins (Tocantins’ Depression) and
Depressão do Araguaia (Araguaia’s Depression), besides the Azonal Units
characterizad by Planícies e Terraços Fluviais (Fluvial lowlands and Terraces). It
analyses the different factors that characterize relief evolution. It recognizes several
erosive phases, resulting in the formation of pediment. It refers to the opening of
folded reliefs and to the interference of a recent techtonic movement over drainage
and planed surfaces. It assesses the relief forms and suggets better uses of land. It
analyses road tracing, fluvial navigation, the existense of sites favourable to the
implantation of hydroeletric power plants and suggests plans with the possibility of
ocorrence of mineral ores.
Sumário
LISTA
LISTA
LISTA
LISTA
DE
DE
DE
DE
FIGURAS......................................................................................................................................xi
FOTOS........................................................................................................................................xiii
TABELAS.....................................................................................................................................xv
SIGLAS......................................................................................................................................xvii
1 - INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1
1.1
1.2
1.3
1.4
-
Apresentação........................................................................................................................................1
Localização e acesso.............................................................................................................................1
Material e base de dados........................................................................................................................3
Metodologia...........................................................................................................................................3
2 - CARACTERÍSTICAS GEOMORFOLÓGICAS .............................................................................7
2.1 - Trabalhos anteriores...............................................................................................................................7
2.2 - Domínios morfoestruturais......................................................................................................................8
2.3 - Regiões geomorfológicas......................................................................................................................10
2.4 - Unidades geomorfológicas.....................................................................................................................11
2.4.1 - Planalto do Interflúvio Araguaia-Tocantins.............................................................................................11
2.4.2 - Planalto Residual do Araguaia.............................................................................................................13
2.4.3 - Depressão do Araguaia......................................................................................................................13
2.4.4 - Depressão do Tocantins.....................................................................................................................16
2.4.5 - Chapadas do Meio Norte....................................................................................................................16
2.4.6 - Planícies e Terraços Fluviais...............................................................................................................17
3 - UNIDADES MORFOCLIMÁTICAS E EVOLUÇÃO DO RELEVO...........................................19
3.1 - Unidades morfoclimáticas.....................................................................................................................19
3.2 - Evolução do relevo................................................................................................................................21
4 - APLICAÇÕES DA PESQUISA GEOMORFOLÓGICA..............................................................23
4.1 - Vulnerabilidade do relevo.......................................................................................................................23
4.2 - Abertura e manutenção de estradas.......................................................................................................25
4.3 - Potencial para a navegação e instalações portuárias. .............................................................................25
4.4 - Recursos minerais ................................................................................................................................25
4.5 - Sítios favoráveis à implantação de açudes, represas hidrelétricas e barramentos para captação de água......26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................27
ILUSTRAÇÕES FOTOGRÁFICAS ....................................................................................................29
ix
Lista de Figuras
1 - Localização da área mapeada .......................................................................................................................................... 2
xi
Lista de Fotos
1 - Cristas quartzíticas da Formação Morro do Campo (Planalto do Interflúvio Araguaia-Tocantins) com topos
seccionados. Observa-se fenômeno de aluição de vertente, determinada pelo gradiente. Imediações da localidade de
Povoado Brasilene. .....................................................................................................................................30
2 - Domínio de formas suavemente convexizadas em xistos da Formação Xambioá (Depressão do Araguaia). Fazenda
Cantão, próximo a estrada Povoado Brasilene-Bernardo Sayão (TO-164). ........................................................30
3 - Escarpa de falha do gráben do Muricizal, estabelecendo contato entre a Depressão do Araguaia e o Planalto do
Interflúvio Araguaia-Tocantins. Estrada Muricilândia-Aragominas (TO-222). .......................................................31
4 - Afloramento de xisto no Planalto do Interflúvio Araguaia-Tocantins (serra do Estrondo). Estrada MuricilândiaAragominas (TO-222). .................................................................................................................................31
5 - Desmatamento da Floresta Ombrófila em cobertura terciária, observando-se exposição de sedimentos arenosos
(pediplano intermontano da Depressão do Araguaia). Estrada Bernardo Sayão-Povoado Brasilene (TO-164), próximo
a Bernardo Sayão. ......................................................................................................................................32
6 - Domínio de vertentes convexizadas no Complexo Cantão (Depressão do Araguaia em transição para o Planalto do
Interflúvio Araguaia-Tocantins), constatando-se remanescentes de Floresta Ombrófila Submontana. Estrada Bernardo
Sayão-Povoado Brasilene (TO-164)................................................................................................................32
7 - Presença de matacões gnáissicos em colinas rebaixadas do Planalto do Interflúvio Araguaia-Tocantins. Saída de
Povoado Brasilene em direção a Arapoema (TO-230). .....................................................................................33
8 - Presença de extensos pediplanos intermontanos com ocorrência de bajadas no fundo dos vales (Depressão do
Araguaia). Estrada Povoado Brasilene-Arapoema (TO-230). ............................................................................33
9 - Restos de pediplano intermontano (200m) em metarenito da Formação Couto Magalhães. Estrada Pau D’ArcoGarimpinho (TO-427), km 30. .......................................................................................................................34
10 - Domínio de formas convexizadas associadas a metassedimentos (quartzo-xistos e quartzitos subordinados) da
Formação Pequizeiro. Estrada Garimpinho-Santa Fé do Araguaia, km 9, na cabeceira do córrego do Chá. .........34
11 - Contato entre metassedimentos da Formação Pequizeiro (domínio de formas bastante convexizadas) e cobertura
Terciária (TQa/CPRM, 1994) na Depressão do Araguaia. Estrada Garimpinho-Santa Fé do Araguaia. .................35
12 - Formas tabulares pediplanadas, mascarando contato entre litologias sedimentares das formações Longá e
Cabeças, na Depressão do Araguaia. Estrada Novo Horizonte-Araguanã (TO-164), km 3. ..................................35
13 - Afloramento de arenitos da Formação Pimenteiras com estratificação horizontal na Depressão do Araguaia.
Estrada Novo Horizonte-Araguanã (TO-164), km 6. ........................................................................................36
14 - Remanescentes de chapada em arenito da Formação Sambaíba (Depressão do Araguaia), registrando-se a
presença de cornija estrutural. Saída de Araguaína para Nova Olinda (BR-153). ................................................36
15 - Dissecação de terraço pleistocênico (paleocanal) observado na Depressão do Araguaia. Estrada Pau D’ArcoGarimpinho (TO-427). .....................................................................................................................................37
16 - Área de acumulação inundável na planície de inundação do rio Andorinha. Estrada Pau D’Arco-Garimpinho (TO427). ...........................................................................................................................................................37
17 - Processo de desmatamento (Floresta Ombrófila Densa Submontana associada a Mata Ciliar) em planície de
inundação do rio Araguaia (Depressão do Araguaia), observando-se a exumação de extensos areais. Estrada Pau
D’Arco-Garimpinho (TO-427), km 19. ............................................................................................................38
xiii
Lista de Tabelas
1 – Domínios Morfoestruturais, Regiões Geomorfológicas e Unidades Taxonômicas da Região do Bico do Papagaio,
nas Folhas Araguaína e Conceição do Araguaia...............................................................................................4
2 – Domínios Morfoestruturais Delineados por IBGE (1997) e DEL’ARCO et. al. (1995) no Estado do Tocantins......9
3 – Classes dos Índices Morfométricos...........................................................................................................24
xv
Lista de Siglas
CPRM
- Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
DNPM
- Departamento Nacional da Produção Mineral
MMA
- Ministério do Meio Ambiente
PGAI
- Projeto de Gestão Ambiental Integrada
PLGB
- Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil
PPG7
- Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil
SEPLAN
- Secretaria do Planejamento e Meio Ambiente
SPRN
- Subprograma de Políticas de Recursos Naturais
ZEE
- Zoneamento Ecológico-Econômico
xvii
Zoneamento Ecológico-Econômico
Geomorfologia - SB.22-Z-D (Araguaína)
1
Introdução
1.1 - Apresentação
Rio Andorinhas.........SB-22-Z-D-I............................IBGE
O presente trabalho é resultado de uma atividade do
Muricilândia................SB-22-Z-D-II............................IBGE
Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) dentro do Projeto
Araguaína..................SB-22-Z-D-III..........................IBGE
de Gestão Ambiental Integrada Bico do Papagaio (PGAI),
Arapoema.................SB-22-Z-D-IV.........................IBGE
que pertence ao Subprograma de Políticas de Recursos
Rio das Cunhãs........SB-22-Z-D-V...........................IBGE
Naturais (SPRN) - Programa Piloto para Proteção das
Florestas Tropicais do Brasil (PPG-7). Este subprograma
Nova Olinda...............SB-22-Z-D-VI...........................IBGE
foi implementado através de convênio entre o Ministério do
Meio Ambiente (MMA) e a Secretaria do Planejamento e
Rio Juari..................SC-22-X-B-II...........................IBGE
Meio Ambiente (SEPLAN).
Situada na parte norte do Estado do Tocantins, a área
abrange parcial ou totalmente os municípios de Aragominas,
Como já havia um plano de informação de geomorfologia
Araguaína, Arapoema, Bandeirantes do Tocantins,
na base de dados da SEPLAN, o objetivo do trabalho foi
Carmolândia, Muricilândia, Pau D’Arco e Wanderlândia.
proceder com o aprimoramento deste plano na escala
1:250.000. Foi realizado um mapeamento geomorfológico
O acesso terrestre, a partir de Palmas, pode ser efetuado
conforme metodologia de ROSS (1992) e IBGE (1995)
através de dois percursos, ambos pavimentados. No
para a hierarquização do relevo e de CREPANI et al. (1998)
primeiro, percorre-se a rodovia TO-080 até a cidade de
para a a caracterização do relevo quanto à vulnerabilidade.
Paraíso do Tocantins, a partir da qual segue-se rumo norte
pela rodovia BR-153 (Belém-Brasília), passando por Guaraí,
A atualização e revisão do plano de informação foram feitas
alcançando-se, então, Araguaína. Neste ponto, após
de modo que este produto tivesse uma gama de
percorrer-se aproximadamente 410km, adentra-se na área
informações capazes de subsidiar ações do governo na
em estudo.
região, bem como permitir a elaboração da carta de
vulnerabilidade à perda de solo por erosão, quando integrado
No segundo, parte-se de Palmas pela rodovia TO-010 em
aos demais planos de informações da base de dados da
direção a cidade de Lajeado, num trecho de 50km, donde
SEPLAN.
segue-se, após a travessia do rio Tocantins em balsa, por
mais 17km, até o município de Miracema do Tocantins.
1.2 - Localização e acesso
Desta localidade, percorre-se 24km pela rodovia TO-342
A área mapeada cobrindo parte das Folhas Araguaína
até Miranorte e daí rumo norte pela BR-153 até
(SB.22-Z-D) e Conceição do Araguaia (SB.22-X-B) tem
Araguaína, seguindo a mesma rota anterior.
cerca de 11.469km² e está delimitada a Sul e a Norte,
respectivamente, pelas coordenadas de 7º00’00” e
Na área destacam-se as rodovias pavimentadas BR-153
aproximadamente 8º25’00” de latitude sul, a Oeste pelo rio
(Colinas do Tocantins-Araguaína-Wanderlândia), TO-164
Araguaia e a Leste pela coordenada de 48º00’00” de
(Araguaína-Araguanã), TO-222 (Filadélfia-Araguaína–
longitude oeste (Figura 1). Em relação às folhas geográficas
Santa Fé do Araguaia-Pontão), TO-230 (BR-153-
na escala 1:100.000 da Carta Internacional ao Milionésimo
Bandeirantes do Tocantins-Arapoema) e TO-335 (Couto
(CIM), a área engloba integral e parcialmente as Folhas:
Magalhães-Colinas do Tocantins). A rodovia TO-430
1
Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
Figura 1 - Localização da área mapeada.
2
Zoneamento Ecológico-Econômico
Geomorfologia - SB.22-Z-D (Araguaína)
(Arapoema-Bernardo Sayão-Juarina) encontra-se em
informações cartográficas - rede hidrográfica, rede
processo de pavimentação. As rodovia TO-164 (Povoado
viária, cidades, toponímia e coordenadas
Brasilene-Bernardo Sayão-TO-335), TO-226 (Garimpinho-
geográficas e UTM, e;
BR-153-Palmeirante), TO-230 (Arapoema-Pau-D’Arco),
- folhas SB.22-Z-D-I – Rio Andorinhas, SB.22-Z-D-II –
TO-335 (Colinas do Tocantins-Palmeirante) e TO-427
Muricilândia, SB.22-Z-D-III – Araguaína, SB.22-Z-
(Pau-D’Arco-TO-226) também integram a malha viária
D-IV – Arapoema, SB.22-Z-D-V – Rio das Cunhãs,
da área, sendo trafegáveis em piso de leito natural.
SB.22-Z-D-VI – Nova Olinda e SC.22-X-B-II - Rio
Juari.
Partindo-se das rodovias estadual e federal existe uma
boa rede de estradas municipais e de fazendas.
1.4 – Metodologia
O transporte fluvial restringe-se a pequenas embarcações
Como metodologia procedeu-se com a divisão do trabalho
que trafegam pelo rio Araguaia, apresentando apenas
nas seguintes etapas sucessivas: (i) levantamento e
expressividade local.
análise bibliográfica; (ii) definição taxonômica; (iii)
O transporte aéreo é limitado à operação de táxis aéreos,
fotointerpretação; (iv) determinação dos índices
sendo as pistas de pouso de leito natural, exceto em
morfométricos; (v) elaboração do mapa geomorfológico
Araguaína, que contém aeroporto com pista pavimentada,
preliminar; (vi) planejamento e realização de trabalho de
recebendo vôos regionais das principais empresas de
campo; (vii) reinterpretação de dados e elaboração do
aviação comercial do país.
mapa geomorfológico final, e; (viii) confecção do relatório
técnico.
1.3 - Material e base de dados
Através do levantamento e análise bibliográfica, montou-
Foram utilizados para o mapeamento geomorfológico das
se um acervo sobre a geomorfologia da área e efetuou-
Folhas Araguaína e Conceição do Araguaia, Estado do
se a análise prévia das Unidades geomorfológicas
Tocantins, os seguintes dados e material:
mapeadas anteriormente e a descrição de suas
características, de tal modo que foi possível alcançar
- mapas geológicos e textos explicativos do Programa
um conhecimento sobre o relevo da área.
Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil
(PLGB) na escala 1:250.000, referente às folhas
A definição taxonômica fundamentou-se nas relações
SB.22-Z-D - Araguaína e SC.22-X-B - Conceição
sistematizadas por ROSS (1992) e IBGE (1995). O
do Araguaia;
primeiro táxon refere-se aos Domínios Morfoestruturais,
denominação empregada pelo IBGE (1995), que procura
- mapas geológicos do Projeto RADAM, referente às
representar os grandes conjuntos estruturais responsáveis
folhas SB.22 - Araguaia e SC.22 - Tocantins;
pelos arranjos regionais do relevo (Tabela 1).
- planos de informação de geologia da base de dados
O segundo táxon é caracterizado pelas Regiões
da SEPLAN, na escala 1:250.000;
Geomorfológicas (IBGE, 1995). Constitui-se por
- planos de informação de geomorfologia da base de
grupamentos de Unidades Geomorfológicas que
dados da SEPLAN, na escala 1:250.000;
apresentam semelhanças resultantes da convergência
de fatores ligados à sua evolução, como os processos
- imagens do sensor TM do satélite Landsat 5,
morfogenéticos pretéritos e atuais.
composição colorida das bandas TM3(B), TM4(R)
e TM5(G) em papel fotográfico, na escala 1:250.000
O terceiro táxon, relativo às Unidades Morfológicas ou
– duas cenas completas referente às órbitas/ponto
Padrões de Formas Semelhantes (ROSS, 1992), ou
222/64 (24/07/1997) e 222/65 (08/07/1997);
ainda às Unidades Geomorfológicas (IBGE, 1995), referese à associação de formas de relevo geradas por uma
- folhas SB.22-Z-D – Araguaína, SB.22-Z-B – Xambioá,
SB.23-Y-A – Tocantinópolis, e SC.22.X.B –
evolução
Conceição do Araguaia, como base das
compartimentos e subcompartimentos do relevo,
3
comum.
Corresponde,
portanto,
a
Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
pertinentes a uma determinada morfoestrutura e a uma
representados por manchas ou polígonos, constantes
Região geomorfológica, podendo ou não estar
no interior das Unidades geomorfológicas, caracterizando
posicionada em diferentes níveis topográficos. Neste
formas de relevo homogêneas em função da similitude,
táxon procurou-se estabelecer uma relação nominal dos
e reafeiçoados por processos morfogenéticos atuais, o
compartimentos com as bacias hidrográficas.
que permite inferir correspondência quanto à tipologia
dos depósitos correlativos.
O quarto táxon refere-se aos Tipos de Modelados
Tabela 1 - Domínios Morfoestruturais, Regiões Geomorfológicas e Unidades Taxonômicas da Região do Bico do
Papagaio, nas Folhas Araguaína e Conceição do Araguaia
1o. Táxon
Domínios
Morfoestruturais
2o. Táxon
Regiões
Geomorfológicas
Complexos Metamórficos
e Seqüências Vulcanosedimentares do
Arqueano e Proterozóico
Inferior
Depressões do AraguaiaTocantins
3o. Táxon
4o. Táxon
Tipos de Modelados
Unidades
Geomorfológicas
Depressão do Araguaia
Dissecação
Características
Genéticas
Homogênea
Convexa – c
Depressão do Tocantins
Tabular – t
Planaltos do Interflúvio
Araguaia-Tocantins
Planaltos Residual
Residuaisdo
do
Planalto
Araguaia
Araguaia
Bacias Sedimentares
Paleo-mesozóicas e
Meso-cenozóicas
Formas Predominantes
Planaltos da Bacia do
Parnaíba
Aguçada - a
Chapadas do Meio Norte
Dissecação
Homogênea
Tabular – t
Convexa – c
Azonal das Área Aluviais
Acumulação
Fluvial ou Flúvio-
Planícies e Terraços
Lacustre
Fluviais – Aptf
Planícies Fluviais - Apf
Em seguida realizou-se a fotointerpretação das imagens
vulnerabilidade. A metodologia sugere ainda uma relação
de satélite em composição colorida (TM3B, 4R e 5G) e
entre o índice de vulnerabilidade e a forma do modelado:
preto e branco (banda TM4) na escala 1:250.000. Foram
formas tabulares, índices entre 1.0 a 1.6; formas convexas,
delimitados os tipos de modelados, as Unidades e Regiões
índices entre 1.7 a 2.3; e formas aguçadas, índices entre
geomorfológicas, além dos Domínios morfoestruturais.
2.4 a 3.0.
Na seqüência efetuou-se a determinação dos índices
A determinação dos índices de vulnerabilidade foi feita sobre
morfométricos ou de dissecação, com base na
cartas topográficas na escala 1:100.000. As medidas, embora
metodologia de CREPANI et al. (1998) para a caracterização
amostrais, ofereceram elevado grau de confiança, refletindo
do relevo quanto à vulnerabilidade. Esta metodologia tem
as possíveis variações dimensionais correspondentes às
por objetivo estabelecer o grau de vulnerabilidade do relevo
formas de modelados evidenciadas. Ainda, conforme
utilizando-se as variáveis amplitude interfluvial, amplitude
orientação metodológica de CREPANI et al. (1998), utilizou-
altimétrica (amplitude de incisão do talvegue) e declividade
se de média aritmética entre os índices avaliados (amplitude
da vertente, com índices de vulnerabilidade que variam de
interfluvial, amplitude altimétrica e grau de declividade),
1.0 a 3.0. Considerando-se a ordem crescente dos valores
obtendo-se o índice de vulnerabilidade em questão.
atribuidos, a vulnerabilidade do relevo aumenta
Posteriormente, lançou-se sobre a base cartográfica
progressivamente. Assim, quanto mais próximo ao índice
1:250.000, correspondente às Folhas Araguaína e
de 1.0 maior a estabilidade da unidade e, em sentido
Conceição do Araguaia, os polígonos extraídos na
inverso, quanto mais próximo de 3.0 maior sua
fotointerpretação, hierarquizados taxonomicamente
4
Zoneamento Ecológico-Econômico
Geomorfologia - SB.22-Z-D (Araguaína)
(Domínios, Regiões, Unidades e tipos de modelados) e
de campo, conforme modelo criado pelo Laboratório de
os índices morfométricos (vulnerabilidade do relevo) que,
Geomorfologia da USP (ABREU, 1982).
juntamente com a legenda, integraram o mapa preliminar
Em cada ponto foram observados o grau de dissecação da
de geomorfologia.
paisagem, as relações processuais, o uso e ocupação do
Baseando-se no mapa preliminar de geomorfologia, partiu-
solo e impactos resultantes, o substrato rochoso, o material
se para o planejamento do trabalho de campo, com a
de cobertura e processos morfogenéticos (pretéritos e
definição dos perfis e pontos a serem observados e
atuais). Também foram observadas as formas do relevo e
descritos. O trabalho de campo foi realizado em novembro
processos
de 1998 com os objetivos de: (i) correlacionar os
atuantes
nos
diferentes
ambientes
morfológicos (em nível de geofácie).
parâmetros geométricos e respectivos índices de
vulnerabilidade do relevo mapeados a partir da
Após o trabalho de campo promoveu-se a reinterpretação
interpretação de imagens Landsat e demais documentos
de dados e a elaboração do mapa geomorfológico final,
de apoio com as observações realizadas em campo; (ii)
confrontando-se o mapa geomorfológico preliminar com
proceder com o levantamento sistemático da estrutura
as imagens de satélite e os dados anotados na ficha de
superficial da paisagem, considerando as diferenças
campo para os pontos ao longo dos perfis. Tal recurso
expressas nas Unidades geomorfológicas; (iii) rever os
contribuiu para que se resolvessem as dúvidas e melhor
problemas de limites das Unidades geomorfológicas
se definissem as Unidades geomorfológicas e os tipos de
mapeadas, bem como colher subsídios para a definição
modelados.
de subunidades (detalhamento geomorfológico), e; (iv)
A conclusão do mapa geomorfológico final ocorreu com a
avaliar o comportamento da fisiologia da paisagem,
revisão da legenda e compatibilização dos contatos entre
considerando as relações processuais atuais e formas de
as unidades geomorfológicos das Folhas Xambioá e
apropriação diferencial do espaço.
Carolina, de modo que a continuidade física destas
Conforme o roteiro planejado foram executados dois
ocorresse naturalmente.
grandes perfis de reconhecimento geomorfológico, sendo
Finalizando os trabalhos cartográficos, procedeu-se com a
um na seção setentrional até o final da Folha em direção a
Araguanã (Pau D’Arco-Garimpinho-Santa Fé do Araguaia-
digitalização do mapa geomorfológico final no sistema PC
Muricilândia-Novo Horizonte-Aragominas-Carmolândia) e
ARC/Info e arte final no sistema ArcView.
outro na seção meridional, indo até as margens do rio
Partiu-se então para a última etapa, elaborando-se o
Araguaia (Araguaína-Colinas do Tocantins-Posto
relatório técnico contendo as informações e dados
Providência-Bernardo
adquiridos e compilados durante o trabalho, sobretudo
Sayão-Povoado
Brasilene-
Arapoema-Pau D’Arco).
aqueles referentes à caracterização das Unidades
Os pontos de campo foram registrados com o auxílio de
mapeadas e descrições de campo. Tal relatório serviu de
GPS e identificados por intermédio de numeração
base para a confecção do presente texto explicativo sobre
crescente. Para as descrições dos pontos utilizou-se ficha
a geomorfologia da Folha SB.22-Z-D (Araguaína).
5
Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
6
Zoneamento Ecológico-Econômico
Geomorfologia - SB.22-Z-D (Araguaína)
2
Características Geomorfológicas
O trabalho de BOAVENTURA (1974), mencionado
2.1 – Trabalhos anteriores
anteriormente, foi o que melhor tratou a questão
Com relação a trabalhos anteriores em Geomorfologia,
geomorfológica regional, oferecendo o primeiro
destaca-se o levantamento realizado por BOAVENTURA
mapeamento sistemático na escala 1:1.000.000. Tal autor
(1974) referente à Folha SB.22 Araguaia e parte da Folha
correlacionou o nível de aplainamento do topo da serra do
SC.22 Tocantins, na qual insere-se a presente Folha.
Estrondo, em parte situada nas Folhas Araguaína e
Os demais trabalhos, citados por diferentes autores,
Conceição do Araguaia, ao pediplano pliocênico
referem-se, principalmente, às questões de natureza
identificado por BARBOSA, BOAVENTURA & PINTO
geológica regional, nos quais se observam algumas
(1973) nas partes altas da Bacia do Piauí-Maranhão e
considerações geomorfológicas a respeito. Dentre os
discutiu a possibilidade desse aplanamento ter reelaborado
trabalhos de cunho geológico destacam-se os de
um nível erosivo mais antigo de idade pré-cretácica. MELO
ALMEIDA (1967), que trata da evolução da Plataforma
& FRANCO (1980), na Folha contígua a Oeste (SC.21
Brasileira e de ALMEIDA (1974), relativo ao sistema
tectônico
do
Cráton
do
Guaporé.
Juruena) não encontraram confirmação da reelaboração
Merecem
dessa superfície pré-cretácica na área e teceram
considerações ainda os trabalhos de BARBOSA et al.
considerações sobre diques de diabásio de idade
(1966), relativo às condições geológicas no Projeto
juracretácica, existente na chapada do Cachimbo. Esses
Araguaia, bem como BARBOSA et al. (1972)
diques encontravam-se parcial ou totalmente exumados,
concernente à região do Tocantins-São Francisco. A
caracterizando uma fase erosiva pós-cretácica, sendo
geologia da Folha Araguaína foi descrita e mapeada pelo
provavelmente a mesma pediplanação pliocênica delineada
DNPM/CPRM, com a organização de ARAÚJO (1994);
por BOAVENTURA (1974).
o perímetro correspondente à Folha Conceição do
Araguaia foi organizado por FIGUEIREDO, SOUZA &
BOAVENTURA (1974) identificou apenas formas de relevo
OLIVATTI (1994).
(aplanadas, dissecadas, estruturais e de acumulação)
e não mapeou as Unidades geomorfológicas. Observa-
AB’SABER (1967) desenvolveu trabalho relativo aos
se que no levantamento de BOAVENTURA (1974) a
problemas geomorfológicos da Amazônia brasileira.
metodologia utilizada não contemplava as relações
Ressalta-se também os estudos desenvolvidos por KING
taxonômicas tratadas anteriormente, o que proporcionou
(1956), concernentes aos níveis de aplainamento,
mapeamento fundamentado exclusivamente nos grandes
adaptados por BRAUN (1971) para a região central do
compartimentos definidos pela tipologia do modelado
Brasil, os quais contribuíram para o entendimento do
Três níveis de aplanamento foram identificados na região
processo evolutivo do relevo.
do Bico do Papagaio: (i) nível de cimeira, que apresenta
Com relação aos aspectos morfogenéticos da região do
correspondência altimétrica e proximidade com a área
Cerrado, destacam-se os trabalhos de RUELLAN (1953),
analisada por MELO & FRANCO (1980), fato que
sobre o papel das enxurradas no modelado do relevo
possibilitou uma extrapolação que permitiu datá-lo com
brasileiro, e de CHRISTOFOLETTI (1966), a propósito
idade pós-cretácica; (ii) o nível intermediário,
da Geografia Física do Cerrado.
representado pelo nível mais baixo do Planalto dos
7
Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
Parecis, cuja cobertura constitui a Formação Araguaia
Considerando os trabalhos anteriores realizados na
(Plioceno), datado como plio-pleistocênico; (iii) e o piso
presente Folha, acredita-se que houve uma significativa
regional, nesta Folha representado pelas Depressões
contribuição ao conhecimento geomorfológico da área
do Araguaia e do Tocantins, que constitui o mais baixo
em questão, tendo em vista a lógica e o detalhamento
nível de pediplanação e corresponde ao conjunto de
metodológico da compartimentação em nível de
depressões regionais datados como neo-pleistocênicas.
mapeamento e a análise da estrutura superficial e da
fisionomia da paisagem em nível de relatório.
O tratamento geomorfológico em escala regional
realizado por outros autores permitiu o detalhamento e
A visão de conjunto fornecida pelas imagens orbitais, a
redefinição de algumas unidades no presente
similitude dos tipos de modelados, o posicionamento
mapeamento. MAMEDE, ROSS & SANTOS (1981),
altimétrico relativo e a existência de traços genéticos
BRASIL & ALVARENGA (1988) e IBGE (1993),
comuns constituíram o conjunto de elementos que
denominaram o Planalto do Interflúvio Araguaia-Tocantins
permitiram a identificação, na Folha Araguaína, de três
para toda a região do Bico do Papagaio. Na Folha
Domínios
Araguaína o referido Planalto foi cartografado em duas
geomorfológicas, cinco Unidades geomorfológicas e dois
Unidades distintas, com o desmembramento do seu
tipos de modelados com características genéticas
prolongamento norte, agora denominado Planalto
distintas e formas de relevo de diversos índices
Residual do Araguaia, fundamentado no fato deste não
morfométricos. A Tabela 1, já citada, permite boa
representar uma posição interfluvial entre as depressões
visualização dessa hierarquia taxonômica que resultou
do Araguaia e do Tocantins, localizando-se basicamente
na presente compartimentação do relevo.
na Depressão do Araguaia.
morfoestruturais,
duas
Regiões
2.2 – Domínios morfoestruturais
DEL’ARCO et al. (1995) realizaram trabalho de
Os Domínios morfoestruturais representam grandes
compartimentação geoambiental do Estado do Tocantins
conjuntos estruturais que geram arranjos regionais de
na escala de 1:1.000.000. Neste mapa foi realizada a
relevo, guardando relação de causa entre si.
compartimentação do espaço geográfico físico, com base
Correspondem às macroestruturas, como as grandes
na Teoria Geral dos Sistemas e no modelo de paisagem
estruturas das bacias do Paraná, Parecis e do Parnaíba,
física global de BERTRAND (1971), tendo sido delineados
dentre outras.
5 Domínios, 33 Regiões e 128 Geossistemas. Na
superfície correspondente às Folha Araguaína e
IBGE (1997), em trabalho de mapeamento das unidades
Conceição do Araguaia tais autores identificaram 3
de relevo brasileiras, definiu a existência de quatro
Domínios, 7 Regiões e 14 Geossistemas.
Domínios morfoestruturais no país: (i) Depósitos
Sedimentares Inconsolidados Quaternários; (ii) Bacias
De acordo com DEL’ARCO et al. (1995), os Domínios
e Coberturas Sedimentares Associadas; (iii) Faixas de
são do tipo morfoestrutural e reunem os fatos
Dobramentos e Coberturas Metassedimentares
geomorfológicos decorrentes de aspectos amplos da
geologia e da geotectônica que se refletem no arranjo
Associadas, e; (iv) Embasamentos em Estilos
estrutural do relevo. As Regiões são compartimentações
Complexos (este não ocorre em território tocantinense).
de um Domínio e registram as diferenciações que existem
No trabalho de MAMEDE et al. (1985), relativo ao mapa
dentro deste, podendo comportar um ou mais
geomorfológico do Centro-Oeste, realizado na escala
Geossistemas. Os Geossistemas constituem uma
1:2.500.000,
classe peculiar de sistema dinâmico e aberto,
morfoestrurais que ocorrem na superfície correspondente
hierarquicamente organizado (SOCTCHAVA, 1978, apud
ao território do Tocantins. DEL’ARCO et al. (1995)
DEL’ARCO et al., 1995), sendo resultantes de uma
elaboraram para o Estado do Tocantins um mapa de
relação dinâmica entre os elementos abióticos (rochas,
compartimentação
relevo, solo, fatores hidrológicos) e bióticos (predomínio
metodologia de BERTRAND (1971) que contempla a
de certa fauna e flora) de um dado espaço geográfico
divisão da paisagem física. Em função da escala, tais
com origem e evolução comuns.
autores delinearam, no Tocantins, cinco Domínios
8
foram
individualizados
geoambiental,
Domínios
adotando
a
Zoneamento Ecológico-Econômico
Geomorfologia - SB.22-Z-D (Araguaína)
morfoestruturais, que foram adotados no presente
sedimentares do Arqueano e Proterozóico Inferior.
estudo: (i) Azonal das Áreas Aluviais; (ii) Bacias
Sedimentares Cenozóicas; (iii) Bacias Sedimentares
A Tabela 2 apresenta a relação entre os Domínios
Paleo-mesozóicas e Meso-cenozóica; (iv) Faixas de
morfoestruturais definidos por IBGE (1997) e DEL’ARCO
Dobramento do Proterozóico Médio e Superior, e; (v)
et al. (1995), considerando apenas o território
Complexos Metamórficos e Sequências Vulcano-
tocantinense.
Tabela 2 – Domínios Morfoestruturais Delineados por IBGE (1997) e DEL’ARCO et. al. (1995) no
Estado do Tocantins
IBGE (1997)
Depósitos Sedimentares
Inconsolidados Quaternários
Bacias e Coberturas Sedimentares
DEL’ARCO et al. (1995)
Azonal das Áreas Aluviais
Bacias Sedimentares Cenozóicas
Associadas
Bacias Sedimentares Paleo-mesozóicas e Meso-cenozóicas
Faixas de Dobramentos e
Coberturas Metassedimentares
Faixas de Dobramento do Proterozóico Médio e Superior
Associadas
Embasamentos em Estilos
Complexos Metamórficos e Sequências Vulcano-sedimentares
Complexos
do Arqueano e Proterozóico Inferior
Na Folha Araguaína três Domínios morfoestruturais
dobramentos proterozóicos, caracterizada por estruturas
podem ser individualizados: os Complexos Metamórficos
longitudinais e representada pelos grupos Estrondo e
e Sequências Vulcano-sedimentares do Arqueano e
Tocantins. As rochas de ambos os grupos, descritas
Proterozóico Inferior, as Bacias Sedimentares Paleo-
por HASUI et al., (1977, apud OLIVATTI & ARAÚJO,
mesozóicas e Meso-cenozóicas, e o Azonal das Áreas
1994), pertencem a Faixa de Dobramentos Araguaia
Aluviais.
sendo configuradas pelas formações Morro do Campo,
Xambioá e Pequizeiro, do Grupo Estrondo e pela
O Domínio dos Complexos Metamórficos e Sequências
Formação Couto Magalhães, do Grupo Tocantins. As
Vulcano-sedimentares do Arqueano e Proterozóico Inferior
litologias representatives desta faixa são constituídas
está relacionado aos Domos Gnáissicos e a Faixa
principalmente por biotita xistos, quartzitos, quartzo
Orogênica Tocantins-Araguaia, descritos por OLIVATTI &
xistos, anfibolitos, clorita xistos, filitos e ardósias.
ARAÚJO (1994). Os referidos domos são constituidos por
rochas gnáissicas e migmatíticas arqueanas do Complexo
A Faixa de Dobramentos Araguaia ocupa os trechos
Colméia e gnáissicas graníticas proterozóicas do Gnaisse
central e oeste da Folha em questão. O Grupo Estrondo
Cantão. Tais estruturas ocorrem no centro-sul da Folha
ocorre em duas faixas no trecho central, separadas pelo
Araguaína, formando um “colar orientado na direção N-
gráben do Muricizal (rochas paleozóicas). Segundo
S”, expandindo-se em direção a área mapeada na Folha
FIGUEIREDO, SOUZA & OLIVATTI (1994) aflora também
Conceição do Araguaia, contígua ao Sul.
no trecho mapeado na Folha Conceição do Araguaia. O
Grupo Tocantins situa-se no trecho oeste, estando
A Faixa Orogênica Tocantins-Araguaia (denominada
representado pela sedimentação marginal ao Cráton
Cinturão Araguaia) é uma faixa de sucessivos
Amazônico. Estes grupos foram assim divididos levando-
9
Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
se em conta sua origem e suas características litológicas
subsequentes, dispostas de forma alongadas na direção
e estruturais. Ambos possuem corpos básico-
N-S. Compreendem as formações, da base para o topo,
ultrabásicos intrusivos e caracterizam-se por “(...) um
Pimenteiras, Cabeças, Longá, Poti, Piauí, Pedra de
grande conteúdo pelítico na sedimentação clástica, e
Fogo, Motuca e Sambaíba (compostas principalmente
significativa ausência de rochas carbonatadas”
por arenitos, siltitos, e folhelhos), com a presença de
permitindo “supor a existência de um sulco alongado,
magmatismo fissural, representado por derrames
com fontes de suprimentos de ambos os lados e um
basálticos e diques e sills de diabásio (Formação
clima temperado a frio, mas não rigoroso (...)”. O estágio
Mosquito). Estes derrames marcaram o início das
tectônico atingido por esta faixa não foi caracterizado
manifestações tectônicas modernas, que culminaram
(OLIVATTI & ARAÚJO, 1994).
com a reativação de falhas e elaboração de novas
O Domínio das Bacias Sedimentares Paleo-mesozóicas
estruturas tectônicas, representadas na Folha pelo
e Meso-cenozóicas abrange aproximadamente um terço
gráben do Muricizal, posteriormente inumado.
da Folha em questão. Estruturas em gráben, de
O referido gráben ocorre no trecho centro-norte da Folha,
orientação submeridiana na porção central, também
acompanhando o rio homônimo, estando relacionado às
estão preenchidas por sedimentos. Segundo SOUZA &
Coberturas Tércio-Quaternárias, caracterizadas por
MORETON (1995), dados magnetométricos registram a
sedimentos inconsolidados arenosos, resultantes de
presença de rochas do embasamento em profundidade,
desagregação de rochas pertencentes à bacia do
enquanto a gamaespectrometria separa as diversas
Parnaíba. As coberturas de idade quaternária são
unidades litológicas, devido aos diferentes níveis de
caracterizadas por depósitos aluvionares holocênicos e
radiação apresentado por cada uma delas. As unidades
ocorrem expressivamente margeando o rio Araguaia.
estratigráficas mostram a Formação Pimenteiras, de
idade devoniana, como a mais antiga, enquanto a mais
O Domínio Azonal das Áreas Aluviais, definido por
nova é representada pela Formação Rio das Barreiras,
DEL’ARCO et al. (1995), corresponde a um domínio
correlacionável à Formação Itapecuru. PEDREIRA (1991,
especial, de caráter linear, que trunca os demais
apud SOUZA & MORETON, 1995) interpreta a sucessão
Domínios, ocorrendo em diversos trechos ao longo do
dos sistemas deposicionais desta bacia como
rio Araguaia e em alguns de seus afluentes, como os
proveniente de oscilações do nível do mar em ambiente
rios das Cunhãs, Preto e Jenipapo e os ribeirões das
continental (fluvial e desértico). Afirmam ainda os autores
Cunhãzinhas e Paca.
que movimentos epirogenéticos positivos, de idade
pleistocênica, seriam os responsáveis pela formação de
Na Folha Araguaína o Domínio dos Complexos
cachoeiras ao longo do rio Araguaia, de escarpas de
Metamórficos e Sequências Vulcano-sedimentares do
falhas, de terraços suspensos e pelo atual nível de
Arqueano e Proterozóico Inferior abrange as Regiões
erosão.
geomorfológicas Depressões do Araguaia-Tocantins. O
Domínio das Bacias Sedimentares Paleo-mesozóicas e
O Domínio das Bacias Sedimentares Paleo-mesozóicas
Meso-cenozóicas contempla a Região geomorfológica
e Meso-cenozóicas corresponde à Sinéclise do Parnaíba
Planaltos da Bacia do Parnaíba.
e as Coberturas Tércio-Quaternárias e Quaternárias,
também descritas por OLIVATTI & ARAÚJO (1994).
2.3 - Regiões geomorfológicas
A Bacia do Parnaíba (do Tipo Sinéclise) ocorre no trecho
As Regiões geomorfológicas constituem grupamentos
leste e centro-oeste da Folha. Implantada durante o
de Unidades geomorfológicas que apresentam
Siluriano, a partir da subsidência da área cratônica,
semelhanças resultantes da convergência de fatores de
representa uma ampla depressão, com a característica
sua evolução.
original de deposição horizontalizada de seus estratos
(SEISLEWSKI et al., 1983, apud OLIVATTI & ARAÚJO,
Na área em estudo estão presentes sete Regiões
1994). É observada por meio de seqüências sedimentares
geoambientais, delineadas por DEL’ARCO et al. (1995):
fanerozóicas, exumadas pelos processos morfogenéticos
(i) a Depressão do Baixo e Médio Araguaia, (ii) a
10
Zoneamento Ecológico-Econômico
Geomorfologia - SB.22-Z-D (Araguaína)
Depressão do Médio Araguaia (Seção III), (iii) os
deve-se ao fato de ambas as Unidades geomorfológicas
Planaltos do Interflúvio Tocantins-Araguaia (Barrolândia),
apresentarem semelhanças no tocante à similitude de
(iv) as Serrarias e Depressão de Xambioá, (v) a
formas e aos traços genéticos ensejados por processos
Depressão de Palmeirante-Tupiratins, (vi) o Interflúvio
de pediplanação1.
da Serra do Estrondo, (vii) e o Patamar Rebaixado de
A Região geomorfológica Planaltos da Bacia do Parnaíba foi
Colinas do Tocantins.
assim denominada por abranger terrenos geológicos
No presente trabalho não sentiu-se necessidade de
pertencentes à bacia sedimentar homônima. No presente
separar a Depressão do Araguaia em “Baixo” e “Médio”,
mapeamento, esta Região é representada apenas pela Unidade
por entender que tal separação é entendida na
geomorfológica Chapada do Meio Norte, em seu nível inferior,
visualização do mapa geomorfológico. No que se refere
ocorrendo no trecho nordeste da Folha Araguaína.
à Região das Serrarias e Depressão do Xambioá, preferiu-
2.4 - Unidades geomorfológicas
se incluir a área referente à Depressão do Xambioá na
Depressão do Araguaia, entendendo-se que, tanto no
As Unidades geomorfológicas que foram registradas na área
que se refere à contemporaneidade quanto aos aspectos
mapeada na Folha Araguaína são: Planalto do Interflúvio
físicos e genéticos, o processo de elaboração dessa
Araguaia-Tocantins, Planalto Residual do Araguaia, Chapadas
superfície é comum a ambas; desse modo, esta Região
do Meio Norte, Depressão do Araguaia e Depressão do
geoambiental delineada por DEL’ARCO et al. (1995)
Tocantins. Ocorrem também unidades azonais, distribuídas
trata-se apenas de uma compartimentação em nível de
em todas as unidades indistintamente, representadas pelas
toponímia. Também preferiu-se não englobar numa só
Planícies Fluviais (Apf) e Planícies e Terraços Fluviais (Aptf).
Unidade geomorfológica “Depressão “ e “Serraria”, já que
as imagens orbitais e as observações de campo
Na Folha Araguaína a Depressão do Araguaia abrange a
permitiram a separação das duas. Além disso as parte
maior parte da área mapeada, configurando uma monótona
mais elevadas desses relevos estruturais compõem um
superfície rebaixada. Em extensão não expressiva tem-
quadro geomorfológico distinto daquele da depressão, o
se a presença da Depressão do Tocantins no extremo
que permite também identificá-lo como uma Unidade
leste da área da Folha Araguaína. Disposto em forma
geomorfológica distinta, no caso, Planaltos Residuais
longitudinal na faixa central da Folha registra-se a
do Araguaia. No tocante a serra do Estrondo, esta foi
presença do Planalto Residual do Araguaia. E no extremo
identificada como Unidade geomorfológica distinta,
sudeste da área mapeada na Folha ocorre a Unidade
pertencente aos Planaltos do Interflúvio Araguaia-
Planalto do Interflúvio Araguaia-Tocantins. As Chapadas
Tocantins. Acredita-se que tais diferenças de
do Meio Norte distribuem-se na seção nordeste da Folha
compartimentação explicam-se por objetivos diferentes
Araguaína. A delimitação destas Unidades levou em conta
em ambos os trabalhos (um mapa geomorfológico; e
a individualização de suas respectivas redes de drenagem.
outro geoambiental).
2.4.1 - Planalto do Interflúvio Araguaia-Tocantins
Duas Regiões geomorfológicas integram os Domínios
A Unidade ocupa a parte centro-sul da área mapeada e
morfoestruturais no presente mapeamento: Depressões
foi identificada por MAMEDE, ROSS & SANTOS (1981)
do Araguaia-Tocantins e Planaltos da Bacia do Parnaíba.
na Folha SC.22 Tocantins. Segundo esses autores, a
A Região geomorfológica Depressões do Araguaia-
Unidade em questão corresponde a “um conjunto serrano
Tocantins é representada na Folha pelas Depressões
disposto no sentido longitudinal, cujo relevo mais
do Araguaia e do Tocantins e pelos Planalto Residual do
representativo é a serra do Estrondo”.
Araguaia e do Interflúvio Araguaia-Tocantins. A
Na área correspondente à Folha Araguaína essa Unidade
denominação Depressões do Araguaia e do Tocantins
é constituída por um relevo serrano fragmentado,
elaborado principalmente sobre litologias arqueano1 - O que diferencia as duas Unidades geomorfológicas, Depressão do
Araguaia e Depressão do Tocantins, é a rede de drenagem, a localização e
extensão geográfica, esta bem maior na Depressão do Araguaia do que na
do Tocantins (na área do Bico do Papagaio).
proterozóicas do Gnaisse Cantão e da Formação Morro
do Campo (quartzitos, xistos e anfibolitos).
11
Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
MAMEDE, ROSS & SANTOS (1981) afirmam que em
portanto, a Depressão do Araguaia localmente marcada
decorrência de seu posicionamento entre a borda
pelas
ocidental da Bacia Sedimentar do Parnaíba e as rochas
aproximadamente 400m no topo das cristas quartzíticas
do embasamento, esse planalto apresenta um
do Planalto do Interflúvio Araguaia-Tocantins e tais
condicionante de natureza litológica muito marcante.
valores chegam a 500m na seção meridional, associadas
Parte dele foi esculpida sobre o domínio cratônico
aos
correspondente à unidade tectônica denominada Domo
silicificados), como na Fazenda Jardim.
Gnáissico (Gnaisse Cantão e Complexo Colméia). Em
cotas
corpos
médias
dos
200m.
básico-ultrabásicos
Atinge-se
(serpentinitos
Em ponto levantado na depressão ortoclinal (280m),
outros locais foi elaborado sobre a unidade tectônica
constatou-se a presença de quartzitos que se manifestam
Faixa Orogênica Tocantins-Araguaia ou Cinturão
sob a forma de cristas monoclinais, intercalados aos
Araguaia (CPRM, 1994), representada pelo Grupo
gnaisses e xistos da Formação Xambioá. Localmente,
Estrondo, que compreende a Formação Morro do Campo
sotopondo gnaisses intemperizados, observa-se a presença
(quartzitos e xistos) e a Formação Xambioá (xistos com
de paleopavimentos (fragmentos do próprio gnaisse,
lentes de anfibolitos). Rochas básicas e ultrabásicas
intemperizados, subarredondados, envoltos em matriz
(serpentinitos) também se misturam ao complexo quadro
areno-argilosa) inumados por colúvios pedogenizados.
litológico-estrutural desse relevo dissecado em formas
Tendo por marco o referido ponto, obtido na zona derruída
aguçadas (a2.4), evidenciadas pela presença marcante
da estrutura circular do Cantão, avista-se a borda oposta
de cristas e ressaltos topográficos, e que denotam um
da mesma, marcada por cristas monoclinais quartzíticas
alto grau de vulnerabilidade.
da Formação Morro do Campo, que se destacam em
As cotas altimétricas verificadas nesse conjunto de relevo
relação à depressão intermontana (Depressão do Araguaia),
situam-se em torno de 300 a 500m e encontram-se
representada pelo gnaisse homônimo. As referidas cristas
circundadas por relevos rebaixados da Depressão do
encontram-se marcadas por topos pediplanados,
Araguaia, posicionados em torno de 200m, o que
registrando-se inclusive fenômenos de aluição de vertentes
evidencia a saliência topográfica dessas estruturas mais
em função do forte gradiente (Foto 1).
elevadas. Junto a esse conjunto de relevo mais elevado,
Do alto da morfologia caracterizada por formas aguçadas,
na área da Fazenda Pedra Branca, ocorrem formas
associadas às estruturas circulares, constata-se extenso
aguçadas com um maior índice de vulnerabilidade (a2.7).
vale marcado pela Depressão do Araguaia, tanto na
Trata-se de uma área esculpida sobre formações
periferia como no interior da estrutura circular,
residuais de rochas devonianas da Bacia do Parnaíba,
representando domínio de formas convexizadas,
representadas pela Formação Pimenteiras (siltitos,
relacionadas principalmente aos denominados “gnaisses
folhelhos e arenitos, interestratificados com níveis
Cantão”, a exemplo da Fazenda Cantão, localizada a
conglomeráticos).
Sudoeste da localidade de Povoado Brasilene, próximo
No trecho Bernardo Sayão-Povoado Brasilene constata-
à estrada Povoado Brasilene-Bernardo Sayão (TO-164),
se aumento da movimentação do relevo em relação à
destacado na Foto 2
Depressão do Araguaia, relacionado aos fenômenos
A rede de drenagem, comandada pelas nascentes dos
tectônicos responsáveis pela gênese da estrutura circular
ribeirões das Cunhãs e Jardim, encontra-se superimposta
(Domos Gnássicos) bem como à reativação tectônica
a esse relevo comandado pela estrutura, descrevendo
quebrante registrada no Terciário. Observa-se em
um padrão complexo, onde se evidenciam angularidades
praticamente toda sua extensão a disposição centrífuga
que refletem o intenso fraturamento e falhamento do
das camadas metassedimentares que foram submetidas
substrato rochoso.
a tais efeitos, evidenciando a relação das cristas
monoclinais com a resistência litológica dos quartzitos.
A Nordeste desse conjunto de relevo dissecado e
Mais uma vez as depressões intermontanas encontram-
fragmentado, a leste da Vila Bandeirantes, ocorre uma
se vinculadas aos gnaisses ou xistos da Formação
faixa de relevo elevado (em torno de 500m), de direção
Xambioá escavadas pela drenagem ortoclinal, deixando,
longitudinal, onde prevalecem formas aguçadas,
12
Zoneamento Ecológico-Econômico
Geomorfologia - SB.22-Z-D (Araguaína)
representadas pelo índice a2.4. Uma escarpa de falha,
Unidade presencia-se uma estrutura semicircular,
de direção N-S, ressalta-se nesse modelado. Esse relevo
evidenciada por cristas mantidas por quartzitos e quartzo-
foi elaborado sobre rochas proterozóicas do Grupo
xistos proterozóicos da Formação Morro do Campo, tal
Estrondo e rochas areníticas carboníferas da Formação
como observado na parte sul desse conjunto de relevo.
Piauí (arenitos com níveis conglomeráticos e
Residuais dessa Unidade ocorrem a Leste, em rochas
intercalações de siltitos, argilitos, folhelhos, margas,
da mesma formação geológica.
calcáreos e linhitos), limitadas por falha extensional de
2.4.3 - Depressão do Araguaia
direção longitudinal coincidente com a forma do relevo.
A denominação dessa Unidade decorre em função de
Na superfície correspondente à Folha Conceição do
seu posicionamento topográfico mais baixo em relação
Araguaia essa Unidade é constituída por um relevo
às demais Unidades geomorfológicas da área. Trata-se
serrano fragmentado, que sobressai-se na área em razão
de uma superfície de aplainamento degradada em
das altitudes correspondentes (400 a 700m). Apresenta
conseqüência de mudança do sistema morfogenético,
formas dissecadas em topos aguçados, muitas vezes
onde se observam diferentes graus de dissecação.
configurando cristas que acompanham as direções
Aparece freqüentemente mascarada, inumada por
preferenciais dos lineamentos estruturais, originando
cobertura detrítica e/ou de alteração constituída por
solos litólicos sobre rochas xistosas da Formação
couraças e/ou latossolos e as vezes desnudada em
Xambioá.
conseqüência de exumação de camada sedimentar ou
2.4.2 - Planalto Residual do Araguaia
de limpeza de cobertura preexistente.
A denominação planalto residual deve-se ao fato da
A Depressão do Araguaia ocupa a maior parte da área
referida Unidade ser constituída por blocos soerguidos
em questão, circundando os relevos mais elevados dos
residuais, decorrentes de processos de recuo paralelo
Planaltos do Interflúvio Araguaia-Tocantins e Residual
das vertentes.
do Araguaia. Compreende uma vasta superfície
rebaixada, com altitude média de 200m, apresentando
A Unidade em questão, definida neste trabalho de
relevo suavemente dissecado em que predominam
aprimoramento, pode ser observada a Leste da cidade
formas convexas (c1.7, c2.0, c2.3) na parte oeste e
de Muricilândia, com cotas altimétricas que variam de
formas tabulares (t1.6) na parte leste. As cotas
350 a 500m, ocorrendo de forma alongada, também
altimétricas mais elevadas da Unidade encontram-se nas
acompanhando o sentido N-S. O relevo foi elaborado
partes dissecadas em formas convexas (c1.8 e c2.0).
sobre litologias proterozóicas da Formação Xambioá
(muscovita-biotita-quartzo-xisto e calci-biotita-quartzo-
A Unidade envolve litologias variadas, do Proterozóico
xisto, com lentes de anfibolitos) e apresenta-se dissecado
ao Cenozóico, sem no entanto mostrar evidências
em formas aguçadas (a2.4), entre as quais sobressaem-
topográficas significativas no relevo. As rochas
se inúmeras cristas de direção aproximada N-S,
proterozóicas da Faixa Orogênica Tocantins-Araguaia,
acompanhando os lineamentos estruturais e fraturas.
que constituem o embasamento regional, predominam
Entre Muricilândia e Aragominas observam-se com
em extensa área longitudinal, acompanhando o curso
freqüência escarpas de falhas do gráben do Muricizal
do rio Araguaia, sendo dissecadas em formas convexas
(Foto 3) destacando-se as formas aguçadas resultantes,
(c1.7, c2.0). Trata-se das formações Pequizeiro (Grupo
topograficamente elevadas em relação à Depressão do
Estrondo) e Couto Magalhães (Grupo Tocantins). A
Araguaia.
Unidade
Formação Pequizeiro é constituída por cálcio-clorita-
afloramentos de xistos sobre outeiros, relacionados à
muscovita-quartzo-xistos enquanto a Formação Couto
Formação Xambioá (Foto 4).
Magalhães é constituída por filitos, ardósias e
Registram-se
ainda
nesta
metargilitos. Essas duas formações encontram-se
O contato dessa Unidade com a Depressão do Araguaia
limitadas por falhamentos.
a Leste se faz através da pronunciada escarpa de falha,
Circundando o Planalto do Interflúvio Araguaia-Tocantins
de aproximadamente 42km de extensão. A Leste dessa
13
Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
encontra-se litologias proterozóicas da Formação
em relação à seção anterior - a seção setentrional
Xambioá (Grupo Estrondo), em situação topográfica
da estrutura do Cantão encontra-se rebaixada, ou seja,
inferior à do planalto em sua porção oeste. No lado leste,
sem a proeminência das cristas quartzíticas
rochas devonianas da Formação Pimenteiras,
mencionadas anteriormente, o que leva a admitiir a
dissecadas em formas convexas, apresentam o mesmo
ocorrência de abatimento pela tectônica quebrante. No
nível topográfico das anteriores, com o mesmo tipo de
referido trecho aparecem matacões gnáissicos em
dissecação. À volta desse relevo depressionário,
colinas rebaixadas, correspondentes a restos do
Planalto do Interflúvio Araguaia-Tocantins (Foto 7).
representado por formas convexas, estende-se extensa
Exemplo de pediplano intermontano foi observado na
área de relevos dissecados em formas tabulares (t1.6).
saída de Povoado Brasilene em direçâo a Arapoema,
Outras litologias se misturam a essa, num elevado grau
onde considerável extensão de cobertura detrítico-
de complexidade, intensificado por falhamentos e
laterítica (fragmentos subangulosos de metarenitos
intrusivas básico-ultrabásicas do Proterozóico. A porção
laterizados) sotopõe metarenitos da Formação
posicionada a Nordeste desse planalto (próximo a Vila
Xambioá. Observa-se com freqüência a existência de
Bandeirantes) é formada por litologias carboníferas da
extensos vales abertos, associados a bajadas, onde
Formação Piauí (arenitos feldspáticos com intercalações
se constata a presença da mata ciliar e remanescentes
de siltitos, argilitos, folhelhos, margas, calcários e
da Floresta Ombrófila (Foto 8).
linhitos), sendo circundada em grande parte por relevos
tabulares (t1.3) da Depressão. O trecho em referência
Ainda em direção a Arapoema constata-se o domínio de
corresponde
Unidades
formas tabulares cujo processo de pediplanação
geomorfológicas representadas pela Depressão do
seccionou sedimentos das formações Motuca
Araguaia e Planalto do Interflúvio Araguaia-Tocantins.
(Permiano-Triássico) e Pedra de Fogo (Permiano) em
ao
contato
entre
as
continuidade à cobertura terciário-quaternária. No
A seção representada pela Depressão do Araguaia
domínio da Formação Pedra de Fogo (siltitos e folhelhos)
também encontra-se caracterizada pela continuação da
bem como dos conglomerados da Fácies Rio das
cobertura Terciário-Quaternária arenosa (CPRM, 1994),
Barreiras (da mesma formação), aparecem vales de
evidenciada entre o Posto Providência e Bernardo Sayão,
fundos abertos, associados a vertentes retilíneas,
observando-se a presença de areias quartzosas com
vinculados a colinas seccionadas aos 180-200m
horizonte superficial proeminente associada à cobertura
(pediplano intermontano regional). Arapoema se
florestal Ombrófila em processo de degradação.
caracteriza como antiga área de garimpo de cristal de
Um intenso processo de degradação da área, através
rocha, associado aos cálcio-clorita-muscovita-quartzo-
da retirada da Floresta Ombrófila para o plantio de pastos,
xistos da Formação Pequizeiro.
foi constatado na bacia do ribeirão Cunhãs, na estrada
Bernardo Sayão-Povoado Brasilene, próximo a Bernardo
Na estrada entre Arapoema e Pau D’Arco (TO-230)
Sayão (Foto 5). A exposição de material arenoso,
visualizam-se ocorrências de formas residuais,
portador de granulação fina, inconsolidado, apresenta
caracterizadas por colinas convexizadas associadas a
reflexos tanto da erosão eólica como do fluxo por terra,
rochas intrusivas básico-ultrabásicas (serpentinitos
o qual implica fenômeno de sulcamento e ravinamento.
silicificados).
Ainda na referida Unidade constata-se a presença de
Na altura do km30 da estrada Pau-D’Arco-Garimpinho
xistos da Formação Xambioá, verificando-se um
(TO-427) constata-se o domínio de formas convexizadas
predomínio de vertentes moderadamente convexizadas
em metassedimentos da Formação Couto-Magalhães,
com topos pediplanados (Foto 6). Observa-se com
com topos pediplanados (Foto 9). Afloramentos
frequência detritos laterizados recobrindo xistos
expressivos de filitos desta formação são encontrados
intensamente intemperizados. De Povoado Brasilene a
no corte da referida estrada na Fazenda Dona Maria.
Arapoema presencia-se o domínio de formas tabulares,
Ainda neste ponto observa-se que a alta friabilidade do
com excessão do trecho de transposição de restos do
material, associada ao corte de talude, favorece o
complexo circular, que se processa de forma discreta
processo de aluição, o que implica restrição ao
14
Zoneamento Ecológico-Econômico
Geomorfologia - SB.22-Z-D (Araguaína)
desenvolvimento da própria vegetação pioneira. Verificam-
conglomeráticos), Formação Cabeças (arenitos e
se ainda topos pediplanados a 185m de altitude,
paraconglomerados), Formação Longá (arenitos com
sotopostos por pavimentos detríticos parcialmente
intercalações de siltitos e folhelhos), Formação Poti
laterizados. As vertentes apresentam-se convexizadas.
(arenitos), Formação Piauí (arenitos com intercalações
A cobertura vegetal natural corresponde à Floresta
de siltitos, argilitos, folhelhos, margas, calcários e
Ombrófila Densa Submontana (TOCANTINS, 2002a), com
linhito), Formação Pedra de Fogo (siltitos carbonáticos
presença de vegetação pioneira, como embaúba
e conglomerados) e Formação Motuca (arenitos com
(Cecropia sp) e samambaia (Pteridiun sp) nos cortes de
intercalações de argilitos, folhelhos e siltitos). Extrusão
talude. Quanto à utilização da terra, constata-se o
de lavas basálticas, diques e sills são representados
predomínio de pastagens. Destaca-se a ocorrência de
nessa bacia sedimentar pela Formação Mosquito.
barragens ao longo dos cursos d’água.
No centro da Folha estende-se larga faixa de coberturas
Em coincidência com a Formação Pequizeiro ocorre um
de areias e conglomerados inconsolidados, com
relevo movimentado topograficamente, apresentando
aproximadamente 15km de largura, coincidindo com o
formas bastante convexizadas (Foto 10).
Gráben do Muricizal. Nessa região a erosão esculpiu
formas tabulares (t1.7). Ao longo do rio Muricizal,
Ao longo da estrada Garimpinho-Santa Fé do Araguaia,
planícies fluviais constituídas por sedimentos
ainda na Depressão do Araguaia, observa-se a presença
inconsolidados formados por areias, material silto-
de diversos desníveis altimétricos, de aproximadamente
argiloso e cascalho apresentam uma continuidade
20 a 40m em alguns pontos, evidenciados por “gargantas”
expressiva. Em regiões de altitude em torno de 220m o
advindas de falhamentos. Tais estruturas ocorrem até a
relevo se desenvolve de forma tabular, aflorando coberturas
aproximadamente 10km antes de Santa Fé do Araguaia,
de material arenoso (gráben do Muricizal) em cortes de
onde o relevo passa a tabular (níveis de pediplanação).
talude que chegam a mais de 3m de espessura.
Os níveis mais altos são provavelmente sustentados pela
Constata-se a presença de depósito inconsolidado de
presença de rochas mais quartzosas da Formação
sedimentos areno-argilosos, que ainda preservam um
Pequizeiro (Foto 11).
horizonte A proeminente associado a cobertura florestal
Em altitude de aproximadamente 210m, na estrada
Ombrófila em processo de desmatamento. A exposição
Garimpinho-Santa
dos mesmos responde por aluição, como observado no
Fé
do
Araguaia,
ocorrem
conglomerados sobre argilitos da Formação Pedra de
perfil em questão.
Fogo com matriz areno-argilosa, configurando vertentes
convexas de topo tabular, associadas a processo de
No trecho Aragominas-Novo Horizonte presenciam-se
pediplanação. Os vales configuram-se em forma de “U”
afloramentos de rochas devonianas da Formação
nesta região.
Cabeças,
representadas
por
litologias
paraconglomeráticas. Exemplo de tal ocorrência foi
Relevos dissecados em formas convexas (c1.7 a c1.9)
registrado logo após Novo Horizonte, onde se observou
circundam o Planalto Residual do Araguaia, na porção
processo de pediplanação aos 260m, truncando estas
centro-norte da Folha em questão. Tanto o planalto,
seqüências paraconglomeráticas da Formação Cabeças.
elevado tectonicamente por falhamentos, quanto a
Mais uma vez a presença de horizonte chernozênico
depressão que o circunda são elaborados em rochas
denuncia relação com a cobertura florestal Ombrófila,
proterozóicas xistosas da Formação Xambioá (Grupo
totalmente degradada no local. O relevo apresenta-se
Estrondo).
convexizado e ocorrem extensas várzeas. Esta região
A Leste do Planalto Residual do Araguaia a Depressão
apresenta nos topos uma vegetação de Floresta Ombrófila
do Araguaia, dissecada predominantemente em formas
em processo de desmatamento e babaçuais. Ocorre
tabulares, é esculpida em litologias sedimentares da
também neste trecho o cultivo de pastagem. Em relação
Bacia do Parnaíba que vão do Devoniano ao Jurássico
à tentativa de contenção da erosão, e provavelmente de
na seqüência cronodeposicional: Formação Pimenteiras
armazenamento de água, são encontradas “bacias de
(siltitos, folhelhos e arenitos interestratificados com níveis
contenção” ao longo das estradas.
15
Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
O trecho Novo Horizonte-Araguanã até as proximidades
conseqüência de mudança do sistema morfogenético,
de Carmolândia é, em grande parte, marcado por formas
onde se observam diferentes graus de dissecação.
tabulares, pertencentes à Depressão do Araguaia. Neste
Aparece freqüentemente mascarada, inumada por
trecho, em direção à Araguanã, ainda na Folha
cobertura detrítica e/ou de alteração constituída por
Araguaína, predominam formas convexizadas do Planalto
couraças e/ou latossolos e as vezes desnudada em
Residual do Araguaia.
conseqüência de exumação de camada sedimentar ou
de limpeza da cobertura preexistente.
De Novo-Horizonte a Carmolândia observam-se formas
tabulares pediplanadas elaboradas em litologias
Na Folha Araguaína essa Unidade ocorre em pequenas
devonianas das formações Longá, Cabeças e
áreas a leste, onde apresenta relevo de dissecação
Pimenteiras, como aquelas registradas no contato entre
suave, predominando formas tabulares (t1.4) e formas
as duas primeiras (Foto 12), a 3 quilômetros de Novo-
convexas (c1.7). Envolve litologias permiano-triássicas
Horizonte, em altitudes de aproximadamente 255m. Ainda
da Formação Motuca (arenitos com intercalações de
neste trecho ocorrem afloramentos de folhelhos da
argilitos, folhelhos e siltitos) e litologias triássicas da
Formação Pimenteiras (Foto 13), sobre as quais foram
Formação Sambaíba (arenitos). O aprofundamento da
elaboradas formas tabulares (pediplano de cimeira) e
drenagem configura contornos semelhantes a planícies
várzeas, como observado próximo ao afluente do ribeirão
fluviais. No entanto, observam-se nessas faixas relevos
Lontra, a 6km de Novo Horizonte, na estrada para
pouco dissecados em formas suavemente convexizadas.
Araguanã (TO-164). Além da presença de mata ciliar ao
A extensão dessa Unidade geomorfológica nesta Folha
longo deste afluente é freqüente a ocorrência de
é bastante limitada e extrapola os limites do presente
babaçuais. A litologia friável, juntamente com a presença
mapeamento.
de falhamentos advindos da tectônica quebrante, aliados
2.4.5 - Chapadas do Meio Norte
à ação antrópica através da construção da rodovia, dão
origem a processos erosivos lineares, como as ravinas
A denominação chapada foi adotada para a Unidade
existentes ao longo de suas margens.
porque, do ponto de vista geomorfológico, a chapada é
Na Folha Conceição do Araguaia a Depressão do
um planalto sedimentar típico, relacionado a grandes
Araguaia ocupa a maior parte da área mapeada.
superfícies horizontais, com acamamento estratificado.
Apresenta
formas
Já a denominação Meio Norte foi utilizada em razão da
predominantemente tabulares (t1.5 a t1.6) e convexas
Unidade estender-se por grandes extensões, além da
(c1.8), com cotas altimétricas posicionadas entre 280
área mapeada, abrangendo os Estados do Piauí e
e 350m, elaboradas sobretudo em rochas proterozóicas
Maranhão.
um
relevo
dissecado
em
da Formação Xambioá (muscovita-biotita-quartzo xisto
A Unidade Chapadas do Meio Norte é individualizada na
e calci-biotita-quartzo xistos feldspáticos). Sobre estas
rochas
desenvolveram-se
Folha Araguaína pelo seu nível inferior, posicionado em
predominantemente
200m, localizado na seção leste da mesma,
Podzólicos Vermelho-amarelos Eutróficos e Distróficos
confrontando-se a Oeste com a Depressão do Araguaia
e associações de Petroplintossolos Distróficos e Álicos
e a Sudeste com a Depressão do Tocantins.
e Podzólicos Vermelho-amarelos (TOCANTINS, 2002b)
sobre os quais desenvolveu-se originalmente vegetação
O trecho Araguaína-Nova Olinda caracteriza-se pela
de Floresta Ombrófila Aberta Submontana (TOCANTINS,
presença de sedimentos da Formação Sambaíba
2002a).
(arenitos de granulação fina a média), observados logo
na saída de Araguaína (Foto 14), e da Formação Motuca
2.4.4 - Depressão do Tocantins
(arenitos com estratificação cruzada), em uma fixa
circundante, a Oeste e Sul desta cidade.
A denominação dessa Unidade decorre em função de
seu posicionamento topográfico mais baixo em relação
No km 23 da BR-153 (sentido Araguaína-Nova Olinda)
às demais Unidades geomorfológicas da área. Trata-se
estão expressas as características morfológicas do
de uma superfície de aplainamento degradada em
domínio tabular das Chapadas do Meio Norte, verificando-
16
Zoneamento Ecológico-Econômico
Geomorfologia - SB.22-Z-D (Araguaína)
se níveis de pedimentos detríticos, parcialmente ou pouco
Araguaia, estando algumas vezes associadas à
coluvionados, que normalmente sotopõem as seqüências
presença de terraços.
areníticas ou siltosas das formações sedimentares
Na área em questão planícies e terraços fluviais ocorrem
predominantes. No ponto em questão os pedimentos
principalmente na inflexão convexa do rio Araguaia, na
detríticos encontram-se representados por fragmentos
região de Pau D´Arco. Na margem da estrada Pau
subangulosos de quartzo, algumas vezes rubiginizados,
D´Arco-Garimpinho, logo após Pau D´Arco, a uma altitude
sotopondo folhelhos siltosos esverdeados da Formação
de aproximadamente 180m, ocorre um material de
Pimenteiras, alterados in situ. De forma geral, os topos
cobertura que apresenta seixos subarredondados a
dos interflúvios correspondem a extensos pediplanos
arredondados em matriz geralmente argilo-arenosa,
seccionados aos 300m, constatando-se predomínio de
sotoposta por material detrito-laterítico resultante de
Cerrado sentido restrito em intenso processo de
desagregação mecânica, provavelmente do período
degradação. Os vales apresentam-se amplos, com
würmiano.
formas convexizadas, normalmente caracterizados por
Constata-se
a
presença
de
paleohidromorfismo pela presença de um horizonte
solos hidromórficos.
proeminente A parcialmente laterizado. Esta seqüência
Em função do uso indiscriminado do solo constata-se
ocorre com freqüência em uma faixa adjacente à planície
freqüentemente a ação de processos morfogenéticos
de inundação e encontra-se parcialmente dissecada
agressivos, com predomínio da erosão laminar,
(dissecação média), configurando formas tabulares.
notadamente nos limites entre as referidas Chapadas e
Portanto, refere-se a terraços produzidos na fase
a Depressão do Araguaia.
interglacial Riss-Mindel, inumados por detritos
würmianos e dissecados pela drenagem holocênica.
O fluxo por terra ao longo da estrada tem implicado
desenvolvimento de erosão linear, promovendo a evolução
Paleocanais ocorrem neste local, evidenciados por vales
de ravinamentos.
abertos (Foto 15) hoje desprovidos de escoamento regular,
o que leva a admitir uma condição climática subatual
2.4.6 - Planícies e Terraços Fluviais
(6.000b.p.?) mais úmida. A presença de edificação rural
A denominação da Unidade guarda relação ao fato de
no paleocanal confirma a ausência de escoamento fluvial
predominarem feições associadas a processos de
ou pluvial regulares atuais. Neste local observa-se ainda a
acumulação recente em áreas planas, sujeitas a
transição entre terraço pleistocênico e planície de inundação
inundações periódicas, correspondendo às várzeas
holocênica, registrando-se a presença de uma pista de
atuais, denominadas planícies. Vinculam-se também às
pouso nas proximidades.
feições ligadas a acumulação fluvial de forma plana,
Ao longo do trecho Pau D´Arco-Garimpinho verificam-se
levemente inclinada, apresentando ruptura de declive em
freqüentes áreas de acumulação inundáveis (Aai),
relação ao leito do rio e às várzeas recentes situadas
observadas na planície de inundação do rio Andorinha (Foto
em nível inferior, entalhada devido às mudanças de
16). A partir do rio Andorinha constata-se a presença de
condições de escoamento e conseqüente retomada de
intenso processo de desmatamento, com ocorrências de
erosão, os denominados terraços.
queimadas e solo arado (preparado para cultivo)
As planícies fluviais distribuem-se pela área
aproveitando residuos de fina camada de material húmico,
acompanhando os cursos d’água principais e, em alguns
em sedimentos aluviais holocênicos, vinculados à existência
casos, seus afluentes, como os rios das Cunhãs, Preto
de Floresta Ombrófila Densa Submontana (TOCANTINS,
e Jenipapo e os ribeirões das Cunhãzinhas e Paca.
2002a) associada a Mata Ciliar. O solo preparado para cultivo
Ocorrem ao longo de quase toda a extensão do rio
nestas áreas destaca extensos áreais (Foto 17)
17
Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
18
Zoneamento Ecológico-Econômico
Geomorfologia - SB.22-Z-D (Araguaína)
3
Unidades Morfoclimáticas e Evolução do Relevo
3.1 – Unidades morfoclimáticas
O clima tropical quente-subúmido tem seu regime
sazonal controlado por massas de ar originárias da zona
Não se dispõe de dados suficientes para se
tropical, sobretudo pelo anticiclone do Atlântico Sul. O
compartimentar a área em questão em unidades
período de insuficiência de chuva dura normalmente de
morfoclimáticas, já que tal compartimentação implica
5 a 7 meses, dos quais 4 a 6 são muito secos (outono-
em regiões maiores e na disponibilidade de grande
inverno). A estação úmida é mais curta e suas chuvas
quantidade de dados meteorológicos. Entretanto, faz-
são ainda mais concentradas no verão, época de
se uma análise geral da atuação de paleoclimas por meio
enormes excedentes de água, de solos saturados de
das evidências deixadas.
umidade e de grandes enchentes fluviais. A precipitação
anual situa-se entre 1.500 e 1.750mm anuais.
O traço climático mais marcante na superfície recoberta
pela Folha Araguaína, de acordo com a tipologia
Quanto ao regime térmico reconhece-se apenas um
climática de NIMER (1988), é a existência de dois
grande domínio climático, o domínio quente, cuja
domínios: clima tropical quente-subúmido na parte oeste
característica principal é a freqüência quase diária de
e clima equatorial quente úmido na parte leste. A análise
temperaturas altas, com temperaturas máximas diárias
do clima regional que se segue baseia-se em estudo do
superiores a 38º C nos meses mais quentes (setembro
autor supracitado.
e outubro), alcançando, às vezes, valores superiores a
O clima equatorial quente e úmido abrange a parte
40º C. A temperatura média anual, entretanto, situa-se
ocidental da área, caracterizando-se por pelo menos um
entre 24 a 26º C.
mês normalmente seco, isto é, com total de chuva inferior
Para MOREIRA (1977), “a influência combinada da
ao índice de evapotranspiração potencial. A duração
temperatura-umidade sobre a pedogênese constitui, por
normal do período seco varia de 2 a 4 meses, sendo
outro lado, aspecto a ser considerado, pois, nos Cerrados,
raros os anos em que este se estende por 5 meses.
a decomposição da matéria orgânica e sua acumulação
Porém, seja qual for a duração, o déficit de água é
podem exercer influência sobre o escoamento, reduzindo-
pequeno, compreendendo geralmente o inverno. A
o ou intensificando-o através do poder de alteração do
estação úmida, ao contrário, é muito longa, embora as
húmus sobre as formações subjacentes e como
chuvas se concentrem muito no verão, quando notáveis
absorvente das águas caídas no solo”.
excedentes de água, após saturarem os solos, são
colocados à disposição do escoamento superficial e da
Observa-se que no Cerrado o processo de humificação
realimentação das cheias dos rios.
é prejudicado pelas elevadas temperaturas durante a
estação seca, momento em que o solo encontra-se
O regime de chuva e a sucessão e ritmo de tempo, que
exposto e ressequido.
asseguram água suficiente para o sustento da vegetação
de floresta, são controlados predominantemente pela
Os processos bioquímicos são dificultados, atenuando
Convergência Intertropical (CIT). Nesse domínio a
a atividade pedogênica. No período chuvoso, o aumento
precipitação anual situa-se entre 1.750 a 2.000mm.
da cobertura vegetal favorece a interceptação das chuvas,
19
Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
processando a elaboração dos hidróxidos através da
Um aspecto importante a ressaltar com relação ao clima,
interferência sobretudo dos microorganismos.
diz respeito à atuação dos paleoclimas por meio das
evidências deixadas no relevo. CASSETI (1994) afirma
Nos solos saturados os compostos liberados pela
que a evolução do relevo, analisada ao longo do tempo
decomposição das plantas migram em profundidade,
geológico, necessariamente incorpora o antagonismo
acumulando-se no perfil como uma primeira etapa de
determinado pela forças endógenas, comandadas pelas
formação de crosta. Na estação seca os hidróxidos são
atividades tectônicas, e exógenas, relativas aos
oxidados e desidratados, transformando-se em
processos morfoclimáticos.
compostos estáveis que facilitam a precipitação do ferro.
O estudo da evolução do relevo tem sido acompanhado
O escoamento assume papel relevante no processo de
por estudos relativos aos paleoclimas. Salienta CASSETI
dissecação da morfologia. O escoamento superficial
(1994), que as extensas superfícies horizontalizadas ou
difuso na estação chuvosa favorece o transporte do
aplainadas, constatadas em maior extensividade na
material desagregado ou resultante da decomposição
região central do Brasil, não estão associadas ao clima
química, mesmo em relevo muito suave. O fluxo de
subúmido atual. As suas formações superficiais,
subsuperfície faculta a lixiviação, o transporte e a
caracterizadas
concentração de materiais solúveis, contribuindo para a
por
seqüências
concrecionais,
denominada de bancadas ferruginosas ou detríticas,
formação de crostas por oscilação do lençol freático.
encontram-se vinculadas a efeitos paleoclimáticos.
O escoamento fluvial formado pela concentração das
Afirma ainda o autor que tanto a fisionomia do relevo
águas é responsável pelo entalhamento do talvegue e
quanto os depósitos correlativos são justificados por
conseqüente dissecação das superfícies aplainadas.
processos morfoclimáticos pretétritos, cujo material
desagregado que capeia tais aplainamentos resultou de
Em síntese, tem-se que o grau de dissecação encontra-
um clima agressivo, ou mais especificamente, um clima
se associado aos aspectos fisionômicos da vegetação,
seco, árido ou semi-árido.
da capacidade de percolação da água nos solos, do
comportamento das formações superficiais, das
Na área recoberta pela Folha Araguaína tem-se
características das rochas, da concentração da
evidências dos efeitos paleoclimáticos em quase todas
precipitação e do próprio comportamento topográfico.
as Unidades geomorfológicas mapeadas. Na Depressão
do Araguaia, na Depressão do Tocantins e nas Chapadas
MOREIRA (1977) lembra que dependendo do grau de
do Meio Norte, a horizontalidade das extensas
dissecação das superfícies modeladas, duas situações
superfícies atestam que as mesmas foram elaboradas
podem ser distinguidas: (1) as superfícies elevadas,
durante um clima seco, com predomínio da
muito regulares, desenvolvidas sobre rochas arenosas,
desagregação mecânica das rochas, cujos detritos, em
apresentam dissecação incipiente, “conforme indica o
épocas de chuvas torrenciais características de climas
aspecto extremamente evasée dos vales”, com
semi-áridos, preencheram as depressões do terreno,
excelente drenagem subsuperficial. Em tais situações
elaborando-se os pediplanos, ou as grandes superfícies
as formas de erosão são pouco visíveis, observando-se
de aplainamento. As partes elevadas dos Planaltos
fraca participação dos processos de decomposição
Residuais do Araguaia e do Planalto do Interflúvio
química e bioquímica, o que implica baixa ação
Araguaia-Tocantins, embora mais resistentes aos
pedogênica, preservando os aplainamentos que
processos erosivos mais agressivos devido à resistência
caracterizam a região, bem como os paleopavimentos
litológica, apresentam, em seus topos, feições aplanadas
superficiais associados aos Cambissolos; (2) os níveis
que atestam a atuação desses paleoclimas.
intermediários, desenvolvidos a partir da dissecação das
Na maior parte da área pediplanada a dissecação,
superfícies elevadas, proporcionam a formação de
embora ainda incipiente, já demonstra os efeitos do clima
vertentes convexizadas, o que estimula maior
subúmido atual, responsável pelo maior entalhamento
escoamento superficial e conseqüente aumento da
dos talvegues e pela presença de interflúvios de menores
dissecação do modelado.
20
Zoneamento Ecológico-Econômico
Geomorfologia - SB.22-Z-D (Araguaína)
dimensões do que nas áreas mais conservadas das
Em seguida, no Plio-Pleistoceno, registrou-se extenso
superfícies de aplainamento. No capítulo referente à
processo de pediplanação intermontana que seccionou
evolução do relevo serão considerados de forma mais
indistintamente as seqüências Terciárias bem como os
específica os efeitos dos paleoclimas na elaboração e
paraconglomerados da Formação Cabeças, além de
na evolução do relevo da área.
responder pela gênese de depósitos Detrito-lateríticos.
3.2 – Evolução do relevo
As oscilações climáticas do Pleistoceno explicam as
ocorrências de pavimentos detríticos e baixos terraços
A área em questão pode ser explicada a partir de
associados às fases glácio-eustáticas, bem como de
dobramentos proterozóicos (Formações Xambioá,
processo de coluvionamento, sotopondo, muitas vezes,
Pequizeiro e Couto Magalhães) que implicaram processo
os referidos paleopavimentos. Destacam-se na área a
de metamorfismo de seqüências sedimentares,
grande extensão dos depósitos aluviais holocênicos,
corroborado pelo soerguimento do gnaisse Cantão. Após
sobretudo ao longo do rio Araguaia e tributários principais,
seqüências deposicionais paleomesozóicas constatou-
como o córrego do Chá e os rios Andorinha e Cabiruru,
se processo de reativação tectônica no Terciário,
onde ainda são observados importantes remanescentes
associado a orogenia andina, cujos reflexos podem ser
de mata ciliar. Atualmente o processo de desmatamento
sentidos principalmente nas seqüências da Formação
da cobertura florestal Ombrófila tem respondido pela
Pimenteiras e nas formas aguçadas da Formação
mobilização de depósitos inconsolidados associados ao
Xambioá (região da Serra Azul). O efeito da tectônica
Terciário, além da reativação erosiva em seqüências
quebrante expressa pelo gráben do Muricizal permitiu o
metassedimentares do Proterozóico, submetidas aos
entalhamento de sedimentos areno-argilosos.
efeitos tectônicos modernos.
21
Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
22
Zoneamento Ecológico-Econômico
Geomorfologia - SB.22-Z-D (Araguaína)
4
Aplicações da Pesquisa Geomorfológica
Segundo MAURO, DANTAS & ROSO (1982), os tipos
A escala adotada não permite informações de detalhes,
de modelados identificados, refletindo as características
mas indica coordenadas regionais com alcance para
dos sistemas morfogenéticos, constituem-se numa
detectar informes suficientes para uma avaliação do
importante variável a se ponderar nos estudos para o
potencial do relevo de acordo com a sua energia e com
planejamento regional. As funções desta variável com
a sua dinâmica. Ao abordar questões ligadas às
os componentes de outros sistemas podem orientar
aplicações práticas da pesquisa geomorfológica neste
diferentes soluções para o manejo ambiental. Estudos
trabalho, sente-se que sugestões melhores podem ser
integrados dessa natureza podem ser realizados a partir
dadas apenas no que se refere à vulnerabilidade do
da seleção de áreas cujas condições morfodinâmicas
relevo. Aspectos como implantação de redes viárias e
facilitam, dificultam ou impedem o seu aproveitamento
ferroviárias, linhas de transmissão, potencial para
econômico. O mapeamento geomorfológico baseado em
instalações portuárias, navegação, recursos minerais e
imagens orbitais não apenas constitui-se num registro
sítios favoráveis à implantação de açudes e represas
de conjuntos de formas de relevo representativas dos
hidrelétricas demandariam maior tempo para trabalhos
sistemas ambientais, mas também possibilita o
de campo. Assim, no que se refere aos aspectos
reconhecimento de suas potencialidades no contexto
abordados, far-se-ão comentários gerais baseados nas
regional, bem como a utilização que se faz desses
observações das imagens orbitais e de radar, bem como
relevos.
nas cartas topográficas, já que o tempo de pesquisa de
campo não foi suficiente para um envolvimento maior
Ainda conforme os supracitados autores, o mapa
com esse tipo de informação.
geomorfológico destaca os conjuntos de modelados que
possuem baixas taxas de erosão (os aplainamentos)
4.1 – Vulnerabilidade do relevo
daqueles de maior energia erosiva (os dissecados),
Entende-se como vulnerabilidade o grau de estabilidade
evidenciando, ainda, os modelados expressivos
do relevo com relação à maior ou menor energia erosiva.
instalados sobre acumulações fluviais e lacustres (os
A Tabela 3 ilustra os índices morfométricos adotados no
terraços e várzeas). Desta forma, o mapa geomorfológico
presente mapeamento.
fornece indicações diretas para seleção de áreas com
adequações peculiares e ponderáveis a grandes, médios
As planícies e os terraços fluviais, típicas formas de
e pequenos projetos ligados ao planejamento regional,
acumulação, não se enquadram nessa classificação, que
bem como diretrizes para traçados da rede rodoviária ou
abrange somente os relevos dissecados. As restrições
ferroviária, localização de barragens e obras de
nessa classe, entretanto, não se devem a erosão, mas
contenção de enchentes, dentre outras. Enfatizam
às inundações periódicas freqüentes ou eventuais que
MAURO, DANTAS & ROSO (1982) que, apesar dos
dificultam as atividades agrícolas de culturas
recursos tecnológicos com que se pode contar na
permanentes. Essas áreas localizam-se principalmente
atualidade, uma inadaptação do relevo a implantação de
na faixa que acompanha, de maneira intermitente, o rio
projetos e obras de arte implica em altos custos de
Araguaia, envolvendo as ilhas fluviais de todas as
construção e manutenção.
dimensões espaciais. Encontram-se principalmente na
23
Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
Tabela 3 – Classes dos Índices Morfométricos
CLASSES
MORFOMÉTRICAS
Muito baixa
Baixa
Baixa a média
Média
Média a Alta
Alta
Muito Alta
ÍNDICES MORFOMÉTRICOS
Amplitude
Interfluvial (m)
>5.000
3.000 – 5.000
2.000 – 3.000
1.250 – 2.000
750 – 1.250
250 – 750
<250
Amplitude
altimétrica (m)
<20
20 –40
40 – 80
80 –120
120 –160
160 – 200
>200
Declividade
(%)
<2
2–5
5 – 10
10 – 20
20 – 30
30 – 50
>50
Índices de
Vulnerabilidade
1.0
1.1 a 1.4
1.5 a 1.6
1.7 a 2.3
2.4 a 2.7
2.8 a 2.9
3.0
Fonte: adaptado e modificado de CREPANI et al. (1998).
inflexão convexa do rio Araguaia, na região próxima a
Cantão e Formação Morro do Campo. O Planalto Residual
Pau D’Arco. Afluentes do rio Araguaia também
do Araguaia, evidenciado na região de Muricilândia,
apresentam, nesta Folha, planícies fluviais expressivas,
encontra-se espacialmente representado por formas
como os ribeirões das Cunhãzinhas e Paca e os rios
aguçadas (a2.3 a a2.4), apresentando inúmeras cristas
das Cunhãs, Preto e Jenipapo. Destaca-se ainda a
orientadas na direção N-S. Contornando esta Unidade
presença de áreas de acumulação inundáveis (Aai),
ocorrem formas convexizadas, cujo grau de dissecação
observadas na planície de inundação do rio Andorinhas.
ou vulnerabilidade encontra-se entre os índices c1.7 a
c2.0.
Genericamente pode-se constatar um domínio de formas
tabulares (t1.4 a t1.6) ao longo da BR-153, associadas
Conforme observou-se anteriormente, as estruturas
a processo de pediplanação intermontana, onde as
proterozóicas possuem um elevado índice de
formas encontram-se menos dissecadas, e na região
vulnerabilidade. Além de contarem com resistência
centro-meridional da Folha, vinculadas às seqüências
litológica dos quartzitos associados aos xistos e
sedimentares terciárias que inumam parte do Gráben
anfibolitos (Formações Morro do Campo e Xambioá),
do Muricizal. Também na seção ocidental da Folha
estas foram submetidas a reativação tectônica no
prevalecem formas tabulares, vinculadas aos
terciário, responsável pela remobilização de blocos e
remanescentes de terraços em franco processo de
retomada dos processos erosivos. Nesta morfologia,
dissecação. Constata-se que embora a vulnerabilidade
caracterizada como altamente vulnerável, deve-se evitar
apresentada pelas formas tabulares seja entendida como
o desmatamento das áreas mais inclinadas. O uso
incipiente, no caso dos terraços o comportamento dos
econômico é difícil, necessitando-se de cuidados
depósitos terciários e mesmo pleistocênicos,
especiais.
caracteriza-se por alta susceptibilidade erosiva, exigindo
O domínio das formas convexizadas (c1.7 a c2.3),
atenção quanto a ocupação, principalmente ao se
notadamente na Depressão do Araguaia, ocorre em
considerar o desmatamento indiscriminado registrado na
estruturas geológicas indistintas, sendo justificada pela
área em questão.
incisão diferencial da drenagem considerando as
No caso desta morfologia assentada sobre litologias
implicações da tectônica quebrante a partir de superfície
arenosas de formações permianas e triássicas da Bacia
pediplanada no Plio-Pleistoceno. Novamente, apesar de
do Parnaíba, o uso indiscriminado do solo gera a ação
representar extenso pediplano intermontano, monótono
de processos morfogenéticos agressivos, com
topograficamente, deve-se dar atenção especial à
predomínio da erosão laminar, notadamente nos limites
presença de falhamentos que geram maiores desníveis
entre as Chapadas e a Depressão do Araguaia, a Leste
localmente (20 a 40m), como ocorre na estrada
da Folha em questão.
Garimpinho-Santa Fé do Araguaia, até aproximadamente
10km em direção a Santa Fé do Araguaia.
Os fragmentos estruturais, marcados pelo Planalto do
Interflúvio Araguaia-Tocantins, são caracterizados por
De modo geral esta superfície não apresenta sérios
formas aguçadas (a2.4 a a2.7), como dos gnaisses
problemas à ocupação. Entretanto, é necessário
24
Zoneamento Ecológico-Econômico
Geomorfologia - SB.22-Z-D (Araguaína)
4.4 - Abertura e manutenção de estradas
precaver-se quanto ao desmatamento indiscriminado,
quer para uso agropastoril quer para a abertura de
A área é servida por uma rede de rodovias que cortam a
estradas, sobretudo quando as vertentes, por mais
área tanto longitudinal como transversalmente. A BR-
suaves que sejam, apresentarem solos mais suscetíveis,
153, principal via de acesso, encontra-se totalmente
o que pode estimular a erosão por escoamento laminar,
pavimentada e corta a área no trecho leste, paralelamente
que pode até evoluir para voçorocas, muitas vezes de
ao rio Araguaia. Associam-se a ela os principais núcleos
grandes proporções.
populacionais, enquanto as outras estradas secundárias,
4.2 - Sítios favoráveis à implantação de açudes,
que saem desta via principal, dão acesso ao rio Araguaia.
represas hidrelétricas e barramentos para
Por causa da baixa densidade demográfica existente na
captação de água
região considera-se que a população esteja bem atendida
pela rede rodoviária, não sugerindo-se construção de
Segundo MAMEDE, ROSS & SANTOS (1981), para se
novas vias nesta Folha.
analisar as possibilidades de existência de sítios
favoráveis à construção de barramentos com vistas a
Quanto à manutenção das estradas, destaca-se que
utilização hidrelétrica é necessário observar a existência
aquelas situadas principalmente em litologias mais
de gargantas de superimposição, que “diminuem o custo
friáveis, em geral relacionadas a rochas areníticas
das barragens e oferecem maior resistência à pressão
inconsolidadas, principalmente às cobertura terciário-
da água”, bem como cachoeiras, drenagem aprofundada
quaternárias, sofrem os maiores problemas de aceleração
em relevos dissecados, relevos residuais (que auxiliam
de processos erosivos lineares. A retirada de material
no represamento) e a presença ou não de falhas. Na
em caixas de empréstimo e a não recuperação do local
Folha Araguaína, o rio Araguaia, único curso fluvial onde
é outro agravante a tais processos. Estradas construídas
se poderia analisar tais recursos, estas condições não
no sentido de maior declividade e a ausência de sangria
são encontradas, concluindo-se então que, a priori, não
lateral na via para escoamento adequado das águas
existem sítios favoráveis à instalação de hidrelétricas.
pluviais são comuns, acelerando ainda mais os
processos erosivos, não somente lineares, como também
4.3 - Potencial para navegação e instalações
laminares.
portuárias
A evolução dos ravinamentos gerada por fluxo por terra
O rio Araguaia possui o canal fluvial de maior proporção
ao longo da estrada também é comum, como é o caso
na superfície na Folha Araguaína. Apesar de suas
das vias situadas sobre relevos tabulares relacionados
proporções, MAMEDE, ROSS & SANTOS (1981)
às formações sedimentares areníticas da Bacia do
afirmam que a navegação fluvial neste rio apresenta
Parnaíba, na Unidade denominada Chapadas do Meio
limitações em função da oscilação do nível de água ao
Norte, na porção leste da Folha Araguaína.
longo do ano, além de outras peculiaridades. Posicionado
Próximo a Santa Fé do Araguaia, a 3km de Muricilândia,
sobre uma superfície plana, caracterizando-se pela
tem-se um exemplo claro de utilização inadequada da
formação de planícies de inundação, o rio Araguaia na
terra, onde o desmatamento generalizado associa-se à
superfície correspondente à Folha Araguaína apresenta
extração de areia. Realizada em um espesso pacote de
extensos bancos de areia, bem como trechos
material arenoso inconsolidado de mais de 3m de
encachoeirados e com corredeiras. Desse modo,
espessura a atividade mineradora gera sulcos e ravinas
apresenta navegabilidade somente no período chuvoso,
nas suas proximidades, agravados pelo fluxo por terra
desde que seja conhecido previamente o canal do rio e
concentrado decorrente da estrada.
seja também avaliado o nível d’água ao longo de todo o
ano. De acordo com os supracitados autores, as
Quando há presença de canalização de água na estrada,
condições de navegabilidade durante todo o ano podem
via de regra o desvio da água pluvial não é feito de forma
ser melhoradas com a construção de canais e barragens
adequada até um curso fluvial, originando ravinas próximo
com eclusas para regularizarem a vazão e o nível d’água.
ao fundo do vale, como foi observado na estrada que liga
25
Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
a localidade denominada Posto Providência a Bernardo
aproximadamente 8km ao Sul de Arapoema. O ouro foi
Sayão.
descoberto na região na década de 1980 e em 1994,
estavam em atividade somente os garimpos Mata Verde
Fato a se destacar é a tentativa de mitigar o processo
e Da Vinte, os demais já tendo sido desativados.
erosivo, principalmente ao longo das rodovias de terra,
como foi observado a 5km de Novo Horizonte, onde
Extraído de aluviões acumulados nos vales próximos às
existem diversas barragens de dissecação ao longo das
mineralizações primárias, o ouro secundário associa-se
margens da estrada.
aos rios Muricizal e Brejão, próximo ao limite nordeste
da área mapeada. A atividade, com extração a céu
4.5 - Recursos minerais
aberto, está atualmente desativada.
A contribuição da geomorfogênese para reconhecimento
dos recursos minerais pode se dar no sentido de avaliar
Fora dos domínios da área mapeada, próximo a Pau
as diversas fases erosivas a que foi submetida
D’Arco, na confluência dos rios Pau D’Arco e Araguaia,
determinada área. Os processos de pediplanação que
no Estado do Pará, ocorre ametista. Conforme OLIVATTI
atuaram na superfície correspondente à Folha Araguaína
& ARAÚJO (1994), estes depósitos vinculam-se a
truncaram litologias diferenciadas do Arqueano ao
mineralizações do tipo residual-detrítico-aluvionar,
Terciário. As litologias citadas acima, as quais encerram
ligadas aos terraços e leito dos referidos cursos fluviais,
em suas matrizes ouro, ametista e diamante, destacam
o ultimo resultante do retrabalhamento do primeiro.
a possibilidade de ocorrência desses minerais nos
Citando uma informação verbal de um geólogo da
terraços do rio Araguaia e afluentes, que constituem
CPRM, estes autores aventam a hipótese da ametista
depósito correlativo da pediplanação, hipótese essa
primária estar associada a veios de quartzo que cortam
aventada por BARBOSA et al. (1966).
os filitos da Formação Couto Magalhães. Segundo
dados dos autores, trata-se da melhor ametista
Segundo OLIVATTI & ARAÚJO (1994), o ouro é o principal
produzida no Brasil.
bem mineral da Folha em questão, podendo ocorrer em
mineralizações primárias bem como em depósitos
Também fora do domínio da área, ainda no Estado do
secundários. De acordo com tais autores, as
Tocantins, nos vales dos rios Arraias, Gameleiras e Pau
mineralizações primárias ocorrem expressivamente na
Seco encontram-se registros da existência de garimpos
área, podendo ser destacados os garimpos Minuano,
de diamante, também do tipo residual-detrítico-
Da Vinte e Mata Verde, localizados a Norte da estrada
aluvionar, cuja origem aventada é kimberlítica,
Garimpinho-Santa Fé do Araguaia, na região do rio
provavelmente nas áreas de exposição das formações
Cabiruru,
Pedra de Fogo e Motuca.
e
Grim,
na
Fazenda
Araguaia,
a
26
Zoneamento Ecológico-Econômico
Geomorfologia - SB.22-Z-D
Referências Bibliográficas
ABREU, A. A. de. Análise geomorfológica: reflexão e
BERTRAND, G. Paisagem e geografia física global.
aplicação. São Paulo, USP, 1982. (Tese de livre
Esboço metodológico. Universidade de São Paulo.
docência – Faculdade de Filosofia Letras e Ciências
Instituto de Geografia. São Paulo, USP, 1971.
Humanas da Universidade de São Paulo).
(Caderno de Ciências da Terra, 13).
AB’SÁBER, A. N. Problemas geomorfológicos da
BOAVENTURA, R. S. Geomorfologia. In: Brasil.
Amazônia brasileira. In: Atas do Simpósio sobre
Departamento Nacional da Produção Mineral. Projeto
a Biota Amazônica. Rio de Janeiro, Conselho
RADAM. Folha SB-22 Araguaia e parte da Folha SC-
Nacional de Pesquisa, 1967. p.35-67. v.1.
22 Tocantins. Rio de Janeiro, Radambrasil, 1974.
(Geociências).
(Levantamento dos Recursos Naturais, 41).
ALMEIDA, F. F. M. de. Origem e evolução da
BRAUN, O. P. G. Contribuição à geomorfologia do
plataforma brasileira. In: Bol. Div. Geol. Mineral.
Brasil Central. In: Revista Brasileira de Geografia.
Rio de Janeiro, 1967. p.1-36. v. 241.
Rio de Janeiro, 1971. p.3-34. (33)4, out/dez.
____________. Sistema tectônico marginal do craton
do Guaporé. In: Congr. Bras. Geol., 28, 1974, Porto
BRASIL, A. E.; ALVARENGA, S. M. Relevo. In:
Alegre. Anais. Porto Alegre, SBG, 1974. p.9-17. v.4.
Geografia do Brasil. Região Centro-Oeste. Rio de
Janeiro, IBGE, 1988. 268p.
ARAÚJO, V. A. (org.) Programa Levantamentos
CASSETI, V. Elementos de Geomorfologia. Goiânia,
Geológicos Básicos do Brasil. Estados do Tocantins/
Editora da UFG, 1994. 137p.
Pará. Araguaína Folha SB.22-Z-D. Escala
1:250.000. Brasília, DNPM/CPRM, 1994.
CHRISTOFOLETTI, A. Considerações a propósito da
BARBOSA, O. et al. Geologia estratigráfica,
Geografia Física dos Cerrados. In: Notícia
estrutural e econômica da área do Projeto
Geomorfológica. Campinas, 1958. p. 5-32(11).
Araguaia. Rio de Janeiro, 1966. p.1-94. (Mon. Div.
CPRM. Programa Grande Carajás. Araguaína Folha
Geol. Mineral, 19).
SB.22-ZD (Texto explicativo e mapas). Brasília, 1994
____________. Projeto leste do Tocantins/oeste do
.103p.
rio São Francisco. 2ª etapa. Fotointerpretação
preliminar. Rio de Janeiro, DNPM-CPRM/ Prospec,
CREPANI, E. et al. Sensoriamento remoto e
1972. (Relatório do Arquivo Tecnico da DGM, 2045).
Geoprocessamento aplicados ao Zoneamento
Ecológico-Econômico. São José dos Campos,
BARBOSA, G. V.; BOAVENTURA, R. A. S.; PINTO,
INPE, 1998.
M. N. Geomorfologia. In: Brasil. Departamento
Nacional da Producão Mineral. Projeto RADAM.
DEL’ARCO, D. M. et al. Mapa geoambiental do
Folha SB-23 Teresina e parte da Folha SB-24
Estado do Tocantins. Escala 1:1.000.000. In:
Jaguaribe. Rio de Janeiro, Radambrasil, 1973.
Casseti, V. (coord.). Simp. Geogr. Física Aplicada,
(Levantamento de Recursos Naturais, 51).
6, 1995, Goiânia. Anais. Goiânia, Ed. Universidade
27
Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
MOREIRA, A. A. N. O relevo. In: Região Centro-Oeste.
Federal de Goiás, 1995.
Rio de Janeiro, Fundação IBGE, 1977.
FIGUEIREDO, A. J.; SOUZA, J. O; OLIVATTI, O.
Arcabouço Tectono-Estrutural. In: FIGUEIREDO,
MELO, D. P. de; FRANCO, M. do S. M. Geomorfologia.
A.J.A.; SOUZA, J.O.; OLIVATTI, O. (org.). Programa
In: Brasil. Ministério da Minas e Energia. Secretaria
Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil.
Geral. Projeto RADAMBRASIL. Folha SC.21
Estados do Tocantins/Pará. Conceição do Araguaia
Juruena. Rio de Janeiro, Radambrasil, 1980.
Folha SC.22-X-B. Escala 1:250.000. Brasília, DNPM/
(Levantamento de Recursos Naturais, 20).
CPRM, 1994.
NIMER, E. O Clima. In: Região Centro-Oeste. Rio de
Janeiro, Fundação IBGE, 1977.
IBGE. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística. Departamento de Recursos Naturais.
OLIVATTI, O.; ARAÚJO, V. A. Arcabouço Tectono-
Manual técnico de geomorfologia. Rio de Janeiro,
Estrutural. In: ARAÚJO, V.A. (org.). Programa
IBGE, 1995.
Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil.
____________. Fundação Instituto Brasileiro de
Estados do Tocantins/Pará. Araguaína Folha SB.22-
Geografia e Estatística. Diretoria de Geociências.
Z-D. Escala 1:250.000. Brasília, DNPM/CPRM,
Mapa de unidades de relevo do Brasil. Escala
1994.
1:5.000.000. 1997.
ROSS, J. L. S. O registro cartográfico dos fatos
KING, L. C. A geomorfologia do Brasil oriental. In:
geomorfológicos e a questão da taxonomia do
Revista Brasileira de Geografia. Rio de Janeiro,
relevo. In: Revista de Geografia. São Paulo, IGEOG-
IBGE, 1956. p.147-265. (18)2. abr./jun.
USP, 1992.
RUELLAN, F. O papel das enxurradas no modelado
MAMEDE L. et al. Mapa geomorfológico do Centro-
brasileiro. In: Boletim Paulista de Geografia. São
Oeste. Escala 1:2.500.000. 1985.
Paulo, 1953. p.5-14. (13).
MAMEDE, L.; ROSS, J. L. S. & SANTOS, L. M. dos.
Geomorfologia. In: Brasil. Ministério das Minas e
TOCANTINS. Secretaria de Planejamento e Meio
Energia. Secretaria Geral. Projeto RADAMBRASIL.
Ambiente (SEPLAN). Projeto de Gestão Ambiental
Folha SC.22 Tocantins. Rio Janeiro, Radambrasil,
Integrada do Bico do Papagaio. Mapa de Regiões
1981. (Levantamento de Recursos Naturais, 22).
Fitoecológicas, Folha SB.22-Z-D Araguaína.
Palmas, SEPLAN, 2002.
MAURO, C. A. de; DANTAS, M.; ROSO, F. A.
Geomorfologia. In: Brasil. Ministério da Minas e
________. Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente
Energia. Secretaria Geral. Projeto RADAMBRASIL.
(SEPLAN). Projeto de Gestão Ambiental Integrada
Folha SD 23 Brasília. Rio de Janeiro, Radambrasil,
do Bico do Papagaio. Mapa de Solos, Folha
1982. (Levantamento de Recursos Naturais, 29).
SB.22-Z-D Araguaína. Palmas, SEPLAN, 2002.
28
Zoneamento Ecológico-Econômico
Geomorfologia - SB.22-Z-D
Ilustrações Fotográficas
29
Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
Foto 1 - Cristas quartzíticas da Formação Morro do Campo (Planalto do Interflúvio Araguaia-Tocantins) com topos
seccionados. Observa-se fenômeno de aluição de vertente, determinada pelo gradiente. Imediações da localidade
de Povoado Brasilene.
Foto 2 - Domínio de formas suavemente convexizadas em xistos da Formação Xambioá (Depressão do Araguaia).
Fazenda Cantão, próximo a estrada Povoado Brasilene-Bernardo Sayão (TO-164).
30
Zoneamento Ecológico-Econômico
Geomorfologia - SB.22-Z-D
Foto 3 - Escarpa de falha do gráben do Muricizal, estabelecendo contato entre a Depressão do Araguaia e o
Planalto do Interflúvio Araguaia-Tocantins. Estrada Muricilândia-Aragominas (TO-222).
Foto 4 - Afloramento de xisto no Planalto do Interflúvio Araguaia-Tocantins (serra do Estrondo). Estrada MuricilândiaAragominas (TO-222).
31
Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
Foto 5 - Desmatamento da Floresta Ombrófila em cobertura Terciária, observando-se exposição de sedimentos
arenosos (pediplano intermontano da Depressão do Araguaia). Estrada Bernardo Sayão-Povoado Brasilene (TO164), próximo a Bernardo Sayão
Foto 6 - Domínio de vertentes convexizadas no Complexo Cantão (Depressão do Araguaia em transição para o
Planalto do Interflúvio Araguaia-Tocantins), constatando-se remanescentes de Floresta Ombrófila Submontana.
Estrada Bernardo Sayão-Povoado Brasilene (TO-164).
32
Zoneamento Ecológico-Econômico
Geomorfologia - SB.22-Z-D (Araguaína)
Foto 7 - Presença de matacões gnáissicos em colinas rebaixadas do Planalto do Interflúvio Araguaia-Tocantins.
Saída de Povoado Brasilene em direção a Arapoema (TO-230).
Foto 8 - Presença de extensos pediplanos intermontanos com ocorrência de bajadas no fundo dos vales (Depressão
do Araguaia). Estrada Povoado Brasilene-Arapoema (TO-230).
33
Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
Foto 9 - Restos de pediplano intermontano (200m) em metarenito da Formação Couto Magalhães. Estrada Pau
D’Arco-Garimpinho (TO-427), km 30.
Foto 10 - Domínio de formas convexizadas associadas a metassedimentos (quartzo-xistos e quartzitos subordinados)
da Formação Pequizeiro. Estrada Garimpinho-Santa Fé do Araguaia, km 9, na cabeceira do córrego do Chá.
34
Zoneamento Ecológico-Econômico
Geomorfologia - SB.22-Z-D (Araguaína)
Foto 11 - Contato entre metassedimentos da Formação Pequizeiro (domínio de formas bastante convexizadas) e
cobertura Terciária (TQa/CPRM, 1994) na Depressão do Araguaia. Estrada Garimpinho-Santa Fé do Araguaia.
Foto 12 - Formas tabulares pediplanadas, mascarando contato entre litologias sedimentares das formações Longá
e Cabeças, na Depressão do Araguaia. Estrada Novo Horizonte-Araguanã (TO-164), km 3.
35
Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
Foto 13 - Afloramento de arenitos da Formação Pimenteiras com estratificação horizontal na Depressão do Araguaia.
Estrada Novo Horizonte-Araguanã, (TO-164), km 6.
Foto 14 - Remanescentes de chapada em arenito da Formação Sambaíba (Depressão do Araguaia), registrandose a presença de cornija estrutural. Saída de Araguaína para Nova Olinda (BR-153).
36
Zoneamento Ecológico-Econômico
Geomorfologia - SB.22-Z-D (Araguaína)
Foto 15 - Dissecação de terraço pleistocênico (paleocanal) observado na Depressão do Araguaia. Estrada Pau D’ArcoGarimpinho (TO-427).
Foto 16 - Área de acumulação inundável na planície de inundação do rio Andorinha. Estrada Pau D’Arco-Garimpinho (TO-427).
37
Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
Foto 17 - Processo de desmatamento (Floresta Ombrófila Densa Submontana associada a Mata Ciliar) em planície
de inundação do rio Araguaia (Depressão do Araguaia), observando-se a exumação de extensos areais. Estrada
Pau D’Arco-Garimpinho (TO-427), km 19.
38
Projeto de Gestão Ambiental Integrada
ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO
Folhas Concluídas
ESTADO DO TOCANTINS
SB.22-X-D
MARABÁ
SB.23-V-C
IMPERATRIZ
SB.22-Z-B
XAMBIOÁ
SB.23-Y-A
TOCANTINÓPOLIS
SB.22-Z-D
ARAGUAÍNA
DIRETORIA DE ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO
Eduardo Quirino Pereira - DIRETOR
Engenheiro Ambiental - MSc. Sensoriamento Remoto
Lindomar Ferreira dos Santos - Coordenador Socioambiental
Engenheiro Ambiental - MSc. Geotecnia
Equipe Técnica
Cleusa Aparecida Gonçalves - Economista
Expedito Alves Cardoso - Engenheiro Agrônomo - MSc. Ciências Agrárias
Ivânia Barbosa Araújo - Engenheira Agrônoma - MSc. Solos e Nutrição de Plantas
Liliam Aparecida de Souza Pereira - Engenheira Ambiental
Rodrigo Sabino Teixeira Borges - Geógrafo - MSc. Geografia
Waleska Zanina Amorim - Bacharel em Letras - Especialista em Gramática Textual
Equipe de Apoio
Edvaldo Roseno Lima
Paulo Augusto Barros de Sousa
Ruth Maria de Jesus
BANCOMUNDIAL
SEPLAN
SECRETARIA DOPLANEJAMENTOEMEIOAMBIENTE
DIRETORIADEZONEAMENTOECOLÓGICO-ECONÔMICO
AANO-EsplanadadasSecretarias
Fones: (63)218.1151-218.1195
Fax:(63)218.1158-218.1098
CEP:77.010-040
PALMAS-TOCANTINS
http://www.seplan.to.gov.br
e-mail:[email protected]
MINISTÉRIODOMEIOAMBIENTE
SECRETARIADECOORDENAÇÃODAAMAZÔNIA-SCA
EsplanadadosMinistériosBloco"b"9ºAndar
Fones:(61)317.1430-317.1404-317.1406
Fax:(61)322.3727
CEP:70068-900
BRASÍLIA-DF
http://www.mma.gov.br
e-mail:[email protected]
PROGRAMAPILOTOPARAAPROTEÇÃODASFLORESTASTROPICAISDOBRASIL
SUBPROGRAMADEPOLÍTICASDERECURSOSNATURAIS-SPRN
SCSQ.06ED.SOFIANº50SALA202
Fone:(61)325.6716
Fax:(61)223.0765
CEP:70300-968
BRASÍLIA-DF
Download