A economia pastoril e os primórdios do capitalismo na região do Araguaia Paraense (1890- 1960) Autor: Dr. Fábio Carlos da Silva Professor Adjunto do NAEA - UFPA Processo histórico de ocupação da Região do Araguaia paraense A região compreendida entre os rios Araguaia e Xingu, na Amazônia sul oriental, no período de 1890 à 1960, teve o predomínio de uma economia camponesa pastoril, permeada pelos dois ciclos extrativistas do caucho. Apenas na época áurea da borracha ocorreu alteração nesse padrão produtivo. Conversão das terras indígenas em fronteira camponesa A região foi originalmente habitada por índios Kayapós que fugindo dos constantes ataques de colonizadores constituíram diferentes aldeias; Kradaú; Gototire e os Kuben-kran-kegn. A ocupação das terras indígenas se intensifica em 1890 com a vinda de maranhenses para desenvolver a atividade pastoril. Frentes de Expansão da Pecuária Nordestina O sistema econômico pecuarista nordestino, apresentou como condição de sua dilatação e expansão a disponibilidade de terras, o sistema de partilha era a relação de produção existente entre fazendeiro e vaqueiros. As distâncias do centro consumidor fazia a atividade ficar onerosa e se tornar de auto-subsistência. O ciclo do Caucho e a subordinação da pecuária Após 1890 cresce a procura da borracha no mercado internacional, a região Araguaia paraense se insere nesse contexto global e leva as matas migrantes das zonas nordestinas. Estes foram patrocinados pelos aviadores comerciais. O dinheiro passa a fazer parte das relações de produção locais. Surgem as principais cidades do sul do Pará nas quais eram pontos de apoio para os comboios, esses povoados sertanejos são hoje Redenção, Pau D´Arco, Rio Maria, Xinguara. Produção Asiática Finais do século XIX a Inglaterra já havia iniciado o plantio de seringueiras em suas colônias da Malásia e Ceilão e a baixa dos preços tornou impraticável a extração do látex que entra em profunda decadência. A vida na mata volta ao isolamento incomum, regressa o escambo como forma de trocar o parco excedente produzido. Durante a Segunda Guerra Mundial o governo brasileiro assinou com os EUA o Acordo de Washington conhecido como a Batalha da Borracha. Estagnação Econômica e isolamento regional No ano de 1948 entre vaqueiros, fazendeiros, sitiantes e marreteiros moravam 208 pessoas em Redenção, devido a rarefação e dispersão os conflitos passaram a ser constantes. O isolamento do Sertanejo do Araguaia Gerou a necessidade de produzir açúcar, fiar entre outras atividades que passaram a ser desenvolvidas por eles próprios. A fartura era abundante, mas o comércio reduzidíssimo e o artesanato doméstico rural garantia o suprimento da indumentária familiar. A pecuária volta a ser a atividade principal até a década de 1960 na qual mudanças significativas passam a alterar o ritmo da economia no local.