SISTEMA GENITAL: FILOGÊNESE; ORGANOGÊNESE E HOMOLOGIAS; DIVISÃO 1- Filogênese As gônadas (testículo no homem e os ovários na mulher) são formados em elevações retroperitoneais chamadas pregas genitais que se salientam no celoma (cavidade do corpo) medialmente aos rins em desenvolvimento (mesonefros). Embora o sexo do embrião seja determinado na fertilização, as pregas genitais ou saliências genitais não se diferenciam em testículos ou ovários antes do final da oitava semana de desenvolvimento embrionário. As células germinativas que se originam no saco vitelino migram para a região das saliências genitais na sexta semana do desenvolvimento mesmo antes da diferenciação dessas pregas. Durante o período indiferenciado, as gônadas se desenvolvem em íntima aproximação com os ductos mesonéfricos, que drenam os rins embrionários. Um segundo par de ductos os ductos paramesonéfricos também se desenvolve paralelamente aos ductos mesonéfricos, abrindo-se no seio urogenital, na extremidade posterior do embrião. Os homens retêm os ductos mesonéfricos para o transporte do esperma, enquanto as mulheres retêm os ductos para mesonéfricos para o transporte dos óvulos e para a nutrição do feto. 2- Organogênese e homologias: divisão Em seguida ao período indiferenciado, durante o qual todos os embriões têm a mesma estrutura, os embriões masculinos e femininos percorrem diferentes caminhos no desenvolvimento. Como resultado, formam-se estruturas reprodutoras internas próprias de cada sexo. 2.1 Embrião masculino No embrião masculino, a porção mais interna (medula) da gônada indiferenciada desenvolve túbulos que se unem ao ducto mesonéfrico. Estes túbulos tornam-se os canais seminíferos de cada testículo, nos quais os espermatozóides são produzidos. No homem, o ducto mesonéfrico é utilizado para o transporte de esperma desde o testículo até o exterior do corpo. Com o desenvolvimento posterior, cada ducto mesonéfrico forma canais eferentes, um epidídimo e ducto deferente do adulto. Logo após a diferenciação das gônadas em testículos, os ductos paramesonéfricos degeneram. 2.2 Embrião feminino No embrião feminino, a porção mais externa (córtex) da gônada indiferenciada sofre intenso desenvolvimento e forma folículos, nos quais os ovários se desenvolvem. Coincidindo com a diferenciação das gônadas em ovários, as extremidades distais dos ductos paramesonéfricos fundem-se entre si para formar o útero e a vagina. As porções dos ductos paramesonéfricos entre os ovários e o útero formam as tubas uterinas (oviductos ou as antigas trompas de falópio), através das quais os óvulos são transportados para o útero. Na mulher, os ductos mesonefricos degeneram sem contribuir para nenhuma estrutura funcional do sistema reprodutivo. 2.3 Desenvolvimento dos órgãos reprodutores externos Estágio indiferenciado até a 8ª semana (os genitais externos também são controlados por hormônios produzidos pelas gônadas). Antes de ter início a produção de hormônios, todos os embriões desenvolvem uma saliência cônica chamada tubérculo genital no local onde os ductos mesonéfricos e paramesonéfricos se abrem no exterior do corpo. Na face inferior desse tubérculo há uma depressão rasa chamada sulco uretral, que se abre no seio urogenital do embrião. De cada lado deste sulco há delicadas elevações chamadas pregas uretrais. Lateralmente, e um pouco mais para trás de cada prega dessas, há elevações arredondadas chamadas eminências labioescrotais. 1 Embrião masculino: Se o embrião é masculino, o tubérculo genital alonga para formar o pênis. As pregas uretrais se fundem deixando uma abertura na extremidade distal do pênis. O tubo assim formado torna-se a porção esponjosa da uretra. As dobras labioescrotais desenvolvem-se numa bolsa (escroto) que ao final receberá os testículos. Embrião feminino: No embrião feminino, o tubérculo genital não se alonga como no homem, tornando-se o clitóris. Não há fusão das pregas uretrais. Mais propriamente, permanecem como lábios menores, rodeando a entrada da vagina. As eminências labioescrotais não se destinam à recepção das gônadas. Permanecem como elevações chamadas lábios maiores, que margeiam os lábios menores. 3- Sistema genital masculino No sistema genital masculino, as gônadas são representadas pelos testículos, onde se processa a formação dos espermatozóides, e as vias condutoras, pelas vias espermáticas túbulos seminíferos retos, rede testicular, ductos eferentes, epidídimo, ducto deferente com vesícula seminal e ducto ejaculador que terminam na uretra. Anexa a esta existem, ainda, intimamente relacionadas com o sistema genital masculino, a próstata e as glândulas bulbo-uretrais. As vesículas seminais, a próstata e as glândulas bulbo-uretrais concorrem para a formação do esperma. 3.1 Testículo Os testículos têm duas funções: produção de espermatozóides e secreção da testosterona, o hormônio sexual masculino. São duas glândulas ovóides que originam na parede abdominal posterior durante o desenvolvimento fetal, que descem na direção do escroto, para ocupá-lo definitivamente a partir do 8º mês de vida uterina. Após desenvolvimento normal e completo, estão situados, no fundo de uma bolsa especial cutânea, a bolsa testicular, dependência perineal situada atrás e abaixo do pênis no escroto. São separados um do outro por um septo conjuntivo e envolvidos, individualmente por diversas túnicas que representam, modificadas, as várias camadas constituintes da parede ântero-lateral do abdome. O testículo é revestido por uma membrana fibrosa, a túnica albugínea. Delicados septos dividem incompletamente os testículos em lóbulos ou compartimentos os lóbulos do testículo. Em cada testículo calcula-se existirem de 250 a 300 lóbulos. Em cada um destes lóbulos encontram-se, envolvidos por tecido conectivo, os túbulos seminíferos contorcidos, diretos responsáveis pela espermatogênese; estes continuam-se nos túbulos seminíferos retos, que por sua vez convergem na rede testicular. Na rede testicular originam-se os ductos eferentes, tributários de um canal único, o ducto do epidídimo. 3.2 Epidídimo Está localizado no escroto, situado contra a margem superior do testículo, onde pode ser sentido pela palpação. Tem a forma de um C. Consiste de um tubo sinuoso que recebe o esperma do testículo através dos ductos eferentes. O epidídimo é dividido em três partes: cabeça, corpo cauda (onde se encontra o reservatório dos espermatozóides, local onde os gametas permanecem até o momento de ejaculação na sua transição com o ducto deferente. 3.3 Vascularização A irrigação do testículo e do epidídimo é feita principalmente pela artéria testicular que provém diretamente da aorta logo abaixo da origem da artéria renal. (anastomoses) A inervação está na dependência de fibras simpáticas que integram os plexos renal e aórtico e acompanham o trajeto da artéria testicular e de fibras parassimpáticas. 2 3.4 Ducto deferente Morfologia e trajeto: é um tubo cilíndrico, de parede espessa, que se segue ao epidídimo, após uma dilatação ampular ampola ao ducto deferente unindo-se ao ducto excretor da vesícula seminal para constituir do ducto ejaculador. Considerando que os testículos estão localizados externamente à parede da pelve e que o ducto ejaculador encontra-se dentro da cavidade pélvica, torna-se necessário a existência de um túnel da parede abdominal para permitir a passagem do ducto deferente. A esta passagem dá-se o nome de Canal inguinal, onde passam também os vasos e nervos (no folículo espermático). O canal é uma área potencialmente fraca no sexo masculino, podendo aí ocorrer às hérnias inguinais, em esforços acentuados. 3.5 Vesícula seminal Morfologia externa e situação: são duas bolsas membranosas localizadas lateralmente aos ductos deferentes na face posterior da bexiga urinária. Cada vesícula seminal consiste de um tubo enovelado que emite vários divertículos e termina superiormente em fundo cego e inferiormente na sua extremidade torna-se estreita e reta para formar o ducto da vesícula seminal que junto com o ducto deferente constituem o ducto ejaculatório. Importância funcional: tem por função secretar um líquido que ativa o movimento dos espermatozóides. Ducto ejaculatório: último segmento das vias espermáticas está em direta continuação com a vesícula seminal; inicia-se na confluência do colo desta, com o ducto deferente, atravessa a próstata de alto a baixo, de trás para frente e desemboca ao nível do colículo seminal na parte prostática da uretra. 3.6 Escroto É uma bolsa situada atrás do pênis e abaixo da sínfise púbica. É dividido por um septo em dois compartimentos, cada um contendo um testículo. O escroto apresenta várias camadas, entre as quais a pele, que é fina, hipergmentada e com pêlos e a túnica de Dartos, constituída essencialmente de fibras musculares lisas. O escroto através de sua arquitetura propicia uma temperatura favorável à espermatogênese e a túnica de Dartos atua como um “termostato”, visando manter a constância desta temperatura. O canal inguinal, que dá passagem ao ducto deferente, vasos e nervos (funículo espermático) é uma área potencialmente fraca no sexo masculino, podendo aí ocorrer as hérnias inguinais em esforços acentuados. 3.7 Pênis – Morfologia externa (pênis, escroto e monte púbico) É um órgão copulador e masculino pelo qual os espermatozóides são colocados no interior do trato reprodutor feminino. Prende-se à porção anterior do períneo e apresenta-se livre na região pudenda, inferior e anterior à sínfise púbica, anterior ao escroto. Constitui com este e o monte púbico os órgãos genitais externos. Estrutura e irrigação O pênis contém três corpos cilíndricos, cada um dos quais revestido por uma cápsula fibrosa. Esses três corpos são mantidos juntos por uma bainha de tecido conjuntivo que está coberta de pele. Cada um deles é formado de tecido conjuntivo ricamente vascularizado chamado tecido erétil, que contém numerosos espaços esponjosos que se enchem de sangue durante a estimulação sexual, causando a enrijecimento e o alongamento do pênis. Este fenômeno é referido como ereção. Os dois corpos cilíndricos dorsais (superiores) são chamados corpos cavernosos do pênis. O corpo ventral ímpar (inferior) é chamado corpo esponjoso do pênis. A uretra passa através do 3 corpo esponjoso em todo seu comprimento. A extremidade distal expandida do corpo esponjoso forma a glande do pênis, e a extremidade proximal é alargada, formando o bulbo do pênis, que está fixado ao diafragma pélvico, que forma o assoalho da cavidade pélvica. O pênis apresenta uma raiz larga, representada pela porção inicial das formações que o constituem e o ligam ao períneo; um corpo, móvel, que de flácido torna-se tenso por ocasião da ereção; e uma extremidade anterior, a glande, dilatada, relacionada com o corpo esponjoso do pênis e coberta por uma prega retrátil de pele, o prepúcio. 3.8 Próstata – morfologia externa e interna É um órgão ímpar (pélvico) que abraça a uretra (prostática) logo abaixo da bexiga urinária. Lembra, em tamanho e forma, uma castanha. Rica em tecido muscular liso, envolve além da uretra prostática, os ductos ejaculatórios. Situação e função: hipertrofias Por causa de sua localização diretamente à frente do reto, pode ser manualmente examinada por meio de um toque retal, no qual um dedo é colocado no canal anal e a glândula é palpada através da parede anterior do reto. Função A próstata segrega um líquido leitoso, fluido, alcalino, suco prostático que contribui para a formação do sêmen; juntando com a secreção das vesículas seminais para constituir o volume do líquido seminal que ativam os movimentos dos espermatozóides. A secreção prostática é lançada na porção prostática da uretra através dos ductos prostáticos (não visíveis macroscopicamente) e dá odor ao sêmen. Hipertrofias da próstata Esta glândula tem tendência para aumentar seu tamanho nos homens mais velhos e pode causar dificuldades para a micção pelo estreitamento da porção prostática da uretra. 3.9 Uretra masculina: divide-se em três porções Divisão 1- uretra prostática (atravessa a próstata) 2- uretra membranosa (é curta e situada entre as membranas superior e inferior do diafragma urogenital) 3- uretra esponjosa (que se estende desde o bulbo do pênis até o óstio externo da uretra, na glande do pênis) Morfologia e importância clínica A uretra masculina é longa (de 15 a 20 cm aproximadamente) e sinuosa. Funículo espermático O conjunto de estruturas que vão ao testículo ou dele vem ducto deferente, vasos e nervos envoltos por tecido conjuntivo e recobertos pelas diversas túnicas que constituem os envoltórios do testículo. 4 4- Sistema genital feminino O sistema genital feminino, a exemplo do masculino, também é constituído por gônadas, glândulas sexuais, responsáveis pela produção dos gametas femininos os óvulos e hormônios e por órgãos cavitários, destinados a receber os gametas masculinos para a fecundação do óvulo. Além disso, a presença de um órgão destinado a abrigar um novo ser o útero e expulsá-lo por ocasião do parto, tornando assim mais complexo o sistema reprodutor feminino. 4.1 Ovários Morfologia e função: Morfologia externa Forma: o ovário tem a forma de amêndoa, consistência firme que aumenta com os anos e coloração cinzento-rósea. Função: Produção dos gametas femininos (óvulos) ao final da puberdade e secretar hormônios (estrogênio e progesterona). O estrogênio é o principal hormônio feminino e, entre outras coisas é o responsável pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários (desenvolvimento das mamas, alongamento dos quadris, crescimento dos pêlos pubianos, etc.). Número e situação: Os ovários, em número de dois, um à esquerda e outro à direita, repousam, quando em posição definitiva, nas respectivas fossas ováricas, depressões revestidas por peritônio, situadas uma de cada lado, próximo à porção póstero-superior da parede lateral da pequena pelve (pelve menor), por trás de uma dobra peritonial, o ligamento largo do útero. Posição e meios de fixação Cada ovário é mantido em posição por ligamentos que o prendem a formações vizinhas:o mesovário é uma prega peritonial que, contendo vasos e nervos destinados ao ovário, se destaca do folheto dorsal do ligamento largo do útero e atinge a margem anterior do ovário, o hilo ovárico; o ligamento suspensor do ovário contém os vasos e nervos ováricos que, da região lombar penetram no ângulo súpero-lateral do ligamento largo do útero; é uma prega peritonial nítida desde o nível da abertura superior da pelve até o pólo superior do ovário; o ligamento próprio do ovário, com aspecto de cordão, inicia-se na porção súpero- lateral do útero e, coberto pela lâmina posterior do ligamento largo, termina no pólo inferior, ou uterino, do ovário. Antes da primeira ovulação, o ovário é liso e rosado no vivente, mas depois torna-se branco e acinzentado e rugoso devido às cicatrizes deixadas pelas subseqüentes ovulações. Na velhice diminuem de tamanho. 4.2 Tuba uterina É um órgão tubular, par. Função e divisão A tuba uterina tem a função de conduzir os óvulos para o útero. Está situada em uma prega peritonial mesosalpinge na borda livre do ligamento largo. É sede habitual da fecundação, visto que, na grande maioria dos casos, é no seu terço lateral que o espermatozóide fecunda o ovócito secundário, constituindo o ovo ou zigoto. Cada tuba pode ser dividida em: infundíbulo ou pavilhão, porção alongada e com franjas (fímbrias do infundículo), justapostas ao ovário. Ampola – que se continuam ao infundíbulo e diminui progressivamente de calibre. Istmo – porção estreitada que alcança o ângulo súpero-lateral do útero. Parte uterina – (intramural): contida na espessura da parede do útero. 5 Arquitetura: musculatura sua importância funcional A tuba uterina é um tubo de luz estreitada, cuja extremidade medial (apresenta o óstio uterino da tuba) se comunica com a cavidade uterina e cuja extremidade lateral (apresenta o óstio abdominal da tuba) se comunica com a cavidade peritonial. O óstio abdominal da tuba, permite a comunicação da cavidade peritonial com o meio exterior, o que não ocorre no homem, onde a cavidade peritonial é dita fechada. A tuba e o ovário elevam-se durante a gestação e acompanham os deslocamentos do útero. As porções mais móveis são o infundíbulo e a ampola. Explica-se a captação e o transporte do óvulo ou do ovo, através da tuba uterina, por fenômenos de contração muscular, de correntes líquidas, de movimentos ciliares. A camada muscular da tuba uterina, internamente à serosa, contém fibras lisas em camadas circular e longitudinal. 4.3 Vascularização As artérias responsáveis pela irrigação da tuba uterina são ramos da ovárica e da uterina que se anastomosam na espessura do mesosalpinge. As veias desembocam na veia ovárica e na veia uterina. Os linfáticos drenam por agrupamentos lombares e os nervos são integrantes do plexo útero-ovárico. 4.4 Peritônio tubário 4.4.1 Útero Conceito e forma É um órgão ímpar, oco, que aloja o embrião e no qual este se desenvolve até o nascimento. Tem a forma de uma pêra e recebe as tubas uterinas nos seus ângulos laterais superiores e se continua para baixo pela vagina. Morfologia externa e interna: divisão Envolvido pelo ligamento largo, o útero apresenta 4 partes: 1- Corpo – porção superior do útero. (Comunica-se de cada lado com as tubas.) 2- Istmo – porção estreitada abaixo do corpo do útero. 3- Colo – (ou cérvix do útero) é a parte que segue-se desde o istmo, até fazer projeção na vagina e com ela se comunica pelo óstio do útero. 4- Fundo – é a região em forma de cúpula do corpo uterino acima e entre os pontos de entrada das tubas uterinas. Meios de fixação e peritônio As camadas de peritônio que recobrem o útero anterior e posteriormente fundem-se ao longo de suas margens laterais e se estendem para as paredes laterais do assoalho da cavidade pélvica como ligamento largo. A porção do ligamento largo que está abaixo do mesovário e ancora o útero é chamada mesométrio. Ajudando o ligamento largo a manter o útero na sua posição estão os ligamentos redondos (são faixas fibrosas que correm no ligamento largo desde as margens laterais do útero próximo às junções com as tubas uterinas e através do canal inguinal, até os lábios maiores). Estrutura Na sua estrutura o útero apresenta três camadas: Endométrio (interna) – que sofre modificações com a fase do ciclo menstrual uterino ou na gravidez. Miométrio (média) – de fibras musculares lisas e constitui a maior parte da parede interna. Perimétrio (externa) – representada pelo peritônio. 6 Importância funcional da musculatura Os ligamentos, de fato, não providencia maior suporte para o útero. Seu principal suporte está situado abaixo; os músculos e membranas que formam o assoalho da cavidade pélvica, ou seja, o diafragma pélvico e o diafragma urogenital. Todos esses músculos estão fixados num tendão circular logo posteriormente à abertura vaginal, chamado centro tendíneo do períneo. Se esta área está enfraquecida, como ocorre algumas vezes durante o nascimento, o útero pode mover-se para baixo através da vagina, condição esta conhecida como prolapso do útero. Posições e relações O útero está localizado na pelve, atrás da bexiga urinária e à frente do colo sigmóide e do reto. O peritônio que recobre as faces superior e posterior da bexiga, dirige-se para trás na face anterior do útero a partir do assoalho pélvico. Este espaço assim formado é chamado escavação vesicouterina. De maneira similar, a escavação retouterina é formada onde o peritônio que se continua por sobre o útero e na sua superfície posterior é rebatido na superfície anterior do reto a partir do assoalho pélvico. Modificações funcionais – menstruação e gravidez Menstruação – Mensalmente o endométrio se prepara para receber o óvulo fecundado, ou seja, o futuro embrião. Para tanto, há um aumento do volume do endométrio com formação de abundantes redes capilares, além de outras modificações. Não ocorrendo a fecundação, isto é, na ausência de embrião, toda esta camada do endométrio que se preparou sofre descamação com hemorragia, e conseqüente eliminação sanguínea através da vagina e vulva. A menstruação começa aos 12 anos (+ ou -) - menarca – e termina aos 45 (+ ou -) – menopausa. Gravidez – Sob a influência de estrógenos e progesterona, as glândulas do endométrio do útero crescem e secretam pequenas quantidades de um fluido rico em glicogênio. As artérias do endométrio tornam-se alargadas e espiraladas. Nesta condição, o endométrio está preparado para prover a nutrição para o embrião se a fertilização ocorrer. Além disso, os vasos sanguíneos estão prontamente disponíveis para a formação da placenta. A progesterona também diminui as contrações espontâneas do miométrio. Presumivelmente este efeito ajuda o óvulo fertilizado a se implantar no endométrio. Em essência, o útero prepara-se para a gravidez a cada 28 dias. Irrigação do útero Vasos sanguíneos e nervos alcançam o útero e as tubas uterinas através das camadas peritoniais do ligamento largo. As artérias uterinas que são ramos das artérias ilíacas internas transitam através do ligamento largo para alcançar a porção cervical do útero. Daí seguem as margens laterais para cima até o istmo das tubas uterinas, onde dão origem a ramos tubários e ováricos. 4.4.2 Vagina Conceito e função É um órgão de cópula feminino. O termo vem do latim e significa bainha, nome dado a esta estrutura pela analogia funcional, pois a vagina vai atuar como bainha ao ser penetrada pelo pênis durante a cópula. A vagina é uma via de escoamento do sangue menstrual, das secreções uterinas e de expulsão do feto no fenômeno do parto, é tubular musculomembranosa, ímpar, mediana, tendo em média 8 cm de comprimento. Apresenta direção oblíqua para baixo e para frente. Relações A vagina tem relação com a uretra, anteriormente, e com o canal anal, posteriormente. Tem comunicação com o útero através do óstio uterino e com o exterior através do óstio da vagina. 7 Fórnices: importância funcional e clínica A extremidade superior do canal vaginal envolve o colo do útero, formando um recesso, o fórnice da vagina. A luz da vagina é geralmente pequena e as paredes que a rodeiam usualmente estão em contato entre si. O canal é capaz de considerável distensão, seja quando a vagina recebe o pênis ou quando funciona como canal do parto. São importantes clinicamente quando o médico coloca um aparelho para examinar o canal vaginal e ou fazer exame de toque. Não existem glândulas na mucosa vaginal, a sua lubrificação é feita por glândulas do colo do útero. Fattini: De um modo geral as glândulas da pele da região do vestíbulo e as glândulas da mucosa da vagina produzem secreção nos momentos preparatórios e durante o coito, visando tornar as estruturas úmidas e propícias à relação sexual. 4.4.3 Clitóris Morfologia e situação O clitóris é um órgão semelhante ao pênis do homem, também formado por tecido erétil, está situado anteriormente aos lábios menores e superiormente ao óstio da uretra feminina. Arquitetura e posições O clitóris é uma pequena estrutura alongada localizada na junção anterior dos lábios menores. A maior parte do corpo do clitóris está envolvida por um prepúcio formado pelos lábios menores. A porção livre e exposta do clitóris é chamada glande. O clitóris contém dois corpos cavernosos, mas não contém corpo esponjoso (que, no homem, envolve a uretra). A uretra feminina, não está localizada no clitóris, abre-se separadamente, posteriormente ao clitóris. Os ramos dos corpos cavernosos fixam o clitóris nas partes púbica e isquiática dos ossos do quadril. Importância funcional: comportamento na cópula O clitóris, que é muito sensível ao toque, torna-se engurgitado com sangue e rígido quando estimulado, contribuindo para o estímulo sexual da mulher. 4.4.4 Lábios maiores e menores Lábios maiores – São duas dobras arredondadas, que se estendem para trás do monte púbis. A superfície externa é pigmentada e coberta com pêlos. A superfície interna é lisa, sem pêlos, e úmida por causa da presença de numerosas glândulas sebáceas. Delimitam entre si uma fenda – a fenda do pudendo. Lábios menores – São duas dobras menores localizadas medialmente aos lábios maiores. Anteriormente rodeiam o clitóris. São altamente vascularizados e sem pêlos. Eles circundam um espaço, onde abrem a vagina e a uretra – o vestíbulo. A abertura vaginal no vestíbulo pode estar parcialmente fechada pelo hímen. Diversas glândulas abrem-se no vestíbulo lubrificando-o e facilitando o intercurso sexual – as glândulas vestibulares maiores e menores, deixando suas paredes úmidas. Os lábios menores rodeiam o clitóris, anteriormente, e formam o prepúcio do clitóris que se prende aos lábios menores através do frênulo do clitóris. 4.4.5 Hímen O hímen é uma prega vascular perto da entrada da vagina. Geralmente, o hímen bloqueia parcialmente a entrada da vagina, mas em alguns casos fecha completamente o orifício. O hímen é freqüentemente distendido e dilacerado durante o intercurso sexual, pode também ser rompido por outros meios. Desde que o hímen pode persistir após o intercurso sexual, sua presença ou ausência não pode ser tomada como provas ou não de virgindade. Importância funcional e clínica Condições raras são as imperfurações e a agenesia (ausência) do hímen. Após a dilaceração ou ruptura da membrana, restam pequenos fragmentos no local de inserção de sua margem: são as carúnculas himenais. 8