pAInEL AGROnÔMICO

Propaganda
PAINEL AGRONÔMICO
Etanol de mandioca pode ser mais barato
do que ETANOL de cana
Apesar de ainda estar em fase experimental no Brasil, a
obtenção de etanol a partir da mandioca é uma realidade cada vez
mais próxima. Segundo o diretor do Centro de Raízes e Amidos
Tropicais (Cerat), Cláudio Cabello, a raiz têm inúmeras facilidades
para ser transformada em etanol. “Não há, na mandioca, nenhum
composto que iniba o processo biológico de fermentação alcoólica
e, dependendo da região, a obtenção do álcool a partir dela poderá
ser mais barata inclusive do que pela cana”, explica. “Mas, isso
dependerá de estímulos que resultem em aumento da produtividade”,
completa. Segundo ele, a produção de mandioca tem um custo de
R$ 100 por hectare. “Cada hectare produz entre 28 e 30 toneladas, e
o mercado paga R$ 140 pela tonelada. Isso faz com que a margem
de lucro desse tipo de produto seja excelente, dando inclusive maior
liberdade para a definição da época da colheita”, argumenta.
De acordo com o vice-presidente da Associação Brasileira
dos Produtores de Amido de Mandioca (Abam), Antônio Donizetti
Fadel, o tempo de cultivo da mandioca varia entre nove e 30 meses.
“Quanto mais tempo na terra, maior é a lucratividade. O Brasil
é o único país do mundo a colher no 24º mês. Com 12 meses,
a produtividade é, em média, de 25 toneladas por hectare. Se o
prazo for ampliado para 18 a 24 meses, essa produtividade sobe
para 40 toneladas. E o custo não aumenta tanto, porque não há
necessidade de replante ou de preparar a terra novamente”, explica
Fadel. Segundo ele, o país precisa, ainda, melhorar a produtividade
por hectare para tornar mais atraente o uso da planta na produção
de biocombustível, e o investimento mais viável economicamente.
Com a tecnologia atual, cada tonelada de mandioca pode
produzir 200 litros de álcool. Ou seja, cada 5 quilos da raiz produz
um litro de combustível. “Não tenho dúvidas do potencial lucrativo da
planta, uma vez que ela pode ser produzida em qualquer tipo de solo
e não interfere muito no meio ambiente”, completa. (Agência Brasil)
EMBRAPA desenvolve soja marrom
A Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), em parceria
com a Empresa de Pesquisa
Agropecuária de Minas Gerais
(Epamig) e com a Fundação
Triângulo, desenvolveu uma
cultivar de soja de cor similar
à do feijão carioquinha. A nova tecnologia, a cultivar BRSMG
800ª, permitirá que o consumidor misture a soja com o feijão sem
interferir no aspecto visual e nem no sabor, além de aumentar cerca
de 30% o valor protéico do prato.
Em termos agronômicos, a BRSMG 800ª apresenta potencial
produtivo compatível com a média de outras cultivares de mesmo
ciclo presentes no mercado. Além disso, possui resistência às
principais doenças da soja. A nova cultivar é do grupo de maturidade
8.0, apresentando ciclo médio, em Minas Gerais, região para onde
é indicada. A comercialização da soja marrom – já pronta para
consumo – chegará às gôndolas dos supermercados em breve, com
o nome comercial Nutrisoy e com o selo de identificação Soja de
Minas. (Globo Rural online)
24
Plantio de florestas aumenta A renda do produtor
O plantio de florestas comerciais é uma atividade incentivada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para
promover o aumento da renda do agricultor e a sustentabilidade.
Ao optar pelo cultivo de pinus ou eucalipto, o produtor tem a oportunidade de atender à crescente demanda dos setores madeireiro,
moveleiro, energético e de celulose e contribuir para o desenvolvimento sustentável da agricultura. “O agricultor poderá produzir
floresta comercial de forma direta ou integrada a outros sistemas
de produção sustentáveis. Dessa forma, poderá utilizar as linhas de
crédito do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC)”, destaca
o coordenador de Manejo Sustentável dos Sistemas Produtivos do
Ministério da Agricultura, Elvison Ramos.
O governo oferece financiamento a produtores rurais e promove estudos por meio da Embrapa. Além disso, capacita profissionais
para facilitar a difusão de práticas como plantio direto na palha,
fixação biológica de nitrogênio, recuperação de pastagens degradadas
e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Todas essas técnicas
contribuem para a conservação das áreas de produção. A intenção do
governo com o programa é aumentar a área de florestas, até 2020, de
seis milhões de hectares para nove milhões de hectares. Isso permitirá
a redução da emissão de oito milhões de toneladas a 10 milhões de
toneladas de CO2 equivalentes, no período de dez anos.
Os produtores do setor de florestas comerciais também podem contar com o Programa de Estímulo à Produção Agropecuária
Sustentável (Produsa), que financia a implementação da Integração
Lavoura-Pecuária-Floresta. (Ministério da Agricultura)
IDENTIFICADO O GENE QUE CONFERE ALTA
RESISTÊNCIA À SECA
Pesquisadores da Embrapa e da Universidade Federal do
Rio de Janeiro identificaram um gene que confere alta tolerância à
seca, normalmente presente em plantas de café. Isso só foi possível
graças ao pioneirismo do Brasil, que em 2004 conseguiu sequenciar
o genoma do café, o que resultou em um banco de dados com cerca
de 200 mil sequências de genes, dos quais mais de 30 mil genes já
estão identificados. E foi desse sortido manancial genético que saiu o
gene identificado e testado pelos pesquisadores. O próximo passo é
testar o seu desempenho em outras plantas de interesse agronômico,
como soja, cana-de-açúcar e algodão (EMBRAPA Notícias)
ÁCAROS DESARMAM O SISTEMA DE DEFESA DAS PLANTAS
Pesquisa realizada na Universidade Federal de Viçosa,
em parceria com a Universidade Federal de Tocantins (UFT) e
com a University of Amsterdam (UvA), na Holanda, começa a
desvendar o mistério sobre a falta de reação de algumas plantas
ao ataque de algumas espécies de herbívoros, como os ácaros. A
equipe coordenada pelo professor Angelo Pallini descobriu que
uma espécie de ácaro (Tetranychus evansi), que dizima plantações
de tomates em todo o mundo, é capaz de desligar quimicamente
os mecanismos de proteção da planta. A descoberta abre um novo
campo de pesquisa e pode contribuir para o desenvolvimento de
espécies comerciais mais resistentes. O resultado da pesquisa está
no artigo “A herbivore that manipulates plant defenses”, publicado
na revista científica internacional Ecology Letters (FEPAMIG).
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 134 – JUNHO/2011
Professor Alfredo Scheid Lopes
lança site na Internet
Em comemoração aos 50 anos de formatura dos Engenheiros
Agrônomos da turma de 1961 da Escola Superior de Agricultura
de Lavras, o Professor Alfredo Scheid Lopes, Professor Emérito
da UFLA e expoente mundial na área de Fertilidade e Manejo de
Solos dos Trópicos, acaba de lançar seu site na internet: http://
www.dcs.ufla.br/alfredao/. Além de disponibilizar grande parte
das publicações técnico-científicas e palestras proferidas em mais
de 500 eventos no Brasil e em cerca de 30 países no exterior, o
site conta ainda um pouco da história da sua vida.
Manutenção da palha da cana-de-açúcar
na superfície DO SOLO diminui a emissão
de carbono do solo
Além de contribuir para a diminuição da erosão, a manutenção
da palha da cana-de-açúcar na superfície do solo em plantações que
adotam o sistema de colheita mecanizada – a chamada cana crua ou
verde – contribui significativamente para a redução das emissões de
carbono do solo para a atmosfera na forma de gás carbônico.
A descoberta, feita por pesquisadores da Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista
(Unesp), campus de Jaboticabal, foi apresentada no Workshop do
Programa FAPESP de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais
(PFPMCG).
Por meio do projeto de pesquisa “Impact of management
practices on soil CO2 emission in sugarcane production areas,
southern Brazil”, apoiado pela FAPESP, os pesquisadores da Unesp
realizaram entre 2008 e 2010 quatro estudos de campo em lavouras
de cana-de-açúcar, após a colheita mecanizada e por queimada na
região de Jaboticabal, para entender melhor o balanço de emissões
de gases de efeito estufa em áreas de plantação canavieira.
Os estudos de campo e os testes em laboratório com amostras
de solo demonstraram que os valores médios de emissão de carbono
do solo de áreas cuja colheita da cana foi realizada pelo sistema
mecanizado foram significativamente menores do que aqueles onde a
cultura foi colhida pelo sistema de queima, em que se elimina a palha.
Em experimento realizado ao longo de 50 dias em uma
plantação que foi dividida em três áreas – sendo uma coberta por
50% de palha, a segunda por 100% do resíduo e a terceira sem
palha –, os pesquisadores observaram que as áreas cobertas por
palha emitiram 400 kg a menos de carbono (correspondente a quase
1.500 kg de gás carbônico) do que as áreas onde a palha foi retirada.
“A retirada da palha da superfície do solo causa emissões
adicionais de carbono bastante significativas. Em um agrossistema
que emite, no total, 3.000 kg de dióxido de carbono, o aumento
de mais 1.500 kg do gás pela simples retirada da palha representa
muito, e o solo seria a maior fonte de emissão”, disse o professor da
Unesp e coordenador do projeto, Newton la Scala Junior. Segundo
ele, uma das hipóteses para explicar por que a palha da cana-deaçúcar contribui para diminuir as emissões e reter o carbono do solo
é que sua presença interfere nos ciclos de temperatura e umidade.
Isso faz com que a temperatura no interior do solo caia e a umidade
aumente, diminuindo a oxigenação e a matéria orgânica no interior
do solo. “É preciso tomar um certo cuidado com a remoção da
palha porque, definitivamente, ela pode causar emissões adicionais
de carbono do solo. E isso é algo que nos preocupa bastante”,
acrescentou. (Agência FAPESP).
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 134 – JUNHO/2011
Produção de fertilizantes É estratégica
A gestão de minerais para uso na agricultura passou a ser
estratégica para o governo federal. A diretriz consta no Plano Nacional de Mineração 2030 lançado em fevereiro pelo Ministério de
Minas e Energia. Este foi o principal avanço para o setor agrícola
desde o plano anterior de 1994. Ampliar a oferta de fertilizantes
deve ser prioridade para um grande produtor de alimentos como o
Brasil.
Atualmente, o Brasil importa 70% dos fertilizantes que
consome, um total de 24,5 milhões de toneladas (dados de 2010).
Por isso, uma das linhas do plano governamental é reduzir a dependência externa desses produtos.
Entre as ações previstas, está a criação de um novo marco
regulatório que altera a gestão dos minerais no Brasil. O governo
também pretende criar uma agência reguladora para gerenciar o
setor mineral e vai alterar o Código Mineral, editado em 1967.
Uma das mudanças se refere à redução do prazo de direito de concessão de minas, hoje de 30 anos. A intenção é encurtar o tempo
de pesquisa e início de exploração dos minerais.
O plano traça ainda uma meta de autossuficiência na produção de fosfato em cinco ou seis anos. Hoje, o país produz 50%
da necessidade interna de consumo. Para o fertilizante nitrogenado – extraído a partir do gás natural – o documento informa que
os investimentos já anunciados da Petrobras serão suficientes para
atender a demanda brasileira.
Este é o primeiro Plano Nacional de Mineração com horizonte de 20 anos e está pautado na sustentabilidade, ampliação do
conhecimento geológico, gestão racional dos recursos minerais e
retorno a sociedade dos benefícios da exploração desses produtos.
(Ministério da Agricultura)
Bactérias disputam com plantas O controle
dos poros das folhas
Quando chegam às plantas, as bactérias Pseudomonas
syringae logo procuram portas abertas por onde possam entrar e
causar lesões nas folhas e nos ramos. As portas são os estômatos,
poros microscópicos que têm a capacidade de se abrir ou fechar.
Mas a planta detecta o inimigo e rapidamente bloqueia suas entradas.
Com as portas fechadas as bactérias não têm como entrar, mas não
desistem. Elas descobrem a chave para abri-las e atacar sua vítima.
Parece uma batalha de ficção científica, mas é real. Fechar
os estômatos é uma resposta inata das plantas que restringe a
invasão por bactérias. A função imunológica era desconhecida
para essas estruturas responsáveis por trocas gasosas e transpiração
das plantas. A descoberta foi feita pela bióloga brasileira Maeli
Melotto, atualmente contratada como pesquisadora associada na
Michigan State University (MSU), Estados Unidos. “Os estômatos
representam a primeira barreira contra a infecção bacteriana, e uma
substância liberada pelas bactérias, a coronatina, bloqueia essa
defesa”, resume Maeli.
O achado é um passo importante no conhecimento sobre
os estômatos. Maeli realizou seus experimentos em plena luz,
quando as plantas fazem fotossíntese e por isso têm os estômatos
abertos. Mesmo assim cerca de 80% dos estômatos abertos se
fecharam na presença das bactérias. “Esse fato sugere que a planta
diminui a fotossíntese quando atacada por patógenos”, conclui.
Esses resultados indicam que o fechamento dos estômatos não é
um fenômeno isolado, mas parte de um sistema que coordena as
funções vitais da planta com sua defesa. (Revista FAPESP)
25
Download