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IDENTIFICAÇÃO
1. Categoria: Inovação em Gestão Estadual
2. Título da iniciativa: Telemedicina - monitorização intensiva e acompanhamento de
pacientes crônicos, portadores de Diabetes
3. Instituição: Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (IAMSPE)
4. Nome do responsável: Dra Walkiria Perin
5. Nomes dos membros da equipe: Amanda de Ornelas Carvalho, Amauri Manso
Prado, Denize Cini, Dr Evandro Portes, Harumi T. Cussuara, Juliana da N. Louro,
Luciana V. Amidami, Luiza Bozola, Dr Márcio Vendramini e Dra Suzana Mª Vieira
RELATÓRIO DESCRITIVO
1. Problema Enfrentado ou oportunidade percebida
O Diabetes mellitus (DM) é um distúrbio do metabolismo que pode levar a lesões
graves e potencialmente fatais. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os
portadores da doença no mundo superam 300 milhões de pessoas.
Entre 1986 e 1989, com o apoio da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), o
Ministério da Saúde realizou um estudo sobre a doença no Brasil, e mostrou uma
prevalência de 7,6% na população entre 30 e 69 anos. Outro dado foi de que 50% das
pessoas não conheciam o diagnóstico.
Conforme censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) de 2010, em uma população superior a 190 milhões, o número de portadores
deve superar 10%, ou seja, 19 milhões de pessoas.
Os custos diretos para o atendimento variam de 2,5% a 15% dos gastos
nacionais em saúde. O impacto econômico ocorre nos serviços de saúde, como
consequência dos custos do tratamento e das complicações como: doença
cardiovascular, diálise por insuficiência renal crônica e cirurgias para amputações de
membros inferiores.
O maior custo, entretanto, recai sobre os portadores, suas famílias, amigos e
comunidades, tendo em vista o impacto na redução da expectativa e qualidade de vida.
Esta redução é, em média, de 15 anos para o diabetes tipo 1 e de 5 a 7 anos para o
tipo 2.
Segundo a SBD, o diabetes pode ser classificado em: Diabetes mellitus tipo 1,
no qual há ausência ou insuficiência na produção de insulina pelo pâncreas e é
responsável por cerca de 10% dos casos da doença e Diabetes mellitus tipo 2, onde há
deficiência e resistência à ação da insulina, que é o mais prevalente e representa 90%
dos casos.
Com relação ao tratamento, em todos os casos do tipo 1 utiliza-se a insulina
desde o diagnóstico. No tipo 2 é preconizado sumariamente a mudança no estilo de
vida (dieta e hidratação, atividade física e monitorização), além de medicações orais,
associadas ou não ao uso da insulina, que é utilizada em torno de 10 % desses casos.
O IAMSPE atende em torno de 1,3 milhões de pessoas. Portanto,
proporcionalmente às estatísticas nacionais, esta população pode representar 130 mil
pacientes. E, no tocante à insulina, o número estimado é de até 24 mil pacientes que
utilizam esta medicação.
Para um melhor controle, torna-se importante o auto-monitoramento da glicose,
que consiste em verificar a glicemia com auxílio do glicosímetro portátil, realizando uma
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punção digital. A análise desses resultados permite compreender a interação entre a
medicação, atividade física e alimentação com a variabilidade glicêmica. Por isso, os
pacientes insulinizados são habitualmente o alvo principal dessas ações, pois além de
ser a população mais vulnerável, são também os que mais se beneficiam com
programas de gerenciamento e educação em diabetes.
Tendo em vista a cronicidade da doença, estas ações educativas implicam em
capacitá-los com relação ao auto-cuidado, já que mais de 90% dos procedimentos
diários necessários ao tratamento são realizados pelo próprio paciente ou familiar.
De acordo com a Associação Americana de Educadores em Diabetes (AADE), o
aparecimento das complicações está diretamente relacionado ao grau de controle
metabólico. Isso torna o manejo da doença bastante complexo, justificando a
importância do tratamento e monitorização intensivos e o envolvimento
multiprofissional, sendo esta a abordagem considerada ideal para o atendimento.
Com as atuais evidências científicas, tem sido mostrado que o custo para os
planos de saúde do mau controle do DM é muito maior do que o investimento em
programas de educação e atendimento multiprofissional para manter o bom controle
glicêmico.
A necessidade de gerenciamento desta população no IAMSPE surgiu em meio
às características crônicas dos pacientes. Anteriormente, cursos, orientações e outras
ações preventivas foram adotados, porém de maneira isolada. Diante disso, identificouse a oportunidade de intensificar o controle e monitorização da doença, adotar
estratégias de ampliar o atendimento, acompanhar e orientar o estilo de vida do
paciente de forma individualizada, articulando as contribuições multiprofissionais.
2. Solução adotada
Diante da oportunidade percebida, a solução adotada procurou atender os
seguintes objetivos:
Subsidiar a implantação das metas propostas para o controle de diabetes.
Evitar complicações e melhorar a qualidade de saúde oferecida à população
atendida.
Reduzir gastos com hospitalizações, exames e medicações, bem como diminuir
passagens no pronto socorro.
Monitorar intensivamente os pacientes inclusos no programa.
Inovar o gerenciamento da atuação e intervenção sobre a doença Diabetes com
recursos advindos da Telemedicina.
Ampliar e otimizar a equipe multiprofissional, permitindo ações mais globais e
integradas.
A orientação a partir dos objetivos elencados deu origem a uma série de
atividades que podem ser apresentadas da seguinte forma:
1. Elaboração de projeto básico: para formalizar a ação elaborou-se um projeto
contendo a justificativa, descrição do serviço necessário, especificações de
material, estimativa financeira, obrigações da instituição e dos prestadores de
serviço.
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Ornelas, Amanda de; Prado, Amauri e colaboradores
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2. Processo de licitação: tornou público o interesse da instituição às empresas
que se enquadravam no que seria necessário para o desenvolvimento do
programa.
3. Definição e especificação do material necessário para implantação:
a) Unidade de comunicação (UC): É um dispositivo com porta serial com
capacidade de leitura do glicosímetro sem manipulação do paciente. Rede
mundial GSM em tecnologia GPRS.
b) Glicosímetro: aparelho eletrônico para leitura da glicemia, com porta serial
para comunicação de dados.
c) Protocolo de Comunicação de dados via porta serial: é um padrão que
controla e possibilita uma conexão, comunicação ou transferência de dados
entre dois sistemas computacionais.
d) Tiras reagentes: compatíveis com o glicosímetro.
e) Lancetas: para realizar as punções digitais.
4. Definição dos critérios de inclusão: os pacientes elegíveis deveriam ser
portadores de diabetes, dependentes de insulina, ao menos duas vezes por dia.
5. Elaboração de manuais e impressos: criação dos manuais do paciente,
enfermeiro e administrativo. Confecção do manual informativo, cartão de
identificação e acompanhamento do paciente, além do termo de consentimento
livre e esclarecido.
6. Treinamento e desenvolvimento: capacitação e acompanhamento de toda a
equipe multiprofissional para o atendimento do programa.
7. Projeto piloto: objetivando testar a tecnologia contratada e observar o
comportamento, aderência ao tratamento, dificuldades e facilidades, foi realizado
um projeto piloto com cinco pacientes, que apresentou resultado satisfatório,
motivando assim a implantação do programa.
8. Divulgação: realizada por meio de cartazes no ambulatório de especialidades
do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), site do instituto, jornais,
revistas e reportagens em emissoras de televisão.
9. Inscrições de pacientes no programa: mediante agendamento prévio, que
pode ser feito por telefone ou pessoalmente, os pacientes são encaminhados
para uma palestra em grupo, onde recebem orientações sobre a doença e sobre
o programa. O material necessário para realizar as medições diárias é oferecido,
além de toda explicação de como fazê-las. Outras informações relevantes sobre
o termo de consentimento livre esclarecido, aderência ao tratamento e
acompanhamento também são abordadas.
Até dezembro de 2011, o programa ofereceu 1.590 vagas, possibilitando
o atendimento de 1.164 pacientes. Importante ressaltar que nem todos foram
elegíveis e/ou estão ativos no programa.
10. Cadastro de pacientes: realizado com base em dados pré-existentes nos
sistemas de informação do Instituto. Os dados necessários para monitorização
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são coletados e armazenados, de modo a permitir a integração das informações
cadastrais com os dados de medições e acompanhamento.
11. Transmissão de dados: o paciente utiliza a agulha para colher uma gota de
sangue e a deposita na fita inserida no glicosímetro. Esse componente faz as
medições que são “lidas” por uma unidade de comunicação, que emite os dados
telemétricos obtidos pelo glicosímetro, através da internet, para uma central que
os transforma em informações para a equipe, disponibilizadas em forma de
gráficos ou planilha.
Quinzenalmente os pacientes deverão comparecer, com seu glicosímetro,
a uma unidade de saúde onde esteja disponibilizada uma unidade de recepção.
12. Consulta de enfermagem: quinze dias após inscrição e cadastro, o paciente
retorna para uma consulta inicial de enfermagem, onde é realizada também a
primeira transmissão de dados. Neste momento ele é examinado, as medições
diárias são analisadas, é reorientado no que for necessário e posteriormente
encaminhado ao seu médico de referência.
Até dezembro de 2011, a equipe de enfermagem realizou 1.171
consultas.
13. Prontuário eletrônico do paciente (PEP): São fontes diferentes de dados,
alimentados pela equipe multiprofissional, organizados de modo a apoiar a
tomada de decisão sobre o tratamento ao qual o paciente deverá ser submetido.
O registro inicial no PEP se dá na consulta de enfermagem, onde são
colhidas: história clínica, hábitos, comorbidades, complicações, exames,
calendário de vacinação, medicações em uso, e outras informações relevantes
Outro item importante que o compõe se refere ao estabelecimento das
metas glicêmicas, que são pré-definidas de acordo com as diretrizes da SBD
(crianças, adultos sem complicações, adultos com complicações etc), tornando,
assim, possível traçar um plano customizado, buscar consistência de dados e
individualizar o tratamento.
14. Consultas médicas periódicas (endocrinologia): este profissional especialista
é responsável pela terapêutica e monitoramento periódico, prescrição
medicamentosa, definição de outros encaminhamentos, de acordo com as
metas e resultados apresentados pelo paciente.
Até dezembro de 2011, a equipe de médicos realizou 6.215 consultas
para pacientes adultos e 303 consultas para crianças e adolescentes.
15. Orientação e marcação de outros encaminhamentos ambulatoriais: após as
avaliações iniciais, as necessidades são identificadas e o paciente é
encaminhado aos demais membros da equipe multidisciplinar (nutrição, serviço
social, psicologia), além de outras especialidades médicas pertinentes ao seu
acompanhamento (oftalmologia, ortopedia, cirurgia vascular, nefrologia etc).
16. Atendimento nutricional: realizado de modo periódico, em grupo e individual,
para orientações nutricionais e dificuldades específicas.
Até dezembro de 2011, o atendimento nutricional do programa realizou
201 atendimentos individuais e 376 atendimentos em grupo.
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Ornelas, Amanda de; Prado, Amauri e colaboradores
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17. Fornecimento de insumos: o material necessário para realizar as medições
diárias (lancetas e fitas reagentes) é dispensado contingencialmente.
18. Curso de orientação aos diabéticos: ocorre quinzenalmente, com abordagem
multidisciplinar (enfermeiro, médico, nutricionista, psicólogo e assistente social).
Em 2011, cerca de 450 pacientes e seus acompanhantes participaram deste
curso, recebendo informações gerais sobre a doença, complicações,
tratamentos, prevenções e recomendações nutricionais.
19. Dia Mundial do Diabetes: o Instituto promoveu em 14 de novembro de 2011 um
evento de cunho educativo e sócio-cultural para o público interessado. Como
resultados desta ação participaram mais de 250 pessoas nas palestras e mais
de 100 participantes nas oficinas práticas.
20. Central de Apoio ao Paciente da Telemedicina (CAPTE): este back office foi
criado para dar suporte às ações da equipe multidisciplinar. Atuando de maneira
ativa e receptiva sobre os indicadores de aderência e na parte terapêutica,
fazendo uma busca ativa e encaminhamento dos casos mais graves. Também
recebe uma demanda espontânea de eventuais dúvidas dos pacientes.
21. Relatórios: desenvolvimento de relatórios assistenciais e gerenciais periódicos,
comparativos e evolutivos, caracterizando uma gestão por resultados, baseada
em evidências e atendendo aos objetivos do programa.
2.1.
Investimentos necessários
a) Recursos financeiros:
O custo mensal de cada paciente é, em média, de R$155,70 podendo variar,
pois o pagamento é feito de acordo com o número de medições transmitidas.
A previsão orçamentária anual estipulada para 1.000 pacientes equivale a R$
1.868.400,00.
b) Recursos humanos:
Duas estratégias foram adotadas para adequar o quantitativo de recursos
humanos à demanda: o remanejamento da equipe existente e contratação de novos
membros.
Com relação ao remanejamento, alguns médicos endocrinologistas do Instituto
foram direcionados para este atendimento específico, ampliando este quadro de 2 para
11 médicos participantes, assim como 1 nutricionista e 1 assistente social que também
foram referenciadas para o programa.
Acerca das novas contratações, a chegada de 1 psicóloga e 1 enfermeira
representam este incremento da equipe.
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c) Recursos materiais:
Estimando um grupo de mil pacientes, podem ser necessários:
1.000 glicosímetros (em comodato);
90.000 fitas/mês, para realização de 3 glicemias/dia;
90.000 lancetas/mês, para realização de 3 glicemias/dia;
30 unidades de comunicação (em comodato).
Ressalta-se que os números acima são atingidos gradativamente de acordo com
a inclusão dos pacientes no programa, conforme pode ser observado no gráfico abaixo:
Gráfico 01 – dispensação de tiras reagentes
2.2.
Outras necessidades e soluções encaminhadas
a) Área física
O espaço físico inicial destinado ao programa foi feito com adaptações na
estrutura existente. Com o número crescente de pacientes ativos, tornou-se necessário
a otimização das áreas de atendimento.
Para a viabilização do projeto nesta proporção são necessários: 1 anfiteatro para
eventos educativos e atendimentos de grupo, 4 consultórios médicos, 2 consultórios de
enfermagem, 1 sala para transmissão de dados, 1 consultório destinado aos demais
atendimentos multidisciplinares.
b) Agenda médica
Com o aumento do programa novos pontos de atendimento foram criados para
acolher os novos profissionais, resultando na adequação da oferta de vagas. Além
disso, medidas internas para otimização das agendas também trazem resultados
satisfatórios, diminuindo o índice de absenteísmo.
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3. Características da iniciativa
a) Inovação – o programa utilizou recursos da telemedicina, possibilitando explorar
formas inovadoras de acompanhamento e gestão, elencadas a seguir:
1. Monitoramento à distância: por meio de um site da internet, é possível
visualizar os resultados das medições de um paciente, de um grupo, de um
determinado profissional ou de todos pacientes ativos. Esta característica
inovadora confere dinamismo à assistência e instrumentaliza a equipe
multidisciplinar com recursos objetivos e exatos.
2. Fornecimento de insumos: a centralização desta demanda desburocratizou
o atendimento e integrou outros processos, gerando economia de tempo e
conforto ao paciente.
3. Garantia de agendamento de consultas e acompanhamento: diante dos
encaminhamentos médico e multiprofissional, a equipe de enfermagem e de
apoio administrativo realiza os agendamentos.
4. Qualidade no atendimento ao cliente: o acolhimento integrado às
demandas constrói um ambiente diferenciado, tornando-se um modelo
institucional. Tais aspectos reforçam mudanças positivas dos pacientes, pois
facilitam o acompanhamento, aderência, comparecimento e resultados.
5. Recursos tecnológicos: alguns recursos inovadores são proporcionados
pela tecnologia que permeia o desenvolvimento do programa, tais como: emails informativos com resultados dos pacientes destinados aos
profissionais, transmissão de dados on-line das medições, atualização
automática do histórico do paciente, comparativos ilustrados entre períodos
de medições etc.
b) Replicabilidade – O programa ampliará suas ações no interior do estado,
podendo alcançar 3.500 pacientes. Para replicar esta iniciativa torna-se
necessária a sistematização das ações e procedimentos. Algumas etapas serão
mantidas, porém outras necessitarão dos seguintes ajustes:
Elaboração de projeto básico: novas estimativas financeiras e materiais
deverão ser feitas, com atualização de objetivos e locais de atuação.
Processo de licitação: por tratar-se de novas quantificações, outro processo
deve ser iniciado.
Projeto piloto: possivelmente, uma ou duas cidades deverão ser escolhidas
para adaptação de processos e utilização de tecnologias.
Inscrições: poderá ser realizada presencialmente em cada cidade com a
possibilidade de agendamento por telefone.
Orientação e marcação de consultas ambulatoriais: customizado de
acordo com as especialidades de cada cidade/região.
Centro de referência e contra-referência: criação de um serviço de
triagem, rastreabilidade e controle da demanda extra-hospitalar (Grande São
Paulo e Interior).
Relatórios: construídos com o objetivo de dimensionar informações gerais
sobre o programa, estabelecer comparativos específicos, conferindo
possibilidades gerenciais para adotar estratégias e avaliar resultados.
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c) Relevância – O diabetes é considerado um problema de saúde pública que traz um
grande impacto econômico nos serviços de saúde, além dos custos que não podem
ser mensurados. Neste contexto, a relevância do programa impacta tanto nos
indicadores institucionais (tempo médio e número de internações e passagens no
pronto socorro), quanto nos aspectos sociais, financeiros, previdenciários etc.
Além disso, as atuais evidências científicas têm mostrado que o custo do
mau controle do diabetes é muito maior do que o investimento em programas de
prevenção. O monitoramento, a educação e o gerenciamento multiprofissional para
manter um bom e intensivo controle glicêmico, justificam a abordagem escolhida,
especialmente se associado a uma proposta inovadora que utilize recursos
tecnológicos.
d) Eficiência no uso dos recursos públicos:
1. Recursos humanos: o dimensionamento destes recursos considera a dinâmica
de crescimento de pacientes ativos no programa, a fim de garantir o atendimento
acolhedor e diferenciado. Sendo assim, a equipe multidisciplinar cresceu,
criteriosamente para acompanhar esta evolução.
2. Recursos financeiros: conforme demonstrado abaixo na tabela 01, as
estimativas financeiras foram dimensionadas conforme o número previsto de
pacientes e de acordo com os custos individuais para prever o custo total mensal.
O rigor e controle gerencial sobre os custos estão presentes, sobretudo
na individualização dos insumos por paciente. Nos demonstrativos abaixo, verificase que não existem valores que prejudiquem a previsão orçamentária anual.
MÊS
Valor previsto (R$)
Valor Pago (R$)
Quantidade de
pacientes/mês
Valor pago por
paciente/mês
set/10
out/10
nov/10
dez/10
jan/11
fev/11
mar/11
abr/11
mai/11
jun/11
jul/11
ago/11
set/11
out/11
nov/11
dez/11
155.700,00
155.700,00
155.700,00
155.700,00
155.700,00
155.700,00
155.700,00
155.700,00
155.700,00
155.700,00
155.700,00
155.700,00
155.700,00
155.700,00
155.700,00
155.700,00
16.277,52
68.139,12
101.503,92
98.982,24
126.181,44
111.720,00
123.014,64
112.000,56
119.103,68
119.389,20
147.999,77
146.776,66
162.516,20
158.782,86
162.825,87
155.213,87
296
372
450
511
582
642
704
763
764
885
875
919
942
969
971
996
54,99
183,17
225,56
193,70
216,81
174,02
174,74
146,79
155,91
134,90
169,14
159,71
172,52
163,86
167,69
155,84
TOTAL
2.491.200,00
1.930.427,55
Tabela 01 – valor mensal pago
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e) Efetividade dos resultados: apresentam-se alguns indicadores e os impactos para
os beneficiários (pacientes, familiares, instituição, gestores), tendo como foco
alguns resultados anteriores e posteriores à iniciativa, tais como: internações
hospitalares e número de passagens no pronto socorro, custos hospitalares, metas
glicêmicas, equipe multidisciplinar, além dos resultados qualitativos.
Internações hospitalares e Passagens no Pronto Socorro (PS):
Após um ano, foi possível evidenciar resultados que vão ao encontro da
base científica e justificativa técnica apresentadas para implantação. Através de
relatórios gerenciais, observaram-se dois indicadores importantes: número de
passagens pelo PS e de internações hospitalares.
Atendendo a um dos objetivos, de reduzir gastos com hospitalizações e
passagens no PS, estes indicadores são observados dentro do período que
compreende um ano antes do programa e um ano após sua entrada. Os dados
foram analisados e comparados individualmente para cada paciente integrante do
grupo.
Conforme gráfico a seguir, observa-se que o número de passagens no PS
deste grupo caiu de 1.298 para 464 no primeiro ano, que representa uma redução
de 64% deste indicador. No que se refere ao número de internações é possível
observar uma redução de 504 para 136 casos, que equivale a uma diminuição de 73%.
A estimativa é que no segundo ano de projeto, se consiga uma redução
ainda maior sobre o resultado atual, de 30 e 38%, respectivamente para cada
indicador.
Programa de Telemedicina
Análise da utilização Pronto Socorro e Internação
1400
1200
1298
1000
800
600
400
504
464
200
0
325
136
84
Gráfico 02 – Indicadores de Internação e Passagens no pronto socorro
Anterior
Atendimento 1º ano
Estimativa 2º ano
Pronto Socorro
Internações
Gráfico 02 – internações hospitalares e passagens no PS
Custos hospitalares:
Os resultados anteriores refletem, também, a otimização da taxa de ocupação
desses leitos, disponibilizando-os aos pacientes de maior complexidade.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) emite relatórios gerenciais,
correlacionando dados sobre as operadoras, planos de saúde e seus beneficiários.
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No IAMSPE, diferente da ANS, que tem por base a população geral, relatórios
semelhantes são desenvolvidos, porém os dados extraídos para apreciação são
compostos de indivíduos portadores da doença, ou seja, diabéticos insulinizados.
Ao estabelecer um comparativo dos dados da ANS com o HSPE, conforme
tabela 02, nota-se uma redução significativa da taxa de internação do HSPE, que se
aproxima do índice da ANS. E no gráfico 03, que após um ano de programa, os custos
hospitalares são menores que os da população em geral (ANS).
Atendimento
antes do
programa
Pronto Socorro (N° Passagens)
N° Passagens
Internações
Tempo Médio (horas)
Taxa de internação anual HSPE
Taxa de internação anual ANS
Atendimento RESULTADO
após 1 ano de após 1 ano de
programa
programa
1298
504
139,44
66,58%
13%
464
136
97,44
17,97%
13%
-64%
-73%
-30%
Tabela 02 – comparativo de utilização
Custo de
atendimento
antes do
programa
Pronto Socorro ANS
ANS Internações ANS
TOTAL
Pronto Socorro HSPE
HSPE Internações HSPE
TOTAL
170.087,68
1.937.592,72
2.107.680,40
102.542,00
2.651.040,00
2.753.582,00
Custo de
atendimento
após 1 ano de
programa
60.801,76
522.842,48
583.644,24
36.656,00
715.360,00
752.016,00
Custo do
Programa no
primeiro ano
RESULTADO
após 1 ano de
programa
1.291.098,75
232.937,41
1.291.098,75
710.467,25
Tabela 03 – custo de atendimento
Antes do programa, o custo de atendimento entre passagens no PS e
internações totalizava R$ 2.753.582,00. Com a implantação do programa, este custo
passou para R$ 752.016,00 (tabela 03).
O gasto com o programa foi de R$ 1.291.098,75 (tabela 03) que, mesmo
somado ao custo de atendimento do primeiro ano, a diferença equivale a R$
710.467,25 (gráfico 03), representando uma redução de 74%.
Programa de Telemedicina
Estimativa de resultado financeiro
8.000.000,00
6.610.119,96
3.836.247,93
6.000.000,00
4.000.000,00
2.753.582,00
2.107.680,40
0,00
710.467,25
232.937,41
2.000.000,00
Após 1 ano de programa
Anterior
Gráfico 03 – Comparativo de resultados financeiros
ANS
Particular
HSPE
Gráfico 03 – resultado financeiro
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Metas glicêmicas:
Conforme mencionado anteriormente, as metas glicêmicas foram propostas de
acordo com as diretrizes da SBD (crianças, adultos sem complicações, adultos com
complicações etc). A customização dessas metas, aliadas à monitorização intensiva,
subsidiaram a melhora no controle da doença.
A fim de instrumentalizar as ações de monitoração intensiva, criar mecanismos
de controle e otimizar os recursos existentes foi criada a Central de Apoio ao Paciente
da Telemedicina (CAPTE), que fomenta as ações da equipe multidisciplinar através da
busca ativa e encaminhamento dos casos mais graves a partir da observação das
metas glicêmicas.
Resultados qualitativos:
Existem resultados não mensuráveis a serem descritos a partir da relação
estabelecida com a qualidade de vida e aspectos sociais.
Estudos mostram que um bom controle glicêmico protela o aparecimento de
complicações crônicas da doença, que estão diretamente relacionado à diminuição da
qualidade de vida, como a neuropatia associada à dor crônica, vasculopatia à
amputação de membros, retinopatia à cegueira, nefropatia à hemodiálise, entre outros.
Criar formas de contribuir para a qualidade de vida e inovar o gerenciamento de
um programa como este é indicar novos caminhos possíveis para gerar economia,
otimização e articulação de diversas contribuições profissionais para a área da saúde.
A relação entre tecnologia e gestão é uma dimensão promissora na área da saúde,
instrumentaliza o profissional e beneficia o paciente, possibilitando a particularização
cada vez mais detalhada do acompanhamento e monitorização. A perspectiva do
atendimento de necessidades torna-se um diferencial a ser potencialmente ampliado e
incorporado na renovação de práticas e intervenções em saúde.
f) Desenvolvimento de parcerias: algumas parcerias foram estabelecidas a partir de
necessidades do programa e organização institucional:
1) Evento em Comemoração ao Dia Mundial do Diabetes
No dia 14 de novembro, comemora-se o Dia Mundial do Diabetes com o
objetivo de disseminar informações para ajudar a controlar e prevenir o diabetes,
além de educar a população em geral.
O IAMSPE, em consonância a este movimento mundial, promoveu em 17
de novembro de 2011 o evento intitulado como: “Vivendo e convivendo bem com o
Diabetes”. O conteúdo escolhido, com uma abordagem diferenciada e
multiprofissional, envolveu toda a equipe multidisciplinar.
A programação contou com palestras e um circuito de oficinas interativas.
Através dessas ações de cunho educativo e sócio-cultural com foco na
conscientização, orientação e prevenção de complicações associadas.
As palestras abordaram temas relacionados ao cotidiano do assunto (“O
que é Diabetes?”, “E o lado psicológico, como fica?”, “Dá pra comer bem e direito?”,
“Qual a importância da prevenção, higiene e saúde bucal?”, “Eu sou diabético e
tenho meus direitos! Quais são eles?”). Já as oficinas práticas, contemplaram
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assuntos relacionados ao auto-cuidado e terapêutica (“Atividade física”, “Nutrição e
cardápio”, “Cuidados com os pés” e “Insulinas, agulhas e seringas”).
Além de recursos próprios e parcerias institucionais, outros contatos foram
estabelecidos com entidades e empresas privadas, com atuação relevante no
assunto, para doações e patrocínios. Como resultado desta ação, atingiu-se a
participação de mais de 250 pessoas nas palestras e mais de 100 participantes nas
oficinas práticas.
2) Central de Apoio ao Paciente da Telemedicina (CAPTE)
Foi criada esta central de apoio para dar suporte às ações da equipe
multidisciplinar e melhorar a comunicação. Atua sobre os indicadores de aderência
e na parte terapêutica, fazendo uma busca ativa e encaminhamento dos casos mais
graves.
São objetivos do CAPTE:
 Rastrear e atualizar informações cadastrais
 Buscar integração da equipe multidisciplinar com o grupo
 Encaminhar as demandas do paciente à equipe multidisciplinar
 Acompanhar a aderência e evolução dos pacientes
 Divulgar informações relevantes (eventos, dicas, alertas, avisos, etc)
 Identificar pacientes com maior prevalência de complicações agudas
 Orientar e esclarecer sobre insulinoterapia, nutrição e cardápio, cuidados
com os pés e outros assuntos pertinentes à doença e/ou tratamento
Com relação às ações desenvolvidas, reuniões periódicas são realizadas com
os pacientes que não apresentam boa adesão ao tratamento. Estes pacientes são
identificados, contatados (e-mail, correspondência, telefonema) e convidados a
participar das reuniões.
Em um dos grupos realizados, dos 48 pacientes, 79% voltou a utilizar
adequadamente os recursos oferecidos pelo programa.
Outra atuação do CAPTE é identificar e atuar nos casos mais graves. Os
pacientes que apresentam maior prevalência de alterações glicêmicas importantes
são identificados e encaminhados para nova consulta de enfermagem. Neste
atendimento é realizada uma reorientação e encaminhamento médico, se
necessário.
O CAPTE funciona como uma ferramenta de rastreamento, aproximação e
individualização do tratamento do paciente. Desta forma, pretende-se que o
estímulo seja contínuo e a motivação para o tratamento não esmoreça.
3) Descentralização das unidades de transmissão/leitura de dados
Com o desenvolvimento do programa, a questão da aderência também
passou a ter uma importância crescente. Através das ações do CAPTE, foi
percebido que a distância entre o paciente e os pontos para descarregar o aparelho
era um elemento que dificultava sua participação.
Realizou-se, então, outra parceria com a empresa responsável pela
tecnologia e abastecimento de insumos, que dispõe de uma rede de outros pontos
de atendimento, onde foram distribuídas unidades de comunicação para
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transmissões de dados. Para definição destes pontos, foi realizada uma análise em
nosso banco de dados com relação à distribuição geográfica dos pacientes.
Atualmente, dispõe-se de sete pontos de transmissão em toda grande São
Paulo com perspectivas de expansão.
4) Integração de dados
Os dados dos pacientes estão distribuídos em diversos sistemas
informatizados. Para um gerenciamento efetivo, foi necessária uma ação de
interfaceamento entre os diversos sistemas, definindo planejamentos, critérios e
estratégias. Deste modo, passagens no pronto-socorro e dados de internação,
consultas e exames ambulatoriais, medições dos pacientes foram compilados em
um único sistema de gestão.
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FONTES PARA VERIFICAÇÃO
Para os itens previamente descritos, que são passíveis de averiguação, segue
abaixo fontes e login de acesso:
Item 2 - Solução adotada
 Subitem 8 - divulgação
http://www.gestaopublica.sp.gov.br/conteudo/MostraNoti.asp?par=2127
http://governo-sp.jusbrasil.com.br/politica/6215340/iamspe-realizavideoconferencia-sobre-diabetes-no-dia-10
http://www.sindasp.org.br/Pagina.aspx?IdNoticia=1370
http://noticias.r7.com/saude/noticias/hospital-de-sao-paulo-vai-vigiar-diabeticosa-distancia-20100817.html
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae
hospital-de-sao-paulo-vai-monitorar-pacientes-diabeticos-adistancia,5963850.htm,
http://m.estadao.com.br/noticias/vidae,hospital-de-sao-paulo-vaimonitorarpacientes-diabeticos-a-distancia,596385.htm
http://www.abril.com.br/noticias/ciencia-saude/hospital-sao-paulo-vai-vigiardiabeticos-distancia-1226029.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/785505-diabeticos-poderaocontrolar-doenca-e-ter-acompanhamento-medico-a-distancia.shtml
http://www.afpesp.org.br/downloads/arquivos/folhaservidor/2009/200911.pdf
http://www.band.com. br/viva-bem/saude/noticia/?id=345269




Subitem 9 - inscrição
Subitem 12 - consulta de enfermagem
Subitem 14 - consultas médicas periódicas (endocrinologia)
Subitem 16 - atendimento nutricional
http://www.hearts.com.br/iamspe/sis/login.php

Subitem 13 - prontuário eletrônico
http://www.gestaodiabetes.com.br
login: VISUALIZADOR
senha: 123456

Item 3 – Característica da iniciativa
Subitem f – Desenvolvimento de parcerias: Dia Mundial do Diabetes
http://www.iamspe.sp.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=52
3:diabetes-sera-tema-de-encontro-que-debatera-a-boa-convivencia-com-adoen
ca&catid=50:noticias&Itemid=62,
http://www.iamspe.sp.gov.br/index.php?option=comcontent&view=article&id=541
:hspe-controla-diabetes-com-monitoramento-e-cursos-de-orientacao&catid=50:noticias&Itemid=62
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