pâmela aparecida cândido - Universidade Federal de Roraima

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA
CENTRO DE EDUCAÇÃO – CEDUC
CURSO DE PSICOLOGIA
PÂMELA APARECIDA CÂNDIDO
TRANSTORNO DISMÓRFICO CORPORAL: LUTANDO CONTRA O ESPELHO
Boa Vista, RR
2014
PÂMELA APARECIDA CÂNDIDO
TRANSTORNO DISMÓRFICO CORPORAL: LUTANDO CONTRA O ESPELHO
Monografia apresentada como prérequisito para conclusão do Curso de
Graduação em Psicologia do Centro
de Educação-CEDUC da Universidade
Federal de Roraima.
Orientadora: Profª. Drª. Nilza Pereira
Araujo.
Boa Vista, RR
2014
PÂMELA APARECIDA CÂNDIDO
TRANSTORNO DISMÓRFICO CORPORAL: LUTANDO CONTRA O ESPELHO
Monografia apresentada como pré-requisito
para conclusão do Curso de Graduação em
Psicologia do Centro de Educação-CEDUC
da Universidade Federal de Roraima.
Defendida em 21 de janeiro de 2014 e
avaliada pela seguinte banca examinadora:
Profª. Drª. Nilza Pereira Araujo
Orientadora/ Curso de Psicologia/ CEDUC- UFRR
Profª. MSc. Soraya Ivon Ramirez
Curso de Psicologia/ CEDUC- UFRR
__________________________________________________________________
Profª. Drª. Pamela Alves Gil
Curso de Psicologia/CEDUC-UFRR
À minha amada família, por tudo.
À Meus pais, Mauro e Maria Aparecida,
Irmãs Patrícia e Paloma.
E a minha 2º família, Sidney Marcelo, Théssia, Cilene,
Thalles e Jorgea Danielle.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me dar forças, sabedoria e direcionamento ao longo desta
jornada.
Aos meus pais, Mauro e Maria Aparecida pelo amor, educação, carinho e
apoio constante. Pelos conselhos e palavras de encorajamento, por sempre
acreditarem em mim. Por abrir mão da minha companhia durante esses anos de
estudo, o que não foi nada fácil, e juntamente comigo suportarem as saudades.
As minhas irmãs, Patrícia e Paloma, pela torcida. Também ao meu cunhado
Vicente Junior pelo apoio.
A minha segunda família, Sidney Marcelo, Théssia, Cilene, Thalita e
Thimóteo, que me acolheram como filha em sua casa e em seus corações, durante
os últimos anos de curso.
A minha amiga e confidente, Jorgea Danielle, por sua amizade, por sempre
me ouvir, compartilhar dos momentos bons e ruins, pelos conselhos, sorrisos e
brincadeiras.
Ao meu amigo, Thalles Nascimento, por sua amizade, carinho, incentivo,
auxílio, companheirismo, sinceridade e convivência que me ajudaram a amadurecer.
Aos meus amigos e colegas que torceram e oraram por mim mesmo estando
longe ou perto.
Ao Pr. Joversi Ferreira Junior, por sua experiente ajuda na tradução do
resumo para o inglês.
A minha turma de Psicologia, Adenilda Favela, Camila Oliveira, Liliane Costa,
Gabriela Cruz, Paulo Henrique, Priscila Delarmelina Nislândia Evangelista, Ingrid
costa, Rafaela Teixeira, Idemar Dartora, Rodrigo Scalabrin, Sérgio Xavier, Marina
Alvares, que juntamente comigo amadureceram ao longo desses anos. Em especial
as amigas e guerreiras que tornarem os anos de estudos mais alegres, que
compartilharam comigo suas lutas e conquistas, Valdirene Amorim, Gleyciane Eva,
Jesucina Nascimento e Lia Salles.
A orientadora, professora Nilza Pereira Araujo, pela dedicação, paciência e
sabedoria durante as orientações.
“A auto- imagem é a essência da
personalidade e do comportamento humano.
Mude a auto- imagem,
e ambos serão transformados.”
Maxwell Maltz
RESUMO
A mídia e a sociedade nas últimas décadas têm exercido grande influência crítica e
observadora sobre o corpo, estabelecendo padrões estéticos, cultuando o belo. As
pessoas que se encontram fora desses padrões acabam por sofrer um desconforto
relacionado à sua imagem corporal. O interesse no descontentamento corporal vem
crescendo, devido à importância da identificação de alterações da imagem corporal
como essencial para o diagnóstico precoce do Transtorno Dismórfico Corporal
(TDC). Diante disso, esta pesquisa teve por objetivo geral investigar e discutir sobre
o TDC, verificando a insatisfação dos portadores deste transtorno com a própria
imagem corporal e qual a eficácia segundo a Terapia Cognitivo-Comportamental.
Para tanto, a coleta de dados foi iniciada com a adoção de critérios que delimitaram
o universo do estudo, orientando a seleção do material, por meio de levantamento
bibliográfico e classificação do material impresso e digitalizado. Para o acesso ao
banco de dados elegeram-se as seguintes condições: trabalhos científicos segundo
os objetivos propostos, investigação de aspectos psicológicos, psicoterápicos e
medicamentosos do Transtorno Dismórfico Corporal, que sejam da área da
Psicologia e Ciências da saúde, eliminando trabalhos de outras áreas. Quanto à
disponibilidade na internet, foram selecionados trabalhos completos e eliminados
trabalhos que permitiram a visualização apenas de resumos ou que se encontram
bloqueados. Foi utilizado somente o idioma português, eliminando as pesquisas
publicadas em outras línguas. E quanto ao período das publicações, foram
delimitadas entre 1980 a 2013. A escolha por delimitar as publicações neste período
deve-se ao fato de que os primeiros rumores e pesquisas sobre o transtorno
iniciaram na década de 80. Optou-se por um estudo exploratório de caráter
bibliográfico. A partir das leituras e análises, foram selecionadas doze (12)
pesquisas nos seguintes bancos de dados, Scielo, Lilacs, BVS, Bireme, e bibliotecas
digitais de universidades brasileiras, dividindo-se em: dois (2) relatos de caso, sete
(7) artigos, duas (2) dissertações de mestrado e uma (1) tese de doutorado. O
método adotado abrange análises quantitativas e qualitativas. O quantitativo foi
utilizado para caracterização geral das pesquisas selecionadas, apresentadas de
forma objetiva, utilizando recursos e técnicas de estatística, numéricos, tabelas e
gráficos. O qualitativo envolveu a análise dos dados e as categorias temáticas. Os
resultados revelam que os comportamentos envolvidos no TDC são: checagens no
espelho, tentativa de camuflagem do suposto defeito, esquiva social,
comportamentos obsessivo, depressivos, compulsivos e delirantes, nos casos mais
graves ideação suicida. Práticas educativas aversivas, a mídia e cultura têm
exercido grande influência na insatisfação da imagem corporal e no desenvolvimento
deste transtorno. Os instrumentos mais utilizados para avaliação do transtorno são
entrevistas, escalas e questionários validados cientificamente. Quanto ao tratamento
farmacológico e psicoterápico, os antidepressivos, antipsicóticos e a Terapia
Cognitivo-Comportamental aparecem como os mais indicados. Os trabalhos na
literatura nacional sobre o tema ainda são escassos, necessitando de futuras
pesquisas sobre a funcionalidade e caracterização dos comportamentos do TDC,
principalmente pesquisas experimentais com representativo número de amostra.
Palavras-chaves:
Transtorno
Dismórfico
Corporal.
Comportamental. Imagem Corporal. Tratamento.
Terapia
Cognitivo-
ABSTRACT
The media and society in recent decades have exercised great critical and observing
influence on the body, setting aesthetic standards, worshiping the beautiful. People
who are outside these patterns end up suffering discomfort related to their body
image. The interest in body dissatisfaction has been growing because the importance
of identifying changes in body image as vital for the early diagnosis of Body
Dysmorphic Disorder (BDD). Therefore, this research had the main objective to
investigate and discuss the BDD by checking the dissatisfaction of patients with this
disorder with their own body image and what is the effectiveness according to
Cognitive-Behavioral Therapy. Therefore, the data collection was initiated with the
adoption of criteria that delimit the scope of the study, guiding the selection of
material through a literature review and classification of printed and digital material.
To database access it was elected the following conditions: scientific papers
according to the proposed goals, investigation of psychological, psychotherapeutic
and pharmacological aspects of Body Dysmorphic Disorder, from the area of
psychology and health sciences, eliminating jobs in other areas. As to the availability
on the Internet, complete jobs were selected and jobs that allow us to view only
summaries or are blocked were eliminated. The Portuguese language was used,
thus eliminating the research published in other languages. And as to the period of
the publications, it were bounded between 1980-2013. The choice to delimit the
publications in this period of time is due to the fact that the first rumors and research
on the disorder began in the 80s. We opted for an exploratory study of a
bibliographical character. From the readings and analysis, we selected twelve (12)
studies in the following databases, Scielo, Lilacs, VHL, Bireme and digital libraries in
Brazilian universities, divided into : two (2) case reports of seven (7) articles, two (2)
dissertations and one (1) PhD thesis. The method adopted includes quantitative and
qualitative analyzes. The quantity was used for general characterization of selected
studies presented objectively, using resources and statistical techniques, numerical
tables and graphs. The qualitative involved the analysis of the data and the thematic
categories. The results reveal that the behaviors involved in the BDD are mirror
checkings, trying to camouflage the alleged defect, social withdrawal, depressive,
compulsive and delusional obsessive behaviors, and, in more severe cases, suicidal
ideation. Aversive educational practices, the media and culture have exerted great
influence on body image dissatisfaction and the development of this disorder. The
most common tools for assessment of the disorder are interviews, scientifically
validated scales and questionnaires. As to the pharmacological and
psychotherapeutic treatment, antidepressants, antipsychotics and CognitiveBehavioral appear as the most suitable. The works in national literature on the
subject are scarce and need further research on the functionality and characterize
the behavior of the BDD, mainly experimental research with representative number of
sample.
Keywords: Body Dysmorphic Disorder. Cognitive-Behavioral Therapy. Body Image.
Treatment.
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1- Objetivos apresentados nas fontes selecionadas................................27
LISTA DE TABELAS
TABELA1- Critérios para construção da amostra...................................................
22
TABELA 2- Classificação, autor, ano, título, fonte e bases de dados de cada
pesquisa selecionada............................................................................................
TABELA
3-
Categorias
selecionadas
e
respectivos
autores
que
23
a
mencionaram..........................................................................................................
25
TABELA 4- Instrumentos utilizados em cada pesquisa, bem como seus
respectivos autores.................................................................................................
27
LISTA DE ABREVIATURAS
BIREME – Biblioteca Regional de Medicina;
BVS – Biblioteca Virtual em Saúde;
LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde;
PUC – CAMPINAS – Pontifícia Universidade Católica de Campinas;
RBCP – Revista Brasileira de Cirurgia Plástica;
SCIELO – Scientific Electronic Library Online;
UEL – Universidade Estadual de Londrina;
USP – Universidade de São Paulo.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12
2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 14
2.1 TRANSTORNO DISMÓRFICO CORPORAL ...................................................................... 14
2.2 IMAGEM CORPORAL ............................................................................................................ 16
2.3. ABORDAGENS TERAPÊUTICAS EM PACIENTES COM TDC ..................................... 18
3. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ................................................................ 21
3.1. OBJETIVOS DA PESQUISA............................................................................................. 21
3.1.1.
Objetivo Geral............................................................................................................ 21
3.1.2.
Objetivos Específicos ............................................................................................. 21
3.2.
METODOLOGIA ................................................................................................................. 21
3.2.1.
Tipo de pesquisa .............................................................................................. 21
3.2.2.
Método da pesquisa ......................................................................................... 21
3.2.3.
Delimitação das fontes .................................................................................... 22
3.2.4.
Locais e Procedimento das fontes................................................................. 23
3.2.5.
Procedimento e Técnica de Analise de Dados ............................................. 26
3.2.6.
Caracterização Geral das Pesquisas ............................................................. 27
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 30
4.1.
COMPORTAMENTOS ENVOLVIDOS NO TDC ........................................................... 30
4.2.
FATORES DE INSATISFAÇÃO COM A PRÓPRIA IMAGEM .................................... 31
4.3.
AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO ...................................................................................... 32
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 35
6. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 36
12
1. INTRODUÇÃO
Em uma sociedade em que os padrões de beleza e os motivos de felicidade
são determinados pela estética. Tudo aquilo que foge desta beleza e destes padrões
é severamente alvo de preconceitos e discriminações. As pessoas acreditam cada
vez mais que a regra para ser feliz deve basear-se na imagem e na aparência
(ROSOSTOLATO, 2013).
Segundo Porto & Lins (2009) a mente humana incorpora distorções de
conceitos e imagens, elevando para o imaginário, situações completamente fora da
realidade, situação essa, que abrange os portadores do Transtorno Dismórfico
Corporal fazendo, com que os indivíduos sintam-se insatisfeitos com sua imagem
corporal. Também conhecido como, dismorfofobia, foi descrita em 1886 por Morselli
como uma síndrome caracterizada por um descontentamento do paciente pelo seu
próprio corpo, associado a um profundo sentimento de vergonha quando se percebia
observado por outras pessoas, pois se julgava muito feio ou deformado.
Os indivíduos com esse transtorno não tem noção da doença, o que os
impulsionam a buscar ajuda nas clínicas de estética e dermatologia, em vez de
buscarem ajuda psiquiátrica ou psicológica, uma vez que o incômodo é
supostamente na aparência física.
O objetivo da pesquisa foi de investigar e discutir sobre o Transtorno
Dismórfico Corporal, verificando a insatisfação dos portadores deste transtorno com
a própria imagem corporal.
Para Di Pietro & Silveira (2009) o interesse no descontentamento corporal
vem crescendo, motivado, na maioria das vezes, pelo reconhecimento da
importância da identificação de alterações na imagem corporal como essencial para
o diagnóstico precoce do Transtorno Dismórfico Corporal (TDC), pois os sintomas
isolados deste e de outros transtornos precedem sua manifestação completa.
De acordo com o que foi exposto e buscando investigar o fenômeno proposto, o
estudo apresentou a seguinte questão norteadora: Como fatores externos e internos
influenciam a satisfação da imagem corporal no Transtorno Dismórfico Corporal?
Segundo Porto & Lins (2009), a sociedade e a mídia nas últimas décadas têm
exercido uma grande influência crítica e observadora sobre o corpo, estabelecendo
padrões estéticos, rotulando e classificando pessoas de acordo com sua imagem
corporal cultuando o belo e perfeito. Proporcionando um desconforto relacionado à
13
imagem corporal, sem indicar um caminho seguro e saudável para modificar essa
percepção distorcida da auto- imagem, causando consequências biopsicossociais
indesejáveis.
Dessa forma, a proposta deste trabalho foi de investigar por meio de uma
revisão bibliográfica o Transtorno Dismórfico Corporal e as percepções distorcidas
da imagem corporal dentro desse transtorno. A fim de, enriquecer o campo da
psicologia, procurando abordar de forma significativa um assunto que até então, tem
sido pouco explorado e observa-se uma escassez de literatura, aumentando assim o
acervo para profissionais e estudantes da área e outros interessados pelo tema.
14
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. TRANSTORNO DISMÓRFICO CORPORAL
O Transtorno Dismórfico Corporal foi descrito pela primeira vez na
classificação de diagnósticos psiquiátricos americano em 1980 no Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 3º edição- DSM-III, como
Transtornos
somatoformes
atípico:
dismorfofobia.
Em
1987
com
poucas
modificações no conceito o DSM-III-R (Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais, 3º edição revisado) traz a descrição do Transtorno Dismórfico
Corporal. Já em 1992 a Classificação de Transtornos Mentais e de comportamento
(CID-10),
classifica
este
transtorno
dentro
da
categoria
dos
Transtornos
somatoformes, como um transtorno hipocondríaco (TRATADO DE PSIQUIATRIA
CLÍNICA, 2002). Para um diagnóstico definitivo, conforme a CID- 10, os dois critérios
listados abaixo devem estar presentes:
a) Crença constante na presença de pelo menos uma doença física séria
originando o sintoma(s), ainda que investigações e exames repetidos não
tenham
identificado
qualquer
explicação
física
adequada,
ou
uma
preocupação persistente com uma suposta deformidade ou desfiguramento;
b) Recusa persistente de aceitar a informação ou confirmação de vários médicos
diferentes de que não há doença ou anormalidade física causando os
sintomas.
É essencial a diferenciação com os transtornos de somatização, depressivos,
delirantes e transtornos de ansiedade e de pânico. (CID- 10, 1993).
Atualmente, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 4º
edição com texto revisado- DSM-IV-TR™ (2002) traz três critérios diagnósticos para
o quadro de Transtorno Dismórfico Corporal:
a) Preocupação com um defeito imaginário na aparência. Se uma ligeira
anomalia
física
está
presente,
a
preocupação
do
indivíduo
é
acentuadamente excessiva.
b) A preocupação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no
funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da
vida do indivíduo.
15
c) A preocupação não é mais bem explicada por outro transtorno mental (por
exemplo, insatisfação com a forma e o tamanho do corpo na Anorexia
nervosa).
Para Battini (2008), ao avaliar a categoria no qual o TDC está incluso na CID
(hipocondria), assim como os três critérios para a classificação no DSM-IV,
identifica-se que o Transtorno Dismórfico Corporal ainda é um transtorno pouco
descrito, mesmo do ponto de vista topográfico. Já que não há identificação de
frequencia, nem operacionalização do conceito “ preocupação excessiva”, ou
especificações das condições em que pode ser considerado “fora dos padrões”.
Tais indefinições e imprecisões produzem mais dúvidas que esclarecimentos.
O TDC em geral inicia na adolescência ou na idade adulta, mas pode iniciar
na infância. É uma condição crônica com uma intensidade crescente e decrescente,
raramente com remissão total. Corover & Gleaves (2001) acreditam que a origem do
Transtorno Dismórfico Corporal pode estar ligada ao início da menstruação no caso
das meninas e a puberdade no caso dos meninos, quando ambos vivenciam o
aparecimento de acnes e mudanças na pele. Porém, não há pesquisas empíricas
que comprovem essa afirmação.
As queixas dos pacientes com TDC comumente envolvem falhas imaginadas
ou leves na cabeça, acne, rugas perda de cabelos, inchaço, palidez ou rubor,
desproporção facial, assim como preocupações com o tamanho, a forma ou algum
outro aspecto relacionado a nariz, olhos, pálpebras, sobrancelhas, orelhas, boca,
lábios, dentes, mandíbula, queixo, bochechas ou cabeça. A parte do corpo na qual
reside o foco da preocupação pode permanecer a mesma ou mudar. Alguns dos
comportamentos típicos mais frequentes neste transtorno são checagens frente ao
espelho e exames de defeito em objetos refletores, por exemplo, vitrines de lojas,
para-brisas, dentre outros, podendo consumir horas por dia. Esses indivíduos podem
tentar camuflar o suposto defeito, deixando a barba crescer, usando acessórios
como chapéus, lenços, casacos ou blusas de manga comprida. O sofrimento e a
disfunção associados com o TDC, embora variáreis podem ocasionar repetidas
hospitalizações e ideação suicida, tentativas de suicídio ou suicídio consumado
(DSM-IV-TR™, 2002).
A causa deste transtorno ainda não é bem conhecida. Vários autores
(PHILLIPS et al., 1995; AMÂNCIO et al., 2002; TORRES, FERRÃO & MIGUEL,
2005) discutem se o TDC deveria ser considerado como um subtipo do transtorno
16
obsessivo-compulsivo (TOC). Isso porque seus portadores apresentam uma
obsessiva necessidade de avaliar seus defeitos, reais ou imaginários, gerando um
comportamento que é característico do TOC. Uma hipótese biológica sugerida seria
a causa orgânica do TDC, a desregulação do sistema serotoninérgico (FIGUEIRA et
al., 1993; FIGUEIRA et al., 1999). Já segundo Mackley (2005), o TDC estaria
relacionado com a imagem corporal psicológica, que é o modelo interno que a
pessoa guarda de si mesma. Esta imagem é formada desde tenra idade e
constantemente alterada por influências externas, durante o seu desenvolvimento.
2. 2. IMAGEM CORPORAL
Ao longo das décadas os padrões de beleza têm oscilado consideravelmente
entre a valorização de corpos roliços, gorduras em quadris, coxas, barriga e mamas,
a ossos e costelas saltadas (SEGATTO; PADILLA; FRUTUOSO, 2006). Muitas
mulheres, que se exibem de forma atraente, porém fora dos padrões de beleza
apresentados na contemporaneidade, levam consigo uma sensação de baixa autoestima, fazendo com que se sintam rejeitadas, desvalorizadas e feias ( DUTRA,
2013).
O conceito de imagem corporal como um fenômeno psicológico foi
inicialmente formulado em 1935, pelo psiquiatra austríaco Paul Ferdinand Schilder
(1886-1940), como sendo a imagem que o sujeito tem de seu próprio corpo em sua
mente, o que pode explicar a forma com que o corpo é a ele apresentado. Segundo
Paul, a imagem corporal que é formada na mente é estabelecida pelos sentidos,
ideias e sentimentos, que na maioria das vezes, são inconscientes. Essa
representação é construída e reconstruída ao longo da vida (SCHILDER, 1999).
Outro estudioso de destaque internacional sobre a imagem corporal é Slade
(1994) que argumenta que ela está composta por dois elementos principais: o
componente perceptual e o componente subjetivo. O primeiro refere-se à exatidão
com que o indivíduo estima o tamanho e a forma de seu corpo, enquanto o segundo
diz respeito às atitudes, valores e aos sentimentos que o indivíduo tem em relação
ao próprio corpo. Portanto, de acordo com Slade a Imagem Corporal corresponderia
a uma “flutuante representação mental do tamanho, contorno e aparência do corpo
que é influenciada por uma variedade de fatores históricos, culturais, sociais,
17
individuais e biológicos, que operam variavelmente ao longo do tempo” (SLADE,
1994).
Ou seja, a imagem corporal é como o sujeito vê seu próprio corpo e age em
relação a este. Esta imagem está constantemente se modificando devido à
influência de vários fatores que atuam durante o ciclo de vida do indivíduo. Sendo
assim, Russo afirma que:
Nossos corpos são vitimizados por políticas de saberes/poderes que nos
identificam, classificam, recalcam, estigmatizam, enfim, formam e deformam
as imagens que temos de nós mesmos e dos outros. Desta forma, o homem
vive o seu corpo não a sua maneira e vontade. Experimenta a todo o
momento uma aprovação social de sua conduta. O corpo tem que aprender
a comportar-se conforme regras e técnicas estabelecidas pela sociedade e
a beleza corporal também é definida por modelo estético padronizado
comercialmente. Sabemos que estes padrões de beleza são modificados a
cada época (RUSSO, 2005, p. 83).
“O culto ao corpo está diretamente associado à imagem de poder, beleza e
mobilidade social, sendo crescente a insatisfação das pessoas com a própria
aparência.” (BOSI et al., 2006). E são os meios de comunicação que se encarregam
de criar gostos e reforçar imagens padronizadas de corpos. Os indivíduos que se
veem fora das medidas sentem-se pressionados e desgostosos. O reforço dado pela
mídia em mostrar corpos atraentes, faz com que parte da nossa sociedade se lance
na busca de uma aparência física idealizada (RUSSO, 2005).
Alves et al. (2009) afirmam que, para alcançar os ideais de beleza, tem
crescido a busca por procedimentos radicais de transformação do corpo,
denominado cirurgia estética. O avanço deste tipo de procedimento cirúrgico reflete
a crença de que a cirurgia estética pode “curar” ou corrigir não só o problema
corporal,
mas
também
restabelecer
o
estado
psicológico
afetado
pela
estigmatização corporal.
Para Ballone (2007) as pessoas acreditam que a beleza resolverá o problema
da timidez e lhes dará segurança social. Entretanto, o que acontece é o início de
uma obsessão que acaba por gerar uma patologia.
A atitude mais habitual, apesar de inocente, é acreditar que a timidez e
insegurança sociais seriam resolvidas caso a pessoa fosse bela, forte, um
modelo de homem perfeito, um corpo escultural. Nasce aí a obsessão de
beleza física e perfeição, os quais se convertem em autênticas doenças
emocionais, acompanhadas de severa ansiedade, depressão, fobias,
atitudes compulsivas e repetitivas (olhadas seguidas no espelho) e que
conduzem ao chamado Transtorno Dismórfico Corporal (BALLONE,
2007).
18
Na pesquisa realizada por Alves et al. (2009), relacionada a cultura e imagem
corporal, os autores concluem que para a prevenção das psicopatologias é
necessário enfatizar aspectos e características do indivíduo que são dignos de valor,
como esforço e competência, e romper com o ideal de magreza imposto pela
sociedade. Já que a cultura desempenha um papel fundamental no modo como o
indivíduo percebe e deseja a sua imagem corporal.
A consciência de si baseada no reconhecimento da própria imagem,
incluindo seus aspectos fisiológicos, sociais e afetivos, é um caminho
promissor para a transformação do corpo-objeto em um corpo-sujeito no
contexto de uma vida social significativa e prazerosa (RUSSO, 2005, p. 89).
2.3. ABORDAGENS TERAPÊUTICAS EM PACIENTES COM TDC
Não há tratamento específico para o Transtorno Dismórfico Corporal.
Estratégias de tratamento têm incluído tratamentos médicos não psiquiátricos (como
cirurgias estéticas, farmacoterapia), Terapia Cognitivo-Comportamental e métodos
combinados. Estudos obtidos por meio de relatos de caso único, linha de base
múltipla com sujeito único e diversos estudos de caso apontaram que a Terapia
Cognitivo-Comportamental parece ser o tratamento mais efetivo (VEALE, 2002;
ROSEN, 2003; CARRACEDO et al., 2004).
Terapia Cognitivo-Comportamental é um termo genérico que abrange uma
variedade de mais de 20 abordagens dentro do modelo cognitivo e cognitivocomportamental, e que tem como características definidoras, três proposições
fundamentais, primeira, que a atividade cognitiva influencia no comportamento;
segunda, que a atividade cognitiva pode ser monitorada e alterada; terceira, que o
comportamento desejado pode ser influenciado mediante mudança cognitiva
(KNAPP, 2004).
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma terapia ativa, a qual tem
como objetivo ensinar o paciente a reconhecer pensamentos e crenças,
principalmente às ideias distorcidas que geram seus problemas. A TCC indica a
importância das conexões entre pensamento, afeto e comportamento, visa também,
examinar as evidências a serviço de pensamentos que são automaticamente
distorcidos, e instrui o indivíduo a substituir esses pensamentos por interpretações
mais lógicas e orientadas para a realidade, determinando afeto e comportamento
mais positivos. A finalidade da TCC é de diminuir a angústia que está relacionada
19
com a distorção cognitiva, ou seja, os erros de processamento de ideias e
pensamentos referente a uma situação. Logo, a Terapia Cognitivo- Comportamental
tende a alterar as interpretações errôneas que prejudicam a vida do indivíduo
(COPETTI, S/A).
Finalmente, Teorias cognitivas- comportamentais mostram que o TDC se trata
de um transtorno no qual a percepção do indivíduo em relação a sua imagem
corporal se encontra distorcida (BATTINI, 2008).
Partindo deste pressuposto, os cognitivistas têm adotado frequentemente o
procedimento de reestruturação cognitiva no tratamento do TDC. Esta abordagem
de reestruturação cognitiva inicia-se pela identificação e registro dos pensamentos
automáticos e crenças disfuncionais, e tem como objetivo desenvolver pensamentos
mais realistas, que incluem a aceitação da beleza como sendo subjetiva e a
compreensão da crença de que humanos são muito complexos para se basear
unicamente na aparência (VEALE et al., 1996).
Outras formas de intervenção são: treinamento de habilidades sociais, roleplay e intervenções psicoeducativas também têm sido utilizados. Em estágios iniciais
do tratamento, esta última vem sendo reconhecida como um elemento importante
(VEALE et al., 1996; CARRACEDO et. al, 2004). A psicoeducação tem por fim
aumentar o conhecimento do paciente sobre o transtorno que é portador, sobre a
origem dos sintomas, efeitos colaterais de medicamentos, procedimentos e etapas
do tratamento para remoção dos sintomas, dentre outras informações (CORDIOLI et
al., 2008).
O role-play consiste no treino de respostas adequadas em procedimento de
ensaio comportamental, no qual o terapeuta e paciente irão reproduzir situações da
vida real que geram desconforto. O objetivo é treinar o paciente a interagir
adequadamente em situações sociais (BARRETO, 2012).
Outra forma de intervenção inclui a Exposição com Prevenção de Resposta
(EPR), que consiste em expor o cliente a situações aversivas, como por exemplo,
prevenir respostas de verificação frente ao espelho e se expor a situações públicas
sem utilizar objetos para camuflar a suposta deformidade. Os exercícios de
exposição seguem uma sequência hierárquica da situação evitada, da que causa
menor para o maior grau de estresse (COROVER; GLEAVES, 2001; VEALE, 2002;
ROSEN, 2003). Além disso, busca-se eliminar comparações excessivas com outras
pessoas, assim como a aceitação de elogios.
20
Segundo Cordioli et al. (2008) o papel do terapeuta cognitivo-comportamental
é auxiliar o paciente a adquirir senso de controle sobre efeitos da dor em sua vida,
identificar, avaliar, modificar pensamentos e expectativas distorcidas.
Em se tratando da prevenção de recaída e término do tratamento,
O paciente é estimulado a antecipar e planejar como será o período após o
término do tratamento, que ocorre de forma gradual. Expectativas em
relação a futuros problemas são examinadas, atentando para o fato de que
a terapia cognitivo-comportamental não significa imunidade a problemas, e
sim um aprendizado de lidar de modo mais efetivo com eles (CORDIOLI et
al., 2008, p. 607).
Para Sadock & Sacock (2007) o tratamento de pacientes com Transtorno
Dismórfico Corporal com procedimentos cirúrgicos, dermatológicos, dentários ou
outras intervenções médicas é quase constantemente malsucedido por não
resolverem o problema, pois este está na percepção errada que o paciente tem de
si, não na aparência física.
Entretanto, os medicamentos tricíclicos, os inibidores da monoaminoxidase e
a pimozida (Orap ®), tem sido úteis em casos individuais, um número maior de
dados indica que os medicamentos específicos para a serotonina- por exemplo, a
clomipramina (Anafranil ®) e a fluoxetina (Prozac ®), reduzem os sintomas em pelo
menos 50% dos casos. Em qualquer paciente com um transtorno mental
coexistente, como um transtorno depressivo ou um transtorno de ansiedade deve-se
adequar a farmacoterapia e a psicoterapia. Não está definido, o tempo que o
tratamento deve durar após a remissão dos sintomas (SADOCK & SACOCK, 2007).
21
3. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
3.1. OBJETIVOS DA PESQUISA
3.1.1. Objetivo Geral
Investigar e discutir o Transtorno Dismórfico Corporal, verificando a
insatisfação dos portadores deste transtorno com a própria imagem corporal e qual a
eficácia do tratamento segundo a Terapia Cognitivo- Comportamental.
3.1.2. Objetivos Específicos

Caracterizar os comportamentos envolvidos no Transtorno Dismórfico
Corporal;

Identificar e descrever os principais fatores da insatisfação com a
própria imagem;

Discutir os principais procedimentos utilizados no tratamento do
Transtorno Dismórfico Corporal.
3. 2. METODOLOGIA
3.2.1. Tipo de pesquisa
Optou-se por um estudo exploratório, a fim de proporcionar maiores
informações sobre a temática. Quanto a sua modalidade é uma pesquisa
bibliográfica e segundo Prodanov e Freitas (2013) a pesquisa bibliográfica é formada
a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, revistas,
publicações em periódicos e artigos, jornais, monografias, dissertações, teses,
internet, dentre outros.
3.2.2. Método da pesquisa
O método escolhido abarca análises quantitativas e qualitativas. O
quantitativo foi utilizado para caracterização geral das pesquisas selecionadas,
22
apresentadas de forma objetiva, utilizando recursos e técnicas de estatística,
numéricos, tabelas e gráficos, procurando traduzir em números os conhecimentos
gerados pela pesquisadora. O qualitativo envolveu a análise dos dados e as
categorias temáticas: comportamentos envolvidos no TDC, fatores de insatisfação
com própria imagem e avaliação e intervenção.
3.2.3. Delimitação das fontes
A coleta de dados é iniciada com a adoção de critérios que delimitam o
universo de estudos, orientando a seleção do material (LIMA & MIOTO, 2007),
concretizada nesta pesquisa por meio de levantamento bibliográfico e classificação
do material coletado. Assim sendo, como mostra a tabela 1, foram escolhidos alguns
critérios para acesso aos bancos de dados:
Tabela 1: Critérios para a construção da amostra.
TRABALHOS
SELEÇÃO
ELIMINAÇÃO
CIENTÍFICOS
Área de pesquisa
Psicologia e Ciências da
Saúde
Ciências sociais, Direito,
etc.
Aspectos psicológicos,
psicoterápico e
Objetivos propostos
medicamentoso do
Transtorno Dismórfico
Outros transtornos
psiquiátricos que não
esteja relacionado com o
TDC, etc.
Corporal-TDC
Abordagem Terapêutica
Disponibilidade na
Terapia CognitivoComportamental
Psicanalítica,
Fenomenológica, Gestalt,
etc.
Trabalho completo
Apenas resumos,
bloqueados, etc.
Idioma
Português
Período de Publicação
1980 – 2013
Inglês, espanhol, italiano,
etc.
(...) -1979
internet
Trabalhos de conclusão de
Tipo de publicação
curso, artigos científicos,
dissertações de mestrado e
Resumos
23
teses de doutorado.
Fonte: Dados da própria pesquisadora.
A escolha por delimitar as publicações neste período deve-se ao fato de que
os primeiros rumores e pesquisas sobre o Transtorno iniciaram na década de 80.
Assim sendo, Lima & Mioto (2007) ressaltam a importância de definir e expor
com transparência o método e os procedimentos metodológicos (tipo de pesquisa,
universo delimitado, instrumento de coleta de dados) que envolverão a sua
execução, detalhando as fontes, de modo a apresentar as bases que orientaram
todo o processo de investigação e de análise deste trabalho.
3.2.4. Locais e Procedimento das fontes
No término da busca, verificou-se a escassez de trabalhos nacionais sobre o
tema e que se encaixavam nos critérios preestabelecidos. A tabela 2 mostra as
fontes e as pesquisas que foram selecionadas, doze (12) no total, sendo: dois (2)
relatos de caso, sete (7) artigos, duas (2) dissertações de mestrado e uma (1) tese
de doutorado:
Tabela 2: Classificação, autor, ano, título, fonte e bancos de dados de
cada pesquisa selecionada.
CLASSIFICAÇÃO
AUTORES/
TÍTULO
ANO
FONTE
BANCOS
DE
DADOS
Jornal Brasileiro
de Psiquiatria
SCIELO
LILACS
Considerações
sobre a clínica e
Gebara &
ARTIGOS: Relato
Barros
de caso
Neto
(2011)
o tratamento de
uma
manifestação
incomum
transtorno
dismórfico
do
24
corporal:
a
síndrome
de
referência
olfatória
Tratamento
do
transtorno
Amâncio et
al. (2002)
dismórfico
corporal
com
Revista Brasileira
de Psiquiatria
SCIELO
LILACS
BVS
Psicologia:
Reflexão e Crítica
SCIELO
Temas em
Psicologia
SCIELO
BVS
Revista Brasileira
Epidemiol
BIREME
LILACS
venlafaxina:
relato de caso
Ramos e
Yoshida
(2012)
Escala
de
Avaliação
do
Transtorno
Dismórfico
Corporal
(EA-
TDC):
Propriedades
Psicométricas.
Transtorno
SalinaBrandão et
ARTIGOS
al. (2011)
dismórfico
corporal:
revisão
uma
da
literatura
Influência
de
fatores
socioeconômicos,
Costa &
Vasconcelo
s (2010)
comportamentais
e nutricionais na
insatisfação com
a
corporal
imagem
de
universitárias em
Florianópolis, SC
25
Transtorno
Moriyama
& Amaral
(2007)
Dismórfico
corporal
sob
a
perspectiva
da
análise
do
Revista Brasileira
de Terapia
Comportamental e
Cognitiva
USP
BVS
Revista Brasileira
de Cirurgia
Plástica
RBCP
Revista Brasileira
de Psiquiatria
SCIELO
Revista de
Psiquiatria Clínica
USP
Dissertação de
Mestrado em
Análise do
ComportamentoUniversidade
Estadual de
Londrina
UEL
comportamento
D’
Dismorfofobia ou
Assumpção Complexo
(2007)
de
quasímodo
Assunção
Dismorfia
(2002)
muscular
Diagnóstico
diferencial
Savoia
fobia
(2000)
transtorno
entre
social
e
Dismórfico
corporal
Desenvolvimento
de software para
avaliação
DISSERTAÇÕES
Battini
transtorno
DE MESTRADO
(2008)
dismórfico
corporal
do
sob
o
enfoque analíticocomportamental
Transtorno
Ramos
(2004)
dismórfico
corporal:
escala
para profissionais
da área de saúde
TESES DE
Conrado
DOUTORADO
(2008)
Prevalência
transtorno
Dismórfico
do
Dissertação de
Mestrado em
Psicologia ClínicaPontifícia
Universidade
Católica de
Campinas
Tese de
Doutorado em
CiênciasDepartamento de
Dermatologia da
PUCCAMPIN
AS
USP
26
corporal
em
pacientes
Universidade de
São Paulo
dermatológicos e
avaliação
da
crítica sobre os
sintomas
nessa
população
Fonte: Dados da própria pesquisadora.
3.2.5. Procedimento e Técnica de Analise de Dados
Nesta fase ocorreu a identificação, localização e reunião das categorias
temáticas presentes nas fontes selecionadas. Utilizou-se análise de conteúdo para
identificar o que está por trás de cada conteúdo manifesto (MINAYO, 2003).
Primeiramente, através de leituras exploratórias, com o objetivo de verificar se
as informações eram de fato interessantes para este estudo, foi possível determinar
a existência de uma relação entre os conteúdos das fontes selecionadas e os
objetivos que se pretendiam alcançar (LIMA & MIOTO, 2007).
Em um segundo momento, partindo de um material bibliográfico amplo para
um mais específico. Logrou-se um esboço das categorias temáticas, mediante a
identificação de termos em comuns presentes nas fontes selecionadas.
As categorias temáticas e os autores que fizeram menção a elas nos textos
lidos e analisados são expostos na tabela abaixo:
Tabela 3: Categorias selecionadas e respectivos autores que as mencionaram.
CATEGORIAS
Comportamentos envolvidos no TDC
AUTORES
Gebara & Barros Neto (2011); Amâncio
et al. (2002); Moriyama & Amaral (2001);
D’ Assumpção (2007); Assunção (2002);
Savoia (2000); Conrado (2008); Ramos,
(2004).
Fatores de insatisfação com a própria Gebara & Barros Neto (2011); Moriyama
imagem
& Amaral (2001); Battini (2008); Costa &
27
Vasconcelos (2010);
Avaliação e Intervenção
Gebara & Barros Neto (2011); Amâncio
et al. (2002); Ramos & Yoshida et al.
(2012); Salina- Brandão et al. (2011); D’
Assumpção (2007); Assunção (2002);
Savoia ( 2000); Conrado (2008); Ramos
(2004).
Enfim, os dados extraídos das fontes selecionadas foram examinados e
interpretados de forma mais aprofundada, tendo como base o referencial teórico
proposto na pesquisa, o que possibilitou uma maior percepção da composição
estrutural qualitativa presente no fenômeno.
3.2.6. Caracterização Geral das Pesquisas
Para uma melhor compreensão da caracterização geral das pesquisas
selecionou-se alguns aspectos quantitativos relacionados aos objetivos, e os
instrumentos, verificados nas fontes selecionadas.
Como mostra no gráfico 1, observa-se que das 12 pesquisas selecionadas,
22% mencionaram ter como objetivo estratégias de tratamento para o Transtorno
Dismórfico Corporal, 22% análise e desenvolvimento de instrumentos de avaliação,
14% tiveram como objetivo a caracterização diagnóstica do TDC e semelhança com
outros transtornos, 14% a investigação sobre a insatisfação com a própria imagem,
14% a revisão da literatura sobre este tema, 7% tornar o transtorno conhecido na
área da cirurgia plástica e 7% a investigação da prevalência do TDC em pacientes
dermatológicos.
28
Gráfico1: Frequência de Objetivos apresentados nas fontes selecionadas.
Objetivos apresentados nas fontes
selecionadas
Estratégias de tratamento
7%
22%
Análise e desenvolvimento de
instrumentos de avaliação
14%
Caracterização diagnóstica do TDC
e semelhança com outros
transtornos
Tornar o TDC conhecido na área da
ciruigia plástica
Revisar a literatura sobre o TDC
14%
22%
7%
Investigar o comportamento e a
insatisfação com a imagem
corporal
Investigar o TDC em pacientes
dermatológicos
14%
Fonte: Dados da própria pesquisadora.
Conforme a tabela abaixo, as pesquisas selecionadas utilizaram os seguintes
instrumentos:
Tabela 4: Instrumentos utilizados em cada pesquisa, bem como seus
respectivos tipos e autores.
INSTRUMENTOS
TIPOS
Semi - estruturada
AUTORES
Costa
&
(2010);
Vasconcelos
Moriyama
&
Amaral (2007); Conrado
Entrevista
(2008).
Estruturada
Questionário
Questionário auto- aplicável
Conrado (2008)
Costa
&
Vasconcelos
(2010);
Ramos
Conrado (2008).
(2004);
29
Escala de avaliação
Escala
de
avaliação
do Ramos & Yoshida (2012);
transtorno Dismórfico corporal Ramos (2004); Conrado
(EA-TDC);
(2008).
Software
Avaliação psicoterápica
Battini (2008).
Antropométricos
Índice de Massa corporal (IMC); Costa
&
Vasconcelos
Circunferência da cintura (CC); (2010).
Percentual de gordura corporal
(%GC)
Não mencionam o
Gebara & Barros Neto
instrumento
(2011); Amâncio et al.
(2002); Salina- Brandão et
al. (2011); D’Assumpção
(2007); Assunção (2002);
Savoia (2000).
Fonte: Dados da própria pesquisadora.
De acordo com a tabela acima, observou-se que 50% dos pesquisadores, ou
seja, seis (6) não mencionam o instrumento utilizado. Já os outros seis (6), um (1)
utilizou como instrumento de pesquisa apenas entrevista semi- estruturada, um (1)
entrevista semi- estruturada, questionário auto- aplicável e medidas antropométricas,
um (1) entrevista estruturada e semi- estruturada, questionário auto- aplicável e
escala de avaliação, um (1) utilizou um software de avaliação do TDC desenvolvido
especificamente para aquela pesquisa, um (1) fez uso de escala de avaliação (EATDC), e um (1) questionários auto- aplicáveis e escala de avaliação.
No total, quatro pesquisadores (4) fizeram uso de entrevistas, dentre estes
três (3) semi- estruturadas; um (1) entrevista estruturada. A entrevista é um das
técnicas mais utilizadas e flexíveis de coleta de dados de que se dispõem as
ciências sociais, permitindo a obtenção de dados referentes aos mais variados
aspectos a vida social (GIL, 2010). Verificou-se também que, três (3) utilizaram
questionários auto- aplicáveis, tais como Body Shape Questionnarie (BSQ-34), Body
Dysmorphic Disorder Examination, Body Dysmorphic Disorder Examination- Self
Report (BDDE- SR), Body Dysmorphic Disorder Questionaire- Dermatology version;
três (3) escalas de avaliação, dentre elas, a Yale- Brown Obsessive Compulsive
Scale modified for Body Dysmorphic Disorder (BDD-YBOCS) e Escala de Avaliação
30
do
Transtorno
Dismórfico
Coporal
(EA-TDC);
um
(1)
utilizou
medidas
antropométricas; e um (1) utilizou um software, que estava sendo desenvolvido pelo
próprio autor, para avaliação do TDC sob o enfoque analítico comportamental. Vale
ressaltar que as escalas e questionários que foram utilizados nas pesquisas, tiveram
suas versões traduzidas para o português.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1.
COMPORTAMENTOS ENVOLVIDOS NO TDC
Os comportamentos mais comuns envolvidos no TDC são checagens frente
ao espelho, camuflagem com maquiagem, acessórios, roupas largas e compridas,
etc (DSM-IV-TR™, 2002).
Em seu trabalho intitulado “Considerações sobre a clínica e o tratamento de
uma manifestação incomum do Transtorno Dismórfico Corporal: a síndrome de
referência olfatória” Gebara & Barros Neto (2011) partindo do pressuposto que a
síndrome de referência olfatória é um subtipo do Transtorno Dismórfico Corporal,
relata o caso de um rapaz que acreditando exalar um odor desagradável, chegava a
tomar quatro banhos por dia, experimentava vários cosméticos de marcar diferentes,
abandonou os estudos e evitava sair de casa.
Amâncio et al. (2002) descrevem o caso de uma paciente do sexo feminino
diagnosticada com TDC segundo os critérios diagnósticos do DSM-IV-TR. Ela se
olhava inúmeras vezes ao espelho em busca do defeito imaginário, picava a pele
várias vezes e perguntava insistentemente aos familiares, à procura de confirmação
para suas comprovações, sobre sua aparência. Fazia exercícios físicos faciais,
alegando que a musculatura do rosto estava flácida.
Moriyama & Amaral (2007) realizaram uma pesquisa com sete participantes
diagnosticados com TDC, a fim de analisar este transtorno sob a perspectiva da
análise comportamental. Encontraram comportamentos depressivos, obsessivos,
compulsivos e delirantes, este último observado nas palavras dos entrevistados
quando se referiam como sendo, “deformado” ou “monstro”; ainda comportamentos
de esquiva social, que eram reforçados negativamente, pois evitavam exposição aos
outros e as críticas sobre sua aparência; outros comportamentos observados foram:
31
checagem no espelho e rituais de camuflagem, com maquiagens, roupas, band-aid,
e em três casos pensamentos suicida. Outros autores (D’ ASSUMPÇÃO, 2007;
CONRADO, 2008) também fazem em seus estudos referência às ideias suicidas e
comportamento depressivo dos portadores de TDC.
O estudo de Assunção (2002) revela que a insatisfação com a imagem
corporal também tem atingido os homens, levando-os a alterações nos padrões
alimentares, atividade física excessiva, checagem exaustiva de ganhos musculares
ocupando horas do por dia, presença de pensamentos de falsa fraqueza que pode
aumentar o risco de uso de anabolizantes.
Savoia (2000) relata a partir de uma perspectiva histórica, as características
do Transtorno Dismórfico Corporal, suas semelhanças e distinções diagnósticas com
a fobia social. Segundo a autora, dos transtornos psiquiátricos, a fobia social é o que
mais se assemelha em critérios diagnósticos com o TDC, nos dois os pacientes
apresentam ansiedade social elevada, isolamento social, esquiva de situações
sociais e medo de crítica e comentários adversos sobre sua aparência.
Battini (2008); Savoia (2000); Ramos (2004) descrevem comportamentos
comuns aos pacientes com TDC: camuflagem, a fim de esconder ou mascarar o
suposto defeito, tais como, deixar crescer a barba, arrumar o cabelo de maneira
peculiar, usar maquiagem de forma ritualizada, usar roupas, como casaco e blusas
de manga comprida; ou acessórios, como chapéus e lenços, além do típico
comportamento de verificação no espelho ou em superfícies refletoras.
Outros autores (AMÂNCIO et al., 2002; CONRADO, 2008; D’ ASSUMPÇÃO,
2007; GEBARA & BARROS NETO, 2011; SALINA-BRANDÃO et al., 2011) expõem
as semelhanças e proximidade dos comportamentos de fobia social e TOC com o
TDC, como por exemplo, o caráter ritualístico dos comportamentos e o isolamento
social presente no Transtorno Dismórfico Corporal.
4.2.
FATORES DE INSATISFAÇÃO COM A PRÓPRIA IMAGEM
A forte influência cultural exercida sobre as pessoas em relação ao seu corpo
pode aumentar a probabilidade da insatisfação da imagem corporal e com isso
aumenta também a possibilidade de se originar transtornos ligados à forma física.
Como aponta Battini (2008):
32
Enquanto as práticas culturais que valorizem a magreza e a perfeição das
formas estiverem presentes, maior será a probabilidade, de que pessoas
estejam insatisfeitas com seu corpo e maior a probabilidade de que venham
a apresentar transtornos ligados a aparência (BATTINI, 2008, p. 40).
Assunção (2002) concorda com a forte influência do fator ambiental para a
insatisfação da aparência física, atualmente um problema que também afeta os
homens, principalmente por conta da pressão crescente da mídia para que os
homens tenham um corpo forte e musculoso.
Os resultados da pesquisa de Costa & Vasconcelos (2010) mostram
indicadores de uma elevada prevalência de rejeição da própria forma física entre as
universitárias pesquisadas. E aponta a sociedade como uma das principais culpadas
por preconizar o belo como bom e a magreza como sinônimo de beleza, sendo a
mesma valorizada pela sociedade e seu oposto, a obesidade, seja profundamente
rejeitada.
Discute- se a provável relação entre práticas educativas aversivas de pais e
do desenvolvimento do TDC (MORIYAMA & AMARAL, 2007; RAMOS, 2004;
BATTINI, 2008), do mesmo modo, eventos críticos que envolvem aspectos da
aparência, acidentes e brincadeiras familiares sobre a aparência surgiram como
possível influenciador da insatisfação da imagem corporal (BATTINI, 2008). No
relato de caso de Gebara & Barros Neto (2011) os sintomas surgiram após um
pedido da mãe para que o filho que acabara de chegar da escola, suado, fosse
tomar banho.
4.3.
AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO
Das fontes selecionadas duas fazem menção às escalas de avaliação para
profissionais da saúde (RAMOS & YOSHIDA, 2012; RAMOS, 2004) A Escala de
Avaliação do Transtorno Dismórfico Corporal (EA-TDC) que foi projetada para
atender a necessidade de se avaliar este transtorno na área da saúde, sobretudo
nas áreas de cirurgia plástica, dermatologia e odontologia, uma vez que, como
citado, a maioria dos portadores de TDC procura em primeiro plano atendimento
desses profissionais.
33
A EA-TDC é um instrumento válido para aferir “a intensidade da preocupação
e o sofrimento com um defeito na aparência e prejuízo social, ocupacional e em
outros campos importantes da vida do indivíduo.” (RAMOS & YOHIDA, 2012).
Outros
autores
(COSTA
&
VASCONCELOS,
2010;
RAMOS,
2004;
CONRADO, 2008) citam como instrumentos de avaliação questionários autoaplicáveis, que avaliam as preocupações com a imagem corporal, auto- depreciação
devido a aparência física e a sensação de estar gorda (BSQ- versão português).
Outros instrumentos como: BDDQ, utilizado para identificar pacientes com o TDC na
psiquiatria; Segundo Conrado (2008) o BDDQ não estabelece um diagnóstico
definitivo, somente sugere que o TDC está presente.
A escala BDD-YBOCS (Yale-Brown Obsessive Compulsive Scale modified by
Body Dysmophic Disorder), serve para medir a gravidade dos sintomas relacionados
à imagem corporal, dentre outros. Em sua pesquisa Ramos (2004) utilizou estes
instrumentos como referência para a construção de uma escala auxiliar de
diagnóstico do TDC. Cada exame escala ou questionário com o objetivo de
identificar, medir, avaliar o Transtorno Dismórfico Corporal nas mais variadas áreas
da saúde (psiquiatria, psicologia, dermatologia, etc). Além de entrevistas clínicas,
estruturada e semi- estruturada, com intuito de avaliar características da capacidade
crítica sobre as crenças do paciente.
Conrado (2008) utilizou em sua pesquisa a entrevista clínica SCID (Structured
Clinical Interwiew For DSM- IV) traduzida para o português e em versão adaptada.
Com a finalidade de verificar os sintomas de transtornos de controle de impulso
verificando a comorbidade com o TDC.
Battini (2008) desenvolveu um software denominado Afrodite que consiste em
dez (10) situações diferentes baseados na literatura sobre o TDC, que descreve os
principais problemas dos portadores deste transtorno, como por exemplo, distorção
da imagem corporal, preocupações com as partes do corpo de maneira exagerada,
comportamentos de esquiva e fuga, alta frequência de checagem no espelho ou
esquiva dele, sentimentos em relação ao problema e padrões de imagem
idealizados; e espera-se com o programa que o profissional da saúde, consiga
identificar a presença de sintomas de TDC em seus pacientes.
Todos os autores citados nas fontes selecionadas utilizaram ferramentas de
acordo com os critérios definidos e aceitos pela comunidade científica para fins de
34
diagnóstico e pesquisa, assim como os critérios diagnósticos dos manuais (CID-10 e
DSM- IV- TR™).
Com
relação
à
intervenção,
na
farmacologia
os
antidepressivos,
especialmente os inibidores seletivos de receptação da serotonina (ISRS) tem
mostrado resultados promissores comparados a outros fármacos (D’ ASSUMPÇÃO,
2007; GEBARA E BARROS NETO, 2011; ASSUNÇÃO, 2002; SALINA-BRANDÃO et
al., 2008). Embora os antipsicóticos também sejam citados, como na pesquisa de
Gebara e Barros Neto (2011) que a melhora do paciente foi alcançada com o uso de
amissulprida. Já no relato de caso de Amâncio et al. (2002) foi um antidepressivo
que resultou em melhora dos sintomas do paciente, a venlafaxina. Lembrando que,
os dados obtidos são de relato de caso com sujeito único, entretanto os resultados
não deixam de ser relevantes para a continuidade das pesquisas.
Ainda em se tratando da farmacologia observa- se que, neurolépticos,
ansiolíticos e alguns antidepressivos não são utilizados ou tem seu uso
descontinuado, por conta dos seus efeitos colaterais, náuseas, sonolência e
agitação (AMÂNCIO et al., 2002; GEBARA & BARROS NETO, 2011).
Quanto à intervenção terapêutica, de acordo com as pesquisas selecionadas,
sugere-se que a Terapia Cognitivo-Comportamental é a mais eficaz. Com seus
procedimentos de dessensibilização sistemática, exposição ao vivo das situações
sociais evitadas, prevenção de resposta, procurando garantir que o paciente não
manifeste comportamentos de esquiva, e identificação e modificação dos
pensamentos negativos e distorcidos e de crenças irracionais sobre aparência física
(SAVOIA, 2000; ASSUNÇÃO, 2002; BATTINI, 2008; CONRADO, 2008; GEBARA &
BARROS NETO, 2011; D’ ASSUMPÇÃO, 2007; SALINA-BRANDÃO et al., 2011).
35
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Transtorno Dismórfico Corporal é uma patologia psiquiátrica caracterizada
pela preocupação com um defeito imaginário na aparência que causa prejuízo na
vida social, ocupacional e em outras áreas da vida do indivíduo não sendo mais bem
explicada por outro transtorno mental.
A insatisfação com a imagem corporal, um dos principais sintomas do TDC,
sofre grande influencia da mídia, sociedade e cultura em geral, que constantemente
tem seus padrões de beleza modificados. Atualmente, o culto ao corpo afeta não só
as mulheres como também os homens, bombardeando-os com imagens do ideal de
magreza feminino e corpos musculosos para os homens como o ideal de beleza.
A Terapia Cognitivo-Comportamental é apontada como a alternativa mais
utilizada nos tratamentos, com sessões de exposição in vivo e reestruturação
cognitiva. Os medicamentos mais utilizados são os antipsicóticos e antidepressivos,
sobretudo os inibidores de recaptação de serotonina.
O estudo apresentou algumas limitações, como o fato de que a maioria das
pesquisas reproduzem as descrições sobre o TDC presentes nos manuais
diagnósticos (CID-10; DSM-IV-TR). É escasso o número de pesquisas sobre o tema
na literatura nacional, e quando surge, são de cunho topográfico, não especificando
a funcionalidade do transtorno, com uma amostra populacional pequena e relatos de
caso de sujeito único, que dificultam a generalização da pesquisa.
Da mesma forma, faz-se necessário mais pesquisas nacionais sobre o tema,
na área de psicologia e psiquiatria, além da criação e validação de instrumentos
para o diagnóstico do referido transtorno.
Apesar das limitações, acredita-se que os resultados sejam relevantes para a
continuidade de pesquisas que visam aprofundar o conhecimento sobre a
funcionalidade do transtorno, como também caracterizar os comportamentos do
TDC, principalmente pesquisas experimentais, com um maior quantitativo da
amostra.
36
6. REFERÊNCIAS
ALVES, D.; PINTO, M.; ALVES S.; MOTA, A.; LEIRÓS, V. Cultura e imagem
corporal. Motricidade Fundação Técnica e Científica do Desporto 2009, 5 (1), 1-20.
AMÂNCIO, E. J.; MAGALHÃES, C. C. P.; SANTOS, A. C. G.; PELUSO, C. M.;
PIRES, M. F. C.; PEÑA-DIAS, A. P. Tratamento do transtorno dismórfico
corporal com venlafaxina: relato de caso. Rev Bras Psiquiatr 2002; 24(3):141143.
Disponível
em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1413389X2011000200015&script=sci_arttext Acesso em: 16 out. 2013.
ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. Manual diagnóstico e estatístico
de transtornos mentais- DSM- IV-TR™. trad. Cláudia Dornelles. 4º ed. rev. Porto
Alegre: Artmed, 2002.
ASSUNÇÃO, S. S. M. Dismorfia muscular. Rev Bras Psiquiatr, 2002, 24 (Supl
III):80-4.
Disponível
em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S151644462002000700018&script=sci_arttext Acesso em: 17 out. 2013.
BALLONE, G. J. Vigorexia - Síndrome de Adonis - in. PsiqWeb, 2007. Disponível
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25 jul. 2013.
BARRETO, E. C. A terapia cognitivo comportamental: prática e contextos. 2012.
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