EDITH STEIN: a construção dos laços intersubjetivos a partir

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José Eduardo de Lima Sá
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EDITH STEIN: a construção dos laços
intersubjetivos a partir da empatia
José Eduardo de Lima Sá
O ser humano foi criado para relacionar-se. Sendo pessoa
humana não é um ser isolado, mas põe em prática a sua humanidade
nas relações pessoais. Dentro desta dinâmica, a empatia é uma via a
qual reconheço que há algo semelhante de mim no outro e que tenho
a possibilidade de criar laços intersubjetivos, procurando fazer o bem
ao ser “alheio”, e assim, eu possa proporcionar um meio para que
ele se desenvolva e se realize através de uma escolha voluntária que
parte de mim.
A temática foi escolhida por ser um assunto inerente ao ser
humano, que carrega em si a capacidade de tornar diferente toda e
qualquer realidade em que está inserido. Na busca por uma sociedade
mais justa, que não tenha diferença e seja mais fraterna, o homem é
protagonista de uma mudança que se torna mais viva e eficaz quando
todos, entrelaçados por um mesmo desejo, lutam em busca de um
mesmo ideal, o bem comum.
Nessa perspectiva, este trabalho buscará demonstrar a
contribuição do pensamento da filósofa Edith Stein (1891-1942) na
busca da compreensão do homem em sua totalidade, sobretudo na
sua dimensão espiritual.
Marcada por uma vida de grandes mudanças sociais e políticas,
Stein foi para toda a humanidade, sobretudo para aqueles que
sofreram com a barbárie do holocausto judeu, um rastro de luz que
Horizonte Teológico, Belo Horizonte, v.15, ed. especial, p.31-33, jul./dez. 2016.
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EDITH STEIN: a construção dos laços intersubjetivos a partir da empatia
emergiu em momento da história dilacerada por duas grandes guerras
mundiais. Portanto, descrever o itinerário de vida dessa mulher requer
uma descrição detalhada do contexto em que ela estava inserida, das
suas vivências familiares e do processo de elaboração e concretização
de suas teorias.
A fim de melhor analisar as referentes ideias propostas, o
desenvolvimento do trabalho será dividido em três capítulos. No
primeiro capítulo trataremos da contextualização histórica em que
estava inserida a filósofa Edith Stein, fazendo uma abordagem dos
acontecimentos e as consequências das guerras que marcaram o
século XX. Sabe-se que este foi um período da história marcado por
grandes mudanças (políticas, sociais e econômicas), acarretando em
uma nova visão de mundo e de homem. Stein não ficou isenta de tais
acontecimentos, sua vida culminou em um martírio no campo de
concentração, em Auschwitz.
No segundo capítulo, abordar-se-ão as vivências constitutivas
do pensamento de Stein, a abertura da questão científica para a
questão da fé e da experiência religiosa, sua investigação sobre a
natureza da pessoa humana e, por fim, através dos seus ensaios
feministas, a contribuição para o surgimento de ideias instigantes
para a avaliação da posição que a mulher deve ocupar na sociedade.
Seus estudos procuravam principalmente a descoberta de um sentido
para a vida humana, o desvendar do mistério da existência.
No terceiro e último capítulo, abordar-se-á o processo de
construção dos laços intersubjetivos a partir do conceito de empatia,
que foi o tema da tese de doutorado de Edith. O contato com o filósofo
Edmund Husserl (1859-1938) possibilitou para Stein parte do seu
embasamento e pensamento filosófico. A fenomenologia husseliana
permitia fundamentos claros sobre questões humanas, mas limitavase quando as indagações eram referentes à dimensão espiritual do
ser humano. Por essa vertente, desdobrou-se Stein em seus estudos,
fazendo uma abordagem da pessoa humana na sua relação com as
coisas, com os outros seres humanos e com Deus.
Horizonte Teológico, Belo Horizonte, v.15, ed. especial, p.31-33, jul./dez. 2016.
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Esperamos que a explanação da temática trabalhada
incomode o leitor no sentido de o mesmo fazer uma análise da sua
posição perante uma sociedade que tende, cada vez mais, caminhar
para um individualismo exacerbado, deixando de lado a construção
de laços intersubjetivos que reforçam a unidade, passando a ver o
outro como um objeto, não mais como um ser que afeta diretamente
a minha existência.
Horizonte Teológico, Belo Horizonte, v.15, ed. especial, p.31-33, jul./dez. 2016.
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