40 METODOLOGIA DE PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: VALORES, SABERES E DESAFIOS MONTEIRO, Ana Maria Gutierrez1 OLIVEIRA ,Alexandra M .da Silva2 RONDON, Gislei A.de Souza3 RESUMO Este artigo é resultado de um trabalho apresentado ao Curso de Especialização das Faculdades Integradas –ICE , a qual se buscou demonstrar a importância da prática com projetos na educação infantil, com o intuito de gerar nos educadores atitude reflexiva em torno das especificidades da criança pequena junto a este mecanismo de trabalho. Para realização do estudo, optou-se por uma abordagem de cunho bibliográfico, com diferentes autores que contextualizam o tema com muita propriedade. Ao final da pesquisa pode-se perceber a importância desse mecanismo na construção de conhecimento dos pequenos aprendizes e que não só eles saem ganhando em sabedoria e valores mais toda a comunidade escolar envolvida neste processo. Palavras-chave: Projetos, Infância, educador, aprendizagem. ABSTRACT This article is the result of a paper presented at the Specialization Course of Integrated Colleges-ICE, which we sought to demonstrate the importance of practice with projects in early childhood education, in order to generate reflexive attitude on educators around the specifics of the child along this mechanism work. To conduct the study, we chose an approach of bibliographic nature, with different authors that contextualize the topic very properly. At the end of the study we can realize the importance of this mechanism in the construction of knowledge of young learners and that they not only wins in wisdom and values over the entire school community involved in this process. Word – key: Projects, Childhood, educator, learning. 1 Pedagoga, Especialista em Educação Infantil e Alfabetização – e-mail [email protected] Pedagoga, Especialista em Educação Infantil e Alfabetização. E-mail [email protected] 3 Pedagoga Professora das Faculdades Integradas – ICE. E-mail [email protected] 2 Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1 (2013) Disponível: http://www.ice.edu.br/TNX/index.php?sid=266 41 INTRODUÇÃO O presente trabalho se constituiu em uma pesquisa bibliográfica, a qual se buscou demonstrar a importância da prática com projetos na educação infantil, com o intuito de gerar nos educadores atitude reflexiva em torno das especificidades da criança pequena junto a este mecanismo de trabalho. A educação infantil é uma modalidade que desafia os profissionais que nela trabalham, pois o contexto trazido pelas crianças precisa ser entendido e estudado com seriedade e compromisso. Neste sentido, trabalhar com a metodologia de projetos é algo que pode enriquecer as experiências tanto das crianças, como do educador, pois os dois terão a oportunidade de socializar e criar seus conhecimentos durante as etapas do trabalho. Aliás as crianças da educação infantil necessitam de educadores competentes, que queiram trabalhar com elas e principalmente que goste de crianças, ou seja , que tenha sensibilidade, que saiba intervir quando necessário, saiba impor regras e limites com paciência e sabedoria. Em outras palavras que acredite na sua metodologia de trabalho e a partir dela instigue e desafie as crianças com situações enriquecedoras garantindo a elas um processo de maturação alicerçado em diferentes conhecimentos e valores. E principalmente que este educador conheça muito bem o seu instrumento de trabalho utilizado, fazendo bom uso dele durante as atividades oferecidas as crianças no espaço da educação infantil. 1. Metodologia de projetos na primeira infância: uma prática educativa ampla e diversificada. Primeiramente antes de iniciarmos uma discussão acerca dos projetos educacionais na primeira infância, é de grande valia esclarecer o que é projeto, Assim segundo o dicionário Aurélio apud Nogueira (2011, p.30) : A palavra projeto origina-se do latim projectu, ‘lançado para diante’, e que se refere a:Idéia que se forma de executar ou realizar algo, no futuro; plano, Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1 (2013) Disponível: http://www.ice.edu.br/TNX/index.php?sid=266 42 intento, desígnio. Empreendimento a ser realizado dentro de determinado esquema. Esboço ou risco de obra a se realizar; plano. A partir desse conceito, compreende-se que projeto é um caminho em construção, onde inúmeras etapas são seguidas para que futuramente se consiga o resultado daquilo que se almejava. Na educação, o projeto pode ser o alicerce do conhecimento, onde os aprendizes atravessam etapas formando o esqueleto do objeto desejado e a partir deste pesquisar, trocar idéias e experiências conquistando assim o resultado final, neste caso: a aprendizagem. Nesta perspectiva a prática educativa com projetos tem muito a colaborar no processo de ensino/aprendizagem, principalmente na primeira etapa da educação básica (educação infantil), que por sua vez, acolhe os futuros cidadãos de uma sociedade tão exigente. Esta ferramenta é um importantíssimo ingrediente para o amadurecimento das habilidades e potencialidades dos pequenos aprendizes, pois é durante as etapas do projeto que as crianças participarão ativamente do seu próprio conhecimento, tornando-se protagonistas das suas próprias descobertas. Em consonância a este contexto trazemos a contribuição de Barbosa e Horn que asseveram: A pedagogia de projetos vê a criança como um ser capaz, competente, com um imenso potencial e desejo de crescer. Alguém que se interessa, pensa, duvida, procura soluções, tenta outra vez, quer compreender o mundo a sua volta e dele participar, alguém aberto ao novo e ao diferente. Para as crianças, a metodologia de projetos oferece o papel de protagonistas das suas aprendizagens, de aprender em sala de aula, para além dos conteúdos, os diversos procedimentos de pesquisa, organização e expressão dos conhecimentos (2008, p. 87). De acordo com as palavras das autoras, a educação infantil é um período em que a criança vivencia grandes desafios e descobertas, que por sua vez, garante o amadurecimento dos seus aspectos físicos, psíquicos e sociais, ampliando assim cada vez mais sua visão de mundo. Além do mais a pedagogia de projetos faz com que a criança tenha participação ativa em todas as etapas da construção do seu conhecimento. Assim trabalhar com projetos na educação infantil é uma excelente forma de atrair o interesse pelo conhecimento, pois é neste momento que o educador oferece uma gama de estratégias, oportunizando o fazer mútuo, Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1 (2013) Disponível: http://www.ice.edu.br/TNX/index.php?sid=266 43 onde não só ele e os alunos como toda a comunidade escolar participe constantemente e ativamente de cada etapa do projeto. Nesse sentido segundo Barbosa e Horn (2008, p. 89), “a comunidade educativa precisa tornar-se uma comunidade de aprendizagem aberta, onde os indivíduos aprendem uns com os outros e onde as investigações sobre o emergente têm nessas trocas papel fundamental”. As autoras deixam claro que a postura de se trabalhar coletivamente traz benefícios promissores para todos e que cada cidadão tem algo novo, diferente e importante para compartilhar. Portanto, faz-se necessário ressaltar que todo e qualquer projeto tem a necessidade de ser trabalhado em conjunto, onde a troca constante de pensamentos tome conta desse processo, criando caminhos, desafios e soluções. Registra-se ainda que esta visão de compartilhar saberes é imprescindível para a formação da criança pequena, pois é nesta fase que os valores são adquiridos através daquilo que elas observam no seu dia- a -dia. E o educador sendo companheiro nesta caminhada de descobertas é quem vai preparar está criança para explorar o mundo a sua volta. Dessa forma na pedagogia de projetos o educador não será a peça fundamental para desencadear o saber, pelo contrário, ele se juntará as crianças na busca pelo conhecimento, onde cada um em seu papel busque formas de alcançar o resultado daquilo que deseja. Principalmente porque “para se trabalhar com projetos, é essencial que desapareça o educador infantil proprietário único do saber e da cultura, que olhe seu aluno como ‘lousa não preenchida ou mente vazia’ dos ensinamentos que transfere” (ANTUNES, 2012, p.17). Nesta perspectiva podemos perceber de forma clara e objetiva que o educador não pode e nem deve ser ou se sentir um ser pronto e acabado nas suas atribuições profissionais junto às crianças, pois ele deverá sempre estar buscando adquirir novos conhecimentos tendo a consciência de que quanto mais ele se sentir incompleto buscara aprender cada vez mais . Sendo assim quando falamos em projetos educacionais, falamos em possibilidades de alcançar uma aprendizagem significativa das crianças e nesta questão, devemos estar atentos a quais tipos de projetos trabalharemos para alcançar este objetivo. Acredita-se que para estimular a curiosidade infantil, o melhor caminho são os projetos temáticos, que por sua vez Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1 (2013) Disponível: http://www.ice.edu.br/TNX/index.php?sid=266 44 acabam por chamar atenção em temas que já fazem parte do cotidiano das crianças e que elas já têm um conhecimento prévio. Vale salientar que esses projetos também contribuem para a ampliação das competências infantis, no qual permite que a criança experimente um vasto repertório de materiais. Podendo assim, estimular o processo de maturação em todos os aspectos. Pois a criança que aprende por meio da pedagogia de projetos, jamais ficará inerte nas suas inquietudes, pois a partir desta ferramenta, ela aprende a ter autonomia, a argumentar, a socializar, a solucionar, a compreender, a se posicionar durante suas pesquisas educativas e principalmente na sua vida lá fora. Além do mais a aprendizagem infantil baseada nos projetos educativos abrange inúmeras competências e habilidades construtivas e fortalecedoras do desenvolvimento integral da criança pequena e entre muitos desses fatores, está envolvido um indispensável componente: a leitura. Está maravilhosa fonte de sabedoria pode ser apreciada durante as pesquisas do tema envolvido no projeto, formando vínculos imprescindíveis com o pequeno público leitor. Isto é a leitura é uma fonte de sabedoria inesgotável, dela nascem os pensamentos, a imaginação, a fantasia, os sonhos e isso tudo faz parte do mundo infantil, um mundo cheio de expectativas. Assim quando lemos uma história para uma criança estamos ampliando suas dimensões cognitivas, afetivas, sociais e culturais. Para além de tantos atributos, a pedagogia de projetos é uma estratégia que amplia a visão de mundo daqueles que fazem uso dela “é uma possibilidade interessante em termos de organização pedagógica porque, entre outros fatores, contempla uma visão multifacetada dos conhecimentos e informações” (BARBOSA; HORN, 2008 p.53). Sendo assim, esta metodologia é uma entre muitas outras formas de atingir a aprendizagem significativa, ela vem somar com o corpo docente e seus aprendizes, ampliando caminhos e propondo desafios relevantes, contemplando formas inovadoras de buscar e atingir o amadurecimento pessoal, profissional e intelectual. Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1 (2013) Disponível: http://www.ice.edu.br/TNX/index.php?sid=266 45 1.1 O papel do educador e o planejamento na prática educativa com projetos na educação infantil. O planejamento é um ato constante do ser humano no decorrer das suas tarefas cotidianas, pois mesmo sem perceber ele planeja suas ações mentalmente e automaticamente. Planejar é necessário quando se trata de querer que algo saia da maneira correta, sem que haja surpresas no caminho. Segundo o Dicionário Luft (2000, p.524) planejar significa “fazer o plano, a planta, o esboço de; projetar, estabelecer o desígnio, o fito de; tencionar”. De acordo com o conceito acima, podemos dizer que todos os dias independentes da situação nós fazemos o uso desse instrumento, seja no trabalho, em casa ou em qualquer outro lugar. Quando planejamos nossas ações fica claro que caminho deveu traçar. Dessa forma o ato de planejar na prática com projetos educacionais é fator importantíssimo, pois, não só as etapas do processo ganham uma direção, como também as crianças aprendem a planejar suas próprias ações e a partir delas compreender melhor o que estão aprendendo. Em comentário a essa questão Nogueira aponta sobre o ato de planejar para os alunos em qualquer idade: Para os alunos o ato de planejar é também uma aprendizagem e uma forma de possibilitar sua autonomia em traçar planos e projetos. É preciso fazer os alunos entenderem e aprenderem que o ato de planejar não significa que colocamos uma camisa de força no projeto, que tudo terá de ser exatamente conforme foi pensado e sonhado inicialmente. Nesse processo de aprendizagem em planejamento, eles precisam compreender sua importância e necessidade, porém entendendo o conceito de flexibilidade e maleabilidade. Utilizando essa estratégia, conseguimos que até os alunos da educação infantil realizem seus planejamentos, pelo simples fato de contarem o que querem e como querem fazer (2011, p.79). De acordo com as palavras do autor, fica evidente a relevância desse instrumento no processo de ensino/aprendizagem, ainda mais podendo utilizá-lo desde a educação infantil, deixando que as crianças aprendam por si só, busquem alternativas e se pronunciem sobre o que pode ser mudado ou acrescentado durante o projeto. Além disso, é de suma importância destacar a postura do educador nesse processo, pois é ele quem vai instigar as crianças nessa Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1 (2013) Disponível: http://www.ice.edu.br/TNX/index.php?sid=266 46 etapa do projeto, dialogando, questionando, e argumentando fatos necessários para um trabalho bem elaborado. Devido a isso na educação infantil é necessário que o educador planeje as possibilidades com cautela, estudando cada etapa com paciência, podendo acrescentar ou retirar algo que não esteja de acordo com o propósito do projeto. Para tanto, o planejamento é um instrumento que cabe tanto ao educador, como a criança, ambos podem planejar o que querem e o que pretendem fazer no decorrer do projeto, é uma forma de ambos entrarem em sintonia, contribuindo ativamente para uma aprendizagem mútua. Assim em cada idade o educador tem diferentes possibilidades para se trabalhar e é a partir de tantas características que a criança amplia seus horizontes. Nesse sentido para se trabalhar com a pedagogia de projetos na educação infantil é necessário que o educador esteja preparado para tal desafio, pois esta tarefa não é fácil, precisa de muita paciência, companheirismo, responsabilidade, compreensão, estudo, conhecimento e acima de tudo comprometimento com aqueles que estão em constante formação: as crianças. Para além de muitos atributos profissionais (ANTUNES, 2012, p. 75) cita algumas outras facetas que são imprescindíveis na pedagogia de projetos: O conhecimento de diferentes teorias pedagógicas e sua implicação no desenvolvimento infantil. Que ao optar pela pedagogia de projetos ou uma linha de estímulos cognitivos, sociais e afetivos possa contextualizar essa linha de ação com as características pessoais dos alunos. Que conheça muito bem os saberes que os alunos trazem para a escola e que faça sempre desses saberes a ponte de ligação com os que em sua atividade possa desenvolver. Que jamais confunda a aprendizagem significativa que promove com saberes mecânicos que levam a criança a conquistar informações, sem o devido conhecimento. Que saiba avaliar significativamente seus alunos, explorando suas diferentes linguagens e percebendo seu progresso em face da Zona de Desenvolvimento Proximal. Que sua ação se mostre interrogativa, desafiadora e sempre pronta para estudar e aprender cada vez mais. Que se destaque aos olhos dos seus Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1 (2013) Disponível: http://www.ice.edu.br/TNX/index.php?sid=266 47 alunos menos como o que ‘tudo sabe e bem conhece’ e bem mais como o pesquisador ávido por respostas coerentes e que esteja sempre disposto a ajudar os alunos a encontrar as respostas que procuram. Que domine diferentes estratégias de ensino e possibilite a estrutura de projetos, sempre consistentes e com objetivos claramente definidos. Existem inúmeros modelos de projetos e faz-se necessário que os alunos possam aprendê-los não somente pelo que em sua essência ensinam, mas como estratégias de ação para seu uso pessoal, suas descobertas e pesquisas mesmo se não solicitadas pela escola. Que se mostre aberto a construir relacionamento transparente com os pais e com a comunidade, acolhendo-os com os subsídios necessários a processos de interação significativos. Extrai do pensamento do autor que o bom educador infantil deve saber que trabalhar com crianças pequenas é trabalhar com múltiplas culturas, é se reconhecer em cada uma delas, é viver ou reviver partes da sua infância, é estar infiltrado num mundo cheio de dinamismo, que precisa ser entendido das mais diferentes formas.Sobre essa questão, Filho compactua com o seguinte pensamento: Assim, entendemos que as crianças precisam ser compreendidas em suas fantasias, em sua imaginação, em suas múltiplas linguagens, em seus constantes movimentos, em suas várias expressões, em suas manifestações espontâneas, em suas criações, suas produções e também recriações e reproduções... e salientamos que tudo isto só é possível pela inserção do professor nesse mundo inusitado e fantástico, pois assim ele poderá entender o que as meninas e os meninos desejam para si, e ainda perceber o que as crianças nos revelam do que conhecem do mundo, e também ser parceiro de suas expectativas, alegrias, emoções, brincadeiras, sentimentos, silêncio, choro, olhares, tudo o que é representado neste período da vida, tão singular e plural ao mesmo tempo... a o qual estamos chamando de infância (2005, p.25). Como se nota a sociedade contemporânea exige um docente que seja multifacetado, que saiba falar cem linguagens (assim como as crianças), que saiba interagir, encarar e resolver desafios, que saiba se pronunciar, que saiba intervir e principalmente, que saiba lidar com crianças. Este facilitador deve ter sede de conhecimento, buscar o saber nas mais diferentes teorias e procurar contemplar a sua prática por meio destas, saber que a missão de formar cidadãos não é fácil e que por isso precisa estar sempre atualizado, com idéias novas e estratégias interessantes, pois cada vez fica mais difícil acompanhar a criançada que vive no mundo das tecnologias. Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1 (2013) Disponível: http://www.ice.edu.br/TNX/index.php?sid=266 48 A respeito aduz Libâneo: Os professores não podem mais ignorar a televisão, o vídeo, o cinema, o computador, o telefone, o fax, que são veículos de informação, de comunicação, de aprendizagem, de lazer, porque há tempos o professor e o livro didático deixaram de ser as únicas fontes do conhecimento. Ou seja, professores, alunos, pais, todos precisam aprender a ler sons, imagens, movimentos e a lidar com eles (2009, p.40). De acordo com o ponto de vista do autor, o professor tem que se juntar aos meios de comunicação, pois eles se transformaram em recursos didáticos, gerando uma forma inovadora de abordar os conteúdos escolares. E nas temáticas que serão escolhidas para o desenvolvimento do projeto é indispensável esses artifícios na busca de informações e conhecimento. Logo a metodologia dos projetos também é uma forma de interagir com a comunidade interna e externa da instituição infantil, podendo compartilhar idéias e enriquecer o aspecto cognitivo. É uma abertura, para pais, professores, alunos, diretores e outros indivíduos falarem a mesma língua, buscando formas de chegar a um único objetivo. Os pais são companheiros importantíssimos nessa caminhada, pois eles podem instigar os filhos nesse processo de descobertas. Para que o educador infantil consiga transformar a vida das suas crianças, é preciso que ele olhe cada um com muito cuidado, que acredite neste ser humano, na sua capacidade de construir o mundo a sua volta, que veja está criança como protagonista nas suas diversas tarefas e que é regado de conteúdos valiosos que podem e devem ser reconhecidos por seus facilitadores. É nesta visão de criança ativamente participante do seu processo de aprendizagem que o educador tem que traçar os projetos educacionais, buscando a partir destes, inculcar o máximo de valores e atitudes, buscando temáticas que influenciem o contexto de vida dos alunos, fazendo com que eles demonstrem de várias maneiras lá fora o que aprenderam na escola. Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1 (2013) Disponível: http://www.ice.edu.br/TNX/index.php?sid=266 49 1.2 A formação do educador nas práticas educativas com projetos na primeira infância. Na educação infantil o educador pode trabalhar com projetos desde o berçário, levando em conta que a metodologia aplicada será bastante diferenciada e que ele terá que estudar todas as possibilidades para promover a aprendizagem dos bebês envolvidos. Visto que, trabalhar com este grupo exige um amplo conhecimento em função das suas dimensões cognitivas, afetivas, sociais e culturais. Ainda de acordo com Barbosa e Horn (2008, p. 72): Com essas características, fica evidente que as crianças bem pequenas necessitam de um modo muito específico de organização do trabalho pedagógico e do ambiente físico. Nessa perspectiva, os projetos podem constituir-se em um eficiente instrumento de trabalho para os educadores que atuam com essa faixa etária. Os projetos com bebês têm seus temas derivados basicamente da observação sistemática, da leitura que a educadora realiza do grupo e de cada criança. Ela deve prestar muita atenção ao modo como as crianças agem e procurar dar significado às suas manifestações. É a partir dessas observações que vai encontrar os temas, os problemas, a questão referente aos projetos. Como podemos verificar, o educador infantil tem que se submeter a um estudo detalhado em torno das crianças antes de programar o que será aprendido e assim proporcionar projetos voltados para o que elas precisam adquirir durante o seu desenvolvimento integral. Portanto, para que o educador seja um facilitador competente nas suas atribuições é de extrema importância focar-se na sua atualização permanente, alicerçando sempre o seu fazer pedagógico nos quatro pilares da educação, sendo estes: aprender a conhecer, aprender a ser, aprender a conviver e aprender a fazer. Soma-se a isto adquirir na carreira profissional múltiplas competências e habilidades é essencial para se destacar no mercado de trabalho e um dos caminhos para adquirir este atributo é ter a atitude de aprender a prender, pois “para ser professor, mais do que ensinar é preciso gostar de aprender, o que implica compreender que formação científica, cultural e política não para, mas continua” (MACHADO, p. 129). Por isso na formação continuada o educador tem que ter em mente que a prática se faz juntamente com a pesquisa, é nela que ele tem que focar o seu conhecimento, buscando Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1 (2013) Disponível: http://www.ice.edu.br/TNX/index.php?sid=266 50 sempre inovar seu modo de agir em sala de aula e o ato de questionar o saber-fazer é fator primordial no seu condicionamento. A respeito disso Freire contribui com as seguintes palavras: Não há ensino sem pesquisa e nem pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade (1996, p. 29). Para tanto é importante salientar que a formação permanente se faz no elo entre teoria e prática, uma complementando a outra, principalmente porque é difícil e praticamente impossível desenvolver um trabalho eficiente e promissor com somente um desses conhecimentos. Neste processo de revigorar a prática docente, o formador tem que utilizar constantemente da ação reflexiva, reestruturar sua metodologia, mostrar para que veio e que é um cidadão ativo e participante do seu próprio crescimento. Como enfatiza Alarcão: A noção de professor reflexivo baseia-se na consciência da capacidade de pensamento e reflexão que caracteriza o ser humano como criativo e não como mero reprodutor de idéias e práticas que lhes são exteriores. É central, nesta conceptualização, a noção do profissional como uma pessoa que, nas situações profissionais, tantas vezes incertas e imprevistas, atua de forma inteligente e flexível, situada e reativa (2003, p.41). A autora destaca bem o lado do professor criativo, envolvido com o seu trabalho, que saiba lidar com as diferentes situações existentes na sala de aula e que reage de acordo com o que está acontecendo ao seu redor. O desenvolvimento profissional do facilitador infantil só é garantido por meio de uma aprendizagem que norteia, ou melhor, que envolve o mundo da criança pequena, ele tem que pensar na criança que irá formar e amadurecer seu pensamento no sentido de que seu crescimento se dará em sintonia com este pequeno ser humano. De acordo com Machado (2008, p. 149): Um mundo onde a profissionalidade é tão complexo exige, com certeza, uma jornada de crescimento e de desenvolvimento ao longo do ciclo de vida. Envolve crescer, ser, sentir, agir permanentemente; é um processo de desenvolvimento e aprendizagem ao longo da vida. Envolve crescimento, Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1 (2013) Disponível: http://www.ice.edu.br/TNX/index.php?sid=266 51 como o da criança, requer empenhamento, com a criança, sustenta-se na integração do conhecimento e da paixão. Esta perspectiva de aprendizagem ao longo da vida leva-nos a conceptualizar o desenvolvimento profissional como uma caminhada que decorre ao longo de toda a vida; uma caminhada que tem fases, que tem ciclos, que pode não ser linear, que se articula com os diferentes contextos sistêmicos que a educadora vai vivenciando. Nesse sentido o educador que desenvolve seu trabalho junto com o desenvolvimento de suas as crianças, não articula somente saberes, mais também sentimentos que fazem uma enorme diferença nesta caminhada. As crianças aprendem muito mais quando o educador demonstra interesse por eles, pelo que estão sentindo e passando e é a partir da empatia que ele conquistará o respeito e o carinho eterno das mesmas. Em vista disso a formação dos educadores precisa de um ‘choque térmico’ para que possa suprir as necessidades dos alunos e isso só será possível com muita força de vontade por parte dos educadores, principalmente porque “não há ensino de qualidade, nem reforma educativa, nem renovação pedagógica sem uma adequada formação de professores” (NÓVOA apud MACHADO, p. 195). Sendo que está adequada formação docente também se faz nos espaços tempos da instituição infantil, onde não só educador e criança trocam experiências, mais todos os outros (as) profissionais que fazem parte da instituição infantil, utilizando assim da reciprocidade aprendendo e ensinando ao mesmo tempo, tornando-se praticantes ativos nesse processo continuo. Conforme sustentam Azevedo e Alves: Conversas entre professores/as sobre suas experiências cotidianas nas salas de aula, incluindo, sem grandes formalidades, algumas declarações catárticas, ocorrem nos diferentes espaços tempos da Escola. Essas conversas, que ocorrem entre uma e outra aula, na hora do recreio, da entrada ou da saída, demonstram que o aprender e o ensinar são partes de um mesmo processo, que não exclui o professorado; ao contrário, amplia e ressignifica seus saberes construindo e orientando sua formação, tecida pelas e nas redes de relações/interações vivenciadas no cotidiano. Naquele espaço tempo, há pistas e situações concretas que nos ensinam e desvelam os caminhos da formação (2004, p. 44). Por conseguinte este papel de educador aprendente de novas contribuições precisa basear-se em questões que norteiam sua ação docente, principalmente nesta questão de lidar Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1 (2013) Disponível: http://www.ice.edu.br/TNX/index.php?sid=266 52 com crianças em permanente desenvolvimento. É neste sentido, que os profissionais da educação têm que repensar a sua prática, indagando seus saberes para que o seu trabalho seja desenvolvido com grande propriedade e eficácia. Assim, seja qual for a metodologia de ensino aplicada aos alunos, fica claro a necessidade de profissionais altamente capacitados para lidar com qualquer modalidade de ensino e isso só será possível se eles potencializarem seus ensinamentos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do exposto fica evidente que a pedagogia de projetos na educação infantil realmente trás grandes benefícios para o desenvolvimento das competências e habilidades da criança pequena. A partir dela, as crianças se transformam em protagonistas do seu próprio conhecimento, desabrochando a cada nova etapa do percurso percorrido. Oportuno destacar também neste contexto, que o educador tem que se encontrar durante o projeto, tem que questionar a sua própria prática junto às crianças e entender que elas contribuem ativamente neste trabalho, que também podem e devem ser questionadas sobre seus pensamentos e ainda que sabem construir conhecimento a partir daquilo que vivenciam. Portanto quando o educador escolhe esta estratégia de ensino, ele escolhe revigorar seus ensinamentos, escolhe mergulhar em um “rio” cheio de novos contextos, novos valores e novos desafios. É um momento de grande impacto para o docente, pois ele terá que reviver fatos da sua infância e se encontrar na infância de hoje, estruturando a sua prática na infância da contemporaneidade. Todavia a formação continuada deste facilitador tem que estar totalmente situada ao seu ambiente de trabalho, para que a partir dos seus novos saberes ele possa favorecer seus alunos com o máximo de habilidades possíveis, contribuindo ativamente e significativamente para a formação de cidadãos críticos perante a sociedade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALARCÃO, I. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez, 2003. Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1 (2013) Disponível: http://www.ice.edu.br/TNX/index.php?sid=266 53 ANTUNES, C. Projetos e práticas pedagógicas na educação infantil. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. AZEVEDO, J. G.; ALVES, N. G. (orgs.). Formação de professores: possibilidades do imprevisível. Rio de Janeiro: DP&A, 2004. BARBOSA, M. C. S.; HORN, M. G. S. Projetos pedagógicos na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2008. FILHO, A. J. M. (org.). Criança pede respeito: temas em educação infantil. 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