Ensaio crítico sobre como uma empresa pode ser líder e transformadora ao desenvolver valores e senso de compromisso em equipes Autor: Priscila Sandra Nicoletti O primeiro passo para uma empresa ser líder e transformadora é desenvolver um significado único para suas atividades, para evitar que seja percebida de maneira diversa, como aconteceu com os indíduos a quem foi perguntado o que estavam fazendo durante a construção da Catedral de Saint Paul: o primeiro respondeu que estava carregando pedras, o segundo disse que estava preservando seu salário e o terceiro, construindo uma catedral. Assim, a organização precisa cuidar para que, quando em grupo ou em equipes, essas pessoas tenham uma percepção única de seu significado e de sua finalidade. Essa percepção deve estar clara em todos os níveis, de modo a permitir que seus integrantes conscientizem-se da importância da canalização de seus esforços, energias e recursos para alcançar a missão proposta. Daí a importância de estabelecer-se um sentido e um significado único para suas atividades. O processo de gestão estratégica inicia-se efetivamente a partir da delimitação do negócio, formulação da visão, da missão e do inventário das competências distintivas da organização. Visão estratégica A maneira como a organização é administrada afeta o comprometimento e envolvimento das pessoas que vão executá-las. É comum diretores e executivos, com funções diretivas, deixarem de preocupar-se com decisões estratégicas e ocuparem-se com decisões operacionais e administrativas. Os dirigentes da empresa, para serem líderes e transformadores, precisam envolver-se menos com o dia-a-dia da organização e voltarem-se às mudanças que ocorrem no ambiente externo e que continuamente vão afetá-la. O fracasso institucional e a falência dos sistemas hierárquicos tradicionais decorrem da crescente necessidade de maior interdependência interna e integração externa à organização, da emergência da sociedade do conhecimento e das mudanças aceleradas que estão ocorrendo no ambiente. A nova ênfase é sobre a estratégia e o processo orientados para o mercado, não para conveniência interna. Devem focar e reforçar os esforços organizacionais para conquistar e manter vantagens competitivas. A ênfase no capital como recurso crítico deve mudar para a ênfase no conhecimento, nas pessoas e nos relacionamentos; da ênfase na produção para a ênfase no mercado; da ênfase do comércio local para o comércio internacional. Descentralização As organizações precisam flexibilizar suas hierarquias rígidas, para favorecer e intensificar relacionamentos, com a adoção de procedimentos voltados para decisões mais colegiadas, menos centralizadas. Precisam encorajar a inovação, precisam mudar o estado mental reducionista para um mais amplo e abrangente, abordando organisticamente suas atividades coletivas. É necessário que a gerência e supervisão adicionem valor à sua equipe. Só assim, o empregado estará apto em buscar o desempenho em situações novas e mais complexas. Um colaborador não tem, de imediato, aspiração de ser supervisor. Sua maior aspiração é ser reconhecido por seu desempenho e por sua habilidade. As habilidades dos participantes deverão ser analisadas à luz do papel que se pretende em face das estratégias escolhidas. Todas as pessoas devem agregar valor ao desempenho de sua atividade na organização. As atividades que empregam tecnologias mecânicas necessitam de habilidades manuais, as que empregam tecnologia informacional necessitam de habilidades intelectuais. O foco deverá estar não nas tarefas ou em atividades isoladas das pessoas, mas em seu resultado final. Esse resultado final é produzido não por uma terefa individual, mas uma coleção de tarefas, organizadas em um processo. Valorizar as pessoas É necessário que se adote a idéia de equipe, ou seja, um grupo de pessoas com responsabilidade coletiva para a criação de um resultado final. Esse tipo de trabalho, que compartilhe idéias e criatividade em todos os níveis, deverá ser encorajado. O empregado deverá ter mais autonomia e responsabilidade para tomar decisões sobre suas tarefas. Deverá estar apto a tomar as decisões por estar mais próximo da ocorrência que as demandam. Esse novo enfoque parte da crença de que as pessoas possuem um potencial para ser realizado, ao contrário do que só desempenhar seu status quo, sua rotina. A real barreira para que essa mudança efetivamente ocorra, está na nossa experiência e crenças arraigadas. As pessoas são o ativo organizacional de maior valor e são capazes de imenso desenvolvimento. Apenas tratá-las bem não é suficiente; é necessário ajudá-las a encontrar significado e realização no que fazem. Elas querem contribuir para aquilo que consideram significativo. A declaração da missão tem que estar no coração de todas as pessoas, internas e externas, da organização. Caminhar na mesma direção Todos os funcionários precisam caminhar na mesma direção. Compartilhar a visão e viabilizar o desenvolvimento de estratégias que se darão a partir desse conhecimento. Compartilhar conhecimento e compartilhar informação ocorrem quando as pessoas estão genuinamente interessadas em ajudar as outras e desenvolver novas capacidades para ação. Significa criar processo de aprendizagem. A cultura também deve ser foco de preocupação. Seu fortalecimento faz com que, em tempos difíceis, as pessoas unam-se para lidar com a realidade e maneira sinérgica, em vez de se tornarem solitárias e difusas em seus comportamentos, opiniões e ações. A organização, nessa perspectiva, deverá criar uma cultura que considere as mudanças ambientais como uma oportunidade ao contrário do que uma ameaça. As fronteiras que essa cultura irá demarcar deverão ser suficientemente flexíveis. Papel do líder A migração da situação existente para a situação desejada é papel maior da liderança organizacional. Seu objetivo maior é transformar a direção em um senso de propósito comum para todos os colaboradores. Eles precisam ter uma visão e um conjunto de valores comuns baseados em princípios nos quais acreditam. As pessoas só irão sentir-se motivadas a contribuir se acreditarem na organização. O líder deve introduzir desafios inspiradores. Seu papel será o de facilitar, habilitar e motivar e não só dirigir, controlar e supervisionar as pessoas. O líder deve estimular e incentivar a busca de parceiros, formar alianças e investir em tecnologia e conhecimento. Deve fazer com que esse relacionamento seja uma extensão dos relacionamentos com o cliente. Em síntese, é papel da liderança orientar na busca da visão por meio da inovação, da cooperação grupal e da criatividade individual. É essa interação que viabilizará a formação de alianças e parcerias para conduzir a organização a um posicionamento competitivo desejado. As organizações precisam desenvolver, a partir da liderança, princípios e cultura, um senso de conexão, do trabalho em equipe como parte de um processo. As pessoas descobrem significado e realização na consciência de que são lideradas por princípios naturais baseados no senso comum do significado da visão, em torno de um sistema de valores.