1 Transdutor Híbrido de Corrente e Tensão para Monitoração Linhas de Transmissão de 138 kV A. C. Zimmermann, LABMETRO-UFSC; P. B. Uliana e M. Wendhausen, DOCUMENTTA; R. Nicolodi, CELESC. Resumo - Este artigo apresenta o desenvolvimento de um transdutor híbrido de corrente e tensão aplicado a linhas de 138 kV. O transdutor está baseado em um circuito eletrônico montado no topo de um isolador de porcelana que obtém as informações de corrente e tensão da linha através de sensores e as transfere por meio de cabos de fibra óptica. A medição de corrente é relativamente simples e utiliza os mesmos princípios dos transformadores de corrente TC’s convencionais. Já a medição da tensão é um ponto critico do projeto, pois a mesma não é medida diretamente, mas sim calculada com base nos valores do campo elétrico na base e no topo do isolador. Palavras-chave - Transdutor híbrido, Sensor de corrente, Sensor de Tensão, Alta tensão, Medição de corrente e tensão em linhas de transmissão. I. INTRODUÇÃO O transdutor híbrido de corrente e tensão para 138 kV, descrito neste artigo, é o resultado de um trabalho de P&D contratado pelas Centrais Elétricas de Santa Catarina CELESC o qual está sendo desenvolvido pelo Laboratório de Metrologia e Automatização da UFSC - LABMETRO em parceria com a empresa Documentta Tecnologia Ltda. O projeto foi dividido em duas etapas, cada uma com um ano de duração. Na primeira etapa um protótipo laboratorial do medidor foi desenvolvido a fim de testar os princípios básicos de funcionamento de um TPC híbrido Na segunda etapa, três protótipos industriais foram desenvolvidos e instalados em condições reais de operação, monitorando uma linha de 138 kV na subestação CEFA da CELESC em Florianópolis. O protótipo laboratorial foi submetido apenas a ensaios funcionais e testes de isolação, nos quais algumas medições mais básicas foram efetuadas. Por uma questão de otimização de recursos os ensaios metrológicos e operacionais serão realizados somente no protótipo industrial. Mesmo assim os resultados preliminares já obtidos foram bastante favoráveis e demonstraram que as incertezas Agradecemos ao apoio logístico da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, apoio administrativo da Fundação para o Ensino de Engenharia em Santa Catarina - FEESC e pelo apoio financeiro da CELESC Distribuição S.A.. Autores: A. C. Zimmermann, Dr. Eng., é professor e pesquisador do Laboratório de Metrologia da UFSC - LABMETRO (email: [email protected]). P. B. Uliana, Dr, Eng., é pesquisador da Documentta Tecnologia LTDA (email: [email protected]). M. Wendhausen, Eng,, é engenheiro da Documentta Tecnologia LTDA (email: [email protected]). R. Nicolodi, Enga., é engenheira da Divisão de Subestações DVSE da CELESC SA; (email: [email protected]). de medição do TPC estão na faixa de 0,5% do final da escala de medição. Considerando que os TPC’s convencionais apresentam erros elevados (da ordem de 3 a 5%) e alguns outros problemas que serão comentados a seguir. Acredita-se que a tecnologia proposta tem um grande potencial, tanto sob o ponto de vista metrológico, de segurança de operação e também econômico. II. TRANSDUTORES DE POTENCIAL E CORRENTE (TPC) CONVENCIONAIS Os transdutores convencionais de corrente e potencial utilizados em linhas e sistemas de transmissão de energia elétrica são compostos de conjuntos de bobinas, indutores e capacitores, que são conectados a linha e geram níveis de sinal de saída compatíveis com medidores e reles de proteção. Estes equipamentos são todos muito semelhantes, apresentando diferenças basicamente quanto a sua classe de precisão, e também quanto ao material isolante que compõem o transdutor. Apesar de serem os transdutores atualmente mais utilizados, eles apresentam uma série de limitações, dentre as quais podemos citar: • Limitação na resposta aos transientes; • Acoplamento galvânico entre o secundário e os instrumentos de medição; • Suscetibilidade aos problemas de compatibilidade eletromagnética [1], [2]; • Não linearidades (distorção da forma de onda devido à saturação do núcleo) [3], [4] e [5]; • Riscos de operação (sujeitos a falhas de isolação) e problemas de segurança para os equipamentos e operadores; III. TRANSDUTORES NÃO CONVENCIONAIS DE CORRENTE E TENSÃO Os transdutores não convencionais de corrente e tensão tem princípio de operação bem distintos dos transformadores de potencial TP’s e transformadores de corrente TC’s convencionais. Dos diversos tipos de transdutores existentes dois grupos de destacam: • Transdutores ópticos; • Transdutores híbridos; A seguir serão descrito em maiores detalhes os sensores ópticos para medição de tensão e medição de corrente. 2 Transdutor Eletro-Óptico de Tensão Dentre os diversos medidores de tensão atualmente disponíveis, o que emprega o efeito Pockels [6] é um dos mais promissores. Ele detecta as mudanças do campo elétrico através de mudanças no estado de polarização da luz quando submetida a este mesmo campo elétrico. Apesar de seu princípio de funcionamento ser conhecido a mais de cem anos, devido a problemas tecnológicos, somente agora é que as pesquisas estão se voltando para esta aplicação. Na figura 1 se pode ver um diagrama esquemático deste tipo de transdutor. Um feixe de luz polarizada “Ii” atravessa um meio óptico birrefringente que está sujeito a um campo elétrico provocado pelos eletrodos de alta tensão. O feixe de luz “Io”, na saída do meio birrefringente, possui uma defasagem entre os eixos rápido e lento do seu sistema de polarização a qual é proporcional ao campo elétrico existente no local. Assim através da medição desta defasagem se obtém o valor da tensão que está sendo aplicada aos eletrodos. A defasagem é medida se utilizando um analisador óptico que separa o sinal e o envia a dois fotodetectores FDR (direito) e FDL (esquerdo). • Tecnologia complexa. Além da grande vantagem dada pela isolação óptica, neste tipo de transdutor o sinal chega ao instrumento de medição isento de ruídos e sem problemas de compatibilidade eletromagnética e com total segurança ao usuário. Transdutor Eletro-Óptico de Corrente Tal qual o sensor eletro-óptico de tensão, o transdutor eletro-óptico de corrente representa o estado da arte em monitoramento de corrente elétrica para sistemas de alta tensão. O mais conhecido dos princípios de funcionamento é o que emprega o efeito Faraday, no qual um feixe de luz polarizada sofre uma rotação na presença de um campo magnético [9] [10]. A Figura 2 abaixo ilustra este princípio onde a luz polarizada passa através de um circuito óptico que envolve o condutor de forma a receber a máxima influência deste. O ângulo de rotação que a luz polarizada receber em relação a entrada é proporcional ao campo magnético gerado pela corrente passando no condutor. Da mesma forma que no exemplo anterior o sinal elétrico proporcional a corrente elétrica medida é obtido através de dois fotodetectores. Figura 1 - Sensor eletro-óptico de tensão, pelo efeito Pockels. Em algumas aplicações podemos encontrar este tipo de transdutor associado a divisores de potencial capacitivos para reduzir o potencial elétrico em sobre o sensor [7]. Figura 2 – Transdutor óptico de corrente pelo efeito Faraday. A seguir são listadas as principais vantagens e desvantagens desta nova tecnologia [8] comparada aos TC’s e TP’s convencionais. As vantagens e desvantagens dessa tecnologia comparadas aos transdutores convencionais são praticamente as mesmas do transdutor eletro-óptico de tensão. Vantagens: • Alta precisão; • Alta linearidade; • Acoplamento ótico de alta isolação; • Maior segurança para as instalações; • Grande segurança pessoal; • Não é necessário óleo ou SF6 para isolação; • Sem perdas por efeito Joule; • Efeito de capacitâncias parasitas é desprezível; • Mesmo dispositivo para medição e proteção. Desvantagens • Alto custo; Transdutores Híbridos de Corrente e Tensão Os transdutores híbridos também utilizam tecnologias ópticas para obter uma alta isolação, mas neste caso as fibras ópticas são utilizadas apenas como canal de comunicação sendo a aquisição de dados feita por meio de sensores eletro/eletrônicos que flutuam no potencial da linha e sua alimentação pode ser feita por meio de fibras ópticas, células fotovoltaicas ou por acoplamento magnético. Os transdutores híbridos, por serem objeto de um projeto de P&D entre a UFSC e a CELESC serão tratados com maiores detalhes na próxima seção. 3 IV. TRANSDUTOR DE TENSÃO E CORRENTE (TPC) HÍBRIDO DESENVOLVIDO O TPC híbrido desenvolvido está baseado na utilização de uma fibra óptica como elemento de isolação e transmissão do sinal [11], [12] adquirido por um circuito eletrônico localizado no mesmo potencial da tensão monitorada. O circuito eletrônico de medição foi montado no topo de um isolador de porcelana de 138 kV tipo pedestal. O potencial de alimentação do circuito de medição “flutua” sobre a tensão da linha e, portanto deve estar totalmente isolado dos demais circuitos do TPC. A figura 3 mostra um diagrama em blocos no qual podemos observar que o TPC híbrido é composto por três módulos eletrônicos distintos, um no topo do isolador (monitorando a corrente e o campo elétrico no topo), outro próximo a base do isolador (monitorando o campo elétrico na base) e o terceiro instalado dentro da SE (processando os sinais lidos e gerando sinais proporcionais aos valores de tensão e corrente na linha). Observa-se também que toda a comunicação entre os módulos é feita por meio de fibras ópticas, sendo que o módulo na base do transdutor recebe os dados lidos no módulo de transdução e os retransmite para o módulo de processamento. O módulo de transdução obtém a informação da corrente na linha por meio de uma bobina de Rogowski [13] acoplada ao uma barra de alumínio na qual a linha é conectada. A bobina de Rogowski detecta o campo magnético sendo sua tensão de saída proporcional a derivada da corrente que circula na linha. Desta forma o sinal de saída da bobina deve ser integrado a fim de que a corrente na linha seja obtida, o que é feito de forma numérica, a partir do valor numérico da tensão na saída da bobina, obtido por meio de um conversor analógico digital. Uma forma simplificada de observar estes sensores, mostrada na figura 3, é considerar que a tensão é obtida através de um divisor capacitivo formado por três elementos: Os dois sensores de campo elétrico e o próprio corpo do isolador. Como a capacitância do isolador de porcelana é aproximadamente 1.000 vezes menor que a dos sensores, quando o isolador é submetido a uma tensão da ordem de dezenas de milhares de Volts, nos sensores serão medidos valores de tensão da ordem dezenas volts. Assim a tensão sobre o sensor pode ser lida por meio de divisores resistivos de alta impedância, que reduzem o sinal de tensão para uma faixa de tensão compatível com a entrada dos conversores AD utilizados. Entretanto numa implementação prática o valor do divisor resistivo acaba sendo muito menor do que a reatância capacitiva dos sensores e desta forma o sinal obtido é proporcional a derivada da tensão na linha precisando também ser integrado para a obtenção do valor desejado. É importante observar que analise considerando sensores de campo elétrico operando como um o divisor capacito é apenas uma aproximação. Na realidade o que esta sendo monitorado é o campo elétrico entre a linha e o plano de terra. O campo elétrico é mostrado na figura 4, sendo que a distribuição interna do potencial no isolador é mostrada na figura 5. Figura 4. Distribuição do campo elétrico em torno do isolador. Figura 3. Diagrama em blocos do medidor desenvolvido. A tensão na linha não é medida diretamente, mas sim calculada com base no valor dos campos elétricos na base e no topo do isolador. Os sensores de campo elétrico que foram utilizados são basicamente duas placas metálicas separadas por um dielétrico (formando um capacitor). Figura 5. Distribuição do potencial ao longo do eixo Y, no interior do isolador. 4 Apesar desta curva não ser linear, com apenas dois pontos da mesma podemos obter o valor da tensão com uma precisão teórica, conforme apresentado na referência [14], da ordem de 0.1%. Já para apenas um ponto de medição esta precisão teórica cai para a ordem de apenas 3 a 5% do valor medido. A figura 7 mostra um desenho em corte do protótipo industrial que já tem uma mecânica muito mais complexa e robusta. Os cabos de fibra óptica passam por dentro do isolador e o modulo de retransmissão fica alojado embaixo do isolador. No módulo de transdução, as informações adquiridas pelos sensores são condicionadas e quantizadas por meio de dois conversores AD de 16 bits. O módulo de retransmissão também mede o campo elétrico na base do isolador por meio de um AD de 16 bits. No módulo de processamento as três informações (uma corrente e duas tensões) são recebidas por meio de um protocolo de comunicação serial que permite a detecção de erros. Neste módulo a corrente e tensão na linha são calculadas, sendo geradas duas saídas de sinal (4 a 20 mA),uma proporcional a corrente e outra a tensão da linha. Além disso, para facilitar os ensaios o módulo de processamento é capaz de gerar registros oscilográficos dos sinais monitorados (com disparo manual dos registros). O projeto de pesquisa foi desenvolvido em dois anos, sendo no primeiro desenvolvido um protótipo laboratorial como o objetivo de testar as tecnologias básicas de medição que seriam utilizadas. Já no segundo ano foi desenvolvido um protótipo industrial com características muito próximas de um produto final que foi instalado em uma subestação de 138 kV. A figura 6 mostra um desenho do protótipo laboratorial. Podemos observar que se trata de um equipamento com varias simplificações como, por exemplo, as fibras ópticas passando por fora do isolador e caixas bastante simples para abrigar os círculos de medição. Alem disso o circuito de medição foi alimentado por meio de baterias. Apesar destas simplificações o primeiro protótipo desenvolvido permitiu validar toda a parte de medição deixando de lado apenas os aspectos relacionados a uma instalação em campo que foram desenvolvidos no segundo ano do projeto. Figura 7 - Diagrama mostrando um corte interno do protótipo industrial desenvolvido. Um aspecto importante é a utilização de um sistema de alimentação óptica, mostrado na figura 8, no qual um laser de 1W de potência óptica instalado na base do equipamento gera um feixe de luz que é transmitido a um conversor óptico que gera 400 mW de potencia elétrica em sua saída, o que é suficiente para alimentar o circuito de medição no topo do isolador. Figura 8 - Foto do sistema de alimentação óptica. Figura 6 – Desenho mostrando o protótipo laboratorial. Na figura 9 são mostradas fotos dos dois protótipos desenvolvidos onde pode ser observada uma clara evolução da parte mecânica, porém os circuitos de medição utilizados nos dois equipamentos são praticamente os mesmos. Outro aspecto importante que pode ser observado nesta figura é 5 que o protótipo industrial ficou com uma disposição mecânica muito próxima de um produto final, distinguindose dos demais TP’s e TC’s instalados na SE apenas por suas linhas mais delgadas. amperímetro com uma incerteza de medição de ±5 A, na escala de 250 A e de ±10 A na escala 500 A. O valor de erro percentual indicado é relativo ao final de escala de 2000 A. Como a fonte disponível fornecia no máximo 500 A, não se pode ensaiar toda a faixa de medição, mas devido às características construtivas das bobinas não são esperados problemas de saturação e desta forma a medição deve manter-se linear em toda a faixa. No protótipo industrial serão realizados testes mais precisos, utilizando uma fonte de maior capacidade de corrente e um medidor de corrente com incertezas de medição na faixa de 1 A. Ainda serão verificados os erros devido a variação de temperatura ambiente e a presença de campos magnéticos externos nas proximidades do TPC. TABELA I - RESULTADOS DE UM CICLO DO ENSAIO DE MEDIÇÃO DE CORRENTE. Corrente aplicada (A) Corrente medida Erro Valor (A) (A) (%) 50 54 -4 -0,20 100 97 3 0,15 150 148 2 0,10 200 206 -6 -0,30 250 247 3 0,15 300 292 8 0,40 350 355 -5 -0,25 400 396 4 0,20 450 446 4 0,20 500 509 -9 -0,45 Figura 9 - Fotos do protótipo laboratorial desenvolvido no primeiro ano do protótipo industrial já instalado em uma SE. Medição de Tensão V. ENSAIOS REALIZADOS Como o protótipo laboratorial desenvolvido serviu apenas para validar os princípios de medição envolvidos na pesquisa, nesta primeira etapa não foram realizados ensaios de desempenho metrológico, mas apenas ensaios de operação básica e ensaios de isolação. Estes ensaios foram realizados no laboratório de alta tensão da CELESC cujos equipamentos atenderam bem a demanda dos testes preliminares, mas que não permitem um levantamento exato das características metrológicas do TPC híbrido, pois as incertezas de medição dos equipamentos utilizados como padrão nos ensaios é da mesma ordem de grandeza das incertezas previstas para o TPC de 0,5 % da faixa de medição, o que já é muito melhor do que a incerteza dos TPCs convencionais hoje utilizados. Medição de corrente Os resultados dos ensaios de medição de corrente realizados no TPC híbrido desenvolvido são mostrados na tabela 1. Observou-se que na medição foi usado um A medição da tensão é um dos pontos críticos do projeto do TPC híbrido. Os TPC’s ópticos comerciais operam medido o campo elétrico em três pontos dentro do isolador, mas os optou-se pela medição do campo em apenas dois pontos (na base e no topo do isolador). Nos ensaios realizados pode-se observar que para uma escala de até 170 kV, considerando apenas um dos valores de campo elétrico (no topo ou na base) do isolador, a tensão pode ser estimada, com uma incerteza de medição da ordem de 10 % do final de escala, o que ficou dentro da previsão teoria estimada na referência [14]. Isto pode ser observado no gráfico da figura 10 onde duas curvas foram obtidas considerando-se apenas a tensão na base e no topo do isolador. 6 TABELA II - RESULTADOS DE UM CICLO DO ENSAIO DE MEDIÇÃO DE TENSÃO. Figura 11 - Tensões obtidas por meio do campo elétrico na base e no topo de isolador para uma tensão de linha de 47,5 kV. Na curva da figura 11 uma não linearidade pode ser observada em função do aumento da tensão aplicada. Tensão aplicada (kV) Tensão Calculada (kV) 4,2 Erro (kV) (%) 4,50 -0,3 -0,15 18,1 17,95 0,15 0,07 19,9 19,75 0,15 0,07 41,7 40,75 0,95 0,50 47,5 47,00 0,5 0,26 67,2 67,40 -0,2 -0,10 97,2 96,65 0,55 0,28 123,0 122,05 0,95 0,50 145,0 144,70 0,3 0,15 151,0 150,50 0,5 0,26 175,0 174,95 0,05 0,02 VI. INSTALAÇÃO DO PROTÓTIPO EM CAMPO O TPC foi inicialmente instalado na subestação CEFA utilizada no treinamento de funcionários da CELESC. A instalação e praticamente a mesma de uma SE normal com a única limitação de que a corrente de carga é praticamente nula. Nesta instalação o objetivo é o de observar: Figura 10 - Curvas de medição de tensão considerando apenas o campo na base e no topo do isolador. Estes resultados mostram que a monitoração do campo elétrico em apenas uma posição leva a erros muito elevados, que são até maiores do que os observados nos TP’s convencionais. Entretanto a tensão pode ser obtida por meio de cálculos que tendo como base as duas informações dos campos elétricos disponíveis (no topo e na base do isolador), levem em conta as distorções de amplitude e variações de fase gerando um valor final que é muito próximo da tensão na linha. Na tabela 2 é apresentado o valor de tensão medido e calculado com base nos sinais de campo elétrico da base e do topo do isolador, nela pode-se observar que os erros de medição se reduzem consideravelmente. Como a incerteza de medição do padrão utilizado no ensaio é da ordem de 0.5 % e os erros observados são desta mesma ordem, acredita-se que o erro de medição de tensão do TPC deve ser ainda menor, o que deverá ser confirmado em ensaios futuros. • Comportamento do TPC ao sujeito a intempéries como: Umidade, vento, temperatura e contaminação por sujeira; • Comportamento metrológico do TPC em um sistema trifásico: Verificar possível interferência entre as fases; • Comportamento metrológico do TPC ao longo do tempo: Verificar a estabilidade do sistema ao longo do tempo; • Desempenho geral do sistema: Verificar o grau de confiabilidade e detectar problemas de “morte prematura” de componentes; O ensaio em campo ainda está em andamento não sendo possível publicar seus resultados no momento. VII. CONCLUSÕES Com a construção do primeiro protótipo do TPC híbrido pode-se observar que os princípios básicos de operação envolvidos se comportaram conforme esperado. O equipamento passou sem problemas nos testes de isolação e testes funcionais básicos, adquirindo sinais de corrente e tensão e gerando registros oscilográficos dos sinais monitorados. Além disso, outro fator elucidado com a construção do primeiro protótipo do equipamento foi a viabilidade na 7 obtenção de um valor confiável de tensão com base nos campos elétricos medidos no topo e na base do isolador. Se for considerado que os erros observados nas tabelas acima são da ordem das incertezas dos padrões utilizados, podemos esperar que incertezas ainda menores sejam obtidas nos ensaios metrológicos com o protótipo industrial que esta sendo desenvolvido. Por outro lado existe uma série de fatores que não foram ainda avaliados e que podem afetar o desempenho do medidor como: • Variações na temperatura de operação; • Presença de campos elétricos e magnéticos nas proximidades do medidor (devidos as outras fases da linha monitorada e também a fontes de radio freqüências); • Operação sob elevado grau de umidade; • Acúmulo de poeira sobre o medidor; • Condições de transitórios e defeitos nas linhas. Estes fatores estão sendo previstos no projeto do protótipo industrial do TPC híbrido e serão também considerados nos ensaios metrológicos finais. Os resultados preliminares já obtidos com o TPC híbrido são bastante promissores, pois além de ser um equipamento relativamente preciso, não existem problemas de captação de ruídos nos cabos de fibra óptica que transmitem a informação, e existe um alto grau de segurança na operação do equipamento. O equipamento desenvolvido tem um custo de materiais da ordem de US$ 5.000,00, valor que viabiliza seu desenvolvimento uma vez que um conjunto TP + TC convencional para 138 kV se situa na faixa de US$ 30.000,00. Ainda algumas características podem ser aperfeiçoadas como, por exemplo: • Uso de duas fontes de alimentação de luz redundantes para garantir a continuidade de funcionamento mesmo com um defeito em uma das fontes; • Uso de uma monitoração continua de temperatura para prevenir/compensar problemas de operação; • Uso de uma CPU do tipo DSP para gerar sinais de saída em tempo real que irão alimentar reles e medidores digitais; Resumindo, os primeiros resultados já obtidos apontam que: • O TCP híbrido tende a ser bem mais preciso que os TP’s e TC’s convencionais tanto em termos de linearidade quanto de freqüência de operação; • A operação do TCP híbrido tende a ser bem mais segura que os TP’s e TC’s convencionais, eliminando problemas de operação e riscos de explosão; • A interferência entre canais devido as grandes distâncias de cabeção tende a ser praticamente eliminada no TPC híbrido; • Com uso de fontes (ou mesmo de equipamentos) redundantes a confiabilidade do TPC híbrido tende a ser igual ou mesmo superior a dos TP’s e TC’s convencionais; • Com uma produção em escala o preço final do TPC híbrido pode ser até inferior a custo de um TC e um TP convencionais; Em se concretizando o acima exposto, em um prazo de 15 a 20 anos se poderia ter um cenário no qual todos os TP’s e TC’s convencionais estivessem substituídos por TPC’s híbridos. Desta forma acredita-se que as tecnologias de TPCs híbridos desenvolvidas podem ser aplicadas na prática com grandes vantagens em relação as tecnologia de TPCs convencionais e com resultados muito próximos a aqueles obtidos com tecnologias de TPC ópticos, mas a um custo menor. VIII. AGRADECIMENTOS Agradecemos pelo apoio recebido dos técnicos da CELESC, dentre os quais os Engenheiros Sérgio Stüpp, Jânio Búrigo, Carlos Willemann e Paulette Pinheiro. IX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] P. C. Oliveira, “Análise de Transformadores de Corrente para Medição”, Dissertação de mestrado – Pontíficia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001. [2] A. F. S. Levy, Et all, “Diagnóstico integrado de transformadores de potência – Aplicação”, XV SNPTEE, Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, outubro de 1999. [3] D. Kind, “An Introduction to High-Voltage Experimental Technique”, Braunschweig: Fried. Vieweg & Sohn Verlagsgesellschaft mbH, pp 3-13, 1978. [4] M.C. 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