Transdutor Híbrido de Corrente e Tensão para

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Transdutor Híbrido de Corrente e Tensão para
Monitoração Linhas de Transmissão de 138 kV
A. C. Zimmermann, LABMETRO-UFSC; P. B. Uliana e M. Wendhausen, DOCUMENTTA;
R. Nicolodi, CELESC.
Resumo - Este artigo apresenta o desenvolvimento de um
transdutor híbrido de corrente e tensão aplicado a linhas de
138 kV. O transdutor está baseado em um circuito eletrônico
montado no topo de um isolador de porcelana que obtém as
informações de corrente e tensão da linha através de sensores e
as transfere por meio de cabos de fibra óptica. A medição de
corrente é relativamente simples e utiliza os mesmos princípios
dos transformadores de corrente TC’s convencionais. Já a
medição da tensão é um ponto critico do projeto, pois a mesma
não é medida diretamente, mas sim calculada com base nos
valores do campo elétrico na base e no topo do isolador.
Palavras-chave - Transdutor híbrido, Sensor de corrente,
Sensor de Tensão, Alta tensão, Medição de corrente e tensão
em linhas de transmissão.
I. INTRODUÇÃO
O transdutor híbrido de corrente e tensão para 138 kV,
descrito neste artigo, é o resultado de um trabalho de P&D
contratado pelas Centrais Elétricas de Santa Catarina CELESC o qual está sendo desenvolvido pelo Laboratório
de Metrologia e Automatização da UFSC - LABMETRO
em parceria com a empresa Documentta Tecnologia Ltda. O
projeto foi dividido em duas etapas, cada uma com um ano
de duração. Na primeira etapa um protótipo laboratorial do
medidor foi desenvolvido a fim de testar os princípios
básicos de funcionamento de um TPC híbrido Na segunda
etapa, três protótipos industriais foram desenvolvidos e
instalados em condições reais de operação, monitorando
uma linha de 138 kV na subestação CEFA da CELESC em
Florianópolis. O protótipo laboratorial foi submetido apenas
a ensaios funcionais e testes de isolação, nos quais algumas
medições mais básicas foram efetuadas. Por uma questão de
otimização de recursos os ensaios metrológicos e
operacionais serão realizados somente no protótipo
industrial.
Mesmo assim os resultados preliminares já obtidos
foram bastante favoráveis e demonstraram que as incertezas
Agradecemos ao apoio logístico da Universidade Federal de Santa
Catarina - UFSC, apoio administrativo da Fundação para o Ensino de
Engenharia em Santa Catarina - FEESC e pelo apoio financeiro da
CELESC Distribuição S.A..
Autores:
A. C. Zimmermann, Dr. Eng., é professor e pesquisador do Laboratório
de Metrologia da UFSC - LABMETRO (email: [email protected]).
P. B. Uliana, Dr, Eng., é pesquisador da Documentta Tecnologia LTDA
(email: [email protected]).
M. Wendhausen, Eng,, é engenheiro da Documentta Tecnologia LTDA
(email: [email protected]).
R. Nicolodi, Enga., é engenheira da Divisão de Subestações DVSE da
CELESC SA; (email: [email protected]).
de medição do TPC estão na faixa de 0,5% do final da
escala de medição. Considerando que os TPC’s
convencionais apresentam erros elevados (da ordem de 3 a
5%) e alguns outros problemas que serão comentados a
seguir. Acredita-se que a tecnologia proposta tem um grande
potencial, tanto sob o ponto de vista metrológico, de
segurança de operação e também econômico.
II. TRANSDUTORES DE POTENCIAL E CORRENTE
(TPC) CONVENCIONAIS
Os transdutores convencionais de corrente e potencial
utilizados em linhas e sistemas de transmissão de energia
elétrica são compostos de conjuntos de bobinas, indutores e
capacitores, que são conectados a linha e geram níveis de
sinal de saída compatíveis com medidores e reles de
proteção. Estes equipamentos são todos muito semelhantes,
apresentando diferenças basicamente quanto a sua classe de
precisão, e também quanto ao material isolante que
compõem o transdutor.
Apesar de serem os transdutores atualmente mais
utilizados, eles apresentam uma série de limitações, dentre
as quais podemos citar:
•
Limitação na resposta aos transientes;
•
Acoplamento galvânico entre o secundário e os
instrumentos de medição;
•
Suscetibilidade aos problemas de compatibilidade
eletromagnética [1], [2];
•
Não linearidades (distorção da forma de onda devido
à saturação do núcleo) [3], [4] e [5];
•
Riscos de operação (sujeitos a falhas de isolação) e
problemas de segurança para os equipamentos e
operadores;
III. TRANSDUTORES NÃO CONVENCIONAIS DE
CORRENTE E TENSÃO
Os transdutores não convencionais de corrente e tensão
tem princípio de operação bem distintos dos
transformadores de potencial TP’s e transformadores de
corrente TC’s convencionais. Dos diversos tipos de
transdutores existentes dois grupos de destacam:
•
Transdutores ópticos;
•
Transdutores híbridos;
A seguir serão descrito em maiores detalhes os sensores
ópticos para medição de tensão e medição de corrente.
2
Transdutor Eletro-Óptico de Tensão
Dentre os diversos medidores de tensão atualmente
disponíveis, o que emprega o efeito Pockels [6] é um dos
mais promissores. Ele detecta as mudanças do campo
elétrico através de mudanças no estado de polarização da luz
quando submetida a este mesmo campo elétrico. Apesar de
seu princípio de funcionamento ser conhecido a mais de cem
anos, devido a problemas tecnológicos, somente agora é que
as pesquisas estão se voltando para esta aplicação.
Na figura 1 se pode ver um diagrama esquemático deste
tipo de transdutor. Um feixe de luz polarizada “Ii” atravessa
um meio óptico birrefringente que está sujeito a um campo
elétrico provocado pelos eletrodos de alta tensão. O feixe de
luz “Io”, na saída do meio birrefringente, possui uma
defasagem entre os eixos rápido e lento do seu sistema de
polarização a qual é proporcional ao campo elétrico
existente no local. Assim através da medição desta
defasagem se obtém o valor da tensão que está sendo
aplicada aos eletrodos. A defasagem é medida se utilizando
um analisador óptico que separa o sinal e o envia a dois
fotodetectores FDR (direito) e FDL (esquerdo).
•
Tecnologia complexa.
Além da grande vantagem dada pela isolação óptica,
neste tipo de transdutor o sinal chega ao instrumento de
medição isento de ruídos e sem problemas de
compatibilidade eletromagnética e com total segurança ao
usuário.
Transdutor Eletro-Óptico de Corrente
Tal qual o sensor eletro-óptico de tensão, o transdutor
eletro-óptico de corrente representa o estado da arte em
monitoramento de corrente elétrica para sistemas de alta
tensão. O mais conhecido dos princípios de funcionamento é
o que emprega o efeito Faraday, no qual um feixe de luz
polarizada sofre uma rotação na presença de um campo
magnético [9] [10]. A Figura 2 abaixo ilustra este princípio
onde a luz polarizada passa através de um circuito óptico
que envolve o condutor de forma a receber a máxima
influência deste. O ângulo de rotação que a luz polarizada
receber em relação a entrada é proporcional ao campo
magnético gerado pela corrente passando no condutor. Da
mesma forma que no exemplo anterior o sinal elétrico
proporcional a corrente elétrica medida é obtido através de
dois fotodetectores.
Figura 1 - Sensor eletro-óptico de tensão, pelo efeito Pockels.
Em algumas aplicações podemos encontrar este tipo de
transdutor associado a divisores de potencial capacitivos
para reduzir o potencial elétrico em sobre o sensor [7].
Figura 2 – Transdutor óptico de corrente pelo efeito Faraday.
A seguir são listadas as principais vantagens e
desvantagens desta nova tecnologia [8] comparada aos TC’s
e TP’s convencionais.
As vantagens e desvantagens dessa tecnologia
comparadas
aos
transdutores
convencionais
são
praticamente as mesmas do transdutor eletro-óptico de
tensão.
Vantagens:
•
Alta precisão;
•
Alta linearidade;
•
Acoplamento ótico de alta isolação;
•
Maior segurança para as instalações;
•
Grande segurança pessoal;
•
Não é necessário óleo ou SF6 para isolação;
•
Sem perdas por efeito Joule;
•
Efeito de capacitâncias parasitas é desprezível;
•
Mesmo dispositivo para medição e proteção.
Desvantagens
•
Alto custo;
Transdutores Híbridos de Corrente e Tensão
Os transdutores híbridos também utilizam tecnologias
ópticas para obter uma alta isolação, mas neste caso as fibras
ópticas são utilizadas apenas como canal de comunicação
sendo a aquisição de dados feita por meio de sensores
eletro/eletrônicos que flutuam no potencial da linha e sua
alimentação pode ser feita por meio de fibras ópticas,
células fotovoltaicas ou por acoplamento magnético.
Os transdutores híbridos, por serem objeto de um projeto
de P&D entre a UFSC e a CELESC serão tratados com
maiores detalhes na próxima seção.
3
IV. TRANSDUTOR DE TENSÃO E CORRENTE (TPC)
HÍBRIDO DESENVOLVIDO
O TPC híbrido desenvolvido está baseado na utilização
de uma fibra óptica como elemento de isolação e
transmissão do sinal [11], [12] adquirido por um circuito
eletrônico localizado no mesmo potencial da tensão
monitorada.
O circuito eletrônico de medição foi montado no topo de
um isolador de porcelana de 138 kV tipo pedestal. O
potencial de alimentação do circuito de medição “flutua”
sobre a tensão da linha e, portanto deve estar totalmente
isolado dos demais circuitos do TPC.
A figura 3 mostra um diagrama em blocos no qual
podemos observar que o TPC híbrido é composto por três
módulos eletrônicos distintos, um no topo do isolador
(monitorando a corrente e o campo elétrico no topo), outro
próximo a base do isolador (monitorando o campo elétrico
na base) e o terceiro instalado dentro da SE (processando os
sinais lidos e gerando sinais proporcionais aos valores de
tensão e corrente na linha). Observa-se também que toda a
comunicação entre os módulos é feita por meio de fibras
ópticas, sendo que o módulo na base do transdutor recebe os
dados lidos no módulo de transdução e os retransmite para o
módulo de processamento.
O módulo de transdução obtém a informação da corrente
na linha por meio de uma bobina de Rogowski [13]
acoplada ao uma barra de alumínio na qual a linha é
conectada. A bobina de Rogowski detecta o campo
magnético sendo sua tensão de saída proporcional a
derivada da corrente que circula na linha. Desta forma o
sinal de saída da bobina deve ser integrado a fim de que a
corrente na linha seja obtida, o que é feito de forma
numérica, a partir do valor numérico da tensão na saída da
bobina, obtido por meio de um conversor analógico digital.
Uma forma simplificada de observar estes sensores,
mostrada na figura 3, é considerar que a tensão é obtida
através de um divisor capacitivo formado por três
elementos: Os dois sensores de campo elétrico e o próprio
corpo do isolador. Como a capacitância do isolador de
porcelana é aproximadamente 1.000 vezes menor que a dos
sensores, quando o isolador é submetido a uma tensão da
ordem de dezenas de milhares de Volts, nos sensores serão
medidos valores de tensão da ordem dezenas volts. Assim a
tensão sobre o sensor pode ser lida por meio de divisores
resistivos de alta impedância, que reduzem o sinal de tensão
para uma faixa de tensão compatível com a entrada dos
conversores AD utilizados. Entretanto numa implementação
prática o valor do divisor resistivo acaba sendo muito menor
do que a reatância capacitiva dos sensores e desta forma o
sinal obtido é proporcional a derivada da tensão na linha
precisando também ser integrado para a obtenção do valor
desejado.
É importante observar que analise considerando sensores
de campo elétrico operando como um o divisor capacito é
apenas uma aproximação. Na realidade o que esta sendo
monitorado é o campo elétrico entre a linha e o plano de
terra.
O campo elétrico é mostrado na figura 4, sendo que a
distribuição interna do potencial no isolador é mostrada na
figura 5.
Figura 4. Distribuição do campo elétrico em torno do isolador.
Figura 3. Diagrama em blocos do medidor desenvolvido.
A tensão na linha não é medida diretamente, mas sim
calculada com base no valor dos campos elétricos na base e
no topo do isolador. Os sensores de campo elétrico que
foram utilizados são basicamente duas placas metálicas
separadas por um dielétrico (formando um capacitor).
Figura 5. Distribuição do potencial ao longo do eixo Y, no interior do
isolador.
4
Apesar desta curva não ser linear, com apenas dois
pontos da mesma podemos obter o valor da tensão com uma
precisão teórica, conforme apresentado na referência [14],
da ordem de 0.1%. Já para apenas um ponto de medição esta
precisão teórica cai para a ordem de apenas 3 a 5% do valor
medido.
A figura 7 mostra um desenho em corte do protótipo
industrial que já tem uma mecânica muito mais complexa e
robusta. Os cabos de fibra óptica passam por dentro do
isolador e o modulo de retransmissão fica alojado embaixo
do isolador.
No módulo de transdução, as informações adquiridas
pelos sensores são condicionadas e quantizadas por meio de
dois conversores AD de 16 bits. O módulo de retransmissão
também mede o campo elétrico na base do isolador por meio
de um AD de 16 bits.
No módulo de processamento as três informações (uma
corrente e duas tensões) são recebidas por meio de um
protocolo de comunicação serial que permite a detecção de
erros. Neste módulo a corrente e tensão na linha são
calculadas, sendo geradas duas saídas de sinal (4 a 20
mA),uma proporcional a corrente e outra a tensão da linha.
Além disso, para facilitar os ensaios o módulo de
processamento é capaz de gerar registros oscilográficos dos
sinais monitorados (com disparo manual dos registros).
O projeto de pesquisa foi desenvolvido em dois anos,
sendo no primeiro desenvolvido um protótipo laboratorial
como o objetivo de testar as tecnologias básicas de medição
que seriam utilizadas. Já no segundo ano foi desenvolvido
um protótipo industrial com características muito próximas
de um produto final que foi instalado em uma subestação de
138 kV.
A figura 6 mostra um desenho do protótipo laboratorial.
Podemos observar que se trata de um equipamento com
varias simplificações como, por exemplo, as fibras ópticas
passando por fora do isolador e caixas bastante simples para
abrigar os círculos de medição. Alem disso o circuito de
medição foi alimentado por meio de baterias. Apesar destas
simplificações o primeiro protótipo desenvolvido permitiu
validar toda a parte de medição deixando de lado apenas os
aspectos relacionados a uma instalação em campo que foram
desenvolvidos no segundo ano do projeto.
Figura 7 - Diagrama mostrando um corte interno do protótipo industrial
desenvolvido.
Um aspecto importante é a utilização de um sistema de
alimentação óptica, mostrado na figura 8, no qual um laser
de 1W de potência óptica instalado na base do equipamento
gera um feixe de luz que é transmitido a um conversor
óptico que gera 400 mW de potencia elétrica em sua saída, o
que é suficiente para alimentar o circuito de medição no
topo do isolador.
Figura 8 - Foto do sistema de alimentação óptica.
Figura 6 – Desenho mostrando o protótipo laboratorial.
Na figura 9 são mostradas fotos dos dois protótipos
desenvolvidos onde pode ser observada uma clara evolução
da parte mecânica, porém os circuitos de medição utilizados
nos dois equipamentos são praticamente os mesmos. Outro
aspecto importante que pode ser observado nesta figura é
5
que o protótipo industrial ficou com uma disposição
mecânica muito próxima de um produto final, distinguindose dos demais TP’s e TC’s instalados na SE apenas por suas
linhas mais delgadas.
amperímetro com uma incerteza de medição de ±5 A, na
escala de 250 A e de ±10 A na escala 500 A.
O valor de erro percentual indicado é relativo ao final de
escala de 2000 A. Como a fonte disponível fornecia no
máximo 500 A, não se pode ensaiar toda a faixa de medição,
mas devido às características construtivas das bobinas não
são esperados problemas de saturação e desta forma a
medição deve manter-se linear em toda a faixa.
No protótipo industrial serão realizados testes mais
precisos, utilizando uma fonte de maior capacidade de
corrente e um medidor de corrente com incertezas de
medição na faixa de 1 A. Ainda serão verificados os erros
devido a variação de temperatura ambiente e a presença de
campos magnéticos externos nas proximidades do TPC.
TABELA I - RESULTADOS DE UM CICLO DO ENSAIO DE MEDIÇÃO DE
CORRENTE.
Corrente
aplicada
(A)
Corrente medida
Erro
Valor (A)
(A)
(%)
50
54
-4
-0,20
100
97
3
0,15
150
148
2
0,10
200
206
-6
-0,30
250
247
3
0,15
300
292
8
0,40
350
355
-5
-0,25
400
396
4
0,20
450
446
4
0,20
500
509
-9
-0,45
Figura 9 - Fotos do protótipo laboratorial desenvolvido no primeiro ano do
protótipo industrial já instalado em uma SE.
Medição de Tensão
V. ENSAIOS REALIZADOS
Como o protótipo laboratorial desenvolvido serviu
apenas para validar os princípios de medição envolvidos na
pesquisa, nesta primeira etapa não foram realizados ensaios
de desempenho metrológico, mas apenas ensaios de
operação básica e ensaios de isolação.
Estes ensaios foram realizados no laboratório de alta
tensão da CELESC cujos equipamentos atenderam bem a
demanda dos testes preliminares, mas que não permitem um
levantamento exato das características metrológicas do TPC
híbrido, pois as incertezas de medição dos equipamentos
utilizados como padrão nos ensaios é da mesma ordem de
grandeza das incertezas previstas para o TPC de 0,5 % da
faixa de medição, o que já é muito melhor do que a incerteza
dos TPCs convencionais hoje utilizados.
Medição de corrente
Os resultados dos ensaios de medição de corrente
realizados no TPC híbrido desenvolvido são mostrados na
tabela 1. Observou-se que na medição foi usado um
A medição da tensão é um dos pontos críticos do projeto
do TPC híbrido. Os TPC’s ópticos comerciais operam
medido o campo elétrico em três pontos dentro do isolador,
mas os optou-se pela medição do campo em apenas dois
pontos (na base e no topo do isolador).
Nos ensaios realizados pode-se observar que para uma
escala de até 170 kV, considerando apenas um dos valores
de campo elétrico (no topo ou na base) do isolador, a tensão
pode ser estimada, com uma incerteza de medição da ordem
de 10 % do final de escala, o que ficou dentro da previsão
teoria estimada na referência [14].
Isto pode ser observado no gráfico da figura 10 onde
duas curvas foram obtidas considerando-se apenas a tensão
na base e no topo do isolador.
6
TABELA II - RESULTADOS DE UM CICLO DO ENSAIO DE MEDIÇÃO DE
TENSÃO.
Figura 11 - Tensões obtidas por meio do campo elétrico na base e no topo
de isolador para uma tensão de linha de 47,5 kV.
Na curva da figura 11 uma não linearidade pode ser
observada em função do aumento da tensão aplicada.
Tensão aplicada
(kV)
Tensão
Calculada
(kV)
4,2
Erro
(kV)
(%)
4,50
-0,3
-0,15
18,1
17,95
0,15
0,07
19,9
19,75
0,15
0,07
41,7
40,75
0,95
0,50
47,5
47,00
0,5
0,26
67,2
67,40
-0,2
-0,10
97,2
96,65
0,55
0,28
123,0
122,05
0,95
0,50
145,0
144,70
0,3
0,15
151,0
150,50
0,5
0,26
175,0
174,95
0,05
0,02
VI. INSTALAÇÃO DO PROTÓTIPO EM CAMPO
O TPC foi inicialmente instalado na subestação CEFA
utilizada no treinamento de funcionários da CELESC. A
instalação e praticamente a mesma de uma SE normal com a
única limitação de que a corrente de carga é praticamente
nula.
Nesta instalação o objetivo é o de observar:
Figura 10 - Curvas de medição de tensão considerando apenas o campo na
base e no topo do isolador.
Estes resultados mostram que a monitoração do campo
elétrico em apenas uma posição leva a erros muito elevados,
que são até maiores do que os observados nos TP’s
convencionais.
Entretanto a tensão pode ser obtida por meio de cálculos
que tendo como base as duas informações dos campos
elétricos disponíveis (no topo e na base do isolador), levem
em conta as distorções de amplitude e variações de fase
gerando um valor final que é muito próximo da tensão na
linha.
Na tabela 2 é apresentado o valor de tensão medido e
calculado com base nos sinais de campo elétrico da base e
do topo do isolador, nela pode-se observar que os erros de
medição se reduzem consideravelmente.
Como a incerteza de medição do padrão utilizado no
ensaio é da ordem de 0.5 % e os erros observados são desta
mesma ordem, acredita-se que o erro de medição de tensão
do TPC deve ser ainda menor, o que deverá ser confirmado
em ensaios futuros.
•
Comportamento do TPC ao sujeito a intempéries
como: Umidade, vento, temperatura e contaminação
por sujeira;
•
Comportamento metrológico do TPC em um sistema
trifásico: Verificar possível interferência entre as
fases;
•
Comportamento metrológico do TPC ao longo do
tempo: Verificar a estabilidade do sistema ao longo
do tempo;
•
Desempenho geral do sistema: Verificar o grau de
confiabilidade e detectar problemas de “morte
prematura” de componentes;
O ensaio em campo ainda está em andamento não sendo
possível publicar seus resultados no momento.
VII. CONCLUSÕES
Com a construção do primeiro protótipo do TPC híbrido
pode-se observar que os princípios básicos de operação
envolvidos se comportaram conforme esperado. O
equipamento passou sem problemas nos testes de isolação e
testes funcionais básicos, adquirindo sinais de corrente e
tensão e gerando registros oscilográficos dos sinais
monitorados.
Além disso, outro fator elucidado com a construção do
primeiro protótipo do equipamento foi a viabilidade na
7
obtenção de um valor confiável de tensão com base nos
campos elétricos medidos no topo e na base do isolador.
Se for considerado que os erros observados nas tabelas
acima são da ordem das incertezas dos padrões utilizados,
podemos esperar que incertezas ainda menores sejam
obtidas nos ensaios metrológicos com o protótipo industrial
que esta sendo desenvolvido.
Por outro lado existe uma série de fatores que não foram
ainda avaliados e que podem afetar o desempenho do
medidor como:
•
Variações na temperatura de operação;
•
Presença de campos elétricos e magnéticos nas
proximidades do medidor (devidos as outras fases da
linha monitorada e também a fontes de radio
freqüências);
•
Operação sob elevado grau de umidade;
•
Acúmulo de poeira sobre o medidor;
•
Condições de transitórios e defeitos nas linhas.
Estes fatores estão sendo previstos no projeto do
protótipo industrial do TPC híbrido e serão também
considerados nos ensaios metrológicos finais.
Os resultados preliminares já obtidos com o TPC híbrido
são bastante promissores, pois além de ser um equipamento
relativamente preciso, não existem problemas de captação
de ruídos nos cabos de fibra óptica que transmitem a
informação, e existe um alto grau de segurança na operação
do equipamento.
O equipamento desenvolvido tem um custo de materiais
da ordem de US$ 5.000,00, valor que viabiliza seu
desenvolvimento uma vez que um conjunto TP + TC
convencional para 138 kV se situa na faixa de US$
30.000,00.
Ainda algumas características podem ser aperfeiçoadas
como, por exemplo:
•
Uso de duas fontes de alimentação de luz
redundantes para garantir a continuidade de
funcionamento mesmo com um defeito em uma das
fontes;
•
Uso de uma monitoração continua de temperatura
para prevenir/compensar problemas de operação;
•
Uso de uma CPU do tipo DSP para gerar sinais de
saída em tempo real que irão alimentar reles e
medidores digitais;
Resumindo, os primeiros resultados já obtidos apontam
que:
•
O TCP híbrido tende a ser bem mais preciso que os
TP’s e TC’s convencionais tanto em termos de
linearidade quanto de freqüência de operação;
•
A operação do TCP híbrido tende a ser bem mais
segura que os TP’s e TC’s convencionais, eliminando
problemas de operação e riscos de explosão;
•
A interferência entre canais devido as grandes
distâncias de cabeção tende a ser praticamente
eliminada no TPC híbrido;
•
Com uso de fontes (ou mesmo de equipamentos)
redundantes a confiabilidade do TPC híbrido tende a
ser igual ou mesmo superior a dos TP’s e TC’s
convencionais;
•
Com uma produção em escala o preço final do TPC
híbrido pode ser até inferior a custo de um TC e um
TP convencionais;
Em se concretizando o acima exposto, em um prazo de
15 a 20 anos se poderia ter um cenário no qual todos os TP’s
e TC’s convencionais estivessem substituídos por TPC’s
híbridos.
Desta forma acredita-se que as tecnologias de TPCs
híbridos desenvolvidas podem ser aplicadas na prática com
grandes vantagens em relação as tecnologia de TPCs
convencionais e com resultados muito próximos a aqueles
obtidos com tecnologias de TPC ópticos, mas a um custo
menor.
VIII. AGRADECIMENTOS
Agradecemos pelo apoio recebido dos técnicos da
CELESC, dentre os quais os Engenheiros Sérgio Stüpp,
Jânio Búrigo, Carlos Willemann e Paulette Pinheiro.
IX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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P. C. Oliveira, “Análise de Transformadores de Corrente para
Medição”, Dissertação de mestrado – Pontíficia Universidade
Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001.
[2]
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do Iguaçu, Paraná, Brasil, outubro de 1999.
[3]
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Verlagsgesellschaft mbH, pp 3-13, 1978.
[4]
M.C. Taplamagioglu, “Design and Constrution of a Pure
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East Technical University, Electrical Engineering
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[5]
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Rio de Janeiro, Abril 1992.
[6]
B. Culshaw, J. Dankin, “Optical Fiber Sensors: Systems and
Applications”, Artech House, Inc., 1989.
[7]
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Promoting New Approaches to EHV Substations Layouts”,
Cigré, artigo 108, Working Group 34, Paris, Session – 1996.
[8]
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Voltage Measurement”, www.electricalline.com/images/
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[9]
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Magneto-Optic
Current
Transducer
and
Microprocessor-Based Relays”, Georgia Tech Protective
Relaying Conference, May 1-3, 1991, pp 1-21.
[10] J. SOong, P. G. Mclaren, D. J. Thomson, R. L. Middleton,
“A Prototype Clamp-on Magneto-Optical Currente
Transducer for Power System Metering and Relaying”, IEEE
Power Engineering Review, October 1995, p 50.
8
[11] J. A. J. Ribeiro, “Comunicações Ópticas”, Érica, São Paulo,
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[12] B. Culshaw, J. Dankin, “Optical Fiber Sensors: Systems and
Applications”, Artech House, Inc., 1989.
[13] P. Mähönen, M. Moisio, T. Hakola, E. H. Kuisti, ”The
Rogowski Coil and the Voltage Divider in Power System
Protection and Monitoring”, Conférence Internationale des
Grands Réseaux Électriques – Cigré, artigo 103, Working
Group 34, Paris, Session – 1996.
[14] P. P. Chavez, N. A. F. Jaeger, F. Rahmatian, ”Accurate
Voltage Measurement by the Quadrature Method”, IEEE
Transactions on power delivery, vol. 18, num. 1, Jan 2003.
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