Nós, da comissão científica, trabalhamos ( e estamos trabalhando

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APRESENTAÇÃO
Nós, da Comissão Científica, trabalhamos muito para a realização deste XVII Encontro
Nacional de Estudantes de Filosofia (ENEFIL). No entanto, todo nosso esforço se justifica no
momento em que podemos visualizar o presente caderno de resumos. Nele, temos a representação
de uma mudança radical da atitude dos estudantes de filosofia frente ao ENEFIL: a quantidade de
resumos aqui presentes mostra o elevado grau de interesse dos graduandos tanto em produzir,
quanto em comunicar suas produções possibilitando uma troca de informações com outros
autores. Esse interesse, que se dava de maneira um tanto fraca e tímida em outros momentos, no
ENEFIL2011 se mostrou voraz, possibilitando assim uma alegria imensa naqueles que ao mesmo
tempo trabalhavam pesado na leitura, releitura e avaliação dos mais de 300 resumos que chegaram
às nossas mãos. O mérito, porém, não é só nosso, mas de todos os estudantes envolvidos direta ou
indiretamente no evento. Desde os organizadores alocados no Rio de Janeiro, até as delegações de
cada universidade convocadas para integrarem o evento. Este encontro contou com a presença de
gente de mais de 20 estados brasileiros.
O que mais nos alegra, obviamente, não é somente o fator quantitativo, critério que vigora
excessiva e negativamente nas avaliações feitas pelos órgãos de financiamento de pesquisa no País.
Mas percebemos em uma boa parte dos trabalhos qualidade, e, como estamos vendo, percebomos
que os alunos de filosofia estão se integrando e possibilitando o início de uma nova fisionomia da
Academia no Brasil.
A quantidade representa somente o interesse dos estudantes, que são os futuros
acadêmicos, que determinarão, com suas presenças pessoais e filosóficas, os rumos dos estudos de
filosofia em solo brasileiro. Sem sombra de dúvidas, esse evento é uma reunião de novas
possibilidades de rostos para a Academia.
Pensarmos a “Filosofia e sua possibilidade de atuação prática” juntos é fundamental neste
momento em que a filosofia, como disciplina ou área de conhecimento, busca se assegurar e
crescer junto à educação no Ensino Médio e nos vestibulares. Assim, é imprescindível que haja uma
real discussão entre aqueles que serão os protagonistas desta nova fase da atuação filosófica no
Brasil. Nós os futuros profissionais do ensino devemos refletir sobre os rumos de nossa profissão,
nossa postura como mestres e eternos aprendizes. O que fazer, nesse caso, senão discutir e tentar
traçar caminhos para que o ensino de filosofia seja como desejam os próprios profissionais que irão
trabalhar com isso?
Neste caderno, você vai encontrar trabalhos com as mais diferentes abordagens de
pensamento. Um bom exercício para o leitor é comparar os diversos assuntos escolhidos pelos
estudantes expoentes, o painel de Universidades e Escolas de Filosofia, que abrange quase todo
território nacional. Acreditamos que os quase 300 resumos aqui editados e organizados seja um
retrato muito próximo da pesquisa em filosofia no País.
Parabéns aos expoentes pelo interesse! Aos organizadores do evento pelo empenho
incansável! E à comissão científica pelo desafio aceito e pelo trabalho concretizado!
Comissão Científica do XVII Encontro Nacional de Estudantes de Filosofia
CADERNO DE RESUMOS DO XXVII ENCONTRO NACIONAL DOS ESTUDANTES DE FILOSOFIA –
ENEFIL 2011
REFLEXÕES SOBRE O HOMEM ANIMAL POLITICO EM ARISTÓTELES
Denise Araújo
Lavinia Neves Moreno
Universidade Federal do Maranhão
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Resumo: Abordaremos aqui a concepção de homem em Aristóteles, ou seja, uma antropologia
filosófica baseada no pensamento de um dos pensadores mais influentes da filosofia ocidental,
especialmente no medievo, no entanto, nossa intenção não é esgotar o assunto, pelo contrario,
apenas destacar alguns pontos imprescindíveis na antropologia aristotélica tais como: o homem
como animal político; a racionalidade, a linguagem e a sociabilidade como especificidades que
distinguem os homens dos outros animais; e a felicidade como finalidade da existência humana. Em
sua obra a política Aristóteles inicia afirmando que o homem é um animal político por natureza, daí
devemos entender que o homem é naturalmente disposto ou dotado para que desenvolva e exerça
a sua racionalidade e sociabilidade, caso contrário, estaria indo contra sua própria natureza ou
contra o fim que esta lhe designou. Podemos perceber que a filosofia de Aristóteles não nega a
empiria, mas baseia-se na natureza e situa o homem como ser finito e limitado, no entanto, capaz
de transcender pela racionalidade que o diferencia dos outros animais, pois é dotado de linguagem
e através dela estabelece a sociabilidade que é inerente à condição humana O homem só se torna
homem no convívio com os outros, daí porque se pode falar em um humanismo em Aristóteles, em
uma visão de mundo em que mais do que buscar o Bem para além do homem este deve ser
buscado dentro do próprio homem, num exercício da vida em comunidade que requer a supressão
tanto quanto possível dos interesses egoístas, praticando ação justa e a civilidade para que o este
alcance a felicidade, entretanto, não somente a sua, mas também a da sociedade.
Palavras-chave: racionalidade, natureza, sociabilidade, linguagem, felicidade.
A DIALÉTICA EM CONTRASTE COM A RETÓRICA CORRENTE SEGUNDO PLATÃO
Ulysses Araújo Pinto
Universidade Federal do Ceará
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Resumo: O trabalho diz respeito ao modo como é abordada a relação entre retórica e filosofia no
dialogo Fedro de Platão. Essa relação aparece dramaticamente ilustrada no confronto entre o
discurso de Lísias, famoso retor da época socrático-platônica, e os dois discursos de Sócrates. O
personagem de Fedro representa, por assim dizer, o público-alvo dos referidos discursos e, nesse
sentido, alguém a ser demovido de uma atitude supostamente cultivada (que no início admite sua
grande admiração pelo discurso de Lísias), na direção de uma atitude propriamente filosófica
(ilustrada em ambos os discursos de Sócrates). Pode-se afirmar que o diálogo em foco reúne em
suas páginas boa parte das questões mais caras a Platão (Eros, Psyché, Ideias, Paidéia, Retórica,
Dialética), além de provocar uma das polêmicas mais acirradas travadas por seus intérpretes ao
longo dos séculos, a saber: a querela em torno da interpretação da critica platônica ao papel da
escrita. Devido à complexidade de avaliar a obra como um todo, será abordado o tema da segunda
parte do diálogo que compete à problemática da retórica, à dialética em contraste com a retórica
corrente (bastante difundida no século IV a.C) e à diferença entre filósofo e retor. Essas diferenças
fundamentam-se na convicção de que o filosofo possui determinados conhecimentos de que o
retor carece, bem como de que tais conhecimentos permitem-lhe tornar-se, em verdade, muito
mais persuasivo do que seu concorrente. Nessa perspectiva, torna-se possível ao filósofo
estabelecer o modo correto de compor discursos retórico-persuasivos e caracterizar uma retórica
filosófica a serviço da dialética (retórica compromissada com a Verdade), diferente da prática
corrente, cujo exemplo é a retórica superficial e incorreta de Lísias.
Palavras-chave: dialética, psicagogia, discursos, persuasão, retórica.
A NATUREZA DO DISCURSO DE FEDRO NO BANQUETE
Ana Flávia Costa Eccard
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
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Resumo: O trabalho versa sobre o discurso sobre o amor de Fedro no Banquete de Platão. A
primeira parte do trabalho consiste em uma contextualização da cultura grega a assentamentos
sobre as relações pessoais de um modo geral. Depois nos adentramos no discurso de Fedro de fato
suas características peculiares e seu nível de sensibilidade atingido. Perpassando em questões
como: natureza não filosófica do discurso por tratar do Eros como deus; a antiguidade de Eros
como causa dos maiores bens; intervenções divinas que possibilitam o amor e a morte como
sinônimo de amar. O importante a distinguir que para a filosofia a questão fundamental a ser
pensada sobre o amor é, se Eros é um deus ou não? É exatamente ai que vamos diferenciar o
discurso não filosófico, como por exemplo: Fedro, Aristófanes e Alcebíades, do discurso filosófico,
como o de Sócrates. O discurso que afirma que Eros é um deus, isto é, o discurso não filosófico
introduz a oposição à metafísica, e, por isso, temos, de um lado o mundo dos homens e do outro
antagônico, o mundo dos deuses. Já o discurso filosófico nos permite a compreensão do amor
como falta, que por sua vez permiti a construção da conexão do desejo com o instinto à procura do
conhecimento. O primeiro a falar, é Fedro, a exigência filosófica feita por Platão era que primeiro
discorresse sobre a natureza e só depois dos efeitos de Eros, contudo isso é esquecido e cada
participante faz o seu elogio, estamos tratando aqui especificamente da obra o Banquete. Vemos
na verdade que o Eros de cada conviva é também uma descrição do seu campo de atuação,
chamamos assim os discursos também como máscaras de Eros, Fedro seria a mascara do literato,
cada discurso vai oferecer a Sócrates, o convidado de honra, o solo para fazer seu elogio. Fedrode
Mirrinonte (demo de Atenas), jovem retórico, encontrado também em outros diálogos de Platão;
fala da possibilidade de se construir um exército ou uma cidade de amantes e de amados, dessa
forma seria o melhor, pois o amor é o maior produtor de philotimia, isto é, um tipo de ambição pela
honra, pelo belo, pelo que é bom, e quem possui honra é admirado. Outro ponto interessante
desse discurso o que podemos considerar o clímax do seu discurso, é que para esse simposiasta
morrer é sinônimo de amar, a experiência erótica deve envolver um rito de sabedoria da morte,
morte que não é fim da existência. O discurso de Fedro estudado pela via de uma imposição divina
aos humanos de natureza necessária e fatal.
Palavras-chave: o banquete, Platão, Eros, Fedro.
SOBRE A TIMÉ HOMÉRICA À LUZ DO CONCEITO DE BELA-MORTE NO CANTO I DA ILÍADA
Guilherme Vasconcellos Fontoura.
Universidade Federal de Uberlândia
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Resumo: A Ilíada, poema épico escrito pelo grego Homero, se inicia com um episódio que, se não
causa toda a guerra de Tróia, é o motivo maior da problemática da obra, vale dizer, o que instaura o
litígio entre Aquiles e Agamemnom. Isso acontece quando Aquiles, para salvar a polis da peste
enviada por Apolo, pede ao rei que devolva Criseida ao seu pai, um sacerdote do deus do sol.
Agamemnom resolve devolver sua serva ao sacerdote, mas leva a serva de Aquiles para não ficar
agérastos, privado de géras, ultrajando assim Aquiles e humilhando-o diante dos outros gregos. Na
Grécia homérica, os indivíduos possuíam uma timé, um valor proeminente para cada Homem.
Aquiles é um guerreiro, e sua timé se concretiza num jogar-se no campo de batalha, dar a vida na
guerra; de fato, pode-se dizer que o Pelida valoriza a vida por meio da guerra e da fama que advém
dos feitos guerreiros. A ideia de “bela morte” aparece então, como o reconhecimento da timé do
guerreiro: a morte pré-matura demonstra a bravura do herói, fazendo com que ele permaneça vivo
na história. Aquiles sabia que a sua permanência na guerra depois do confronto com o rei dos
Gregos significaria uma provável morte desonrosa, pois ele havia sido desrespeitado, e estava
privado de qualquer glória que poderia alcançar. Nesse momento, Aquiles questiona a honra de seu
rei Agamemnom, posto que ele não se coloque de forma honrosa na guerra, se deixando na
retaguarda, fora da linha de frente à qual se deveria se colocar com os aristoi, os melhores, ele não
entende que a timé aderida à pessoa do rei deve ser vista de forma diferente da timé do guerreiro,
pois a primeira foi dada por Zeus e sendo assim é incontestável. Pretende-se, nesse trabalho,
apresentar o conceito de timé em sua relação com Aquiles e Agamemnom, no contexto do
confronto entre os mesmos que ocorre durante o Canto I e se desenrola durante toda a poesia, à
luz da noção de “bela-morte”, que dirige Aquiles a uma morte precoce e honrosa.
Palavras-chave: Timé, bela-morte, Ilíada, Homero, canto I.
A DIFICULDADE TELEOLÓGICA DO HOMEM EM ANSELMO AOSTA
Bruno Botelho Braga
Universidade Federal de Pelotas
[email protected]
Resumo: No presente trabalho, abordaremos uma questão de cunho ético-antropológico presente
nos capítulos finais da obra Monológio, de Anselmo Aosta (1033-1109). Trataremos primeiramente
de identificar, como critérios de preparação e entendimento do tema central, sobre a questão de
como Anselmo formula a ideia de uma “superioridade humana”. Partindo do dado da fé de que o
homem é “a imagem e semelhança de Deus”, Anselmo traduz esta superioridade, racionalmente,
pelo fato de a criatura humana ser a única capaz de elevar-se ao ponto de julgar e emitir juízos
acerca da essência suprema. Após isso, explicitaremos quais seriam estes juízos que justificam esta
superioridade (amar, compreender e recordar a essência suprema) e de que modo a sua presença
deve ser “voluntariamente” buscada, já que estão presentes na alma humana inicialmente apenas
como “possibilidades”, tornando o seu uso correto algo extremamente difícil e dependente de todo
o esforço e amor da criatura racional para, com a ajuda e iluminação divina, o caminho se torne
mais claro e objetivo, já que os frutos do pecado original comprometeram a capacidade do homem
em enxergar, por sua própria conta (ou seja, por sua própria capacidade racional), o verdadeiro
caminho divino. Por último, faremos uma breve análise sobre a recompensa dada ao homem
dependendo da sua postura em relação a Deus. Mostraremos que esta (recompensa) deve ser
compatível com a imensa dificuldade humana, que depende de sua vontade e de seu amor para
com a essência divina, e que esta recompensa, também serve como um estímulo involuntário e
necessário para proporcionar ao homem, ao contrário, o desejo voluntário de querer amar,
recordar e compreender a essência suprema com todo o seu esforço, pois, sem esse estímulo
intrínseco presente na alma humana, o homem não sentiria a necessidade, o desejo e, acima de
tudo, a verdadeira e mais pura motivação de exercitar estas que são suas maiores e mais
importantes capacidades naturais para, transformar aquilo que ao princípio existe somente em
possibilidade, em conduta moral reta e firme para conduzir o homem á eterna felicidade ao lado
Daquele que o trará a verdadeira e maior recompensa por todo o seu esforço.
Palavras-chave: Anselmo, dificuldade teleológica, vontade, recompensa, Deus.
ARTE E EDUCAÇÃO NA ACADEMIA DE PLATÃO
Cíntia de Moura Santos
Universidade Federal Fluminense
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Resumo: O presente trabalho está vinculado ao projeto de monitoria da disciplina Filosofia da
Educação I. Platão (427-347 a.C) é um dos filósofos mais importantes da história da filosofia. O
contexto de surgimento da filosofia de Platão é o da democracia ateniense, no período clássico da
Antiguidade. Após a morte de Sócrates, Platão desloca o exercício da filosofia do espaço público
para o espaço privado, pois entendia que Sócrates se expunha demasiadamente ao transmitir seus
ensinamentos publicamente. Fundava, então, em torno de 386 ou 385 a.C, a “Academia”. O prédio
adquirido por Platão tinha um ginásio atlético que servia como lugar público para encontros e
discussões entre os membros da Academia. Nos prédios, havia salas de leitura, residências e salão
para a refeição em comum. Havia também um espaço para estudos matemáticos (a Academia
atraía muitos matemáticos e astrônomos). Platão fez, no começo dos anos 390 a.C, algumas viagens
ao sul da Itália (principalmente à Sicília), tomando contato próximo com o pensamento de Pitágoras
e de Parmênides. Os sentidos revelam-nos aquilo que é aparente, ao passo que o pensamento
racional revela-nos a verdadeira realidade. A razão teria o papel de mostrar o que a experiência
sensível enquanto tal não revelaria. Para Platão, a geometria seria uma referência para a filosofia, a
ponto de colocar na entrada da Academia a seguinte frase de inspiração pitagórica: “Não passe
desse portão quem não tiver estudado geometria”. A visão abstrata do geômetra transcende a
nossa visão sensível, reduzindo as coisas que captamos pela experiência sensível às formas puras.
Para Platão, a filosofia é essencialmente teoria, é a capacidade de ver através de um processo de
abstração e de superação da experiência concreta para conhecer a verdade eterna e imutável. As
coisas empíricas são cópias imperfeitas das ideias. Assim sendo, a filosofia de Platão coloca-nos
frente a um dualismo entre o mundo sensível e o mundo das ideias. A concepção platônica de
educação, cuja interpretação mais corrente aponta-nos a ideia de uma educação austera, quase
militar, com finalidades políticas, é marcada enfim, pela rejeição às artes. No último livro da
República, Platão defende a tese segundo a qual a prática da poesia mimética compromete o
verdadeiro conhecimento das ideias e, deste modo, não educa devidamente, pois ao se apoiar na
imitação de cópias, tal como espelho que tudo reflete, a poesia mimética acaba por reproduzir uma
aparência vazia, imitação não daquilo que é de verdade, mas apenas reprodução da aparência, tal
poesia impedir-nos-ia com isso, de aclarar as formas da alma. Daí a rejeição de Platão à prática da
poesia mimética na educação exercida dentro da Academia. A arte resultaria como cópia de uma
cópia: cópia do mundo empírico, que já é uma cópia do mundo ideal, cópia não de essências, mas
de coisas empíricas. A arte é um tanto danosa, atua cegamente sobre o sentimento, nos atrai tanto
para o verdadeiro como para o falso.
Palavras-chave: educação, arte e imitação.
A CURA DA ALMA NA PRÁTICA DA VIRTUDE
Aliny Darlley Sousa de Oliveira
Universidade Estadual do Ceará
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Resumo: O presente estudo destaca a importância do pensamento do filósofo Lucio Aneu Sêneca (4
a.C., Córdoba – 65 d.C., Roma), pensador estoico da fase imperial. Com base nos pressupostos do
pensamento senequiano, torna-se indispensável uma exposição do contexto político-social em que
Sêneca elaborou seu sistema filosófico. Foi participante ativo da vida política, embora sem assumir
oficialmente cargos públicos, exerceu grande influência na qualidade de conselheiro do então
imperador Nero. O filósofo nos deixou um grande e notável grupo de escritos filosóficos e morais,
utilizando-se das obras Da Vida Feliz e Da Tranquilidade da Alma, sem deixar de citar algumas das
Cartas a Lucílio. Portanto, tenho aqui a pretensão de discorrer sobre quais as ações do homem
podem o levar a usufruir de uma vida plena e feliz. Embora para muitos a filosofia estoica, ao
apresentar uma prática moral seja considerada como utópica, Sêneca acredita ser alcançada pelo
sábio, que é isento de todas as paixões. Assim ao “refrear os desejos, dominar o medo, tomar as
decisões adequadas, dar a cada um o que lhe é devido”, o homem vive virtuosamente, ou seja, vive
em conformidade com a natureza. Dessa forma, a virtude aparece como sendo o fim supremo do
homem já que é para ela a natureza nos guia. Um homem será virtuoso se sua razão for
desenvolvida e justa, e se estiver adequada à plena realização da natureza humana. É a isso que se
chama virtude, nisto consiste o bem moral, que é o único bem próprio do homem. Uma vez regido
pela razão, qualidade exclusiva do homem, pode-se alcançar a plenitude de uma vida feliz.
Palavras-chave: Sêneca; virtu; razão.
A FILOSOFIA COMO PARTE DA PAIDÉIA
Robson Gabioneta
Universidade Estadual de Campinas
[email protected]
Resumo: Há algum tempo a filosofia não tem mais a pretensão de ser origem de todo o
conhecimento humano, todavia isso não significa que ela deixou de questionar aquilo que o
homem produz, seja isto mais concreto ou mais abstrato. O primeiro campo conhecemos com o
nome de teoria do conhecimento, ou epistemologia, no qual se discute, entre outras coisas, o
conhecimento científico; já o segundo é tratado em disciplinas como ética e estética. Estes dois
campos, aparentemente separados, são unidos pela filosofia política. Um exemplo disso decorre do
fato de que os valores podem direcionar tanto a produção científica como seu uso. Sendo assim,
falar do ensino de filosofia sem pensar na sua totalidade é, no mínimo, uma maneira superficial de
lecioná-la. Além do mais, quando falamos de autores mais antigos, como Platão, temos que
lembrar que ele está imerso na cultura grega, logo, é a partir desta cultura que podemos entendêlo em toda sua dimensão. Por isso, se faz necessário o uso de bons autores na tarefa de entender o
período histórico que estamos estudando, no caso da Grécia Antiga, Vernant é um excelente autor
para consultarmos. Outro material importante para o docente é um bom livro de história da
filosofia, e também um dicionário especifico. Usamos os dois materiais do historiador italiano
Nicola Abbagnano que, apesar de estar limitado às discussões da década de 40 e 50 do século
passado, é um excelente guia para começarmos nossos estudos, pois ele cita as fontes de suas
conclusões, o que permite ao pesquisador verificar o que esta sendo defendido. Outra fonte usada
por nós é a Enciclopédia de filosofia da Stanford, nela temos artigos recentes e precisos sobre os
autores e problemas da história da filosofia. Por fim achamos que os docentes devem discutir com
seus alunos maneiras de se usar o conhecimento filosófico, primeiro para que o aluno aprenda de
maneira efetiva e segundo para mostrar que a filosofia não é coisa do passado, mas algo presente e
que afeta a vida de todos.
Palavras-chave: Paidéia, filosofia, apropriação.
A MORTE COMO EXERCÍCIO DIALÉTICO DA SEPARAÇÃO CORPO-ALMA, EM PLATÃO
Reinildo Muniz da Silva
Universidade Estadual da Paraíba
[email protected]
Resumo: A morte é um assunto pensado e questionado por diversos filósofos em toda a trajetória
histórica da filosofia, assim, alguns a consideram como finalização da vida, outros como
possibilidade existencial. Todavia, se nos remetermos aos primórdios do pensamento filosófico
ocidental, veremos que Platão é um dos primeiros filósofos a tratar, sistematicamente, a questão
da morte e atribuir a esta uma perspectiva conveniente à filosofia. Platão objetivara apresentar a
filosofia como um exercício para a morte e esse exercício simboliza a separação alma-corpo. O
estudo aprofundado do diálogo Fédon, que têm como ponto essencial a teoria das Formas, a qual
fundamenta a imortalidade da alma e sua “noeticidade”, temas centrais deste diálogo, sugere à
compreensão de que, ao expor aspectos ontológicos de sua filosofia, Platão utiliza recursos de
linguagem tais como mitos e metáforas, o que parece possibilitar uma interpretação literal,
sobretudo no que diz respeito à separação topográfica das esferas inteligível e sensível. Este tipo de
interpretação, da perspectiva filosófica presente neste diálogo, fundamentou-se na compreensão
de que a filosofia platônica sustentava-se sobre uma concepção mítico-religiosa, de origem órfico-
pitagórica. O presente artigo visa refletir a separação corpo e alma, no fio condutor da morte como
exercício dialético, problematizando a recepção dos recursos de linguagem como uma forma de
refletir as teorias platônicas sobre uma ótica filosófica. A reflexão sobre a separação entre corpo e
alma, no Fédon, embora apresente familiaridade com temas órfico-pitagóricos, não representa um
aspecto religioso do pensamento de Platão. Ao contrário, define-se como uma porta de acesso
privilegiada à temática propriamente filosófica deste autor.
Palavras-chave: Platão, morte, imortalidade da alma, dialética.
ACERCA DA EDUCAÇÃO: A CRÍTICA DE PLATÃO À POESIA
Isabel de Sousa Ribeiro
Universidade Federal do Ceará
[email protected]
Resumo: Muitos dos poetas antigos, trágicos ou não, despertam dúvidas em Platão sobre a
formação poética dada ao jovem homem grego. O texto que aqui se resume trata de investigar o
motivo desse desacordo que há na filosofia platônica para com os poetas. Em específico no Livro III
de A República, Platão lança o combate contra os poetas e expõe um antídoto à enfermidade que é
a educação a partir da representação, feita por Homero na Odisseia, por exemplo. A proposta de
Platão é direcionar o homem a sair da obscuridade da imitação da natureza, Mímesis, e ver as
coisas com os próprios olhos, assim, saindo da sua própria caverna, o homem passa a não mais
acreditar nas posições representativas e imitativas e, sim, passa a adotar uma postura filosófica; o
argumento de Platão propõe não uma condenação à poesia, mas sim à mimética poética. A tarefa é
dar à poesia outra identidade empregando nesta o discurso filosófico, ético-político, havendo,
assim, a formação do homem grego, Paidéia. Mostrar a poesia em um discurso filosófico, que se
distancia estruturalmente da representação, é mostrar uma mudança de discurso, uma mudança
que abrange a elevação e iluminação não só do homem em si, como também, de toda a Pólis,
cidade. O que Platão quer fazer quando mostra a poesia como um afastamento, degradando-a, e
quando a mostra como um meio, uma utilidade, é o que se pretende apresentar aqui.
Palavras-chave: educação, poesia, mímesis, discurso.
ARGUMENTOS DIALÉTICOS E DEMONSTRATIVOS NOS TÓPICOS DE ARISTÓTELES E SEUS
PRINCÍPIOS COMUNS E FUNDAMENTAIS À LINGUAGEM
Cleber Rodrigues da Silva
Universidade Federal do Mato Grosso
[email protected]
Resumo: O titulo acima exposto é produto de uma pesquisa monográfica acerca da dialética em
Aristóteles, na qual nos foi possível constatar a divisão entre os tipos de argumentos e as razões
pelas quais os raciocínios demonstrativos não são contrários aos dialéticos sendo esses diferentes
apenas no tocante aos objetos que trazem sob forma de discurso, e que sem se contradizerem no
âmbito de suas estruturações, os tipos validos de argumentos, obedecem a certas regras comuns
dentro da sistematização aristotélica da linguagem, e para a questão da falsidade de um argumento
os Tópicos trazem os paralogismos e os raciocínios erísticos, que respectivamente correspondem
aos falsos de um demonstrativo e aos falsos de um argumento dialético, sendo que essas
características dependem implicitamente dos princípios de identidade e de não contradição, que
são condicionais à linguagem no seu sentido mais amplo, ou seja, no âmbito da dialética, que sem
se ater nas divisões dos ramos específicos de conhecimento (Tópicos, I, 2, 101b), investiga na
linguagem “o caminho que conduz aos princípios de todas as investigações.”, também
procuraremos expor as justificativas apresentadas por Aristóteles acerca do que o mesmo chamou
de ‘indemonstrabilidade dos princípios primeiros’, que tem na matemática aritmética e geométrica,
apenas exemplos que melhor se aproximam no plano da linguagem, dos princípios que a norteiam
e dá sustentabilidade para ser o argumento demonstrativo, dialético, paralogistico ou erístico,
sendo função do filósofo um certo tornar-se dialético, tendo em vista a defesa da mais justa
linguagem, quando se vê a mesma assaltada por discursos falsos que pleiteiam a verdade dos
primeiros princípios que fundamentam em ultima análise a verdade que se expressa por uso da
linguagem seja ela um argumento que se ambiciona converter-se a algum ramo da episteme ou em
algum dos três ramos da doxa, no mais procuraremos expor a função da filosofia sugerida ao nosso
ver no tratado dialético de Aristóteles.
Palavras-chave: Aristóteles, linguagem, argumento, dialética, demonstração.
O LUGAR DA POESIA NA FILOSOFIA DE PLATÃO: PLATÃO E A CRÍTICA AO MODELO MIMÉTICOPOÉTICO
Flaubert Marques da Cruz
Universidade Federal de Sergipe
[email protected]
Resumo: Platão no livro X da Politéia realiza uma ação pouco observada ao longo das análises da
chamada “crítica platônica aos poetas”, a saber: a recondução dos mesmos à cidade ideal. Segundo
Platão, associar à tradição poética um caráter enciclopedista-pedagógico não era apropriado, pois o
estatuto da criação mimética, segundo ele, já não permitia. Sua crítica, portanto, segundo nossa
interpretação, se pauta nas necessidades oriundas das transformações que operaram no campo da
filosofia durante o transcorrer dos séculos V e IV a. C., período no qual ocorreu a transição da
cultura oral, típica de sociedades tradicionais, para o mundo da escrita e dos manuscritos em que o
lógos, em contraposição ao mythos, exigia uma mudança substancial no que consiste à formação
educacional do cidadão. Este trabalho tem como objetivo, analisar a crítica platônica ao modelo
mimético-poético, sua pertinência para uma formação educacional proposta por esse mesmo autor
e a readequação dos poetas e das suas obras como parte constitutiva do projeto de “cidade ideal” a
partir de novas funções e temáticas. Para tanto, foi indispensável a leitura crítica da Politéia e da
bibliografia especializada visando, uma compreensão “orgânica” dos livros que constituem esta
obra. Os resultados alcançados nos levaram à compreensão da crítica platônica à poesia como
parte constitutiva do projeto de formação dialético-filosófico que demarca toda a obra platônica.
Palavras-chave: mimeses, Paidéia, Platão.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A TRAGÉDIA NA POÉTICA DE ARISTÓTELES
Artevaldo da Silva Ramalho
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
[email protected]
Resumo: O estudo busca fazer uma análise da beleza e da tragédia na obra a Poética de Aristóteles,
onde o belo consistirá na ordem e na grandeza das coisas. O que a beleza necessita é de uma
determinada harmonia para que exista no objeto visado uma relação consigo mesmo, ou em si, e
uma relação com o todo; Isto é o que necessita o belo em Aristóteles. Na poética se encontrará
ideias gerais da beleza e da arte; e sua definição de beleza é dada no Capítulo VII. Aristóteles parece
ter pressentido que a beleza incluía outras categorias além do belo, pois o uso das palavras belo e
beleza eram identificados pelos gregos antigos numa perspectiva distinta como se tinha em Platão.
A tragédia tem sua origem no mesmo contexto em que surgiu o teatro, quando os rituais primitivos
eram o elo entre os homens e seus deuses. Em sua “Arte poética”, Aristóteles coloca a tragédia
com vários elementos diferentes que tem como intenção de colocar coisas ou pessoas enfadonhas
diante de emoções. De início apresenta a personagem com meios estranhos e indesejáveis, para
que no transcorrer da apresentação, ele venha gradualmente passando por estados desastrosos,
para que não alcance seus objetivos, o que faz gerar ao público uma identificação e por fim o efeito
de “purificação”. Ele compreende que a tragédia precisa ser um espetáculo belo, onde se reúna
canto, harmonia e ritmo. A mais bela tragédia encontra-se naquela composição que não deve ser
simplória, mas rica em complexidades; cujos fatos, por ela imitados, são capazes de estimular o
temor e a compaixão. O terror e a compaixão podem brotar do espetáculo cênico, mas podem
também resultar da disposição dos fatos, o que é preferível e mostra maior habilidade que compõe
a tragédia. Involuntariamente do espetáculo dado aos olhos, a fábula criada deve ser combinada de
tal maneira que o público, ao ouvir e ver os fatos que vão atravessando, sinta arrepios ou
compaixão (piedade). Portanto é evidente que o desfecho das fábulas deve sair da própria fábula. O
procedimento deve ser aproveitado só em acontecimentos pertencentes ao drama, lançados
anteriormente, e que o público possa conhecer; ou em ocorrências futuras que é necessário
expressar. Assim, a tragédia muito mais que o belo, produz sentimento e conhecimento, pois o
papel destinado a ela é exercido pelo uso da imaginação fazendo uso da imitação dos aspectos de
uma realidade humana qualquer.
Palavras – chave: Aristóteles, arte, beleza, tragédia.
FÍSICA ESTÓICA
Maryonn Abreu
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
Resumo: O objetivo deste trabalho é possibilitar a compreensão que os estoicos entediam por
physis. Para os estoicos, natureza, Deus e fogo são termos sinônimos; divinizar a natureza, ou antes,
naturalizar Deus, é dar ao homem a possibilidade de entrar em contato com ele e de encontrar na
realidade que o envolve, a consistência capaz de dar a sua vida uma significação ordenada. Tal
assimilação de Deus e do Mundo é um dos pontos essenciais desta doutrina: o conhecimento
enquanto compreensão permite realizar uma harmonia racional e necessária entre o homem e o
mundo, de modo que o homem ao compreender essa ordem natural ou lei natural, obtenha como
resultado sua felicidade. A sabedoria será uma adesão ao mundo, sinônimo de uma obediência a
Deus e de uma concordância com o destino. Ao concordar com a realidade o homem esta
admitindo uma comunhão com o todo. Essa comunhão é governada pelo logos divino, a realidade
oferece ao homem a solidez sobre a qual ele pode assentar-se. Tudo o que se harmoniza contigo, ó
mundo, se harmoniza comigo, diz Marco Aurélio. Nada é para mim prematuro ou tardio que seja
para ti atrás. tudo o que me trazem a horas, é para mim um fruto saboroso, ó natureza!Tudo vem
de ti; tudo está em ti; tudo a ti retorna. De que maneira essa compreensão de viver possuindo a
ciência do que é conforme a natureza e tornando-o seu. A felicidade é o desenvolvimento
harmonioso da vida. A sabedoria humana começará, portanto, na tomada de consciência desta
força do destino em todas as coisas, e desabrochará numa obediência e concordância a esta
corrente de vida que une os seres entre si. Um alcance ético desta doutrina, na medida em que a
vida do sábio será uma vida que terá sabido por a harmonia em si mesma e manter-se em simpatia
com o universo de que participa.
Palavras-chave: física, mundo e Deus.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A AMIZADE EM EPICURO
Patricia Rannielle Pinheiro Silva
Eduardo Nogueira de Oliveira
Universidade Federal do Ceará (Campus Cariri)
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Resumo: O objetivo da Filosofia de Epicuro é conseguir viver sendo o mais Feliz possível, sem se
importar com o que isso ira custar desde que vise o bem. É dando prazer aos seus amigos e
parceiros da vida. E não deve ter medo do que os outros acham (seguir e ser o que quisermos, sem
se preocupar com a vizinha que olha o tempo todo o que você faz), realizar tudo que nos faz bem,
sem dor ou culpa. Os adeptos desta filosofia devem ser como umas gazelas livres, soltas, loucas
para descobrir outras formas de prazer. Epicuro propunha uma vida de contínuo prazer como chave
para a felicidade, esse era o objetivo de seus ensinamentos morais. Para Epicuro a presença do
prazer era sinônimo de ausência de dor, ou de qualquer tipo de aflição: a fome, a abstenção sexual,
o aborrecimento. Sem ela, a humanidade conseguiria se entender na mortificação da carne para a
elevação do espírito, baseado na Ataraxia que demonstra que o prazer se dá no gozo intelectual. A
ideia que Epicuro tinha, era que para ser feliz o homem necessitava de três coisas: Liberdade,
Amizade e Tempo para meditar. Neste trabalho daremos enfoque central somente a um desses
pontos que é a amizade e aqui a nossa visão de amizade e é claro de Epicuro, que segundo a sua
filosofia é essencial para se ter uma vida feliz claro que essa vida feliz segundo o mesmo, só se daria
com esses três aspectos juntos, e discutiremos a aplicação deste conceito e suas atribuições nos
dias atuais e indo um pouco a adiante qual seria o resultado dessa aplicabilidade. Para tanto
teremos como base a obra intitulada “O jardim das delicias”, que expressa muito bem a ideia que
Epicuro tinha de amizade. E também a nossa própria concepção de amizade.
Palavras-chave: Epicuro, amizade, amigos.
A METODOLOGIA DE ENSINO EMBASADA NA IRONIA E MAIÊUTICA SOCRÁTICA
Katiane Suellen Melo Araújo
Universidade Federal do Maranhão
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Resumo: Esta pesquisa se propõe investigar e analisar os princípios pedagógicos e metodológicos
presentes na atividade filosófica de Sócrates visando fundamentar uma metodologia de docência
de filosofia a partir desses princípios. Sócrates é, indiscutivelmente, um dos pensadores mais
famosos e influentes da história intelectual ocidental, a imagem do filósofo consumado. Sócrates
nasceu em 470 a.C. filho de uma parteira e de um escultor e morreu em, 399 a.C. condenado por
sua cidade, Atenas, a beber cicuta, sob o pretexto de que ameaçava as leis da cidade e que era um
corruptor da juventude., Nada foi escrito por Sócrates, no entanto, alguns de seus discípulos, entre
os quais se destaca Platão, se encarregaram de registrar alguns aspectos de sua vida e de suas
atividades filosóficas. Os objetivos estão diretamente ligados a identificar as caracterizações de
ironia e maiêutica socráticas presentes na fase inicial dos Diálogos de Platão; analisar e confrontar
os princípios pedagógicos e metodológicos presentes nessas caracterizações; articular tais
princípios ao ensino de filosofia; propor procedimentos didáticos, a partir dos meios já
estabelecidos anteriormente, para a docência de filosofia no ensino médio. Acredita-se que os
diálogos desta fase inicial foram escritos com base nos diálogos que Sócrates desenvolveu em sua
vida de investigação. Esta fase é considerada como mais representativa do Sócrates histórico por
não haver tanta influência da filosofia platônica nas descrições apresentadas. A pesquisa se
encontra no início da investigação, mas, por meio das primeiras leituras já efetuadas, foi
identificado como Sócrates utiliza seus métodos para aprimorar a forma de como o conhecimento
deve ocorrer, por meio destes, promover meios de como utilizá-los atualmente. Sócrates usa de
seus meios para obter as respostas, ou seja, a ironia e a maiêutica. Sócrates costuma se colocar
numa posição de inferioridade em relação aos seus interlocutores quanto ao que é investigado. O
autorreconhecimento de sua ignorância (só sabe que nada sabe) é considerado uma espécie de
fingimento, como se ele fizesse esse papel de propósito, negando que sabe quando na verdade
sabe sobre aquilo que está sendo investigado, apenas para levar o seu interlocutor a uma
contradição, para polemizar. Para bem compreender esse procedimento, é importante situar
Sócrates historicamente. Definição de maiêutica: arte de “parir” os espíritos. Metáfora: seu
procedimento com relação os espíritos é parecido àquele das parteiras em relação ao corpo. Tratase, quando uma alma está cheia de opiniões, de verificar se o pensamento “dá à luz” algo falso ou
verdadeiro. Não é Sócrates que concebe esse saber, mas a alma de seu interlocutor. Este, graças à
maiêutica, vai poder distinguir entre as opiniões verdadeiras e as opiniões falsas. Logo, por meio
deste espera-se chegar ao resultado esperado com a total compreensão, tendo com base as
pesquisas e os estudos das obras ligadas ao pensamento socrático.
Palavras-chave: metodologia, ensino, Sócrates, ironia, maiêutica.
O HERÓI NA MITOLOGIA GREGA:
UMA ANÁLISE SOBRE O MITO DE PERSEU
Raquel Guimarães Mesquita
Breno Taveira Mesquita
Universidade Federal do Ceará
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Resumo: A figura do herói permeia a história ocidental desde os relatos orais dos gregos antigos.
Tal figura é designada pela fortaleza, virilidade, astúcia, sabedoria ou outras tantas qualidades que
seriam próprias de tais entidades. Porém, muitas vezes somos levados pelo imaginário a pensar
apenas em um tipo de herói, aquele ligado à força e à coragem. Entretanto, é sabido que foram
criados ao longo dos tempos vários estereótipos: o herói guerreiro, o herói trágico, o herói filósofo,
dentre outros. Fizemos este trabalho no intuito de exercitar alguns conceitos relacionados a essa
tipologia de heróis. A partir do mito de Perseu, e, sobretudo no episódio em que este se encontra
com Medusa, analisamos duas categorias de herói: o herói guerreiro, caracterizado pela força,
coragem, virilidade e o herói filósofo, aquele que sempre age com sabedoria mesmo ao se deparar
com o que há de mais terrível e assustador. Tomamos como referencial teórico os apontamos que
Junito de Souza Brandão faz em Mitologia Grega, sobre a trajetória do herói; o nascimento, a
previsão oracular, a educação, o afastamento da família, os momentos de desmesura e finalmente
a volta para casa. Utilizamos também, para dar conta da categoria de herói filósofo, o livro Apologia
de Sócrates, de Platão, em que é apresentada a defesa de Sócrates em relação aos possíveis crimes
que teria cometido. Nossa opção por trabalhar com esse livro de Platão seu deu porque há no
discurso de Sócrates algumas prescrições de como se comportar ao se defrontar com o que não se
conhece (a morte) e tal comportamento se caracteriza como heroico.
Palavras-chave: mitologia grega, herói guerreiro, herói filósofo.
O HOMEM NA SUA GRANDE FINALIDADE DE ENCONTRAR A FELICIDADE! SEGUNDO A ÉTICA A
NICÔMACO
Fabiana Lopes da Silva
Janaina Rufina da Silva
Universidade Federal do Ceará
[email protected]
[email protected]
Resumo: A ética é um dos termos que frequentemente é pautada nos assuntos seja cotidiano, seja
nos meios institucionais ou científicos por mais diverso que possa ser seu conceito encontramos
sempre aqueles pensadores que propõem um melhor conceito ou regras para praticá-la. Aristóteles
deixou a humanidade uma contribuição muito grande no campo do estudo da ética com a
finalidade de aplicação pratica na vida humana, em que uma sociedade com tantas regras a ética
tem papel importantíssimo. A ética que se fosse traduzir seria modo de ser, partindo desta
colocação como seria possível uma ética em que cada um seguisse seu próprio modo de ser?
Aristóteles na sua obra ética a Nicômaco tratará a ética sobre uma perspectiva social, ou seja, o
homem ético é aquele que estando inserido no meio social e que a felicidade não se dar apenas no
individual, pois o homem é um ser social e sua felicidade também depende deste meio. Segundo
Aristóteles existem três tipos de vida; a vida agradável, a vida política que identificam as honrarias e
a contemplativa que busca unicamente a felicidade coletiva o bem social a todos que fazem parte
do meio. Fica claro que a ética Aristotélica esta vinculada ao agir socialmente nas normas, porque
se cada individuo agir conforme o que entende por uma pessoa ética isso se tornaria um caos uma
vez que dentro de uma sociedade onde as pessoas estão em constante relação umas com as outras,
o agir eticamente torna-se necessário uma ética que contemple o conjunto social. O argumento
sobre a questão que a felicidade é a finalidade ultima que o homem procura que a ética
juntamente com as virtudes seria um meio pelo qual se alcançaria o bem supremo que o homem
tanto almeja e que a justa medida, ou seja, o meio termo entre a razão e as paixões que segundo
Aristóteles são inatas ao homem só seria possível de colocá-las freios através do uso regras
racionais que provocariam a harmonia no meio social e possibilitaria ao homem controlar seus
impulsos e agir com a razão. Assim a ética no campo social traria ao ser humano uma vida mais
calma, regrada e controlada. A ética é uma necessidade na nossa sociedade o agir eticamente na
modernidade é essencial, pois na perda de valores e falta de identidade reside uma alerta quanto
ao papel da ética que vem a ajudar nas relações dos homens e a respeitarem o próximo o espaço e
o ser humano. Ética e pratica são combinações perfeitas que as contribuições deixadas à
humanidade.
Palavras-chave: ética, prática, social.
ANÁLISE DAS RELAÇÕES ENTRE TEMPO E HOMEM
NA MITOLOGIA HESIÓDICA
Otacílio Luciano de Sousa Neto,
Universidade Federal do Ceará
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Resumo: Com base na Teogonia e na obra Os trabalhos e os dias desejo mostrar as relações dos
tempos presentes na mitologia grega com o ser humano. Tratarei a mitologia com base na proposta
de Jung sobre os arquétipos, tal como desenvolvida na sua obra Arquétipos e o inconsciente
coletivo. A mitologia aparece, então, como algo que tem sérias relações com o que é o homem,
suas características, sua alma. É usando desta visão, que percebe a importância da mitologia para
humanidade, que venho a destacar os tempos mitológicos. São eles: O AION tempo eterno, sem
medidas, o AION, que se estende por toda a terra, todo o firmamento. O tempo compassado,
métrico, Cronológico. E o KAIROS, o tempo oportuno. Pode-se ver estes sentidos de tempo
representados, cada um por um deus, na obra Teogonia. São eles, respectivamente, Urano, Crono,
e Zeus. É na análise dos parricídios, das características dos deuses e dos arquétipos, que podemos
encontrar a concepção dos tempos que regem a humanidade. Urano, como tempo eterno,
representa a estagnação, o deixar como está, que parece opor-se a Cronos, que é o tempo mutável,
compassado, métrico. Cronos tem a grande característica de trazer a mudança revolucionária e é
também o responsável pelo nascimento da vida. Mas, também, por engolir seus filhos, representa a
morte, o fim. Cronos é o tempo que tem começo e fim. Para sobrepujar este deus que trouxe o fim,
só aquele que traz o recomeço: Zeus, representante do KAIROS, o tempo oportuno. Instaura uma
medida para as situações diferentes das já dadas. Difere de Urano, não deixa estar, não é
estagnado. Difere de Cronos, pois não tem medida prévia, já calculada para tudo. A medida de Zeus
é a medida astuta, a medida da própria situação. Zeus representa a oportunidade. Oportunidade
que reaparece na obra Os trabalhos e os dias, na narrativa sobre as cinco raças. É afirmação de
Hesíodo que a raça de ouro era do tempo em que Cronos reinava no céu. Então, não era o KAIROS
que estava em poder. A oportunidade não estava no fluxo dos mortais, e a raça de ouro, ainda sem
o uso da oportunidade, era mais a completa, farta, feliz das raças. Assim que o KAIROS veio a ser o
regente dos mortais, houve o decaimento das raças. Por este motivo pode-se perguntar se o
KAIROS, através de Zeus, não instaurou um método de coerção, exigindo do homem que guarde a
medida e punindo os homens que não estão de acordo, na medida da situação? A oportunidade é
um castigo divino?
Palavras-chave: tempo, mitologia, Hesíodo, filosofia antiga.
A REPÚBLICA: A JUSTIÇA SEGUNDO CÉFALO NO PROCESSO DE CRIAÇÃO DA CIDADE JUSTA
Kaique Leonnes De Sousa Oliveira
José Assunção Fernandes Leite
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
Resumo: A herança poética de Platão traz em seu conjunto de obras literárias e filosóficas que
mostra aos que se deleitam em seus diálogos grande complexidade. Apesar de complexa, a obra A
República nos apresenta muito de suas teorias filosóficas, principalmente por ser uma obra de
maturidade do autor. É em A República que concentraremos os nossos estudos neste trabalho, em
foco o personagem Céfalo e sua exposição acerca do que é a Justiça. Para o ancião consiste em:
“dizer a verdade e restituir os outros com que lhe cabem devidamente”. O que a obra nos mostra é
que, este não é o conceito em si do que é a Justiça, mas sim uma das formas que ela se apresenta
principalmente na cidade justa. Apesar de esse questionamento ser ontológico, visaremos aqui,
como esse conceito do ancião, primeiro expor a compreensão do conceito e depois, verificar o uso
na formação da cidade justa. Com isso, analisaremos o exposto pelo autor enquanto modelo da
construção de uma cidade justa criada em logos. Então, verificaremos como a primeira tese do
ancião Céfalo é apresentada nesse processo, que será a base de toda a cidade justa, restituindo
assim seus cidadãos com o que é devido. Platão inicia a busca pela origem da justiça, e nos mostra
que para testemunhar o seu nascimento, é necessário a criação imagética de uma cidade, onde não
só a larga visão compreenderá o sentido de justiça: cada um ter o que lhe é devido. Faz-se uma
cidade onde o conceito de Céfalo é amplamente compreendido, porém é questionando por outro
personagem do diálogo: Glauco. Se tivesse, Sócrates, de organizar uma cidade de porcos, disse
Glauco, de que outro modo poderia alimentá-los? Entendendo tal comparação, inicia-se uma nova
criação imagética, onde serão satisfeitos também os luxos, tornando assim esta segunda cidade
mais complexa. É no processo de formação destas duas cidades que analisaremos o conceito de
Justiça do ancião Céfalo.
Palavras-chave: Platão, A República, Céfalo, justiça.
O PROBLEMA DOS UNIVERSAIS: OCKHAM CONTRA AS INVENÇÕES METAFÍSICAS
Ricardo Pereira Santos Lima
Universidade Federal de Uberlândia
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Resumo: Situado na Alta Idade Média, o filósofo Guilherme de Ockham (1288 - 1347), ao lado de
Tomás de Aquino (1224 - 1274) e de John Duns Scotus (1266 - 1308) exerceu forte influência na
História da Filosofia através seus escritos lógicos e filosóficos. Franciscano de Oxford, Guilherme de
Ockham é conhecido por ser um aristotélico radical, já que o seu pensamento é marcado por
pretensões de exorcizar qualquer resquício da filosofia platônica, direcionando sua crítica à
“questão dos universais”. Ilustre defensor do nominalismo, teoria que defende que os universais
não existem efetivamente fora da mente, Ockham se valerá desta vertente da metafísica para obter
êxito no seu intento. Primeiramente resta dizer que o pensamento do filósofo tem duas formas
distintas que são chamadas de nominalismo: 1) A rejeição de Ockham pelos universais e seus
apetrechos, como a distinção formal de Duns Scotus; 2) O método da “redução ontológica”, mais
conhecida como “Navalha de Ockham”, que se pauta na eliminação do uso de nomes
desnecessários, sejam eles universais ou não. Dessa maneira, a proposta desta comunicação
consiste em primeiramente introduzir o ouvinte à “problemática dos universais”, reconstruindo
parte do problema que tem origem em Aristóteles e Platão e que prossegue pelo medievo
passando por vários filósofos desde Porfírio até John Duns Scotus. Após este proêmio a
comunicação visará investigar a respeito das duas distinções das formas do pensamento
nominalista de Guilherme de Ockham, através da análise dos argumentos expostos em fragmentos
das obras SummaTotiusLogicae (Súmula de Toda a Lógica), Quodlibeta (Questões que tratam “um
pouco de tudo”) e ExpositioSuperLibrumPerihermeneias (Exposição sobre o Livro da Interpretação),
pretende-se aprofundar o exame na sua segunda forma de nominalismo, a qual preocupa-se em
erradicar as invenções de “entidades metafísicas” pelo nosso intelecto.
Palavras-chave: filosofia medieval; Guilherme de Ockham; metafísica; universais; nominalismo.
A HARMONIA NUMÉRICA PITAGÓRICA E SEUS ALCANCES
Alexandre Cherulli Marçal
Universidade de Brasília
[email protected]
Resumo: Utilizando como pilar central da pesquisa os livros Vida Pitagórica de Jâmblico e Pitágoras
e os Pitagóricos: uma breve história de Charles Kahn, visa-se um estudo sobre as reflexões
pitagóricas acerca da harmonia e da música, observando também as possíveis influências dessa
escola em conhecimentos posteriores. Muito embora não se tenha escritos do próprio Pitágoras é
possível identificar uma escola do pensamento que seguiu seus passos, o que possibilita um estudo
abrangente desde a hipotética figura de Pitágoras tratada por Jâmblico até os desdobramentos em
outros pensadores. Tratando de forma geral, na tradição pitagórica a harmonia aparece como o
princípio capaz de ordenar o múltiplo no único através de um elemento unificador, o número, que
aparece como o elemento básico constituinte do conhecimento. O cosmos aparecendo agora como
harmonia e número abre campo para a compreensão dos astros, e correlatamente da música.
Segundo os pitagóricos os sólidos celestes, os planetas e todo o universo estão imersos em uma
grande relação harmônica em consonância com razões de proporção numérica e, por conseguinte
com a música, que não é mais do que a expressão numérica do universo em sons. Segundo
Pitágoras, os astros celestes descrevem movimentos perfeitamente harmônicos e precisos no
universo produzindo uma série de melodias, músicas muito belas que nada mais são do que a
expressão da harmonia numérica do universo presente tanto na música quanto nos astros. As
apreensões posteriores desse pensamento aparecem fecundas, por exemplo, no Timeu, de Platão e
em seguida em Kepler, que inicia seu estudo com uma teoria matemática da harmonia musical
aplicando-a então ao movimento dos corpos celestes oferecendo uma descrição astronômica da
música das esferas. Também na teoria musical a influência do pensamento pitagórico se faz
presente. Ela traz a inclusão da matemática como nova forma de estudo das relações musicais,
possibilitando o surgimento das notas musicais tal como se conhece hoje, acabando por
caracterizar o que se chama de musica ocidental.
Palavras-chave: música, harmonia, número, astros, proporção.
SÓCRATES: MÉTODO E ENSINO DE FILOSOFIA
Erwlyn Campos de Almeida
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
Resumo: Esta pesquisa está associada ao projeto “Sócrates: método e ensino da Filosofia”
coordenado pelo Prof. Dr. Alexandre Jordão Baptista e tem como título “O Sócrates de Aristófanes,
Xenofonte e Aristóteles”. Entre os objetivos específicos de minha pesquisa destacam-se: a)
identificar as diferentes caracterizações referentes à atividade filosófica de Sócrates − interesses
filosóficos e método − presentes nas obras de Aristófanes, Xenofonte e Aristóteles; b) analisar e
confrontar os princípios pedagógicos e metodológicos presentes nessas caracterizações; c) articular
esses princípios com as diretrizes para o ensino de filosofia estabelecido pelos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) e d) propor procedimentos didáticos, a partir dos dados estabelecidos
nos objetivos anteriores, para a docência de filosofia no Ensino Médio. Para isso o método utilizado
em minha pesquisa consiste na leitura, análise e interpretação da bibliografia definida em um plano
de trabalho e que se concentra nos autores citados acima, (Aristófanes, Xenofonte e Aristóteles).
Posteriormente confrontarei os resultados alcançados nesse primeiro momento com as exegeses
de alguns dos principais comentadores desses autores. A pesquisa se encontra em fase inicial e,
portanto, tenho apenas alguns aspectos levantados dos autores separadamente, faltando, porém
confrontar esses resultados bem como articular com as demais tarefas citadas acima, nos abjetivos.
Nesse sentido, pretendo apresentar de forma geral o projeto ao qual nossa pesquisa está vinculada
e mais especificamente o meu plano de trabalho estabelecido para a mesma. De forma mais
específica abordarei a primeira das fontes históricas sobre Sócrates: a comédia grega. A
importância da peça AsNuvens de Aristófanes é que ela é única das nossas fontes primárias que
data do próprio período em que Sócrates viveu. Nessa peça Sócrates é retratado como um “novo
intelectual”, um descrente nos deuses da religião grega tradicional e um sofista que ensina o
“argumento injusto” para seus alunos. Mas será que essa descrição é um retrato fiel do Sócrates
histórico? Afinal, comédia não é a biografia, sua finalidade não é ser fiel, mas ser engraçada. Diante
disso, alguns estudiosos tendem a rejeitar que o testemunho de Aristófanes contenha informações
precisas sobre Sócrates, no entanto AsNuvens nos dá algumas informações importantes sobre
Sócrates. Ela nos diz que ele era uma figura pública em Atenas e que Aristófanes pensava que o
público não era capaz de distinguir seu ponto de vista daquele dos sofistas e dos filósofos naturais
com quem a opinião pública o associava. Se a Apologia de Platão é confiável no que se refere a este
ponto, ela prova a veracidade dessas informações. Platão, na Apologia, faz Sócrates citar essa
comédia como uma importante fonte de preconceito contra ele. Aos olhos de Platão, As Nuvens, se
não é um retrato exato de Sócrates, é uma importante fonte para se conhecer a opinião popular
sobre ele no final do século quinto, e abrodarei tambem o testemunho de Xenofonte, este por sua
vez traz o Sócrates, diferentemente do autor acima citado, um homem muito correto, exemplar
que nunca deveria ter ido a júri e muito menos ter sido condenado à morte.
Palavras-chave: Sócrates,metodolodia, ensino, filosofia.
O PENSAMENTO DO POLÍTICO GREGO NA FORMAÇÃO DO ESTADO IDEAL DE PLATÃO
José Cristiano Gomes
Universidade Estadual do Vale do Aracajú
[email protected]
Resumo: O propósito do presente trabalho é levantar, de forma clara e sucinta, uma discussão
acerca da importância das principais contribuições que Platão interpretou e compreendeu como
corretas no campo da política e, principalmente, na construção e na formação de seu estado ideal.
Foi partindo dessa compreensão que o próprio autor pôs em reflexão a construção de um estado
perfeito, onde as pessoas pudessem dispor de todos os benefícios para atender as suas
necessidades em forma de igualdade, isto é, com justiça. Foi nesta perspectiva que o filósofo de
Atenas tentou esclarecer às duras críticas das péssimas condições de governo acompanhada por
uma série de repletas desordens presentes em toda a pólis grega e de que a construção da cidade
só seria possível mediante a sabedoria, onde somente os guardiães, isto é o rei-filósofo, seriam
instruídos para uma boa administração na Cidade, para a verdadeira vida política. Platão, na
perspectiva de construir seu estado perfeito e ideal, apresenta o modo pelo qual se dariam as
possíveis significações interpretadas como imprescindíveis na constituição da Cidade-Estado, sendo
que é na figura do Homem que se dá esses modos possíveis de organização da vida política, visto
que, o homem, destinado a dirigir a cidade, seria um ser social que, para viver em coletividade,
deveria contribuir para o seu bem estar, possibilitando a convivência e desempenhando suas
funções na sociedade. Platão já afirmava que o homem bom tinha que possuir conhecimento e
sabedoria. No entanto, observando a realidade política de Atenas, marcada por injustiças e
corrupções, percebeu que esse processo nada mais era do que um fenômeno desintegrador da
cidade, e que caberia a Filosofia resgatar a ordem e a justiça fundamentado nas relações sociais.
Realmente, significa afirmar que Platão toma a filosofia como um conjunto de princípios que tem
como finalidade pensar e refletir sobre os fundamentos de sua cultura ateniense no intuito de
reformá-la e, sobretudo, perceber a melhor forma de ajudar o homem a encontrar as maiores
possibilidades de enfrentar estas adversidades, de modo que a verdadeira política seria aquela
onde existissem homens virtuosos providos de coragem e sabedoria na construção de uma cidade
perfeita, tendo como pretensão os filósofos como pessoas instruídas, como verdadeiros guardiães,
isto é, que sejam indivíduos capazes de legislar a cidade com justiça e, consequentemente,
garantindo a felicidade de toda a Pólis.
Palavras-chave: estado ideal, sabedoria, homem virtuoso, política.
O TRÁGICO EM PERSPECTIVA: O TEATRAL, O LITERÁRIO, O ESTÉTICO E O FILOSÓFICO
Joyce Neves de Campos
Universidade Federal de Goiás
[email protected]
Resumo: A filosofia do trágico constitui um pensamento complexo acerca da essência deste
fenômeno inerente à arte da representação trágica. Toda problemática do trágico, por mais vastos
que sejam os espaços por ela abrangidos, parte sempre do fenômeno da tragédia ática e a ele volta.
O presente trabalho se propõe a apresentar algumas questões àqueles que pretendem se aventurar
no estudo das tragédias gregas ou na complexa problemática da filosofia do trágico, inaugurada
com o pensamento idealista sobre a arte. O vínculo entre conteúdo trágico e forma artística da
tragédia mostra-se como um ponto de partida e um caminho constante nas diversas interpretações
da tragédia feitas ao longo de décadas de pesquisas sobre o tema. Problematizar o trágico tornouse um modo filosófico autêntico de tratar as fontes literárias trágicas da Antiguidade a partir de
uma visão que procura superar tais narrativas e seus enredos. Problematizar o literário e o artístico,
neste caso, nos conduz à reflexão sobre a existência de uma visão trágica do mundo já presente no
drama do século V. Que o trágico tenha sido separado parcialmente da forma artística vinculada ao
classicismo helênico, para ser transformado em objeto de investigação filosófica, isto, a tradição de
estudos sobre o trágico não esconde. Desse modo, o adjetivo “trágico” recebe um status que se
desliga da forma artística clássica para converter-se num adjetivo que serve para designar destinos
fatídicos relacionados à condição humana. No centro desta criação artística sempre se ergue o
herói: vencedor, glorioso e sagaz. Contudo, este sempre se impõe diante do fundo escuro da morte
certa e que dele também arrancará suas alegrias para levá-lo ao nada, ou a um lúgubre mundo de
sombras, não muito melhor que o nada. A noção de que o nosso mundo é trágico em sua essência
mais profunda é bem mais antiga que a nossa época. Mesmo assim, ainda hoje, parecemos
cercados de ideias dessa natureza.
Palavras- chave: tragédia grega, arte, filosofia do trágico.
CETICISMO ANTIGO: DA INVESTIGAÇÃO AO ALCANCE DA TRANQUILIDADE
Silnelly Caldeira Matos
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
[email protected]
Resumo: O ceticismo é uma corrente filosófica, que teve seu início estabelecido com Pirro de Élis,
quando nele se reconhece as características principais de uma atitude cética. Outros nomes como
Enesidemo de Cnosos, responsável pelos 10 tropos que levam a suspensão, e Sexto Empírico, que
reuniu as principais características céticas em sua obra Hipotiposes Pirrônicas, são de grande
importância para qualquer um que pretenda estudar o ceticismo antigo. O ceticismo antigo
também conhecido por ceticismo pirrônico, ou pirronismo é caracterizado por ser uma corrente
filosófica que não pretende estabelecer uma verdade sobre aquilo que investiga. Sua investigação
(zetesis) é realizada em cima das afirmações dogmáticas de verdade, que pelas análises dos céticos
demonstram ser refutáveis por si mesmas, já que inúmeras correntes dogmáticas estabelecem
verdades sobre o mesmo objeto, de maneira não só diferentes, mas certas vezes, opostas. O cético
se propõe então a elaborar argumentos, que contrários aos argumentos dogmáticos demonstram
uma mesma igualdade de força (isosthenia). Desse modo não existiriam razões claras que
definissem qualquer um dos argumentos como verdade (nem como falsidade), logo num estado de
impasse, ou melhor, de aporia, onde não se tendo instrumento suficiente para determinar coisa
alguma, o cético é, naturalmente levado a assumir uma atitude suspensiva sobre o juízo (epoché).
Essa suspensão garante que o cético alcance o fim de suas investigações: a tranquilidade (ataraxia).
Onde partindo do fenômeno (aquilo que aparece no momento em que aparece), como critério de
ação, enuncia seus pensamentos de maneira não dogmática. Estando inclusive os próprios
argumentos sujeitos a relatividade, a que tudo parece estar submetido.
Palavras-chave: pirronismo, fenômeno, isostenia, epoché, ataraxia.
A DIALÉTICA COMO CAMINHO PARA O UNO EM PLOTINO
Thais de Siqueira Santana
Universidade Federal de Sergipe
[email protected]
Resumo: Na filosofia de Plotino a dialética pode ser interpretada como caminho ou “veículo”, já
que é o método que direciona ao Uno. Como as almas particulares desejam o Uno, e é por meio da
contemplação que esta aproximação ocorre, podemos afirmar que na medida em que os homens
atualizam a parte racional da alma, é a dialética que permitirá essa aproximação, pois o homem em
seu desejo de alcançar a Alma Universal se sentirá atraído pelo Bem. Quando as almas particulares
anseiam este Bem, elas se voltam na vida para as coisas boas, que consequentemente direciona
essas almas até a contemplação e “elevação” para o Bem Supremo. O amor, presente no que é
sensível, contém características (ou algo) do Eros, que é um daimon, ele auxilia a dialética no
direcionamento das almas particulares ao Uno, e na medida em que esta conversão ocorre, a Alma
Universal por amar a Alma do Mundo, continua engendrando outras almas, que ao “caírem” são
recebidas pelos corpos. Entretanto, na proporção que elas se afastam do Uno e caem na
multiplicidade, assim como as outras almas presentes no mundo sensível, estas também estão
ávidas pelo Uno almejando intensamente voltar-se para a contemplação dele que é puro e perfeito.
Este “trânsito” das almas particulares em direção ao Uno só é possível pelo “transporte” que a
dialética faz ao proporcionar a inteligibilidade nas almas, tal característica que possuem, permite
aos homens voltar-se para o Uno e contemplá-lo. É neste sentido, que na Enéada Sobre a Dialética,
Plotino irá distinguir os três tipos de homem: o músico, o amante e o filósofo. A dialética será então
o meio pelo qual os homens, ensinando-os a isolar as particularidades do que consideram Belo,
aperfeiçoam suas virtudes (principalmente a virtude da Sabedoria, por ser considerado um tipo de
“raciocínio superior”), e regressam à Beleza originária.
Palavras-chave: uno, dialética, alma universal, almas particulares.
ACERCA DE POSSÍVEIS ANALOGIAS ENTRE O SER PARMENÍDICO E O LOGOS HERACLÍTICO
Jullianne Catielle da Silva Clementino
Universidade Estadual da Paraíba
[email protected]
Resumo: O pensamento filosófico apresentado pelos pré-socráticos possui sua relevância tanto no
cenário grego quanto nos demais filósofos que lhe sucederam. Tais filósofos anteriores a Sócrates
possuíam uma perspectiva familiar quanto à constituição do cosmo, ou seja, a origem de todas as
coisas como sendo um princípio material ou indefinido, da qual tudo que está no mundo depende e
dispersa. Parmênides e Heráclito, por sua vez, irão levantar um novo questionamento quanto ao
assunto. Parmênides se voltou a uma perspectiva mais ontológica, apresentando um novo tipo de
pensar que influenciou a tradição ocidental. Heráclito, por sua vez, conseguiu problematizar o devir
mais que os seus antecessores jônicos. Por isso muitos pesquisadores os consideram os maiores
representantes do pensamento pré-socrático devido, justamente, a essa divergência que abriu
novas vias para pensá-lo. Sobre esta perspectiva apresentada por Parmênides e Heráclito, é válido
ressaltar ainda que haja entre elas uma divisão teórica que consegue identificar divergências entre
os filósofos, porém não em sua totalidade, pois, há estudiosos que irão afirmar que apesar das
divergências, podemos encontrar semelhanças entre as ideias apresentadas pelos filósofos,
inclusive, entre a perspectiva do Ser parmenídico e do Logos heraclítico. Esta é a pretensão do
trabalho presente, refletir sobre essa possível semelhança analisando sua suposta veracidade a
partir de autores como G. S Kirk, J. E. Raven e M. Schofield, José Trindade, Donaldo Schüller, Alberto
Oliva, Mario Guerreiro e demais, estudiosos que serão de grande relevância para nosso trabalho.
Palavras-chave: Parmênides, Heráclito, pré-socráticos.
ESTUDO ACERCA DA QUESTÃO EDUCACIONAL TRATADA NO LIVRO V DA REPÚBLICA DE
PLATÃO
Juliana Lopes Tutunji C. da Silva
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
[email protected]
Resumo: Com este trabalho pretendo mostrar, uma interpretação acerca da educação dos
guardiões e questões que giram em torno desta temática abordada no livro V da República de
Platão, como, por exemplo, a possibilidade de todos serem guardiões, os motivos pelos quais nem
todos conseguirão ser guardiões e a idéia de bem em si. O que notamos é o tipo de educação dada
aos guardiões, que é restrita a este grupo, pois nem todos se destacariam para tais funções. O que
está em jogo aqui é que cada um perceba seu próprio lugar e por isso todos devem ser educados
para serem senhores de si, ter consciência do seu lugar, do que é para ser, e querer ser somente o
que se pode ser, na medida em que se demonstram que as aptidões e qualidades naturais são as
mesmas em tudo com relação às funções políticas, técnicas, artes, etc. E mostrar também que não
há quem designa isso. Pois somente a própria pessoa é capaz de escutar algo que se direcione para
si mesma, como por exemplo, algo por vocação. O que Platão parece dizer aqui é que todos têm a
possibilidade de poder ser guardiões na medida em que já estamos na condição de se poder ser
guardiões, porém não é o que acontece com a maioria das pessoas. É o que será desenvolvido
posteriormente no presente trabalho; o problema levantado por Platão, através das palavras de
Sócrates, de que a maioria das pessoas acreditam que, por exemplo, há coisas belas, mas não
acreditam na existência da beleza em si e também não são capazes de seguir alguém que as
conduza para o caminho do conhecimento, para o caminho da verdade. Estes são os que vivem no
sono, pois julgam que um objeto semelhante a outro não é uma semelhança, mas sim o próprio
objeto. O problema levantado é que a maioria das pessoas não poderão ser guardiãs, pois estas não
acreditam que exista algo de belo, bom e justo em si e, na idéia do belo, do bom e do justo
absoluto e imutável, mas entendem que há muitas coisas belas, boas e justas que em comparação a
outras coisas são belas, boas e justas. Pensando desta forma, ter opinião sobre as coisas é ter
opinião daquilo que é visível e isto não é de fato ter conhecimento, pois ter conhecimento é ter a
idéia em si, é poder enxergar o invisível. E é por isso que Platão diz que todos devemos saber do
nosso devido lugar, pois assim se conheceria melhor a noção de justo em si e, claro, de bem.
Palavras-chave: educação, república, Platão.
O SUPOSTO PARRACÍDIO E A TENTATIVA DE SALVAR AS IDÉIAS NO DIÁLOGO O SOFISTA
Louise Walmsley
Universidade Federal de Pernambuco
[email protected]
Resumo: O diálogo O Sofista é, em geral, conhecido pelo suposto parricídio que ocorre na discussão
sobre o não-ser entre a personagem Sócrates e o estrangeiro de Eléia. Essa interpretação faz com
que o pensador Parmênides seja lido da mesma forma que a tradição o leu: bastante dogmático,
que não admite uma teorização do sensível. O nosso trabalho pretende retomar a tese do Pai
Parmênides, de forma a investigar brevemente as consequências desta para o movimento e a
multiplicidade, tentando tornar explícita as duas dias de investigação, presentes nos fragmentos 1 e
2. No diálogo O Sofista Platão traz a personagem de Parmênides exatamente como descrevemos
acima: inflexível em relação ao não-ser e à pouca importância do sensível. A interpretação de
Platão neste diálogo seria fiel ao pensamento parmenídico? Qual é o lugar do não-ser no sistema
platônico? A interpretação do diálogo feita pelo prof. Néstor-LuisCordero traz a tona alguns
elementos interessantes na tentativa de justificar a posição de Platão, pois para ele a revisão
sistema platônico, feita pelo próprio Platão no período de sua velhice, era necessária para evitar a
esclerose do próprio sistema. Assim, o intuito último da nossa apresentação é o de entender o que
levou Platão a cometer o suposto parricídio.
Palavras-chave: não-ser, Platão, Parmênides.
COMO ATINGIR O CAMINHO DA FELICIDADE: SEGUNDO SANTO AGOSTINHO
Fabíola Soares Guerra
Universidade Estadual do Ceará
[email protected]
Resumo: A finalidade deste trabalho é apresentar segundo Santo Agostinho como podemos
alcançar a felicidade para isto busquei recursos em uma de suas principais obras: A VIDA FELIZ. A
mesma é fundamental para se chegar à felicidade, esse assunto foi despertado em Agostinho
depois de ter lido a obra Hortensio de Cícero. Nesta obra Cícero nos aconselha que busquemos a
verdade não nas escolas ou nos autores, mas diretamente por ela mesma. Assim Agostinho
acreditou que a filosofia lhe possibilitaria a felicidade que almejava. Essa busca pela felicidade
possui influencia de alguns filósofos antigos, os grandes pensadores da antiguidade consagravam-se
a filosofia como caminho que conduz a verdade, condenando as compreensões materialistas e
aperfeiçoando-se como homem. Os antigos versavam com bastante seriedade o assunto da
felicidade, pois para eles era atingir a um “fim ultimo” que para Agostinho será a mesma coisa que
o “bem supremo.” Dai então se agregarmos o conhecimento adquirido com os filósofos antigos à
visão cristã de Santo Agostinho o caminho da felicidade consiste em uma vida feliz com o perfeito
conhecimento de Deus. Essa superação ela se manifesta quando Agostinho faz a analogia entre a
sabedoria, à verdade e a medida. Que será a Santíssima trindade. Temas que foram assumidos por
toda a igreja do ocidente que ate hoje exercem influencia. No decorre de todo apresentação do
presente trabalho perceberemos que a felicidade para Santo Agostinho nada mais é do que viver
“com” Deus, ”em” Deus e “para” Deus. Assim, o ponto de partida para se atingir o caminho da
felicidade é o conhecimento de si mesmo como imagem de Deus.
Palavras-chave: divindade, felicidade, verdade, homem.
A ARTE RETÓRICA DE GÓRGIAS
Francisco André Bezerra Brasiliano
Universidade Federal do Ceará
[email protected]
Resumo: No século V a.C, mais precisamente na sua segunda metade, o mundo grego situava-se
em meio a uma intensa mudança na sua vida cultural e intelectual. Tal fato se deve (não somente, é
claro) ao grande progresso filosófico transcorrente na época. Onde a Filosofia passou a conviver e
colaborar acentuadamente com o avanço da educação e da política. Antes de iniciar qualquer
discurso em relação a sofistica se faz necessário esclarecer o sentido original do termo “Sofista”,
pois é sabido que sofista é comumente utilizado de modo pejorativo, ou seja, com sentido
negativo, o que distorce completamente o sentido autêntico do termo, que significa: “possuidor do
saber” ou simplesmente “sábio”. Essa visão estereotipada que se tem dos sofistas se deve muito a
interpretações mal elaboradas a partir de textos platônicos, notoriamente seu ferrenho
“adversário”. Os Sofistas aparecem na cena grega de uma maneira completamente inovadora, pois
até então não existia nada de parecido com nossos filósofos, eles exerciam uma função de
educadores profissionais itinerantes, ou seja, viajavam de “cidade” em “cidade” ministrando cursos
de instrução em uma grande variedade de assuntos, especificamente discorriam sobre negócios
pessoais, bons modos em assuntos de família e, principalmente como melhor contribuir para os
andamentos dos tramites políticos da cidade. Eram mestres na arte da linguagem, precisamente na
retórica e na oratória, ou como o próprio Górgias definia: na arte da persuasão. Pretendo aqui
demonstrar, o que para Górgias de Leontinos (sofista da primeira geração: mestres da linguagem) é
um fazer filosofia ou um fazer retórica, tratando de sua mais bela obra, a saber: “Elogio de Helena”.
Tal obra propicia ao leitor uma mostra da arte retórica; a mesma tem por objetivo provar a
inocência de Helena, que por sua vez seria a causa da guerra de Tróia. Górgias faz esta apologia
oferecendo quatro argumentos, sendo eles: a) pela necessidade do destino; b) pela violência física;
c) pela persuasão; d) por amor. Mostrando que dizer a verdade não é dizer o que já é conhecido,
mas explicitar o seu sentido.
Palavras-chave: Górgias, retórica, linguagem, discurso.
A POLÍTICA NA FILOSOFIA DE BENEDICTUS DE SPINOZA
Thiago Roque de Souza
Universidade Estadual do Ceará
[email protected]
Resumo: O filósofo holandês Benedictus de Spinoza (1632–1677), foi um dos principais pensadores
intelectuais do século XVII a trabalhar as problemáticas políticas, na modernidade, onde buscou em
suas obras, mostrar o homem em seu meio político, sem deixar de lado sua natureza afetiva, esta
responsável por boa parte de nossas ações. Neste presente trabalho, nós iremos apresentar de
forma introdutória seu pensamento político, que pode ser encontrada em sua filosofia, e em sua
proposta Ética, onde apresentaremos os principais conceitos políticos trabalhados por Spinoza, tal
como às relações entre o Poder da Multidão e Estado, Direito Natural e Direito Civil na concepção
spinozista. Estes conceitos funcionam como base fundamental de seu pensamento político. Tais
discussões sobre essas problemáticas apresentada por Spinoza, nos faz compreender problemas
oriundo do nosso cotidiano contemporâneo, tal como também para se buscar uma fundamentação
dos conceitos de Liberdade política e Ética. Utilizaremos como principais fontes de nossa pesquisa,
as obras: “Tratado Político” (Tratactus Politicus - 1677), obra esta que por sua vez, não chegou a ser
concluída pelo filósofo, sendo publicada por seus amigos anos após sua morte, o “TratadoTeológico Político” (Tratactus-TheologicusPoliticus – 1670), e a Parte III “A origem e a natureza dos
afetos” (De origine et natura affectuum) da sua “Ética” (EthicaOrdine geométrico demonstrata),
está que por sua vez, é a obra mais complexa de Spinoza, onde é colocada sua proposta filosófica.
Palavras-chave: Spinoza, política, estado.
A CONCEPÇÃO VOLTAIREANA DE HISTÓRIA
Bruno Rodrigues Pimentel
Universidade Federal Fluminense
[email protected]
Filipe dos Santos Portugal
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
[email protected]
Resumo: Neste artigo, temos o objetivo de expor as considerações de Voltaire em relação à história
e para isso traçaremos algumas características de sua concepção de história que teve as influências
da corrente cartesiana e das formulações de Balé, marcantes no século que o precedeu. Também
tivemos a preocupação no decorrer do trabalho em demonstrar, mesmo que de forma limitada, a
influência e as características do Iluminismo sobre a filosofia da história de Voltaire. Pois este viveu
em meio a esse movimento cultural heterogêneo, onde uma gama de ideias e doutrinas
convergiam em um espírito único que primava pela busca da razão, da liberdade de pensamento,
sendo também um dos grandes protagonistas. As ideias do Iluminismo visavam libertar os homens
dos grilhões da ignorância ou de tudo que de alguma forma pudesse oprimi-los e aprisioná-los e foi
em meio a esse processo que uma nova ciência começou a se impor: a História. Ainda destacamos
no decorrer do trabalho como se deu o rompimento feito com o dogmatismo religioso na maneira
de se conceber a história ao expor algumas diferenças existentes entre a noção de história de
Voltaire e de Bossuet, bem como as críticas dirigidas a história puramente política e cumulativa de
erudição. Por fim, buscamos relacionar o modo de conceber a história, sugerido por Voltaire com a
historiografia recente, mostrando as reverberações das considerações Voltairianas e o porquê dele
ser considerado um dos pais da História Nova por Jacques Le Goff.
Palavras-chave: Bayle, iluminismo, Voltaire, filosofia da história.
ESTADO E DIREITO: UMA DISCUSSÃO SOBRE A CRIAÇÃO DO ESTADO CIVIL AOS MOLDES DO
JUSNATURALIMOS MODERNO
Josué Silva Figueira
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
Resumo: O objetivo deste trabalho é traçar uma discussão sobre a instituição do Estado civil a
partir do pensamento político de Hobbes, Locke e Rousseau, principais representantes do
jusnaturalismo moderno. Aqui, procurarei mostrar como o principio do direito natural, aos olhos
dos pensadores políticos da modernidade, propicia uma nova significação ao conceito de Estado, ou
seja, o Estado como uma construção racional dos homens; o que rompe com a concepção
tradicional aristotélica, onde o Estado é fruto de uma construção histórica, partindo de círculos
menores (família, aldeias) até a Pólis, o princípio do Zoon Politikon. Este novo modelo de Estado
tem como principal finalidade garantir os direitos naturais dos indivíduos. Na ocasião, será
apresentada a teoria de criação do estado de cada um dos filósofos citados a cima tendo como base
o princípio jusnaturalista. Essa pesquisa foi realizada a partir dos escritos dos próprios filósofos e
com auxilio de alguns comentadores, e sua apresentação se dará de forma expositiva e dialogada.
Como resultado desse estudo, ficou claro que apesar das diferentes propostas de atribuição do
Estado, Hobbes, Locke e Rousseau concordam que esta instituição política deve ter sua formação a
partir de um consenso entre os homens e que este contrato social deve ter como causa final a
garantia de direitos. Ressaltando também que os ideais do jusnaturalismo foram imprescindíveis
para a constituição do Estado Moderno que se configurou como o Estado de Direitos.
Palavras-chave: jusnaturalismo, estado de natureza, direito natural, pacto social, Estado Civil.
PRÍNCIPES MAQUIAVELIANOS: AMADOS POR UNS ODIADOS POR OUTROS
Danielly Bandeira do Nascimento
Thais Mara Bonani Fortuna
Universidade Federal do Ceará- Campus Cariri
[email protected]
Resumo: Em sua mais marcante e importante obra Maquiavel veio nos presenteia com relato do
processo político de sua época, ressaltando nesse relato as varias formas de principados. Temos,
por objetivo geral deste trabalho, apresentar as formas de principados relatadas por Maquiavel e
como esse principado era mantido de acordo com ele, pela indiscutível importância e influencia
desta obra para a humanidade e que optamos por realizar essa pesquisa acerca da obra
maquiaveliana. Tomando por base para o presente trabalho a obra “O Príncipe”, faremos com que
o objetivo acima exposto se cumpra. E ainda termos por objetivo secundário o de mostra as novas
formas de política expostas no livro “A Filosofia política de hoje: ideias, debates e questões”
tentaremos com isso alcançar mais um objetivo secundário que é o de mostrar pontos de igualdade
e de divergência entre as duas obras. Percebemos que a política atual é totalmente diferente da
época de Maquiavel, aqui é de vital importância destacar a política no Brasil, pois esta se julga
democrática, onde essa democracia é feita a partir de partidos políticos e estes por sua vez fazem a
escolha interna dos seus candidatos e os levam a jure popular, podemos perceber que o povo na
política brasileira tem participação direta na escolha dos seus representantes, sendo assim, a
população tem voz e vez na política que se julga "democrática". No livro “A filosofia política de
hoje” o autor começa por citar como se deu o processo de transformação da política ate chegar
esta forma democrática que estamos vendo, ele também aborda em seu livro como se da a
verdadeira democratização, este processo por sua vez é citado por muitos autores, mas segundo
Delacampagne esse termo só começa verdadeiramente a ser citado em Platão no seu livro “A
republica”, onde ele faz uma abordagem das diversas forma de como se da a política, para o autor
do livro A filosofia política de hoje, uma comunidade só será verdadeiramente política democrática
se obedecer a três princípios que são: o primeiro é o principio da tolerância escrito por John Locke,
no qual o estado e obrigado aceitar a livre expressão das crenças políticas, filosóficas e religiosa
desde que as mesmas não venham a perturbar a ordem publica. No segundo principio que é
principio de separação dos poderes escrito por Locke e Montesquieu, eles falam que os poderes de
fazer leis (poder legislativo), o de aplicá-los (poder executivo) e o de punir (poder judiciário) os
mesmos devem ser exercidos por diferentes pessoas para evitar o abuso de autoridade contra os
cidadãos, e contra o uso arbitrário que os detentores da autoridade publicas poderiam fazer dessa
autoridade, no terceiro principio que se chama às vezes de principio de justiça eles nos fala que a
justiça não deve ser cega para as desigualdades materiais que separam os cidadãos uns dos outros
e deve também visar um objetivo concreto isto e a justiça social. Focaremos a conclusão do nosso
trabalho em cima desses três conceitos onde visaremos à ideia de estarem ou não sendo cumpridos
hoje.
Palavras-chave: príncipe, povo, soberano, filosofia política.
ESCRAVIDÃO E MEDO EM SPINOZA
Alex Pinheiro Lima
Universidade Federal do Ceará
[email protected]
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar os conceitos de escravidão e medo nas
obras de Spinoza. A filosofia de Spinoza aponta principalmente para a liberdade do homem e sua
beatitude. Sua Ética – demonstrada segundo a ordem geométrica inicia fundando a própria
realidade na concepção de que Deus é imanente ao mundo, retirando a ordem transcendente que
sustenta a superstição das religiões judaico-cristãs. Com essa demonstração Spinoza pode
finalmente falar do homem e do seu caminho para se chegar à liberdade. Mas a liberdade, para o
filósofo, não se confunde com livre-arbítrio, e, portanto, não é algo dado, mas que se deve
conquistar. Spinoza afirma ainda que a maioria dos homens nunca serão livres. O motivo é muito
simples, os homens, em sua maioria, não são guiados pela razão ou pela intuição, mas apenas pela
imaginação, que é causa do erro. Outro motivo da servidão está ligo às paixões, que fazem parte da
própria constituição do homem, mas que devem ser guiadas de forma adequada tendo em vista a
ação em detrimento da passividade. Spinoza diz ainda que todas as religiões se baseiam em duas
paixões básicas: o medo e a esperança. Estas paixões estão na base de toda superstição, pois os
homens vulgares temem ou amam a Deus de acordo com elas. No seu livro Tratado TeológicoPolítico o filósofo vai analisar as causas do medo e da escravidão fazendo uma nova leitura dos
livros Sagrados. A filosofia de Benedictus de Spinoza (1632-1677) sempre foi uma incógnita para o
pensamento ocidental que tem Platão e Aristóteles como seus grandes expoentes na antiguidade.
O pensador que na sua juventude lia os grandes clássicos da língua latina como Cícero, Sêneca,
Virgílio, Ovídio, Catulo e Tácito, logo cedo se encanta por Hobbes, Galileu e Descartes. Mas Spinoza
é, acima de tudo, um inovador, um divisor de águas. A sua concepção de Deus como uma
substância imanente à natureza tem consequências muito importantes para a história do
pensamento, pois implica que Deus ou Natureza (Deus sive Natura) não tem um entendimento
onisciente nem uma vontade onipotente, não age tendo em vista fins e não é uma Pessoa
Transcendente, monarca do universo e juiz dos homens, concepção que leva a novas e inéditas
ideias de felicidade e liberdade para o pensamento moderno. Pretendemos trabalhar estes dois
livros do filósofo, recortando os pontos mais importantes para fundamentar nossa análise.
Palavras-chave: Spinoza, escravidão, medo.
A PEFECTIBILIDADE DO HOMEM NATURAL EM ROUSSEAU
Francisco Macílio de Oliveira e Deyvid Kardec Carneiro
Universidade Federal do Ceará
[email protected]
Resumo: Essa comunicação se propõe a discutir, mesmo que de forma não aprofundada, o tema
das obras de Rousseau: Discurso sobre as ciências e as Artes e Discurso sobre a origem e os
fundamentos das desigualdades entre os homens. Jean-Jacques Rousseau no ano de 1753 produziu
esse texto para participar do concurso promovido pela Academia de Dijon, o qual já havia ganhado
uma vez. Considerado uma figura polêmica e, às vezes, contraditória como resposta Rousseau trás
novas perspectivas sobre a sociedade, a educação e o conceito de homem natural que, segundo o
autor, estava sendo entendido de maneira errada, por todos os seus antecessores. A ciência
humanista do século XVII criou um homem para si e por si, sendo ele o seu objeto de estudo. Os
pensadores do direito natural (moralistas) buscavam aplicar uma Lei Humana à Natureza que era
mais rigorosa e afastada da realidade natural que a própria natureza que a fez e aplicou a todos os
seres pertencentes a ela. Não há assim como compreender a origem das desigualdades entre os
homens, as quais muitos se propuseram a explicar sem uma definição correta de lei, muito menos
de lei natural. Hobbes dizia que o homem é o lobo do homem, mas Rousseau entende esse homem
como um ser bom por natureza, cheio de potencialidades e elege a sociedade como a responsável
por degenerá-lo. Assim a natureza e a sociedade são opostas. Diante do problema da desigualdade
humana, a proposta política de Rousseau afirma como valores fundamentais a igualdade e a
liberdade. Como para ele não existe liberdade sem igualdade, as leis que se fundam num contexto
de desigualdade só servem para a manutenção da injustiça.
Palavras-chave: sociedade, natureza, liberdade, homem natural.
A LINGUAGEM E O PARADIGMA ROUSSEAUNEANO
Kleysson Adriano Moreira Pereira
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
Resumo: O filósofo genebrino fixa as suas reflexões na ótica natureza/sociedade. Em suas principais
obras o Autor faz referência ao estado de natureza, lugar em que todos os homens são livres e
iguais e sem necessidade de conhecimento. Um dos elementos de destaque é a linguagem,
perfectibilidade que não aconteceu de forma generalizada e sim apenas em indivíduos que se
aperfeiçoaram mais que outros. De acordo com o autor seu assunto interessa ao homem em geral,
cuidarei de usar uma linguagem que convenha a todas as nações, ou melhor, esquecendo os
tempos e os lugares. Para ele a linguagem é um dos fatores para que houvesse a desigualdade
entre os homens e através dela que ele iria desenvolver suas habilidades específicas, tais como a de
pensar e, mesmo, sendo de maneira inocente não discernindo o bem do mal ele possui
características que o diferenciam dos outros animais e de seus semelhantes. A partir desse instante
podemos perceber que o autor nos coloca diante de um novo paradigma e ao mesmo tempo atribui
um peso fundamental nesse processo. Já que não podemos viver como o homem natural, pois a
evolução da sociedade é inevitável o que ele irá chamar de perfectibilidade, o genebrino acaba nos
mostrando um problema da degeneração social provocada pelo distanciamento entre o homem
social e o homem natural. A linguagem possibilitou todos os avanços da sociedade moderna
inclusive o bem-estar e uma melhoria de vida para o homem, mas por outro lado ela ocasiona o seu
sofrimento visto que ele não aceita viver em outra realidade a não ser essa sociedade baseada na
ciência.
Palavras-chave: Rousseau, linguagem, modernidade, paradigma.
AS TRÊS FORMAS DE GOVERNO, SUAS EFICIÊNCIAS E DEFEITOS, SEGUNDO O PENSAMENTO DE
THOMAS HOBBES
Marcos Vinicius Barroso Rodrigues
Universidade Estadual do Ceará
[email protected]
Resumo: A seguinte comunicação tem como objetivo evidenciar as definições do filósofo inglês
Thomas Hobbes (1588-1679) concernentes às três formas de governo: Democracia, Aristocracia e
Monarquia, fundamentando-se em sua obra: Do cidadão (1649). Segundo Hobbes, o governo
democrático irá se caracterizar por ser constituído por um conselho, no qual todo cidadão possuirá
o direito a voto, seguindo datas e locais apropriados para que o sufrágio seja exercido, porém, uma
vez que tais datas e locais não venham a ser fixadas, a assembleia não irá reunir-se, conduzindo,
dessa maneira, a dissolução do governo democrático. No que se refere à aristocracia, Hobbes irá
defini-la como sendo o governo de poucos, ou seja, apenas uma pequena parcela dos cidadãos irão
possuir direito ao sufrágio, nesta forma de governo, os homens se distinguirão por títulos, posses
ou sangue, sendo assim, na aristocracia, a autoridade será exercida por nobres. A monarquia,
também será originada pelo poder popular, pois os indivíduos transferem seus direitos a um
soberano, uma vez detentor de tais poderes, caberá a ele regular o pacto firmado entre os
indivíduos com o intuito de preservar o estado civil de direito positivo constituído pelos mesmos
mediante um pacto. Far-se-á, portanto, uma análise dos argumentos de Thomas Hobbes referentes
a cada forma de governo, expondo as finalidades, virtudes e defeitos de cada uma. Conclui-se que
para Thomas Hobbes, qualquer tipo de governo será válido, desde que cumpra o seu papel
primordial, ou seja, preservar o estado civil evitando que os homens retrocedam ao estado natural,
que se caracteriza pela guerra de todos contra todos, porém, será evidenciado na obra que a
monarquia caracterizar-se-á por ser a forma de governo que possibilitará eficiência.
Palavras-chave: democracia, aristocracia, monarquia, Hobbes, poder.
DA FINITUDE À INFINITUDE NA ETHICA DE BENEDICTUS DE SPINOZA
Ravena Olinda Teixeira
Universidade Estadual do Ceará
[email protected]
Resumo: Benedictus de Spinoza (1632 - 1677), filósofo holandês, foi um importante racionalista do
século XVII que em seu sistema nos apresenta uma filosofia que rompe com os paradigmas de seu
próprio tempo, ele propôs fundamentalmente uma reforma, ou melhor, uma correção do intelecto
humano. Sua intenção com essa reforma era de que o homem pudesse tonar o seu intelecto mais
apto a conhecer as coisas pelas suas causas e não por seus efeitos, já que para ele conhecer as
coisas pelos efeitos era a maneira mais usual e inadequada. Com isso Spinoza propõe uma nova
abordagem do mundo, dos homens e dos fenômenos naturais que ocorrem. Embora quase todos
os comentadores de Spinoza tenham deixado essa questão de lado, a nova perspectiva Spinozista
da morte – enquanto fenômeno natural que ocorre aos homens –, é considerada pelo autor, em
sua obra maior, na qual ele utiliza o conhecimento claro e distinto que é próprio da matemática,
Ethica – Demonstrada em ordem geométrica, como algo completamente diferente do que a
tradição filosófica medieval considerava. Em outras palavras, a morte para Spinoza pode se resumir
na passagem da finitude à infinitude. Todavia, este é um nível que somente os homens livres
podem chegar, ou seja, os que vivem racionalmente ou aqueles que conhecem as coisas pelas suas
causas e as veem por meio do terceiro gênero do conhecimento, que se percebem como modos
finitos de uma substância infinita. Portanto, nosso estudo visa apresentar e demonstrar alguns
conceitos chaves do sistema de Spinoza.
Palavras-chave: finitude, infinitude, conhecimento.
ESCRAVIDÃO E MEDO EM SPINOZA
Alex Pinheiro Lima
Universidade Federal do Ceará
[email protected]
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar os conceitos de escravidão e medo nas
obras de Spinoza. A filosofia de Spinoza aponta principalmente para a liberdade do homem e sua
beatitude. Sua Ética – demonstrada segundo a ordem geométrica inicia fundando a própria
realidade na concepção de que Deus é imanente ao mundo, retirando a ordem transcendente que
sustenta a superstição das religiões judaico-cristãs. Com essa demonstração Spinoza pode
finalmente falar do homem e do seu caminho para se chegar à liberdade. Mas a liberdade, para o
filósofo, não se confunde com livre-arbítrio, e, portanto, não é algo dado, mas que se deve
conquistar. Spinoza afirma ainda que a maioria dos homens nunca serão livres. O motivo é muito
simples, os homens, em sua maioria, não são guiados pela razão ou pela intuição, mas apenas pela
imaginação, que é causa do erro. Outro motivo da servidão está ligo às paixões, que fazem parte da
própria constituição do homem, mas que devem ser guiadas de forma adequada tendo em vista a
ação em detrimento da passividade. Spinoza diz ainda que todas as religiões se baseiam em duas
paixões básicas: o medo e a esperança. Estas paixões estão na base de toda superstição, pois os
homens vulgares temem ou amam a Deus de acordo com elas. No seu livro Tratado TeológicoPolítico o filósofo vai analisar as causas do medo e da escravidão fazendo uma nova leitura dos
livros Sagrados. A filosofia de Benedictus de Spinoza (1632-1677) sempre foi uma incógnita para o
pensamento ocidental que tem Platão e Aristóteles como seus grandes expoentes na antiguidade.
O pensador que na sua juventude lia os grandes clássicos da língua latina como Cícero, Sêneca,
Virgílio, Ovídio, Catulo e Tácito, logo cedo se encanta por Hobbes, Galileu e Descartes. Mas Spinoza
é, acima de tudo, um inovador, um divisor de águas. A sua concepção de Deus como uma
substância imanente à natureza tem consequências muito importantes para a história do
pensamento, pois implica que Deus ou Natureza (Deus sive Natura) não tem um entendimento
onisciente nem uma vontade onipotente, não age tendo em vista fins e não é uma Pessoa
Transcendente, monarca do universo e juiz dos homens, concepção que leva a novas e inéditas
ideias de felicidade e liberdade para o pensamento moderno. Pretendemos trabalhar estes dois
livros do filósofo, recortando os pontos mais importantes para fundamentar nossa análise.
Palavras-chave: Spinoza, escravidão, medo.
A PEFECTIBILIDADE DO HOMEM NATURAL EM ROUSSEAU
Francisco Macílio de Oliveira e Deyvid Kardec Carneiro
Universidade Federal do Ceará
[email protected]
Resumo: Essa comunicação se propõe a discutir, mesmo que de forma não aprofundada, o tema
das obras de Rousseau: Discurso sobre as ciências e as Artes e Discurso sobre a origem e os
fundamentos das desigualdades entre os homens. Jean-Jacques Rousseau no ano de 1753 produziu
esse texto para participar do concurso promovido pela Academia de Dijon, o qual já havia ganhado
uma vez. Considerado uma figura polêmica e, às vezes, contraditória como resposta Rousseau trás
novas perspectivas sobre a sociedade, a educação e o conceito de homem natural que, segundo o
autor, estava sendo entendido de maneira errada, por todos os seus antecessores. A ciência
humanista do século XVII criou um homem para si e por si, sendo ele o seu objeto de estudo. Os
pensadores do direito natural (moralistas) buscavam aplicar uma Lei Humana à Natureza que era
mais rigorosa e afastada da realidade natural que a própria natureza que a fez e aplicou a todos os
seres pertencentes a ela. Não há assim como compreender a origem das desigualdades entre os
homens, as quais muitos se propuseram a explicar sem uma definição correta de lei, muito menos
de lei natural. Hobbes dizia que o homem é o lobo do homem, mas Rousseau entende esse homem
como um ser bom por natureza, cheio de potencialidades e elege a sociedade como a responsável
por degenerá-lo. Assim, a natureza e a sociedade são opostas. Diante do problema da desigualdade
humana, a proposta política de Rousseau afirma como valores fundamentais a igualdade e a
liberdade. Como para ele não existe liberdade sem igualdade, as leis que se fundam num contexto
de desigualdade só servem para a manutenção da injustiça.
Palavras-chave: sociedade, natureza, liberdade, homem natural.
A LINGUAGEM E O PARADIGMA ROUSSEAUNEANO
Kleysson Adriano Moreira Pereira
Universidade Federal do Maranhão
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Resumo: O filósofo genebrino fixa as suas reflexões na ótica natureza/sociedade. Em suas principais
obras o Autor faz referência ao estado de natureza, lugar em que todos os homens são livres e
iguais e sem necessidade de conhecimento. Um dos elementos de destaque é a linguagem,
perfectibilidade que não aconteceu de forma generalizada e sim apenas em indivíduos que se
aperfeiçoaram mais que outros. De acordo com o autor seu assunto interessa ao homem em geral,
cuidarei de usar uma linguagem que convenha a todas as nações, ou melhor, esquecendo os
tempos e os lugares. Para ele a linguagem é um dos fatores para que houvesse a desigualdade
entre os homens e através dela que ele iria desenvolver suas habilidades específicas, tais como a de
pensar e, mesmo, sendo de maneira inocente não discernindo o bem do mal ele possui
características que o diferenciam dos outros animais e de seus semelhantes. A partir desse instante
podemos perceber que o autor nos coloca diante de um novo paradigma e ao mesmo tempo atribui
um peso fundamental nesse processo. Já que não podemos viver como o homem natural, pois a
evolução da sociedade é inevitável o que ele irá chamar de perfectibilidade, o genebrino acaba nos
mostrando um problema da degeneração social provocada pelo distanciamento entre o homem
social e o homem natural. A linguagem possibilitou todos os avanços da sociedade moderna
inclusive o bem-estar e uma melhoria de vida para o homem, mas por outro lado ela ocasiona o seu
sofrimento visto que ele não aceita viver em outra realidade a não ser essa sociedade baseada na
ciência.
Palavras-chave: Rousseau, linguagem, modernidade, paradigma.
EDUCAÇÃO NO EMPIRISMO DE JOHN LOCKE
Josiane Aguiar da Costa
Universidade Federal Fluminense
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Resumo: O presente trabalho está vinculado ao Projeto de Monitoria: “O Lugar reservado à
Educação no debate entre Natureza e Cultura no Mundo Moderno” vinculado à disciplina Filosofia
da Educação II. O filósofo inglês John Locke (1632-1704) encontra-se inserido na tradição empirista
do Mundo Moderno, segundo a qual a experiência é a fonte do conhecimento. Para Locke, o
homem traz, ao nascer, o intelecto vazio de ideias, tal como uma “folha de papel em branco” à
espera das primeiras inscrições (Hipótese da Tabula Rasa). O conhecimento vai sendo
gradativamente adquirido por meio da experiência, tanto por meio da sensação quanto da reflexão.
Locke recusa, diferentemente de Descartes, a possibilidade de que haja no intelecto humano a
presença de “ideias inatas”, isto é, ideias a priori (independentes da experiência). Entretanto, Locke
alega que somos dotados de capacidades inatas a serem desenvolvidas. A crítica de Locke ao
iatismo cartesiano gerou grandes reflexos na educação. Dentre as contribuições de Locke para a
educação, destacamos as seguintes: (1) consumiu a idéia de criança como um adulto em miniatura,
pois, se as ideias não são inatas e o conhecimento é adquirido, há divergências entre criança e
adulto no tocante as ideias do intelecto e as capacidades a serem desenvolvidas; (2) abalou a idéia
do homem totalmente passivo, concebendo-o como passivo e ativo no processo do conhecimento,
pois, ao mesmo tempo em que recebemos todo o conhecimento da experiência, a nossa mente
trabalha na articulação das ideias simples formando as ideias complexas; (3) com isso, problematiza
a idéia do professor ditador de verdades inquestionáveis, já que o conhecimento é resultado de
uma busca do próprio homem. Concentrando-se em torno da obra Alguns pensamentos referentes
à educação, o presente trabalho procura abordar as recomendações de Locke aos pais sobre a
criação e a educação de seus filhos. A obra acabou assumindo um lugar importante na história do
pensamento pedagógico. Em termos gerais, a referida obra reflete a constante preocupação de
Locke com o desenvolvimento do caráter moral. Afirma que a educação deve formar para a vida.
Visa formar o homem virtuoso, o gentil-homem, capaz de agir conforme os ditames da razão. Tal
obra apresenta-nos ainda algumas seções sobre a saúde do corpo, sobre o valor de viajar para a
formação intelectual dos jovens, bem como sugestões originais para aprendizagem de línguas
estrangeiras. Locke acredita que as crianças nascem com certos traços de caráter, alguns dos quais
podem ser alterados, ao passo que outros devem ser trabalhados e seu aperfeiçoamento
estimulado. Acredita que “a maioria dos homens são pela educação recebida”. Por fim, pode-se
dizer que a obra de Locke ocupa um importante lugar no corpo de literatura educacional do século
XVII.
Palavras-chave: filosofia; modernidade; empirismo; educação; moral.
DO SOCIAL AO POLÍTICO NA CONCEPÇÃO DE BENEDICTUS DE SPINOZA
Jecson Girão Lopes
Universidade Estadual do Ceará
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Resumo: O presente artigo tem por premissa fundamental abordar algumas características
fundamentais da filosofia política aventada por Benedictus de Spinoza (1632-1677), que em linhas
gerais advém de sua concepção ontológica e naturalista, ou seja, distinto, via de regra, da
perspectiva filosófica política da tradição medieval. Para tal nos serviremos das obras principais de
nosso autor, saber, Ética demonstrada geometricamente, Tratado Teológico Político, Tratado
Político, Correspondências, Tratado da Reforma do Intelecto, bem como algumas obras que
comentam sobre o spinozismo, pois entendemos que suas obras e os comentários são importantes
para que se compreenda todo o seu sistema filosófico. Assim, analisaremos em que medida o corpo
social pode vir a se tornar corpo político, tendo em vista que isso se fundamenta da servidão
humana das paixões, isto é, na impotência dos homens no governo de suas paixões. Nesse sentido,
a filosofia spinozista deixa explícito que o campo das paixões se constitui, indubitavelmente, no
campo da política. Em sua filosofia, Spinoza expressa a substancial importância da constituição de
uma ética política, do entrelaçamento, do relacionamento entre os homens, gestado a partir da
concepção da própria ordem dos afetos pessoais. Destarte, Spinoza promove uma reflexão analítica
sobre a importância de uma interação relacional política e social entre os homens, assinalada pela
cooperação, pela junção mútua de forças com o fim de se promulgar, efetivamente o erigir do
estado, que seria, em resumo, a conjugação de várias pessoas (singularidades) com o fim de
aumentar sua potência, tendo em vista a ampliação de seus conatus, isto é o esforço de
permanecer na existência.
Palavras-chave: Spinoza; individual; político.
SUPERAÇÃO DA PARTICULARIDADE DO DIREITO NATURAL POR MEIO DA UNIVERSALIDADE DO
ESPIRITO
Hayane da Costa Freitas
Universidade Estadual do Ceará
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Resumo: O direito natural é uma das chaves para se entender a filosofia política moderna que tem
por base o contratualismo, é partindo dessa proposição que é pensável todo o Estado de Natureza
e a passagem do homem para o Estado Social. A partir desse pressuposto inicial, o presente artigo
objetiva explicitar a crítica feita pelo filosofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) ao
direito natural moderno contida em seu artigo Sobre as Maneiras Científicas de Tratar o Direito
Natural: seu lugar na filosofia prática e sua relação com as ciências positivas do direito (1802-1803).
O foco principal da pesquisa é a crítica feita por Hegel aos jusnaturalistas e ao Empirismo
dogmático de século XVII e consequentemente, à mitológica origem do Estado Civil, caracterizada
pelo Estado de Natureza. Este é um ponto crucial para o surgimento da filosofia contratualista que,
segundo Hegel, apresenta grandes contradições e, portanto, só é capaz de formular teorias, com
suas bases empíricas. Tais teorias não conseguem compreender o todo, a totalidade, conceito este
facilmente identificado pelo antagonismo existente entre Estado de Natureza e Estado Social, o que
para Hegel caracteriza o grande equivoco no qual caem os pensadores contratualistas. Sendo assim,
Hegel objetiva superar esta dualidade, evidenciando no todo social, um real organismo espiritual,
reconhecendo a particularidade da natureza e a universalidade do espírito. Mais tarde, tais
conceitos reaparecerão como bases fundamentais de sua grande obra de juventude a
Fenomenologia do Espírito (1807).
Palavras-chave: contratualismo, direito natural, crítica hegeliana.
AS RELAÇÕES DE GÊNERO EM JEAN-JACQUES ROUSSEAU
Raíssa de Cássia Silva
Universidade Federal de Uberlândia
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Resumo: O objetivo deste trabalho é apresentar as relações de gênero em Jean-Jacques Rousseau.
O nosso foco será a obra Emílio ou da Educação. Esta obra é dividida em cinco livros, considerada
um romance de formação, porque acompanha o desenvolvimento de um aprendiz, desde o seu
nascimento até por volta dos vinte e dois anos. Nosso trabalho analisará, especificamente, o livro V
intitulado Sofia ou a mulher. Trata-se da passagem da juventude para a maturidade de Emílio e da
educação de Sofia. Rousseau descreve como o preceptor e seu aluno iniciam uma viagem, até se
hospedarem na casa de simples camponeses e conhecerem uma moça de quinze anos, pela qual
Emílio se apaixona e o romance se desenvolve até o enlace matrimonial. Rousseau descreve os
princípios que acredita serem fundamentais para a educação das mulheres, escrevendo um esboço
de romance de formação de Sofia. Tal educação seguirá a natureza, ou seja, a máxima de todo o
Emílio: “seguir a natureza”. A educação, para Rousseau, implica na intervenção dos homens sobre a
natureza, mas seguindo sua direção e não contrapondo a ela. Portanto, é fundamental para o
projeto educativo o conhecimento da natureza, tal como Rousseau explícita em outra máxima:
“começai conhecendo vosso aluno”. Ora, homens e mulheres, para o filósofo, apresentam
semelhanças e diferenças. No que tange às faculdades, estrutura física e órgãos, o feminino e o
masculino assemelham-se. Entretanto, em relação ao sexo, homens e mulheres são diferentes e,
não são comparáveis. A sensibilidade feminina, por exemplo, não é decorrente da educação, mas
da natureza. A educação pode interferir ou não nesta natureza. Nosso objetivo é entender o que
Rousseau define como natureza da mulher e o projeto de educação que lhe é mais adequado.
Palavras-chave: Sofia, mulher, gênero, Emílio, Rousseau.
A LINGUAGEM EM JEAN JACQUES ROUSSEAU
Goldembergh Souza Brito
Universidade Federal do Ceará
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Resumo: A Filosofia da linguagem sempre foi um assunto instigante para os grandes pensadores e
desta maneira Jean Jacques Rousseau escreve uma das mais importantes obras a cerca da
linguagem, chamada Ensaio Sobre a Origem das Línguas, publicado por volta de 1759 e que tem por
objetivo desvendar os mistérios que rodeiam a fonte da linguagem. Rousseau mostra toda sua
originalidade desenvolvendo a estruturação das línguas no intuito de esclarecer questões diversas
como, por exemplo, as ideias de verdade e de justiça, a relação dos homens no estado de natureza,
além de buscar uma vocação moral da Filosofia relativizando pela primeira vez a vontade de
verdade, e ressaltando a passagem constante entre o bem e o mau uso da linguagem. Nesta
comunicação iremos investigar a forma que o ser humano trabalha sua maneira de se comunicar,
nos reportando a outras obras como o Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade
entre os Homens, publicado em 1755nointuito de melhor expor o conteúdo abordado pelo o
Contratualista, respeitando de maneira mais fiel possível as suas interpretações e construindo de
forma mais organizada o pensamento deste grande Filosofo que marcou sua época. O estudo da
linguagem é de extrema importância para podermos compreender o homem, tendo em vista seu
caráter cultural que lhe é pertencente, passando a se comunicar através de gestos, fala e sons na
medida em que se depara com a necessidade de entender o outro, tornando-se um ser histórico
que se encontra inserido em uma sociedade diferentemente dos outros animais.
Palavras-chave: Rousseau, linguagem, homem.
A EDUCAÇÃO PARA O PODER E A LIBERDADE EM ROUSSEAU
Adriana da Silva Santos
[email protected]
Flavio Pereira de Alencar
[email protected]
Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri
Resumo: Este presente trabalho visa a uma analise do processo educativo a partir da concepção do
poder formulado no estado rousseauniano. Nesse estado, os administradores devem, portanto, se
conhecer como representantes da vontade da maioria, e não da sua própria vontade. Este estado se
apoia na idéia da vontade geral e para explicá-lo serão expostas algumas teses do contrato social,
nas quais Rousseau trata dos principais fundamentos da organização da república, mas não
apresenta uma das principais condições para o exercício democrático: a educação do povo para
exercício direto do poder. Esse enfoque, de caráter pedagógico e educativo, está presente na obra
Emílio, que foi lançada no mesmo período de O Contrato Social, mas menos difundida, tendo sido
rasgada e queimada como sentença do parlamento de Paris em 1762, como livro proibido. Diante
do problema da desigualdade humana, Rousseau propõe uma política que tem o objetivo de
construir um estado em que todos os seus cidadãos componham o corpo político, procurando,
através desse processo, esclarecer como poder e desigualdade entre os homens emanam da
corrupção no convívio social, e como a educação relacionada à política pode apaziguar este
processo da corrupção humana dada na sociedade. Rousseau é um dos principais pensadores da
concepção jusnaturalista ou contratualista e suas obras serviram de referencial à Revolução
Francesa e permanecem como fundamentais ao entendimento do que conhecemos por Estado
moderno, isto é, a sociedade das instituições civis em que residem a crítica rousseauniana e o
fundamento de sua teoria política.
Palavras–chave: estado, origem, fundamentos, desigualdade, homem.
O ESTABELECIMENTO DA IGUALDADE ATRAVÉS DO PACTO SOCIAL EM ROUSSEAU
Fernando Farias Ferreira Riça
Universidade Federal do Ceará
[email protected]
Resumo: O trabalho por nós proposto é uma busca de resolução de um problema surgido na obra
“Discurso sobre a Desigualdade”, onde o homem vivia plenamente livre em seu estado natural,
gozando livremente da natureza, e essa liberdade constituía a igualdade entre os homens. Com o
estabelecimento da propriedade e da sociedade, a liberdade do homem foi suprimida, pois os
homens não podia mais gozar de forma livre da natureza. Rousseau busca a solução para esse
problema na obra “Do Contrato Social”. Os primeiro pressupostos para garantir a igualdade é a
transformação da liberdade natural em liberdade civil, que é possibilitada através da constituição
do Soberano – que é o povo enquanto agente, defensor da vontade geral – e do Estado, onde o
homem vai ter garantida, além da liberdade, a propriedade, que será fundamentada em um título
positivo, em um reconhecimento dos outros cidadãos. Mas para a liberdade ser garantida, é preciso
que alguns pressupostos sejam garantidos. O primeiro deles é que a Soberania é inalienável, ou
seja, não pode ser transmitida a outro; o segundo é que ela é indivisível. Portanto ela só pode ser
tomada no seu todo. Mas para todos os elementos que constituem o corpo político ter movimento
e conservar-se, é preciso a instituição de leis. Essas vão garantir o direito e os deveres a cada
cidadão, tornando-os, assim, iguais. As leis, além de servir aos homens, devem ser feitas por eles.
Para as leis serem postas em prática, vai ser preciso um cargo que esteja entre o Soberano e os
súditos, ou seja, um cargo que alie a vontade geral com as necessidades do povo. Esse cargo é o
governo, que tem como tarefa principal garantir a conservação da liberdade dos cidadãos. Para
Rousseau, a forma de governo mais apropriada é a Aristocracia Eletiva, ou seja, um governo onde o
Estado é governado por uma parte do povo, e esses mesmos representantes são eleitos pelo povo.
Dessa forma, temos a solução para o problema da supressão da liberdade, e temos novamente a o
estabelecimento da igualdade.
Palavras-chave: Igualdade, Liberdade, Soberano, Vontade Geral, Governo.
SOBERANIA E CIDADANIA NO DO CIDADÃO DE HOBBES
Anderson Francisco dos Santos
Universidade Federal de Sergipe
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O presente texto visa traçar o percurso feito por Hobbes do homem em seu estado hipotético de
natureza, ou seja, com suas paixões naturais, homem este movido pelo desejo de vã glória e de
ferir o outro, até que o mesmo adentre a uma sociedade civil, constituída por regras, ou leis morais
e éticas de conduta. No primeiro momento, teceremos considerações sobre o homem no “estado
de natureza”, ou seja, do homem em seu estado pré-social ou associal, e também da igualdade
colocada por Hobbes nesse estado natural, porém, igualdade essa que se torna inútil, pois, se no
estado de natureza todos tem direito às mesmas coisas ao mesmo tempo, quem vai garantir esse
direito afinal? Visto que ainda não temos leis civis que assegurem tais direitos? No segundo
momento exporei que não basta apenas seguir as leis de natureza para que se possa alcançar a paz
entre os homens que vivem em constante perigo de morte violenta, é necessário algo mais. A
“solução” proposta por Hobbes é que estes transfiram o seu direito ilimitado a tudo, a um só
homem, ou a um conselho, constituindo assim, aquilo que chamamos de sociedade civil.
Finalmente teceremos considerações sobre a construção da soberania e sobre o conceito de
cidadão, onde, este último torna-se súdito quando há um poder soberano que o governa. Nosso
intento é articular as pesquisas sobre a Filosofia Política com uma prática cidadã, como uma
proposta de conscientizar na prática, o cidadão atual sobre a importância de conhecer bem as leis,
sobre as quais eles se submetem.
Palavras-chave: Estado de natureza, Estado civil, Soberania, Cidadania Prática.
O PAPEL POLÍTICO DA RELIGIÃO NO PENSAMENTO DE MAQUIAVEL
Adriana Maria da Silva
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Toledo
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Resumo: Para Maquiavel, a abordagem da religião não confere um valor teológico, mas sua função
e importância para a vida coletiva, como um instrumento essencial para a formação e manutenção
do Estado. Segundo ele, a religião ensina a reconhecer e a respeitar as regras políticas a partir do
mandamento religioso e conduzir os cidadãos ao patriotismo. A importância de uma religião não é
o valor de seu fundador, o teor dos seus princípios, ou o conteúdo de sua doutrina, mas uma
ferramenta para ser aplicada em favor das ações políticas na concepção do Estado e na convivência
coletiva entre os cidadãos. A religião como instrumentum regini a serviço do governante
desempenha uma função normativa, educadora, estabelece hierarquias e ordenamentos
organizacionais. Neste caso, quando o sentimento religioso, direcionado ao culto dos símbolos
pátrios, ao respeito das instituições políticas produz um efeito civilizador eficiente. Maquiavel
aborda o tema da ordenação civil pela análise de como Roma se utilizou da religião para organizar
suas instituições e a vida normativa das leis. O empreendimento político dos homens e Estado foi
facilitado pela função de coesão social, desempenhada pela religião. O ensino e o preparo dos
cidadãos para viverem segundo uma conduta normativa fazem da religião uma espécie de terreno
preparado sobre o qual depois se projeta o Estado e o viver político. A religião exige do governante
a habilidade de servir-se de forma perspicaz da fé e do povo para induzi-los à obediência da lei civil,
pois não é a violência, mas a religião o elemento mais eficaz para levar o povo a um viverecivile.
Somente um líder virtuoso é capaz de levar os cidadãos a temer a desobediência às ordens do
Estado como se fosse uma ofensa a Deus, pois o temor de Deus só é eficaz quando utilizado por um
governante que possa dirigi-los corretamente. Portanto, a grandeza de uma religião procede da
função e importância que ela exerce em relação à vida coletiva e “ambas, função e importância, são
de caráter normativo: a religião ensina a recorrer e a respeitar as regras políticas a partir do
mandamento religioso” (AMES, 2005, p. 53), isso se deve à dominação e à força do mandamento
divino em relação à lei humana para submeter o povo, pois “cidadãos temiam muito mais violar o
juramento que as leis, por quanto estimavam mais o poder de Deus que os homens” (DISCORSI, I,
11). O pensador afirma que neste caso a religião bem usada, serviu para conquistar a força aquela
cidade e a devolução do tribunado à nobreza. Sem esse meio, segundo Maquiavel, dificilmente se
teria chegado a qualquer um desses objetivos. Tal utilização desses critérios “é importante destacar
que o resultado deve convergir com o bem coletivo. É esse efeito positivo, reconhecido por todos, o
que valida a sua utilização” (AMES, 2006, p. 60). Neste sentido, a interpretação cujo efeito é
manifestamente beneficiável apenas as minorias favorecidas, ou a algum dirigente no poder, tem
por conseqüência a difamação no oráculo ou nos augúrios, no qual o prejuízo da fé e em sua
descrença brota o tumulto, que danifica a continuação durável da vida do Estado. Portanto, a
ferramenta faz-se o uso do temor de Deus, para manter a observância das leis e persuadir os
cidadãos sempre segui-las, assim provocar um sentimento de amor e devoção que levará o povo a
lutar pela pátria e pela defesa de seu Estado.
Palavras-chave: religião, estado, cidadãos, Maquiavel.
JEAN JACQUES ROUSSEAU: A ÉTICA DO CONTRATO SOCIAL
Francisco Stefeson da Silva
Jonathan Sales da Silva
Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri
[email protected]
Resumo: Muitos foram os que atribuíram o poder absoluto ao Estado, fazendo da população servos,
submissos ao poder real e eclesiástico. Dos filósofos modernos, a teoria política de Jean - Jacques
Rousseau destaca-se por evidenciar as bases de uma nova concepção de pacto social, lançando a
hipótese da existência de um estado de natureza em que se encontraria o homem visto como um
“bom selvagem”, que, ao passar para uma vida em sociedade, seria corrompido em sua
generosidade, sua inocência e completa liberdade. O contrato social, portanto, seria uma forma de
garantir a soberania da população e, por conseguinte, garantir a liberdade do homem como seu
maior bem, os indíviduos teram o poder sobre suas decições, porem essas decisões só seram validas
tanto as leis como no ato do julgamento se ouver uma concordância geral, consecutivamente,
haverá uma ordem entre todos a partir da vontade indívidual no interesse em comum coletivo.
Assim, tal pensamento rousseauniano é fundamentado por uma perspectiva ética em que o poder
do contrato social parece garantir os direitos e deveres dos cidadãos, através da soberania do poder
de decisão de cada um, o que, em última instancia, só é possível perante a vontade geral, vontade
de um corpo político organizado. Em suma, pretendemos investigar de que forma a ética do
contrato social pode remeter ao bem comum, sendo a vontade coletiva, representada pelas leis, a
vontade que definiria os rumos dos governos, respeitando a igualdade moral de todos os cidadãos,
a liberdade e a justiça social.
Palavras-chave: poder, ética, contrato social, vontade geral.
UMA ANÁLISE SCHILLERIANA DO FILME “O HOMEM-URSO” DE HERZOG
Breno de Souza Pinto
Universidade Estadual Paulista “Julio Mesquita Filho” - Marília
[email protected]
Resumo: Baseados na Carta IX da obra “Cartas sobre a educação Estética da Humanidade”, de
Schiller, consideramos o filme “O Homem-Urso” de Werner Herzog, tributário, mesmo q de
maneira não intencional (uma vez que não temos referências que afirmem o contrário), da
proposta de Schiller. Segundo esta, o artista deveria procurar a forma para suas obras nos moldes
da arte grega, que o filósofo considerava perfeita e, portanto, universal e imóvel. O conteúdo ou
matéria pertenceria ao próprio tempo do artista, ao qual ele deveria purificar. Ao analisar o filme
de Herzog de acordo com a proposta schilleriana percebemos aspectos nos quais aquele se
coaduna com esta: a presença de recursos trágicos, principalmente na trajetória heroica com que
Herzog enfoca seu relato - o personagem é apresentado como alguém que ultrapassou a medida
humana, tanto por seus testemunhos como pelo daqueles que o conheceram. Também a morte do
personagem não é mostrada, ainda que houvessem documentos auditivos contendo-a. Este é outro
dos recursos trágicos, uma vez que a morte jamais era colocada em cena nas tragédias antigas.
Além disso, a obra considera questões de relevante cunho social e filosófico hoje: o problema
ambiental e a relação do homem-moderno com os animais selvagens. Este último aspecto nos
permitiu relacionar esta obra de Herzog com os princípios e objetivos da “educação estética”
proposta por Schiller. A estética de Schiller continha pressupostos a-históricos que as contribuições
da sociologia, da antropologia e da própria filosofia modificaram amplamente no conceito de
estética. Por isto, colocar a arte grega como molde para o artista atual considerando a unificação
perfeita de dois impulsos fundamentais – o formal e o sensível, não é um paradigma da estética
atual. No entanto, a atualidade da estética schilleriana não se esvazia. Nosso objetivo é demonstrar
isso para além da história da filosofia, demonstrando-o na estética de uma obra atual. Mesmo não
sendo possível afirmar uma influência direta de Schiller em Herzog e sendo bastante cabível supor
que esta não ocorre realmente, a não ser muito indiretamente, queremos demonstrar a
exequibilidade da proposta schilleriana e, portanto, sua validade permanente. Os objetos de análise
escolhidos são ainda prematuros: a Carta IX de Schiller e o “O Homem-Urso” de Herzog, mais a
literatura de apoio. Este é o projeto inicial, que permitirá um fôlego mais alentado. O importante
aqui é ampliar o entendimento da obra de Herzog, trilhando caminhos que não são imediatos para
todos os espectadores. Além disso, investigar o alcance histórico da filosofia estética de Schiller,
buscando raízes para esta na obra de um artista tão importante e atual como é Herzog.
Palavras-chave: educação, estética, Herzog, Schiller, tragédia.
A ONTOLOGIA DO CORPO EM SPINOZA
Ana Caroline Lima Lira
Universidade Estadual do Ceará
[email protected]
Resumo: Spinoza foi um dos filósofo que mais falou do corpo. Baseou suas teorias sobre o corpo
nas de Descartes, apesar de não concordar com ele em muitas partes. Para escrever suas teorias
utilizou o vocabulário medieval, escolástico e cartesiano, além de fazer uma espécie de correção
das teorias deles em suas obras. A metafísica spinozista é também uma física, por estudar o além
do ser e o ser, com isso ele se torna o primeiro a definir uma estrutura material do ser, enquanto
ser, não se limitando aos seres em ato, como por exemplo, quando ele fala do corpo. Segundo
Spinoza, o Corpo e a Idéia são um e a mesma coisa, ontologicamente, pois vem da mesma
substancia, procedendo de dois atributos de Deus, Extensão (corpo) e Pensamento (mente), sendo,
então, submissos a Deus, derivados Dele, ou ainda um efeito divino. Assim, o Corpo não é uma
substância, mais atributo da única substância que existe, Deus. Por isso a sua metafísica também
pode ser considerada uma física, dizendo que o Corpo é parte de Deus ele cria uma ligação forte
entre o metafísico e o físico, aproximando bastante os dois. Ele conclui que o homem é um ser
psicofísico (corpo-mente) e não possui vontade livre, a sua vontade é sempre determinada por uma
causa, e essa causa por outra e assim por diante. Não há um lugar de união entre corpo e mente,
assim a mente não pode guiar o corpo, o não físico não pode ter contato com o físico. Nesta obra
iremos analisar as questões ontológicas do corpo, presentes na “Primeira Parte: Deus” e na
“Segunda Parte: A Natureza e a Origem da Mente”, da obra de Baruch Spinoza intitulada Ética.
Palavras-chave: Spinoza, corpo, substância.
UMA ANÁLISE DO SUBLIME E DO BELO COMO FORMAÇÃO ESTÉTICO-MORAL
Kedna Adriele Timbó da Silva
Universidade Federal do Ceará
[email protected]
Resumo: Na obra Observações Sobre o Sentimento do Belo e do Sublime [Beobachtungen über das
Gefühl des Schönen und Erhabenen], Immanuel Kant conceitua o sublime e o belo por meio de
exemplos, demonstrando a diferença entre ambos e como podem ser adequados ao pensamento
Estético-Moral, nos homens mais comuns. O filósofo também esclarece que o sentimento do gosto
está de acordo com o sujeito e que a natureza humana é vulnerável a uma moral universal: daí, a
necessidade de instintos auxiliares contribuidor do agir moral. Com base nessa introdução, a obra
indica questões estético-morais, nas quais, por meio do sublime e do belo é desenvolvido uma
filosofia, em que o homem age moralmente, não pelo dever, mas pelas conveniências e utilidades.
Tais ações desenvolvem a capacidade de um agir moralmente universal, porque trazem para o
mundo fenomênico atitudes que se adéquam ao cotidiano, e que ligam os sentimentos do belo e
sublime ao entendimento humano como forma de internalização das leis morais. Valendo-nos
dessa obra kantiana pretendemos abordar a relação entre liberdade, estética e moral, de forma
antropológica, porque, para Kant, o ser humano pelos instintos virtuosos, pode agir de acordo com
o propósito da natureza humana, bem mais do que os homens que agem pelos princípios. Desse
modo objetivamos nessa comunicação, explicitar a importância estética do sublime e do belo como
formação de um caráter moral e, concomitantemente, identificar uma racionalidade nas ações que
envolvem sentimentos humanos.
Palavras-chave: sublime, belo, estético-morais.
A CONSIDERAÇÃO METAFÍSICA DA MÚSICA
Luan Corrêa da Silva
Universidade Federal de Santa Catarina
[email protected]
Resumo: Schopenhauer em “O mundo como vontade e como representação” propõe uma
consideração metafísica da música, em oposição ao que seria sua consideração física, sua “casca”,
expressa, por exemplo, nas suas relações matemáticas. Mostra, a partir daí, de que maneira a
música, considerada metafisicamente, é expressão da própria essência do mundo e, por isso,
sugere como é possível uma analogia do próprio mundo com ela. Dessa forma, seres inorgânicos
são análogos ao sons mais graves do baixo, os vegetais e animais aos sons intermediários da
harmonia, e o ser humano análogo à melodia, por ser ele o maior grau de objetivação da Vontade
no mundo. Essa tese, da relação íntima da música com a essência do mundo, que influenciou de
imediato pensadores e compositores, representa um salto importante para a compreensão do
fenômeno da música enquanto um fenômeno universal, permitindo-nos refletir acerca dela como
não apenas uma expressão imagética do mundo, tal como seria o caso das outras artes, mas como
constituinte dele; ou seja, permite-nos mostrar de que maneira a metafísica da música pode ser
pensada enquanto uma disciplina independente do exposto por Schopenhauer. Assim, torna-se
possível mostrar a relevância do seu pensamento para experiências como as contemporâneas da
música que apesar de não fazerem, de maneira geral, alusão ao pensamento moderno, sobretudo
na pretensão de superá-lo, continuam por vezes lidando com conceitos metafísicos como “som”,
“silêncio”, “ruído”, “dissonância”, dentre outros que poderíamos dizer oriundos da adoção desse
ponto de vista da música, o metafísico. Se entendermos a metafísica da música tal como pretendia
Schopenhauer, poderemos, suspeito, inseri-lo de forma efetiva nas discussões atuais.
Palavras-chave: música, metafísica, Schopenhauer.
DELEUZE E GUATTARI: RIZOMANDO FRANZ KAFKA
Paulo Jorge Barreira Leandro
Universidade Federal da Paraíba
[email protected]
Vivianny Lopes Martins
Universidade Estadual do Ceará
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Resumo: O presente trabalho tem o objetivo de apresentar a acoplagem que Deleuze e Guattari
realizam na literatura de Franz Kafka mais precisamente na obra (basilar desta comunicação)
intitulada Kafka: por uma literatura-menor (obra criada em intermezzo, pelo meio, entre O Antiédipo e Mil platôs). Esta acoplagem se distribui em três linhas que se cruzam: 1: o caráter de
resistência ao uso “menor”de uma língua no seio de uma literatura de língua oficial; 2: a dimensão
política da literatura (para além de uma relação eu-outro); 3: a produção de enunciados coletivos
desta literatura, ou seja, para o povo, nas ruas. Esta experimentação suscita questões, e abre linhas
de criação conceitual. Neste contexto, é necessário para o desenvolvimento da comunicação a
apresentação dos conceitos deleuze-guattariano de “devir” como fluxo de transformação de
estados de afetos; de rizoma como um procedimento de vida, de escrita, de criação pela
multiplicidade, por linhas e platôs que não estejam atrelados a um eixo codificante; não pela
estrutura nem de modo arbóreo (cosmo-raiz), mas de modo rizomático (cosmo-radicular). E
finalizando com o conceito de agenciamento que segundo Deleuze e Guattari, é o que permite
Kafka sair da dimensão novelesca e entrar no romance. Deste modo, tentamos apresentar esta
acoplagem ao mesmo tempo em que ela mesma produz nos autores possibilidades de elaboração
de criação de conceitos, ela permite outras possibilidades de experimentação da literatura, no caso,
a experimentação de uma máquina de expressão chamada Kafka.
Palavras-chave: Rizoma, devir, agenciamento, Kafka, Deleuze.
A POESIA E HEIDEGGER: UM RETORNO AO ESTUDO DO SER E SUA RELAÇÃO COM A LINGUAGEM
POÉTTICA E A FUGA DO QUE É TÉCNICO
João Batista Farias Júnior
Universidade Federal do Piauí
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Resumo: A história da metafísica há muito se tornou a história do esquecimento do ser. Heidegger
nos fala da necessidade do retorno ao verdadeiro estudo do ser pela filosofia. No presente trabalho
pretende-se falar desse retorno ao estudo ontológico do ser, mais especificamente do modo que
Heidegger nos impulsiona a procurar aqueles que são os pastores do ser, os poetas. Segundo
Heidegger é somente através da linguagem que o ser se mostra verdadeiramente no mundo. Não
se tratando de qualquer linguagem, mas sim da linguagem poética. Só com a poesia vamos ao
ponto onde o ser se manifesta. Deixando o que é técnico de lado e elevando-se ao que é oculto e,
no entanto nos é caro. Tomaremos como impulso o trabalho de Hölderlin, poeta que muito
contribuiu a Heidegger e que possui grande intimidade com o mostrar-se poético do ser e que nos
auxiliará na fuga da tecnificação da vida. Encontrando-se a modernidade em um estágio em que a
objetivação do mundo e dos seres tornou-se a marca da incompreensão do verdadeiro significado
de existência, Heidegger incita-nos a perguntarmos sobre o sentido do ser, assim buscando trilhar o
caminho para uma existência autentica que reside sob a habitação da linguagem poética. Este
caminho do qual fala Heidegger se dá com a minuciosa escuta daqueles que poeticamente falam da
existência e com o estabelecimento de uma ligação entre Ser, homem, pensar e linguagem. Diante
desse encontro entre a filosofia do ser e a poesia vê-se a possibilidade de retomada do estudo
ontológico que havia sido reduzido a um estudo do ente. O destino da existência humana torna-se
então um estudo da poesia e da verdade por esta revelada. A história através da poesia de
Hölderlin é analisada olhando-se para o mundo grego clássico e para a modernidade. Todo o estudo
da poesia de Hölderlin e dessa relação com o ser torna-se essencial para a sociedade moderna que
está mergulhada numa existência factual e técnica, assim caminhar junto do pensamento
heideggeriano e da poesia de Hölderlin será a forma pela qual se dará o retorno ao estudo
ontológico do ser.
Palavras-chave: ontologia, ser, técnica, Hölderlin, Heidegger, poesia, facticidade, modernidade.
CARÁTER DESTRUTIVO VERSUS SUJEITO HISTÓRICO: IMAGEM APOLÍNEA DE UM DESTRUIDOR
Raquel Célia Silva de Vasconcelos
Universidade Federal do Ceará
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Resumo: o objetivo do ensaio é analisar no escrito de Walter Benjamin,O Caráter Destrutivo, sua
proposta de destruição e ruptura com o sujeito moderno, cuja origem está vinculada à criação de
um falso conceito de racionalidade; um sujeito objetivado pela razão abstrata enquanto
instrumento de persuasão que estabelece com a natureza e o corpo, o controle. A razão abstrata
por vez privilegia o “sujeito do conhecimento histórico”, cuja percepção histórica se realiza apenas
no âmbito da síntese dialética, forjando uma concepção formal de identidade, individualidade e
psique que não apreende o real na relação dicotômica. Benjamin propõe a destruição construtiva a
partir da imagem apolínea do “caráter destrutivo” que remove o próprio estado de si para conduzir
a história pelo viés profano da imagem alegórica. O caráter destrutivo rompe com a visão unilateral
e uniforme do discurso, propondo uma leitura descontinua da história para apreender a diferença
no pormenor do conteúdo material.
Palavras-chave: ruminação, imagem alegórica, consciência histórica, consciência desperta,
destruição.
EPOPÉIA AO ROMANCE: A CRISE DA NARRAÇÃO EM WALTER BENJAMIN E SUA RELAÇÃO COM AS
TEORIAS CRÍTICAS DE LUKÁCS, SCHILLER E SCHLEGEL
Fernanda Araújo Vieira
Universidade Federal de Goiás
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Resumo: No presente trabalho será discutido a crise da narração tomando como base o ensaio O
Narrador – Observações sobre a obra de Nikolai Leslow, de Walter Benjamin. Explicar-se-á as ideias
de Benjamin no que se refere ao surgimento do romance concomitantemente com a crise da
narração e com o fim das narrativas épicas. Essa ruptura histórica entre o romance e a antiga
narração será discutida também, de forma breve, utilizando os conceitos de teoria narrativa de
Lukács, Schiller e Schlegel, contidos em seus textos A Teoria do Romance, Poesia Ingênua e
Sentimental e Carta Sobre o Romance, respectivamente. A crise da narração para Schiller remete à
falência de determinada concepção baseada no paradigma da totalidade (completude e unidade).
Esse modelo de perfeição de totalidade é encontrado na epopeia homérica. O homem da
modernidade está em constante busca, em contraposição com o homem da antiguidade que se
encontra em um estado de totalidade. Schlegel também aponta a perda de um paradigma com o
surgimento do romance moderno. Essa perda refere-se à privação do paradigma de vida plena,
ausente no gênero romântico moderno e presente na epopeia grega. Enquanto Schiller faz a
distinção entre o ingênuo do mundo antigo e o sentimental (o sentimental como uma poesia que
emociona e recompõe a unidade), em Schlegel a perda do paradigma - uma espécie de nostalgia pode ser superada com um romantismo intelectual. Em Lukács a epopeia exprime uma adequação
entre o homem e o universo, na qual o herói imerge na totalidade extensiva da vida. No romance, o
sentido de viver encontra-se problemático e seu herói tenta, por meio da interioridade,buscar esse
sentido que se perdera, diferentemente do herói da epopeia, cuja totalidade já apresenta fechada
para si mesma.
Em Walter Benjamin, o épico tem envolvimento com o que é histórico e
verdadeiro – com a realidade. O épico é a verdade da experiência, transmitida pela oralidade de
quem narra. Assim, Benjamin aponta um caráter de utilidade à narrativa: a narração quando
verdadeira é relacionada com um interesse prático; ela é verdadeira quando possui uma utilidade,
seja em forma de uma utilização na prática do que foi narrado, seja uma lição de moral ou em uma
maneira de como viver exposta pelo narrador – a narração quando conivente com a verdade é
então útil, pois o narrador aconselha quem o ouve. Lukács, Schiller e Schlegel perceberam a crise
em que houve a perda de totalidade do homem em relação à vida que antes se fazia presente na
literatura, especificamente na epopeia.
A busca pelo “sentido da vida” está essencialmente
presente no romance. Benjamin contextualiza essa crise, argumentando que o declínio da narração
verdadeira é resultado da pobreza de experiência da cultura do homem moderno. Nesse contexto
não há uma crença dos filósofos em reconstituir plenamente a totalidade perdida antes de a
narração entrar em crise. O que há é a tentativa de compreensão do fenômeno da crise e o
apontamento de alternativas em relação a ela. O advento do romance é, em suma, a ruptura
histórica ou a quebra de paradigma que desencadeou a crise da narração.
Palavras-chave: Walter Benjamin; crise; narração; romance; epopeia.
A DIMENSÃO FORMATIVA DA LITERATURA ENQUANTO EXPERIÊNCIA
ESTÉTICA
Adalgisa Leão Ferreira
Universidade Federal de Pernambuco
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Resumo: Algumas correntes teóricas, como a defendida pelo educador Jorge Lar rosa (1994) por
exemplo, afirmam que o discurso pedagógico não se caracteriza apenas como uma relação de
mediação, um espaço neutro. Antes, porém, se caracterizaria como produtor de formas de
experiências de si, nas quais os indivíduos podem se constituir enquanto sujeitos, de uma maneira
bem específica. Nessa perspectiva, a pedagogia pode definir formas singulares e normativas que
constroem e/ou transformam a experiência de si (LARROSA, 1994, p. 57). Mas atualmente observase não apenas um estreitamento formativo do ser humano, como também um impedindo acerca da
reflexão sobre outras formas de educar o sujeito (FREITAS, 2009). A presente pesquisa tem por
objetivo refletir acerca de uma forma de construção e modificação dos sujeitos, que se efetive
através da dimensão formativa da literatura (LLOSA, 2007) enquanto experiência estética e, através
da aquisição de competências específicas, contribuir para a atuação desses sujeitos no espaço
público decisório. Trata-se de uma pesquisa em filosofia da educação, com abordagem qualitativa,
de caráter exploratório, fundamentada em pesquisa bibliográfica. Para o procedimento de análise
do material utilizaremos a hermenêutica. O corpo da pesquisa tratará dos temas centrais
estudados: formação da subjetividade, experiências estéticas, dimensão formativa da literatura e
espaço público. Assim, acredita-se que a partir das experiências estéticas que se efetivam através
da literatura e de sua dimensão formativa, os sujeitos podem, baseados na ação e no discurso,
atividades que estão ligadas à vida política por excelência, (ARENDT, 2009; HABERMAS 2003)
adquirir competências inerentes ao espaço público, como a competência argumentativa e
judicativa, dentre outras – que podem ser constituídas através das vivências literárias. Ou seja,
através da leitura e mediação de textos ficcionais (ou não), que podem ocorrer dentro do ambiente
escolar, os sujeitos podem se constituir frente à atuação no espaço público enquanto lugar de
deliberação argumentativa.
Palavras-chave: experiências estéticas, dimensão formativa da literatura, espaço público.
EL TOPO: ALEGORIAS, DECADÊNCIA E ACASO
Bárbara de Barros Fonseca
Universidade de Brasília
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Resumo: A partir das leituras de Walter Benjamin e Theodor Adorno sobre o surrealismo, da leitura
das vanguardas por Peter Bürger, da noção de alegoria em Walter Benjamin e de teóricos do
cinema, visa-se uma amostra de como utilizar a filosofia na análise de obras culturais, mais
especificamente uma análise de dois filmes do cineasta Alejandro Jodorowsky, El Topo (1970) (obra
primordial da análise) e The Holy Mountain (1973) (apenas algumas cenas), esmiuçando a
linguagem cinematográfica com que foi realizado, e mostrando uma leitura das montagens, dos
acasos e da decadência que aparecem no filme. Põe-se em jogo a montagem do filme, onde a
conexão entre cenas não parece ser extremamente lógica e seguir certa linearidade, e como certos
eventos do início do filme só encontram seu sentido no fim. As alegorias, presentes
incessantemente no filme, são analisadas também, levando em conta os aspectos mitológicos
utilizados nas cenas, a paleta de cores que compõe os planos, a utilização de diálogos curtos ou a
ausência dos mesmos, e os fundos musicais que terminam de compor o filme. O tom onírico dos
filmes de Jodorowsky e suas narrativas “fantásticas” fazem com que tendamos a ver suas obras
enquanto surrealistas, porém ele não foi “filiado” a esse movimento e sua obra transcende em
muito o próprio surrealismo. Porém, certas noções como a de colagem e a de alegoria, que são
aplicadas ao surrealismo, são imprescindíveis para uma análise dos filmes de Jodorowsky. A
utilização de diversos elementos grotescos no filme El Topo, como os corpos deformados, as cores
berrantes e a aleatoriedade de certas sequencias são vistas como as imagens-choque típicas do
surrealismo como seu apetite pelo estranho. A colagem das sequencias aleatórias adquire sentido
no final do filme, onde culmina a grande alegoria que dá nome a obra, cunhada na seguinte
passagem com que o filme se abre: “El topo es un animal que cava galerías bajo la tierra buscando
el sol y a veces su camino lo lleva a la superficie: cuando ve el sol, queda ciego”.
Palavras-chave: cinema, surrealismo, alegoria, estética.
GLAUBER ROCHA À LUZ DAS IDÉIAS DE WALTER BENJAMIN
Letícia Olano Morgantti Salustiano Botelho
Universidade de Brasília
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Resumo: Segundo Walter Benjamin, a arte revelaria, em seu interior, toda uma série de tendências
e contradições de sua época, mascaradas e dissimuladas pela realidade aparente de nosso sistema
capitalista contemporâneo, possibilitando, assim, uma reflexão realmente crítica de tal sociedade.
Pretendo, neste ensaio, realizar uma análise geral da obra do cineasta vanguardista brasileiro
Glauber Rocha, bem como de sua proposta político-social subjacente, à luz das ideias do crítico e
filósofo da arte Walter Benjamin. Realizarei aproximações entre o pensamento benjaminiano e o
projeto artístico de Glauber, partindo de uma exposição das noções benjaminianas de símbolo e
alegoria, da "desauratização" da obra de arte e sua consequente instauração no plano da política,
do "método" e da função da arte contemporânea de vanguarda, de como esta deva orientar-se no
sistema de reprodução capitalista, relacionar-se com a sociedade e consigo mesma. Ademais,
chamarei a atenção para as semelhantes concepções de história - como esta deva ser interpretada
e contada - sustentadas tanto pelo filósofo quanto pelo cineasta. Concluirei com uma análise
comparativa de dois dos maiores filmes do cineasta Glauber Rocha: Deus e o Diabo na Terra do Sol,
de 1963, e O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, de 1969, procurando, com a ajuda de
uma análise dos elementos alegóricos neles contidos, ressaltar mudanças em suas perspectivas
estético-políticas , relacionando-as às situações político-sociais do Brasil de então.
Palavras-chave: Política, Arte vanguardista, Crítica social, Cinema.
AS ALTERAÇÕES DA PERCEPÇÃO NO ENSAIO SOBRE DA OBRA DE ARTE DE WALTER BEMJAMIN
Lucas Silva Hamu
Universidade Federal de Goiás
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Resumo: Uma das grandes contribuições de Benjamin para quem deseja pensar e compreender a
arte é, antes de desenvolver e defender conceitos que pretendem revelar a natureza da arte
contemporânea, mostrar o inevitável fracasso da tentativa de encontrar categorias capazes de
acolher toda a multiplicidade de expressões artísticas.
As categorias mediante as quais se analisava e julgava a arte clássica não se sustentam mais como
meras propriedades dos objetos artísticos, nem podem representar a completude de predicados,
de caráter subjetivo ou não, por meio dos quais se faz um discurso estético, já que elas se mostram
insuficientes diante da maioria das obras de arte contemporânea. Com efeito, a arte na qual
Benjamin entrou em contato exigia uma nova abrangência, uma nova forma de aproximação que
não se apoiasse nas “estruturas perceptivas” clássicas por meio das quais se compreendia a arte. É
neste contexto que a noção de percepção encontra seu papel: O fracasso das categorias estéticas
clássicas de oferecerem uma compreensão da arte contemporânea denuncia uma transformação
mais fundamental, a mudança do modo com que o homem recebe a arte. As categorias estéticas
são, portanto, a expressão de um modo de percepção que caracteriza um momento histórico, e que
encontra sua finitude nas próprias transformações culturais e tecnológicas de seu tempo. Não
encontramos em Benjamin um tratamento da obra de arte como algo que encerra em si mesmo
toda a possibilidade do discurso estético, menos ainda uma aproximação sob a perspectiva do
artista: A obra é analisada, sobretudo, de acordo com sua recepção. A percepção, ou, mais
precisamente, as transformações dos modos de percepção, estabelece a estrutura central do
ensaio “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”, isto é, é a noção de percepção que
orienta o processo de transformações decorrentes das novas técnicas no domínio da arte.
Pretendo, com o presente artigo, investigar o conceito de percepção no ensaio acima mencionado
de Walter Benjamin, de modo que as mudanças estruturais da percepção motivadas pela técnica
sejam devidamente compreendidas e expostas.
Palavras-chave: Walter Benjamin, Percepção, Reprodutibilidade técnica.
A POTENCIALIDADE DA CAPOEIRA COMO ARTE TRÁGICA E SEUS EFEITOS NA VIDA DE UM POVO.
Luiz Gustavo Francischinelli Rittl
Fernanda Gonçalves Martins
Universidade Estadual Paulista Marília
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Resumo:O que se pretende a partir deste projeto de pesquisa é uma investigação sobre o potencial
da capoeira enquanto um movimento dinâmico de arte trágica, e seus efeitos na vida de um povo.
Visa-se desenvolver nesse projeto, uma crítica da filosofia da cultura, através de uma investigação
etnológica da capoeira, analisando esta, também, sobre a perspectiva da filosofia da cultura no
pensamento do filósofo alemão Friedrich Nietzsche. Sempre tendo como centro de gravidade, a
questão de ver, criticamente, a ciência, leia-se a cultura moderna, com a óptica da capoeira e a
capoeira com a da vida. Ao propor essa nova relação crítica, entre o discurso da filosofia da cultura,
no pensamento de Nietzsche, e a análise do discurso da capoeira enquanto arte trágica; buscamos
compreender os efeitos fisiológicos positivos que a capoeira apresenta na vida de uma sociedade
fundamentada em valores niilistas. Como a capoeira serve de antídoto à uma ausência de sentido
geral na vida, a uma desvaloração da própria vida.O que, segundo pesquisas, gera inúmeras
patologias sociais. Por a capoeira se apresentar como um movimento de cultura popular, que tem
por objetivo a educação para a vida, em âmbito global; tentamos compreender possíveis ações
entre Estado e cultura popular que possam vir a auxiliar problemas como violência, uso de drogas,
depressão, etc. Neste sentido, procurar evidenciar a clara relação da capoeira, enquanto arte
trágica, com a saúde de um povo. O potencial da capoeira como arte trágica, é uma análise
inovadora que fazemos quase uma descoberta. Ao compararmos a cultura da capoeira, mediante a
própria vivência nela, com textos do filósofo alemão sobre a arte trágica grega - cultos populares
gregos -, descobrimos inúmeras relações de veracidade, sobre a óptica da vida, entre uma e outra,
mesmo que muito distantes no tempo. Mas o movimento das forças da natureza presentes na
cultura, melhor, na vontade ávida de vida, de liberdade, mesmo perante toda a crueldade e
violência do mundo - como a escravidão - se mostram se não idênticas, recíprocas. Neste sentido,
buscamos compreender como essa massa gigantesca de vontade vital de vida a qualquer preço,
atua no povo e quais suas consequências culturais. Aí talvez, resida seu poder de encantamento e
expansão que se mostram tão fortes hoje no mundo. Torna-se mais fácil compreendermos agora, o
que disse Mestre Pastinha: "Capoeira é tudo o que a boca come". Procura-se demonstrar
justamente, que é neste potencial de arte trágica, onde reside a descomunal grandeza e
importância, da capoeira, frente à cultura moderna e sua crença otimista na verdade universal da
razão e da ciência. Que por si só vem demonstrando sua fragilidade perante a ordem natural do
mundo, tendo como conseqüências as crises socioambientais e políticas da atualidade. Nesse
sentido, buscamos analisar como essa cultura abre as portas a uma sensibilização que gera um
acesso a essa outra dimensão da verdade do mundo e de nós Humanos, uma vez que, em sua
qualidade trágica a capoeira desconstrói a ilusão do mundo de aparências, racionais científicas, em
que somos forçados a viver, e nos coloca em contato com os múltiplos fluxos do devir da vida,
sempre mutáveis. A problemática da valoração da vida, através da arte educação, pela cultura
popular constitui-se uma de nossas principais metas a serem alcançadas.
Palavras-chave: Capoeira, Filosofia, Cultura, Arte trágica.
MEDÉIA E GOTA D’ÁGUA: A PERSPECTIVA DO TEATRO
Suellen Feitosa Albino
Cícera Cristiane Leandro da Silva
Universidade Estadual da Paraíba
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Resumo: Esta comunicação tem como objetivo analisar a peça Medeia, de Eurípedes, V a.C., Gota
d’água, de Paulo Pontes e Chico Buarque, década de 70. Sabendo que a moderna tragédia chega ao
Brasil no contexto dos anos 50, enfatizaremos como esta é adaptada no cenário do Rio de Janeiro
do subúrbio carioca descobrindo um cenário de pobreza e miséria cotidiana. Mostraremos a
tragédia antiga na sua feição contemporânea, e como o teatro constitui-se num permanente e
vigoroso instrumento crítico, que serve para a análise da realidade, assemelhando-se a filosofia,
resguardando suas diferenças, como um instrumento de questionamento que pretende dar
respostas para os fenômenos, acontecimentos e comportamentos das vivencias humanas. Todavia,
o teatro expresso como forma de criação artística sendo, portanto, também um instrumento de
reflexão, a partir das dimensões: do amor, do ódio, do perdão, da vingança, etc., ou seja, dos
episódios e condutas das vivencias humanas. Dessa forma, vemos que a tragédia pode ser,
sobretudo, uma função educativa. Com tal pressuposto, teremos a possibilidade de mostrar como a
tragédia grega pode ainda ser assimilada pelas novas vivencias urbanas e pelas novas tensões
sociais típicas das sociedades capitalistas que, no nosso caso estamos falando de um Rio de Janeiro
onde, ao mesmo tempo em que se moderniza, entra no processo de favelização, pobreza e miséria
como uma das conseqüências trazida pela indústria e pelas novas transformações urbanas vindas
juntas com esse processo, contudo, percebemos que a cena moderna será marcada tanto por uma
consciência radical do espaço de representação, como também pela consciência da possibilidade de
retomar o espaço grego, ou seja, de retomada de certas relações espaciais dessa cultura. É nesse
sentido que podemos relacionar a filosofia e o teatro não apenas na dimensão do belo, mas,
sobretudo, no processo de captar e expressar as realidades humanas. Os textos apresentados têm
o trágico como enredo, mas não de forma de confronto do homem com a fatalidade de destino,
mas, sobretudo, de descobertas de sentimentos interiores de suas potencialidades.
Palavras-chave: Medeia, Gota d’água, Teatro.
O PAPEL EXISTENCIAL DA TRAGÉDIA ANTIGA E DA MÚSICA EM O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA DE
FRIEDRICH NIETZSCHE COMO TENTATIVA DE SUPERAÇÃO DA TRADIÇÃO SOCRÁTICO-PLATÔNICA
Adriano Rodrigues Correia
Universidade Federal de Pernambuco
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Resumo: A função que exerce a tragédia grega e a música em O Nascimento da Tragédia, de
Nietzsche, entendida em contraposição a visão socrático-platônica da arte são o alvo deste estudo.
Tendo como tema central de sua reflexão estética os conceitos de Apolíneo e Dionisíaco, Nietzsche
pensa o papel da arte enquanto justificadora da existência humana sob a perspectiva da antiga
tragédia grega; pondo-se em oposição à tradição fundada por aquilo que denomina homem teórico,
do qual Sócrates seria o exemplar primeiro, Nietzsche aponta para a necessidade de o homem
moderno resgatar o espírito da tragédia grega por meio da música – esta linguagem universal na
qual o apolíneo e o dionisíaco podem ainda subsistir –, a fim de superar sua própria condição
trágica e pessimista. A crítica feita a Sócrates e seus seguidores, Platão e Eurípides, acusados de
assassinar a tragédia grega, configura-se como crítica a própria tradição epistemológica que
perpassou toda a história do pensamento ocidental, pensamento este que pretendeu alcançar um
conhecimento universal baseado unicamente na razão, renegando os instintos próprios da natureza
humana. Fracassamos na construção deste edifício de pura racionalidade e acabamos por encerrarnos numa existência decadente? Pode o fenômeno estético justificar a existência e ser o caminho
para a superação da angustia existencial? Eis uma reflexão das questões sob a ótica de Friedrich
Nietzsche, um dos mais importantes pensadores da cultura e do pensamento ocidental.
Palavras-chave: tragédia, música, existência, racionalidade e angustia.
A CONJUGAÇÃO DA ARTE COM O ARTISTA
Alex Moraes de Melo
Camila do Espírito Santo Prado de Oliveira
Universidade Federal do Ceará, Campus Cariri
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Resumo: Trabalharei os seguintes pontos relativos à interpretação dos mitos de Apolo e Dioniso, a
partir da perspectiva nietzschiana e do que ela herda de Kant e Schopenhauer: O que são ou o que
representam Apolo e Dioniso? Quais são e como se dão as suas influências na arte? E que relação
tem tudo isso, segundo Nietzsche, com o conhecimento da totalidade das coisas? A partir destas
questões, tratarei da relação entre mito, arte e conhecimento.Tentarei clarear o ponto unificador
desta relação. Sendo assim, tomarei primeiro as próprias narrações dos mitos gregos, e só depois as
interpretações da obra “O Nascimento da Tragédia” de Nietzsche. Segundo esta obra, na arte, o
que temos são dois caminhos e influências que ora se conflitam ora se encaixam. De um lado
Apolo, um modelo daquilo que é belo, em que o artista se inspira para representar o que há de
exato, levando assim o artista a uma individuação, uma singularidade, uma forma de beleza e
perfeição. De outro Dioniso, deus da embriaguez e desmedida, fazendo com que o artista seja a
própria arte devido à vontade a que cada um se abandona, assim levando a uma unidade não só
com os outros artistas, mas com a própria natureza e origem de todas as coisas. Nietzsche,
diferente dos outros filósofos que trabalham o conhecimento das coisas, as possibilidades de
conhecer e a ciência num rumo lógico representativo, critica isto por pensar a ciência numa
perspectiva do artista e, adiante, a arte numa perspectiva da vida. Para Nietzsche, o que há de
problemático nesta questão do conhecer é que os rumos tomados por estes filósofos têm certa
limitação. A limitação é o método racional de julgar as coisas, sendo que não se pode dizer, a não
ser por um modo representativo, o que são as coisas. A razão termina por limitar a experiência que
temos das coisas a um conhecimento negativo. Através de análises e interpretações das figuras
apolínea e dionisíaca, Nietzsche faz perceber que as influências de ambos os deuses têm certa
relação com o conhecer. E que este rumo de conhecimento citado acima, insuficiente e limitado, é
relacionado à influência apolínea. Por outro lado, Dioniso traria a experiência oposta: a própria
integração com a coisa, não dizendo nada dela, mas deixando-se levar pela vontade fazendo de
tudo o que é representado, um. Portanto, para Nietzsche, é necessária uma conjugação de Apolo e
Dioniso, que totalizaria o conhecimento das coisas.
Palavras-chave: arte, Dioniso e Apolo.
CRITICA AO USO DA ARTE COMO INSTRUMENTO DE MASSIFICAÇÃO E ALIENAÇÃO SOCIAL
SEGUNDO THEODOR W. ADORNO
Gilberto Fernandes Guimarães
Universidade Estadual de Montes Claros
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Resumo: O presente trabalho vem numa tentativa de explanar pela leitura da obra do filosofo
Theodor W. Adorno um dos protagonistas da escola de Frankfurt sua critica ao uso da arte na
“indústria cultural” no período moderno. Tendo como enfoque sua posição e perspectivas
referentes a sociedade; e sua critica de como essa vem sendo manipulada pelo uso indevido da
arte. Ao mesmo tempo via interpretação tem se como objetivo trazer como ponto chave para a
realidade uma leitura critica de como a arte vem sendo usada nos dias atuais, e como o uso dessa
arte vem influenciando a sociedade na maioria das vezes de forma negativa. E assim tentar apontar
por Adorno caminhos para uma emancipação do individuo quanto a sua autonomia e poder de
escolha. O ser humano é um ser com capacidades de potencias mais elevadas do que as que se vê
como moldes em tempos atuais. Sua estrutura tanto física como intelectual caracterizam um
homem livre para pensar, expressar e não para ser escravo de um sistema que o minimiza e o torna
cada vez mais dependente. A arte acompanha esse ser humano desde seu surgimento na terra.
Esse fato a torna companheira auxiliar nas mais diversas necessidades humanas. Esse compromisso
de inter-relação com o homem no entanto se torna cada vez mais intrigante quando se olha para a
grande dependência que esta mesma arte vem causando ao ser humano. Sua força atrativa e como
este fascínio vem sendo exercido nessa interação homem arte abrem alguns questionamentos no
que se refere a seu principal papel social e para onde está sendo dirigida essa função artística.
Theodor W. Adorno examina esse tipo de processo utilizando-se do termo: “indústria cultural”;
questionando assim esse novo jeito de se explorar a arte. Adorno então dá inicio a um processo
intrigante onde o que se tem como resposta é um sistema que utiliza toda a tecnologia vigente
como meio de controle da população pela arte. “A Indústria Cultural impede a formação na
sociedade de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir
conscientemente”. A perda dessa capacidade tão sublime do homem deixa-o passivo diante das
situações e o torna na maioria das vezes mero objeto. Episódio que por sua vez é segundo Adorno
empobrecedor da figura humana. Diante de tais fatos é de se pensar que a contribuição dada por
Adorno torna-se de grande valia no processo de compreensão e desmistificação da sociedade. Seu
comportamento e para onde está sendo levada massas. Principalmente no que tange ao aspecto
consumista. Sua teoria baseada em estudos feitos em metade do século XX ainda hoje parecem tão
presentes, indicando assim que a tendência capitalista não sofreu mudanças, a sociedade porem
não se pode dizer o mesmo. Sendo a arte utilizada de forma tão negativa; a critica feita por Adorno
vem frisar o que já se houvera descoberto de muito tempo. A arte é fascinante, suas características
primeiras sempre a marcaram como critério de alto escalão no desenvolvimento humano, além de
possuir em sua essência um poder que foge do controle de qualquer mecanismo. É justamente
sabedor disso que o homem a utiliza como forma de persuasão social. Obviamente que a arte
supera tal estrutura não percebendo o homem que ele mesmo que tenta dominar e manipular a
arte é que esta sendo dominado pela mesma.
A QUESTÃO DA POBREZA DE EXPERIÊNCIA SEGUNDO WALTER BENJAMIN
Fernanda Rebouças Frota
Universidade Estadual do Ceará
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Resumo: Este trabalho tem como intuito analisar o pensamento do filósofo e crítico judeu-alemão
Walter Benjamin (1892 – 1940) na concepção de pobreza de experiência (Erfahrung), na civilização
em seu estágio avançado. Benjamin crítica ao mesmo tempo a degeneração do patrimônio cultural,
em decorrência da destruição do “Ethos Histórico”. O empobrecimento da experiência é em parte
assessorado pela Técnica, que vem se sobrepondo ao Homem com seu processo de objetivação do
saber, nas instâncias do progresso (Fortschritt). Esse fenômeno gerou várias consequências, tais
como a perda da “Aura” na obra de arte, que teve seu valor de culto (Kultwert) substituído pelo
valor de exposição (Ausstellungswert), fenômeno que gera uma dialética no qual Benjamin vê a
fundação de uma proposta democrática. Através da análise comparativa dos fenômenos da
Experiência e Vivência (Erlebnis), expostos nos ensaios de Walter Benjamin intitulados de:
"Experiência e Pobreza" (1933) e "O narrador: Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov"
(1936), pretende-se apontar os principais fatores que ocasionaram a perda da capacidade de
transmitir experiências, tal como mostrar, através da Filosofia da História, fatores determinantes na
destruição do "Ethos Histórico", e todo o assessoramento técnico que ocasionaram o fim da arte de
narrar, como também a perda da experiência na tradição. O resultado da pesquisa possibilita o
contato com o pensamento de Walter Benjamin, que fornece elementos para discutir e resolver as
aporias, que acabaram transformando a cultura em barbárie. A reflexão filosófica de Benjamin
demonstra lucidez na compreensão das questões Éticas, Políticas e Ideológicas, que dizem respeito
ao cotidiano da atualidade. Concluímos que o pensamento de Walter Benjamin propicia uma
restituição ao homem (restitutio in integrum), da totalidade de experiências vislumbradas no
processo de destinação humana. O desmoronamento dos valores morais seria parte decorrente de
um desenvolvimento técnico assessorado pelo Poder (Gewalt) confundido com a violência. A crítica
benjaminiana visa a uma política lato sensu, ou seja, enquanto convivência integrada dos homens,
partindo de um inconsciente coletivo descoberto no movimento surrealista.
Palavras-chave: experiência, técnica, barbárie.
CONSCIÊNCIA E IDEOLOGIA EM MIKHAIL BAKHTIN: OS LIMITES DA EXPERIÊNCIA
Lílian Franciene de Oliveira
Universidade Federal de Juiz de Fora
[email protected]
Resumo: Fonte da dúvida, mãe de todas as ciências, a Filosofia representou, em seu apogeu, a
possibilidade de um mundo desmistificado, onde a experiência empírica possibilitava à inteligência
o conhecimento do mundo. Hoje, em um mundo dividido entre idealismo subjetivista e objetivismo
abstrato, a Filosofia tenta com todas as suas forças provar que suas raízes estão na relação homem
e mundo, ou seja, na experiência. A questão que acredito ser fundamental é se perguntar, afinal, o
que é a experiência? Em 1928 a sociedade na revolucionária União Soviética, ainda em construção,
passava por mudanças avassaladoras. O marxismo revolucionário era lentamente substituído por
uma nova forma de imperialismo: a burocracia. O debate intelectual era intenso e as produções
artísticas sofriam com as pesadas críticas formalistas, sendo classificadas muitas vezes como "arte
popular" de forma, erroneamente, pejorativa. O formalismo exigido à obra de arte representava o
ideal e a prática do novo governo, assim como o que era esperado da nova sociedade em
construção. Em meio a esse furor ideológico a prática que se pode ver foi a da repressão, violência
e o incrível crescimento industrial e econômico que justificava tais práticas. Por outro lado o
movimento artístico lutava contra o formalismo na obra de arte em defesa de uma consciência
crítica que resgatasse os ideais do marxismo de Marx e da visão dialética implementada pelo
materialismo histórico. O marxismo revolucionário é, O marxismo revolucionário é, antes de tudo,
uma prática social, um método de construção social, aberto e nunca finalizado. Essas eram as ideias
divulgadas na época por um famoso grupo de intelectuais e artistas que se reuniam em torno de
uma figura misteriosa e fascinante: o Círculo Bakhtiniano de Mikhail Bakhtin. O Círculo Bakhtiniano
foi o berço de uma das maiores obras sobre filosofia prática já escritas, senão a maior de todas.
Essa obra se intitula Marxismo e Filosofia da Linguagem (1929). Essa pequena introdução busca,
através da releitura da obra, o entendimento dos questionamentos que ali o autor nos apresenta.
Nessa obra a desconstrução de uma filosofia idealista ou materialista é a condição primordial para
uma visão dialética da história, do homem e da ideologia, a fim de atuar, como olhar filosófico, no
campo prático existencial fundamental da consciência: a linguagem. A comunicação é o fator
primordial da experiência pelo fato irremediável de que toda experiência se dá como algo
comunicado, inteligível e obrigatoriamente materializado em signos, mesmo nas mais particulares
experiências, existentes na consciência individual. Assim nosso ponto inicial é a linguagem e os
significados como fundamento da consciência e de toda experiência, que se realiza na e pela
linguagem. É no discurso que se fundamenta, se reproduz ou se desconstrói e se reconstrói uma
ideologia, e é o campo onde ela se justifica. A filosofia tem uma responsabilidade
fundamentalmente prática no entendimento da linguagem como pratica existencial.
Palavras-chave: filosofia, experiência, linguagem, ideologia, consciência.
A DUPLA VIDA DE VÉRONIQUE:
UM ESTUDO SOBRE A POSSIBILIDADE DO DUPLO
Daniela Luiza da Silva
Universidade Federal de Uberlândia
Resumo: A figura do duplo está presente na literatura desde os textos antigos, ora como uma
extensão narcísica, ora como tentativa de imortalidade ou como uma tentativa de exteriorizar o eu
profundo. Shakespeare com a Comédia dos Erros (1589 e 1594), Molière com a peça Amphitryon
(1668), o Duplo de Dostoievsky, William Wilson, de Poe (1840), O médico e o monstro de Stevenson
e poema O Outro, de Mário de Sá Carneiro, são exemplos destas extensões. No cinema o tema
também foi relevante para alguns diretores como no filme de Ingmar Bergman, Persona (1966),
Cidade dos sonhos (2001) de David Lynch e A dupla vida de Véronique de Krzysztof Kieslowski.
Faremos uma análise do filme A dupla vida de Véronique (1991), em que a temática é ressaltada
com as personagens Véronique e Weronika que apesar de idênticas fisicamente não têm nenhum
parentesco, nasceram no mesmo dia e apresentam as mesmas afinidades como a vocação para
música e até a mesma doença cardíaca. A proposta deste trabalho é fazer uma análise da questão
do duplo a partir do desdobramento da utilização dos conceitos de mundos possíveis em Leibniz
até o ressurgimento destes na crítica literária de Lubomír Doležel. Desejamos compreender a
possibilidade dessa relação, considerando a filosofia do alemão Gottfried Leibniz como
esteticamente germinal para a contemporaneidade e a sua aplicação dos conceitos a partir da
leitura do filme A dupla vida de Véronique, e como ela comporta e desdobra aquilo que Leibniz
chamou de compossibilidade. Verificaremos com a interpretação de Dolezel sobre os mundos
possíveis e principalmente sobre o tema do duplo, que auxilia e permite ainda mais a ampliação da
discussão leibniziana.
Palavras-chave: Mundos possíveis, ficção, duplo, cinema.
A ARTE E O INCONSCIENTE:
UM DIÁLOGO ENTRE SCHOPENHAUER E CLARICE LISPECTOR
Layane de Paula Veloso
Universidade Federal do Piauí
[email protected]
Resumo: Arthur Schopenhauer nos propõe a Arte ou a contemplação estética como um bálsamo
em meio às durezas da vida, na verdade a arte nos leva a refletir sobre essa vida fatídica em que é
pautada parte ou toda nossa existência, aqui Schopenhauer beira a filosofia heideggeriana. A arte é
um meio de ascese onde o homem se encontra em estado puro de sublimação e onde é elevado
aos seus mais ocultos sentidos. Primeiramente, será feito um esclarecimento sobre as principais
características da estética schopenhaueriana e sobre a escrita automática de Clarice Lispector, esta
como um símbolo da verdadeira vontade que pulsa em cada um de nós, e que não nos é estranha,
e uma análise sobre até que ponto as ideias de Schopenhauer encontram ressonância na escrita
lispectoriana, no livro III de O Mundo Como Vontade e Como Representação Schopenhauer trata da
metafísica do belo onde é ancorada nossa pesquisa, nesse livro Schopenhauer aborda o objeto da
arte que tanto influenciou e impactou artistas, músicos e literatos de sua época, esses homens
buscavam na arte elevar seus espíritos e chegar ao mais alto grau de sublimação humana. É na
união entre Schopenhauer e Lispector que veremos que no belo é revelado o verdadeiro
conhecimento do mundo, ultrapassando inclusive aquilo que se queria conhecer, sendo intuída,
sentida imediatamente, sem procedimentos específicos, diferente da ciência, na arte o que temos
que fazer é recepcioná-la com o corpo e com a alma toda. No elo que liga Clarice Lispector e Arthur
Schopenhauer aloja-se a arte, algo que está para além dos sonhos, os dois escritores trata-a como
um conhecimento capaz de destemporalizar o homem, capaz de deixá-lo inerte à contemplação
pura, e o objetivo é mostrar que nesse estado estreitam-se os limites entre sujeito e objeto, e
ocorre uma supressão da individualidade a um só golpe, o homem se vê em uma realidade onírica,
quase desprovida de consciência e racionalidade, o que acontece é que os dois escritores tanto um
quanto o outro nos faz ver que na arte o sujeito afunda-se por completo no deslumbramento
estético imediato, quer seja um quadro, um penhasco uma montanha, todo o conhecimento que
contrapõe o cientifico e que independe do princípio de razão. O essencial na intuição estética
lispectoriana e schopenhaueriana é que não importa quem vê ou de onde se vê, uma obra de arte é
sempre iluminada, seja trágica ou poética, seja um rei ou um mendigo, as relações sociais e
intelectuais desaparecem, apenas o que permanece é a essência dos objetos ali contemplados.
Pode-se, por conseguinte concluir que, o objetivo maior é atrelar filosofia e literatura, e nesse caso
usar a arte como uma liga, e mostrar que o conhecimento não segue necessariamente uma linha
racional, mas algo bem além, tal como a intuição estética, esta como amplificadora de mundos,
atravessando véus, levando a um desnudamento da natureza onde o espectador é capaz de
observar o seu intimo de forma precisa e imediata.
Palavras-chave: Arthur Schopenhauer, Clarice Lispector, metafísica, arte, sublimação.
A LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA E A CRISE DA NARRATIVA: UMA REFLEXÃO SOBRE O USO
PRÁTICO DA FILOSOFIA
João José Loiola Mendonça
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
Resumo: Com o advento da modernidade percebe-se a formação de uma sociedade totalmente
reestruturada principalmente pelas renovações tecnológicas, contudo não foi somente a estrutura
física e econômica da sociedade que foi alterada, mas sua formação cultural passou a ter uma nova
roupagem devido aos novos ditames da sociedade moderna. Em meio a muitas alterações culturais,
uma das observadas por Walter Benjamin nos seus ensaios: O Narrador. Considerações sobre a
Obra de Nikolai Leskov (1936), Experiência e Pobreza (1933) e A Crise do Romance. Sobre
Alexanderplatz, de Döblin (1930); é que a capacidade da transmissão de experiências realizada pela
oralidade foi perdendo o seu lugar em meio às novas estruturas sociais. As pessoas passaram a
viver sem a narrativa que conseguia representar, ou seja, tornar presente aquilo que já havia
acontecido, e isso se efetiva como constante lembrança e aprimoração dos ensinamentos
propostos pela tradição. No entanto o objetivo deste trabalho está em discutir sobre até que ponto
a linguagem cinematográfica pode substituir ou minimizar os males criados pela crise da narrativa.
A linguagem transmitida pelo cinema que narra estórias pode tornar presente àquilo que não existe
mais ou o que nunca existiu? O cinema pode ser tão complexo quanto o recurso da oralidade e da
narrativa expresso na tradição? A grande tarefa aqui é de não permitir que o cinema substitua
definitivamente à narrativa, mas que este sirva de suporte para que essa seja retomada como
capacidade importantíssima na formação de uma sociedade que preserve sua cultura. A partir de
tal reflexão poderemos pensar o cinema como um tipo de narrativa que pode auxiliar os textos de
caráter filosófico para que assim este seja utilizado como metodologia prática que torne muito mais
viável o ensino dos conteúdos de filosofia.
Palavras-chave: cinema, narrativa, oralidade, experiência;
ARTE, FILOSOFIA E POLÍTICA
Francisco José Assunção da Silva
[email protected]
Rita de Cássia Santos Bittencourt
[email protected]
Universidade Estadual do Ceará
Resumo: Surrealismo movimento artístico e literário do século XX de grande importância por ser
um marco na história da arte e do conhecimento humano. Sendo André Breton o percurso deste
movimento com o seu Manifesto Surrealista publicado em 1924 onde se encontra reunido uma
critica a estrutura da sociedade burguesa pautada pelos valores de família, religião, trabalho e
honra. Walter Benjamin, filósofo alemão, em seu ensaio O Surrealismo. O último instantâneo de
Inteligência europeia de 1929 vem a analisa as conseqüências do movimento surrealista e a sua
importância política, artística e filosófica. Objetivo deste trabalho e apresenta as analise feita por
Walter Benjamin a respeito deste intrigante movimento que arrebatou de forma impar a Europa de
modo especial a França, interligando as manifestações surrealistas com as mais diversas áreas da
atuação humana e dialogar com a produção critica de Charles Baudelaire (1821-1867), poeta e
critico de arte ferrenho do século XIX. Utilizando a exegese filosófica interligaremos as criticas ao
modo burguês de vida, problemas sociais enfrentados na época como aos avanços tecnológicos e
suas conseqüências nas manifestações artísticas. O pensador alemão Walter Benjamim no que se
refere a uma analise critica da sociedade, dos movimentos artísticos e da arte, pois a arte e uma
manifestação especificamente da contingência do homem. Analisaremos o ensaio Sobre a
modernidade (1859) de Baudelaire, obra publicada postumamente em 1869 na coletânea L’Art
Romantique onde Baudelaire analisa a produção artística de seu contemporâneo Constantin Guys
(1805-1892) desenhista, aquarelista e Gravador ao qual se refere simplesmente como G. durante
todo o texto isso se deve por uma postura crítica do próprio artista que assinava ou quando
assinava suas obras com um simples G. facilmente falsificável. Essa característica e inovadora
levando em conta que em seu período se ressaltava a busca pelo reconhecimento e autenticidade
dos artistas em suas obras. Baudelaire se refere à Constantin Guys como um homem do mundo
devido as suas viagens como retratista de guerra e a capacidade de retratar em suas obras quase de
um único relampejo resgatam da memória as imagens que imprimia em seus croquis tentando
aprisionar o fantasma em sua obra isto se deve por seu estado de convalescença ou infância
redescoberta.
Palavras-chave: arte, filosofia, surrealismo, Baudelaire, modernidade.
FILMES E FILOSOFIA: UMA POSSIBILIDADE PRÁTICA
Roberta Campos França
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
Resumo: Este trabalho visa expor como a utilização do cinema pode contribuir para a viabilização
do processo ensino-aprendizagem, partindo do pressuposto que hoje em dia os jovens estão sendo
“bombardeados” por uma série de informações advindas da internet e da televisão, exigindo dos
docentes certa especialização em utilizar-se de tais informações para poder contextualizar melhor
seus conteúdos com a realidade virtual dos alunos. O objetivo maior da utilização de recursos
audiovisuais está na tentativa de tornar as aulas mais dinâmicas, provocando assim melhores níveis
de interesse da parte dos alunos e um melhor desempenho escolar, visto que os alunos acham mais
fascinantes observarem seus “heróis” e não somente os conteúdos propriamente ditos. As
discussões geradas pela utilização de tais métodos não acabam em sala de aula, mas expandem-se
já que os alunos continuam a comentá-las e isso facilitará a promoção e o desenvolvimento dos
conteúdos aplicados, tornando esta metodologia algo muito mais prático e atrativo, possibilitando
uma melhor apreensão dos temas sugeridos. Assim, o trabalho traz propostas para utilização de
filmes e animações conhecidas do público jovem e que de certa forma se relacionam com
conteúdos da Filosofia e áreas afins, enfatizando uma crítica ao modelo pedagógico tradicional que
inviabiliza discussões provocadas pelo uso de tais recursos e suprime as tentativas de se planejar
novas metodologias que possam vir para viabilizar o processo de ensino-aprendizagem. Tal prática
pode ser utilizada com o propósito de tornar o ensino da Filosofia algo muito mais prático
facilitando dessa forma a relação entre docentes e discentes e projetando metodologias que
promovam a Filosofia como disciplina atraente e fascinante aumentando dessa forma o interesse
por tal estudo.
Palavras-chave: filmes, ensino, metodologia, dinamização.
O JOGO IRÔNICO DE MACHADO DE ASSIS EM MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS: UMA
CRÍTICA AOS COSTUMES MORAIS
Gleyson Dias de Oliveira
Universidade de Caxias do Sul
[email protected]
Resumo: Machado tem prazer em dar a seus personagens esta cena, me refiro aqui a cena da
plateia e do malabarista, ate Machado às vezes caminha por este fio. A intermitência de sua vida
quase o leva ao chão, o que o sustenta por sobre o fio, é a ironia, a mesma ironia esboçada em “O
delírio” (MACHADO DE ASSIS, 2010, p. 8). Pandora, esta que vem com aquela aura de destruição,
assusta somente os fracos, mas Brás e Machado não veem perigo em Pandora e ate fazem um
convite a ela: “- Tens — Tens razão, disse eu, a coisa é divertida e vale a pena, — talvez
monótona— mas vale a pena. Quando Jô amaldiçoava o dia em que fora concebido, é porque lhe
davam ganas de ver cá de cima o espetáculo. Vamos lá, Pandora, abre o ventre, e digere-me; a
coisa é divertida, mas digere-me.”(IDEM, 2010, p. 8) É como se Pandora não pudesse atingi-lo com
todos os males possíveis, ele(s) parecem com o seu próprio riso, escarnecerem-se da morte.
Sacrificam a liberdade em busca da travessia pelo fio – que é este fio senão aquela passagem de
Memórias Póstumas de Brás Cubas, p. 112 que diz “Que há entre a vida e a morte? Uma curta
ponte.”, basta somente substituirmos a ponte pelo fio. As personagens que não são satélites nos
romances do autor, vivem ao sabor de uma pseudo-vida, vivem de cargos seja na carreira publica
quanto privada, vivem sob o jugo do pudor da sociedade, “a mesquinhez de cada dia”. Já Brás não,
este vive o enfrentamento da vida, e se enfrentar a vida for escarnecer de si mesmo, tanto melhor
assim. O autor com seus autos e baixos do mundo real, procura transmutar as suas dores para Brás,
e este se vê compelido a carregar o pesado fardo do autor, porém Machado ao ver esta horripilante
cena, oferece ao personagem uma centelha de esperança; a ironia. Agora Brás é ilimitado, com o
poder da ironia ele pode ir alem, alem do humano, pode ate mesmo gozar os louros de “Zaratustra”
(NIETZSCHE, 2004). Ele pode agora chegar a essência do próprio ser, chega-se assim a um nível de
compreensão metafísico do homem. E este nível por se elevado compreende erros, erros que a
insensata sociedade não se dá ao luxo de conhecer, - isto é apenas o propósito de poucos, Cubas,
Quincas. Comprometidos com o meio social e com os deleites de cargos eminentemente
“relevantes”, se afundam cada vez mais na monotonia do comum, porém Brás assume para si esse
nível de compreensão, mesmo sabendo dos riscos que podem advir de tal feito, importa mais,
muito mais correr o risco, pois este é único meio que ele vê, para se chegar verdadeiramente ao
âmago do ser. Procurei linkar neste projeto o ideal de Zaratustra de Nietzsche e de Brás Cubas,
Machado de Assis
Palavras chaves: moral, crítica, literatura, filosofia.
CONTRIBUIÇÃO PARA A DESTRUIÇÃO DA ORDEM DE DEUS: UM ENSAIO SOBRE A SEDUÇÃO, AS
APARÊNCIAS E O FALSO
Sérgio Sant’Ana Ortiz
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
[email protected]
Resumo: A sedução tenta sempre implodir a Ordem de Deus, seja pelo ritual das aparências que
irrompe contra seu axioma de Verdade, ou seja, pela conjuração de signos revelada por uma
intuição do corpo, seus desdobramentos e sua violência herética de movimentos e forças. E o que
mantêm a Ordem de Deus, seja o Grande inquisidor ou o Papa e sua égide de poder e obstrução
segundo o fundo de sua realidade orgíaca e égide dos excrementos, é justamente por não
possuírem a crença em Deus, por saberem de sua não existência – que é seu segredo e força – e
terem por pressuposto, apenas a ciência de sua funcionalidade. O real, neste ínterim, é pura
estocagem de matéria morta, tecido residual de uma similaridade da morte e seus simulacros
dispositivos: desencantamento, hiper-realidade, produção da violência, efeitos de morte... A
sedução não é da ordem do real, nem de seus dispositivos axiomáticos de produção e manutenção
de verdade. A sedução surge como dança dos signos, ciranda do perpétuo que se desfaz
continuamente e implica desordem, fluidez caótica. A sedução é dança das aparências e sua total
reversibilidade, sua troca e eliminação e surgimento no ciclo. As aparências se desconstituem como
acionamento do falso, sua membrana fluídica e troca ininterrupta das relações, meio articulador do
novo. A sedução, as aparências e o falso se fazem sob o antidomínio das formas, são contra a
constituição pressuposta do real, da imolação dos híbridos, da estrutura de finalidade préestabelecida pela incursão da Verdade e suas projeções. Fazem-se pela oposição à atribuição
irreversível do sentido, contra a profusão de elementos irredutíveis, e seus cognatos de domínio e
opressão.
Palavras chave: sedução, aparências, falso e verdade.
AFETOS E SERTANEJO-UNIVERSITÁRIO
Camilo Lelis Jota Pereira
Universidade Federal de Ouro Preto
[email protected]
Resumo: Esta comunicação tem o intuito de apresentar uma tentativa de se pensar um fenômeno
cultural brasileiro chamado sertanejo-universitário, faremos isto através do estudo sucinto acerca
da possível ligação entre a subordinação dos afetos humanos à racionalidade instrumental na
formação da cultura popular ocidental e o advento da manifestação cultural sertanejo-universitário.
O problema que aparece é que no Brasil deste século, no cruzamento do lamento sertanejo com
Facebook, vemos emergir um estilo musical, de forte adesão da parcela jovem da população, que
faz uma miscelânea de elementos sociais e individuais, por exemplo, o trecho de uma música de
Michel Teló: “já que não tem mar eu vou pro bar, lá tem cerveja, por favor, mulher me beija”.
Podemos compreender esta mistura de bar com beijo dentro da história que conta a valorização da
racionalidade em detrimento do que é afetivo? Em uma possível interpretação de Nietzsche
(GHIRALDELLI JR), percebe-se que o filósofo alemão tece uma crítica à filosofia que atribuía à razão
o papel de elemento que desempenha a subjetividade, com intuito de trazer o corpo à baila como
grande Razão, isto é, para o filósofo não é o corpo o instrumento do espírito, mas sim que o espírito
é fruto do corpo; não há uma contraposição entre paixão e razão. “O que é o corpo em nossa
sociedade atual senão o comandante de processos sociais”. Em nossa época, na qual a referência é
o corporal, mas como alvo do complexo “clínica de cirurgia plástica, academia, engenharia genética,
moda, TV, esporte e educação comportamental” (GHIRALDELLI JR. O corpo: Filosofia de Educação.
São Paulo, Ática, 2007), pode-se encarar a miscelânea citada como o despreparo no trato com os
afetos? Se sim, pode-se generalizar o despreparo como de toda uma geração? Diante destas
perguntas esboçaremos um pequeno estudo dentro da história da filosofia, tendo como norte a
discussão acerca dos afetos, para obter uma compreensão do despreparo suposto. Afeto,
sentimento, paixão, afecção, humor – são os vários modos de dizer a experiência comum a nós
homens: as nossas emoções. Na tradição metafísica, a razão não só está dissociada dos afetos,
como estes últimos ainda podem obnubilá-la. Descartes ao lidar com a questão dos afetos explicita
que as paixões provêm do corpo, porém reverberam na alma, cabendo à força da alma lutar contra
a influência do corpo no sentido de o homem poder conduzir retamente a sua vida. “Ora, é pela
sorte desses combates que cada qual pode conhecer a força ou a fraqueza de sua alma; pois aquele
em que a vontade pode, naturalmente, com maior facilidade, vencer as paixões e sustar os
movimentos do corpo que as acompanham tem, sem dúvida, a alma mais forte” (DESCARTES, R. As
paixões da alma. Trad. Ciro Mioranza. São Paulo, Escala 2005).
Palavras-chave: Afetos, Racionalismo, Sociedade Brasileira.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A DICOTOMIA TEORIA E PRÁTICA
Dayane Tosta Costa
Universidade Federal da Bahia
[email protected]
Resumo: “A Filosofia e sua Possibilidade de Atuação Prática” sugere que a filosofia seja uma
atividade teórica – sugestão que deixa entrever a existência de uma pressuposta dicotomia entre a
prática e a teoria, contudo, pode ser contraproducente pensar determinadas questões de modo
dicotômico. Sendo assim, torna-se válida a tentativa de antepor o pensamento a esse modo, para
melhor pensá-la. Pensar a dicotomia significa questionar o movimento pendular que nega um dos
pólos e determina uma relação de superioridade. Nas dicotomias corpo/alma, sujeito/objeto,
razão/des-razão existe a tendência de submeter um pólo ao outro e essa tendência se instaura no
imaginário ocidental de forma tão radical que a superioridade de um dos pólos aparenta ser
inquestionável. Parece muito claro que o sujeito seja superior ao objeto – é no mínimo estranho
questionar isso. No entanto, essa diferença nem sempre existiu, ela tem um momento na história,
não é inata, é datada ― recebe seus contornos mais precisos com Descartes na modernidade e
passa a determinar de forma paradigmática o olhar sobre o mundo. Nessa perspectiva, parece
relevante refletir acerca da possibilidade de a filosofia colocar-se em um ponto anterior às
dicotomias, ou seja, situar-se na encruzilhada em que se deu a de-cisão de descrever a realidade
pela via do pensamento dual em detrimento de outros modos possíveis. Situar-se nesse lugar é dar
um passo atrás e olhar os antagônicos fora da relação de superioridade. A própria possibilidade de
assim situar-se inquieta e suscita algumas questões: a história ocidental trilhou seu caminho
fazendo um corte na realidade que originou uma tradição dicotômica e essa tradição determinou a
filosofia como atividade teórica? De que forma a filosofia pode ser pensada como atividade prática?
É possível deslocar a reflexão do movimento pendular e pensar “teoria e prática” sob outros
termos? Sem intentar encontrar respostas que esgotem a discussão, essa pesquisa tem o objetivo
de colocar as questões e refletir sobre elas. Longe de ser uma discussão inédita, este trabalho se
propõe a dialogar, mais precisamente, com Heidegger e os seus leitores Emmanuel Carneiro Leão e
Benedito Nunes, que se dedicaram a pensar o problema.
Palavras-chave: filosofia, teoria, prática, dicotomia.
LINGUAGEM: UMA MERCADORIA NA SOCIEDADE CONTEMPORANÊA SEGUNDO A CONCEPÇÃO
DO PENSAMENTO MARXISTA
Tairo Lisboa Montagner
Priscila de Oliveira Silva
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
[email protected]
Resumo: A linguagem é um dos principais instrumentos desenvolvido pelo homem para poder se
organizar em sociedade, através dela é possível que o indivíduo expresse seus pensamentos e
sentimentos para o outro, sendo assim, a linguagem é uma correlação dialética entre o individuo e
a sociedade, mas para isso, é preciso estabelecer normas e regras . Os diversos tipos de linguagens
presente na nossa sociedade vêm ser um produto sócio – histórico, aonde que sofre modificações e
influências constantes por diversos motivos. O presente trabalho teve como objetivo fazer uma
breve definição de o que é linguagem e o que vem a ser mercadoria, através disso relacioná-los
com as discursões teórico-conceituais, principalmente com a linguística e a filosofia. Foram
utilizados conceitos da linguística e da filosofia sobre a linguagem; após fundamentá-los de forma
crítico-conceitual foi problematizada a linguagem com objetivo de demonstrar a influência que o
processo histórico vem transformar em mercadoria e com isso se fortalecer uma dominação de
uma classe perante a outra. São demonstradas as diversas formas de linguagens e com isso
demonstrar como as linguagens escrita e oral vem se transformar em uma mercadoria e com isso
causando uma alienação. As principais fontes e técnicas utilizadas na pesquisa foram as seguintes:
fez-se uma pesquisa bibliográfica e pesquisa na internet. A conclusão do estudo reside em: a
transformação da linguagem como mercadoria vem favorecer uma classe social possuidora dos
meios de produção e com isso fortalecer cada vez mais, mantém o status quo da sociedade .
Palavras-chave: Linguagem – processo sócio histórico – mercadoria – dominação de classe.
PENSAR COM FOUCAULT A QUESTÃO DA RESISTÊNCIA
Pedro Fornaciari Grabois
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
[email protected]
Resumo: É a partir de uma história da “ética” que Foucault vai pensar na possibilidade de uma
“ética do si” na atualidade. A intenção do filósofo francês era pensar, ao mesmo tempo, a
impossibilidade e a urgência dessa tarefa política, sem que isso implicasse na transposição do modo
de vida greco-romano para a atualidade, transposição que é por ele enfaticamente recusada. Ao
apresentar essa perspectiva, o filósofo francês foi acusado de defender uma posição individualista e
de promover um descompromisso com valores universais ou com princípios humanitários das
democracias liberais e um sacrifício da solidariedade em benefício da autoperfeição. Tais críticas à
sua obra acabam por ignorar que sua reflexão ética tardia em torno do tema histórico do cuidado
de si se insere na continuação de toda uma série de estudos de Foucault sobre a questão da
governamentalidade, isto é, da relação entre o governo dos outros e o governo de si. Uma análise
mais apurada da trajetória do pensamento foucaultiano mostra mais apropriadamente a relação
que há entre: 1) a autoconstituição do sujeito ético (a subjetivação ética); 2) as formas históricas de
governar os indivíduos e as populações nas modernas sociedades ocidentais; 3) e as formas de
resistência possível a essas formas de governar. A pretensão de nossa pesquisa é investigar, no
pensamento de Foucault, como a subjetivação ética do indivíduo se constitui enquanto forma de
resistência possível às diferentes formas de governo que se elaboraram na sociedade moderna. No
presente trabalho, a proposta é pensar a questão da resistência a partir de Foucault e de
pensadores que comentaram sua obra, como Toni Negri, Maurizio Lazzarato e Alain Touraine,
partindo daí para uma reflexão sobre nossa própria atualidade, constituída por novas lutas de
resistência, que giram em torno da questão do estatuto do indivíduo.
Palavras-chave: ética, Foucault, governo de si, resistência.
EXORTAÇÃO DA LIBERDADE EM OPOSIÇÃO AO FANATISMOS EM AS MOSCAS
Keywilla da S. Venceslau
Universidade Estadual do Ceará
[email protected]
Resumo: As moscas, peça de 1943 representa o inicio da tragetoria teatral de Jean- Paul Sartre com
seu então chamado: “teatro das situações”. A peça é uma nova interpretação existencialista da
lenda grega de Orestes que ainda criança foi exilado e ao retornar a cidade de Argos, já adulto
encontra-a atormentada por moscas e tomada por uma culpa, remorso de um crime que não
cometeram: O assassinato do rei Agamêmnon. Orestes com sua irmã Electra, que desde a morte de
seu pai , foi transformada em escrava por sua mãe e o amante, dentro de seu próprio palacio, se
vinga dos assassinos de seu pai o rei Agamêmnon, Egisto e sua amante, a rainha Clitemnestra,
esposa do rei e mãe dos mesmos. Desde a morte de seu pai Electra ansiava alguém que a liberta-se
da escravidão, que pudesse executar a sua desforra. Em As moscas Sartre converte a peça em uma
metafora aos temas má-fé, fanatismo e liberdade. Os deuses são explicitamente expostos como
inimigos da liberdade humana, ou seja, barreiras para que podemos chamar de ações
trasformadoras. As moscas é uma anunciação, exclamação da liberdade como condição humana,
para Sartre o homem é livre, é a própria liberdade; aqui está o grande ressalto do existencialismo
sartreano. Sartre por meio dessa peça incita o individuo a tomar para si toda e qualquer
responsabilidade de seus próprios atos, abrindo mão das explicações, das justificativas, por meio
das quais inúmeras vezes buscamos, nos diversos setores de nossas vidas, ocultar de nós mesmos a
aflição de sermos independente, de sermos livres.
Palavras-chave:liberdade; fanatismo; existencialismo.
A MORAL DA MEDIOCRIDADE: ESTUDO ACERCA DOS PSEUDO-IDEAIS EM ORTEGA Y GASET
Tiago Barbosa S. Thiago
PUCMINAS
[email protected]
Resumo:A presente comunicação irá proporcionar uma reflexão ética a partir dos conceitos de
razão vital e perspectivismo de Ortega y Gasset, a qual irá se direcionar em busca de uma
compreensão sobre a “moral da mediocridade”. A apresentação se preocupará em indagar o
porquê de, predominantemente, as sociedades em geral serem constituídas por sujeitos que
tendem à “normalidade”, ou, em outras palavras, à mediocridade. Dentro do panorama desta
comunicação, os quais os referenciais teóricos já foram brevemente anunciados, florescem varias
questões que parecem ser inevitáveis: a mediocridade é derivada de uma escolha racional ou de
uma postura moral? E poderiam estas provir da constituição psicológica prévia? Existe alguma
constituição psicológica prévia? Quais são os ideais, e as crenças subjacentes, a este tipo de
comportamento que parece constituir-se de um paradoxo: o esforço para a economia de esforço?
Para uma maior compreensão o presente trabalho contará com uma analogia entre o medíocre e o
pusilânime, conceitos os quais foram desenvolvidos na obra Mirabeau ou o político por Ortega y
Gasset. Para ele os pusilânimes são aqueles indivíduos que têm pouca coragem e vitalidade que,
predominantemente, realizam apenas as escolhas feitas sobre um ganho notável. São geralmente
egoístas. É característica do pusilânime agir sempre em vista a premiação, elogios ou status, pois, a
tarefa em si que ele exerce não lhe dá a satisfação suficiente para realizá-la. As duas formas de
conduta são muito semelhantes, contudo não são iguais e guardam importantes paralelos. O tema
da mediocridade é de profunda importância, pois, a partir de um esforço intelectual, e apenas
assim, pode-se combater a miséria psicológica e cultural, que se conforma impassivelmente com
quaisquer ações erigidas pela racionalidade instrumental.
Palavras-chave: ética;mediocridade; ideal.
A SEPARAÇÃO CONSUMADA E O PRISMA ESQUIZOANALÍTICO
Henrique Rocha de Souza Lima
Universidade Federal de Ouro Preto
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Resumo:O trabalho parte da conceitualização de Espetáculo tal como aparece no primeiro capítulo
de A Sociedade do Espetáculo, de Guy Debord, intitulado A separação consumada, para tornar
evidente uma problemática entre Subjetividade, Poder e Filosofia. Em linhas gerais: o problema de
uma expropriação do tempo e do campo simbólico dada pelas máquinas discursivas das sociedades
industriais. Dado o diagnóstico da teoria crítica de Debord, pretendo abordar o instrumental
conceitual que constitui a esquizoanálise de Deleuze e Guattari, como uma resposta filosófica sobretudo em seu aspecto político - à altura de uma teoria crítica radical e atual como a de Debord.
Em 1967, Debord “diagnostica” sua contemporaneidade como um estágio histórico no qual a
cultura ocidental tem a sua produção simbólica e das práticas em geral determinadas por interesses
econômicos. Afirma sem meios termos que o Espetáculo funciona de modo a operar uma “redução
da vida à economia.”Ao caracterizar o modus operandi do espetáculo como o poder em seu
“emprego do tempo”, Debord confere ao poder um estatuto ontológico. O Espetáculo é o Poder
empregado no tempo; organizado temporalmente, ritmicamente, serializado, em programação
ininterrupta. Em suma, a formatação de subjetividades tem seus modos de organização do tempo.
Temporalidades de assujeitado. Ao constituir modelos que organizam dinamicamente a atuação da
imaginação, o espetáculo não só guia as relações dos indivíduos entre si, como também dos
indivíduos consigo mesmo, situa-se no intervalo entre o indivíduo e o próprio desejo, constituindo
para a produção de subjetividade o que Guattari chama de “um problema ético-estético-político-
tecnológico”.Neste sentido, o trabalho pretende apontar aproximações entre o problema deixado
pela teoria crítica de Guy Debord e o aparato conceitual de Deleuze e Guattari enquanto uma
espécie resposta teórica à altura do problema. Por meio da aproximação, ressaltar o esboço de uma
micropolítica dos discursos através da incidência dos conceitos esquizoanalíticos sobre zonas
problemáticas da dualidade política/discursos nas sociedades industriais; e ainda afirmar a
relevância de uma filosofia que se esforça em pensar e criar imagens de pensamento e
racionalidade que não os submete necessariamente aos modelos de recognição, de identificação de
semelhanças, de causa e efeito e quaisquer outros critérios de validade universal, quando esses
modelos se mostram perversamente vinculados a interesses e conveniências de grupos
econômicos. Como eixo destas articulações: a arte e o poder da experiência estética.
Palavras-chave: Sociedade do Espetáculo; esquizoanálise; estética e política
EDUCAÇÃO PARA AÇÃO HISTÓRICA EM WALTER BENJAMIN
Rosângela Souza de Almeida
Universidade Federal de Sergipe
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Resumo: O objetivo da presente pesquisa é ressaltar alguns aspectos do pensamento de Walter
Benjamin sobre a educação na contemporaneidade, pois compreendemos que este tem muito a
nós dizer. A obra de Benjamin, mas também a sua vida é concebida em uma época que se encontra
no auge da hegemonia da razão e do processo de transformação técnico e cientifico do qual
fazemos parte, a modernidade. Como se sabe, Benjamin critica a ideologia da sociedade
modernidade por sua identificação com o progresso material, por sua animação frente às
“novidades”, por seu comodismo diante das desigualdades e pela perda da experiência
comunicativa pelo auge da informação - mas também estende sua crítica mais especificamente
para a educação. Para Benjamin, a educação moderna peca, em vários sentidos, em relação às
crianças. Mais precisamente em seu texto Programa de um Teatro Infantil Proletário, ele denúncia
a perda da infância e a forma “adultocêntrica” com que estas são tratadas, o que elimina a
criatividade e a ludicidade que são próprias a elas. E, em relação aos jovens, critica a falta de
engajamento político e a profissionalização da universidade, além da vida predeterminada pelas
possibilidades burguesas (casamento e trabalho). Ele aborda essas temáticas em A Vida dos
Estudantes, em “Experiência” e também no fragmento A Posição Religiosa da Nova Juventude.
Benjamin entende a educação, em sua totalidade, ou seja, não somente como formação escolar,
mas também todas as experiências que nos foram transmitidas no cotidiano ao longo de nossas
vidas. Assim, ele propõe uma educação que devolva a vida aos próprios sujeitos e faça com que eles
se reconheçam historicamente, sendo construtores e agentes do seu futuro e da comunidade da
qual fazem parte.
Palavras-chave: Walter Benjamin; educação; modernidade; consciência histórica.
NIETZSCHE E O ESTADO GREGO
Ivan da Costa Gomes.
Universidade Federal do Pará
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Resumo: Este trabalho tem por objetivo a compreensão da relação entre o ideal aristocrático
nietzschiano e o estado grego. Ao longo de toda sua obra filosófica Nietzsche nunca deixou de
expor a admiração que nutria pelos gregos, sempre dedicando obras ou aforismos a estes. Esta
admiração refletiu-se no seu pensamento político, tendo ele dedicado um ensaio, O estado grego,
para falar das características positivas percebidas por ele na aristocracia grega, em contrapartida
aos valores que constituem o que ele chamava de modernidade. A relação entre Nietzsche e os
gregos é fundamental para a compreensão de seu pensamento político, principalmente no que se
refere ao seu ideal de estado, a aristocracia chamada de “Grande política”, pois é nesta relação que
encontramos de maneira mais clara, a crítica de Nietzsche a dignidade do trabalho e a democracia,
que ele chamava de valores modernos, sua concepção de escravo e a necessidade deste para a
produção de uma cultura superior. Acusam Nietzsche de saudosista político, por ele enaltecer a
aristocracia como modelo ideal de estado, contudo seu pensamento político vai muito além deste
saudosismo que o acusam, o estudo sobre a relação deste com os gregos comprova isto, pois sua
visão não busca a volta de antigas formas, mas ir além destas, seu saudosismo não esta na
retomada de antigos modelos de estado, mas na retomada de elevação dos homens, na produção
de homens que vão além da moral escrava, predominante na modernidade, homens que buscam a
criação, e não a conservação, que dão vazão as suas vontades de poder. O pensamento político de
Nietzsche é fragmentado e marcado por polêmicas, primeiro por ele não ter dedicado uma obra a
política, o que nos obriga a batear por entre suas obras, e, segundo, por ele ir de contra a valores
incrustados nas sociedades contemporâneas, como a igualdade entre homens, tudo isto, somado
ao seu modo de filosofar, geram árduas dificuldades aos que se propõe a compreendê-lo.
Palavras-chave: Nietzsche; aristocracia; estado grego.
APARÊNCIA E ESSÊNCIA: DA INTRASPARÊNCIA DA REALIDADE A REALIDADE TRANSPARENTE EM
MARX
Rodolfo Luiz Cutrim Costa
Universidade Federal do Maranhão
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Resumo: A intransparência da realidade, que naturalmente ao se mostrar se vela a si mesma em
um movimento incessante de velação/desvelação, também pode ser potencializada a partir de
“fenômenos” de velação construídos historicamente e são compreendidos por Marx como uma
exigência tanto da filosofia como da ciência, que, a partir desta dificuldade inerente à realidade,
devem através de um método, que surge, não da vontade e criação de seus pesquisadores, mas sim
da dinâmica própria do real, perscrutá-la respeitando suas características. Para Marx esse método
deve ser o método dialético que desmistificado do invólucro idealista de Hegel, que teve o mérito
de perceber a “dialeticidade’ da realidade, mas não a percebeu sob as leis materiais, move-se de
acordo com o ritmo do mundo. Este método é a chave para se entender a relação entre aparência e
essência fundada na intransparência potencial do real. Esta relação por sua vez se mostra
imprescindível para se entender a epistemologia marxiana e sua relação com a explicação de
“fenômenos” como a alienação, a ideologia e mesmo o papel tanto da filosofia como da ciência,
como vias de se chegar, superando os dados da experiência imediata quando assim for necessário,
a uma ontologia que capture o ser em sua integralidade, em sua totalidade. Para Marx o ser pode e
deve ser apreendido em sua totalidade, constituindo assim um aspecto fundamental do método de
análise do real. Assim o objetivo deste trabalho é demonstrar como Marx entende a dinâmica da
realidade e suas implicações epistemológicas e de escolha de um método, partes de um mesmo
problema para ele, e sua exigência de uma ontologia como uma medida profilática, tendo em vista
fenômenos de velação historicamente construídos e naturalmente apresentados pelo real.
Palavras-chave: Realidade; Método; Dialética; Totalidade; Ontologia.
PODER: UM CALEIDOSCÓPIO DE FORÇAS
Jomar Fernandes Vieira Júnior
Universidade Estadual da Paraíba
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Resumo : Postula-se a partir das fundamentações analíticas do pensador francês Michel Foucault
(1928- 1984), que ao contrário dos pensadores da tradição não tomará o “poder” por fundamentos
teóricos, entretanto, por bases analíticas. Foucault (2006) não possui pretensões de desenvolver
uma teoria ou um postulado sobre o poder, mas enfatizar de tmaneira analítica sua constituição e
seus desdobramentos efetivos nos países ocidentais nos interstícios históricos. Inversamente aos
teóricos da tradição que percebem o poder do ponto de vista de uma macroestrutura- aparelho de
Estado-, representado pelo bloco político-jurídico, o autor estudado observará o poder pelo ângulo
infra-estrutural, quando estará pautado sobre as micro relações existentes no cerne social,
justificadas como relações de poder. Tais relações são representadas pelos discursos, pelos
conhecimentos, pelas instituições de “saber-poder”, pelas relações interpessoais, assim como,
pelas relações interinstitucionais, as quais formam uma grande rede de poder através dos embates,
dos confrontos, dos consórcios e das alianças, que Foucault (2006) nomeará de “estratégia global”
ou “estratégia de conjunto”. No decorrer do presente trabalho serão observadas as conexões
existentes entre as teorias tradicionais, engendradas pelos pensadores políticos do sistema liberal,
como igualmente, a do seu maior expoente de oposição, as teorias formuladas por Karl Marx;
ambas confrontadas nas análises foucaultianas. Foucault (2006) não busca uma definição ou
origem do poder, mas os resultados efetivos das ações exercidas por ele, no que diz respeito, aos
conhecimentos elaborados pelos dispositivos de “saber-poder”, que conferem, dentro das relações
de poder, a disseminação de tais conhecimentos convertidos em “verdades” na promoção do
controle social, assim como, na disposição dos indivíduos na tessitura social relativos às
determinações e classificações que possibilitam as construções identitárias, por conseguinte,
subjetivas dos sujeitos.
Palavras-chave: Poder, saber, sistema.
MODERNIDADE, MARXISMO E AMÉRICA LATINA: PELO FIM DO COLONIALISMO FILOSÓFICO
Gustavo Fontes
Universidade Federal de Pernambuco
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Resumo: O presente projeto pretende realizar uma releitura da chegada da modernidade na
América Latina (e concomitante instauração da face latina, na América), a partir do ponto de vista
da estruturação do modelos de sociabilidade que aqui se impuseram a pouco mais de cinco séculos
(1492 – chegada de Colombo na América Central). Isto para que em um segundo momento
possamos problematizar a assunção de um modelo totalitário de organização social, fundamentado
no liberalismo cristão, a partir da perspectiva crítica fornecida pela ‘Filosofia da Libertação’ de
Henrique Dussel, de base marxista e levinásiana, ao se colocar como última crítica frontal e radical
ao modelo político e jurídico construído a partir das revoluções burguesas, que têm como princípios
prioritários: a circulação de mercadorias, a propriedade privada (inclusive sobre o corpo, Locke), as
trocas comerciais baseadas na relação centro-periferia (e posterior apropriação de mais-valia, a
partir da revolução industrial); enfim a estruturação filosófica, política e Jurídica do Estadomoderno (Hegel – Filosofia do Direito); e por último, mas não menos importante, a fundamentação
da ciência como tecnologia (e aqui, Bacon se coloca como um marco fundamental). Neste sentido,
ao nos aprofundarmos na investigação sobre o evento histórico e trágico da chegada dos europeus
nestas paragens ao sul do equador, nos deparamos com a Colonização e Conquista das civilizações
nativas da América Latina (internamente em estágios bem diversos de organização social), a
propagar uma dinâmica que se fez constante em todo o continente: negação da alteridade,
espoliação e imposição de valores políticos e morais. Pois a Modernidade, na verdade inaugura o
primeiro sistema-mundo do globo terrestre; onde pela primeira vez, todos os povos e culturas
estão integrados em um único sistema econômico/político de trocas; do qual a Europa Ocidental se
torna o centro; relegando todas as demais culturas a sua periferia. Pretendemos, mais diretamente,
com esta pesquisa, discutir os aspectos negados desta alteridade que se apresenta então a cultura
européia em plena expansão marítimo-mercantil, enquanto produção de um saber sobre o “outro”,
que não é minimamente admitido em sua integridade, enquanto outridade legítima e irredutível à
lógica da identidade individualista, que então se irradia, desde a Europa cristã-ocidental, para os
quatro cantos do planeta. Focaremos então a experiência da expansão européia, colonizadora,
como simultânea a formação (instauração) da modernidade planetária (e suas instituições, e
respectivos modelos de sociabilidade) que terão a Europa como centro articulador das diferenças.
Em um segundo momento, dentro deste cenário, tentaremos perceber como tem sido articulada a
crítica marxista ao sistema capitalista, pensada a partir das especificidades latino-americanas.
Palavras-chave: Modernidade, América Latina, Marxismo, Filosofia da Libertação.
A COMUNICAÇÃO COMO PROBLEMA – OLHARES DE MARTIN BUBER E EMMANUEL LEVINAS
Rudá Lemos Branco
Universidade do Estado de Rio de Janeiro
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Resumo: A partir do estudo da relação EU/TU de Martin Buber e da Alteridade de Emmanuel
Levinas, discorrerei acerca da condição de falta de comunicação entre as pessoas dos novos
tempos, apesar do aumento de meios para ela ser efetuada. O filósofo austríaco apresenta a
dimensão do “entre”, como uma categoria ontológica necessária para a aceitação dos dois polos de
uma relação. O TU é encontrado em mim, a partir da revelação do EU: é tornando EU que digo TU.
A perspectiva crítica, no entanto, indica que o homem, em tempo de grande desenvolvimento
técnico-científico, deixou-se de se abrir para o outro. Para Buber, o outro acaba sendo visto como
meio para interesses privados. A relação torna-se de EU/ISSO. Dá-se o conflito ou a harmonização
forçada de contradições que dão a falsa impressão que a comunicação ocorreu. Em seus estudos
sobre a intersubjetividade, Emmanuel Levinas reconhecerá o valor da alteridade não apenas para a
efetividade da comunicação, mas para instauração de uma completude existencial. Essa Alteridade
seria anterior a qualquer ação do Mesmo: é percebendo o outro em sua exterioridade absoluta que
podemos dar um passo fora do Mesmo, para a comunicação e, por conseguinte, a humanização.
Levinás comparará o desejo metafísico pelo outro com a ideia de infinito, por sua separação do ser
e de sua incapacidade de integração com essa exterioridade absoluta. O outro não está préconcebido como ideia e nem pode ser capturado pelos sentidos. Resta-nos o desafio de tentar
superar a indeterminação do rosto “infinito” do outro, que por sua nudez e sua miséria, torna a
aproximação uma resistência ética e absolutamente necessária.
Palavras-chave: incomunicabilidade, intersubjetividade, alteridade.
O CUIDADO DE SI COMO FUNDAMENTO DE UMA ÉTICA DA AUTONOMIA DO SUJEITO EM
FOUCAULT
Carolina Pereira Bickel
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
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Resumo: A fim de abordar o pensamento ético desenvolvido por Foucault no século XX a partir de
seu método lógico encontrado na Hermenêutica do Sujeito, fundamentações históricas, esta
pesquisa partirá do conceito de "cuidado de si" para analisar o papel da Filosofia em operar uma
espécie de diagnóstico do presente através de uma recuo histórico à Antiguidade Greco-Romana,
não para estritamente copiar, mas para observar uma certa forma de pensar esta ética e analisar
como se constituiu as formas de subjetividade do período uma vez que muitos dos problemas
encontrados no período helenístico identificam-se com problemas de sociedade atual, não devendo
haver contudo uma transposição necessária da ética desenvolvida no período à modernidade, mas
servindo-nos como "indicativo" de possibilidade de estabelecer uma relação do sujeito consigo
mesmo que seja autônoma. Logo, a Filosofia deverá ser "ferramenta" para uma ontologia de nós
mesmos, ontologia do presente, busca do ser di sujeito como aquilo que estamos nos tornando,
sendo ainda a "marca" de uma ética do cuidado de si, uma ética da auto-transformação, do
processo, da autonomia e da liberdade uma vez que este cuidado de si não nos é imposto, mas uma
opção, uma relação do sujeito consigo mesmo em que há escolha. Deve-se ainda ressaltar que no
centro desta ética está o cuidado de si, e no cerne desta a parrhesía, o dizer verdadeiro, que
marcará a ética de Foucault não como uma ética do egoísmo, mas "trará à tona" a necessidade da
relação com o outro para que se diga a verdade sobre si mesmo.
Palavras-chave: Foucault; cuidado de si; liberdade; autonomia; ética.
O PRINCÍPIO VIDA NA TEORIA MORAL DE
HANS JONAS
Esmelinda Silva Fortes
Universidade Federal do Piauí
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Resumo: No mundo contemporâneo há um inegável avanço técnico-científico e este trouxe várias
mudanças que podem ser percebidas no cotidiano. Com esse avanço surgem também questões
sobre como se comportar, que parâmetros seguir nessa “nova era”. Buscando essas respostas, o
filósofo contemporâneo alemão Hans Jonas se dedicou a fundamentar uma ética cujo princípio
fundamental é a responsabilidade. Hans Jonas propõe que a ética antropocêntrica tradicional está
ultrapassada e não corresponde mais às necessidades dessa nova sociedade tecnológica. A técnica
modificou o agir humano e esta mudança trouxe situações novas que as éticas tradicionais,
segundo Jonas, não são capazes de resolver. Ao passo que o homem detém em suas mãos o poder
advindo da técnica moderna, ele é capaz de pôr em risco o equilíbrio vital do planeta terra, por isso
Hans Jonas sentiu necessidade de elaborar uma nova ética que fosse capaz de lidar com essas
novas situações causadas pelo avanço técnico–científico. O princípio responsabilidade surge como
uma ética voltada para o futuro, que tem a intenção de orientar as novas dimensões do agir
humano. Essa ética é dedicada à sociedade que vive na era tecnológica, pois à medida que o
homem mostrou ter capacidade para interferir e alterar os domínios da vida, segundo Jonas, passa
a ser necessário que o homem se torne responsável pelas gerações do presente e do futuro. Por
isso, a vida, e especialmente sua preservação, se constitui como principal objetivo do princípio
responsabilidade. Este estudo visa apresentar a relevância do princípio vida como elemento
fundamental na formulação teórica do princípio responsabilidade de Hans Jonas. Portanto, será
apresentado no presente trabalho a teoria da vida de Hans Jonas e como ela se tornou
imprescindível para a elaboração da nova ética do futuro, proposta no princípio responsabilidade,
assim como os elementos que se fazem necessários para que essa ética baseada na
responsabilidade se torne possível.
Palavras-chave: Ética - Responsabilidade - Vida
RESPONSABILIDADE E ONTOLOGIA EM HANS JONAS
José Henrique Azevedo
Universidade Estadual do Ceará
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Resumo: É impossível pensar coerentemente a filosofia contemporânea sem atentar ao fato da
crise ecológica que se vive. O acreditado progresso técnico da humanidade está resultando em uma
possibilidade real de inexistência humana, tendo de haver uma nova exigência ética para a atual
civilização tecnológica. Hans Jonas propõe-nos a perspectiva ética exigida, a saber, a
Responsabilidade como princípio norteador da vida humana. Esta nova exigência decorre do fato
de que as éticas anteriores não abarcam a realidade atual da humanidade, na medida em que o
poder da técnica sobre o mundo é demasiadamente grande. Decorre disso, que tais éticas
versavam sobre uma situação imediata, na qual homens confrontavam-se eticamente apenas com
outros homens; a ética que melhor expressa esta relação é o Imperativo Categórico kantiano. Jonas
expande o objeto ético para além da esfera do humano, abrangendo todo o planeta, a fim de que
se preservem as condições de existência de objetos éticos, a saber, os próprios seres humanos,
assim como todos os organismos vivos e até mesmo aquilo que é inorgânico, na medida em que
contribuem à conservação da vida. A própria existência já constitui a exigência de responsabilidade
pela preservação das condições de aparição de homens no futuro. Desse modo, este trabalho tem o
objetivo de mostrar como Hans Jonas expõe a responsabilidade como a condição propedêutica à
ação moral, instituindo uma ética preocupada com o futuro, partindo do presente, a partir de uma
pato-ontologia aquetípica, a saber, o sentimento de responsabilidade perante à prole. Usarei para
tal empreendimento a obra Princípio Responsabilidade, porque a humanidade terá de mudar, pois
há um excesso do nosso poder de fazer sobre o nosso poder de prever as catástrofes que se
avizinham.
Palavras-chave: responsabilidade; vida; ontologia; ética.
SOBRE A SEXUALIDADE INFANTIL NA OBRA HISTÓRIA DA SEXUALIDADE I: A VONTADE DE SABER
DE MICHEL FOUCAULT
Ellielton Leite
Universidade federal de Pernambuco
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Resumo: A história do homem nunca se interessou consistentemente pela sexualidade infantil. À
parte os psicanalistas, o homem cotidiano não enxerga sexo como parte natural do caráter de suas
crianças - não que nelas não haja uma vontade sexual. É que isto implicaria numa visão
potencialmente diferente da temática para elas. O sexo em ambiente familiar – e também na
sociedade em geral - é algo relativamente aberto, a citar formas, pelos veículos de comunicação
cada vez mais pragmáticos e na própria “precocidade” com a qual este tema se instala no cotidiano.
As crianças possuem sexualidade, assim como a possuem os adultos, porém o sexo é um assunto
costumeiramente velado. Para uma melhor compreensão: O ser humano se coloca de uma maneira
frente ao sexo ainda não boa; posicionando-se como se o sexo fosse algo estranho a ele e às suas
crianças, foco desta especulação. Foucault ira dizer “O que é próprio das sociedades modernas não
é o terem condenado, o sexo, a permanecer na obscuridade, mas sim o terem-se devotado a falar
dele sempre, valorizando-o como segredo” (FOUCAULT, 1988, p. 42). Aqui, Foucault discorre
claramente acerca da colocação da forma de pensamento social em relação ao sexo. Este é
valorizado de uma maneira talvez errônea. Talvez, parte deste pensamento tenha surgido nos
dogmas religiosos. O homem pensa que trata de sexo corretamente com seus filhos ou com seus
alunos. Entretanto, é no “endeusamento” dele, como algo que não pode ser feito em publico, ou
como algo que deve ser escondido - objeto ainda causador de risadas e embaraços entre crianças e
velhos – seria o seu velamento interior. Não que seja culpa de cada ser não falar de sexo. É que a
história, o tempo vitoriano em especial, nos fez “puritanos” veladores. Este trabalho apresenta em
linhas bem gerais a sexualidade infantil, com base no texto de Michel Foucault.
Palavras-chave: Foucault; Sexualidade; crianças.
POR UM DEBATE ACERCA DO TOTALITARISMO: O FASCISMO COMO UM HÁBITO DO
COTIDIANO
Alex Conceição Vasconcelos da Silva
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
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Resumo:O termo "fascismo" é bem conhecido porque nomeia um movimento totalitário ocorrido
na Itália e na Alemanha, porém não se restringe ao mesmo. O fascismo não acabou e,ao contrário
do que pensam muitos, hoje suas manifestações são as mais diversas possíveis. Segundo o
pensador italiano Umberto Eco, em seu ensaio Fascismo Eterno propôs em 14 pontos que
aprendêssemos a identificar os sinais de "proto-fascismo" na nossa sociedade. Em primeirolugar,
reconhecer que sintomas proto-fascistas no discurso contemporâneo pouco têm a ver com o
nazismo. Por exemplo, enquanto o antigo nazismo, porque esse último tem uma teoria do racismo,
tem uma filosofia da vontade de poder e do Ubermensch (Superhomem), o fascismo não tem
teoria, só retórica e ação pela ação. No fascismo, diz Eco, "não há luta pela vida, mas vida pela
luta". Ou seja, o gozo individual e patológico do fascismo se realiza no seu estado permanente de
beligerância e intolerância. Segundo, o proto-fascismo pode ser facilmente reconhecido e sentido
naquelas atitudes calculadas para gerar ansiedades persecutórias nos indivíduos. Terceiro, o ato
proto-fascista independe de coloração política. Pode ter desde inspiração nazista, mas também
pode estar presente em atitudes políticas que se dizem anarquistas, democráticas e até mesmo as
socialistas, ecológicas, etc. Observa-se que o fascismo na contemporaneidade se sofistica em microviolências no cotidiano, tal como nos diversos casos de abuso do moral alheio "sem aparecimento
de sangue", mas que poder chegar a fazer violência explícita traumática ou sangrenta bastará
apenas que o momento histórico facilite a sua expressão. Uma comparação rápida ilustra a
extensão danosa de um nazista skinhead e um intelectual de bons modos. Um skinhead ao cometer
atos brutais de coisificação de um determinado grupo cultural humano, comparado a um indivíduo
bem preparado de conhecimentos e bem situado socialmente, mas incapaz de dialetizar idéias e de
convivência com as diferenças humanas, ao usar o instrumento do assédio moral pode causar mais
dano psíquico que o skinhead. Sendo que atualmente a sociedade se depara com um novo
paradigma: O Estado de Exceção como forma de governo, em detrimento, mesmo que sutilmente,
do Estado de Direito, conforme analisa Agamben em seu livro Estado de Exceção e Foucault,Em
Defesa da Sociedade. Ao propor esse debate acerca do Totalitarismo na atualidade, tenho por
objetivo analisar as características do Estado de Exceção, a ideologia do fascismo, na qual consiste
nestes três conceitos: Unidade, Disciplina e Identidade, e por fim analisar o fascismo como um
habito do cotidiano, como um fenômeno social da qual ninguém esta imune.
Palavras-chave: Totalitarismo; Fascismo; Habito.
RESPONSABILIDADE E LIBERDADE NA ÉTICA DA ALTERIDADE DE EMMANUEL LÉVINAS
Anderson de Oliveira Santos
Universidade Federal de Pernambuco
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Resumo:O presente trabalho tem como objetivo apresentar a ética da alteridade de Emmanuel
Lévinas, e a partir disto demonstrar a importância do conceito de rosto como algo essencial para
compreender aquilo que o autor entende por responsabilidade e, conseqüentemente, as suas
implicações com a liberdade. Sua proposta é extremamente impactante, pois para ele a ética é a
filosofia primeira, ou seja, é anterior a própria ontologia fundamental, ou ainda, a qualquer outra
forma de filosofia possível. Defende isto, porque para ele, as relações humanas foram marcadas
pela totalidade, e desta forma não há nunca relação intersubjetiva. O que houve sempre na história
da filosofia ocidental, ou mesmo da civilização ocidental foi uma categorização do outro pelo
mesmo, uma totalização. Demonstraremos como estes conceitos são pertinentes na busca de um
diálogo com a filosofia contemporânea, principalmente com aquela filosofia que se preocupa com
as relações humanas, e com tudo que diz respeito ao sentido do humano, pois não podemos negar
que as guerras que ocorreram no auge da “razão reinante” deixaram diante de nós uma incógnita
acerca daquilo que estávamos fazendo com a “humanidade do homem”. O humano estava sempre
marcado pela violência, pela categorização e pela mesmidade, não havendo para ele pensamento
dentro dessa totalidade, e é justamente isto que Lévinas denuncia: “a falta de pensamento dentro
da totalidade”, que fez com que o outro fosse sempre submetido a assumir papéis nos quais ele
mesmo não se reconhecesse, fazendo-o viver sem atos próprios e, por conseguinte, sem liberdade.
Neste sentido é que queremos expor a importância da responsabilidade por outrem como
estrutura essencial, primeira, fundamental da subjetividade, tendo em vista que, para Lévinas a
ética significa responsabilidade pelo outro. Por fim, explanaremos a idéia polêmica de que a própria
liberdade seria impossível sem a responsabilidade, visto que, para nosso autor, a liberdade,
conseqüentemente, está subordinada a responsabilidade. Compreenderemos então com tudo isto
o porquê de Lévinas utilizar demasiadamente a afirmação de Dostoievsky, que sentencia na sua
obra Os irmãos Karamazov: “Somos todos culpados de tudo e de todos perante todos, e eu mais do
que os outros.”
Palavras-chave:ética, alteridade, responsabilidade, liberdade.
ABORTO:
ENTRE O RESPEITO À AUTONOMIA DA MÃE
E O RESPEITO À VIDA DO FETO
Anderson Sauthier
Universidade Federal de Santa Catarina
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Resumo: O aborto continua sendo um tema muito controverso na bioética brasileira. Ainda mais
quando se trata de aborto deliberado, excluindo-se os casos previstos em lei, como risco de vida da
mãe e estupro. A questão que no fundo se quer justificar é se o aborto poderia ser encarado como
questão de saúde pública quando diversas mulheres, que tem diferentes valores morais, morrem
por causa de cirurgias clandestinas. Confrontam-se assim duas visões: a visão do Estado secular que
tem que abranger toda a sociedade em termos comuns; e a visão de comunidades morais
particulares que tem a pretensão de que suas crenças, metafísicas ou religiosas, devam ser
abraçadas por todos. Para analisar esse confronto em termos de fundamentação filosófica, parte-se
da teoria principialista, elencando-se os princípios de autonomia, não-maleficência e beneficência,
aplicando-os num caso muito específico para verificar sua efetividade. Primeiramente, analisam-se
cada um dos princípios anteriores com seus prós e contras com referência a uma sociedade laica e
pluralista. Contrapõem-se os princípios de autonomia e de não-maleficência que neste caso afigurase como contrários. Tenta-se resolver essa contraposição com o princípio da beneficência
analisando o livre-arbítrio. Umas das soluções encontradas diz respeito a uma certa normatização
do aborto, para não correr o risco de torná-lo muito fácil e, consequentemente, banal. Conclui-se
pelo convencimento da autonomia feminina adquirido pela argumentação de que todos os seres
humanos têm livre-arbítrio e que por isso, numa sociedade pluralista onde existem muitos bens à
disposição, cada qual dever ter o direito de escolher, todavia, o que entende por certo ou errado,
porém, arcando com as consequências.
Palavras-chave: aborto, autonomia, livre-arbítrio, beneficência, não-maleficência.
ALIENAÇÃO DO MUNDO CONFORME HANNA ARENDT
Clayton Soares Foncesa
Universidade Estadual de Monte Claros
[email protected]
Resumo: O processo de Alienação do mundo conforme o pensamento arendtiano foi impulsionado
por algumas transformações que marcaram a era moderna, dentre as principais podemos citar três
grandes eventos marcantes dessa época: a descoberta da América, a Reforma e a invenção do
telescópio. Os principais nomes ligados a estes eventos são: Galileu Galilei, Martinho Lutero e os
grandes navegadores, pertencentes ainda a um mundo pré-moderno, conforme Arendt nos três
casos citados, os percussores não eram revolucionários; os seus motivos estavam fortemente
arraigados na tradição, ao contrário de quase todos os autores, cientistas e filósofos que desde o
século XVII, declaravam ver coisas que nenhum homem jamais havia tido algum contato e ter
pensamentos que ninguém até então tinha pensado. Segundo Arendt com base aos olhos da
contemporaneidade o evento mais espetacular deve ter sido a descoberta de continentes que
nenhum homem antes tinha pisado, o mais inquietante foi sem dúvida a Reforma, que abalou a
tranqüilidade espiritual que estabelecia o modelo de vida e a própria soberania do rei. O menos
percebido com certeza foi à invenção do telescópio que serviria apenas para a observação das
estrelas. Entretanto, a suposta inutilidade do telescópio nos revelou um projeto grandioso que
ainda é desenvolvido em nossos dias atuais, a descoberta infindável do universo, chegando a
eclipsar não só a expansão da terra habitada, contida unicamente pelos limites do próprio globo,
mas também o processo de acúmulo econômico, que aparentemente continua ilimitado. De certa
forma depois do homem transpor seus limites, descobrindo o planeta, mapeando toda a terra, o
mundo para ele ficou pequeno. Observamos um contraponto presente na própria mentalidade prémoderna em relação à modernidade constituída, no fato de que a intenção dos desbravadores era
de ampliar o próprio universo terrestre, na verdade, no desenrolar dos fatos ocorreu justamente o
contrário, ao traçar as distâncias entre um ponto e outro da terra, a sua imensidão deixou de ser
tão surpreendente. Uma das habilidades da natureza humana em relação ao fenômeno da
observação, só é concretizada quando o homem toma uma determinada distância de tudo que o
cerca. Quanto maior essa distância, mais espaço ele poderá observar e medir, porém menos espaço
mundano e terreno o restará. O objetivo do presente texto é discutir e refletir dentro da obra de
Hannah Arendt o conceito de Alienação do Mundo que é presente em vários textos da autora que é
de grande importância para se entender alguns efeitos modernos ocasionados nos últimos séculos
e a mudança de mentalidade abrindo a discussão para outros dois conceitos essenciais: A Vita
Contemplativa e a Vita Ativa. Acredito que é uma discussão pertinente e um problema atual
vislumbrando por Hannah Arendt que foi alvo de algumas discussões no ciclo de conversações
deste último semestre de 2010 na Universidade Estadual de Montes Claros/Unimontes.
Palavras Chaves: Alienação, Mundo, Modernidade, Mentalidade
CONSIDERAÇÕES SOBRE A DICOTOMIA TEORIA E PRÁTICA
Dayane Tosta Costa
Universidade Federal da Bahia
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Resumo: “A Filosofia e sua Possibilidade de Atuação Prática” sugere que a filosofia seja uma
atividade teórica – o que deixa entrever a existência de uma pressuposta dicotomia entre a prática
e a teoria, contudo, pode ser contraproducente pensar determinadas questões de modo
dicotômico. Sendo assim, torna-se válida a tentativa de antepor o pensamento a esse modo, para
melhor pensá-la. Pensar a dicotomia significa questionar o movimento pendular que nega um dos
pólos e determina uma relação de superioridade. Nas dicotomias corpo/alma, sujeito/objeto,
razão/des-razão existe a tendência de submeter um pólo ao outro e essa tendência se instaura no
imaginário ocidental de forma tão radical que a superioridade de um dos pólos aparenta ser
inquestionável. Parece muito claro que o sujeito seja superior ao objeto – é no mínimo estranho
questionar isso. No entanto, essa diferença nem sempre existiu, ela tem um momento na história,
não é inata, é datada ― recebe seus contornos mais precisos com Descartes na modernidade e
passa a determinar de forma paradigmática o olhar sobre o mundo. Nessa perspectiva, parece
relevante refletir acerca da possibilidade de a filosofia colocar-se em um ponto anterior às
dicotomias, ou seja, situar-se na encruzilhada em que se deu a de-cisão de descrever a realidade
pela via do pensamento dual em detrimento de outros modos possíveis. Situar-se nesse lugar é dar
um passo atrás e olhar os antagônicos fora da relação de superioridade. A própria possibilidade de
assim situar-se inquieta e suscita algumas questões: a história ocidental trilhou seu caminho
fazendo um corte na realidade que originou uma tradição dicotômica e essa tradição determinou a
filosofia como atividade teórica? De que forma a filosofia pode ser pensada como atividade prática?
É possível deslocar a reflexão do movimento pendular e pensar “teoria e prática” sob outros
termos? Sem intentar encontrar respostas que esgotem a discussão, essa pesquisa tem o objetivo
de colocar as questões e refletir sobre elas. Longe de ser uma discussão inédita, este trabalho se
propõe a dialogar, mais precisamente, com Heidegger e os seus leitores Emmanuel Carneiro Leão e
Benedito Nunes, que se dedicaram a pensar o problema.
Palavras chave: filosofia, teoria, prática, dicotomia.
PRÁXIS UNIVERSITÁRIA: A ANTÍTESE DO CONHECIMENTO INSTITUCIONALIZADO ENQUANTO
CONSTRUTORA DA REFLEXÃO
Denylson Cardoso e Luzinete de Sousa
Universidade Federal de Brasília
[email protected]
Resumo: O presente artigo trata de uma experiência realizada a partir do projeto de extensão Teia
do Conhecimento da Universidade Católica de Brasília vinculado ao departamento de Filosofia
realizado numa comunidade periférica do Distrito Federal. Assim, desenvolveu dentro da sua
temática alguns elementos relacionados à práxis filosófica em uma visão marxiniana, bem como
estudos relacionados à política. Procurou ainda desenvolver concretamente o conceito de
conhecimento institucional contrapondo-o ao conhecimento popular, ressaltando que este não
deve ser menosprezado por àquele, uma vez que é preciso não dogmatizar a construção do
pensamento, e também o meio social no qual ele ocorre. Um dos diferenciais do projeto é a relação
estabelecida entre a comunidade envolvida e os universitários, ou seja, a agenda temática é
construída em comum objetivo, e acompanhada de uma partilha de saberes. As questões
levantadas pelo povo certamente passam pela academia, a grande questão é o modo como este
discurso é organizado na academia e no povo. Embora teoricamente partindo para o mesmo
problema, isto é, em como observamos a nossa realidade, a forma em que as questões são dadas
perpassam de maneira tênue e com características diferentes. É preciso que o discurso que é tido
na academia parta da necessidade de uma escuta do povo, não uma teorização do povo, mas uma
busca em compreender os sentidos últimos que assolam a nossa sociedade, não por um grupo de
pessoas que os veem como objetos de suas pesquisas e dissertações, mas com a sensibilidade de
quem procura estabelecer paralelos, entre a realidade, ou seja, aquilo que vem do povo, como as
suas formulações e o que é estudado na academia. É necessário estabelecer um novo método ou
paradigma de se fazer extensão, é preciso buscar o sentido último em desenvolver uma atividade
para, pela e principalmente com a comunidade, não no sentido vertical, mas procurar uma
horizontalidade que seja capaz de realmente ser interpelada pelo rosto do outro, é, portanto, um
olhar sincero que busca compreender o outro, não um olhar verticalizado pelas escadas da
academia que permitem olhar o mundo através de uma lupa teórica e sistêmica. Estrutural é uma
‘cidade’ periférica do Distrito Federal, onde estão presentes (em jogo) várias questões de interesse
social e político, entre elas destacam-se seu aspecto ambiental, especulativo imobiliário, e o campo
político que perpassa todas essas esferas, contribuindo para uma equivocada interpretação do
verdadeiro significado e sentido da política.
Palavras-chave: Conhecimento. Práxis. Política.
SERVIÇO SOCIAL E NEOTOMISMO: A MORALIZAÇÃO E ÉTICA
Emanuela Marques Gomes e Joyce Dias Gonçalves
Universidade Estadual de Montes Claros
[email protected]
Resumo: Serviço Social surgiu como estratégia de qualificação do laicato da Igreja Católica em
cumprimento da missão política de apostolado social fundado na doutrina social da Igreja Católica.
O Serviço Social emerge no Brasil em um momento em que os conflitos, as contradições e as
tensões de classe explodiam com força, obrigando a classe dominante a se posicionar, buscando
soluções para conter o proletariado. De origem européia foi implantado como alternativa do poder
para conter o avanço da questão social, o assistente social foi recrutando para desenvolver um
trabalho educativo e organizativo entre os trabalhadores, adequando-os a ideologia do capitalismo.
Enfim, entendia-se que se o homem era incapaz, por sua própria natureza, de “ascender”
socialmente. A função do assistente social, neste sentido era de moldá-lo, integrá-lo, aos valores,
moral e costumes defendidos pela filosofia neotomista, filosofia do pensador Santo Tomás de
Aquino, com o objetivo de resolver problemas contemporâneos. Considerando que a formação
profissional do assistente social era orientada pela doutrina católica, sobretudo a explicada nas
encíclicas Renun Novarum (1881) e Quadragésimo Ano (1921), que propunham o necessário
envolvimento dos católicos com os problemas sociais advindos da questão social. A filosofia tomista
nasce na Idade Média, resgatando à luz de tendências intelectuais modernas, retomada
especialmente a partir de 1879, por influência de uma encíclica do Papa Leão XIII que, ao lembrar
os ensinamentos dos doutores da igreja, afirma que a filosofia é a base da fé cristã. A partir dessa
encíclica, multiplicaram-se os centros de estudo e difusão do tomismo, como o Instituto Superior
de Filosofia, na Universidade de Louvain, os institutos católicos de Paris, Lyon, Madri e Washington,
a Universidade de Friburgo, na Suíça, e outros. As primeiras idéias neotomistas surgiram no Collegio
Alberoni, de Piacenza, Itália, na segunda metade do século XVIII. Na relação com a Igreja Católica
que o Serviço Social brasileiro vai fundamentar a formulação de seus primeiros objetivos
político/sociais orientando-se por posicionamentos de cunho humanista conservador contrários aos
ideários liberal e marxista na busca de recuperação da hegemonia do pensamento social da Igreja
face à "questão social". Entre os postulados filosóficos tomistas que marcaram o emergente Serviço
Social temos a noção de dignidade da pessoa humana; sua perfectibilidade, sua capacidade de
desenvolver potencialidades; a natural sociabilidade do homem, ser social e político; a
compreensão da sociedade como união dos homens para realizar o bem comum (como bem de
todos) e a necessidade da autoridade para cuidar da justiça geral.
Palavras-chave: neotomismo, Serviço Social,filosofia
CRITICA AO USO DA ARTE COMO INSTRUMENTO DE MASSIFICAÇÃO E ALIENAÇÃO SOCIAL
SEGUNDO THEODOR W. ADORNO
Gilberto Fernandes Guimarães
Universidade Estadual de Montes Claros
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Resumo: O presente trabalho vem numa tentativa de explanar pela leitura da obrado filosofo
Theodor W. Adorno um dos protagonistas da escola de Frankfurt sua critica ao uso da arte na
“indústria cultural” no período moderno. Tendo como enfoque sua posição e perspectivas
referentes a sociedade; e sua critica de como essa vem sendo manipulada pelo uso indevido da
arte. Ao mesmo tempo via interpretação tem se como objetivo trazer como ponto chave para a
realidade uma leitura critica de como a arte vem sendo usada nos dias atuais, e como o uso dessa
arte vem influenciando a sociedade na maioria das vezes de forma negativa. E assim tentar apontar
por Adorno caminhos para uma emancipação do individuo quanto a sua autonomia e poder de
escolha. O ser humano é um ser com capacidades de potencias mais elevadas do que as que se vê
como moldes em tempos atuais. Sua estrutura tanto física como intelectual caracterizam um
homem livre para pensar, expressar e não para ser escravo de um sistema que o minimiza e o torna
cada vez mais dependente. A arte acompanha esse ser humano desde seu surgimento na terra.
Esse fato a torna companheira auxiliar nas mais diversas necessidades humanas. Esse compromisso
de inter-relação com o homem no entanto se torna cada vez mais intrigante quando se olha para a
grande dependência que esta mesma arte vem causando ao ser humano. Sua força atrativa e como
este fascínio vem sendo exercido nessa interação homem arte abrem alguns questionamentos no
que se refere a seu principal papel social e para onde está sendo dirigida essa função artística.
Theodor W. Adorno examina esse tipo de processo utilizando-se do termo: “industria cultural”;
questionando assim esse novo jeito de se explorar a arte. Adorno então dá inicio a um processo
intrigante onde o que se tem como resposta é um sistema que utiliza toda a tecnologia vigente
como meio de controle da população pela arte. “A Indústria Cultural impede a formação na
sociedade de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir
conscientemente”. A perca dessa capacidade tão sublime do homem deixa-o passivo diante das
situações e o torna na maioria das vezes mero objeto. Episódio que por sua vez é segundo Adorno
empobrecedor da figura humana. Diante de tais fatos é de se pensar que a contribuição dada por
Adorno torna-se de grande valia no processo de compreensão e desmistificação da sociedade. Seu
comportamento e para onde está sendo levada massas. Principalmente no que tange ao aspecto
consumista. Sua teoria baseada em estudos feitos em metade do século XX ainda hoje parecem tão
presentes, indicando assim que a tendência capitalista não sofreu mudanças, a sociedade porem
não se pode dizer o mesmo. Sendo a arte utilizada de forma tão negativa; a crítica feita por Adorno
vem frisar o que já se houvera descoberto de muito tempo. A arte é fascinante, suas características
primeiras sempre a marcaram como critério de alto escalão no desenvolvimento humano, além de
possuir em sua essência um poder que foge do controle de qualquer mecanismo. É justamente
sabedor disso que o homem a utiliza como forma de persuasão social. Obviamente que a arte
supera tal estrutura não percebendo o homem que ele mesmo que tenta dominar e manipular a
arte é que esta sendo dominado pela mesma.
Palavras-chave: Arte, indústria cultural, massificação, alienação.
A EDUCAÇÃO NA CONDIÇÃO HUMANA EM HANNAH AREDNT:
OS FATORES CRÍTICOS CAUSADOS PELA CRISE DO MUNDO MODERNO.
Graciléia Morais de Alcântara
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
Deivisson Leôncio Guardia Cruz
FAMA
[email protected]
Resumo: Considerando a educação na crise do mundo moderno, para Arendt, esta não é apenas a vítima
do tecnicismo utilitarista, é também resultado da esfera pública. Hannah Arendt critica a educação
moderna regidas por práticas pedagógicas originadas da Escola Nova que submetem a imagem da criança
como oprimida e carente de libertação, entretanto, a educação é conservadora, na sua visão, mas não na
política que deveria ser influenciada pela igualdade e liberdade civil. A criança na educação pragmática
apreende o mundo em partes de forma utilitarista, esta situação causa isolamento e afeta na passagem
para a fase adulta, pois perde o sentido do espaço público e encontra-se desvinculada dos conceitos de
autoridade, liberdade e tradição, que para o mundo grego, eram resultados de responsabilidade. Na
Condição Humana, a filósofa enfatiza que a modernidade transforma o espaço público em espaço privado
por afetar o homem na vida política, pois o mundo no qual é evidenciado pela vida ativa consiste em
coisas produzidas pelas atividades humanas, por conseqüências disto, o conceito latino de autoridade
entrou em declínio com o espaço público. Na sua obra Entre o Passado e o Futuro, Arendt refuta sobre a
imagem da educação americana que nos anos 60 passava por uma grande crise, esta ligada diretamente
à crise da república norte-americana no contexto histórico Pós Segunda Guerra Mundial, na qual a
sociedade contemporânea se comportava criticamente em todos os seus aspectos. O problema crucial
que a filósofa afirma, é que o homem moderno alienando-se e destruindo o sentido grego da esfera
pública, distorcia a responsabilidade das gerações que deveriam cuidar do espaço reservado à ação e ao
discurso, uma vez que, para compreender a alienação pública e a crise da educação, deve-se estar
consciente do conceito de autoridade que os romanos exerciam, esta autoridade significava obrigação. A
educação deve preparar cada nova geração desde a sua infância para o mundo. Os educadores
espelhados na crise do espaço público, não se manifestam mais com a mesmo vigor para instruir crianças
e jovens acerca do mundo, os adultos se recusam a assumir essa responsabilidade, Arendt afirma que, o
professor consiste em conhecer o mundo e instruir os outros acerca dele. Enfim, o problema da educação
no mundo moderno é resultante também de um mundo que não é estruturado nem pela autoridade,
nem mantido coeso pela tradição, seria por este meio que poderíamos pensar na constituição de um
sujeito autônomo e na problemática e difícil tarefa de transformação do mundo moderno.
Palavras-chave:Educação; Modernidade; Hannah Arendt; Crise.
A MUDANÇA ESTRUTURAL DA ESFERA PÚBLICA EM JURGEN HABERMAS
Halanne Fontenele Barros
Universidade Federal do Piauí
[email protected]
Resumo: O filósofo alemão Jürgen Habermas, realiza um elucidativo estudo da sociedade moderna
em seus diversos livros a partir da década de 1960. Na obra A mudança estrutural da esfera pública,
lançada na década de 60, Habermas apresenta de maneira complexa seus estudos a respeito da
burguesia moderna, mais precisamente a burguesia da França, Inglaterra e Alemanha, que
influenciava a maioria das sociedades ocidentais. É nesse momento que Habermas faz um
mapeamento do nascimento, desenvolvimento e decadência ou despolitização da esfera pública
burguesa entre os períodos do século XVIII ao Século XX. Para que possa ser melhor compreendido
essas questões, Habermas apresenta uma descrição do que seriam a esfera pública e a esfera
privada, bem como a relação que elas estabelecem entre si e para com o estado e a sociedade;
descreve a estrutura de cada esfera, seu modo de pensar e de agir, suas instituições e
competências, assim, sua fundamentação á respeito da decadência da esfera pública burguesa
pode ser entendida de maneira clara. De acordo com Habermas, muitos foram os fatores
determinantes para a despolitização da esfera pública burguesa durante o século XIX, ou melhor,
mudanças ocorreram no interior da esfera pública moderna com a criação de novas instituições e a
uma nova forma de relação entre a dimensão pública e privada. Tais mudanças fizeram com que
Habermas diagnosticasse de forma ímpar o problema da despolitização de tal espaço, apontando a
interpenetração de estado e sociedade, que determinou a estatização da sociedade e a socialização
do estado, assim como, à introdução dos meios de comunicação de massa refuncionalizando a
imprensa e fazendo aumentar o público leitor, bem como, a ampliação do direito a voto, como
causas objetivas dessa despolitização da esfera pública burguesa.Assim, na concepção do filósofo
alemão, o poder da atividade de critica da política na contemporaneidade foi empobrecido dentro
da esfera pública burguesa com a introdução dessas novas instituições. Contudo, mesmo assim
segundo Habermas, ainda é possível pensar em uma sociedade que faça valer a racionalidade
crítica e a atividade política em vez da mera manipulação existente na atualidade. Para o filósofo, o
que há de mais vantajoso para os indivíduos em sua atuação na esfera pública, é o fato de
possuírem o poder da criticidade inerente à racionalidade, de forma que ainda podemos pensar
uma repolitização desta, corrigindo a situação que hoje nos deparamos. Assim, diante de tal
diagnóstico, algumas questões podem ser levantadas: É possível pensar em uma repolitização da
esfera pública burguesa sob a perspectiva da crítica habermasiana?
Palavras Chave: Jürgen Habermas, Esfera pública, Despolitização, Repolitização.
A HOMOSEXUALIDADE E A FILOSOFIA FOUCAULTIANA
Marianne Barbosa
Universidade Federal de Campina Grande
[email protected]
Herica Hallyselma Medeiros
Universidade Estadual da Paraíba
[email protected].
Resumo: Através do presente trabalho, pretende-se apresentar, por meio dos escritos do filósofo
contemporâneo Michel Foucault, como a relação da amizade pode estar relacionada à questão da
homossexualidade entendida como modo de vida. Foucault nos apresenta que é esta relação
existente entre as duas que faz com que a homossexualidade seja vista de maneira perturbadora
pela sociedade, pois o que a incomoda não é o ato sexual em si, mas as possíveis relações de afeto
que este modo de vida pode apresentar. A relação da amizade vivida nesta forma de sexualidade é
responsável pela invenção de uma multiplicidade de relações. Foucault ainda nos mostra a noção
de ascese e a função que a mesma tem no inventar de uma forma de vida e como a noção de
dispositivo, através do conceito dado pelo autor, nos possibilita compreender a construção da
homossexualidade. Busca-se, portanto, com este trabalho, uma análise reflexiva de como a
homossexualidade pode experimentar, através da amizade, diversas formas de prazer
acompanhadas de sentimentos. E a abordagem da homossexualidade desenvolvida por Foucault
permite alargar a compreensão de tal vivencia e remete para uma postura positiva de convivência
pacífica com a diversidade. Observamos que a educação e/ou formação filosófica podem e devem
ter esse caráter instrutivo. Que possibilite uma orientação adequada a respeito de qualquer tema.
Criando assim, espaços para discussões e reconhecendo a importância do poder nas relações
sociais como forma de dominação e coerção. Deixando prevalecer o respeito à escolha e/ou opção
sexual de cada um, baseado no livre arbítrio e na liberdade. Deve-se então, usar a formação
educacional como forma de esclarecimento, mostrando que a homossexualidade deve ser
compreendida como uma atitude existencial não reduzida ao ato sexual. A afetividade vivida entre
parceiros do mesmo sexo que decidem e tem a coragem de enfrentar as diversas formas de
relações de poder existentes na sociedade em busca do prazer em comum, implica a invenção de
uma forma de vida gay.
Palavras-chave: amizade, homossexualidade, diversidade.
A CONSCIÊNCIA REIFICADA E SEU CARÁTER MESQUINHO: O HOMEM-COMUM E A OPINIÃO
PÚBLICA NA ERA DA INDÚSTRIA CULTURAL CONTEMPORÂNEA
Igor Lago Caribe
Universidade de Brasília
[email protected]
Resumo: O interrogar-se contemporâneo não visa mais sonho algum: estacionou na fictícia ilusão
de ser-em-si o ser total social. É a indústria cultural contemporaníssima se apresentando. Suas
armas, labuta e tédio. Descortina-se diante de nós, filhos de nosso tempo e somente dele, um
futuro nunca antes tão nosso. Somos livres como só nosso tempo compreende. A opinião-pública,
conjunto qualitativo da opinião do homem dito comum, é caracterizada por sua adesão em certo
sentido “voluntária” de todo arsenal contra a autonomia do caráter, que permite a liberdade de
ter. O ensaio visa portanto compreender o trajeto de formação desse caráter médio, ou
propriamente, o caráter mediatizado, mediocre, que prefere a segurança ao conhecimento. Para
tanto, serão convidados T. W. Adorno (Dialética do Esclarecimento) e W. Reich (Escuta, Zé
Ninguém), com os quais trabalharemos na ilustração tanto do conceito de Indústria Cultural, em
sua forma mais idiossincrática e ao mesmo tempo universal, tese a ser defendida e paradoxo com
que a astúcia do capitalismo solucionou a baixa na compra de ingressos ao cinema; quanto, em
paralelo à nova consciência reificada, que encontra na compra de tais novas mercadorias,
fundamento para sua opinião e portanto caráter. Perceberemos que numa sociedade imediatista,
como a atual, mais vale ser da opinião de todos, tal que não repercute em nada por ser a opinião
vigente, do que problematizar o que está dado, naturalizado, e em certo sentido esquecido. O
esquecimento aqui consiste na exposição sistemática do que poderia ser entendido como sintoma.
É assim que a consciência reificada será tratada como um sintoma de nosso tempo, uma doença
(peste) emocional, como diria Reich, que possibilitou o desenfrear ininterrupto dos interesses de
uma minoria economicamente privilegiada e, portanto, detentora dos meios de produção.
O ROSTO COMO MANIFESTAÇÃO DO OUTRO INFINITAMENTE TRANSCENDENTE: A
CONTRAPARTIDA FILOSÓFICA DE LEVINÁS À QUESTÃO DA ALTERIDADE
Immanuel Ramos Lima
Universidade Estadual do Ceará
[email protected]
Resumo: O presente estudo tem por objetivo analisar, à luz do aporte filosófico da obra Totalidade
e Infinito (1961)de Emmanuel Levinás, a noção de Rosto como manifestação do outro infinitamente
transcendente, apreendendo tal noção como uma contrapartida ao problema da alteridade, o qual,
a partir de Levinás, evidencia-se como uma negligência racional e ontológica. Para tanto, este
estudo objetiva investigar a crítica levinasiana aos fundamentos da tradição filosófica ocidental,
haja vista que para ele tal tradição produziu uma razão desmedida, autossuficiente e, portanto,
capaz de atos de violência contra o outro. Consequentemente, a contrapartida de Levinás apreende
o Outro, ou seja, a alteridade, como o começo do filosofar, o fundamento da razão e, inclusive,
como o sentido do humano e a possibilidade de realização da justiça e paz. Desta maneira, a
questão da alteridade em Levinás é por excelência uma questão ética; ética para Levinás é a
filosofia primeira que impõe inevitavelmente uma concepção de responsabilidade inovadora
perante os problemas concretos da relação face-a-face com o Outro. Contudo, este princípio
inovador se confronta com a ontologia fundamental de Heidegger, à razão absoluta de Hegel, ao
solipisismo cartesiano e à autonomia da razão kantiana. Ademais, a contrapartida levinasiana se dá
à ideia de totalidade: para ele, todo o pensamento ocidental se desenvolveu sob a égide da
totalidade, a qual se define pela violação da diferença do outro. Constatando, então, que é
impossível reduzir-se a alteridade à totalidade, Levinás instaura a noção do absolutamente outro, o
que significa dizer que há no outro algo que nos escapa, por mais que se tente decifrá-lo ou
tematizá-lo; o absolutamente outro é algo a mais que não se adapta às formas de cognição e nos
remete a ideia de infinito. Contudo, a noção de Rosto, na obra que é nosso objeto de estudo, indica
o significado da expressão original do infinito: no face-a-face com o rosto do outro, o infinito,
enquanto tal, revela-se.
Palavras-chave: Rosto. Transcendência. Totalidade e Infinito. Alteridade. Levinás.
A CRÍTICA GRAMSCIANA À IGREJA CATÓLICA E A SUA RELAÇÃO PARA O CONCEITO DE FORMAÇÃO
Isabela de Castro Mendonça
Universidade Federal de Uberlândia
[email protected]
Resumo: Esta comunicação tem como objetivo principal expor a crítica gramsciana à Igreja Católica,
tentando elucidar como isso interfere no conceito de formação exposto pelo filósofo. Na filosofia
de Antonio Gramsci, todos os conceitos desenvolvidos pelo filósofo estão intimamente interligados
e, por isso, falar apenas de um deles pode tornar a análise incompleta. Assim, não foge a esse
trabalho expor e analisar também os conceitos de partido, de hegemonia, de aparelhos privados de
hegemonia, de intelectual orgânico, de guerra de posição e de reforma intelectual e moral, além de
dar uma visão geral do sistema em que vivemos. A partir da clareza de compreensão sobre o
capitalismo avançado, entenderemos também o conceito de hegemonia e o que são e qual a
função dos aparelhos privados de hegemonia e dos intelectuais orgânicos. Em seguida, torna-se
claro o porquê da proposta gramsciana ser uma reforma intelectual e moral por intermédio da
guerra de posição e qual a função que os intelectuais orgânicos do partido operário devem
desempenhar nesse processo. É neste contexto se insere a análise sobre o discurso da Igreja
Católica, a sua identificação como aparelho privado de hegemonia que possui seus intelectuais
orgânicos e, por fim, como ela pode colaborar para a reforma intelectual e moral por meio da
guerra de posição, reforma tal que se preocupa, principalmente, com a formação da
autoconsciência dos indivíduos, para que estes possam desenvolver uma concepção de mundo que
seja organizada e coerente.
Palavras-chave: Gramsci, catolicismo, formação.
DIÁLOGO CRÍTICO ENTRE A FILOSOFIA DE SIMONE DE BEAUVOIR E OS DESAFIOS DA LEI MARIA DA
PENHA
Janaina Almeida Ortins Dias
Universidade Estadual do Ceará
[email protected]
Resumo: A lei Maria da Penha não é consenso na sociedade brasileira, alguns setores
conservadores da sociedade acreditam que a lei não é constitucional, pois beneficia apenas um
lado. Para lançarmos nesse fenômeno precisamos compreender o tornar-se mulher que Simone de
Beauvoir propõe, como uma construção sócio, cultural e política. Assim, inferimos os
questionamentos: como se sustenta o poder na sociedade brasileira? Como a mulher culturalmente
é inserida nessa sociedade? Será através do conceito de Beauvoir de que ninguém nasce mulher,
mas torna-se mulher que abriremos um diálogo pela busca da identidade de um sujeito político que
luta pela liberdade humana. A análise da lei Maria da Penha será de fundamental importância para
identificarmos as raízes da opressão de gênero, haja vista que a lei apresenta medidas na defesa
dos direitos femininos. Assim, ao criar proteção jurídica para as vitimas de violência doméstica, a lei
confronta com o modelo patriarcal designado pela sociedade para as mulheres. A lei possibilita que
a mulher se coloque enquanto responsável por mudanças. Provavelmente a justificativa de que as
mulheres estariam emancipadas respalda o discurso das mudanças que limitam a lei Maria da
Penha no tocante a proteção às vítimas. Para Beauvoir (1980), essas conquistas são fruto da
revolução técnica realizada pelos homens e não um papel desempenhado pelas mulheres referente
ao sexo. Complementando a autora, podemos inferir que esse conceito de “emancipação”
contradiz-se com a realidade da mulher brasileira, haja vista que a sociabilidade designada ao sexo
feminino nesta sociedade é
desigual em relação ao sexo masculino.Neste debate torna-se
inevitável tecer considerações acerca da lei Maria da Penha sem compreender como se constitui a
família burguesa enquanto modelo de sociedade. Toda a sua relação está intrinsecamente ligada à
opressão sofrida pelas mulheres e ao reforço do conceito de patriarcado. A idéia do verdadeiro pai
e da verdadeira mãe é também para dar sentido a essa exploração e ao acúmulo de riqueza, pois se
precisava de um herdeiro para dar forma a esse projeto. Para Beauvoir (1980) a questão não se
encerra no âmbito econômico, mas sim como sendo a união entre a vontade individual do homem
com o projeto econômico de exploração que foram preponderantes para tornar a mulher um ser
não livre. A partir desse conceito de Patriarcado que podemos compreender as raízes da opressão
feminina e da violência doméstica que se reverbera nas várias formas de violência quando erotiza o
corpo da mulher, quando sustentam a idéia de que as mulheres só gostam de compras, de novelas
e de fofocas, quando a estética da magreza e da juventude é imposta de forma tal que priva a
mulher da sua liberdade.
Palavras-chave: Patriarcado, Mulher, Liberdade, Simone de Beauvior, Lei Maria da Penha
A EXORTAÇÃO DA LIBERDADE EM OPOSIÇÃO AO FANATISMO EM AS MOSCAS
Keywilla da S. Venceslau
Universidade Estadual do Ceará
[email protected]
Resumo: As moscas, peça de 1943 representa o inicio da tragetoria teatral de Jean- Paul Sartre com
seu então chamado: “teatro das situações”. A peça é uma nova interpretação existencialista da
lenda grega de Orestes que ainda criança foi exilado e ao retornar a cidade de Argos, já adulto
encontra-a atormentada por moscas e tomada por uma culpa, remorso de um crime que não
cometeram: O assassinato do rei Agamêmnon. Orestes com sua irmã Electra, que desde a morte de
seu pai , foi transformada em escrava por sua mãe e o amante, dentro de seu próprio palacio, se
vinga dos assassinos de seu pai o rei Agamêmnon, Egisto e sua amante, a rainha Clitemnestra,
esposa do rei e mãe dos mesmos. Desde a morte de seu pai Electra ansiava alguém que a liberta-se
da escravidão, que pudesse executar a sua desforra. Em As moscas Sartre converte a peça em uma
metafora aos temas má-fé, fanatismo e liberdade. Os deuses são explicitamente expostos como
inimigos da liberdade humana, ou seja, barreiras para que podemos chamar de ações
trasformadoras. As moscas é uma anunciação, exclamação da liberdade como condição humana,
para Sartre o homem é livre, é a própria liberdade; aqui está o grande ressalto do existencialismo
sartreano.Sartre por meio dessa peça incita o individuo a tomar para si toda e qualquer
responsabilidade de seus próprios atos, abrindo mão das explicações, das justificativas, por meio
das quais inúmeras vezes buscamos, nos diversos setores de nossas vidas, ocultar de nós mesmos a
aflição de sermos independente, de sermos livres.
Palavras-chave:Liberdade, Fanatismo, Existencialismo
RELIGIÃO CIVIL OU ESTADO ECLESIÁSTICO: A RELIGIÃO À SERVIÇO DA DEMOCRACIA AMERICANA
EM TOCQUEVILLE
Lucas Fabiano Oliveira Costa
Universidade Federal de Goiás
[email protected]
Resumo: Como pensar a liberdade num Estado onde os homens se servem de crenças dogmáticas
para nortear suas ações? Em A Democracia na América, Alexis de Tocqueville demonstra que é de
suma importância para o Estado democrático que todos os seus cidadãos tenham consigo crenças
dogmáticas, principalmente aquelas em matéria de religião. E Tocqueville justifica essa concepção
com um argumento segundo o qual todos os homens têm em si a necessidade de buscar as
verdades mais concretas sobre Deus e sobre a natureza; aludindo com isso, afirma que a ausência
de tais verdades “deixaria todas as suas ações nas mãos do acaso e os condenaria, de certa forma,
à desordem e à impotência.” (TOCQUEVILLE, 1998, p. 23) Do seu ponto de vista a religião oferece
um fundamento último para as questões primordiais, as quais os homens sempre buscam sanar e
precisam que sejam bem fundamentadas e concretas, além de manter os homens voltados para o
bem comum, e por assim dizer, leva-los à participação política consequentemente. E por isso,
Tocqueville nos diz que a religião é a única que pode oferecer “uma solução precisa, inteligível às
pessoas e muito duradoura.” (TOCQUEVILLE, 1998, p. 24)E após justificar a necessidade da religião,
Tocqueville observa que a religião assim entendida pode contribuir com o estado democrático, mas
para que isso ocorra, alguns cuidados precisam ser tomados. Inicialmente demonstra como a
religião precisa ser cuidadosa com seu agir nessa época de igualdade de condições, e de como o
espírito liberal desta época tem grande facilidade em desacreditar da religião. Tocqueville alerta
que as religiões precisam manter-se no seu círculo de ação, pois se ela tentar expandir-se para além
de seus limites e passar a intervir na vontade dos homens, ela tende a definhar-se, pois, segundo o
jovem aristocrata francês, se a religião deixa os seus limites e passa a intervir na vida pública (na
política) ela coloca a si mesma o maior perigo que as religiões dos tempos democráticos temem: o
descrédito. Por isso, Tocqueville alerta que nesta época de liberdade as religiões devem manter-se
com maior discrição nos seus próprios limites, e nunca poderá ultrapassá-los. Portanto, ver-se-á
como a religião pode servir à democracia americana do século XIX mantendo seu poder sobre o
espírito dos homens ainda que não exerça nem um poder político neste Estado.
Palavras-chave: Filosofia Política – Democracia – Tocqueville – Religião – Liberdade
ADORNO E HORKHEIMER: UMA CRÍTICA AO ILUMINISMO
Marco César de Souza Melo
Universidade Estadual Vale do Acaraú
[email protected]
Resumo: Por meio deste trabalho apresentaremos as reflexões dos filósofos frankfurtianos Theodor
Adorno e Max Horkheimer, tomando por base o texto Conceito de Iluminismo da obra Dialética do
Esclarecimento. O objetivo é mostrar como a proposta iluminista de esclarecimento e emancipação
se converteu na instrumentalização da razão. Na modernidade o iluminismo se caracterizou pela
confiança na razão como meio seguro para se chegar à verdade, superando assim as concepções da
metafísica tradicional. O seu programa era libertar o homem da dependência dos seres
sobrenaturais, das explicações mitológicas e desenvolver a autonomia do pensar. Autônomos e
esclarecidos os homens seriam capazes de explicar toda a realidade por esforço próprio. No
entanto, a racionalidade se restringiu ao conhecimento operacional da realidade, isto é, das leis
que regem os diversos fenômenos da natureza, e perdeu o seu aspecto de busca incessante da
verdade e de contemplação. A consequência disso é que o saber foi utilizado como instrumento de
dominação da natureza e do homem por ele mesmo. A conclusão de Adorno e Horkheimer é que o
iluminismo, que se propôs esclarecer e emancipar o homem, não cumpriu seu objetivo, mas, pelo
contrário, se transformou em um novo mito que aliena e domina os indivíduos. O trabalho observa
a seguinte ordem: Iremos primeiramente expor a leitura que os referidos pensadores fizeram do
iluminismo destacando o contexto sócio-político e a sua proposta emancipatória fundamentada na
racionalidade. Em seguida mostraremos como a razão perdeu o seu aspecto critico e se restringiu à
técnica e, por conta disso não esclareceu e tão pouco construiu uma sociedade de homens
emancipados.
Palavras-chave: Adorno, Horkheimer, Iluminismo, Razão instrumental.
IMPRESSÕES SOBRE A INDÚSTRIA CULTURAL EM GERAÇÃO COCA-COLA
Mateus dos Santos Machado
Universidade Federal de Santa Catarina
[email protected]
Resumo: Este trabalho pretende versar a respeito do que filósofos/pensadores como Horkheimer e
Adorno chamaram de Indústria Cultural ou Cultura de Massa, mas em princípio com intuito de
chegar a tal objetivo através da música, especificamente, do rock brasileiro. Além de tratar tema
tão caro para a filosofia, gostaria de focar no método que utilizo para chegar até um pensamento
filosófico, que será este através da música e seus compositores, analisando os pontos principais de
cada verso e relacionando-os com os conceitos cunhados por Adorno/Horkheimer. Essas duas
formas de conhecimento, arte e filosofia, em muitas maneiras se tocam e às vezes se distanciam,
mas como defende o filósofo alemão Schelling, possuem o mesmo objetivo. A filosofia brasileira
carece de nomes que lhe representem mais fortemente e livres de vícios acadêmicos, mas sem
tentar ser sério (no sentido de pungir autoridade), proponho pensar em filosofia através de grandes
compositores de nossa terra, que tomam canções e composições em flerte completo com a
filosofia (ou não conscientemente); como até mesmo de uma forma bem humorada canta Caetano
"Se você tem uma ideia incrível é melhor fazer uma canção: está provado que só é possível filosofar
em alemão", em um diálogo com um pensamento atribuído a - especialmente - Heidegger, numa
tentativa de elevar o pensamento alemão. Através da canção "Geração Coca-cola" (da banda
Legião Urbana), quero desconstruir pensamentos acerca de nacionalidade, cultura de massa e
indústria cultural e tudo o que mais poderá ser alcançado a partir de, incentivando principalmente
um diálogo livre com os participantes.
Palavras-chave: filosofia; cultura de massa; música
A FILOSOFIA MARXISTA NAS ORGANIZAÇÕES DE ESQUERDA DE 1964/68
Rebeca do Nascimento Coelho
Universidade Federal do Ceará
[email protected]
Resumo: Nesse trabalho apresento as principais organizações de esquerda que atuaram no Ceará
nos anos de 1964 a 1968. Qual a relação das organizações e seus militantes com o pensamento
marxista? Como essas organizações participavam do movimento estudantil (ME)? Qual a
importância do marxismo para os grupos de esquerda? São algumas das perguntas norteadoras da
pesquisa. Em 1964, dois grupos destacavam-se: o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e a Ação
Católica Brasileira (ACB), esta dividida em vários grupos, dos quais mais se destacavam era a
Juventude Estudantil Católica (JEC) e a Juventude Universitária Católica (JUC) que mais tarde
formariam a Ação Popular (AP). Após a implantação do regime militar o PCB perde sua força
principalmente no ME. No Ceará, destacam-se o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), AP e o
Partido Operário Revolucionário Trotkista (PORT). Zuenir Ventura em 1968 O Ano que não
terminoudá indicações de como eram percebidos os teóricos marxistas pelos militantes e suas
organizações. Gramsci, por exemplo, não era dos preferidos, pois propunha uma paciente luta pela
hegemonia e consenso para haver a conquista ideológica dos setores majoritários da população,
antes da tomada do Estado. No entanto, Gramsci foi mais apreciado quando da derrota da luta
armada, quando as guerras de posição passaram a ser consideradas como alternativa. Ventura
considera Marcuse autor do qual os estudantes mais gostavam, por conciliar Marx e Freud e
considerar as minorias vanguarda da revolução. Entre os teóricos mais lidos estavam Marx, Luckács,
Althusser, Mao, Guevara.
Palavras-chave: esquerda, marxismo, juventude.
FILOSOFIA DA PRÁXIS E EDUCAÇÃO ESCOLAR NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
Sheila Ferreira da Silva
Universidade Estadual Paulista “Julio Mesquita Filho” - Marília
[email protected]
Resumo: A prática do filosofar no processo de educação e humanização no presente estudo tem
como pressuposto a análise da sociedade atual que ostenta como sinônimo de progresso o avanço
do conhecimento, da ciência e da tecnologia, priorizando uma formação unilateral que segue as
determinações da sociedade capitalista, enfocando
a técnica na formação dos indivíduos. A
problematização é se a tecnologia em si mesma é progresso. Advogamos que progresso só é
progresso se resultar numa ação efetiva no processo de educação e humanização e para isto é
preciso mudar as estruturas internas da sociedade. O modo de organização social presente no
sistema capitalista, acaba impedindo que o sujeito se reconheça com identidade e autonomia. No
âmbito social as necessidades biológicas tendem a ser superadas pelas necessidades históricas, que
são reguladas pelo surgimento de novas necessidades de distração e comportamentos. As ações
passam a ser aprovadas ou rejeitadas em função de sua tendência para aumentar ou diminuir a
felicidades daqueles cujos interesses particulares estão em questão. As forças intelectuais de
produção ficam na unilateralidade, perdem o foco da unidade do coletivo. As indústrias criam
“falsas necessidades” e prometem satisfazer os indivíduos sob o custo de um trabalho degradante e
humilhante que torna a natureza humana embrutecida, provocando uma desumanização maior nas
pessoas. Nesta discussão sobre o processo de formação da consciência é Marx e Engels, em A
ideologia alemã apresentam a genial tese segundo a qual “as circunstância fazem os homens tanto
quanto os homens fazem as circunstâncias.Pensar a relação do trabalho associada à educação no
contexto social de alienação evidencia a escola ainda reproduzindo um conhecimento pautado na
ideologia da classe dominante. É preciso deixar o velho modelo de educação no qual a escola serve
exclusivamente para manipular, pois a escola também pode ser instrumento humanizador na mão
do povo.Compete ao Estado prover uma educação de qualidade e gratuita ao povo voltada à
formação Omnilateral com
ação efetivamente transformadora, com base na concepção do
histórico de vida do homem. A educação deve proporcionar formação não só para o mercado de
trabalho, mas principalmente formar um cidadão consciente e crítico no processo histórico e social,
possibilitando que o mesmo seja capaz de realizar transformações nos domínios sociais e globais.A
formação Omnilateral compreende a junção do conhecimento teórico e prático, assim como a
combinação da educação intelectual, a educação corporal e a educação tecnológica. A primeira
abarca o conhecimento científico, que é o saber sistematizado, reflexões dos valores éticos e
morais e fundamentalmente a revisão do papel social da escola quanto a sua contribuição na
criação de novas relações sociais. A dimensão corporal da educação é de grande relevância, visto
que almeja o pleno desenvolvimento das potencialidades do corpo e da sensibilidade humana, por
meio do domínio dos movimentos da dança, nos esportes e na arte. A tecnologia é voltada para a
preparação para o trabalho em sentido amplo (politécnica) e também específico, responsável pela
comunicação de informações participa do processo auto organizado que forma padrões geradores
de ação que aprende novas formas de interações.Por fim, nesses processos históricos que são
determinados pelo nível de cultura material e intelectual, percebemos a escola como uma
instituição social que pode objetivar transformações efetivas num Estado popular e democrático.
Palavras chave: Filosofia da práxis; tecnologia; educação ominlateral
AÇÃO E POLÍTICA NO PENSAMENTO DE HANNAH ARENDT
Vanessa Cristina Pereira
Pontifícia Universidade Católica de Minas
[email protected]
Resumo: Nos tempos atuais, a vida humana sofre, em todas as suas dimensões (política, biológica,
social, cultural, religiosa, moral...), transformações intensas, cujas especificidades escapam a
qualquer abordagem setorial. Com o intuito de apreender os processos dinâmicos inerentes a estas
mudanças, através de uma reflexão filosófica, Hannah Arendt buscou demonstrar como a tradição
ocidental recusou a política como espaço de cidadania condicionando-a apenas como uma esfera
de simples administração da coisa pública. A filósofa alemã nos apresenta questões sobre
acontecimentos capazes de ilustrar a relação entre o agir político e o discurso político na
modernidade. Para Arendt a política é algo que acontece quando as pessoas estão ligadas por
idéias comuns. Qualquer ação política só é possível no momento em que os cidadãos partilham
uma vida comum no espaço público. Entretanto, o que vemos na atualidade é algo muito diferente:
a existência do individualismo exagerado gera sujeitos que não estão unidos em uma autêntica
comunidade. Trata-se de um aglomerado de elementos compartilhando o mesmo espaço físico,
mas que estão alheios a uma identidade comunitária, deixando a cargo da figura do Estado ou dos
políticos profissionais a responsabilidade de construir uma unidade. Nesse sentido, nossa proposta
surge diante das dificuldades em se definir o verdadeiro sentido da política na modernidade,
reduzida a um mero expediente teórico ou discursivo incapaz de construir projetos de longa
duração. Hannah Arendt analisa o mundo no qual os projetos político perderam seu poder, dando
lugar às questões meramente pessoais. Desta forma, se faz necessário desenvolver uma melhor
compreensão acerca do individualismo moderno e provocar uma reflexão sobre o enfraquecimento
da ação política na esfera pública. Entender as relações entre os conceitos de ação, política e
espaço público, por intermédio da análise crítica dos escritos de Arendt torna-se uma
pesquisapertinente, visto que viabilizará discussões de temas de grande relevância política e
filosófica na contemporaneidade. Finalmente, o presente projeto se justifica, pois traz à tona a
validade de uma retomada das questões próprias do ser humano ocorridas durante toda trajetória
política ocidental, e que, ainda hoje, se encontram como próprias dos questionamentos sobre o
sentido da realidade dos homens, bem como a necessidade sempre presente de transformar a
nossa condição de existentes em um mundo fragilizado de sentido e valor.
Palavras-chave:Ação, Política, Espaço Público.
CIDADE E MEDO: A TEATRALIDADE DA VIDA NOS ESPAÇOS URBANOS A PARTIR DE FOUCAULT E
GOFFMAN
Wallace Lopes
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
[email protected]
Resumo: É necessário entender em que contexto a cidade contemporânea está inserida. O
planejamento urbano, quando submetido apenas a questões imediatas, não responde às demandas
dos habitantes da cidade. Uma cidade democrática, onde as relações interpessoais sejam também
consideradas no planejamento e na gestão urbana, é o que FOUCAULT nos traz em suas reflexões
no livro Em defesa da sociedade: Curso no Collège de France (1975-1976). Para FOUCAULT
eGoffman, as contradições das cidades provocam a sensação de medo. Estabelecer proximidade
entre os habitantes através de espaços convidativos para convivência é uma das tarefas elencadas
pelo autor para que a confiança reaja frente ao medo incorporado pelas cidades contemporâneas.
A presente resenha tem por objetivo apresentar os recursos de análise usados por FOUCAULT para
substanciar o debate do espaço urbano enquanto política de gestão participativa e democrática.
Palavras-chave: medo, cidade e teatralidade na vida urbana.
A ALIENAÇÃO NO TOCANTE AO HOMEM CONTEMPORÂNEO: NA PERSPECTIVA DE JEAN PAUL
SARTRE
Thiago Teixeira Santos
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
[email protected]
Resumo: A partir da filosofia existencialista de Jean Paul Sartre, este trabalho terá por objetivo
expor o estado de alienação no tocante ao homem contemporâneo. Realização de um projeto que
está fora de quem o realiza. Para chegar ao conceito de alienação em Sartre é preciso recordar
Marx, que também trata da práxis alienada e de onde partem os pressupostos para a perspectiva
em Sartre. Marx percebe que o trabalhador submete em detrimento da efetivação do produto, mas
essa não o pertence mais, uma vez que se perde ao se identificar com o próprio objeto. Quando
Marx trata da alienação em relação à atividade de trabalho, apresenta o tema como algo exterior
ao trabalhador. O projeto não pertence a sua natureza, mas a outrem, e por isso aquele se sente
frustrado e infeliz, não afirmando a si mesmo, mas negando-se por não satisfazer suas necessidades
tornando-se meio de satisfazer os anseios de outrem. Este projeto se aterá a perpassa r as esferas
da alienação enquanto estado do homem contemporâneo. Sua gênese, desenvolvimento e sua
possível superação a partir do pensamento de Sartre. Consistirá também na elaboração de um
artigo científico com vistas a apresentação em Congresso, Simpósios.
Palavras-chave: alienação, práxis, contemporaneidade, Sartre.
A ARISTOCRACIA CULTURAL NIETZSCHEANA: OS NEO-HUMANISTAS E O ESTADO GREGO
Thiago Gomes da Silva
Universidade Estadual da Paraíba
[email protected]
Resumo: A Alemanha do século XIX aparecia aos olhos de Nietzsche como uma sociedade
modernizada, mas decadente culturalmente, controlada por uma elite medíocre. Para criticar tal
realidade, a proximidade do filósofo com a história e a filosofia dos habitantes da Grécia Antiga, em
especial os gregos trágicos e sua organização estatal, foi de fundamental importância ao
desenvolvimento das teses sobre a educação, cultura e política na primeira fase de sua obra.
Tomando como ponto de partida uma concepção de cultura que encontrou, nos neo-humanistas,
homens que surgiram por volta de 1790, e compreendiam a cultura e a civilização grega enquanto a
“realização mais perfeita e acabada do gênero humano”; posteriormente na mais pura cultura
helênica que lhe era acessível, desde os textos clássicos entre outras fontes históricas. A partir daí,
contrapondo duas civilizações distintas e distantes, a Grécia Antiga e a Alemanha Modernizada do
século XIX, no âmbito de demonstrar o quanto esta última estava inferiorizada perante a primeira
nos seus aspectos culturais e formativos, Nietzsche desenvolve uma concepção de educação que
não se baseava nos modelos vigentes no Mundo Moderno, mas sim, nos nobres da antiguidade
grega: a aristocracia cultural. O filósofo não chega a finalizar suas teses, mas deixa uma pista de um
caminho para com a elevação do homem.
Palavras-chave: Conquistador, escravo, aristocracia, educação, cultura.
A CONSTITUIÇÃO DO SABER EM FOUCAULT
Francisco Adriano Rocha Uchôa
Universidade Federal do Ceará
[email protected]
Resumo: Em As palavras e as coisas (1966), Foucault afirma que o homem nada mais é que uma
invenção da modernidade e infere daí o caráter ambíguo da épistémèmoderna, posto que o
homem é caracterizado como sujeito pelas filosofias transcendentais, mas também como objeto
empírico no âmbito das chamadas ciências humanas. Através da análise arqueológica, Foucault
realiza uma investigação acerca da diversidade dos discursos e encontra características
semelhantes que norteiam a formação e sustentação desses discursos. A homogeneidade dos
discursos de uma época caracteriza uma épistémè, o que leva Foucault a elaborar uma
diferenciação entre a épistémè clássica, marcada pela representação, e a moderna, que é
determinada pela história. Entretanto, o método de análise arqueológica exposto em As palavras e
as coisas recebe críticas, e é a partir delas que Foucault irá reelaborar em sua obra A Arqueologia
do Saber (1969) o sentido de arqueologia como investigação acerca das formações discursivas e
suas condições de possibilidade de aparecimento e aceitação, ou seja, as condições de exercício de
sua função de verdade. Dessa maneira, os discursos seriam descritos como eventos, e não mais
como um conjunto de signos. Enquanto tais, discursos são práticas que formam sistematicamente
os objetos de que falam. Portanto, o objetivo dessa comunicação será explicitar, de acordo com o
pensamento foucaultiano, como o saber se constitui a partir de práticas discursivas, e como estas
podem ser definidas de acordo com o saber que formam.
Palavras-chave: arqueologia; saber; práticas discursivas; épistémè.
CAMUS: ENTRE A MISÉRIA E O SOL
Diane Rocha Miranda
Universidade Federal de Goiás
[email protected]
Resumo: O filósofo e escritor franco-argelino, Albert Camus, comumente é associado às temáticas
da Condição Humana. Isso ocorre devido às suas obras do teatro e do romance (especialmente, “O
Mito de Sísifo”, seguidos de “ O Estrangeiro” e “Calígula”) que lhe consagraram o título de Filósofo
do Absurdo.O pensamento de Camus divide-se em três momentos: O Lirismo; O Absurdo; A
Revolta. Contudo, o que quase não se sabe é o quão comprometido esteve o pensador com as
questões que ligam, diretamente, os sentimentos de angústia e dor à sensação do belo e do
sublime. Essa comunicação pretende apresentar algumas das reflexões camuseanas acerca dessa
relação conturbada dos homens com o mundo, reflexões essas presentes em sua obra de
juventude, O Avesso e o Direito (L’ENVERS ET L’ENDROIT). É diante dessa vivência dúbia, diante do
infortúnio por permearem um solo mesclado de escuridão e luz, que Camus irá discorrer sobre essa
confusa e constante ligação de matrimônio e divórcio que se desenlaça, talvez, alternada e
incoerentemente.Mesmo que esteja consciente da miserabilidade da condição humana, para
Camus, o homem não pode negar as belezas do mundo (“A luz do sol”), mas se isso ocorre,
fecunda-se a dupla humilhação: A Miséria e a Feiúra.Os interesses humanos (as expectativas)
conduzem os homens ao ressentimento, o que os tornam cegos diante de toda e qualquer beleza
possível aos olhos, isso porque a ânsia e o descontentamento causam nos homens um desconforto
capaz de fazer-lhes encolher os ombros e abaixar os olhos. Dessa forma, além de miseráveis
(condição comum a todos, de algum modo) são anestesiados de modo à somente enxergarem o
que é feio. Albert Camus (1913-1960) escreveu O Avesso e o Direito aos 22 anos, entre 1935 e
1936. De fato, a condição humana é o seu grande tema e ele aborda-o com os condicionamentos
de sua origem. Suas lembranças oscilam entre a miséria e o sol da Argélia: “A miséria impediu-me
de acreditar que tudo vai bem sob o sol e na história; o sol ensinou-me que a história não é
tudo.”Nesse ensaio, o lirismo é evidente: Camus busca uma mediação. Procura encontrar o limiar
perfeito que acredita existir entre pobreza e ostentação. O culto ao belo consiste, talvez,
justamente em aceitar-se miserável, de modo a ter consciência plena de que o que nos pertence
tão somente são o sol, o mar e todas as demais paisagens que, assim como nós, estão solitárias sob
um mesmo céu. O pensador crer estar em O Avesso e o Direito a sua fonte: “Cada artista conserva
dentro de si uma fonte única, que alimenta durante a vida o que ele é e o que diz (...) Nesse caso,
sei que minha fonte está em O Avesso e o Direito, nesse mundo de pobreza e de luz em que vivi
durante tanto tempo,e cuja lembrança me preserva,ainda,dos dois perigos contrários que
ameaçam todo artista: O ressentimento e a satisfação.” Pensar questões desse âmbito nos leva à
seguinte reflexão: Há, ainda, um sentido em viver, considerando que a miséria é o estado constante
dos homens e que, não importa o que ocorra,(quaisquer que sejam as atrocidades cometidas pelos
homens ou quaisquer que sejam as tragédias sofridas por eles), é consolador o bastante saber que
o sol sempre irá nascer novamente?Será que Camus estava certo ao afirmar que “Não há amor de
viver sem desespero de viver”?
Palavras-chave: Camus, condição humana, lirismo.
CRÍTICA LEVINASIANA AO PENSAMENTO TOTALITÁRIO
Valdezia Izidorio Agripino
Universidade Estadual da Paraíba
[email protected]
Resumo: Neste trabalho, apontaremos como Emmanuel Lévinas desenvolve sua critica ao
pensamento totalitário, presente constantemente na tradição filosófica ocidental. A ontologia da
guerra mostra-se na história do pensamento ocidental como caracterização da redução do Outro
ao Mesmo, não havendo possibilidade de transcendência do outro como outro. O processo de
reflexão desenvolvido por Lévinas esforça-se para estabelecer as bases de uma filosofia da
heteronímia do outro homem. Isso acontece como Ética, que segundo Lévinas, rompe com a ordem
de totalidade. Porém, é no mundo da política que encontramos o logos totalizador desta face
ontológica, sendo este o ponto central, no qual Lévinas quer chegar com suas reflexões filosóficas,
pois, nesta perspectiva, a política ocupa o lugar da moral. Quando se inicia uma guerra a ética
desaparece, não havendo espaço para um encontro ético justo entre o Eu e o Outro. Em suma,
Lévinas nos faz ver em seus textos de forma meditativa, que um ser humano não terá sua dignidade
respeitada através de discursos totalitários, como ocorreu ao longo da história do pensamento
filosófico ocidental. Em vista disso, apresenta uma critica a totalidade filosófica que assume, pois,
implicações ético-políticas. O principio da filosofia não seria mais um discurso sobre o ser, mas um
discurso sobre as relações humanas, que surgem a partir do contato com o rosto de Outrem. Em
suma, a epifania do rosto de Outrem rompe com a estrutura egoísta da totalidade. Assim, o outro é
respeitado como outro. Através da responsabilidade concretiza-se uma relação verdadeiramente
ética.
Palavras-chave: Emmanuel Lévinas, ética, totalitarismo, alteridade.
HEGEL, MARX, E ALGUMAS NOTAS SOBRE A SUSPENSÃO DA FILOSOFIA EM CRÍTICA SOCIAL
Rafael Sousa Siqueira
Universidade de Brasília
[email protected]
Resumo: O presente trabalho busca fazer uma aproximação entre Hegel e Marx a partir da
articulação dos conceitos hegelianos no que concerne a superação da cisão entre teoria e prática na
filosofia. A tentativa é mostrar como Hegel prepara e antecipa reflexões que só estarão mais
concretamente desenvolvidas a partir de Marx. A filosofia de Hegel tentou dar resposta aos
desafios concretos de seu tempo – elevados à pensamento na cisão kantiana – a partir da
superação da lógica formal e da busca uma lógica que desse conta de unificar os conteúdos efetivos
da realidade com a formalização imposta pela estrutura da razão, não mais fundada na indiferença
da forma em relação ao conteúdo. Hegel afirma que “a necessidade de compreender a Lógica, em
um sentido mais profundo que o da ciência do pensar puramente formal é ocasionada pelo
interesse da religião, do direito, do Estado, e da vida ética”. Marx, por sua vez, percebeu
claramente que na dialética hegeliana estava conceitualmente a autocompreensão mais aguda da
sociedade burguesa. A passagem de Hegel da lógica tradicional à lógica material marcava o
primeiro passo em direção da unificação da teoria com a prática. No pensamento hegeliano estava
impregnado a defesa do direito da teoria dirigir a prática, da razão governar o mundo. O impulso
crítico contido conceitualmente na dialética, diz Marx, chega a suplantar o próprio ponto de vista
hegeliano, uma vez que nessa lógica se escondem a autoprodução e o estranhamento do homem,
bem como todos os elementos da crítica. A verdade passaria a exigir a prática real e histórica para
realizar-se. A filosofia em geral não encontraria mais seus limites dentro de si, precisava se
exteriorizar no mundo, como desde sempre já esteve, embora de maneira inconsciente para os
sujeitos para ela própria. Isso significa que o ápice da filosofia é sua libertação de sua oposição à
realidade concreta. O pensamento filosófico não cessa, mas assume uma nova forma ao transferir
os esforços da razão para uma teoria social e, por conseguinte, para uma práxis política. O impulso
crítico contido conceitualmente na dialética foi, no entanto, forte o bastante para superar também
a separação entre idealismo e história de modo a conceber a filosofia como histórica e concreta, e
fazer da história dos homens um espaço de disputa política onde a filosofia reivindica sua
legitimação e seu lugar.
Palavras-chave: Hegel, Marx, dialética, práxis política.
DESCONSTRUÇÃO A PARTIR DE DERRIDA
Marcelo José Derzi Moraes
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
[email protected]
Resumo: Este trabalho apresenta o acontecimento da desconstrução e como podemos entender a
desconstrução como uma estratégia para se pensar partir da diferença. O acontecimento
desconstrução que foi muito bem trabalhado pelo filósofo franco-argelino Jacques Derrida, nos
possibilita uma nova perspectiva diante da conjectura atual em que não se pode mais dividir,
separar ou manter uma hierarquia entre realidade e pensamento, cultura e natureza, teroia e
prática, discurso e instituição. Nosso proposta é mostrar como ocorre o acontecimento
desconstrução, invertendo a paisagem presente tanto do pensamento como da realidade, dando
possibilidade ao novo, ao que está por vir e que surge das margens, do subordinado e do obscuro.
Sendo assim, quremos apresentar que o acontecimento da descosntrução, que tanto ocorre no
pensamento metafísico como também, nas práticas políticas e institucionais dentro das sociedades
contemporâneas. O texto em que está enquadrado e que por séculos tentaram enclausurar o
pensamento e que acabou por dar todo um sentido à cultura Ocidental, fundamentasse a partir de
um pensamento euro-etno-falo-logo-centrico que a partir dessas bases mantém até os dias de hoje
firmes o pensamento metafísico. E assim, a história do Ocidente se constrói numa estrutura onde
impera um pensamento identitário binário: Deus/homem; razão/mito; presente/ausente; ser/não
ser; cultura/natureza; civilizado/selvagem; homem/mulher. Essa estrutura funciona num
movimento vertical onde o primário tem privilegio com relação ao que ficou como secundário.
Sendo assim, a metafísica tradicional que é formada por pares binários conceituais, que partem do
principio de identidade, da presença e de um centro que sempre buscou pelas origens dos
fundamentos primeiros no intuito de colocar tudo em ordem e dar sentido as coisas. Entretanto, o
texto metafísico que acredita dar conta de tudo, acreditando ter formado seu edifício conceitual
em bases sólidas e seguras, acaba por impedir o novo, o diferente ou o que está por vir. É e a partir
desse cenário filosófico que a desconstrução quer acontece e acontece. Para não sermos vítimas ou
alvos de críticos severos, devemos explicar que a lógica da desconstrução é uma lógica estranha,
pois é uma lógica que parte da diferença, das margens, do secundário e do ausente. E antes que
digam que estamos sendo retóricos, anárquicos privilegiando o caos à ordem, devemos explicar
que a lógica que a desconstrução se posiciona não é a da metafísica tradicional. Com o fim da
hierarquia conceitual, a desconstrução permite uma disseminação de novos conceitos que não mais
estariam presos a lógica binária identitária. O acontecimento da desconstrução sempre será
tomado por aqueles que têm medo de perder suas posições privilegiadas como algo de anárquico,
cruel e niilista. Ao ponto que, nós queremos mostrar que a ordem da desconstrução, do
acontecimento e do devir, é impossível de ser negado ou esquecido. Se for niilista ou negativo, é
porque sempre será uma ameaça isso porque o futuro imprevisível, incalculável sempre virá
carregado de passado, de história e de cobranças.
Palavras-chave: Desconstrução; Natureza-Cultura; Devires; Metafísica; Ético-política.
A BANALIDADE DO MAL: TÓPICOS SOBRE O PENSAMENTO DE HANNAH ARENDT
Scheila Meira
Universidade Federal de Pelotas
[email protected]
Resumo: O conceito de Banalidade do Mal surge como uma contribuição nova à comunidade
filosófica. Em “Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal” (1963), a autora
defende que apenas o Bem possui raiz, ao passo que o mal não a tem e, além disso, assume uma
conotação Banal. Assim, Arendt afasta-se do “mal radical” aos moldes de Kant, o qual havia
cogitado em “As Origens do totalitarismo” (1951). Segundo ela, o Mal banal provém da falta da
atividade do pensamento e implanta-se no universo alemão do contexto nazista (1930-1945).
Movidos por ele, os homens são capazes de cometer crimes perversos, quiçá irracionais. A
incapacidade de pensar do ponto de vista do outro, o cumprimento de ordens sem qualquer
reflexão sobre as conseqüências futuras e a falta de percepção sobre os valores distorcidos das leis
que regem suas atitudes são as principais características de um sujeito capacitado a cometer o Mal
banal. Em julgamento, Adolf Eichmann, “modelo exemplar” utilizado pela autora para tratar a
questão do mal, profere enunciados sem sentido e procura frases de efeito isentas de significado.
Além disso, afirma que nunca matou nenhum judeu ou não-judeu e não expressa nenhuma culpa
por executar “tão bem” o seu trabalho de “perito na questão judaica” e, nos anos finais do regime
nazista, “encarregado pelo transporte dos judeus aos campos de extermínio”. O monstro que todos
“pintavam” antes do julgamento, mostrava-se um sujeito “da baixa classe média alemã”, incapaz de
compreender muitas das perguntas feitas pelos juízes do júri. Era um homem medíocre que, como
muitos do contexto da Alemanha nazista ou dos nossos dias, procuram se proteger da realidade,
isentando-se de exercer a sua atividade de pensar e agir autonomamente. É imprescindível, para
que evitemos cometer o mal banal: a reflexão, o “ousar pensar pela própria cabeça” (VALLÉE,
2003), as ações espontânea e a crença de que podemos romper com o processo histórico e
construir algo novo, diferente e melhor do que o panorama atual. Se todos os homens, segundo
Arendt, são capazes de pensar autonomamente, todos temos conosco a “ferramenta” para que
atos maléficos, até então impensáveis, sejam evitados.
Palavras-chave: filosofia política, Hannah Arendt, mal banal.
QUAL O PAPEL DAS LUTAS ESTUDANTIS NA REVOLUÇÃO?
Francisco Luciano Teixeira Filho
Universidade Federal do Ceará
[email protected]
Resumo: O presente trabalho se constitui de um estudo teórico-bibliográfico do pensamento
maduro de Karl Marx, com o objetivo de descobrir o papel das lutas estudantis na revolução contra
o capitalismo. Já que esse não é um tema abordado no nosso objeto de estudo, fez-se a construção
da presente temática de forma indireta, apoiando a análise em bibliografia marxista complementar.
Percebeu-se que a reprodução simbólica do capital chegou às instituições estudantis através da
formação para o trabalho. Ou seja, o retardamento da vida produtiva se justificou, na história do
capitalismo, na formação de uma espécie de trabalho mais qualificado, mas que também se
submeteu à estrutura do capital. Dessa forma, a contradição trabalho-capital se replica nas
instituições através da educação para a produtividade, ou seja, formação para melhor
competitividade do trabalhador no mercado de trabalho, tendo como referência o maior benefício
que ele dará à empresa. Nesse sentido, mesmo não estando diretamente no processo de produção
e reprodução do capital, os estudantes são pressionados por esse processo, de forma indireta.
Aqui, a questão de saber qual o papel das lutas particulares, das diversas categorias de trabalho, na
revolução, faz-se fundamental. Se, para Marx, a contradição interna do capitalismo o levaria a sua
autodestruição, então qual seria o papel das lutas particulares? A resposta é bem simples, com o
aprofundamento da leitura da obra de Marx: a estrutura interna do capital é contraditória, pois o
capital é contraditório com o trabalho. Ora, mas se o trabalho for um passivo, que contradição
pode haver? Bastaria o consumo produtivo se ampliar eternamente para que o capital pudesse se
desenvolver ao infinito, tal qual sua lei interna o determina. Entretanto, o trabalho não é um
passivo: ele é a força de homens individuais que se revoltam e lutam contra suas condições reais de
vida. Eis aí a condição de contraditoriedade do sistema: na luta cotidiana dos indivíduos, a
contradição do capital se acirra a ponto de solapar os fundamentos do capitalismo. Entretanto, o
ponto de vista da análise de Marx é o da totalidade, onde as lutas particulares são suprassumidas
na categoria geral da contradição capital-trabalho. Os indivíduos, submersos na estrutura, como
seres ativos, se revoltam e tensionam com a própria lei que eles estão submetidos, criando as
condições de superação do capital. O mesmo acontece com as lutas estudantis, que resistem,
permanentemente, contra as condições reais do seu cotidiano, mas que favorecem, em última
análise, este tensionando com a reprodução do capital, presente também na educação moderna.
Palavras-chave: lutas estudantis, revolução, marxismo
O CONCEITO DE VIDA ACTIVA EM HANNAH ARENDT COMO CRÍTICA À TRADIÇÃO DO
PENSAMENTO POLÍTICO OCIDENTAL
Lídia Marques
Universidade Federal de Pernambuco
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Resumo: A presente comunicação vem tratar algumas questões centrais da filosofia de Hannah
Arendt, especificamente em sua obra A condição Humana de 1958, no qual a autora aborda
conceitos filosóficos em torno de uma visão política do homem, conceitos estes que tratam da
própria condição humana, como labor, trabalho e ação, esta última como uma das mais
importantes, no qual caracteriza o homem como um ser político dentro de um conjunto de relações
que a pensadora coloca como pluralidade. Nestes três conceitos, que Arendt chama de atividades
da vida humana, encontramos o pensamento da vida activa, ou vida ativa, que possui uma íntima
ligação com as condições mais gerais da própria existência humana. A vida activa, no que diz
respeito à ação, compõe o mundo das relações dentro desta pluralidade, onde a singularidade de
cada indivíduo compõe um conjunto de vivências, que por sua vez, envolve o pensar e o agir
político. Para desenvolver seu pensamento, a autora faz um retorno ao pensamento da tradição
filosófica, aos antigos, como Platão e Aristóteles e também aos medievais, Santo Agostinho e
Tomás de Aquino. A partir daí, dentro de seu pensamento político ela lança sua crítica a esta
tradição em relação ao pensamento político ocidental. Partindo da obra de Platão, Arendt nos fala
de uma teorização política, baseada em um estado ideal em contraposição a uma ação política que
por sua vez estaria baseada em um estado real, tenta mostrar a origem e as mudanças de alguns
conceitos, no que trata à diferença entre algumas atividades humanas, como exemplo a práxis e à
contemplação, e como essas mudanças refletiram em nosso modo de pensar e fazer política no
mundo contemporâneo.
Palavras chaves: vida ativa, pluralidade, ação.
INDAGAÇÕES SOBRE O ANIMAL INDETERMINADO E A HISTÓRIA
Luís Francisco Munaro
[email protected]
Universidade Federal Fluminense
Mavilo Gallo
[email protected]
Universidade Estadual do Centro-Oeste
Resumo: Tornou-se um lugar-comum dizer que o homem, longe de um arcabouço bem definível de
características dadas a priori, realiza-se através de predicados sociais e materiais. O anseio
iluminista consistia dar-lhe um estatuto definitivo, o que solucionaria de uma vez por todas o
problema da metafísica. Segundo a aspiração moderna do sujeito, este deveria ser constituído
antes de qualquer predicado social ou material, possibilidade que, enclausurando o homem num
núcleo subsistente, congelaria quaisquer relações entre “eu” e “outro” na medida em que se
buscaria no outro ou nas coisas uma mera confirmação dos preconceitos implícitos do “eu”. É nessa
tarefa indagativa – mas não só indagativa – que reside o contributo da filosofia da vida que ganhou
expansão com os trabalhos hermenêuticos de Georg Gadamer. A orientação do conhecimento para
a vida começou a ser mais nitidamente uma preocupação com os escritos de Nietzsche: de um
ponto de vista antes de tudo existencialista, o pai de Zaratustra enxergou a filosofia como a
elaboração de um conjunto de vivências, isto é, como algo que não poderia ser feito sem que o
“eu” se desse ao trabalho de “caminhar”. Nietzsche levou a sério a preocupação de Schopenhauer
com aquilo que constitui o ponto de partida da projeção do “eu” para o mundo, isto é, o corpo
humano, e, assim, debruçou-se sobre os seus desejos, instintos e tudo aquilo que o corpo comunica
e que seria a condição primeira de qualquer forma de filosofia. Isto constitui um movimento
importante em direção a pensar o homem a partir daquilo que lhe é particular, forjando um
conhecimento que tentava considerar a amplitude do relacionamento humano com o mundo. Com
Heidegger e Gadamer, semelhante busca passa a se pautar pela viva tematização do homem
enquanto “ser-no-mundo”, que revelaria as profundas implicações da “compreensão” como
relação estruturadora da existência. Há um deslocamento radical em direção à linguagem, que
passa a ser entendida como o substrato de qualquer possibilidade compreensiva e, portanto, da
relação do ser com outros seres e com as coisas mesmas. A partir disso, sugere-se ainda que a
consciência histórica disponível aos homens de hoje abre uma importante possibilidade de relação
com o outro considerado no seu espaço específico, e que tal relação permitiria também que se
repense a noção de civilização como uma comunhão de perspectivas dos homens no tempo, isto é,
como fundamentalmente a alteridade de ouvir e, em se ouvindo, construir algo duradouro. Se o
bárbaro é incapaz de compreender concatenações complexas de palavras que dão sentido a frases,
o homem civilizado pressupõe no seu interlocutor um sentido e modifica a si mesmo na medida em
que se deixa penetrar por este sentido – o que significa, além de tudo, uma forma de transpor o
falso fosso criado entre intérprete e texto. O sentido intersubjetivo do conhecimento indica
também uma possibilidade que aproxima o Ser de uma universalidade superior, isto é, baseada no
acréscimo das perspectivas dos atores; e que torna possível, ao longo do tempo, reconhecer aquilo
que caracteriza no homem as suas obras mais duradouras, para as quais é possível restituir o
significado hoje combalido de ‘excelência’. Já lembrava Sócrates que a dialética, na medida em que
permite à alma aceder para fora do “bárbaro lamaçal”, possibilita-lhe vislumbrar o que está “no
alto”, a “luz do Bem”.
Palavras-chave: hermenêutica, história, alteridade.
RESPONSABILIDADE E LIBERDADE NA ÉTICA DA ALTERIDADE DE EMMANUEL LÉVINAS
Anderson de Oliveira Santos
Universidade Federal de Pernambuco
[email protected]
Resumo: O presentetrabalho tem como objetivo apresentar a ética da alteridade de Emmanuel
Lévinas, e a partir disto demonstrar a importância do conceito de rosto como algo essencial para
compreender aquilo que Lévinas entende por responsabilidade e, conseqüentemente, as suas
implicações com a liberdade. Sua proposta é extremamente impactante, pois para ele a ética é a
filosofia primeira, ou seja, é anterior a própria ontologia fundamental, ou ainda, a qualquer outra
forma de filosofia possível. Defende isto, porque para ele, as relações humanas foram marcadas
pela totalidade, e desta forma não há nunca relação intersubjetiva. O que houve sempre na história
da filosofia ocidental, ou mesmo da civilização ocidental foi uma categorização do outro pelo
mesmo, uma totalização. Demonstraremos como estes conceitos são pertinentes na busca de um
diálogo com a filosofia contemporânea, principalmente com aquela filosofia que se preocupa com
as relações humanas, e com tudo que diz respeito ao sentido do humano, pois não podemos negar
que as guerras que ocorreram no auge da “razão reinante” deixaram diante de nós uma incógnita
acerca daquilo que estávamos fazendo com a “humanidade do homem”. O humano estava sempre
marcado pela violência, pela categorização e pela mesmidade, não havendo para ele pensamento
dentro dessa totalidade, e é justamente isto que Lévinas denuncia: “a falta de pensamento dentro
da totalidade”, que fez com que o outro fosse sempre submetido a assumir papéis nos quais ele
mesmo não se reconhecesse, fazendo-o viver sem atos próprios e, por conseguinte, sem liberdade.
Neste sentido é que queremos expor a importância da responsabilidade por outrem como
estrutura essencial, primeira, fundamental da subjetividade, tendo em vista que, para Lévinas a
ética significa justamente responsabilidade pelo outro. Por fim, explanaremos a idéia polêmica de
que a própria liberdade seria impossível sem a responsabilidade, visto que, para nosso autor, a
liberdade, conseqüentemente, está subordinada a responsabilidade. Compreenderemos então com
tudo isto o porquê de Lévinas utilizar demasiadamente a afirmação de Dostoievsky, que sentencia
na sua obra Os irmãos Karamazov: “Somos todos culpados de tudo e de todos perante todos, e eu
mais do que os outros.”
Palavras-chave: ética, alteridade, responsabilidade, liberdade.
ALGUMAS CONCEPÇÕES DE KARL MARX E FRIEDRICH ENGELS, ACERCA DA NÃO-MATERIALIDADE
DA HISTÓRIA, SEGUNDO TESES DE LUDWIG FEUERBACH. (UMA CRÍTICA À CULTURA ALEMÃ)
Rodrigo Pinto de Oliveira
Universidade Federal do Rio de Janeiro
[email protected]
Resumo: Este trabalho baseia-se nalgumas críticas de Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels
(1820-1985), acerca das teses de Ludwig Feuerbach (1804-1872), na obra de autoria dos dois
primeiros filósofos, intitulada A ideologia alemã: crítica da mais recente filosofia alemã em seus
representantes Feuerbach, B. Bauer e Stirner, e do socialismo alemão em seus diferentes
profetas(ENGELS, F.; MARX, K. Die deutsche Ideologie. Kritik der neuesten deutschen Philosophie in
ihren Repräsentanten Feuerbach, B. Bauer und Stirner, und des deutschen Sozialismus in seinen
verschiedenen Propheten. Leipzig: Universität Leipzig, 1933.). É considerado como um dos mais
importantes livros escritos pelos dois autores e marca uma fase intelectual mais avançada de
ambos, além do rompimento com o chamado hegelianismo de esquerda – concepção oriunda da
filosofia do alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831). Os hegelianos de esquerda,
chamados jovens hegelianos, interpretavam Hegel em um sentido revolucionário, o que os levou a
se aterem ao ateísmo na religião e ao socialismo na política. Entre eles encontra-se Bruno Bauer,
Ludwig Feuerbach, David Friedrich Strauss, Max Stirner e, o mais famoso, Karl Marx. Os múltiplos
cismas nesta facção levaram, finalmente, ao individualismo egoísta de Stirner e à versão marxiana
do comunismo. O objetivo fundamental da obra é trazer à luz falhas nos sistemas filosóficos destes
"neohegelianos", principalmente os filósofos Ludwig Feuerbach, Bruno Bauer e Max Stirner (que
intitulam, respectivamente, aos três capítulos do livro), como produtores de uma
ideologiaalemãconservadora, apesar de se autodenominarem teóricos revolucionários. No tocante,
estas inquirições, enfatizarão as análises dos nossos pensadores no que diz respeito,
primordialmente, a Feuerbach, podendo perpassar – secundariamente - pelos outros dois filósofos
criticados no mesmo livro, contrapondo-se com a ideologia, no que tange a uma visão marxista da
história. Deve-se, portanto, assinalar críticas não só à história, mas da própria cultura germânica –
salvo parcos panegíricos, dispensados por Karl Marx e Friedrich Engels.
Palavras-chave: Filosofia da história. Neoheguelianismo. Marxismo.
UMA CRÍTICA A MORAL E A ÉTICA ESTABELECIDAS NA SOCIEDADE HODIERNA
Frank Kaine Leite Guimarães
Universidade Federal de Pernambuco
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Resumo: O presente trabalho tem como objetivo jogar luz sobre termos bastante usados, logo
utilizados. Utilizados no sentido mais pejorativo do termo, na naquele sentido puramente
comercial, descartável, objetificante. Sem nenhum compromisso com as origens, com o sentido real
dos termos; e seus possíveis desdobramentos. Qual seria possível levar a sério a seriedade, a
sisudez, a razão ornamental dos notáveis de nossa sociedade? O mito de uma sociedade neutra? A
confusão entre pacificidade e passividade? Este texto coloca em discussão aspectos de nosso
cotidiano, nosso dia-dia. Recorrendo a História vez por outra, tenta interpretá-la, procura
desdobrá-la partindo de um ponto de vista crítico. Quase sempre saindo do receituário pronto e
acabado, como nos foi, e é passado na maioria das escolas, que insistem em implementar modelos
formais de educação, modelos estes que, consciente e por vezes inconscientemente, são aplicados
com força, com uma eficácia e rapidez de uma linha de montagem fabril. Que tem como maior
característica abstrair o conteúdo do que é ensinado; ou seja, tira-se o principal, o essencial, fica-se
apenas com a forma, com o invólucro, a casca. De alguma forma, este texto, procura denunciar a
mídia como um todo, os meios de comunicação, como nos impõem os possuidores do poder,
donatários de feudos da comunicação incumbidos de criar a História oficial, artífices de um
presente engessado, pré-determinado, incapaz de auxiliar na execução de projetos de vida que
possam alavancar de forma promissora a vida de cada um e de todos. Este texto procura denunciar
aqueles, e aquelas instituições que teriam se “seriamente” procedessem, o dever de ofício de
defender toda a sociedade. Denuncia o formalismo fossilizante, e fossilizado que amarra e impede
o avanço entre outros, dessas instituições; com isso cristalizando o status quo num processo
perverso de retroalimentação. Também, o texto procura resgatar iniciativas, principalmente, no
campo das artes que se lançaram na duríssima empreitada de criar algo original, que tivesse raízes
em nossa realidade, que contasse algo de nós mesmos, que fosse reflexo de um olhar crítico de
nossa realidade. Não obstante influencias de fora, também, terem servido de alguma forma, por
vezes, de lastro, de base de sustentação, também, devidamente digerido, deglutido, por esse
movimento originário de criação de um modo de ver, perceber, criticar e formar a nossa sociedade.
Palavras-chave: razão, seriedade, moral, sociedade.
O CONCEITO GRAMSCIANO DE REVOLUÇÃO PASSIVA, SUA CONCRETIZAÇÃO NO TOTALITARISMO
Fernanda de Assis Ferreira
Universidade Federal de Uberlândia
[email protected]
Resumo: Ao observar as contradições da sociedade e as transformações que ocorriam no início do
século XX, Antônio Gramsci desenvolve uma estratégia que intenciona propiciar ferramentas para a
superação do modo de produção capitalista, acabando assim, com a exploração da grande maioria,
a classe proletária, com a instituição do socialismo. Vivendo um momento em que o mundo
passava por diversas crises, como a do pós-guerra (Primeira Guerra Mundial) e a instituição do
facismo na Itália, o autor, ao escrever sua teoria, se baseia em suas condições nacionais, porém não
perde de vista as internacionais. Neste momento de crise no modo de produção, que se dá porque
se revoluciona as forças produtivas, mas as relações sociais de produção continuam as mesmas,
embora em crise (o que Gramsci chama de “crise orgânica”, pois atinge o Estado e as
superestruturas), o filósofo teoriza a “guerra de posição”, onde as classes antagônicas, ao contrário
da guerra frontal, lutam progressivamente pela conquista da hegemonia. Não obstante, a classe
que quer se manter ou conquistar a hegemonia, tem a necessidade de realizar reformas
intelectuais e morais. O filósofo identificou que estas ocorrem de diversas maneiras e
simultaneamente, e que ainda acontecem de acordo com o tipo de Estado. Portanto, este trabalho
pretende expor o conceito de revolução passiva de Gramsci, mostrando que o totalitarismo, que
não fora teorizado pelo filósofo, mas que perpassa sua obra, foi mais uma forma de dominação que
a classe burguesa impôs para a manutenção da hegemonia, assim como define em Americanismo e
Fordismo. Apontando que este tipo de governo fora preparado historicamente, idéia da qual não
conjuga Hannah Arendt, que o tem como uma ruptura, tem igualmente por finalidade, a
demonstração de como ele se formou, o tipo de Estado que proporcionou a sua concretização.
Palavras-chave: Gramsci, revolução passiva, totalitarismo, hegemonia.
A CRÍTICA GRAMSCIANA À IGREJA CATÓLICA E A SUA RELAÇÃO PARA O CONCEITO DE FORMAÇÃO
Isabela de Castro Mendonça
Universidade Federal de Uberlândia
[email protected]
Resumo: Esta comunicação tem como objetivo principal expor a crítica gramsciana à Igreja Católica,
tentando elucidar como isso interfere no conceito de formação exposto pelo filósofo. Na filosofia
de Antonio Gramsci, todos os conceitos desenvolvidos pelo filósofo estão intimamente interligados
e, por isso, falar apenas de um deles pode tornar a análise incompleta. Assim, não foge a esse
trabalho expor e analisar também os conceitos de partido, de hegemonia, de aparelhos privados de
hegemonia, de intelectual orgânico, de guerra de posição e de reforma intelectual e moral, além de
dar uma visão geral do sistema em que vivemos. A partir da clareza de compreensão sobre o
capitalismo avançado, entenderemos também o conceito de hegemonia e o que são e qual a
função dos aparelhos privados de hegemonia e dos intelectuais orgânicos. Em seguida, torna-se
claro o porquê da proposta gramsciana ser uma reforma intelectual e moral por intermédio da
guerra de posição e qual a função que os intelectuais orgânicos do partido operário devem
desempenhar nesse processo. É neste contexto se insere a análise sobre o discurso da Igreja
Católica, a sua identificação como aparelho privado de hegemonia que possui seus intelectuais
orgânicos e, por fim, como ela pode colaborar para a reforma intelectual e moral por meio da
guerra de posição, reforma tal que se preocupa, principalmente, com a formação da
autoconsciência dos indivíduos, para que estes possam desenvolver uma concepção de mundo que
seja organizada e coerente.
Palavras-chave: Gramsci, catolicismo, formação.
SEGREGAR EM DEFESA DA SOCIEDADE:
FOUCAULT E UMA NOVA CONFIGURAÇÃO DO RACISMO
Keitiana de Souza Silva
Universidade Federal da Paraíba
[email protected]
Resumo: Em dois cursos ministrados no Collège de France: Em defesa da sociedade (1975)e Os
anormais (1976), Michel Foucault (1926-1984) teoriza sobre o conceito de racismo. Para ele, o
racismo teria se desenvolvido na sociedade ocidental pela promoção da necessidade de defesa da
ordem e de garantia e segurança da vida. Com efeito, quando governos e homens de ciência
sobrelevam procedimentos eugênicos (informados por pseudo verdades biológicas) como políticas
necessárias de defesa da vida e da sociedade, enviesa-se a atenção do poder, da conquista e
controle de riquezas, para as ações disciplinares e regimentais de um biopoder. Para esta nova
feição de um biopoder, atuante sobre os corpos dos indivíduos e determinante de suas
subjetividades, a busca atávica de tornar a sua a raça superior, e subjugar as demais, realiza-se
através da imantação discursiva de novos conceitos científicos e jurídicos. Dessa forma, o racismo, e
o próprio enlevamento cientificista do conceito de raça (sobreposto às expressões insipientes de
um nacionalismo exacerbado, já com notas fascistóides no começo do século XX), ganha contornos
diferentes na modernidade a partir do biopoder, que passa a manifestar um racismo de direitos. De
fato, o biopoder priva a liberdade e a autodeterminação dos indivíduos em favor da vida,
considerada como postulado jurídico genérico a ser tutelado pelo estado. Nessas circunstâncias é
que passaria a existir uma classificação preconceituosa de normalidade, a qual identifica os
indivíduos a partir de aspectos genotípicos e comportamentais, qualificando-os com identidades
negativas e, supostamente, representantes de potenciais ameaças à sociedade. A ordem social e
científica deve, portanto, apressar-se em diagnosticar e excluir os anormais - loucos, delinquentes e
pervertidos - nos moldes de uma operação eugênica imprescindível, em favor da vida e da
sociedade. Trata-se da autorização do poder para intervir, com sua ação policialesca, higiênica e
disciplinar, nos modos de pensar, de agir e de sentir individuais. Por isso, Foucault critica todas as
identidades fixadas pela sociedade moderna, que policia os indivíduos a fim de que estes
apresentem comportamentos adequados à ordem produtiva dos modos de vida hegemônicos. Com
base no autor, apresentaremos o conceito de racismo de direitos nessa sociedade que financia as
ciências modernas, as quais, por sua vez, são as responsáveis pelos atestados de (a) anormalidade
dos sujeitos; sejam elas médicas, jurídicas ou sociais. De fato, o foco da ação científica é legitimar o
sacrifício dos direitos dos indivíduos que ameacem ou a pureza de raça ou a mantença da ordem na
sociedade. Para todos os indivíduos anormais ou destoantes, o destino deve ser, portanto, a
clausura, a segregação ou a marginalização, que, em todos os casos, significa morte da liberdade.
Em verdade, muito mais do que agir ou atualizar políticas pela preservação da vida, as ciências
operaram e ainda operam formas de justificar a morte e a destruição.
Palavras-chave: anormais; biopoder; Foucault; racismo de direitos.
SEXUALIDADE E PODER – SOB PERSPECTIVA DE MICHEL FOUCAULT
Carolina Desoti Fernandes
Pontifícia Universidade Católica de Campinas
[email protected]
Resumo: Ambiciono neste artigo, desenvolver de que maneiras o poder e a manifestação deste no
campo sexual se interligam fazendo com que o discurso sexual se manifeste como uma prática do
poder. Para tanto, utilizarei como referencial teórico a trilogia “História da Sexualidade” do
pensador francês Michel Foucault (1926-1984). Utilizarei também a obra “Microfísica do Poder”
igualmente de Foucault, que dispõe de comentários sobre o primeiro volume – a vontade de saber
– de sua trilogia. A partir do referencial teórico, pretendo explanar como o poder manifesta-se no
campo sexual, atendendo as exigências do período clássico e do período inicial do capitalismo até o
século XIX.Para uma breve compreensão do que será abordado no presente artigo, é fundamental
evidenciar que a sexualidade está atrelada ao poder, e entre esses elementos existe um tipo de
jogo, ou seja: uma espécie de modificação, de posições e de funções. Foucault coloca o gênero e a
sexualidade no âmbito da cultura e da história que só podem ser compreendidos implicados com o
poder. Para compreender o estatuto de poder no projeto foucaultiano, é necessário identificar que
não há vinculo entre poder e um conjunto de instituições que garantem a sujeição dos cidadãos a
um Estado determinado. Ao contrário: o poder está em toda a parte, provendo de todos os lugares;
ele é uma relação de forças que está presente em todos os segmentos de uma sociedade. Poder,
agora, é compreendido como “poder disciplinar”, um conjunto de relações que irradiam por todo o
corpo social – os micropoderes - que produzem diversos campos de forças. É a partir daí que
Foucault supõe a existência de um “campo do saber”. O saber é um meio de codificação usado
como discurso dos dominantes que impõe uma verdade. Portanto, o surgimento de saberes sobre
costumes sociais como, por exemplo: a sexualidade, loucura, medicina, entre outras é uma espécie
de estratégia de normalização social por meio de práticas discursivas e não discursivas. É por meio
do poder que a tanto a repressão (negatividade) quanto os estatutos de verdade e de saber
(positividade) são produzidos criando discursos responsáveis por justificar a prática do poder e da
dominação.Entretanto, poder não é opressor, não nega o sexo - o desejo e o poder se articulam. As
relações de poder são dinâmicas e passíveis de mudança o que possibilita manterem ou destruírem
os esquemas de dominação vigentes. Não há dualidade entre opressor e oprimido, mas sim uma
variação contínua entre suas manifestações. O dispositivo da sexualidade, que institui o sexo como
verdade maior sobre o indivíduo, transfere o controle para a carne, para os corpos. Foucault
contrapõe essa premissa com a inserção do dispositivo da aliança, que define o proibido e o
permitido por meio da relação. Foucault não visava encontrar um modelo certo, não interessava a
ele "a história das soluções", mas um trabalho de problematização - um trabalho crítico do
pensamento sobre o próprio pensamento.
Palavras-chave: Poder, Sexualidade, Saber, Verdade, Problematização.
SUBJETIVIDADE EM MARX
Autora: Vivianny Lopes Martins
Universidade Estadual do Ceará
[email protected]
Paulo Jorge Barreira Leandro
Universidade Federal da Paraíba
[email protected]
Resumo: Este trabalho tem como objetivo resgatar e desenvolver questões acerca da concepção de
subjetividade/individualidade em Marx. Trata-se, especificamente, de investigar como os indivíduos
se constituem em relação íntima entre objetividade e subjetividade. Esta relação se centralizará na
categoria trabalho, pois o conteúdo conceitual de Marx sobre a “realidade humana” consiste na
transformação da natureza para a satisfação das próprias necessidades. Neste sentido, é no ato de
transformar a natureza que o Homem transforma a si mesmo. Dessa forma chegamos a categoria
trabalho e assim podemos pensar, a partir desta categoria, como se realiza a construção da
subjetividade/individualidade humana no contexto atual, no qual este trabalho se expressa de uma
forma alienante, pois o trabalhador não se reconhece mais no produto do seu trabalho, este lhe é
estranho, alheio. É neste contexto que a realidade subjetiva se produz no meio social constituído de
mediações e categorias modernas propriamente do capital (o que Marx designa por abstrações
reais). Vale ressaltar que algo ainda permanece latente, este algo que se encontra no âmago deste
contexto social também perpassa a subjetividade, isto que anunciamos como latente chama-se
Valor. A produção econômica e social da estrutura capitalista é fundamentada no Valor, o que
produz assim trabalhos alienantes, consequentemente, produz subjetividades reificadas. Deste
modo tentamos, aqui, pensar a subjetividade a partir de elementos fundamentais do pensamento
marxiano.
Palavras-chave: subjetividade, trabalho, valor
O ANORMAL E O NORMAL: UMA REFLEXÃO FILOSÓFICA A PARTIR DA OBRA HISTÓRIA DA
LOUCURA NA IDADE CLÁSSICA( 1961) DE MICHEL FOUCAULT
Isabel Cristina Soares Tebaldi Gomes
Universidade Federal do Rio de Janeiro
[email protected]
Resumo: A obra História da Loucura na Idade Clássica (1961) de Michel Foucault completa
cinquenta anos de sua existência e continua a se desenhar como um caminho imprescindível no
qual a filosofia pôde ser colocada sob o ponto de vista da diferença. Tomamos como hipótese neste
trabalho que a trajetória percorrida pelo filosofo francês, é dada a partir de uma arqueologia, no
qual retrata a história do pensamento realizada não apenas pela interpretação de documentos e
outras fontes de pesquisa, mas dentro de uma olhar dos acontecimentos realçados a partir de suas
problemáticas nas quais podem ser compreendidas no elo da descontinuidade histórica. De
antemão, o filósofo começa a ver como o conceito de desrazão sempre esteve presente no limiar
do pensamento, tendo como autores aqueles que sempre estiveram à margem do social: os
leprosos, os loucos, os homossexuais, os criminosos, dentre outros. Do outro lado, a história
universal no qual é referência mostra exatamente o contrário, encontra-se reunida em torno dos
saberes que passam a se organizar de modo representativo, a estarem atrelados em nome de um
discurso verdadeiro e racional. Ao dar este corajoso passo, Foucault pretende mostrar como a
história fora realizada em nome de uma máxima onde o Saber foi ao longo do tempo servindo em
nome de um Poder hierárquico e superior, no qual teve como pretensão delimitar conhecimentos,
demarcar grupos, sistematizar funções e equalizar modos de vida para que pudesse justificar a
exclusão de grupos indesejados pela sociedade, obtendo o respaldo da Ciência como
protagonizadora da delimitação da norma, e do Direito com a criação de instituições organizadas
pelo Estado com a permissão do julgamento e da penalidade com os que não se enquadram dentro
normas pré-estabelecidas.
Palavras-chave: razão, desrazão, loucura
A IDEIA DE JUSTIÇA PARA ALÉM DO CONTRATUALISMO RAWLSIANO
Pedro Clemente Bessa Prado Lippmann
Universidade Federal do Rio de Janeiro
[email protected]
Resumo: Nos anos 70, a publicação da mais notória obra de John Rawls renovou o pensamento
político liberal e imprimiu uma nova direção às discussões sobre justiça. Embora a proposta contida
em "Uma Teoria da Justiça" estivesse limitada ao âmbito doméstico, reafirmando uma orientação
dominante na história da filosofia, ela contribuiu para reavivar o debate sobre o antagonismo entre
dois aspectos da teoria política liberal que problematizam essa restrição. Trata-se do conflito entre
o compromisso moral igualitário, que estende a premissa de igual consideração a todos os seres
humanos, e a limitação de aplicação das teorias liberais às fronteiras de um Estado. Assim, a
formulação de princípios de justiça destinados à esfera doméstica suscitou o seguinte problema:
poderia haver princípios de justiça aplicáveis à esfera global? Haveria algo que diferenciasse esse
domínio de modo tão decisivo a ponto de justificar a restrição dos princípios de justiça ao interior
dos Estados? Em desenvolvimentos posteriores de sua obra, Rawls manteve a preocupação liberal
com a imparcialidade de tratamento dos indivíduos na esfera doméstica, no entanto sustentou que
essa postura não seria viável no âmbito internacional, propondo a sua substituição por uma
concepção de tolerância e reciprocidade que delimita o teor dos princípios internacionais de
justiça, de modo a reduzir drasticamente a força de pretensões redistributivas de cunho igualitário.
Contra tal posição se insurgem Martha Nussbaum e Amartya Sen, dentre outros representantes
liberais do cosmopolitismo. Com base nesse contexto, este trabalho pretende oferecer uma
apreciação crítica das propostas alternativas de Nussbaum e Sen em relação ao modelo rawlsiano,
tendo em vista o debate contemporâneo sobre a formulação de teorias da justiça para além do
paradigma do contratualismo.
Palavras-chave: justiça, cosmopolitismo, contratualismo, liberalismo igualitário
VONTADE DE SABER, VONTADE DE VERDADE: NIETZSCHE POR FOUCAULT (1971-1975)
Raphael Freitas Vaz
Universidade Federal de Pará
[email protected]
Resumo: Em diversas ocasiões, Michel Foucault manifestou-se explicitamente acerca da
importância do pensamento de Nietzsche para a formulação de suas próprias teorias. Ele assinala o
início de seu interesse por Nietzsche ainda no início dos anos 1950, em especial a partir da leitura
da Segunda Consideração Extemporânea, intitulada “Da utilidade e das desvantagens da História
para a vida”. De fato, seria exaustivo indicar aqui todas as passagens da obra de Foucault, em que
se encontram referências diretas ou indiretas a Nietzsche. Entretanto, no período por nós escolhido
para fazer este estudo, aquele que se encontra entre os anos 1971 e 1975, desde o primeiro curso
ministrado pelo filosofo francês no Collège de France até a consolidação do método genealógico
com a publicação oficial de Vigiar e punir, é um período de bastante importância na trajetória
intelectual de Foucault, uma vez que se encontra num período de “passagem” entre a perspectiva
arqueológica e a perspectiva genealógica, ou seja, “passagem” do estudo acerca do “como” se
constituem as ciências do homem à do “por que” estas mesmas ciências puderam existir (Machado,
1979). A própria denominação “genealogia” já evoca o pensamento de Nietzsche. Com isso,
pretendemos mostrar em que medida a interpretação que Foucault faz de Nietzsche repercute na
consolidação do método genealógico.
Palavras-chave: vontade de saber, vontade de verdade.
CONSCIÊNCIA E IDEOLOGIA EM MIKHAIL BAKHTIN: OS LIMITES DA EXPERIÊNCIA
Lílian Franciene de Oliveira.
Universidade Federal de Juiz de Fora
[email protected]
Resumo: Fonte da dúvida, mãe de todas as ciências, a Filosofia representou, em seu apogeu, a
possibilidade de um mundo desmistificado, onde a experiência empírica possibilitava à inteligência
o conhecimento do mundo. Hoje, em um mundo dividido entre idealismo subjetivista e objetivismo
abstrato, a Filosofia tenta com todas as suas forças provar que suas raízes estão na relação homem
e mundo, ou seja, na experiência. A questão que acredito ser fundamental é se perguntar, afinal, o
que é a experiência? Em 1928 a sociedade na revolucionária União Soviética, ainda em construção,
passava por mudanças avassaladoras. O marxismo revolucionário era lentamente substituído por
uma nova forma de imperialismo: a burocracia. O debate intelectual era intenso e as produções
artísticas sofriam com as pesadas críticas formalistas, sendo classificadas muitas vezes como "arte
popular" de forma, erroneamente, pejorativa. O formalismo exigido à obra de arte representava o
ideal e a prática do novo governo, assim como o que era esperado da nova sociedade em
construção. Em meio a esse furor ideológico a prática que se pode ver foi a da repressão, violência
e o incrível crescimento industrial e econômico que justificava tais práticas. Por outro lado o
movimento artístico lutava contra o formalismo na obra de arte em defesa de uma consciência
crítica que resgatasse os ideais do marxismo de Marx e da visão dialética implementada pelo
materialismo histórico. O marxismo revolucionário é, antes de mais nada, uma prática social, um
método de construção social, aberto e nunca finalizado. Essas eram as idéias divulgadas na época
por um famoso grupo de intelectuais e artistas que se reuniam em torno de uma figura misteriosa e
fascinante: o Círculo Bakhtiniano de Mikhail Bakhtin. O Círculo Bakhtiniano foi o berço de uma das
maiores obras sobre filosofia prática já escritas, senão a maior de todas. Essa obra se intitula
Marxismo e Filosofia da Linguagem (1929). Essa pequena introdução busca, através da releitura da
obra, o entendimento dos questionamentos que ali o autor nos apresenta. Nessa obra a
desconstrução de uma filosofia idealista ou materialista é a condição primordial para uma visão
dialética da história, do homem e da ideologia, a fim de atuar, como olhar filosófico, no campo
prático existencial fundamental da consciência: a linguagem. A comunicação é o fator primordial da
experiência pelo fato irremediável de que toda experiência se dá como algo comunicado, inteligível
e obrigatoriamente materializado em signos, mesmo nas mais particulares experiências, existentes
na consciência individual. Assim nosso ponto inicial é a linguagem e os significados como
fundamento da consciência e de toda experiência, que se realiza na e pela linguagem. É no discurso
que se fundamenta, se reproduz ou se desconstrói e se reconstrói uma ideologia, e é o campo onde
ela se justifica. A filosofia tem uma responsabilidade fundamentalmente prática no entendimento
da linguagem como pratica existencial.
ADORNO E A NECESSIDADE DE ELABORAÇÃO DO PASSADO
Deborah Fonseca Ogusku
Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho” - Campus de Marília [email protected]
Resumo: Neste texto Adorno trabalha o conceito freudiano de mal-estar na civilização - que
originalmente é apresentado como a perda de uma grande parcela da felicidade em função do
detrimento de desejos instintuais do indivíduo para que se possa viver em sociedade. O filósofo se
apropria deste conceito dizendo que, na atual conformação social, essas pulsões reprimidas do
sujeito acabam por voltarem-se contra a sociedade em forma de violência, podendo levar a atos de
barbárie como foi o caso de Auschwitz. O objetivo do autor no presente texto é fazer um relato da
situação na Alemanha no período pós-guerra apontando para o fato de que o nazismo ainda
sobrevive. Para isso, Adorno apresenta um pequeno contexto histórico, focando-se no período pós
Segunda Guerra, quando escreve seu artigo, e avaliando as implicações que a imposição do regime
democrático -feita pelos vencedores após a derrota alemã - causaram na sociedade e como isso
influenciou a perpetuação do nazismo. Dessa maneira, o filósofo detecta nesta relação dos alemães
com o regime democrático um forte mal-estar, pois ao não reconhecer o regime como uma parte
de sua identidade o povo alemão se afasta de tudo relacionado a ele, evitando uma participação
política mais ativa. Esse mal-estar geral somado as condições sociais e anímicas do sujeito são o que
o filósofo denomina “pressupostos sociais objetivos” que perpetuam o nazismo. A elaboração do
passado, nesse contexto, seria o processo que implicaria em um esforço de conhecimento doloroso
e desvencilharia o indivíduo do deslumbramento, tornando-o não só um sujeito adaptado, mas
também crítico diante dos fatos que constituem sua realidade. Contudo, não se pode deixar de
lado, somente a elaboração do passado pouco pode fazer diante do potencial destrutivo de tais
pressupostos persistentes do nazismo. Para o filósofo, tudo depende de como o passado é referido
no presente, ou seja, quando se resiste ao horror e se busca compreender o incompreensível
podemos dizer que o passado será bem elaborado. É preciso que os mecanismos que provocam as
agressões sejam expostos aos agressores, sua identificação é o melhor remédio para eliminar os
preconceitos.
Palavras-chave: psicanálise, teoria crítica, mal-estar na civilização.
A MORAL DA AMBIGÜIDADE DE SIMONE DE BEAUVOIR:
O PARADOXO DA CONDIÇÃO HUMANA
Maiara Batalini de Macedo
Universidade Federal de Uberlândia – UFU
[email protected]
Resumo: O escopo deste trabalho consiste em apresentar a essência do pensamento de Simone de
Beauvoir trazida na obra “A Moral da ambigüidade”, que se baseia na tese de que a referida moral
é aquela que recusa a negar a priori que existentes separados possam ao mesmo tempo estar
ligados entre si e que suas liberdades singulares possam forjar leis válidas para todos.Assim, o
presente trabalho irá remontar à uma das questões mais fundamentais ao homem do século XXI: a
moral. No entanto, não se trata de uma moral qualquer, mas sim de uma moral existencialista,
ambígua, proposta por uma mulher filósofa, dentro de uma sociedade machista própria à primeira
métade século XX e conturbada pelas ideologias totálitarias. A discussão que Simone de Beauvoir
desenvolveu em torno da liberdade e da moral no século XX está além de sua época, configurandose em uma proposta moral totalmente adequada ao homem do Séc. XXI. Um homem que
uniformalizou a maneira de pensar, de ser , de agir, de comer e de se relacionar com o outro e com
o mundo. Este homem do século XXI não aceitou o paradoxo de sua existência, e parece estar
esquecendo uma série de particularidades do ser humano fazendo-os trocar uma vida consciente
por uma vida alienada. A verdade não é outra coisa que a realidade, e é preciso que o sujeito se
liberte, sem negar-se, mas sim superando-se. A moralidade não é o privilégio de nenhuma pessoa,
todos podem conquistá-la. Cada indivíduo não é somente de um país, mas de uma classe
consciente de si própria, de uma civilização que ultrapassa os limites da nação, do mundo inteiro,
onde todas as parcelas estão estreitamente solidárias; ele é consciente de que sua ação interessa
tanto o futuro como presente, que existe por si mesma. Os seus projetos são mais amplos que
antes, são múltiplos e frequentemente contráditórios. Faz-se necessário ver que a moral tal qual
concebe a maior parte dos moralistas está a caminho do descrédito. A moral tradicional, clássica,
em que a sociedade atual pretende estar vivendo é uma herança adulterada da moral de Kant, ou
seja, ela faz com que os homens submetam a sua conduta a imperativos universais, intemporais, a
modelar as suas ações segundo os grandes ídolos inscritos nos conceitos de Direito, Justiça e
Verdade. A moral de fato, pretende definir objetivamente o Bem. É buscando esclarecer ao homem
o paradoxo de sua existência, que Simone de Beuavoir desenvolve a obra pela qual este trabalho irá
se basear. Apresentar ao homem uma nova maneira de se enxergar e enxergar o mundo que
habitam e compartilham, respeitando suas individualidades, e ao mesmo tempo dividindo uma
coletividade, que a priori, não é capaz de forjar leis válidas para todos.
Palavras-chave: Moral da ambigüidade, existencialismo, paradoxo da condição humana.
O CONCEITO DENTRO DO PENSAR FILOSÓFICO
Universidade Federal de Pernambuco
Adamo Micael
[email protected]
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Resumo: O trabalho que irei expor tem por tema central o conceito e sua importância dentro da
filosofia e da sociedade além das implicações que o mesmo exerce dentro do modo como
enxergamos e compreendemos diversos aspectos da vida. Dentro do escopo sobre o conceito
tratarei da questão de como acontece o processo de formação dos conceitos? Depois de colocada
essa questão, entrarei para o âmbito do preconceito, colocando a seguinte pergunta: O pensar
filosófico está livre do preconceito, tão polemizado entre os filósofos uma vez que representa um
saber que não passou pela reflexão e pelo exame crítico, ou, se esse mesmo preconceito é algo
necessário para a criação dos conceitos, servindo como uma base para a construção do conceito?
Também tratarei de algumas relações existentes entre ética, moral e as noções conceituais,
demonstrando como existem dentro de nossa vida cotidiana elementos que comprova a presença
de elementos supersticiosos e ideológicos e o modo como esses mesmos elementos afetam o vida
das pessoas que estão imersas dentro dessa realidade atual e de que forma a filosofia pode
contribuir para tornar mais explícita o processo de formação do preconceito e das superstições na
sociedade contemporânea. O trabalho irá se basear em filósofos que vieram se debruçando sobre
essas questões ao longo da história da filosofia e, tentarei demonstrar a aplicabilidade da filosofia
dentro da nossa sociedade, já que, a filosofia que investiga esse campo tão amplo, possui uma
íntima relação com as nossas vidas, já que somos seres pensantes e dessa forma convivemos com
os conceitos.
Palavras-chave: conceito, preconceito, ética.
FREGE VERSUS KRIPKE: TEORIAS DA REFERÊNCIA
MarcellaDehara Pereira Castelucci
UFMA
[email protected]
Resumo:Gottlob Frege em sua obra “Sobre o sentido e a referência” (1892) parte de questões que
a igualdade pode originar, questões como se a igualdade é uma relação e, se sendo assim, se se
trata de uma relação entre objetos ou entre nomes, para assim identificar a relação que o sinal, o
sentido e a referência possuem.O que possibilita numa relação de igualdade perceber que algo é
acrescentado é a mediação que há entre o sinal e a referência, partindo do segundo exemplo pode
se visualizar que existe algo além do nome e o nomeado, e que a relação de igualdade não se
baseia em uma mera relação de objetos, mas de sinais de objetos.O que existe entre o sinal e a
referência é o sentido. Frege examinou a questão do sentido desta forma, como aquilo que leva do
sinal à referência; em outras palavras, o sentido é modo de apresentação do objeto. O que se segue
disso é que a referência não se liga direto ao nome ou sinal, mas existe uma mediação, e esta é
necessária para se conhecer verdades no mundo.Para Frege, um sinal que seja um “nome” é
qualquer designação que represente um objeto, cuja referência aponte um objeto singular. Um
objeto singular pode também admitir várias palavras ou outros sinais como nomes. Cada uma
dessas designações Frege estabeleceu como “nome próprio”. No caso dos nomes próprios
“propriamente ditos” (“Sócrates”, “Platão”, etc.), seu sentido é compreendido por todas as
descrições que permitam identificar o nomeado.Saul Kripke em sua obra “NamingandNecessity”
(1980) apresenta alguns argumentos refutando a teoria da referência de Frege. O argumento de
Kripke contesta a teoria de Frege, na medida em que para Frege um nome corresponde a um
conteúdo conceptual ou descritivo, e isto consiste no seu sentido.O que se visa aqui é mostrar que
a descrição que um nome faz não é sinônima do significado do nome, segundo Kripke. Sendo assim,
não é verdade necessária que São Luís possua tais denominações.A questão que ganha grande
importância é que com Kripke a teoria da referência é direta, não existe o sentido mediando o sinal
e a referência. Isto implica na sua concepção de necessidade que não possui uma relação
essencialmente ligada a razão, mas existem verdades necessárias que são conhecidas através da
experiência.
Palavras-chave: sinal; sentido; referência.
A COMPREENSÃO DE HOMEM EM TEILHARD DE CHARDIN
Arthur Leandro da Silva Marinho
Universidade Católica de Pernambuco
[email protected]
Resumo:O objetivo deste trabalho consiste em desenvolver uma reflexão sobre a concepção do
homem em Teilhard de chardin, justamente pelo seu caráter sintetizador entre ciência e filosofia,
ciência e teologia, que abre o horizonte para a compreensão de nossa reflexão. A visão dele
continua sendo atual em nosso século e, percebemos que ele não se contentava simplesmente em
observar o homem; ele elabora uma fenomenologia que lhe devolve o sentido. A sua
fenomenologia não é como encontramos em Husserl, mas trata de todo o fenômeno humano. É
uma fenomenologia cósmica que compreende a totalidade do homem dotado da consciência que
começa a explicar o mundo. Para Chardin o homem é aquele que vê e quando este homem vê, ele
conhece tudo que o cerca. Por isso que ele apresenta e compreende o homem como aquele que vê
a si, e por isso se percebe dentro da humanidade, que está dentro da vida, que está dentro do
universo. Então, para Chardin o fenômeno humano é uma trajetória que todos traçamos para o
conhecimento de si. É nesta perspectiva que buscamos apresentar um sentido para o homem na
pós-modernidade, tão fragmentado pela ciência e mal compreendido pela filosofia. Propomos
apresentar a sua visão surpreendente acerca do homem em toda sua complexidade. E será nessa
tentativa integradora de Chardin que percebemos que ao ficar longe da filosofia, vemos um grande
esforço dele de aproximação dela. Ele busca compreender os destroços do ser analisado, para
melhor reconstruir o ser todo, devolvendo o sentido ao homem em toda sua complexidade.
Palavras- chave: Chardin, homem, fenomenologia, pós-modernidade.
REDUÇÃO FENOMENOLÓGICA: SENTIDO E MÉTODO
Daniel Pereira
Universidade Federal de Pernambuco
[email protected]
Resumo: A presente comunicação versará sobre a redução fenomenológica – epoché -circunscrita
no ambicioso projeto de constituição de uma nova ciência; não uma ciência qualquer, mas uma
ciência dos fenômenos puros. É imprescindível perceber o movimento - enquanto sentido e
método - da redução fenomenológica para captar em sua profundidade o projeto de Edmundo
Husserl de fundamentar epstemológica e ontologicamente uma ciência eidéticapara aferir, segundo
ele, o valor último de toda ciência em sua especificidade de princípio e, com isso, realizar em
particular a determinação última do sentido do “ser” dos objetos e a clarificação do método dessa
ciência. Compreende-se, deste modo, que a fenomenologia é , por assim dizer, o anseio secreto de
toda a filosofia moderna. A partir de pesquisa feita nos próprios textos do Edmund Husserl,
especialmente, nas Idéias para uma Fenomenologia Pura e para uma Filosofia Fenomenológica –
Livro I -, iremos expor num primeiro plano o sentido que a redução opera para a consecução do
projeto fenomenológico e, num segundo, iremos descrever como procede este exercício
fenomenológico que é a redução, concluindo que esta está intimamente imbricada dentro da
concepção de fenomenologia como ciência descritiva das vivências do ego transcendental
enquanto consciência pura. A redução fenomenológica – époché – é o primeiro passo fundamental
no modo de filosofar fenomenológico.
Palvras-Chave:Redução/epoché – cogitatio – cogitatum - imanência – transcendência.
ENTRAVES LINGUÍSTICOS PARA UMA TEORIA DA CONSCIÊNCIA
Larissa Silva Abreu
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
Resumo:No século XX, emerge um importante ramo filosófico, a Filosofia da Mente, que propõe
questões acerca da consciência. Nesse período as pesquisas filosóficas se voltaram ao problema da
linguagem, e alguns filósofos da ciência, a partir da análise lógica das teorias científicas em voga,
concluíram que os problemas da psicologia eram eminentemente lingüísticos. Surgiram na mesma
época, alguns ramos da ciência: a Inteligência Artificial, a Neurociência e a Ciência Cognitiva, que
deram suporte a várias questões da Filosofia da Mente. Em 1990, a década do cérebro, as
investigações se intensificaram, sobretudo por conta do surgimento de máquinas de mapeamento
e imageamento cerebral; porém, os filósofos apontaram mais obstáculos linguísticos, filosóficos e
científicos. No que cerne aos entraves linguísticos, foco deste trabalho, os filósofos adotaram
posturas divergentes acerca da escrutabilidade da consciência. De modo geral, tais posturas
constam em dois grupos: os que defendem a impossibilidade de se levar adiante os estudos acerca
da consciência, seja pela insuficiência da linguagem em tratar da natureza subjetiva do mental, seja
pela dificuldade de se identificar atitudes proposicionais de crença, desejo, etc. com eventos
cerebrais; e os que creem poder fazer uma ciência da consciência, seja por confiar que a
neurociência evoluirá ao ponto de nos permitir o uso de um vocabulário fisicalista que trate de seu
objeto em termos neurobiológicos, seja por acreditarem na possibilidade de uso do vocabulário
mentalista da folkpsychology(psicologia popular), em estudos de alto poder preditivo e explicativo
acerca do comportamento humano, de outros animais, e quiçá, de robôs. O objetivo deste trabalho
é identificar e analisar os principais argumentos sobre as possibilidades de uma teorização da
consciência. Para isso, efetivou-se uma pesquisa bibliográfica fundamentada em textos de Daniel
(1991, 2006a, 2006b); João de Fernandes Teixeira (2008a, 2008b) e Paul Churchland (2004).
Palavras-chave: Filosofia da Mente; Consciência; Entraves lingüísticos.
A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO COMO DESTITUIÇÃO DO OBJETO – NOTAS ACERCA DA
FILOSOFIA DE GASTON BACHELARD
Marcelo Inague Júnior
Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ
[email protected]
Resumo: Gaston Bachelard (1884-1962) foi um filósofo, vindo da área das ciências, que exaltou o
novo, tanto na ciência quanto na filosofia e na arte. Na aurora do século XX presenciou a revolução
na física instituída pela comunidade científica em torno de Albert Einstein e, sendo defensor
fervoroso de um diálogo sem imposição de pólos absolutos do saber, nos trouxe inúmeros ensaios
onde tematizou possíveis trocas entre as invenções instituídas por uma ciência que nega seus
princípios anteriores e uma filosofia eminentemente aberta e plural. Pretendemos desenvolver, no
presente trabalho, de que forma a negação de pólos absolutos do saber, aliada à ideia de um
conhecimento aproximado, atua na constituição de um sujeito que nunca é dado de um só golpe.
Para isso, Bachelard exaltará uma objetivação constante que nunca se esgota, ou seja, um processo
no qual o objeto nunca é dado, mas sim construído, verificado, inventado – e onde o sujeito se
constroi, se verifica, se inventa, ou seja, uma subjetivação, igualmente inesgotável. Utilizaremos
como base seu pequeno, mas rico ensaio intitulado “Idealismo Discursivo” presente na obra Etudes,
que, frente ao choque de princípios da ciência contemporânea, destacará o erro como fator capital
e propulsor para o conhecimento científico, como valores a serem superados. Tal atividade, que se
alia à criatividade, reforça a necessidade de elaboração de novas questões, abrindo novos
horizontes para o conhecimento e para o homem. Não podemos ver aí, porém, a perda de um rigor
próprio da ciência, mas uma alternativa aos métodos fechados e às epistemologias inertes, que
podem se tornar obstáculos ao saber. O sujeito, assim, encontra-se em franca atividade e constituise numa comunidade pronta a debater e a incorporar novas ideias, sendo que esse conjunto de
trabalhadores é o grande sujeito da ciência. Esse trabalho de reorganização impõe-se como árduo,
pois só conquistamos a clareza e o sentido do objeto na perda do próprio objeto, só nos
apreendemos na perda de nossas ilusões. A epistemologia bachelardiana apresenta-se como
contraponto às epistemologias tradicionais, a saber, por não partir da clareza e da distinção, por
valorizar o erro, por acompanhar as mudanças da ciência e por considerar sujeito e objeto como
sempre inacabados e polêmicos.
Palavras-chave: objetivação, subjetivação, conhecimento aproximado, obstáculo epistemológico.
THOMAS KUHN E O PAPEL ESSENCIAL DA VARIABILIDADE INDIVIDUAL NA ESCOLHA TEÓTICA
Adan John Gomes da Silva
Universidade do Estado do Rio grande do Norte
[email protected]
Resumo: São conhecidas as teses de Thomas Kuhn sobre o comportamento dos cientistas frente às
novas teorias e os critérios assumidos por eles para avaliar qual teoria deve permanecer como
paradigma vigente. Kuhn apresenta argumentos que demonstram a impossibilidade dos cientistas
de decidirem acerca de teorias rivais baseados em algum critério partilhado e inequívoco, e que, na
ausência de tal critério, elementos exteriores à ciência influenciariam na escolha. No entanto,
afirmações como estas renderam a Kuhn o título de irracionalista e subjetivista, pois, segundo seus
críticos, as disputas teóricas deviam ser pautadas em argumentações persuasivas de caráter lógicoracionais, e não em critérios “aleatórios” de cada cientista. Assim, seguindo a réplica de Kuhn, o
seguinte trabalho mostrará que, diferentemente do que asseveram seus críticos, a escolha teórica
tem sim critérios racionais de decisão e que estes se aplicam nos momentos devidos, mas que
apenas eles, por sua própria natureza, não são suficientes para dar conta da escolha entre teorias
diferentes. A natureza pouco precisa e a ausência de uma escala hierárquica capaz de priorizar
certos critérios em determinadas situações evidencia porque e como as regras de escolha teórica
são inevitavelmente carentes de interpretação individual por parte de cada cientista envolvido no
processo, o que, segundo Kuhn, longe de priorizar a subjetividade sobre a objetividade, aponta a
inevitabilidade da primeira mediante os limites da segunda. Ainda assim, ao suprirem as limitações
das próprias regras de escolha com opiniões pessoais sobre qual interpretação ou relações de peso
devem ser atribuídas a cada uma delas, os cientistas aplicam as regras de acordo com sua visão de
mundo, o que, mesmo sendo um complemento de caráter subjetivo, não se opõe à objetividade
almejada pelos filósofos da ciência, pois esse complemento faz parte da interpretação particular,
mas nunca aleatória ou irracional, de cada cientista. Kuhn sugere ainda que a variabilidade de
interpretações por parte dos cientistas sobre os critérios de escolha normalmente aceitos
desempenha um papel essencial quando se trata da exploração de teorias alternativas que, sem
terem suas potencialidades desenvolvidas por um grupo de cientistas que as escolheram ao
diferirem sobre a interpretação das regras de escolha, seriam imediatamente descartadas. As
diferenças individuais de cada cientista desempenham, portanto, um papel de vital importância
para o avanço científico, sem o qual este estaria sujeito a estagnação, e ainda assim sem
comprometer o caráter racional da ciência no processo.
Palavras-chave: ciência; escolha teórica; objetividade
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DA TEORIA DA CONSCIÊNCIA DE DANIEL
Luiz Pedro e Silva Neto.
Universidade Federal do Maranhão.
[email protected]
Resumo:Em seu último livro (“SweetDreams: PhilosophicalObstaclesto a Science ofConsciousness”),
Daniel Dennett, importante filósofo e cientista cognitivo, por suas teorias apresentadas em filosofia
da mente, nos apresenta alguns obstáculos para uma teoria científica da consciência. Em tal obra,
Dennett aborda tanto questões já antigas na área, como novos impasses, e novos pontos de vista
para tais questões. O filósofo se refere à consciência como sendo a nossa capacidade de elaborar
narrativas sobre o que ocorre em nossas mentes, além disso, afirma que a consciência pode e deve
ser teorizada numa perspectiva de terceira pessoa. Para embasar sua teoria, Dennett formula o
método da heterofenomenologia, que é uma reconstrução de relatos subjetivos, que retira o foco
de primeira pessoa, possibilitando uma interpretação a partir de uma perspectiva de terceira
pessoa. Tal teoria desconstrói a ideia de acesso privilegiado aos próprios conteúdos mentais, que
vem sendo afirmada desde os primórdios da filosofia, o que faz da postura algo inovador e ousado.
No livro supracitado, o autor volta ao ponto da heterofenomenologia para responder e rebater
questões colocadas por outros filósofos, acerca de seu método. Outro aspecto a ser considerado é
como Dennett trata a questão dos qualia, sustentando que estes não existem. Para ele, os
sentimentos de si só existem na medida em que são reportados pelo sujeito que os tem, ou seja,
em uma perspectiva de segunda ou terceira pessoa. Dito isto, pretende-se explanar acerca das
novas posturas apresentadas por Dennett e suas resoluções para antigos problemas, bem como,
concordando com o autor, mostrar soluções para os entraves filosóficos para se construir uma
ciência da consciência. Por fim, são realizadas algumas conclusões a partir da exposição efetuada.
Efetivou-se uma pesquisa bibliográfica fundamentada em textos de Daniel Dennett (1991, 1997,
2006, 2006a) e de João de Fernandes Teixeira (1990, 1994, 2000, 2005, 2008, 2008a) para o
presente trabalho.
Palavras-chave: Consciência; Daniel Dennett; Filosofia da Mente.
RUPTURAS E DESCONTINUIDADES DAS CIÊNCIAS DO SÉCULO XX A PARTIR DA EPISTEMOLOGIA DE
GASTON BACHELARD
Maria Helena Soares
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
[email protected]
Resumo: Em fins do século XIX e início do século XX, em meio às descobertas das geometrias não
euclidianas, da teoria da relatividade de Albert Einstein e da mecânica quântica, Gaston Bachelard
afirmou que a filosofia deveria acompanhar esse novo espírito científico. O filósofo de Bar-sur-Aube
notou que as antigas filosofias da ciência, voltadas para a teoria do conhecimento, não eram
capazes de compreender tais novidades, e propôs uma epistemologia adequada as revoluções da
ciência. Um pensamento voltado para o que estava acontecendo nos laboratórios, que libertasse o
conhecimento científico das teorias positivistas de Auguste Comte, da experiência como único
critério de verdade e, ainda, do racionalismo puro, a fim de romper com as fronteiras
epistemológicas. A ciência, como observa Bachelard, não acumula conhecimento, mas, nega
princípios e rompe com teorias antes determinadas como indubitáveis, nasce da complexificação
das teorias tradicionais. A primeira e indispensável ruptura se apresenta no distanciamento do
conhecimento científico, das influências do senso comum. O objeto do conhecimento da ciência
não é dado, mas, sim, construído. Essa construção se dá através de uma valorização do erro, é
através das retificações dos erros que a ciência se constrói constantemente. Para isto, Bachelard
afirma ser necessário fazer uma história julgada das ciências. Mediante a necessidade de estar
sempre se refazendo, se retificando, a história das ciências deve ser estudada do presente para o
passado. Essa recorrência histórica permite ao filósofo do não afirmar que o progresso das ciências
é descontínuo e se faz sempre em momentos de rupturas. Deste modo, a novidade do pensamento
bachelardiano está nos conceitos de ruptura, retificação e recorrência histórica. O presente
trabalho pretende, portanto, analisar as principais teses epistemológicas propostas pelo filósofo do
novo espírito científico, bem como suas contribuições para a construção de novas possibilidades
para se pensar as ciências.
Palavras-chave: epistemologia, rupturas, retificação, história recorrente.
O LUGAR DE TODOS OS LUGARES
Natalia Pereira Pinheiro
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
Resumo: Propõe-se defender a autenticidade do silencio, a partir da analise sobre a concepção de
mundo e sua relação com a suspensão dos problemas da vida dentro da experiência mística,
subjacente ao livro Tratactus Lógico-Philosophicus., datado de 1921, do filosofo austríaco Ludwig
Wittgenstein (18891951﴿, guiando-se pela pergunta: o que é o mundo? O que é a experiência de
totalidade do mundo dentro do místico? O Tratactus Lógico-Philosophicus é uma denuncia contra a
tradição filosófica que se equivocou quanto à lógica da linguagem, ao teorizar sobre coisas que não
estão no mundo, mas fora dele ou no seu limite, estraçalhando-se nos muros que separam o que
pode e o que não pode ser dito. É um absurdo que as proposições metafísicas tenham pretensão de
verdade, pois, embora os enunciados possuam sentido e representação, não há uma referencia.
Sem o mundo efetivo, tomado como a totalidade dos estados de coisa que realmente existem, ou
seja , podem ser verificadas, qual o critério de verdade? Será que não foi por uma preocupação
com a verdade que Descartes saltou do sujeito pensante para o mundo? Para Wittgenstein, as
únicas proposições validas são as das ciências naturais, por não se lançarem para alem do que pode
a linguagem. No último aforismo do Tratactus, todo o livro parece se transfigurar em um soturno
convite ao silencio. Mas o que é esse silêncio, um simples não poder falar, ou um posicionamento
diante de coisas que moram onde só a vivencia e o mostrar podem tocar? A linguagem, nesse
contexto, tem a função de refletir o mundo, reproduzir imagem, referenciá-lo, logo, ela só pode
dizer acerca do mundo e tudo que o ultrapassa esta fora do alcance do dizível, no entanto, segundo
o filosofo austríaco, nem de longe as ciências naturais tocam os genuínos problemas da vida, assim
é preciso entende o sentido do silencio, esclarecer os limites da linguagem/mundo e,
reciprocamente, encontrar o ponto onde todas essas coisas convergem, no lugar de todos os
lugares, o místico.
Palavras-chave: mundo, silêncio, místico, linguagem.
LINGUAGEM PRIVADA E QUALIA: ENTRE A FILOSOFIA DA MENTE E A PSICOLOGIA FILOSÓFICA DE
WITTGENSTEIN
João Paulo M. de Araújo
Universidade Federal de Pernambuco
[email protected]
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo tornar claro uma sutileza existente acerca daquilo
que ficou conhecido como argumento da linguagem privada referente ao pensamento de
Wittgenstein e que fora situado em sua obra investigações filosóficas e, por conseguinte, o que
posteriormente surgiu na filosofia da mente contemporânea sob o nome de qualia (estados
fenomênicos subjetivos e qualitativos de consciência). Tal argumento, a saber, o da linguagem
privada, encontra-se entre os parágrafos 243 até o 315, como classicamente fora delimitado e
também de forma não totalmente esboçada num texto de 1968 editado por Rush Rhees
intitulado: Notes for Lectureson "Private Experience" and "Sense Data". Já o debate acerca do
problema dos qualiapodemos encontrar em papers clássicos como os de Thomas Nagel (Whatis it
liketobe a bat? 1974) e Frank Jackson (EpiphenomenalQualia 1982). Esta sutileza que pretendemos
tornar clara é a existente entre tudo o que pertence ao âmbito da nossa linguagem, isto é, tudo que
está permeado por uma rede conceitual, necessariamente inferencial, que nos permite falar das
coisas, inclusive das nossas sensações e vivências; e em contra partida, aquilo que jaz por trás da
nossa linguagem, isto é, a atividade qualitativa fenomênica de uma dada percepção do qual temos
o sentimento que só nós possuímos e mais ninguém. Numa leitura apresada do argumento da
linguagem privada em Wittgenstein, temos a impressão que ele está negando que existam tais
entidades fenomênicas de consciência, por isso muitas vezes ele já fora acusado de behaviorista,
mas o que está em questão para o filósofo austríaco não é se existem ou não tais estados de
consciência e sim que, toda e qualquer forma de nos referirmos a essas entidades se dão no âmbito
do que é público, não existe nada de privado em nossa linguagem e, por conseguinte, em nossas
sensações, uma vez que estas podem se fazer compreender por um outro que domine um dado
jogo de linguagem, que esteja imerso no interior de uma forma de vida (lebensform), pois o que
está em questão é o uso que fazemos da nossa linguagem. Por outro lado, não se trata de passar
uma navalha nos qualiacomo fizera o verificacionismo do Circulo de Viena ou o materialismo
eliminativo dos Churchlands onde, se uma proposição não pode ser verificada então ela é sem
sentido, uma pseudo-questão pra ser mais exato, uma vez que neste espírito, quem diz o que é o
caso em última estância é a ciência e neste sentido preciso, a neurociência. Por isso a necessidade
de desfazer essa confusão conceitual que temos acerca do argumento da linguagem privada, onde
muitas vezes este é confundido com o problema dos qualia, o intuito aqui, como já fora aludido, é
dar a cada um a problemática que lhes cabe. Por fim, o presente trabalho revela-se como um
capítulo da pesquisa PIBIC 2010-2011 intitulada: O argumento da linguagem privada em
Wittgenstein: uma tentativa de reconstrução lógica; sob a orientação do prof. Fernando Raul de
Assis Neto.
Palavras-chave: linguagem privada,qualia, filosofia da mente.
A SEPARAÇÃO CONSUMADA E O PRISMA ESQUIZOANALÍTICO
Henrique Rocha de Souza Lima
Universidade Federal de Ouro Preto
[email protected]
Resumo: O trabalho parte da conceitualização de Espetáculo tal como aparece no primeiro capítulo
de A Sociedade do Espetáculo, de Guy Debord, intitulado A separação consumada, para tornar
evidente uma problemática entre Subjetividade, Poder e Filosofia. Em linhas gerais: o problema de
uma expropriação do tempo e do campo simbólico dada pelas máquinas discursivas das sociedades
industriais. Dado o diagnóstico da teoria crítica de Debord, pretendo abordar o instrumental
conceitual que constitui a esquizoanálisede Deleuze e Guattari, como uma resposta filosófica sobretudo em seu aspecto político - à altura de uma teoria crítica radical e atual como a de Debord.
Em 1967, Debord “diagnostica” sua contemporaneidade como um estágio histórico no qual a
cultura ocidental tem a sua produção simbólica e das práticas em geral determinadas por interesses
econômicos. Afirma sem meios termos que o Espetáculo funciona de modo a operar uma “redução
da vida à economia.”Ao caracterizar o modus operandi do espetáculo como o poder em seu
“emprego do tempo”, Debord confere ao poder um estatuto ontológico. O Espetáculo é o Poder
empregado no tempo; organizado temporalmente, ritmicamente, serializado, em programação
ininterrupta. Em suma, a formatação de subjetividades tem seus modos de organização do tempo.
Temporalidades de assujeitado. Ao constituir modelos que organizam dinamicamente a atuação da
imaginação, o espetáculo não só guia as relações dos indivíduos entre si, como também dos
indivíduos consigo mesmo, situa-se no intervalo entre o indivíduo e o próprio desejo, constituindo
para a produção de subjetividade o que Guattari chama de “um problema ético-estético-políticotecnológico”. Neste sentido, o trabalho pretende apontar aproximações entre o problema deixado
pela teoria crítica de Guy Debord e o aparato conceitual de Deleuze e Guattari enquanto uma
espécie resposta teórica à altura do problema. Por meio da aproximação, ressaltar o esboço de uma
micropolítica dos discursos através da incidência dos conceitos esquizoanalíticos sobre zonas
problemáticas da dualidade política/discursos nas sociedades industriais; e ainda afirmar a
relevância de uma filosofia que se esforça em pensar e criar imagens de pensamento e
racionalidade que não os submete necessariamente aos modelos de recognição, de identificação de
semelhanças, de causa e efeito e quaisquer outros critérios de validade universal, quando esses
modelos se mostram perversamente vinculados a interesses e conveniências de grupos
econômicos. Como eixo destas articulações: a arte e o poder da experiência estética.
Palavras-chave: sociedade do espetáculo, esquizoanálise, estética e política.
A OBJEÇÃO DA EXPLANABILIDADE À TEORIA DA IRREDUTIBILIDADE DA CONSCIÊNCIA DE JOHN
SEARLE.
José Gladstone Almeida Júnior
Jirlene Ramoniela Silveira Bezerra
Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri
[email protected]
Resumo: Segundo Searle, toda a dificuldade do problema mente e corpo advém de um erro
presente já em Descartes. Com a tradição cartesiana de compor o mundo sob a égide de duas
substâncias, a saber, uma material e outra imaterial, herdamos consequentemente um vocabulário
que nos induz sempre a associar uma completa divergência entre estes dois tipos de coisas. Somos,
segundo o autor em sua obra A redescoberta da mente, “historicamente condicionados” a refletir
sobre o problema a partir de um prisma que denuncia esta total oposição entre uma e outra
categoria. A atribuição da categoria material a um objeto implicaria na nulidade deste mesmo
objeto pertencer à categoria imaterial. Esta aparente oposição que muitas vezes se torna mais
plausível através da análise da morfologia das palavras é, de acordo com Searle, o primeiro erro no
estudo da mente. Sua posição aponta para o fato de que fenômenos considerados sob o mesmo
aspecto podem ter características tanto físicas como mentais. Ser algo físico não elimina o aspecto
mental de um fenômeno, em outras palavras, o fato de ser um fenômeno físico não implica na
impossibilidade deste mesmo fenômeno ser também mental. Esta reformulação da compreensão
das características físicas e mentais derivadas desde a tradição cartesiana, que são de fundamental
importância para o problema mente-corpo, é um ponto central desta posição adotada por John
Searle e denominada por ele de naturalismo biológico. Entre as teses que servem de alicerce ao
naturalismo biológico duas serão tratadas com maior ênfase neste trabalho, são elas: a consciência
é causalmente explicável através de processos neurobiológicos cerebrais; a consciência não pode
ser expressa em termos objetivos. Em outras palavras, a consciência é causalmente redutível a
processos neurobiológicos, porém é ontologicamente irredutível a estes mesmos processos. É nesta
aparente dificuldade da relação entre estas duas teses que surge o questionamento da
explanabilidade, pois ao que parece a consciência pode ser explicada, porém não pode ser
exprimida em termos objetivos. O objetivo desta comunicação é explanar sobre o naturalismo
biológico, em especial sobre a irredutibilidade ontológica e a redutibilidade causal da consciência, e
sobre a objeção da explanabilidade.
Palavras-chave: problema mente-corpo, irredutibilidade da consciência, John Searle.
O SISTEMA FECHADO DA TEORIA AUTOPOIÉTICA: UMA ANÁLISE EPISTEMOLÓGICA DO
DETERMINISMO NÃO-REDUCIONISTA E DA CONTINGÊNCIA NÃO – EXTREMAMENTE –
RELATIVISTA
Claudia Castro de Andrade
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
[email protected]
Resumo: A hermenêutica em torno do conhecimento é fundamental para avaliarmos, por exemplo,
o uso de nossos conceitos, isto é, a forma como produzimos e reproduzimos conceitos e o método
que utilizamos para conceituarmos as coisas. Nesse sentido, podemos considerar, por um lado, a
idéia de um conhecimento que ocorre de forma mediata, ou seja, com a interferência de algo
externo ao observador. Sob esse aspecto (mediatista), pode-se entender um sujeito que apenas
descobre as coisas, sendo, pois, passível em relação às essências imutáveis, as quais ele, inclusive,
não pode alterar. Por outro lado, podemos considerar um conhecimento imediato, sem a
interferência externa entre a realidade e o homem, sendo ele então o construtor e construto dessa
mesma realidade, na medida em que sua observação é livre de qualquer mediação. Desse modo,
nesse segundo caso, a apreensão humana possuiria uma autonomia ilimitada e sua percepção da
realidade ocorreria numa contingência cíclica de definição e autodefinição através de uma total e
completa imanência. Mas, podemos pensar também uma terceira via para essas conclusões.
Podemos considerar, por exemplo, um conhecimento mediato, mas que mesmo sendo mediado
por fatores externos ao próprio sujeito, seja, ao mesmo tempo, construído, resguardando, desta
forma, a atividade humana no processo cognitivo. Nisto implica dizer que, mesmo havendo certo
determinismo, não necessariamente, deixaríamos de ser livres. É claro que a idéia de imanência
total e completa é certamente tentadora, ainda mais para nós, seres humanos, que primamos tanto
por liberdade. Porém, podemos considerá-la também como uma inspiração romântica, não
condizente e coerente com a realidade do próprio homem, enquanto um organismo inescapável e
inegavelmente biológico. A imanência total, assim como o relativismo extremo, anula-se a si
mesma, pois ao abarcar todas as possibilidades de vida, abarca também a possibilidade de não
existir vida, que resulta numa simetria em que não se pode conceituar coisa alguma, haja visto que
qualquer tentativa de definição torna-se fugidia. Em contrapartida, o determinismo considerado
neste trabalho não pressupõe um determinismo naturalista ou metafísico, como uma natureza
física universal nem como uma metafísica a priori. Em outras palavras, a questão considerada aqui
não é, portanto, nem física nem metafísica, mas biológica. Para a composição deste trabalho conto,
sobretudo, com o aporte teórico de Humberto Maturana e Francisco Varela, em relação à Teoria da
Autopoiesis.
Palavras-chave: determinismo, relativismo, epistemologia.
AS DISTINÇÕES E APROXIMAÇÕES ENTRE ARTE, RELIGIÃO E FILOSOFIA E FILOSOFIA E CIÊNCIA
Emerson de Souza Leão
Universidade Federal do Ceará – UFC
[email protected]
Resumo: A presente pesquisa tem como ponto de partida a dúvida quanto à possibilidade de se
chegar a um acordo relativo a um conceito de filosofia. A pergunta: o que é filosofia? É muito difícil
de responder, não existe um conceito pronto e acabado sobre o que é filosofia, o conceito varia
quanto a cada filósofo ou corrente filosófica, mas também em relação a cada período histórico. A
pesquisa partirá de determinações do conceito de filosofia fornecidas por reconhecidamente
grandes filósofos como Husserl, Hegel, Platão e Aristóteles. Os objetivos da pesquisa são fazer a
distinção entre filosofia e religião, filosofia e arte e filosofia e ciência, e mostrar também onde esses
saberes se aproximam para que possamos delimitar fronteiras entre eles. Tentaremos mostrar que
a distinção entre a filosofia e a ciência está na proximidade da filosofia com a arte e com a religião,
assim como a diferença entre filosofia, arte e religião está na proximidade da filosofia com a
ciência, e que o contraste não reside no conteúdo dos saberes, e sim como é colocado este
conteúdo, e que a semelhança entre os saberes é que todos tratam do universal, mas a sua
maneira. Como fonte de pesquisa teórica nos basearemos em duas obras principais, ou seja, o livro
O que é filosofia? Gilles Deleuze e Félix Guattari e O que é filosofia? Ernst Tugendhat.
A
metodologia seguida será a Hermenêutica. Através de pesquisa bibliográfica unida à uma
interpretação reflexiva e sistemática.
Palavras-chave: Filosofia, religião, arte, ciência.
WITTGENSTEIN: A FILOSOFIA ENQUANTO MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO
Katianne Almeida Gomes
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
Resumo: O referido trabalho tem como pretensão abordar algumas problemáticas relacionadas às
questões filosóficas relatadas por Wittgenstein em sua obra “Investigações Filosóficas” na intenção
de se repensar os aspectos e os problemas relacionados à linguagem a partir de uma posição que
considera a filosofia enquanto um método de investigação. O objetivo é tornar explicita a
linguagem referente à realidade e suas considerações, dando assim um real significado e sentido
para a vida. Sendo necessário esclarecer os problemas referentes ao contexto e suas
particularidades. Propondo uma análise reflexiva acerca da Filosofia enquanto método de
investigação e do conceito de “Jogos de Linguagem”.A partir daí, entende-se que o pressuposto do
significado é resultado da prática. Não se procura mais nesse momento entender a linguagem para
desvendar seu significado, mas ao contrário, busca-se investigar seu uso. Negando-se uma função
primordial e única da linguagem. A linguagem aqui mencionada é tomada como utilizável e
funcional, a relação que se dava ao nome e coisa não era suficiente na perspectiva de Wittgenstein.
Por existir uma variedade de significados na linguagem e várias maneiras de aplicá-la na vida
curricular, há de certo modo uma infinidade de “jogos de linguagem,” onde se dá a justificação de
cada um dentro do contexto em que o individuo utiliza.Na análise sobre a linguagem descrita nas
Investigações filosóficas, onde estão redigidos seus pensamentos mais recentes, Wittgenstein
empregou a expressão “jogos de linguagem” para caracterizar a nossa linguagem, considerando
suas diversas faces. Não sendo entendida como algo completo e autônomo que pode ser
investigado sem levarmos em conta outros aspectos, pois ela esta entrelaçada aos nossos
comportamentos e práticas. Para Wittgenstein, os usos que fazemos das palavras carregam os
conteúdos de nossas vivencias, nossas práticas no trabalho, nos estudos, na relação com as outras
pessoas e com nós mesmo.
Palavras-chave: linguagem, método, jogos, filosofia.
DICOTOMIA ENTRE FICÇÃO E HISTÓRIA: UMA QUESTÃO DE FILOSOFIA DA LINGUAGEM
Aline de Almeida Moura
Faperj/UERJ e UFF
[email protected]
Resumo: Um dos conceitos mais importantes para se pensar a literatura Ocidental é o de mimesis,
entendido genericamente como a ação ou faculdade de imitar, cópia, reprodução ou representação
da realidade exterior ao texto ficcional. Esse conceito, instituído desde a Antiguidade através do
pensamento principalmente de Platão e Aristóteles, vem sendo repensado e, por vezes,
abandonado na teoria literária contemporânea, embora seja um dos primeiros conceitos a
diferenciar a poesia da História. Nas palavras de Aristóteles “não diferem o historiador e o poeta
por escreverem verso ou prosa (...) – diferem, sim, em que um diz as coisas que sucederam, o outro
as que poderiam suceder. (ARISTÓTELES, 1973, p. 451), ou seja, a poesia representa o que poderia
ter acontecido na realidade. Contudo, como ressalta Costa Lima, “a teorização grega de mimesis
supõe uma relação prévia entre linguagem e realidade (LIMA, 1980, p. 8), relação essa que vem
sendo debatida nas teorias filosóficas contemporâneas. Essa mudança acerca da relação entre
linguagem e real se radicaliza na segunda metade do século XX quando a filosofia da linguagem
começa a questionar seriamente a perspectiva de que a linguagem serve apenas para se referir a
um mundo exterior e que existe independentemente de nosso pensamento (cf.: PALÁCIOS, 1995).
Na contemporaneidade se vive uma crise epistemológica, questionando-se conceitos tidos como
fundamentais para o paradigma racionalista/ positivista como o de verdade, real, o senso comum,
etc. Essas categorias passam a ser vistas como construções sociais, mantidas através de relações de
poder dentro da sociedade. Nessa perspectiva, a linguagem deixa de ter a capacidade de dizer
fidedignamente algo sobre o real. O que há são modelos representacionais da realidade
construídos através do discurso (cf.: BOURDIEU, 1996). O conceito de mimesis passa a ser utilizado
para designar tanto as representações ficcionais literárias quanto as do cotidiano, já que estas
também são criações a partir de um determinado paradigma de realidade. Nesse sentido, a grande
questão desse trabalho é como a concepção de mimesis se articula com essa mudança
paradigmática acerca da relação entre a linguagem e o real, questionando-se a partir do impasse
existente entre a relação de como era concebido na Antiguidade com um novo modelo explicativo
para o mundo, a partir das questões sobre a linguagem e a sua articulação com o real.
Palavras-chave: Filosofia da linguagem, Real, Mimesis, Ficção, História
MATÉRIA E MEMÓRIA: UMA HERMENÊUTICA CARTESIANA E UMA
A DURAÇÃO EXPRESSA NA ESCRITA DE HENRI BERGSON
Emerson Fernandes
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
[email protected]
Resumo: Muitos opositores de Bergson afirmavam que o grande sucesso da sua Filosofia
sustentava se unicamente no fato do filósofo ter desenvolvido um estilo literário singular, que se
propaga sorrateiramente como uma voz musical que persuade seus leitores mais pela forma do que
pelo conteúdo dos seus escritos. Mas os que esses senhores doutos da inteligência - ou também
conhecidos como os “donos da razão suprema”- jamais “perceberam”, é que o grande mérito desse
exímio francês reside exatamente nessa crítica. A forma da sua bela escrita expressa de maneira
única o “Elã vital” responsável pela criação de tudo o que é vivo, e que não pode ser compreendido
pelo viés racional. O pensamento deste filósofo é uma crítica as formas de determinismo que
tentam de todo modo transformar o homem em um mero objeto de estudo. a sua Filosofia é uma
afirmação da liberdade humana frente as vertentes científicas e filosóficas que querem reduzir e
aprisionar a dimensão espiritual do homem em leis previsíveis e manipuláveis, análogas as leis
naturais, biológicas. Através de uma inversão feita sobre o kantismo, ele destaca a importância do
papel da “Intuição” ao lado da “Razão”. Seu pensamento está fundamentado na afirmação da
possibilidade do real ser compreendido pelo homem através da “Intuição” da “Duração”. Estas duas
palavras são os pilares que fundamentam todo o seu trabalho. A grandiosidade do seu estilo - que
inclusive lhe permitiu ganhar o prêmio Nobel de literatura em 1928 - é sem dúvida alguma uma
característica peculiar que o diferencia dentro de toda a tradição filosófica. E é justamente sobre
esse ponto que esse presente trabalho visa apresentar, destacando algumas importantes passagens
do autor, o estilo literário criado por Henri Bergson para expressar de maneira singular e poética a
sua idéia de “Duração”.
Palavras-chave: Duração, Elã Vital, Razão, Intuição, Escrita, Linguagem.
PROPOSTA DE CONSTRUÇÃO DE UM VOCABULÁRIO BERGSONIANO
Carlos José Galvão Corrêa
Universidade São Bento RJ
[email protected]
Resumo: Para entender o conceito na obra de um filósofo, é necessário interpretá-lo por seu
próprio texto, olhar este que nos parece a verdadeira epochéhusserliana. Assim, com a proposta de
entender o conceito de memória na filosofia de Bergson com base em seu próprio texto, com olhos
desprovidos de julgamentos e pré-conceitos, este trabalho descreve o processo de construção de
um vocabulário para auxílio no ensino sobre esse filósofo. Para que assim possa realmente abordálo, abrindo mão de todos os conhecimentos anteriores, não se dirá quem é Bergson, o que fez e
nada sobre quando viveu, com quem está dialogando. Será montado um vocabulário que ajude a
esclarecer as proposições de Bergson sobre a memória, tomando por base exclusivamente o texto
completo de seu livro Matéria e memória. Busquei uma ferramenta que me permitisse ler Bergson
à luz de uma ótica desprovida do sujeito EU. Já que ele (o meu sujeito: EU) me impede de
prosseguir sem ser tendencioso nas avaliações e interpretações, tratei o texto como se compusesse
um sistema de bancos de dados lexicais. Desmembrei informações textuais em partes cada vez
menores, codificando-as para serem reagrupadas num texto maior. Minha hipótese e desafios são:
(1) analisar o texto sem interferência de minha carga cultural; (2) construir uma base para trabalhar
com esse livro em sala de aula; (3) entender o conceito de memória em Bergson. Com a ajuda do
computador e de um sistema de análise lexical, busquei retirar minha interferência, pois cada vez
que se lê, se coloca uma carga individual sobre o texto, uma nova interpretação. Nossa busca será
compilar, por meio daquilo que chamaremos hermenêutica cartesiana associada a um processo de
lexicografia computacional, um vocabulário bergsoniano. O texto foi importado por meio de um
programa de reconhecimento de caracteres para um editor de texto e foram retiradas as notas de
rodapé, cabeçalhos e indicações de parágrafo. O resultado foi um texto único, com 73.749 palavras
e apenas um parágrafo, no qual 45 palavras ocorreram mais de 50 vezes. Desse conjunto, se
retiraram conjunções, advérbios, verbos, pronomes e as palavras que representavam dúvida pois se
diferençavam apenas pela flexão de número. As 34 palavras resultantes (apenas substantivos)
foram transformadas em código do tipo MM99. O banco de dados foi carregado com 2.592
orações. A seleção automática pelas palavras ‘matéria’ e ‘memória’ resultou em 361 orações que as
contêm. Lendo cada oração e entendendo os códigos, a primeira palavra que apareceu foi ESPÍRITO
(MM10). Foram selecionadas e listadas 133 abonações de ESPÍRITO (MM10). Construiu-se assim a
nominata e o conteúdo de 34 entradas. Entende-se que, desse modo, a análise, ou seja, o
desenvolvimento do trabalho, seguiu na direção de seu objetivo de interpretar o texto e não o
autor, com a produção automatizada de um vocabulário bergsoniano de 34 palavras para ser usado
como apoio em cursos sobre Bergson, memória e filosofia
Palavras-chave:Bergson, vocabulário, memória.
A ANÁLISE DE MERLEAU-PONTY DA TEORIA DOS MUNDOS-PRÓPRIOS DE JAKOB VON UEXKULLA
Elaine Cristina Borges de Souza
Universidade Federal do Espírito Santo
[email protected]
Resumo: Jakob vonUexküll (1864-1944), importante biólogo estoniano, foi uns dos pioneiros da
etologia e da biossemiótica. Mas sua investigação mais notável foi a teoria de Umwelt, traduzido
aqui por mundo-próprio, que é o mundo de ação e percepção de um dado organismo vivo. O termo
mundo-próprio pode ser aplicado para destacar as diferentes formas de agir e de perceber no
mundo. Para Uexküll, todo organismo vivo no mundo tem um mundo-próprio que é a composição
entre seu mundo-de-percepção (sistema receptor) e mundo-de-ação (sistema efetuador). Cada
organismo tem um mundo-de-ação e um mundo-de-percepção distintos; logo, diferentes
organismos têm diferentes mundos-próprios e diferentes formas de agir e de perceber no mundo.
Na busca de fundamentar uma filosofia da natureza, nos cadernos de notas das aulas proferidas no
Collège de France, reunidas posteriormente no livro “A Natureza”, Merleau-Ponty descreve a teoria
dos mundos-próprios e logo adiante faz uma análise das consequências filosóficas da noção
proposta por Uexküll. Segundo Merleau-Ponty, no organismo podemos identificar duas coisas: sua
estrutura fisiológica e a subjetividade e é a interação entre essas duas partes que possibilita ao
organismo ter um modo específico de significar, representar as coisas no mundo e agir conforme
essa representação. Este trabalho pretende fazer uma análise da leitura que Merleau-Ponty faz da
teoria dos mundos-próprios enquanto alternativa às concepções dualistas da relação entre a
fisiologia de um organismo e sua subjetividade.
Palavras-chave: Merleau-Ponty, Uexküll, fisiologia, subjetividade
O CARÁTER SUBJETIVO DA EXPERIÊNCIA EM THOMAS NAGEL
François André da Silva Marques
Universidade Federal do Ceará
franç[email protected]
Resumo: Neste trabalho, iremos mostrar as dificuldades enfrentadas pela filosofia da mente.
Abordaremos a questão da consciência como desenvolvendo um papel fundamental no estudo
sobre o mental. Falaremos, de acordo com Thomas Nagel, sobre as dificuldades enfrentadas para
se abordar, ou melhor, para se desvendar o problema mente-corpo. Falaremos sobre a crítica do
autor referente às diversas correntes filosóficas, tais como o funcionalismo. Tendo como objetivo
divulgar um tema imprescindível na história da filosofia. Buscaremos expor as idéia que este autor
nos reportou, explicitando o grau de importância que o tema tem no estudo filosófico.
Enfatizaremos a questão da consciência subjetiva como um problema ainda sim insolúvel nos
estudos, tanto empírico como teórico. Objetivando com isso ampliar os conhecimentos acerca
dessa corrente filosófica, ou seja, aumentando a sapiência dessa corrente inovadora e complexa.
Exporemos através do texto Como é ser um morcego?(Whatis it liketobe a bat?) o caráter subjetivo
da experiência, ou seja, a experiência subjetiva como sendo fundamental para obtermos
conhecimento acerca de como é ser algo. Entramos, então, na questão da consciência que também
será abordada na apresentação do trabalho. Exporemos a sua relação para com o mundo e qual
seria a sua dificuldade em apreender sobre como é ser como um determinado indivíduo. No que
tange ao conhecimento, ou melhor, da relação subjetiva e qual seria o ponto principal do seu
estudo. Falaremos dos principais aspectos contidos no texto Como é ser um morcego?(Whatis it
liketobe a bat?) e da conclusão contida em sua exposição. Enfim, nosso propósito é de expor essa
problemática e mostrar o quão é necessário a apresentação de seu texto.
Palavras-chave: Mente, Cérebro, Consciência, subjetividade e experiência.
CONCEPÇÕES ACERCA DA CONSCIÊNCIA INTENCIONAL EM SARTRE
Guilherme da Costa Nobre
Universidade Federal do Ceará
[email protected]
Resumo: Esta comunicação tem como objetivo principal apresentar as concepções estudadas por
Sartre na Fenomenologia e que contribuíram para sua revisão da psicologia ou do “Objeto
psíquico”. Além disso, iremos realizar uma síntese de suas críticas aos neokantianos e ao
psicologismo acerca da consciência como um inconsciente. Em relação à constituição do Ego,
focaremos nossos esforços somente nas criticas ao Eu transcendental com intuito de demonstrar, à
luz do pensamento sartriano, em que medida este conceito pode ser nocivo para a consciência
(esta que nada mais seria do que pura intenção). Analisaremos também as concepções
fenomenológicas que caracterizam a consciência que, cujo objeto é transcendente, se coloca
totalmente em oposição à filosofia imanente que atingia seu apogeu na época. Dentre elas
encontram-se a translucidez da consciência (movimento pelo qual a intenção que alcança o objeto
é consciente deste processo e de si mesma) e a intencionalidade, que lança no mundo aquilo que,
“sem desonestidade”, não poderia estar em nós. Por fim, iremos expor as objeções de Sartre à
presença material do Eu, e como este, enquanto opaco, não poderia estar dentro da consciência,
posto que esta fosse um fluxo constante para fora de si. O Ser da consciência, por se caracterizar
em seu aparecer, se determina como pura espontaneidade e a pura translucidez. O Eu opaco, que
estaria na consciência como um unificador, não tem mais necessidade de ser, pois a consciência
que é fluxo e intenção, por si só, desempenharia esse papel. A consciência intencional, (noção que
é advinda das influência da filosofia Fenomenológica de Husserl) é o ponto de partida para que se
possa entender que, embora as coisas estejam no mundo, não estão de nenhuma maneira dentro
de nós, e que nós mesmos estamos no mundo, junto à elas.
Palavras-chave: Intencionalidade; Fenomenologia; Consciência;
O AXIOMA V DE FREGE E O PARADOXO DE RUSSELL
Hendrick Cordeiro Maia e Silva
Universidade Federal do Ceará-UFC
[email protected]
Resumo: O presente texto tem por objetivo explicar como o Axioma V (Lei Básica V), segundo o
qual se os percursos de valores de duas funções são iguais, então o valor da primeira função para
um argumento qualquer é sempre o mesmo que o da segunda função, e vice versa, isto é,(´.F =
´.G)
≡ ∀x (Fx = Gx), apresentado em Grundgesetze der Arithmetik e utilizado por Frege em sua
definição lógica de número, permite a elaboração da antinomia de Russell, ou seja, x pertence a R
se, e somente se, x não pertence a R. Em primeiro lugar, mostrar-se-á como a substituição do par
sujeito x predicado pelo par argumento x função possibilita ao lógico alemão entender o número na
linguagem (visto que ele rejeita o empirismo e o psicologismo), por meio da tese segundo a qual o
número deve ser compreendido no contexto da proposição. Esta, por sua vez, como mencionado
acima, divide-se em argumento x função; tal função, para Frege, é de um tipo especial: uma função
cujos valores são valores de verdade, isto é, na linguagem fregiana, um conceito. Em seguida,
apresentar-se-á como Frege, atribuindo ao conceito o status de verdadeiro portador do número,
constrói toda a série dos inteiros não-negativos. Por fim, como a posição filosófica antiformalista de
Frege o leva ao Problema Julio César, que é justamente identificar o objeto número por meio de um
critério geral que constitua uma igualdade entre números, em outras palavras, estabelecer o
sentido da proposição () o número que convém ao conceito F é o mesmo que convém ao conceito
G. O que equivale a reproduzir o conteúdo da proposição () sem, contudo, utilizar-se da sentença
(). Para isso, Frege utiliza o seu Axioma V como fundamento de sua definição logicista de número
concebendo percursos de valores como objetos independentes, particularizando, dessa maneira, a
leitura do axioma para que este se acomode aos seus propósitos. Isto é, o Axioma V assume, assim,
a seguinte forma: duas funções F e G possuem valores iguais se, e somente se, os objetos a elas
associados, seus percursos de valores, são os mesmos. Isso garante a equivalência lógica entre a
igualdade de conceitos e a igualdade das extensões atinentes aos mesmos. Assim, os objetos que
caem sob o conceito F são os mesmos que caem sob o conceito G se, e somente se, as suas
extensões são as mesmas. Extensão de conceito é o objeto que Frege identificará como número.
Constatam-se, então, duas pressuposições, introduzidas no programa de Frege pela adoção do
Axioma V, que possibilitam a formulação da antinomia de Russell: (I) define-se para todo objeto um
conceito e (II) as extensões de conceitos são objetos. Tais pressuposições permitem que extensões
de conceitos pertençam a si próprias, tornando legítima a pergunta que gera o paradoxo, a saber, a
extensão do conceito ‘não pertencer a si próprio’ pertence a si própria?
Palavras-chave: axioma V de Frege, paradoxo de Russell, logicismo.
WITTGENSTEIN: A FILOSOFIA ENQUANTO MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO
Katianne Almeida Gomes
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
Resumo:O referido trabalho tem como pretensão abordar algumas problemáticas relacionadas às
questões filosóficas relatadas por Wittgenstein em sua obra “Investigações Filosóficas” na intenção
de se repensar os aspectos e os problemas relacionados à linguagem a partir de uma posição que
considera a filosofia enquanto um método de investigação. O objetivo é tornar explicita a
linguagem referente à realidade e suas considerações, dando assim um real significado e sentido
para a vida. Sendo necessário esclarecer os problemas referentes ao contexto e suas
particularidades. Propondo uma análise reflexiva acerca da Filosofia enquanto método de
investigação e do conceito de “Jogos de Linguagem”.A partir daí, entende-se que o pressuposto do
significado é resultado da prática. Não se procura mais nesse momento entender a linguagem para
desvendar seu significado, mas ao contrário, busca-se investigar seu uso. Negando-se uma função
primordial e única da linguagem. A linguagem aqui mencionada é tomada como utilizável e
funcional, a relação que se dava ao nome e coisa não era suficiente na perspectiva de Wittgenstein.
Por existir uma variedade de significados na linguagem e várias maneiras de aplicá-la na vida
curricular, há de certo modo uma infinidade de “jogos de linguagem,” onde se dá a justificação de
cada um dentro do contexto em que o individuo utiliza.Na análise sobre a linguagem descrita nas
Investigações filosóficas, onde estão redigidos seus pensamentos mais recentes, Wittgenstein
empregou a expressão “jogos de linguagem” para caracterizar a nossa linguagem, considerando
suas diversas faces. Não sendo entendida como algo completo e autônomo que pode ser
investigado sem levarmos em conta outros aspectos, pois ela esta entrelaçada aos nossos
comportamentos e práticas.Para Wittgenstein, os usos que fazemos das palavras carregam os
conteúdos de nossas vivencias, nossas práticas no trabalho, nos estudos, na relação com as outras
pessoas e com nós mesmo.
Palavras-chave: Linguagem. Método. Jogos. Filosofia.
O LUGAR DE TODOS OS LUGARES
Natalia Pereira Pinheiro
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
Resumo:Propõe-se defender a autenticidade do silencio, a partir da analise sobre a concepção de
mundo, seus limites e sua relação com o sujeito transcendental subjacentes ao livro Tratactus,
datado de 1921, do filosofo Austríaco Ludwig Wittgenstein, guiando-se pela pergunta: Em que
medida compreender os limites do mundo e da linguagem dissolvem os problemas da vida? O
Tratactus Logico-Philophicus é uma tentativa de demarcar o que pode e o que não pode ser dito, a
fim de evitar os equívocos que podem ocorre no percurso investigativo acerca do mundo, para isso,
esclarece acerca da linguagem, entendida como sendo a totalidade das proposições com sentido, e
os fatos do mundo. Para Wittgenstein, as ambigüidades recorrentes nas proposições da filosofia
tradicional, por exemplo, pecam por não referenciarem nada do mundo ou de sua estrutura, e
ainda assim terem pretensão de verdade. Se a proposição não possui referencia, mesmo que haja
sentido e representação, não dar para verificarmos sua verdade ou falsidade, pois, tal conclusão só
é possível em relação ao mundo enquanto estados de coisas efetivas. Segundo o austríaco, é
preciso compreender o mundo/linguagem, e admitir que boa parte dos “problemas” metafísicos
não passam de “pseudos-problemas”. No último aforismo, Wittgenstein faz um convite insinuante
e sentenciador, que se transfigura em um soturno convite ao silêncio, resultante de uma
impossibilidade e posicionamento diante de coisas que moram no âmbito da mostração. Assim para
entender o sentido do silencio e preciso esclarecer os limites linguagem, o que constitui o mundo e
o lugar onde essas coisas convergem, a experiência mística.
Palavras-chave: Mundo, Silêncio, Wittgenstein.
O PROJETO LOGICISTA DE FREGE
Pedro Henrique Gomes Muniz
Universidade Federal do Ceará
[email protected]
Resumo: O principal projeto de Gottlob Frege (1848-1925), e o que ele perseguiu durante quase
toda a vida, foi o que chamamos de logicismo. Frege, que é originalmente um matemático,
acreditou, como muitos filósofos da matemática da chamada escola logicista, que a aritmética
deveria ser analisada de forma que seus axiomas, noções e regras primitivas fossem demonstradas
utilizando princípios puramente lógicos. A aritmética deveria ser entendida, portanto, como um
tipo de ramo da lógica, sendo à esta reduzida. O ponto de partida desse projeto é a idéia de que o
conhecimento aritmético, assim como o lógico, é analítico - não sintético, como proposto por Kant.
Grosso modo, o logicismo de Frege se divide em três etapas. A primeira consiste em fazer um tipo
de tradução da linguagem da aritmética para a linguagem da lógica, mostrando que é possível
definir as expressões daquela pelas expressões desta, e que toda expressão aritmética tem um
correlato em significado com uma determinada expressão lógica. A segunda consiste em monstrar
que tais expressões lógicas, traduções de expressões aritméticas, são deduzíveis de axiomas lógicos
evidentes: trata-se de uma derivação das leis aritméticas pelas leis lógicas. A terceira etapa seria
uma redução ontológica, e consistiria em reduzir os objetos da aritmética a objetos lógicos,
identificando-os. O projeto fregeano apresenta ainda uma parte negativa - que consiste na crítica a
teses opostas ao logicismo, em especial o psicologismo, e uma parte positiva - que se trata do
desenvolvimento e defesa de sua própria teoria. No presente trabalho discutiremos brevemente
este grande projeto de Frege, suas motivações e conseqüências, e como ele terminou em fracasso.
Discutiremos ainda algumas das tentativas atuais de retomada do ideal logicista.
Palavras-chave: Frege, Logicismo, Reducionismo
A ANALÍTICA EXISTENCIAL HEIDEGGERIANA COMO CONDIÇÃO DE POSSIBILIDADE PARA O
EMPREENDIMENTO DA ONTOLOGIA FUNDAMENTAL E O REESTABELECIMENTO DA PERGUNTA
ACERCA DO SENTIDO DO SER
Roberta Ribeiro Cassiano
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
[email protected]
Resumo: Heidegger, em Ser e Tempo, assume a tarefa de reabilitar a pergunta fundamental de
toda ontologia: “Qual o sentido do Ser?”, colocando-a sobre novas bases metodológicas e
assumindo a análise das condições de possibilidade dessas Ontologias. Cabe acrescentar que
Ontologia, porquanto estudo a partir da pergunta “O que é o Ser?” pode ser entendida não só
como história das ontologias filosóficas do Ocidente, mas também como toda e qualquer ciência
enquanto ontologia regional, que questiona o Ser de algum conjunto de entes específicos. No
entanto, tão logo se engaja nesta tarefa conclui que, para isso, é preciso descrever os modos de ser
do ente privilegiado capaz de se fazer esta pergunta. Logo, o projeto da Ontologia Fundamental fica
dependente do avanço na explicitação dos modos de ser do homem para além de toda e qualquer
determinação que o compreenda como um ente entre outros ou, mais especificamente, nos
avanços da descrição dos modos de ser do ser-aí, este ente que a cada vez nós mesmos somos. O
presente trabalho visa explicitar o que Heidegger entende por ser-aí e discutir seus momentos
estruturais, longamente trabalhados na obra supracitada, para compreender em que medida a
própria descrição dos momentos estruturais deste fenômeno representa uma mudança em relação
à metafísica tradicional e subverte a investigação acerca do sentido do ser. Os principais pontos
abordados serão: [1] a consideração do ser-aí como um ente dotado de indeterminação ontológica
originária ou, dotado de caráter de poder-ser; [2] a necessidade de consideração de uma instância
onde o ser aí conquiste as determinações do poder-ser que ele é, o mundo e [3] a relação
inexorável entre estas instâncias no interior da fenomenologia existencial heideggeriana. A
presente investigação pretende, em última análise, esmiuçar o sentido dos principais conceitos da
filosofia de Martin Heidegger tal como se apresenta em seus escritos do final dos anos vinte,
tentando alcançar a relação última destes conceitos com o próprio projeto da Ontologia
Fundamental.
Palavras-chave: poder-ser, ser-aí, mundo, ser-no-mundo
HUSSERL E O CETICISMO
Veridiana ChiariGatto
Universidade Federal Fluminense
[email protected]
Resumo: O projeto para uma ciência fenomenológica ou “ciência do vivido”, tal qual proposto por
E. Husserl (1858-1938), tem profundas imbricações com distintas – e muitas vezes antagônicas tradições filosóficas: a inspiração cartesiana da “regra da evidência”; a influencia aristotélico
tomista mediada por Brentano (1838-1917) acerca da consciência intencional; e, finalmente, a
concepção de epoché, cunhada da filosofia helênica cética, na qual nos deteremos no presente
trabalho. Husserl apropriar-se-á da ideia de epoché de maneira sui generis, como recurso
metodológico que garantirá o deslocamento da atenção da posição de existência dos entes
mundanos para os conteúdos intencionais da consciência. O projeto husserliano, tão autêntico
quanto o encontro das diversas tradições das quais é herdeiro, é impulsionado primordialmente
pela busca da construção de uma filosofia radicalmente nova, pela criação de um método capaz de
promover um conhecimento pleno, apodítico. Husserl identifica, entre seus contemporâneos, a
generalização de um modo de consideração que denominou “atitude natural”, onde estão imersos
tanto o senso comum quanto as ciências naturais. Esta última, levando esta orientação às últimas
consequências, propõe que o conhecimento verdadeiro se de na inferência de leis gerais a partir da
observação sistemática da regularidade dos eventos. Este modo de consideração é, segundo
Husserl, parcial, pois não se propõe a reflexão acerca do enigma da correspondência, que se
expressa, grosso modo, no questionamento sobre a possibilidade do conhecimento dos objetos
transcendentes às vivências cognoscitivas do sujeito. Tal atitude seria nociva à própria filosofia, já
que propõe um conhecimento parcial cujas bases mostram-se assaz frágeis e incorrem no risco
iminente do ceticismo, visto aqui em sua acepção contemporânea, como descrença generalizada na
possibilidade de um conhecimento apodítico. Husserl, em sua necessidade de construir a filosofia
como uma ciência cujos fundamentos encontram-se apoiados em evidências plenas, propõe a
suspensão do juízo sobre a posição de existência dos objetos; Husserl opta pelo o exercício do
recurso metodológico da epoché, primeira etapa de um circuito de operações denominado
“redução fenomenológica”, para que, doravante, o mundo apareça em sua versão reduzida,
promovendo outra atitude: a fenomenológica. Para o ceticismo Pirrônico do período Helênico, o
exercício da epoché estava intimamente ligado a um modus vivendis, isto é, um princípio ético a ser
praticado como hábito virtuoso; para Husserl, o exercício da epoché, apropriado enquanto recurso
metodológico, não se confunde com a pretensão do ceticismo antigo, ainda que, em última análise,
tenha um fundamento ético: propor uma nova atitude, a fenomenológica, e salvar a filosofia da
ameaça do ceticismo em sua acepção contemporânea.
Palavras-chave: Husserl; epoché; ceticismo.
LINGUAGEM PRIVADA E QUALIA: ENTRE A FILOSOFIA DA MENTE E A PSICOLOGIA FILOSÓFICA DE
WITTGENSTEIN
João Paulo M. de Araújo
Universidade Federal de Pernambuco
[email protected]
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo tornar claro uma sutileza existente acerca daquilo
que ficou conhecido como argumento da linguagem privada referente ao pensamento de
Wittgenstein e que fora situado em sua obra investigações filosóficas e, por conseguinte, o que
posteriormente surgiu na filosofia da mente contemporânea sob o nome de qualia (estados
fenomênicos subjetivos e qualitativos de consciência). Tal argumento, a saber, o da linguagem
privada, encontra-se entre os parágrafos 243 até o 315, como classicamente fora delimitado e
também de forma não totalmente esboçada num texto de 1968 editado por Rush Rhees
intitulado: Notes for Lectureson "Private Experience" and "Sense Data". Já o debate acerca do
problema dos qualiapodemos encontrar em papers clássicos como os de Thomas Nagel (Whatis it
liketobe a bat? 1974) e Frank Jackson (EpiphenomenalQualia 1982). Esta sutileza que pretendemos
tornar clara é a existente entre tudo o que pertence ao âmbito da nossa linguagem, isto é, tudo que
está permeado por uma rede conceitual, necessariamente inferencial, que nos permite falar das
coisas, inclusive das nossas sensações e vivências; e em contra partida, aquilo que jaz por trás da
nossa linguagem, isto é, a atividade qualitativa fenomênica de uma dada percepção do qual temos
o sentimento que só nós possuímos e mais ninguém. Numa leitura apresada do argumento da
linguagem privada em Wittgenstein, temos a impressão que ele está negando que existam tais
entidades fenomênicas de consciência, por isso muitas vezes ele já fora acusado de behaviorista,
mas o que está em questão para o filósofo austríaco não é se existem ou não tais estados de
consciência e sim que, toda e qualquer forma de nos referirmos a essas entidades se dão no âmbito
do que é público, não existe nada de privado em nossa linguagem e, por conseguinte, em nossas
sensações, uma vez que estas podem se fazer compreender por um outro que domine um dado
jogo de linguagem, que esteja imerso no interior de uma forma de vida (lebensform), pois o que
está em questão é o uso que fazemos da nossa linguagem. Por outro lado, não se trata de passar
uma navalha nos qualiacomo fizera o verificacionismo do Circulo de Viena ou o materialismo
eliminativo dos Churchlands onde, se uma proposição não pode ser verificada então ela é sem
sentido, uma pseudo-questão pra ser mais exato, uma vez que neste espírito, quem diz o que é o
caso em última estância é a ciência e neste sentido preciso, a neurociência. Por isso a necessidade
de desfazer essa confusão conceitual que temos acerca do argumento da linguagem privada, onde
muitas vezes este é confundido com o problema dos qualia, o intuito aqui, como já fora aludido, é
dar a cada um a problemática que lhes cabe. Por fim, o presente trabalho revela-se como um
capítulo da pesquisa PIBIC 2010-2011 intitulada: O argumento da linguagem privada em
Wittgenstein: uma tentativa de reconstrução lógica; sob a orientação do prof. Fernando Raul de
Assis Neto.
Palavras-chave: linguagem privada,qualia, filosofia da mente.
A SEPARAÇÃO CONSUMADA E O PRISMA ESQUIZOANALÍTICO
Henrique Rocha de Souza Lima
Universidade Federal de Ouro Preto
[email protected]
Resumo: O trabalho parte da conceitualização de Espetáculo tal como aparece no primeiro capítulo
de A Sociedade do Espetáculo, de Guy Debord, intitulado A separação consumada, para tornar
evidente uma problemática entre Subjetividade, Poder e Filosofia. Em linhas gerais: o problema de
uma expropriação do tempo e do campo simbólico dada pelas máquinas discursivas das sociedades
industriais. Dado o diagnóstico da teoria crítica de Debord, pretendo abordar o instrumental
conceitual que constitui a esquizoanálisede Deleuze e Guattari, como uma resposta filosófica sobretudo em seu aspecto político - à altura de uma teoria crítica radical e atual como a de Debord.
Em 1967, Debord “diagnostica” sua contemporaneidade como um estágio histórico no qual a
cultura ocidental tem a sua produção simbólica e das práticas em geral determinadas por interesses
econômicos. Afirma sem meios termos que o Espetáculo funciona de modo a operar uma “redução
da vida à economia.”Ao caracterizar o modus operandi do espetáculo como o poder em seu
“emprego do tempo”, Debord confere ao poder um estatuto ontológico. O Espetáculo é o Poder
empregado no tempo; organizado temporalmente, ritmicamente, serializado, em programação
ininterrupta. Em suma, a formatação de subjetividades tem seus modos de organização do tempo.
Temporalidades de assujeitado. Ao constituir modelos que organizam dinamicamente a atuação da
imaginação, o espetáculo não só guia as relações dos indivíduos entre si, como também dos
indivíduos consigo mesmo, situa-se no intervalo entre o indivíduo e o próprio desejo, constituindo
para a produção de subjetividade o que Guattari chama de “um problema ético-estético-políticotecnológico”. Neste sentido, o trabalho pretende apontar aproximações entre o problema deixado
pela teoria crítica de Guy Debord e o aparato conceitual de Deleuze e Guattari enquanto uma
espécie resposta teórica à altura do problema. Por meio da aproximação, ressaltar o esboço de uma
micropolítica dos discursos através da incidência dos conceitos esquizoanalíticos sobre zonas
problemáticas da dualidade política/discursos nas sociedades industriais; e ainda afirmar a
relevância de uma filosofia que se esforça em pensar e criar imagens de pensamento e
racionalidade que não os submete necessariamente aos modelos de recognição, de identificação de
semelhanças, de causa e efeito e quaisquer outros critérios de validade universal, quando esses
modelos se mostram perversamente vinculados a interesses e conveniências de grupos
econômicos. Como eixo destas articulações: a arte e o poder da experiência estética.
Palavras-chave: sociedade do espetáculo, esquizoanálise, estética e política.
A OBJEÇÃO DA EXPLANABILIDADE À TEORIA DA IRREDUTIBILIDADE DA CONSCIÊNCIA DE JOHN
SEARLE.
José Gladstone Almeida Júnior
Jirlene Ramoniela Silveira Bezerra
Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri
[email protected]
Resumo: Segundo Searle, toda a dificuldade do problema mente e corpo advém de um erro
presente já em Descartes. Com a tradição cartesiana de compor o mundo sob a égide de duas
substâncias, a saber, uma material e outra imaterial, herdamos consequentemente um vocabulário
que nos induz sempre a associar uma completa divergência entre estes dois tipos de coisas. Somos,
segundo o autor em sua obra A redescoberta da mente, “historicamente condicionados” a refletir
sobre o problema a partir de um prisma que denuncia esta total oposição entre uma e outra
categoria. A atribuição da categoria material a um objeto implicaria na nulidade deste mesmo
objeto pertencer à categoria imaterial. Esta aparente oposição que muitas vezes se torna mais
plausível através da análise da morfologia das palavras é, de acordo com Searle, o primeiro erro no
estudo da mente. Sua posição aponta para o fato de que fenômenos considerados sob o mesmo
aspecto podem ter características tanto físicas como mentais. Ser algo físico não elimina o aspecto
mental de um fenômeno, em outras palavras, o fato de ser um fenômeno físico não implica na
impossibilidade deste mesmo fenômeno ser também mental. Esta reformulação da compreensão
das características físicas e mentais derivadas desde a tradição cartesiana, que são de fundamental
importância para o problema mente-corpo, é um ponto central desta posição adotada por John
Searle e denominada por ele de naturalismo biológico. Entre as teses que servem de alicerce ao
naturalismo biológico duas serão tratadas com maior ênfase neste trabalho, são elas: a consciência
é causalmente explicável através de processos neurobiológicos cerebrais; a consciência não pode
ser expressa em termos objetivos. Em outras palavras, a consciência é causalmente redutível a
processos neurobiológicos, porém é ontologicamente irredutível a estes mesmos processos. É nesta
aparente dificuldade da relação entre estas duas teses que surge o questionamento da
explanabilidade, pois ao que parece a consciência pode ser explicada, porém não pode ser
exprimida em termos objetivos. O objetivo desta comunicação é explanar sobre o naturalismo
biológico, em especial sobre a irredutibilidade ontológica e a redutibilidade causal da consciência, e
sobre a objeção da explanabilidade.
Palavras-chave: problema mente-corpo, irredutibilidade da consciência, John Searle.
O SISTEMA FECHADO DA TEORIA AUTOPOIÉTICA: UMA ANÁLISE EPISTEMOLÓGICA DO
DETERMINISMO NÃO-REDUCIONISTA E DA CONTINGÊNCIA NÃO – EXTREMAMENTE –
RELATIVISTA
Claudia Castro de Andrade
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
[email protected]
Resumo: A hermenêutica em torno do conhecimento é fundamental para avaliarmos, por exemplo,
o uso de nossos conceitos, isto é, a forma como produzimos e reproduzimos conceitos e o método
que utilizamos para conceituarmos as coisas. Nesse sentido, podemos considerar, por um lado, a
idéia de um conhecimento que ocorre de forma mediata, ou seja, com a interferência de algo
externo ao observador. Sob esse aspecto (mediatista), pode-se entender um sujeito que apenas
descobre as coisas, sendo, pois, passível em relação às essências imutáveis, as quais ele, inclusive,
não pode alterar. Por outro lado, podemos considerar um conhecimento imediato, sem a
interferência externa entre a realidade e o homem, sendo ele então o construtor e construto dessa
mesma realidade, na medida em que sua observação é livre de qualquer mediação. Desse modo,
nesse segundo caso, a apreensão humana possuiria uma autonomia ilimitada e sua percepção da
realidade ocorreria numa contingência cíclica de definição e autodefinição através de uma total e
completa imanência. Mas, podemos pensar também uma terceira via para essas conclusões.
Podemos considerar, por exemplo, um conhecimento mediato, mas que mesmo sendo mediado
por fatores externos ao próprio sujeito, seja, ao mesmo tempo, construído, resguardando, desta
forma, a atividade humana no processo cognitivo. Nisto implica dizer que, mesmo havendo certo
determinismo, não necessariamente, deixaríamos de ser livres. É claro que a idéia de imanência
total e completa é certamente tentadora, ainda mais para nós, seres humanos, que primamos tanto
por liberdade. Porém, podemos considerá-la também como uma inspiração romântica, não
condizente e coerente com a realidade do próprio homem, enquanto um organismo inescapável e
inegavelmente biológico. A imanência total, assim como o relativismo extremo, anula-se a si
mesma, pois ao abarcar todas as possibilidades de vida, abarca também a possibilidade de não
existir vida, que resulta numa simetria em que não se pode conceituar coisa alguma, haja visto que
qualquer tentativa de definição torna-se fugidia. Em contrapartida, o determinismo considerado
neste trabalho não pressupõe um determinismo naturalista ou metafísico, como uma natureza
física universal nem como uma metafísica a priori. Em outras palavras, a questão considerada aqui
não é, portanto, nem física nem metafísica, mas biológica. Para a composição deste trabalho conto,
sobretudo, com o aporte teórico de Humberto Maturana e Francisco Varela, em relação à Teoria da
Autopoiesis.
Palavras-chave: determinismo, relativismo, epistemologia.
AS DISTINÇÕES E APROXIMAÇÕES ENTRE ARTE, RELIGIÃO E FILOSOFIA E FILOSOFIA E CIÊNCIA
Emerson de Souza Leão
Universidade Federal do Ceará – UFC
[email protected]
Resumo: A presente pesquisa tem como ponto de partida a dúvida quanto à possibilidade de se
chegar a um acordo relativo a um conceito de filosofia. A pergunta: o que é filosofia? É muito difícil
de responder, não existe um conceito pronto e acabado sobre o que é filosofia, o conceito varia
quanto a cada filósofo ou corrente filosófica, mas também em relação a cada período histórico. A
pesquisa partirá de determinações do conceito de filosofia fornecidas por reconhecidamente
grandes filósofos como Husserl, Hegel, Platão e Aristóteles. Os objetivos da pesquisa são fazer a
distinção entre filosofia e religião, filosofia e arte e filosofia e ciência, e mostrar também onde esses
saberes se aproximam para que possamos delimitar fronteiras entre eles. Tentaremos mostrar que
a distinção entre a filosofia e a ciência está na proximidade da filosofia com a arte e com a religião,
assim como a diferença entre filosofia, arte e religião está na proximidade da filosofia com a
ciência, e que o contraste não reside no conteúdo dos saberes, e sim como é colocado este
conteúdo, e que a semelhança entre os saberes é que todos tratam do universal, mas a sua
maneira. Como fonte de pesquisa teórica nos basearemos em duas obras principais, ou seja, o livro
O que é filosofia? Gilles Deleuze e Félix Guattari e O que é filosofia? Ernst Tugendhat.
A
metodologia seguida será a Hermenêutica. Através de pesquisa bibliográfica unida à uma
interpretação reflexiva e sistemática.
Palavras-chave: Filosofia, religião, arte, ciência.
WITTGENSTEIN: A FILOSOFIA ENQUANTO MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO
Katianne Almeida Gomes
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
Resumo: O referido trabalho tem como pretensão abordar algumas problemáticas relacionadas às
questões filosóficas relatadas por Wittgenstein em sua obra “Investigações Filosóficas” na intenção
de se repensar os aspectos e os problemas relacionados à linguagem a partir de uma posição que
considera a filosofia enquanto um método de investigação. O objetivo é tornar explicita a
linguagem referente à realidade e suas considerações, dando assim um real significado e sentido
para a vida. Sendo necessário esclarecer os problemas referentes ao contexto e suas
particularidades. Propondo uma análise reflexiva acerca da Filosofia enquanto método de
investigação e do conceito de “Jogos de Linguagem”.A partir daí, entende-se que o pressuposto do
significado é resultado da prática. Não se procura mais nesse momento entender a linguagem para
desvendar seu significado, mas ao contrário, busca-se investigar seu uso. Negando-se uma função
primordial e única da linguagem. A linguagem aqui mencionada é tomada como utilizável e
funcional, a relação que se dava ao nome e coisa não era suficiente na perspectiva de Wittgenstein.
Por existir uma variedade de significados na linguagem e várias maneiras de aplicá-la na vida
curricular, há de certo modo uma infinidade de “jogos de linguagem,” onde se dá a justificação de
cada um dentro do contexto em que o individuo utiliza.Na análise sobre a linguagem descrita nas
Investigações filosóficas, onde estão redigidos seus pensamentos mais recentes, Wittgenstein
empregou a expressão “jogos de linguagem” para caracterizar a nossa linguagem, considerando
suas diversas faces. Não sendo entendida como algo completo e autônomo que pode ser
investigado sem levarmos em conta outros aspectos, pois ela esta entrelaçada aos nossos
comportamentos e práticas. Para Wittgenstein, os usos que fazemos das palavras carregam os
conteúdos de nossas vivencias, nossas práticas no trabalho, nos estudos, na relação com as outras
pessoas e com nós mesmo.
Palavras-chave: linguagem, método, jogos, filosofia.
A EDUCAÇÃO DE EMÍLIO COMO EXERCÍCIO POLÍTICO E FUNDAMENTO PARA A EDUCAÇÃO NA
ATUALIDADE
Michele Gomes Alves
Universidade Federal do Vale do Acaraú
[email protected]
Resumo:A perspectiva educacional abordada nesta pesquisa apresenta uma visão sobre o
pensamento pedagógico rousseauniano no Livro I da obra Emílio ou da Educação, ressaltando a
proposta de educação para a infância ou nas palavras do autor para a Idade da Natureza. Desta
forma, visamos verificar a influência de Rousseau para a educação do homem da modernidade e as
possíveis contribuições para a educação na atualidade. A proposta rousseauniana é mediada pelas
discussões iluministas de sua época, nas quais se sobressai a crença na razão. Esta crença contribuía
para o avanço do progresso no século XVIII e que segundo Rousseau esse avanço desarticulado das
ciências e o mau uso que fazem desta, propiciaram a proliferação dos vícios, ocasionando assim,
um afastamento da bondade presente originalmente no estado de natureza do homem. Para
resgatar a bondade natural, o autor recorre à educação na infância desenvolvida em sua obra o
Emílio considerando esta fase como essencial para o desenvolvimento humano. A dedicação a
formação do homem no Emílio traz como meta a efetivação do pacto social legítimo, do qual
Rousseau trata na obra O Contrato Social, desta forma, sua integração ao convívio social poderá ser
significativa. Com esta fundamentação busca-se resgatar a relevância desta temática para a
educação na atualidade, verificando a consonância entre a teoria e a prática no âmbito
educacional.
Palavras-chave: Rousseau; Emílio; estado de natureza; educação na infância; pacto social.
LIBERDADE, EDUCAÇÃO E AUTOEDUCAÇÃO: UMA PROPOSTA JASPERIANA PARA A FORMAÇÃO
HUMANA.
Mª Juliana Pereira de Lima
Universidade Federal de Pernambuco
[email protected]
Resumo:Baseamo-nos na filosofia de Karl Jaspers para elucidar a questão da liberdade do ser como
uma das formas de autoeducação existencial dentro de um processo educativo que compreenda
uma prática comunicativa do si-mesmo com outras existências possíveis. Karl Jaspers se destacou
na filosofia existencial. Dentre os seus estudos, o conceito de Fé Filosófica é um dos que mais se
destaca para a compreensão da liberdade existencial. A Fé Filosófica é para Jaspers(JASPERS, 1968)
um modo de o homem alcançar a sua liberdade na decisão de seus atos, podendo, assim, vivenciar
a sua própria transcendência e tornar-se um sujeito livre e consciente de sua existência. Sendo
assim, para Jaspers a existência não possui nenhuma objetividade apreensível, mas necessita dos
modos do abrangente para manifestar-se e para se certificar, neles, daquilo que é, produzindo uma
mudança que mostra ao ser humano o que ele pode chegar a ser (Ibid. p,115). Isso faz da
existência, não um poder, mas sim, uma possibilidade de ser eu mesmo a partir de minhas atitudes
e decisões, me diferenciando de outras existências pela prática da minha liberdade. Aqui não
trabalhamos liberdade como algo arbitrário, mas sim, como algo vinculado ao comprometimento
do que eu escolho, pois a escolha define algo de mim e, quando atuo de maneira que não condiz
comigo, afasto-me de minha existência. A liberdade encontra-se subordinada à transcendência,
pois para Jaspers ela nos aproxima da nossa existência (Ibid. p,117) Não buscamos na educação
apenas a transmissão de conteúdos sistemáticos, pois essa atitude levaria em conta apenas uma
das dimensões do ser, mas propomos ir um pouco além, vendo o educando enquanto um ser
composto por dimensões que necessitam ser trabalhadas, para poder lhe oferecer a possibilidade
de ser si mesmo através da prática da sua liberdade. Uma educação que vise à formação humana
deve buscar no educador uma forma de desenvolvimento pessoal para que este possa desenvolver
com seu educando uma relação baseada em tais princípios filosóficos. Lançamo-nos, então, a uma
tentativa de propor um caminho para o desenvolvimento de uma autoeducação, que, como diria
Jaspers, possibilitará ao ser o encontro com sua possibilidade de existir verdadeiramente na prática
de sua liberdade, agindo dentro de princípios que gerem uma educação espiritual, voltada à
integralidade do ser dentro do pensamento jasperiano. Tendo a hermenêutica como metodologia
de pesquisa, a revisão bibliográfica é realizada se baseandona idéia do ciclo hermenêutico
favorecendo a construção de uma estrutura dialógica. A concepção da fenomenologia de Rezende
(1990) também auxilia o processo de produção interpretativa. É impossível entender os aspectos
existenciais de uma filosofia como a de Jaspers, sem fazer análises fenomenológicas da própria
existência evitando reducionismos, para que não cheguemos a conclusões dogmáticas, que se
contrapõem à idéia de periechontologiapresente no pensamento de Jaspers.
Palavras-chave: liberdade; educação; formação humana; autoeducação.
O GRAU DE PERCEPÇÃO DA DISCIPLINA DE FILOSOFIA DOS ESTUDANTES NO ENSINO MÉDIO DO
MUNÍCIPIO DE CHAPADINHA-MA
Tamara Costa
Universidade Estadual do Maranhão
[email protected]
Resumo: O Brasil possui uma precariedade educacional histórica. E buscando localização, o estado
do Maranhão não foge desta realidade. No interior do estado, o município de Chapadinha, possui
escolas públicas de nível médio, que aplicam a disciplina de Filosofia somente no 1ª e 2º ano com
horário restrito de menos de 1 hora por semana. O município possui apenas uma educação básica
obrigatória sem nenhum desenvolvimento assíduo de métodos didáticos e participativos professoraluno. Foi aplicado como método avaliativo de tal situação um questionário aos alunos, que
caracterizou positividade de conhecimento em 92% dos estudantes, mas apontaram singelo nível
de compreensão real objetivo filosófico, que a disciplina. Expressão superficial, também outro
ponto observado através deste método, contatou-se limitação em sala de aula por sistematização
da aplicação dos conteúdos teóricos, ou seja, a não ampliação de didáticas diferenciadas, como o
uso da arte. Nesse contexto o que se observa é que os que lecionam também não expressão a
essência da disciplina junto a esses jovens, e a ausência de professores graduados na área que
tenha no espírito o engajamento de ser um professor filósofo, é um fator que condiciona mais
ainda essa realidade mental dos estudantes chapadinhenses. Apontando assim, problemas reais a
serem solucionados e a precisão de incentivo do pensamento filosófico, com todos os sentidos
voltados aos estudantes, como o afloramento do senso crítico em busca do melhor, desde o espaço
intrínseco, do eu como individuo pensante, ao extrínseco como um individuo atuante na sociedade
em que se vive.Contudo esse trabalho visou perceber a realidade do nível perceptivo da disciplina
dos jovens estudantes chapadinhenses, que são vitimas de uma educação precária, além de traçar
metas resolutivas. Na finalidade de fazer diferente para com esses jovens, interagindo meio
didático, meio cultural, meio social, sendo satisfatório o ensino de filosofia.
Palavras-chave:disciplina de filosofia; Chapadinha; ensino médio.
OS LIMITES DO ENSINO DE FILOSOFIA: ANÁLISE DO MATERIAL DO PROGRAMA SÃO PAULO FAZ
ESCOLA
Laura Rosa Kugler de Azevedo
UNESP
Éliton Dias da Silva
[email protected]
Resumo: O grupo de bolsistas PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência), que
tem a participação de mais seis membros do curso de Filosofia da UNESP, sob a supervisão do
Prof.Ms. Genivaldo de Souza Santos e a orientação dos Drs. Rodrigo PellosoGelamo e Vandeí Pinto
da Silva, tem se empenhado em compreender o ensino de Filosofia na rede oficial de ensino de São
Paulo, que está ligado diretamente à Proposta Curricular do Estado de São Paulo e aos Cadernos do
Aluno e do Professor elaborados a partir dela. Alguns estudos realizados a partir de pesquisas e
práticas desenvolvidas em escolas da rede pública procuram ressaltar a importância da Filosofia na
formação do educando como um sujeito crítico e sua viabilidade no processo de educação. Por
conseguinte, procuramos mostrar os limites do ensino de Filosofia no contexto do Ensino Médio
público estadual. Para tal, temos como base a Proposta Curricular do Estado de São Paulo (2008) e
os Cadernos do Professor e do Aluno (2009-2010) elaborados a partir dela pela Secretaria de
Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP), bem como sua repercussão na escola e a prática
desenvolvida neste trabalho. O presente trabalho analisa o material oferecido à rede pública pelo
programa São Paulo Faz Escola, proposto pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo
(SEE/SP), e acompanha as aulas de Filosofia no Ensino Médio em uma escola na cidade de Marília
(SP). Com base nas prescrições da Proposta Curricular de Filosofia, nos empenhamos em avaliar as
limitações de sua aplicação no Ensino Médio público paulista. Pretende-se fazer uma análise
vertical a fim de verificar a coesão e coerência de cada Situação de Aprendizagem, e horizontal para
análise da coesão e coerência entre as Situações de Aprendizagem. Pretende-se averiguar também,
a aplicabilidade do material no que diz respeito ao tempo, pretendido pelos Cadernos dos Alunos e
o tempo necessário para seu desenvolvimento, bem como a adequação do tema à faixa etária e
séries correspondentes. Em suma, trata-se de uma metodologia que comporta a avaliação das
sugestões de aula contidas nos Cadernos do Professor e do Aluno, sua execução, adequação,
temporalidade e temática confrontadas com a realidade experienciada em sala de aula e sua
aplicabilidade. O estudo atual traz resultados parciais de pesquisa, focando-se nesse primeiro
momento nos limites do referido material. Em suma, salientamos ao término deste trabalho, ainda
a título de uma análise parcial, a necessidade de reformulação do atual material didáticopedagógico oferecido pelo programa São Paulo Faz Escola para o Ensino Médio na disciplina de
Filosofia, que nos moldes atuais apresenta incoerências diante dos objetivos e pressupostos da
Proposta vigente.
Palavras-chave: ensino de filosofia; escola; currículo; proposta Curricular do Estado de São Paulo.
TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTO OU EXPERIÊNCIA NO ENSINO DA FILOSOFIA: LIMITES E
POSSIBILIDADES
Manoela Paiva Menezes
[email protected]
Thaís Milene Pereira Polidoro
[email protected]
UNESP
Resumo: O grupo de bolsistas do Núcleo de Ensino da Unesp – Campus de Marília, ligados ao
projeto “Transmissão de conhecimento ou experiência no ensino da filosofia: limites e
possibilidades”, sob a orientação dos Drs. Rodrigo PellosoGelamo e Pedro AngeloPagni busca
descobrir se é possível uma forma de “ensinar a filosofia” que não seja mediada por uma
transmissão abstrata de conhecimentos, mas que possibilite uma experiência de pensar que possa
ser compreendida como uma “experiência filosófica”. Tendo em vista encontrar um local para o
desenvolvimento das atividades que não fosse regido por imperativo institucional escolar e que
nossas atividades pudessem escapar das formas tradicionais de transmissão de conteúdos,
estabelecemos uma parceria com uma instituição social e educacional conhecida como Projeto
Barracão, que é ligado à Cáritas Diocesana de Marília e mantido pelos Irmãos Marianistas. Seu
principal objetivo é oferecer atividades formativas complementares àquelas recebidas na escola,
procurando, por um lado, reforçar a aprendizagem recebida na escola e, por outro, desenvolver
habilidades recreativas, esportivas, dialogais, literárias e pedagógicas ampliando as formas de
leitura de mundo dessas crianças e adolescentes que estão em situação de risco. Enquanto nosso
principal objetivo é, participando das atividades juntamente com os educadores responsáveis, fazer
intervenções filosóficas.Nossa hipótese é a de que, apesar de não estarmos ensinando a filosofia
por meio de conteúdos específicos, seja possível pensar filosoficamente com eles as atividades que
realizam por meio de nossa presença, suscitando sutilmente questionamentos. Como parte da
nossa fundamentação teórica estudamos, até o momento, os seguintes autores e obras: A noção de
pedagogia da presença de Fernando Bárcena; noção de cuidado de si em Michel Foucault; Crítica à
razão explicadora da obra de Jacques Rancière. Durante o projeto, percebemos que é possível uma
forma diferenciada de propor o conhecimento filosófico que difere da relação de
ensino/aprendizagem explicadora, que usualmente coloca o professor como aquele que sabe e
detém o conhecimento verdadeiro em detrimento do aluno que supostamente não sabe e
necessita da “sabedoria” do professor(a) para sair do estado de ignorância; assim, desconsiderando
as experiências e o conhecimento pessoal do educando, muitas vezes, distanciado da realidade de
cada estudante.Estar em espaços não formais possibilitou apreender situações que dificilmente se
colocariam dentro de uma sala de aula e, além disso, ressaltamos a possibilidade de lidar com a
filosofia sem nomeá-la filosofia.Mostrando que o desejo de reproduzir nossa longa experiência na
instituição disciplinar escolar ensinando conteúdos tidos “filosóficos”, poderiam ser superadas
tornando a filosofia presente em nossas vidas e nas atividades das quais participamos.
Palavras-chave: experiência; ensino; filosofia.
VIOLÊNCIA NO CONTEXTO ESCOLAR: DESAFIOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA FILOSOFIA
TRANSGRESSORA
Joaquim Onofre Silva Neto
UFG
[email protected]
Resumo: Este artigo tem como proposta fundamental analisar o fenômeno da violência no
contexto escolar, usando como suporte de estudo a investigação das causas “biopsicosociais” do
comportamento agressivo e a hipótese de que o seu poder de ação intensifica-se, cada vez mais,
quando se apresenta associado a espaços que reforçam a banalização do debate político e ético.
Isso pode ser notado, de forma mais ou menos desvelada, em alguns setores da sociedade civil, que
infelizmente não estão conseguindo atender a essa solicitação de controle da violência de forma
proveitosa e eficiente, principalmente pelo tratamento superficial que dispensam a essa tema tão
problemático. É o caso do ambiente escolar, que a despeito de ser um local destinado a construção
de uma sociedade mais civilizada e tolerante, não está obtendo grandes resultados no combate às
manifestações violentas da sociedade contemporânea. Ao que parece, essa dificuldade advém,
primeiramente, do desvio de interesses do contexto escolar atual, ou seja, pode-se dizer que há
uma espécie de abismo que separa as reais preocupações dos adolescentes, do conteúdo curricular
das disciplinas escolares, impossibilitando ou criando complicações para a construção de uma
relação de confiança e envolvimento entre o aluno e a escola. Ora, se o adolescente não consegue
expressar a sua angústia, proveniente dos processos de transformações inerentes à puberdade, por
meio da tradução desse sentimento agressivo em um sistema simbólico potencialmente capaz de
atenuar o seu conflito interno pubertário, acaba ocorrendo a acumulação de experiências
traumáticas que inevitavelmente irão desembocar na manifestação agressiva de atos delinquentes.
Em segundo lugar, a inexistência de um debate realmente político e ético dentro da sala de aula,
confere maior desgaste a esse drama juvenil, uma vez que locais que não abrem momentos para a
reflexão moral e para a participação social de seus sujeitos, termina criando vínculos com as mais
diversas manifestações da violência. Nesse sentido, a reinserção de novas disciplinas curriculares,
como a filosofia, no ensino médio, pode vir a preencher essa lacuna, tendo em vista o seu
envolvimento evidente com o pensamento ético e político. Assim, faz-se necessário refletir sobre os
desafios e possibilidades que o ensino de filosofia poderia assumir na reversão desse quadro de
violência presente no ambiente escolar.
Palavras-chave: violência; educação; ensino de filosofia.
A EDUCAÇÃO NO CAMINHO AO DIÁLOGO: REFLEXÕES SOBRE O TRABALHO EM FILOSOFIA
Marília Luísa Müller
Centro Universitário Metodista do Sul
[email protected]
Resumo: A trajetória pela vida acadêmica pode ser percorrida como mais um caminho, um caminho
inevitável, ou, como no meu caso, permeada de dúvidas em relação à escolha do curso. A única
certeza: a habilitação para a Licenciatura. O texto que segue é fruto de reflexões acerca das práticas
vividas como docente de Filosofia durante os Estágios Curriculares Obrigatórios realizados nos anos
de 2008 e 2009, com alunos do nível Fundamental e Médio de três escolas da cidade de Porto
Alegre, RS. Aparentemente, a tarefa é simples, mas tratando-se das primeiras experiências
docentes, qualquer metodologia adotada parte do contato teórico e só. Assim, elas foram
escolhidas a partir de leituras e convicções. Compô-lo exigiu revisão das práticas, leituras e
sinceridade em relação ao referencial teórico. Com base nos relatórios finais de cada estágio foi
possível revê-lo e, contando já com certo distanciamento temporal, realizar análise mais criteriosa
da conclusão e da fundamentação teórico-metodológica que se pretendia norteadora. Procurei
trabalhar com a teoria da Experiência da Aprendizagem Mediada do educador romeno
ReuvenFeurestein, o que exigiu especificidade dos conceitos de mediação e mediador,
compreensão nas quais as dificuldades da prática foram mestras e que remetem inevitavelmente à
maiêutica socrática. Neste sentido, trouxe a proposta de Diálogo e de Comunidade do Filosofo
Martin Buber, não diretamente relacionada a educação escolar, mas a uma visão de humano e
sociedade. O diálogo, presente desde o primeiro planejamento e regência em sala de aula, continua
ocupando o meu ideal talvez utópico das verdadeiras interações.
Palavras-chave: Buber; Ensino de Filosofia; Feurestein.
PRESSUPOSTOS DA RACIONALIDADE NA PRÁTICA FILOSÓFICA EDUCATIVA
Elton José Araújo Caldas
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo apresentar a razões como ponto fundamental na
prática filosófica educativa, apontando possibilidades para tal compreensão em um sentido nos
quais envolvam seus principais protagonistas, porque a todo o momento aparece um discurso de
que se vivem sucessivas crises na educação, principalmente no que concerne a prática filosófica,
mas o que mim parece acontecer é uma crise na racionalidade para se pensar este problema e ao
mesmo tempo coloca em prática. Penso eu, que não é uma tarefa das mais simples refletir sobre o
problema desta falta de racionalidade, para se refletir sobre a educação atual, devido a diversidade
de pensamentos, paradigmas e ações, mais parece implicar refletirmos sobre como se chega a esta
forma de racionalidade educativa, compreendendo- a não como a única, mais por usa diversidade
saberes possibilitados pela multiplicidade de abordagens que nos são postas a todo momento. A
clareza na prática filosófica educativa tem que aparecer desde o inicio, suas categorias que a
orientam, tem que ser determinantes em suas linhas definidoras, cuja estas mudanças de
perspectivas práticas ampliam notavelmente o campo educativo filosófico, porque a filosofia
passará a reconhecer o próprio problema de sua transmissão de ensino, porque o que é algo que
sempre se viu no Brasil é um aspecto separado ou como uma questão subalterna. Estas atitudes e
pressupostos de racionalidade para a prática filosófica têm que ser levadas ao ponto de suas
próprias características da atitude filosóficas prática, para em um segundo momento fundamentar
um ensino autêntico; para tal processo a figura do professor é importantíssima neste papel, que
sem dúvidas deverá explorar criticar e entrelaçar- se com esquemas práticos e pessoais, dando- lhe
resultados práticos na ação prática filosófica educativa. A criação de pressupostos que seja antes de
tudo uma influência racional em sua forma prática, para que aconteça este processo de
racionalização é necessário ao docente um espaço, que é fundamental, para questionar, discutir e
rever as práticas e os saberes que estão sendo postos neste jogo educativo. Esta reflexão nos
possibilita abrir um leque de perspectivas e atitudes filosóficas diferentes que podem ser colocadas
em práticas filosóficas da educação.
Palavras-chave: racionalidade, prática, educação e filosofia.
A POSSIBILIDADE DA FILOSOFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Pâmela Soares Alves
Universidade Federal do Pará
[email protected]
Resumo: A LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 2010 traz a obrigatoriedade do
ensino de filosofia apenas no ensino médio, sendo que em seus princípios e fins constam temas
sobre: liberdade de aprendizado, de ensinamento, de pesquisa e divulgação da cultura e do
pensamento, o pluralismo de idéias, apreço à tolerância e valorização da experiência extraescolar.
Sendo que a grade curricular estipulada para o ensino fundamental abrange estudos da língua
portuguesa, da matemática, do conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e
política. Tem-se o que fora determinado como base para se ministrar o ensino nacional, mas
observa-se a presença de disciplinas específicas no ensino fundamental que não a estimularão. A
filosofia está ausente do processo de formação dos alunos nesse nível escolar, sendo que seria a
disciplina que traria a reflexão, o diálogo e o questionamento conscientes de si, para a sala de aula.
Instituições independentes das secretarias de educação buscam mostrar que é possível o ensino da
filosofia no nível fundamental. A filosofia para crianças começa com a criação em 1974 do IAPC –
Institute for theAdvancementofPhilosophy for Children, sob a responsabilidade do professor
Matthew Lipman, no U.S.A. Esse programa ganha sua versão brasileira, na década de 80, com a
criação do Centro Brasileiro de Filosofia para Crianças – CBFC, que adota o mesmo material de
ensino do instituto, adaptando os conteúdos a realidade das crianças brasileiras. A proposta da
filosofia para as crianças no ensino fundamental traz o estimulo ao desenvolvimento de habilidades
de raciocínio e de uma comunidade de investigação. Para Lipman as crianças desde que sejam
estimuladas ao raciocínio crítico independente de suas faixas etárias podem desenvolver o pensar
para elaborações mentais mais complexas. No Brasil, o Centro Brasileiro de Filosofia para Crianças
que trouxe a proposta do IAPC, entretanto sem apóio significativo nas universidades, funcionou de
forma experimental em escolas públicas e particulares, gerando resultados muito satisfatórios, tais
como mudanças relacionadas a habilidades de raciocínio e em hábitos. Foi observado que em
grandes universidades do Brasil, como: USP, UNICAMP, UFRJ, UFRGS, UFSC, UFPR, UFMG, UFPA,
UNB, UFAM e UFC, não possuem em seus projetos de extensão atividades relacionadas ao ensino
de filosofia para crianças, portanto tem-se a carência da visão do ensino da filosofia em nível
fundamental no aspecto da possibilidade de sua atuação prática.
Palavras-chave: Ensino Fundamental, Desenvolvimento, Raciocínio, Diálogo.
EDUCAÇÃO: DO ESCLARECIMENTO A EMANCIPAÇÃO EM ADORNO
José Erivaldo da Ponte Prado1
Universidade Estadual do Vale do Acaraú
[email protected]
Resumo: A presente proposta de comunicação tem como objetivo o conceito de “esclarecimento”,
com base no pensamento de Theodor Adorno, analisando as suas implicações na sociedade
contemporânea. Para isso, iremos expor a sua crítica direta à educação, por considerá-la uma das
instâncias envolvidas na 'destruição' da capacidade criativa do sujeito, revelando uma consciência
deformada, não esclarecida de um falso processo de socialização que se transformou, em verdade,
numa semiformação em meio ao desenvolvimento tecnológico da sociedade no século XX. De
acordo com Adorno, essa (nova) mentalidade técnico-científico ao invés de emancipar o indivíduo
transformou-os em consumidor. Dessa forma, a crítica se inscreve no exame do processo
civilizatório, entendido como paulatino movimento em direção à dominação da natureza e do
homem. A tese principal é a necessidade de nos conscientização como reação ao “esquematismo
estratégico da comunicação de massa”, fruto do sistema capitalista. Além disso, se investiga a
perspectiva de emancipação presente na teoria crítica e quais as implicações para a educação e o
ensino de Filosofia. Esse estudo que ora abordamos vem sendo realizado no grupo de estudo e de
pesquisa no ensino de Filosofia * GEPEFIL+, que permitirá ver na proposta da “educação para a
emancipação”, como defende Adorno, elementos que, sobrevindos da crítica-considerada como a
principal tarefa da Filosofia na atualidade-, dão guarida a um projeto de emancipação como saída
de um sistema opressor, uma vez que a educação deveria suscitar a crítica, a partir dos
pressupostos filosóficos mediante a formação do indivíduo.
Palavras-chave: Adorno, esclarecimento, filosofia, educação.
EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA: UM RESGATE CONCEITUAL.
Eder Martins Fonseca
Universidade Federal de Goiás – UFG
[email protected]
Resumo: A reforma educacional iniciada no final da década de 80 do século passado e
implementada com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei 9.394/96), teve
como princípio as mudanças estruturais que ocorreram nos meios de produção e alteraram
profundamente a organização da sociedade, ou seja, uma reforma eminentemente preocupada
com fatores econômicos e orientada pela nova ordem mundial. A chamada “terceira revolução” ou
revolução da informática trouxe consigo a necessidade de novos conhecimentos. As novas
exigências colocadas pelo desenvolvimento tecnológico e social exigem naturalmente uma nova
sociedade e também novas competências do sujeito. Assim, as premissas estruturais desse novo
modo de conhecer são: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver e aprender a ser,
conforme sugere o Relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, da
UNESCO. Espera-se, portanto, que a partir desses princípios gerais o individuo engaje-se numa
educação permanente, atendendo definitivamente às novas exigências de um novo mundo
globalizado, informatizado e em permanente mudança. Diante deste cenário, o objetivo deste
trabalho, é investigar mais a fundo uma das finalidades do Ensino Médio, conforme aponta o Artigo
35 inciso segundo da LDB: “a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para
continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de
ocupação ou aperfeiçoamento posteriores”. Portanto, o que nos interessa é problematizar
precisamente esse aspecto, qual seja, a exigência de que a educação nesse nível de ensino tenha
essa dupla finalidade: a preparação do educando para o trabalho e o exercício da cidadania, É
importante notar que a disciplina Filosofia tem essa incumbência especial, conforme indicam os
Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs: “As finalidades da filosofia no Ensino Médio (Artigo 35
da LDB) estão, destarte, diretamente associadas ao contexto geral das finalidades da Educação
Básica (Artigo 32)” (BRASIL, 2000). Com isso, pretendemos lançar uma luz sobre o que se espera da
disciplina Filosofia nesse nível de ensino. Que noção de “cidadania” está sendo difundida na escola?
Sabemos que este conceito tem uma longa história e sofreu várias mudanças ao longo do espaço e
do tempo, o que nos obriga a recuperar e aplicar com clareza o sentido apropriado do mesmo,
quando o relacionamos com o campo da educação e, em especial, com o ensino da Filosofia. Para
tanto, faremos uma breve regressão ao mundo grego, onde originariamente brotou a idéia de
cidadão, e avançaremos na análise histórica para compreender de que modo esse conceito vai se
transformando. O objetivo é mapear as principais mudanças que a “cidadania” sofreu na história da
civilização ocidental, e como ela é concebida hoje. Destacaremos, sobretudo, as grandes mudanças
ocorridas na modernidade e a relevância da revolução francesa para o sentido atual de cidadania.
Nossa hipótese se baseia na importância de se resgatar a história do conceito de cidadania, com a
compreensão de que esse resgate é um pressuposto para se ter mais clareza de que educação para
a cidadania se está falando, quando o ensino da Filosofia é convocado para cumprir essa tarefa:
educar para a cidadania. Assunto que por ser corrente e alvo de modismos, acaba sendo
banalizado e tratado com demasiada simplicidade. Por essa razão, nosso propósito é retornar à
filosofia, uma atividade conceitual por excelência, para lançar inteligibilidade sobre a questão.
Palavras-chave: filosofia, educação, história, cidadania.
ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO – FILOSOFIA: O QUÊ? PARA QUÊ?
POR QUÊ?
Derly Jean Aniceto
UFMT- Universidade Federal de Mato Grosso
[email protected]
Resumo:A filosofia como olhar representativo do mundo e de nós mesmos tem suas singularidades.
Primeiro, segundo a UNESCO, a Filosofia é uma disciplina das Ciências Humanas que pode ajudar os
discentes a aprender sobre os fundamentos dos valores da paz mundial eles são: a democracia, os
direitos humanos, a justiça e igualdade. A UNESCO nesse sentido, tem como objetivo estratégico o
desafio de conscientizar as comunidades escolares e acadêmicas sobre a contribuição da filosofia
na formação ética e humana da sociedade brasileira. A segunda diz respeito a sua legitimidade
jurídica. Como disciplina obrigatória passou a integrar os programas oficiais de formação docente,
como por exemplo, o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), que dentre as
suas finalidades, valoriza o magistério e apóia os estudantes de licenciatura. Em 2010, o Subprojeto
PIBID Filosofia/UFMT teve por objetivos: 1. Conhecer as escolas conveniadas ao PIBID; 2. Participar
da vivência escolar; 3. Prestar monitoria aos discentes da escola; 4. Preparar planos de aula; 5.
Conhecer a realidade escolar e as percepções dos estudantes em relação à disciplina Filosofia.
Neste trabalhoapresentamos os resultados obtidos com o questionário diagnóstico aplicado aos
discentes das escolas participantes do Subprojeto PIBID Filosofia, cujas perguntas visam colher
informações sobre o universo cultural escolar e social dos estudantes da educação básica. Entre os
dados coletados destacamos: 1. A relação entre o professor e o aluno; 2. A relação entre o aluno e
escola; 3. A relação entre o aluno e o ensino da Filosofia. Com a análise das informações visamos: 1.
Conhecer a opinião do aluno acerca da presença da Filosofia no seu processo formativo. 2. Elaborar
procedimentos didáticos para o ensino de Filosofia a partir da vivência cultural e social do discente.
Acreditamos que este trabalho irá motivar e fornecer importantes informações para a prática do
ensino da Filosofia.
Palavras-chave: Diagnóstico da Realidade Escolar, Vivência Escolar, Prática de Ensino da Filosofia.
A HERMENÊUTICA RECONSTRUTIVA DE HABERMAS NA PESQUISA EM EDUCAÇÃO
Abdael Gaspar de Sousa
Universidade de Brasília
Dra. Catia Piccolo Viero Devechi
[email protected]
Resumo: O trabalho busca discutir a proposta da hermenêutica reconstrutiva de Habermas como
alternativa epistemológica para repensar a pesquisa em educação diante da pluralidade teóricointerpretativa e da dispersão epistemológica que a área tem sofrido. Trata-se de uma proposta
teórico-metodológica inovadora capaz de atender as exigências da cientificidade em suas
diferentes manifestações.
Ela vem afirmando-se como abordagem alternativa às pesquisas
qualitativas e compreende a relação sujeito e objeto como pertencentes da mesma realidade
objetiva em que a verdade é fundamentada na capacidade linguística e argumentativa dos
participantes do diálogo. Este conceito de verdade recebe o sentido filosófico de racionalidade
comunicativa que permite a emancipação social por meio de um procedimento discursivo motivado
e livre de coações. As diferentes interpretações do mundo encontram no discurso a possibilidade
de um saber confiável e sempre susceptível de refutação. O trabalho se fundamenta na própria
perspectiva da hermenêutica reconstrutiva buscando compreender a possibilidade dos propósitos
comunicativos habermasianos contribuírem no processo investigativo dos problemas da área
educacional. A proposta visa discutir em que sentido a validação pelo consenso poderia ser
utilizada como recurso de produção de conhecimentos confiáveis na educação diante da
pluralidade interpretativa presente na área. É uma proposta inovadora que estabelece na
comunicação a possibilidade de assegurar a rigorosidade e a legitimidade necessárias às pesquisas
qualitativas e uma alternativa pertinente de renovação dos discursos desgastados em que o poder
de decisão é dado a uma intersubjetividade empenhada ao entendimento. Tal perspectiva se
apresenta como recurso de qualificação do conhecimento educacional diante da conjuntura de
crítica aos fundamentos absolutos e emergência da pluralidade compreensiva. Ela possui um
caráter de emancipação que oferece oportunidade de, por meio da conversação entre as
diferentes interpretes, desenvolver mudanças práticas em favor de melhorias universais. Trata-se
assim de uma possibilidade de gerar consensos entre os interlocutores educacionais
comprometidos com a vida prática e coletiva.
Palavras-chave: hermenêutica, racionalidade, educação, discurso e consenso.
PROPOSTA CURRICULAR DO ESTADO DE SÃO PAULO: FILOSOFIA, ENSINO MÉDIO X
IMPLEMENTAÇÃO DOS CADERNOS DO PROFESSOR E DO ALUNO.
Sara Morais da Rosa
Universidade Estadual Paulista
[email protected]
Resumo: A fim de oferecer à rede pública de ensino uma educação de qualidade a altura dos
desafios contemporâneos, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP) colocou
em prática no ano de 2008, (a partir da LDB. Nº 9.394, BRASIL 1996, Art.13, Inc. III;) uma nova
Proposta Curricular como referência à todas as escolas da rede estadual de São Paulo, e a
partir desta, que atua como base curricular, prescrevendo conteúdos disciplinares, bem como,
habilidades e competências referidas aos alunos, elaborou também um material didáticopedagógico para seus professores e alunos, intitulado Caderno do Professor e Caderno do
Aluno. Sendo assim, procura-se no presente trabalho desenvolver uma análise sistemática dos
materiais didático-pedagógicos elaborados para professores e alunos da disciplina Filosofia na
2º série do ensino médio e, não obstante, pretende-se analisar também a Proposta Curricular
do Estado de São Paulo para Filosofia (PCESP) a fim de identificar se tais documentos
constituem de fato um material qualificado, capaz de atender, de modo coerente e
satisfatório, as necessidades da rede pública. A partir da atividade de acompanhamento de
regências da disciplina de Filosofia em uma escola da rede pública do município de Marília,
efetuadas pelos egressos no PIBID, e dos estudos sistemáticos da PCESP e do material didáticopedagógico, unimos à investigação teórica, leitura, correlação e análises sistemáticas de tais
documentos, as experiências extraídas da implementação deste material na prática de ensino
desta disciplina. Verificar-se-á, a coerência na formulação do material oferecido pela S.E.E./SP,
com relação à proposta em voga, se os conteúdos propostos podem ser adquiridos
qualitativamente no tempo estimado pelos mesmos, se a interdisciplinaridade enfatizada pela
PCESP se concretiza nas discussões daqueles, se os pensamentos subjacentes dos textos
trabalhados nos Cadernos, são analisados de acordo com sua historicidade e se este material
promove perspectivas que ultrapassem condições reprodutivistas, superando a transmissão e
aquisição de conteúdos, feitas de modo meramente mecânico e inconsistente. Enfim,
salientamos ao término deste trabalho, ainda em resultados parciais, a necessidade de se
repensar a formulação do atual material didático-pedagógico oferecido pela SEE/SP para a 2º
série do ensino médio na disciplina referida, uma vez que nos moldes atuais este não é capaz
de cumprir satisfatoriamente os objetivos da proposta vigente, tampouco atender as
necessidades das práticas de ensino desta disciplina no âmbito da rede pública.
Palavras-chave: proposta curricular do estado de São Paulo; cadernos: professor e aluno;
análise.
A FILOSOFIA COMO UM PROCESSODE DE CONSTRUÇÃO DE VALORES SOCIAIS
Maria Neuricilane Costa Gomes Camelo
Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA
[email protected]
Resumo: O ato de filosofar norteia as aspirações da vida, aspirações que estabelecem um sentido
valorativo para a ação humana. De forma sistemática, esta reflexão ocorre em três etapas, na
primeira, a tarefa do filosofar é inventariar os valores que orientam a vida dos homens, individual
ou em sociedade, os quais dão sentido às finalidades práticas humanas. Quando o homem atinge
uma consciência das ações que envolvem a sua vida, é necessário passar para o segundo momento
do filosofar, em que se realiza uma crítica a esses valores, não para destruí-los, mas para avaliar se
são significativos e se correspondem ao sentido que pretendemos atribuir para a existência
humana. Após esta crítica, o ato de filosofar passa para o seu terceiro momento que é quando o
homem inicia o processo de recriar os valores que permitam dar sentido a vida das pessoas em
sociedade. Segundo Luckesi, estas três etapas representam um processo dialético, ao qual parte da
posição de uma crítica dos valores vigentes na sociedade para recriá-los, neste sentido, a filosofia
possui um papel fundamental na prática humana, que é o de nortear a vida dos homens em
sociedade, estabelecendo suas relações e anseios, possibilitando uma compreensão de sua
existência. Desta forma, identificamos uma das contribuições que a filosofia pode oferecer para a
sociedade, que é o de refletir sobre os valores vigentes, para em seguida direcioná-los para a
experiência. Portanto, a filosofia mostra-se atuante na vida cotidiana, no momento em que põem
em questão os contrapontos de determinada leitura da realidade, seja cultural, política, científica
ou teológica, oferecendo uma dimensão de conhecimentos sistêmica, que torna possível uma
forma de ação efetiva. Assim podemos perceber que a ação filosófica deve possuir consciência
diante da realidade, para que sua reflexão não seja realizada sob a forma do senso comum,
baralhado a crenças e preconceitos, a qual torna a sociedade estagnada diante dos conhecimentos,
pois acaba rejeitando a busca por novos sentidos para a vivência social, o aperfeiçoamento dos
valores vigentes e uma atualização dos anseios da vida humana. Mas, por meio do bom senso é
possível fazer uma elaboração coerente do saber, pois este é um ato reflexivo, que estimula a
compreensão e a crítica da vida em sociedade. Portanto a filosofia utiliza uma reflexão
fundamentada no bom senso, tornando-se desta forma um ato reflexivo ao qual se guia por estas
três etapas supracitadas, contribuindo de forma qualitativa para o aprimoramento da sociedade e
para as aspirações individuais.
Palavras-chave: Ato de filosofar, valores, sociedade, filosofia.
UMA ARTICULAÇÃO DA FILOSOFIA DELEUZEANA COM A FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO
Simone Carlos da Silva.
Jamile Rodrigues Lima.
Universidade Estadual do Vale do Acaraú
[email protected]
Resumo: O presente trabalho discute a concepção de Filosofia, com base nas reflexões de Deleuze,
em especial, quando se pensa que a categoria conceito adquire um aspecto fundamental no ensino
de Filosofia. Na análise deleuzeana, a Filosofia deve ser compreendida como criação de conceito,
crítica da realidade, exigindo uma articulação construtiva com a história da Filosofia. O papel do
conceito na interpretação de Deleuze pode ser entendido quando se pensa no caráter criativo do
gênero humano. Desse modo, a arte, a ciência e a filosofia são as três potências do pensamento, na
medida em que permite o exercício da criatividade. Cada uma à sua maneira, de modo que cada
uma permite um mergulho no caos e um lampejo de pensamento novo, criativo. Desse mergulho
nos caos o artista traz perceptos e afectos; o cientista traz funções; o filósofo traz conceitos. Assim
arte, ciência e filosofia se complementam, cada uma delas permitindo uma experiência distinta de
pensamento criativo. Com base nessa concepção de Filosofia como criação de conceitos em
Deleuze, tentaremos explicitar as suas contribuições para o ensino de Filosofia na atualidade. De
antemão, faremos uma crítica desse ensino, que nos dias de hoje perde espaço para os demais
saberes, ou seja, embora seja uma das potências do pensamento a ciência ganha supremacia sobre
a arte e a filosofia, levando estes últimos a meros coadjuvantes do conhecimento, de modo que a
Filosofia passa a ser uma reprodução conteudista, fadada à instrumentalização o que a impede de
levar os alunos a entrarem no ato e no do processo do filosofar, isto é, exercer a função que lhe
cabe, a de criar novos conceitos. Essa ação reprodutiva da Filosofia no ensino médio inibe tanto o
papel reflexivo como as várias formas de agir desse ensino. A proposta, portanto, é buscar um
equilíbrio entre as potencias da arte, da ciência e da filosofia, possibilitando que o aluno da
educação média tenha possibilidades para exercer um pensamento criativo, aprendendo a pensar
por funções e criando o seu próprio conceito, garantindo que a Filosofia continue viva e ativa.
Palavras-chave: criatividade, conceito, transversalidade.
A EDUCAÇÃO INCLUSIVA DE PESSOAS COM SURDEZ: PARADIGMAS QUE INTEGRAM A REALIDADE
ESCOLAR.
Autora: Dayana Rosa Silva Cardoso
Nayara Gonçalves Pereira
Universidade Ferdeal do Maranhão
[email protected]
Resumo: O trabalho é resultado de seminário realizado em disciplina Educação Especial/2010 na
Universidade Federal do Maranhão – UFMA. Tem como objetivo refletir sobre a realidade da
inclusão escolar do aluno com surdez com base nos paradigmas estipulados pela política nacional
de educação especial. Destaca-se que a inserção dessa política de inclusão nas escolas “caminha a
passos lentos”, mesmo sob a perspectiva de um discurso baseado no ponto de vista dos direitos
humanos. A inclusão escolar assume assim um espaço essencial no debate acerca da sociedade
moderna e da função da escola na superação do nexo da exclusão. Constata-se em bibliografia
relacionada a temática, que esse referencial da inclusão vem provocando uma alteração estrutural
e cultural da escola. A admissão do aluno com surdez na escola, ainda ocorre de forma
preconceituosa. Esta situação se reproduz apesar da resolução nº 4, de 02 de outubro de 2009 que
diz em seu artigo 1º “que os sistemas de ensino devem matricular os alunos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades nas classes do ensino regular e no
Atendimento Educacional Especializado (AEE). Essa resolução nos diz ainda no artigo 10 que “o
projeto pedagógico da escola de ensino regular deve institucionalizar a oferta do AEE prevendo na
sua organização”outros profissionais da educação: tradutor e intérprete de Língua Brasileira de
Sinais, guia-intérprete e outros que atuem no apoio, principalmente ás atividades de alimentação,
higiene e locomoção. A função do AEE exatamente em LIBRAS não é substituir o ensino regular dos
alunos com necessidades especiais muito pelo contrario busca-se apoios necessários que possam
beneficiar a participação e aprendizagem dos alunos nas classes comuns, em igualdade de
condições com os demais alunos. A educação escolar de pessoas com surdez nos remete
historicamente a três abordagens diferentes na qual se denominam: oralista, comunicação total e
abordagem por meio do bilingüismo. Dessas três o bilingüismo é a abordagem mais importante
para a educação desses alunos, pois capacita a pessoa com surdez para a utilização de duas línguas
no cotidiano escolar e na vida social. Diante da realidade onde se percebe que a pessoa surda para
construir conhecimento necessita de um ambiente escolar que seja adequado a suas necessidades.
A partir desta constatação é possível concluir que o Atendimento Educacional Especializado pode
contribuir de forma ímpar no desenvolvimento cognitivo e afetivo do aluno com surdez,
possibilitando a inclusão desse grupo no ensino regular.
Palavras-chave: inclusão, educação, atendimento educacional especializado, política nacional,
surdez.
A FORMAÇÃO DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR
Gilberto Fernades Guimarães
Universidade Estadual de Montes Claros
[email protected]
Resumo: O ensino superior tem como meta a formação de novos profissionais para o mercado de
trabalho que ultimamente se encontra tão vasto na sociedade. Devido a esse papel a ele dado
torna-se de grande valia uma análise profunda de suas estruturas e de como vem sendo executada
essa função tão importante a ele confiada. Por exemplo a docência, um dos diversos cursos
oferecidos pelo ensino superior e como este trabalha sua capacitação a fim de qualificar esse
profissional. Tendo como base o modelo de um sistema amplamente tecnicista que vem superando
todas as barreiras e adentrando todos os âmbitos sociais; o campo da docência também vem sendo
bombardeado pelos inúmeros paradigmas impostos por essa sociedade vigente. Nesse caso o
ensino superior se torna a chave mãe e, portanto, grande responsável quando se refere ao assunto;
não deixando de abrir mão de ser aquele que possui ampla capacidade de criar essa ligação ou
positivamente ou negativamente nesse projeto formativo. As estruturas criadas para o campo do
ensino são largamente configuradas nos ditames da manipulação. A docência é um campo vasto,
formador de opinião, que nem sempre tem uma valorização merecida por parte dos responsáveis
pela mesma justamente por perceber sua importância. Vê-se claramente esses sinais de
desinteresse governamental quando se nota as manifestações por parte desses profissionais
através de suas colocações cotidianas, mais também nas greves e paralisações realizadas com
freqüência no meio estudantil. Esse fato no entanto não tira do currículo da docência sua grande
importância para todo o desenvolvimento estrutural social. Gera porem uma preocupação quanto
ao quem vem sendo proposto a uma corporação já tão desvalorizada. Nesse sentido pesa a
presença do ensino superior; exigindo assim uma maior atenção para uma área que deveria ser
considerada e executada como item principal no processo de desenvolvimento do país. O papel do
ensino superior é procurar desenvolver no campo da graduação docente um questionamento
quanto ao que se produz e o que pode ser produzido e que deste possa se desenvolver um jeito
novo de se executar essa função que é a educação. A temática “liberdade” de raciocínio é essencial
nesse processo. As idéias propostas tomam amplo movimento e a descobertas de novos
pensamento se torna cada vez mais freqüente a partir do que é proposto. Diferentemente do que
se tem hoje através dos métodos fixos, os cursos de formação docente deveriam utilizar-se de
métodos que sempre dão espaços a novos que por sua vezes geram outros e assim vê-se uma
constante no processo de pensar que levaria a uma transformação na história da educação.
Transformando assim uma história secular da formação docente brasileira no ensino superior.
Palavras-chave: docência, educação, ensino, formação.
ABORDAGEM E ANÁLISE DE MATERIAL DIDÁTICO EM FILOSOFIA: O ESTUDO DE TEMAS E
PROBLEMAS FILOSÓFICOS COM ESTUDANTES DE NÍVEL MÉDIO DA REDE PÚBLICA DE ENSINO
Deivid Junio Moraes
Edmar Oliveira Gonçalves
Universidade Federal de Ouro Preto
[email protected]
Resumo: O livro didático exerce um grande auxílio no desenvolvimento do ensino-aprendizagem.
Mas é preciso saber o quão efetivo ele se mostra, uma vez que existem más publicações capazes de
comprometer todo o processo educacional. Dentre os problemas que um livro didático inadequado
pode apresentar estão a incompatibilidade com o nível de ensino onde está sendo implementado,
erros quanto ao uso e/ou descrição de conceitos e informações, sobrecarga de teorização e
definições e exemplos elaborados e/ou aplicados irregularmente. Para o ensino de filosofia esses
problemas podem desmotivar o interesse dos alunos pela disciplina, dificultar o processo de
compreensão e reflexão do conteúdo trabalhado e prejudicar a associação feita pelo aluno dos
temas/problemas filosóficos com a realidade. É importante salientar que o livro didático, mesmo
sendo apenas um instrumento a ser utilizado pelo professor, constitui a principal fonte de estudo
dos alunos e não há como o educador evitar totalmente os reflexos negativos na aprendizagem ao
fazer uso de um material que apresente alguns daqueles problemas. Nessa perspectiva, nos
propomos a levantar algumas observações acerca do livro didático de filosofia organizado pelos
professores Aires Almeida e Desidério Murcho, de Portugal. O manual Textos e problemas de
filosofia constituiu objeto de nossa análise crítica e aplicação prática com os alunos da Escola
Estadual de Ouro Preto. É importante ressaltar que estas observações partem principalmente dessa
experiência prática que pudemos vivenciar com aqueles alunos de nível médio, daquela escola da
rede pública de ensino, do Estado de Minas Gerais, sobretudo na oportunidade em que
trabalhamos e desenvolvemos as leituras e atividades propostas pelo livro que, neste momento,
encontra-se em vias de ser também lançado numa edição brasileira.
Palavras-chave: material didático, ensino de filosofia, escola pública.
EM TORNO DA AVALIAÇÃO NO ENSINO DE FILOSOFIA: NOVOS TEMPOS, NOVOS RUMOS
Antonio Ferreira da Silva
Universidade Federal de Goiás
[email protected]
Resumo: Uma concepção de avaliação, na qual vicejava um caráter punitivo, durante muito tempo
orientou, talvez ainda deva orientar, a prática docente. Nesse sentido, à avaliação caberia apenas
averiguar se os “conteúdos” ministrados foram ou não “assimilados” pelo alunado; ficaria tal tarefa,
restrita, também, a apenas um momento do processo ensino-aprendizagem, qual seja: o da
aprendizagem, o que averigua apenas “a parte” do aluno. Dessa forma, não levando em conta o
potencial formativo da avaliação, restringem-na a apenas aquele momento, deslocado do processo
ensino-aprendizagem, dando a entender que ali tudo termina, não tendo o aluno condições de
reelaborar, discutir, aprender com os próprios erros, pois, o erro, não esqueçamos, está
irremediavelmente ligado a experiência do aprender. Atenderia, contudo, tal concepção de
avaliação, as exigências que o ensino de filosofia requer? Para Aspis e Gallo a avaliação deve ser
pensada como parte integrante da filosofia, como uma oportunidade, a mais, para o aluno
experienciar a prática filosófica. Pensada ainda nesses termos, a avaliação alcançaria como diz Lidia
Maria Rodrigo, todos os momentos do processo educativo e não apenas uma parte dele. Assim
sendo, a avaliação poderia contribuir sobremaneira para o crescimento intelectual do aluno. Nesse
sentido, ela se contraporia a uma avaliação meramente classificatória, punitiva e excludente para
se tornar parte essencial do aprendizado e da formação do mesmo. Dentro desse contexto,
formulamos as seguintes questões: Existe uma avaliação que faça sentido para o ensino de
filosofia? O que significa uma avaliação de caráter formativo e não punitivo? O que se avalia na
filosofia? Tais questões serão consideradas na nossa investigação acerca das práticas avaliativas no
ensino de filosofia. Além disso, a partir dos autores mencionados, pretendemos problematizar tais
questões e suscitar outras para, posteriormente, defenderemos uma avaliação de caráter filosófico
e formativo, uma avaliação que se encontre de acordo com a filosofia.
Palavras-chave: Avaliação. Ensino de Filosofia. Formação
ESPAÇO AION: ESPAÇO DE REFLEXÃO, PRÁTICA E DIVULGAÇÃO EM FILOSOFIA, ARTES E
HUMANIDADES
Larissa Barbosa Almeida
Universidade de Brasília
[email protected]
Resumo: O Espaço AION é um projeto de extensão desenvolvido na Universidade de Brasília - DF,
que surgiu como alternativa para continuar e expandir um projeto já existente na Universidade, o
Filoesco, o qual também é um projeto de extensão, dedicado à formação de professores do ensino
básico, habilitando-os a trabalharem no ensino de filosofia com crianças e adolescentes. Assim, o
projeto AION surgiu do interesse em ampliar a prática filosófica para toda a comunidade. AION
caracteriza-se como um espaço para o filosofar e acontece a partir de uma prática dialógica e
reflexiva. Durante as reuniões é proposta a construção coletiva de pensamentos e idéias, o
questionamento de conceitos, valores e verdades já naturalizados e normatizados no dia-a-dia. É
ainda importante permitir-se o espanto, a busca e a (re)criação da infância, mas a infância além da
temporalidade, como a qualidade de experiência, revolução e resistência. AION é a percepção e a
vivência do tempo das possibilidades, das experiências, do tornar-se e do vir-a-ser. Não é um
tempo exato e cronológico, como kronos e kairós, mas sim um tempo contínuo; indeterminado e de
transformação do espaço do devir e à abertura para o novo. A proposta é instigar a reflexão
coletiva sobre diversos temas (psicológicos, históricos, sociais, antropológicos e artísticos) sem
buscar consensos ou verdades absolutas. Como nos questiona Foucault: "mas , o que é filosofar
hoje em dia - quero dizer , a atividade filosófica - se não o trabalho crítico do pensamento sobre o
próprio pensamento? Se não consistir em tentar saber que maneira e até onde seria possível
pensar diferentemente em vez de legitimar o que já se sabe?". Dessa forma, compreende-se um
espaço importante para a desinstitucionalização do conhecimento, abrangendo-o às comunidades,
às ruas e à vida. As dinâmicas e práticas desenvolvidas consistem-se na realização de oficinas com
um público variado. Nas oficinas é apresentado um pré-texto (ou pretexto) como convite à
discussão, que acontece em forma de perguntas, respostas e exposições. Esse pré-texto pode ser
uma idéia, um texto, uma imagem, um som, um afeto, um fato. A problematização desses prétextos guia-se através de indagações, ora sugeridas pelos facilitadores, ora pelos participantes, e
assim o grupo pode construir/desconstruir coletivamente sobre as propostas. O principal foco de
atuação do projeto é em São Sebastião-DF, em uma escola de educação infantil e no Instituto
Sociocultural e Ambiental Arthur Andrade. AION pretende tornar-se um espaço móvel que se
desloca pelas comunidades da região do DF, possibilitando a reflexão, o enfrentamento, a
metacognição, o questionamento e o filosofar por todos os participantes.
Palavras-chave: filosofia, resistência, comunidade, educação, humanidades.
CARÁTER INTERDISCIPLINAR DE UM ENSINO HISTÓRICO DA FILOSOFIA
Frederico Aguiar
Universidade Federal de Goiás
[email protected]
Resumo: A partir do ano de 2008 a filosofia volta a ser matéria obrigatória no currículo das escolas
de ensino médio brasileiras. Alguns professores de filosofia defendem o ensino a partir de temas,
sem se preocupar com a ordem em que os mesmos se sucederam na história do pensamento
ocidental. Outros acreditam que o ensino não pode ser oferecido sem seguir certa ordem
cronológica. Porém, temos a disciplina Filosofia sendo oferecida aos estudantes e, baseado nos
Parâmetros Curriculares Nacionais, de 1999, para o Ensino Médio, lemos que algumas competências
e habilidades a serem desenvolvidas pela filosofia são: “ler, de modo filosófico, textos de diferentes
estruturas e registros; Articular conhecimentos filosóficos e diferentes conteúdos e modos
discursivos nas ciências naturais e humanas, nas artes e em outras produções culturais.”. A maior
divergência entre opiniões está no modo como a filosofia deve ser apresentada aos estudantes. Na
Resolução 03/98, no § 2o, alínea b do Artigo 10 dos Parâmetros curriculares Nacionais para o
Ensino Médio lemos: “as propostas pedagógicas das escolas deverão assegurar tratamento
interdisciplinar e contextualizado para os conhecimentos de filosofia”. Sem um foco interdisciplinar
de caráter histórico-temático, para o ensino médio em geral, dificilmente conseguiremos em aulas
de 45 minutos despertar nos alunos a capacidade de ler textos filosóficos de modo significativo,
fazer com que eles debatam sobre os textos e elaborem escritos de modo reflexivo. È necessário um
eixo interdisciplinar para que eles consigam visualizar e situar o conhecimento filosófico junto às
outras áreas do conhecimento e desenvolver suas habilidades e competências. Na falta do foco
interdisciplinar e de uma rígida explanação histórica da filosofia, abrangendo seus temas e
problemas, o que presenciamos é apenas “uma maneira de produzir pretensas construções teóricas
sem qualquer conexão conceitual rigorosa. É como colocar imagens, umas ao lado de outras,
provocando certa fricção, determinado efeito no espectador. Não chega nem a ser retórica, porque
a retórica tem regras muito rigorosas.” (Nobre, 2007, p.19). Não proponho que o ensino através da
história da filosofia exclua uma abordagem de conceitos, temas ou problemas filosóficos. Defendo
que os conceitos devam ser situados em uma sequência histórica e que a interdisciplinaridade
possa tirar a filosofia de um estado isolado e incompreendido no ensino médio. Oferecer aulas de
filosofia sem uma abordagem interdisciplinar que as relacione com outras matérias presentes na
vida do aluno e que mantenha a linha histórica excluída aumentaria a chance de um ensino pouco
coerente e rígido em relação às necessidades exigidas por um conhecimento muito antigo, imerso
em uma linguagem técnica e de enorme variação conceitual, como é o caso da filosofia.
Palavras-chave: ensino, filosofia, história, interdisciplinaridade.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DAS FORMAS DO ENSINO DA
FILOSOFIA
Theo TanusSalvadori
Universidade Estadual Paulista
Campus de Marília
[email protected]
Resumo: Neste trabalho pretende-se discutir introdutoriamente a maneira como é ensinada a
Filosofia no Brasil desde a sua implementação no terceiro grau. Logo de imediato, depara-se com o
impasse gerado pelos métodos de ensino desta área do conhecimento nas Universidades, que gera
distorções no perfil do profissional que irá ser formado. O tema será amparado pela leitura de
Arruda (2003) como descrição teórica. Tem-se como método para este trabalho a análise da
bibliografia selecionada e reflexão sobre o texto. Existem três áreas de investigação filosófica a
nível universitário, quais sejam, a filosofia propriamente dita, o comentário das obras e a história da
filosofia. O sistema nacional de ensino da Filosofia compreende essas três modalidades, de maneira
que deveria ter como meta a formação dos três tipos de especialista e não somente de um deles. O
ensino de filosofia pode muito bem compreender tanto ensinar as teorias como a investigação
filosófica; seria de bom grado mesclar as duas maneiras, pois, de um lado há a oferta do corpo
teórico que propiciará, de outro, identificar os rumos já tomados pelos autores, ou onde haja
espaço para se empreender uma reflexão importante. No Brasil, desde o começo, o ensino da
Filosofia se aplica no esforço predominante de se formar comentaristas de Filosofia, e não também
investigadores dos temas. A importância das doutrinas, escolas e autores se resguarda no exercício
de aquisição de cultura, aperfeiçoamento, compartilhamento e reconhecimento dos caminhos já
percorridos; porém, a comoção original, dita como perplexidade, deve ser a razão de se chegar à
literatura tradicional ou, de forma inversa, a partir dos escritos clássicos, pode-se desenvolver o
interesse investigativo e temático de maneira pessoal. Logo, as obras clássicas seriam um
referencial de reconhecimento dos limites e validades das reflexões autônomas dos aprendizes.
Portanto, preza-se pela consideração à autonomia reflexiva sobre os temas universais, que são os
propostos na investigação filosófica. E conclui-se que embora no ensino superior se verifique a
predominância inabalável do regime comentarista, a implantação da arte de filosofar desde os
primeiros anos escolares poderá ser capaz de, passo a passo, reformular e repensar a proposta
hegemônica.
Palavras-chave: ensino, filosofia, filosofar.
EDUCAÇÃO E PROPAGANDA- IMAGEM DO PODER OU PODER DA IMAGEM
Carlos André de lemos
Universidade Federal de Pernambuco
[email protected]
Resumo: Que a educação é um elemento importante na formação dos indivíduos é ainda hoje, uma
opinião compartilhada por todos. Entretanto, dentro do contexto do surto das demandas
industriais, do trabalho e do capitalismo a educação tem seguido outros rumos: tanto no que se
refere do seu caráter de sanar desigualdades ou conscientizar indivíduos ou como também
tomando o pressuposto de como a educação se utiliza da propaganda para atrair ou aliciar os
indivíduos, os quais motivados pela exigência do mercado de trabalho e da concorrência caem
facilmente na retórica da publicidade educacional. A propaganda hoje na educação, tanto na
pública como na privada tem um papel importante, não muito como em outras épocas: desde
reforma protestante a propaganda aumentou seu desempenho. Os jesuítas os primeiros
aperfeiçoaram esta técnica, com o domínio da educação, consolidaram seu domínio e esporam os
seus ganhos obtidos na contra reforma. Como aumento da escolaridade obrigatória e a exigência
de formação técnica, imposta pela economia a potencialidade da ação da propaganda cresceu mais.
Mas em que medida a eficiência, com sua linguagem de persuasão a propagandista pode
influenciar no saber; o qual é a imagem a educação tem transmitido para sociedade e indivíduos?
Principalmente quando a economia impõe exigências a sociedade ao trabalho, ao consumo e,
sobretudo a educação. Ao impor uma exigência a educação, economia torna ideologia dominante
que predomina na imagem impressa pela propaganda da educação. Dessa forma a educação desvia
o seu papel na sociedade, a escola tem um papel fundamental e libertário na formação do
individuo, não torná-lo mero instrumento de treinamento da inteligência ou produto de consumo.
A educação constrói valores, relações, conflitos e sistema impõe normas que regem seu
funcionamento, o indivíduo está para responder os requisitos do poder. A filosofia da educação,
como pensa Dewey, vê a educação não preparação, nem conformidade, “mas educação é vida, é
viver, é desenvolver-se, é crescer”.
Palavras-chave: educação, persuasão, treinamento, conflito.
EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE ADMINISTRADA
Rafael Leopoldo A S Ferreira
Universidade Católica de Minas Gerais
[email protected]
Resumo: O presente artigo se volta em um primeiro momento para o que se refere o conceito de
Esclarecimento do filósofo alemão Immanuel Kant (1724 – 1804), passando por duas obras do autor
Critica da Razão Pura e o livro Resposta à pergunta: O que é Esclarecimento? No primeiro livro
saliento as contradições de um ego empírico e um ego transcendental. No segundo livro vejo as
características do esclarecimento na visão de Kant. Volto-me para a concepção que os pensadores
Theodor Adorno (1903 - 1969) e Max Horkheimer (1895 – 1973) têm do mesmo conceito na obra
Dialética do Esclarecimento. Nesta obra são analisadas as questões do esclarecimento que retorna
a Kant e o esclarecimento moral que gira em torno do escritor Marquês de Sade (1780-1814) e sua
obra Justine orGoodConductWellChastised. Ambas as formas de esclarecimento se configuram
como uma proto-história da subjetividade burguesa que se relaciona com a barbárie. Diante de
uma racionalidade que tudo instrumentaliza e uma sociedade administrada, e junto com uma
concepção que não somente as ciências, mas todas as humanidades e todo o saber representam
uma forma de poder (Michael Foucault). Ou mesmo, em que a sociedade é considerada unidimensional (Herbert Marcuse) - que só tem uma dimensão - esse conceito é usado na ópera, para
mostrar uma música que não consegue entrar em consonância com outros sons. Esta análise
mostra um imobilismo social e subjetivo, próprio da burocratoseia de uma sociedade que não entra
em consonância com outros sons e tudo instrumentaliza. Perante este cenário vejo o filósofo grego
Demócrito (460 a. C. - m. ca. 370 a. C.) como patrono da micro-política e também Foucault com a
idéia de uma limitexperience, assim, é possível ver a opacidade desta razão instrumental: a
possibilidade de uma ação.
Palavras-chave: razão instrumental, sociedade unidimensional, subjetividade burguesa, protohistória, micropolítica.
POSSIBILIDADES E LIMITES DO ENSINO DA FILOSOFIA:
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES CRÍTICAS A PARTIR
DO PENSAMENTO DE NIETZSCHE
Prof.ª Dra. Regiane Lorenzetti Collares
[email protected]
Francisco Dário de Andrade Bandeira
[email protected]
Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri
Resumo: Em suas Quatro Considerações Extemporâneas dos anos de 1870, Nietzsche se dedicou
com bastante intensidade a critica da cultura tecnicista e da educação, além de escrever um texto
mais específico em 1872, intitulado Sobre o futuro das nossas instituições e ensino, onde examina
as entranhas do sistema educacional de sua época. Vale salientar que o problema das instituições
de ensino modernas, identificado por Nietzsche, vem a reboque das considerações formuladas por
Schopenhauer no texto “sobre a filosofia universitária” (publicadas no livro Parerga e paralipomena
de 1851), e que parece se apoiar no tripé egoísta que da ciência, do comércio e do Estado de sua
época. Neste sentido filósofo de Zaratustra percebe que o Estado e os comerciantes são os grandes
responsáveis pelo enfraquecimento da cultura, pois, ambos exigem uma formação rápida para
terem a seu serviço funcionários eficientes e que aprendam rapidamente a ganhar dinheiro. No
contexto destas formulações críticas, Nietzsche chama a atenção para três espécies de egoísmos
presentes no sistema educacional: o egoísmo dos comerciantes, o egoísmo do Estado e o egoísmo
da ciência. No que consistem, então, estes traços egoístas identificados no processo educativo
moderno? Seria o egoísmo educacional resultado de uma cultura preocupada apenas em formar
“modelos”, “peças”, “engrenagens” para seu desenvolvimento e sustentação? No rastro das
considerações críticas nietzschianas, pretende-se também estabelecer um elo reflexivo com o
ensino da filosofia no Brasil, com a abordagem didática de seu conteúdo, de forma a elaborar
melhor as seguintes indagações referentes às suas possibilidades e a seus limites, a saber: até que
ponto a filosofia pode realmente ser ensinada? Não seria a filosofia uma atividade dinâmica do
pensamento no enfrentamento dos problemas atuais? Filosofia como matéria escolar, com data e
hora marcada, conteúdo preestabelecido, constituiria de fato uma prática filosófica ou apenas mais
uma disciplina para o aluno apreender conteúdos prontos e decorar fórmulas ou conceitos? Sem
querermos encontrar respostas conclusivas a estas questões, este artigo se desenvolve no sentido
de pensar caminhos para uma prática filosófica conciliada à formação de seres pensantes, atuantes
e criativos.
Palavras-chave: ensino, filosofia, crítica.
O ENSINO DA FILOSOFIA E O ANIMÊ
Alessandra Ribeiro Assis
[email protected]
Márcia Cristina Silva Teixeira
[email protected]
Universidade Estadual de Montes Claros
Resumo: O presente texto tem como objetivo refletir sobre os recursos didáticos que podem ser
explorados para o ensino da filosofia. Para tanto é concomitantemente relevante, a utilização de
recursos didáticos tradicionais, e ainda audiovisuais como: desenhos, filmes, músicas, fotografia,
pinturas e outras mídias para o ensino da filosofia. No entanto enfocaremos a utilização do animê,
que não são apenas simples “desenhos animados”. Uma vez que possuem características peculiares
e uma forma diferenciada de tratar o que se entende como “animação”, pois tem uma seqüência
lógica, além de tratar de assuntos pertinentes a Filosofia. Recorreremos ainda ao “Parâmetro
Curricular do Ensino Médio” (PCNEM), publicado pelo Ministério da Educação, apontaremos, na
seção dedicada ao ensino da Filosofia, as análises que enfatizam a importância da escolha e da
utilização dos recursos audiovisuais tendo em vista o êxito no processo de ensino e aprendizagem.
Tais processos de analise e compreensão apenas são permitidos através de uma forma mais
dinâmica/contextualizada, o que seria concomitantemente viável a utilização de recursos que
aproximassem o aluno dos conteúdos filosóficos tornando-os mais real. Sendo assim, pretendemos
em nosso trabalho demonstrar a possibilidade de uma dinâmica entre diferentes recursos
audiovisuais, em especial oanimê, e a Filosofia, que geralmente é vista como um conhecimento
abstrato; mas que pode e deve ser entendida num campo mais real e palpável.
Palavras-chave: ensino de filosofia, recursos didáticos, PCNEM, Animê.
FILOSOFIA E PRÁTICA DOCENTE: A PROBLEMÁTICA DO ENSINO DE FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO
BÁSICA
Cícero Feitosa Gomes
Universidade Federal de Alagoas
[email protected]
Atualmente fala-se muito em ensino de filosofia para a educação básica, e nesta ótica, é possível
discutir ensino, aprendizagem, conhecimento, método e valorização de habilidades do educando. O
ensino de filosofia na educação básica versa sobre tudo na construção do educando quanto à
produção do próprio conhecimento, ou seja, o aluno tem no professor um facilitador ou mediador
do processo, não um ditador de normas e de conteúdos dogmáticos. Nesta perspectiva o educador
não deve ser aquele que visa êxito em sua pratica docente a exposição de conteúdos sistêmicos,
abordados tanto de forma oral, quanto repassado através da lousa, e ainda avaliar seus alunos
quanto à abstração dos conteúdos. Certamente que o professor deve ser aquele que possua
domínio e profundo conhecimento da disciplina em questão. No entanto, sabe-se que o ensino
atualmente vai muito além de repassar conteúdos, com isso pretende-se afirma que ensino não se
limita a mostrar conceitos, apontar os principais pensadores e suas perspectivas problemáticas
filosóficas, até porque pode ocorrer neste processo o equivoco de ensino sem aprendizagem, o que
pode ser muito frustrante na atividade docente. Encontra-se então um problema ao que
corresponde: como ensinar filosofia sem fugir dos sistemas filosóficos? Certamente há no professor
desafios contínuos em sua atividade docente, além de precisar dominar os conteúdos, ele precisa
saber que seus alunos na maioria das vezes são adolescentes, e como adolescentes, precisam ser
compreendidos pelo professor, principalmente entre tantos outros fatores, por serem na maioria
das vezes imediatos. Com isso, na tentativa de responder a essa problemática acima, concernente a
ensinar filosofia sem fugir ao rigor teórico, é possível afirmar que os conteúdos, os problemas
apontados pelos filósofos bem como a historia da filosofia pode ser aproveitada ao ensino se ela for
efetuada como meio, e nunca como um fim como afirma Sofiste ao citar os pcns: *...+ “ao invés de
um ensino em que o conteúdo seja visto como um fim em si mesmo, o que se propõe é um ensino
em que o conteúdo seja visto como um meio para que os alunos desenvolvam as capacidades que
lhes permitam produzir e usufruir dos bens culturais, sociais e econômicos” (apud Sofiste, 2007,
p.91). Obs: apud=citado por. Nesta ótica, o professor de filosofia em sua atividade de ensino,
percebe-se em uma necessidade em adaptar-se quanto ao método a que se utilizará a fim de
aproveitar os conceitos de filosofia como meio, ou seja, utilizar-se-á dos problemas abordados
pelos filósofos ao longo da historia da filosofia com o objetivo de adaptá-los ao contexto
psicobiosocial do aluno, dessa forma o aluno terá contato com sua realidade mediante a uma
associação que o professor efetua ao aplicar filosofia com a vida prática do aluno, o que naquele
momento social, histórico, ou subjetivo o educando esteja vivenciando, aplica-se o que pensou a
respeito daquele assunto, tema, o filósofo dentro do contexto histórico da filosofia, seja na
antiguidade, medieval, modernos ou contemporâneos, sempre será possível relacionar o
pensamento de algum filósofo ao cotidiano do educando, e isso, ao utilizar-se dessa ferramenta
como meio, e assim aplicá-los ao contexto real do aluno. Isso fará com que se aproxime aluno e sua
realidade prática com a filosofia, ou seja, a filosofia está presente na atividade humana, mesmo que
este não perceba, cabe então ao professor juntar aluno e filosofia, mostrando-lhe que ela está bem
próxima dele e assim atrair o aluno quanto ao pensamento filosófico. Com isso, pressupõe que
qualquer individuo aprenda aquilo que lhe configure como algo significativo, em outras palavras, é
possível afirmar que se aprende com maior rendimento aquilo que faz sentido. Dessa forma, é
necessário que o professor perceba aquilo que faz sentido aos seus alunos, e com isso, a filosofia
poderá ser aplicada ao momento real do aluno fazendo com que não lhe apareça como mais uma
disciplina a decorar, mas sobretudo, como uma disciplina que o auxilie em sua cotidianidade, como
uma ferramenta que faz sentido possuir e manejar, e ainda assim perceberá o significado subjetivo
do pensar reflexivo.
Palavras-chave: pratica docente, filosofia, educando.
FILOSOFIA: CAMINHOS PARA SEU ENSINO
Erica Costa Sousa
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
Resumo: A presente comunicação abordará os possíveis caminhos para um ensino da filosofia,
abordagem essa escolhida a partir da observação feita da necessidade dos docentes tanto da
graduação quanto do ensino básico de filosofia de discussão entre a comunidade acadêmica sobre
quais possíveis abordagens podem ser feitas no ensino da filosofia, desde o ensino fundamental
abrangendo aos demais cursos de graduação os quais necessitam da filosofia como disciplina em
sua grade curricular. A princípio iremos discutir a importância do ensino de filosofia para a
comunidade acadêmica e também para os discentes do ensino fundamental e médio, esse trabalho
também versará sobre algumas teorias filosóficas sobre o ensino da filosofia bastante discutidos
desde a modernidade até hoje tais como: se ensinar filosofia é transformar alunos em filósofos, se
em possíveis conhecedores da história da filosofia, transformá-los em eruditos de determinadas
disciplinas ou produzir neles incômodos existenciais para que os transformem críticos de suas ações
e das ações da sociedade em que vive. No segundo momento da discussão deste trabalho será
abordado uma dúvida que permeia à muito tempo no ensino de filosofia, se deve-se ensinar
filosofia ou a filosofar. Portanto na presente comunicação pretende-se discutir temas que são de
fundamental importância na discussão sobre o ensino da filosofia com base desde a filosofia
socrática até as teorias de filósofos mais contemporâneos como Kant, Nietzsche, sobre a égide de
atuais discussões de filósofos brasileiros como Silvio Gallo um dos principais teóricos de práticas
filosóficas.
Palavras-chave: filosofia, ensino, filosofar, transformação.
ANÁLISE PEDAGÓGICA DO ENSINO DE FILOSOFIA NO CARIRI CEARENSE
Francisco Juciê Felipe de Lacerda
Anna Marya Felipe de Lacerda
Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri
[email protected]
Resumo: A partir do ano de 2008 existiu a exigência da aplicação da disciplina de Filosofia nas
Escolas de Ensino Médio do Brasil. Exigência essa, feita pela Lei n.º 11.769. Sabendo da escassez de
professores com graduação específica em Filosofia e a falta de um projeto pedagógico por parte da
Secretaria de Educação do Estado do Ceará, optamos por tratar sobre essa pauta enquanto
pesquisa. Dessa forma, buscamos analisar a construção pedagógica do ensino de filosofia em nossa
Região, sobre um olhar da História da Filosofia. Assim, o presente trabalho tem como escopo, a
análise do material pedagógico e a aplicabilidade conteudísticas, no Ensino Médio Estadual nas
escolas da Região do Cariri Cearense. Tendo como referência, a proposta curricular de alguns livros
didáticos e acompanhamento de professores de Educação do Curso de Licenciatura em Filosofia
pela UFC-Cariri. Trabalho esse, que vem sendo realizado por alguns alunos do mesmo curso, com
pesquisas de campo e reuniões nas Regionais 18º, 19º e 20º, denominadas de CRED, sendo essas as
matriarcas no Ensino do Cariri. Por fim, teceremos comentários sobre a construção de um projeto
pedagógico a ser aplicado pela SEDUC-CE, com base nas regionais acima citadas e posteriormente
ser transmitida para as demais Regionais componentes da Secretaria Educacional do Estado do
Ceará.
Palavras-chave: Cariri, filosofia, Educação
OS “PENSAMENTOS” DO JOVEM WERTHER: FILOSOFIA E LITERATURA NO ENSINO
César Augusto Matos
Universidade Federal do Ceará
[email protected]
Resumo: Os “Pensamentos” do Jovem Werther integra-se à produção acadêmica na área da
transposição didática dos conteúdos filosóficos ao ensino, sobretudo o ensino de nível médio, bem
como ao desenvolvimento de instrumentos pedagógicos que auxiliem discentes e docentes no
trabalho didático com Filosofia, onde a adoção das linguagens artísticas tal qual a literatura é tida
como meio para o processo de ensino e aprendizagem. O texto apresenta a interpretação de uma
obra que não se pretende filosófica - mas que não deixa de ser objeto para o estudo de filosofia bem como se dedica a transmitir a interpretação das palavras de Goethe em termos de Teoria do
Conhecimento e/ou Estética aos modos Modernos e sem que para isso assuma-se a intenção
filosófica do autor de Os Sofrimentos do Jovem Werther. Por sua vez, David Hume e Imanuell Kant
mostram-se debruçados sobre fundamentações para o pensamento quanto à sua origem sensível e
temas como a sensibilidade, a percepção e o conhecimento do sensível fulguram em textos que
tratam da Teoria do Conhecimento e da Estética Filosófica, sendo notados como essenciais para a
compreensão do processo de apreensão e representação dos fenômenos. De outro lado, Goethe,
com as palavras de Werther expõe uma série de reflexões a respeito das habilidades cognitiva e
sensível de um artista. Assim, com a leitura do Livro I de Os Sofrimentos do Jovem Werther
encontramos recortes que apresentam um homem esclarecido a versar sobre a influência das
sensações e emoções para a formação de idéias. Quando podemos relacionar suas reflexões às
teorias estéticas de Hume e Kant para enfim desenvolver reflexões e discussões a respeito dos
temas propostos nos planos de ensino de filosofia, na área da Estética e da Teoria do
Conhecimento.
Palavras-chave: ensino de filosofia, estética, teoria do conhecimento, sensiblidade.
“PALAVRA VERDADEIRA” E “PALAVRA FALSEADA” – POSSIBILIDADES DE ENUNCIAÇÃO DA
REALIDADE A PARTIR DE UMA PEDAGOGIA DA LIBERTAÇÃO FREIREANA
Fernando Luiz Duarte Junior
Universidade Estadual do Ceará
[email protected]
Resumo: Embora nosso tema não seja abordado de forma direta com muita atenção do educador e
filósofo brasileiro Paulo Freire (1921 – 1997), é, pois, fruto de discussão relevante não só para o
ambiente acadêmico filosófico como para o entendimento da própria sociedade enquanto
perspectivada à luz de uma teoria do antagonismo de classes. Com isso, pretendemos inserir à
discussão o pensamento do autor quando diz: “Não há palavra verdadeira que não seja práxis. Daí
dizer que a palavra verdadeira seja transformar o mundo.” (FREIRE, 2005, p. 89). É com esta
afirmação do seu “Pedagogia do Oprimido” (lançado pela Herder&Herder em 1970) que
pretendemos trabalhar sua argumentação filosófica do que seja “Palavra Verdadeira”, porque ela é
práxis, e, sobretudo, transformação do mundo. Para compreendermos aquela afirmação é
necessário passar por sua contraposição lógica, que chamamos “Palavra Falseada”. Ela é o
obscurecimento da possibilidade de transformação do mundo. É uma anti-práxis. Pretende-se
através dela manter o mundo como está, ou seja, [grosso modo] uns mandam, outros obedecem. O
fato de uns mandarem e outros obedeceram não é o centro da questão em si. Vendo que é
necessário certa relação intersubjetiva em que consciências pretendem se afirmar em um mesmo
campo aberto de possibilidades. Campo este de batalha, mas, uma batalha que não se deve ferir o
oponente de forma a subjugá-lo, pois, é possível e preferível através de uma “ética universal dos
seres humanos” o tratamento por igual de sujeito-sujeito de um pelo outro: eis a implicação ética
de Freire. O centro da questão em si é a vocação ontológica do ser humano de Ser Mais
confirmada na sua liberdade, historicidade e criação, na sua constante humanização. Onde o poder
dominante quer negar de forma mascarada isto. Afim de esclarecermos estas problemáticas e
desenvolver sua teoria da Palavra Verdadeira como práxis e transformação do mundo é que
propomos este inicial estudo aqui indicado.
Palavras-chave: palavra verdadeira, palavra falseada, pedagogia da libertação, ética, Paulo Freire.
REPENSANDO O MODELO DA EDUCAÇÃO MODERNO-CONTEMPORÂNEA
ATRAVÉS DE PRÁTICAS FILOSÓFICAS
Valéria dos Santos Silva
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
Resumo: Em vista da notável submissão ao modelo atual de formação proposto aos pretendentes
de uma carreira docente, tornou-se viável um estudo através de práticas filosóficas já conhecidas,
na tentativa de buscar uma saída ao problema da sistematização da formação educacional. Visto
que, por meio de questões simples, inseridas dentro de um contexto determinado, a maiêutica, por
exemplo, baseia-se na idéia de que o conhecimento é latente na mente de todo ser humano,
podendo ser encontrado pelas respostas a perguntas propostas de forma perspicaz. Diante de
outrora afirmação, venho perguntar aos presentes: “Por que essa educação se tornou tão
autoritária, aprisionando e tornando seus dependentes em ‘máquinas’ que necessitam de tal
‘operação’ para pensar e agir de maneira já imposta por um sistema diante dessa sociedade?” Sem
desmerecer a finalidade da educação e o trabalho de pedagogos, penso que, deveríamos nos
recordar do que pensava Sócrates, deveríamos deixar vir ao mundo idéias concebidas por nós
mesmos e provocadas sem nenhum impedimento ou barreira que nos é imposto em um lugar
fechado com tudo determinado a ser estudado. Com base nisso é bom que nos recordemos do
modelo atual que reina nas escolas brasileiras hoje, os famosos PCN’s (Parâmetros Curriculares
Nacionais), citar aqui suas divergências para com a filosofia é de importante avaliação. “Os
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio de Ciências Humanas e suas Tecnologias,
destaca que a filosofia no Ensino Médio consiste na formação do aluno enquanto ser social, crítico
e humano, tudo isso relacionado ao verdadeiro papel da filosofia que é a luz da reflexão crítica,
criativa e criteriosa utilizando o pensar que será manifesto no falar e nas ações.” (segundo
criadores do PCN). Mas, vem à tona outra questão, é essa a realidade das escolas, dos filósofos
educadores quando se unem a esse modelo? De acordo com Platão, a educação deveria funcionar
como forma de desenvolver o homem moral. Mas e os outros problemas que o atingem e afligem?
Não vivemos, pois, em Atenas na época de 428 ou 427 a.C., estamos no século XXI e esse modelo
atual de educação, toda essa sistematização, não será o suficiente para se mudar a realidade. Por
que não inserir um novo modelo às nossas escolas, ou tentar ao menos mudanças naquele já
existente? Deixar que pensem realmente os alunos, que contribuam na construção dessas grades
curriculares de ensino os professores de suas determinadas áreas e sejam livres a ter suas próprias
idéias e poderem expor-las, sem a prisão de algo já pré-definido. Deixar que esses também nos
ensinem com aquilo que pensam e acham a respeito da vida, do homem, do mundo? Afinal a
filosofia sempre será um processo de aprendizagem e nascer de novas idéias em todos os seres.
Devemos ver o fim próximo de toda essa prisão, e necessitamos de novidades que nos motivem a
encontrar uma solução para nosso modelo educacional.
Palavras-chave: Práticas filosóficas, Sócrates, educação, PCN’s, modelo.
EDUCAR: UM ESBOÇO SOBRE O PAPEL FUNDAMENTAL DO ENSINO DE FILOSOFIA
André de Sousa Silva
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
[email protected]
Resumo: O cenário educacional brasileiro atual está sob a égide da metodologia científica, e toma
para si como pressupostos básicos o pragmatismo e a eficácia tecnológica. Pensar o papel
fundamental do ensino de Filosofia em face de tal pressuposto é empresa necessária, e se revela
como um convite a pensar as diferenciações existentes entre o pesar filosófico e o pensar científico.
O presente artigo pretende analisar a relação entre educação e o pensar filosófico, partindo do
pressuposto do que é o pensar filosófico segundo Martin Heidegger em sua obra “Introdução à
metafísica”. A partir das reflexões propostas poder-se-á remontar ao dado primordial da educação,
a saber, o verdadeiro ato educar que vai muito além da mera determinação científica a qual a
educação atual está subordinada.
Palavras-chave: educação, filosofia, ensino.
A FORMAÇÃO DO DOCENTE EM FILOSOFIA: A EXPERIÊNCIA DO PIBID
Fernanda P. M. Paixão
Universidade Federal do Mato Grosso
[email protected]
Resumo: Este trabalho propõe uma reflexão e estudo acerca da formação do docente em filosofia
no Brasil, já que nos dias de hoje muito se debate a respeito do ensino de filosofia no ensino médio,
em virtude do Parecer nº 38/2006, do Conselho Nacional de Educação, e, principalmente, da Lei
11.684/2008. No primeiro momento é feita a contextualização histórica de como aconteceu a
inserção da filosofia na educação brasileira desde os jesuítas, trabalho este que poderá auxiliar na
identificação da época em que, afinal, começou haver alguma preocupação com a formação do
professor de filosofia e, indo além, como tal problema refletiu na assim chamada academia (ensino
superior), tanto nas pesquisas como nos projetos e propostas de ordem prática. Em seguida,
voltando-se aos anos subseqüentes ao parecer e à lei, supracitados, será apresentada uma análise
mais cuidadosa a respeito das pesquisas e práticas realizadas, nas e pelas universidades com cursos
de licenciatura em Filosofia, que contribuem para a formação dos acadêmicos enquanto futuros
professores. Dos projetos e práticas identificados destaca-se o PIBID, Programa Institucional de
Bolsa de Iniciação à Docência, cuja finalidade é justamente a elevação da qualidade das ações
acadêmicas voltadas à formação inicial de professores nos cursos de licenciatura das instituições de
educação superior e ao qual dedicamos maior atenção. A partir de um breve relato e análise das
experiências do PIBID-Filosofia da UFMT, Universidade Federal do Mato Grosso, faz-se um estudo e
projeção do reflexo deste projeto nas licenciaturas em Filosofia e, principalmente, na formação
docente em filosofia. Assim, além da reflexão acerca da necessidade e importância do cuidado com
a formação de professores de filosofia busca-se entender se isso acontece e como tem acontecido
em nosso país.
Palavras-chave: docência, ensino, filosofia
O GRAU DE PERCEPÇÃO DA DISCIPLINA DE FILOSOFIA POR PARTE DOS ESTUDANTES DO ENSINO
MÉDIO NO MUNÍCIPIO DE CHAPADINHA-MA
Tamara dos Santos da Costa
Universidade Estadual do Maranhão – Pólo Anapurus-MA
[email protected]
Resumo: O Brasil possui uma precariedade educacional histórica. E buscando localização, o estado
do Maranhão não foge desta realidade. No interior do estado, o município de Chapadinha, possui
escolas públicas de nível médio, que aplicam a disciplina de Filosofia somente no 1ª e 2º ano com
horário restrito de menos de 1 hora por semana. O município possui apenas uma educação básica
obrigatória sem nenhum desenvolvimento assíduo de métodos didáticos e participativos professoraluno. Foi aplicado como método avaliativo de tal situação um questionário aos alunos, que
caracterizou positividade em 92% dos estudantes, um singelo nível de compreensão do objetivo
filosófico que a disciplina apresenta. Constatou-se limitação em sala de aula por sistematização da
aplicação dos conteúdos teóricos, e da não ampliação de didáticas diferenciadas. Nesse contexto o
que se observa é que os que lecionam Filosofia também não expressão a essência da disciplina
junto a esses jovens. A carência de professores graduados na área que tenha no espírito o
engajamento de ser um professor filósofo é também um fator que condiciona mais ainda essa
realidade intelectual dos estudantes chapadinhenses. Apontando assim, problemas a serem
solucionados e a precisão do incentivo ao pensamento filosófico com todos os sentidos voltados
aos estudantes. Aflorando o senso crítico em busca do melhor, desde o espaço intrínseco do “eu”
como individuo pensante, ao extrínseco como um individuo atuante na sociedade em que vive.
Contudo esse trabalho visou perceber a realidade do nível perceptivo da disciplina de Filosofia dos
jovens estudantes chapadinhenses, que são vitimas de uma educação precária. Além de traçar
metas resolutivas para a construção de um ensino satisfatório da Filosofia no nível médio do
município de Chapadinha Maranhão.
Palavras chaves: disciplina de filosofia, Chapadinha, ensino médio.
O ENSINO DA FILOSOFIA NO NÍVEL MÉDIO: É POSSÍVEL SUPERAR O PRECONCEITO CONTRA A
DISCIPLINA A PARTIR DE ATIVIDADES INTERDISCIPLINARES?
Andréia Ferreira dos Santos
[email protected]
Camilla Machado de Souza
[email protected]
Universidade Federal de Goiás
Resumo: O presente trabalho é fruto de estudos teóricos e experiências práticas vivenciadas no
campo de estágio. Em nossas vivências, detectamos a existência de certo preconceito contra a
disciplina de Filosofia, a partir da forma como ela é ministrada no ensino médio. Procuraremos
argumentar que, mesmo nos nossos dias, com a obrigatoriedade do ensino da filosofia na educação
básica, esse caráter obrigatório não tem lhe garantido um tratamento igualitário em relação às
outras disciplinas do currículo do Ensino Médio. Como resultado do estudo empreendido até aqui,
podemos apontar como possíveis indicadores de preconceito, o reduzido número de horas
destinadas à disciplina de Filosofia na grade curricular, a flexibilidade dos professores em
“emprestar” a sua hora de aula para professores de outras disciplinas, a má formação do professor
de filosofia ou a falta dela, pois muitos que trabalham com a disciplina nas escolas, não têm
formação filosófica, entre outros. No questionário aplicado a 90 (noventa) alunos do Ensino Médio
de um colégio público de Goiânia, 67 (sessenta e sete) deles responderam às questões. O resultado
da pesquisa empírica indica que os alunos consideram a relevância da Filosofia para a sua formação
e apontam para a necessidade de que se dê a ela mais tempo na grade curricular. Assim, há de se
pensar a qualificação dos professores, como condição necessária para a superação do preconceito.
Nesse sentido o que estamos propondo é desenvolver um projeto interdisciplinar que possibilite, a
partir de um conjunto de atividades, contribuir para combater as resistências e a instabilidade que
cerca a presença da disciplina de filosofia na educação básica. Entendemos que a
interdisciplinaridade pode ser uma prática que não dilui as disciplinas no contexto escolar, mas que
amplia o trabalho disciplinar na medida em que promove, por meio de atividades de interesse
comum, o diálogo entre docentes e a articulação entre saberes. Por isso, a interdisciplinaridade não
deve ser vista pura e simplesmente como o cruzamento das disciplinas, e sim, como uma práxis
individual e coletiva que coloca a exigência do comprometimento e do engajamento de alunos e
professores. É dessa perspectiva que, deslocada do domínio cognitivo para os domínios sociais,
políticos, éticos e estéticos, a interdisciplinaridade seria um elemento-chave para qualificar a
formação do professor de filosofia. Mais que isto. Ela é uma condição para que a disciplina de
Filosofia seja definitivamente consolidada, tenha estabilidade e seja considerada tão necessária
quanto todas as outras, para a formação do aluno no Ensino Médio.
Palavras-chave: filosofia, ensino, preconceito, formação, interdisciplinaridade.
A INSERÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA NA FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA
Evando Aparecido Gasque
Universidade Federal de Ouro Preto
[email protected]
Resumo: Com a adesão ao Programa Institucional de Bolsas e Incentivo a Docência – PIBID -, o
curso de Filosofia da UFOP passa e abrigar em seu seio um novo caminho a ser trilhado pelos alunos
de graduação que optam pela modalidade licenciatura - sempre tomada como segunda opção pelos
discentes do departamento; deste modo são facultadas a eles novas formas de aplicação do saber
adquirido ao longo da sua formação acadêmica, bem como a aquisição de experiências
fundamentais para o desenvolvimento de suas potencialidades, enquanto educandos e,
principalmente, futuros educadores. Inseridos nesse contexto, onde os acontecimentos da escola
pública passam a sedimentar o cotidiano dos discentes sempre envolvidos em uma formação que
tem como um dos seus pilares, a ortodoxia de um saber que raramente dialoga com o seu entorno,
são forjadas experiências de ensino-aprendizagem, principalmente, que tem sua originalidade
tributada, à especificidade do espaço onde se desenrola esses processos, a escola suburbana
Desembargador Horácio Andrade, bem como à peculiaridade dos sujeitos envolvidos na atividade,
alunos de graduação de uma universidade pública federal e do ensino médio da referida escola.
Sendo assim, esse trabalho versará sobre as etapas que forjaram o projeto de ensino de filosofia
“Conversas Filosóficas”, vinculado ao PIBID, assim como a aprendizagem adquirida e vivenciada
pelos alunos da UFOP ao se inserirem nas relações que dão forma ao dia-a-dia do Colégio
Desembargador Horácio Andrade.
Palavras-chave: aprendizado, diálogo, escola Pública, PIBID.
A INSERÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA NA FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA
Evando Aparecido Gasque
Universidade Federal de Ouro Preto
[email protected]
Resumo: Com a adesão ao Programa Institucional de Bolsas e Incentivo a Docência – PIBID -, o
curso de Filosofia da UFOP passa e abrigar em seu seio um novo caminho a ser trilhado pelos alunos
de graduação que optam pela modalidade licenciatura - sempre tomada como segunda opção pelos
discentes do departamento; deste modo são facultadas a eles novas formas de aplicação do saber
adquirido ao longo da sua formação acadêmica, bem como a aquisição de experiências
fundamentais para o desenvolvimento de suas potencialidades, enquanto educandos e,
principalmente, futuros educadores. Inseridos nesse contexto, onde os acontecimentos da escola
pública passam a sedimentar o cotidiano dos discentes sempre envolvidos em uma formação que
tem como um dos seus pilares, a ortodoxia de um saber que raramente dialoga com o seu entorno,
são forjadas experiências de ensino-aprendizagem, principalmente, que tem sua originalidade
tributada, à especificidade do espaço onde se desenrola esses processos, a escola suburbana
Desembargador Horácio Andrade, bem como à peculiaridade dos sujeitos envolvidos na atividade,
alunos de graduação de uma universidade pública federal e do ensino médio da referida escola.
Sendo assim, esse trabalho versará sobre as etapas que forjaram o projeto de ensino de filosofia
“Conversas Filosóficas”, vinculado ao PIBID, assim como a aprendizagem adquirida e vivenciada
pelos alunos da UFOP ao se inserirem nas relações que dão forma ao dia-a-dia do Colégio
Desembargador Horácio Andrade.
Palavras-chave: aprendizado, diálogo, escola Pública, PIBID.
PRÁTICA FILOSÓFICA E A SUA INFLUÊNCIA ARTÍSTICA
AluskaGomesde Macedo
Universidade Estadual da Paraíba
[email protected]
Resumo: Desde a antiguidade, segundo os gregos e para os modernos a filosofia usava da arte, não
só para deleite, mas para educar. O propósito desse texto é abordar o conceito de arte junto com a
filosofia antiga em paralelo com a filosofia sartriana no processo educacional. De como a arte pode
ajudar na formação dos alunos e facilitar o trabalho dos professores em sala de aula, e relatar como
a filosofia antiga e moderna utilizaram da arte para uma formação moral ou existencial, que tem
uma relação direta com a formação educacional que pode ser trabalhada na prática pedagógica.
Sendo a arte um conjunto de princípios que norteiam um ofício, uma habilidade ou um ramo de
aprendizado, apontar quais as influências no processo educacional, qual sua ligação com a filosofia,
e como essas questões ajudam na formação educacional. E ressaltar que a arte não aparece como
um facilitador de uma compreensão mais fácil da filosofia aparece segundo Sartre no papel de
mostrar os textos filosóficos de forma, mas concreta e uma possibilidade de interferir de forma
mais ampla no tempo presente. A educação dos gregos na polis, tinha uma base artística, voltada
para a poesia a prosa que ajudava na formação educacional do ateniense, que junto com a filosofia
não só cuidava da “forma” mas da virtude. A arte para os gregos é um princípio educacional.
Portanto a arte junto com a filosofia têm um papel fundamental para uma prática de ensino,
porque possibilita algo inovador para a educação.
Palavras-chave: Arte, Educação, Filosofia.
ENSINO DE FILOSOFIA OU FILOSOFAR NA INFÂNCIA – MATHEW LIPMAM
Camila Raissa Santos Torres
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
Resumo: A filosofia que durante muito tempo esteve presente nas universidades, atualmente vem
ganhando cada vez mais espaço nas mais variadas formas de ensino, fazendo parte da grade
curricular, tanto do ensino médio, quanto do ensino fundamental. O programa de filosofia para
crianças, criado e desenvolvido por Mathew Lipmam, propõe estimular desenvolvimento das
habilidades cognitivas dos alunos para que adquiram um “pensar excelente”, tornando-se, assim,
pessoas aptas a evitar comportamentos antissociais. Lipmam visa construir uma sociedade melhor
e mais consciente. O programa de filosofia para crianças tem material didático especifico,
constituído de novelas filosóficas cujas personagens, em geral crianças, aparecem envolvidas em
situações problemáticas que as obrigam a exercitar suas habilidades cognitivas e a se comportar de
modo racional e civilizado, servindo, assim, de modelos a serem imitados pelos alunos, estes livros
abrangem temas das áreas clássicas da filosofia, como lógica, ética, estética e metafísica, os quais
se encontram espalhados aleatoriamente, há também juntamente com as novelas, os manuais de
como trabalhar os livros direcionados aos professores. Dentro da sala de aula forma-se uma
comunidade investigativa que privilegia a interação entre os alunos, sempre respeitando os
diferentes pontos de vista, há diversas maneiras de trabalhar o material didático, desde uma leitura
e depois abertura para debates e construção de opiniões, sem esquecer as finalidades proposta
pelo programas, formar bons cidadãos.
Palavras chave: Ensino, Infância, Sociedade.
PROBLEMATIZANDO AS SEXUALIDADES: UM TRABALHAR FILOSÓFICO
Cinthia Falchi
Universidade Estadual Paulista
[email protected]
Resumo: Problematiza-se a inclusão do tema transversal Orientação Sexual – Sexualidades para o
Ensino Médio. Questionamentos a respeito da inclusão deste tema a fim de, antes de discutir em
como abordar em sala de aula Sexualidades, ter-se que questionar: qual(is) postura(s) quer-se
passar
das
sexualidades
nas
discussões
escolares?
Quem
são
os
sujeitos
dessas
sexualidades?Desejos, erotismos e afetividades são produtos de relações. As sexualidades,
portanto, carecem muito mais de discussões, problematizações e compreensões de nível
psiquicosocial e político; de interação e integração com a sociedade, do que explicações científicas
advindas de processos laboratoriais experimentais. Reforça-se que tanto para estudante como para
profissional da área de educação, questões precisam ser levantadas a respeito de suas próprias
sexualidades, contextos históricos e meios de inserção. Apenas assim será possível chegar a analise
das práticas que Foucault aborda, na intenção de decifrar e reconhecer como sujeito de desejos. A
partir de questionamentos que aulas de filosofia, por exemplo, podem levantar, os/a estudantes
são levados a repensar seus próprios papéis sociais. Profissionais da educação também necessitam
problematizar a si mesmos como sujeitos e conhecerem, mais minuciosamente, o papel que
estabelecem no espaço que estão inseridos. Assim terão condições de incitar discussões coerentes
e concisas. É necessário compreender que, antes de educacional, o processo de problematização é
filosófico. Questionar a si, à sua própria inserção no meio e espaço e ter condições de questionar
outras pessoas para passarem por processos similares foram, por exemplo, os passos de Sócrates.
O processo escolar é um desdobramento que constrói e transforma o indivíduo. Problematizar as
sexualidades neste espaço é aspecto que fará com que construções das sexualidades possam ser
melhor fundamentas socialmente e subjetivamente em cada indivíduo atuante.
Palavras-chave: Sexualidades; Educação; Problematização.
BEN 10 E CORAGEM, O CÃO COVARDE: PERCEPÇÕES DO ENVELHECIMENTOHUMANO NA
EDUCAÇÃO INFANTIL ATRAVÉS DE DESENHOS ANIMADOS.
Cristina Costa dos Santos
Ana Paula Martins
Universidade Estadual Paulista
[email protected]
Resumo:As imagens do envelhecimento humano muitas vezes são tratadas com estereótipos e
preconceito, mas normalmente, elas são veladas e dentro da mídia estes padrões estão sendo a
todo instante afirmados. Foi através desta relevante constatação que nos colocamos a pesquisar
como estas imagens acontecem no cotidiano das crianças da Educação Infantil. Os desenhos que
optamos foram “Coragem, o cão covarde” e “Ben 10”. Ambosdesenhos trazem retratados a
imagem do velho, só que em perspectivas, enquanto que em um desenho o idoso é ranzinza no
outro ele é jovial e alegre.Procuramos com este trabalho trazer as representações que os desenhos
trazem destes idosos e confrontá-los com as representações queas crianças fazem.Este projeto de
pesquisa é baseado numa abordagem qualitativa, tendo o ambiente natural da escola como fonte
direta de dados, os fenômenos, que estudaremos encontra-se nas relações escolares a partir do seu
contexto histórico, procurando responder aos problemas levantados neste trabalho, marcado pela
interpretação de mundo do pesquisadora/o e dos pesquisadas/os. Os dados analisados serão
coletados em duas etapas correlacionadas, a observação participante na escola e a entrevista das
crianças envolvidas, para poder cruzar as informações, confirmando ou rejeitando hipóteses,
criando e recriando o conhecimento. As conclusões parciais que chegamos nos demonstraram que
as crianças não tinham a percepção do envelhecimento humano, ou seja, as figuras dos idosos
(sobre tudo do desenho “Coragem, o cão covarde”) não correspondiam com as figuras dos idosos
que eram seus avôs.
Palavras-chave: Envelhecimento humano, Educação Infantil e Desenhos.
EDUCAÇÃO ENSINO-APRENDIZAGEM E A DIDÁTICA MARXISTA
Donizete Leonardo de Melo
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
Resumo: O estudo em questão reflete o dia-a-dia do professor, quando este se esmera em passar
os conhecimentos de forma eficaz e eficiente, numa perspectiva dialética e do seu cotidiano da sala
de aula na escola, pois a tomada de posição frente a eles, no sentido de compreende-los e
transformá-los. Assim, ação educacional deve ter seu desenvolvimento na prática e nas idéias,
tomando a didática marxista para coesionar e sistematizar o aparente caos do conhecimento e da
realidade nas escolas. De modo que a filosofia marxista deve representar uma compreensão
madura de transformação social do aluno, que cada vez mais representa o melhor e a mais extensa
das explicativas do processo de ensino aprendizagem. É a presentificação do saber através de um
ideal ético e dialético, para que possa aprimorar as qualidades intelectuais do aluno e a percepção
é o núcleo formador da filosofia marxista, no qual encontra-se a idéia de progresso de mudanças de
vida, de noções de civilização valores de conduta moral e ética, assim, essa visão de mundo é a
pedra angular da filosofia de Marx em relação à educação, que formula um processo de realização
e operações, objetivando a transmissão de um saber ainda mais crítico que junta o útil ao agradável
– ensinar – aprender. É neste contexto que as soluções dos problemas se depara com os problemas
ainda maiores, com novas questões que passam a serem discutidas, sistematizadas com novas
cores, novos dados, exigindo uma nova tematização de paradigmas da educação, portanto a
dialética marxista se apossa das categoria cotidiano do professor e do aluno e as cola a serviço de
uma educação transformadora e libertadora do homem, retornando este à condição de ser
genérico e não alienado.
Palavra-chaves: Educação, Aprendizagem, Professor e Dialética.
OS DESAFIOS DE UMA EDUCAÇÃO PARA O PENSAMENTO E PARA A CULTURA: O PROBLEMA DO
LIVRO DIDÁTICO.
Eduardo Ferraz Franco
Universidade Federal de Goias
[email protected]
Resumo: Nietzsche, em seus Escritos sobre educação, critica os estabelecimentos de ensino,
atestando que estes não formam o estudante para o pensamento, para a cultura, mas que,
vinculado ao Estado e seus objetívos utilitários de formação para o trabalho e obediencia, busca
formar o máximo de pessoas com um saber médio, visando apenas especializar para o exercicio
profissional, no máximo, forma-se um erudito detentor dos conhecimentos de uma determinada
ciência. A educação desses estabelecimentos não pode formar homens para um pensamento
autêntico e livre, já que, vinculada ao Estado, não consegue ter um compromisso com a verdade,
mas com objetivos politicos e ideológicos. Vemos nossos estabelecimentos de ensino atuais nestas
mesmas condições. Seus objetivos são o de formação de profissionais e cidadãos cumpridores das
regras do Estado. Com os olhos voltados para os nossos estabelecimentos de ensino podemos crer
que a volta da filosofia para o ensino médio pode ser um momento de resistência a esta lógica de
ensino. Acreditamos que dentro da sala de aula o professor tem um espaço de resistência onde,
mesmo sendo um funcionário pago para servir os interesses do Estado, pode decidir o que e para
quê ensinar, assim como Nietzsche diz que Platão e Schopenhauer
poderiam ser filósofos
universitários sem prejudicar sua filosofia, já que não abririam mão da verdadeira filosofia para
servir a outros interesses. Um professor de filosofia compromissado com a filosofia, então, seria
aquele que não abriria mão da filosofia na sala de aula, que oporia resistência a esta lógica de
formação para o mercado de trabalho, desta formação rápida e com outros fins que não o da
formação cultural, da formação humana. Recorrer aos clássicos, é isto que Nietzsche diz ser o
primeiro passo para uma educação para a cultura e o pensamento. Recorrer aos clássicos para se
aprender a escrever e a falar a lingua materna, para aprender a organizar seu próprio pensamento
para, partindo daí, alcançar a autonomia de pensamento. Recorrer ao pensamento dos clássicos
como um pensamento vivo que está em atividade e que tem muito a dizer sobre nossa existência.
Sendo assim, acreditamos que o livro didático de filosofia é um grande obstáculo para o acesso a
este pensamento vivo dos clássicos, para o pensamento. Os livros didáticos apresentam o
pensamento dos filósofos como algo morto, no passado histórico, uma enciclopédia de sistemas
filosóficos a ser apreendido pelos alunos, mas que nada tem a dizer sobre sua existencia, sua vida,
que nada tem a lhes acrescentar. Este trabalho tem como objetivo problematizar a adoção do livro
didático como texto central na aula de filosofia, acreditando que este dificulta a atividade filosófica,
já que dificulta o acesso dos alunos aos clássicos, ao que o acervo filosófico tem a nos dizer sobre
nossa vida, sobre nossos problemas, tornando a aula de filosofia mais uma disciplina
compartimentada com saberes a serem decorados e repetidos, sem nenhum movimento no
pensamento, sem um estímulo à criação, ao novo, que surge quando dialogamos com a tradição a
partir dos nossos problemas.
Palavras-chave: Cultura; Formação; Livro didático; Ensino de Filosofia; Nietszche.
A FILOSOFIA CARTESIANA COMO UM PONTO DE PARTIDA; UMA DISCUSSÃO SOBRE O ENSINO DA
FILOSOFIA A PARTIR DA SUA INTERAÇÃO COM OUTRAS ÁREAS.
Everton Fernandes de Souza
Isaú Ferreira Veloso Filho
Universidade Estadual de Montes Claros
[email protected][email protected]
Resumo: O presente texto tem como objetivo refletir a aplicação e proximidade de outras áreas de
conhecimento e a filosofia. Procurando com isso desmistificar a filosofia, demonstrando como que
a busca filosófica acaba por criar uma serie de paradigmas, nas mais variadas áreas do
conhecimento. Pretendemos questionar a falsa interpretação de que o senso comum dispõe, em
grande parte pelo fato do ensino filosófico ter sido ministrado por professores que não tem uma
formação característica na área. Ou seja, a nossa proposta visa utilizar as mais diversas áreas do
conhecimento (como as ciências exatas e humanas) como ponto de partida para o ensino da
filosofia. Dinamizando assim o ensino, afinal a proposta procura uma comunicação entre as
diversas áreas do conhecimento cientifico com o intuito de demonstrar a interação existente entre
as disciplina do ensino médio e fundamental com temas filosóficos, além de aumentar o senso
critico dos alunos, proposta latente do ensino da disciplina na educação básica. Utilizaremos,
portanto como ponto de partida para esse método de ensino, a filosofia de Descartes unicamente
por afinidade, afinal tal proposta pode englobar os mais diversos pensadores desde Aristóteles à
Nietzsche. Por fim, propomos o método interdisciplinar de ensino da filosofia com as diversas
areas, mostrando que a filosofia não deve ser interpretada como conhecimento meramente
especulativo e abstrato, assim essa proposta visa complementar o método do “Parâmetro
Curricular do Ensino Médio” (PCNEM), em sua fase unicamente temática.
Palavras-chave:Ensino de Filosofia; Interdisciplinaridade; Descartes; PCNEM.
O ENSINO DA FILOSOFIA E SUA ATUAÇÃO NAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS.
Gláucio Fernando Cunha Silva
Isabella Silva Gaioso
Universidade Federal do Maranhão: UFMA
[email protected]
Resumo: A filosofia é amplamente conhecida como uma disciplina de formação critica do individuo,
atuante na construção direta da cidadania e consequentemente na formação social de uma
determinada comunidade. Em consonância a isso, costuma-se dizer que a filosofia “ensina” a ver o
mundo de uma outra forma, ou seja, uma espécie de ressignificação da visão costumeira,
imediatista e acomodada que costumamos ter a cerca do mundo. Tendo em vista isso, preocupouse em saber em que medida esta filosofia, esta nova e intrigante maneira de observar o mundo,
tem agido no que concerne às relações étnico-raciais dentro de sala de aula e em paralelo, quais os
conhecimentos que esses emergentes cidadãos levam para fora da escola e inculcam dentro da
sociedade na qual vivem. Tais inquietações tornaram-se mais evidentes na medida em que como
integrantes do grupo NURUNI (Núcleo de Pesquisa e Extensão com comunidades rurais negras,
quilombolas e indígenas), nos deparamos com uma realidade que não está descrita nos livros de
filosofia e nem nos manuais filosóficos, mas que não deixam de serem questões eminentemente
filosóficas, já que a partir delas podemos redimensionar o ponto de atuação da filosofia enquanto
prática. Então, onde a filosofia pode agir para diminuir os efeitos das desigualdades étnico-raciais
dentro de uma sociedade em que ela, a filosofia, é uma grande aliada nesse combate?
Primeiramente é necessário se compreender os mecanismos que compõem essas diferenças, e
assim agir diretamente sobre estes, tentando interacionar entre os componentes daquele corpo
escolar, respeito mutuo, reconhecer que há diferenças sim e tratá-las sem medo ou preconceito. O
ensino de filosofia deve tentar versar sobre a interdisciplinaridade e contextualizar práticas que
viabilizem a execução da lei nº 10.639/2003 que torna obrigatório o ensino de História e cultura
Afro-Brasileiras e Africanas no currículo oficial da educação básica.
Palavras-chave: Étnico-raciais, Educação, Ensino de filosofia.
O BÁSICO DA FILOSOFIA?
Jean D. Soares
Universidade Federal de Ouro Preto
[email protected]
Resumo:Este trabalho quer avaliar qual o desempenho de Philosophy: The Basics traduzido no
Brasil por O Básico da Filosofia (WARBURTON, Nigel. O Básico da Filosofia. Tradução de Eduardo
Francisco Alves. São Paulo: José Olympio, 2008), livro declaradamente adepto a uma maneira
analítica de fazer filosofia que parece apresentar uma fórmula didática interessante para um livro
introdutório. Farei um estudo em dois momentos. No primeiro, a avaliação do livro acontece de
forma teórica, com considerações idealizadas sobre a aplicação do livro. Posterior a aplicação do
livro em alunos do ensino médio procede uma crítica da avaliação inicial subsidiada pelos conflitos,
dificuldades e acertos, a apresentar assim as vantagens e desvantagens de O Básico da
Filosofiaquando aplicado em sala de aula. Ainda, vale ressalvar que se trata de um estudo sobre a
legitimidade didática do livro que, inevitavelmente, esbarra em uma discussão sobre a legitimidade
filosófica do livro, inquirindo-o sobre sua pretensão de apresentar o que é básico a uma introdução
à Filosofia. Criadas as novas demandas do ensino de Filosofia no ensino médio, uma das
ferramentas importantes para efetivar esta prática de ensino é o livro didático. No entanto, há de
se estudar com rigor quais são as vantagens e desvantagens do uso dos diversos manuais, já que a
disciplina Filosofia, por sua natureza, não possui núcleos consensuais de conhecimento a lecionar, o
que cria grandes dificuldades aos livros didáticos, pois têm de fazer escolhas que nem sempre
agradam a todos os profissionais da área ou condigam com o que deveria ser ensinado. Este estudo
pressupõe que algo parece consensual para avaliar o desempenho de um livro didático: os
parâmetros curriculares nacionais. Os PCN são a medida, não sabemos se justa, mas disponível para
a avaliação dos livros didáticos, pois estabelece pontos básicos que devem, a princípio, atender as
mais variadas demandas do ensino de Filosofia. Assim pretendemos neste trabalho inquirir
Warburton sobre se sua obra realmente apresenta o básico a ser ensinado em Filosofia e se possui
ferramentas didáticas o suficiente para levar tal tarefa a cabo.
Palavras-chave: Filosofia da Educação, Ensino de Filosofia, Introdução, Legitimidade Filosófica.
O DESPERTAR FOTOGRÁFICO-FILOSÓFICO NO ENSINO FUNDAMENTAL
José Geraldo Moura de Souza Filho
Universidade Estadual da Paraíba
[email protected]
Resumo: Neste artigo consta a descrição de uma experiência didática ímpar no agreste
pernambucano a partir da integração de jovens do 6º ano do Ensino Fundamental II do Instituto
Olavo Bilac. A proposta foi aguçar a perspectiva crítica dos docentes através da inserção de aulas de
fotografia aliadas aos processos filosóficos. Através dos novos recursos, foram elaboradas aulas de
introdução às técnicas fotográficas, o correto manuseio do equipamento para obtenção dos
resultados desejados. No segundo momento foram ministradas aulas acerca do mecanismo de
olhar atentamente o cotidiano, da “desbanalização do banal”. Foram mostradas inúmeras imagens
que permeavam ambientes de guerra até campos repletos de flores onde os alunos realizavam
relatórios explicitando o que era observado, não apenas o “ver” mas a ênfase era voltada ao
“enxergar” aquilo que se apresenta e que se desvela. No terceiro momento a expedição
fotográfico-filosófica percorreu o ambiente escolar, o qual estavam habituados e familiarizados de
tal forma que deixavam passar desapercebidas detalhes que influenciavam no seu cotidiano.O
objetivo foi proporcionar ao alunado uma forma atrativa e nem por isso menos filosófica para
estimular a observação atenta da realidade a qual está inserido. Os resultados foram animadores,
evidenciando que o método pode ser inserido como plataforma para a aquisição da consciência
reflexiva, além de movimentar a unidade escolar com uma exposição resultante do trabalho.
Palavras-chave: Educação, Filosofia, Fotografia.
OS DESAFIOS CIRCUNSTANCIAIS DO PROFESSOR DE FILOSOFIA
João Batista Mulato Santos
Universidade Estadual do Ceará
[email protected]
Resumo: O objeto primeiro deste trabalho é o ensino de filosofia no Nível Médio que tem como
pressupostos as dificuldades enfrentadas pelo docente. A problematização deste tema se dá devido
ao fato de a filosofia ter sido reinserida, após longo período, no Ensino Médio e encontra situações
circunstanciais bastante diferentes no sistema educacional vigente. Assim, ao longo deste artigo
apresentamos os possíveis desafios que o professor de filosofia encontrará em sua área de atuação,
as limitações de tempo, de espaço, carência de material didático e científico. A importância da volta
da Filosofia à grade curricular do Nível Médio é evidenciada ao despertar nos adolescentes,
pedagogicamente, o sentido de sua existência ajudando-os a compreender melhor o espaço que
eles ocupam na realidade histórica de seu mundo sem descontextualizá-la frente às condições
históricas reais em que tudo se desenvolve. Com isso o discente adquire a capacidade de abstrairse do mundo e também voltar a ele. A diferenciação entre uma aula de filosofia e uma sessão de
auto-ajuda é retratada neste artigo, sem, é claro, desprezar a dimensão emocional do ser humano
de forma a evidenciar o caráter pedagógico da Filosofia, que, assim como outra disciplina, se
manifesta no exercício de uma reflexão racional que opera como uma atividade de simbolização
conceitual. O livro usado como referência bibliográfica foi Filosofia: Guia do Professor de Antônio
Joaquim Silvério.
Palavras-chave: Filosofia; Ensino Médio; Circunstanciais.
FILOSOFIA E LATIM: UMA NOVA ABORDAGEM PARA OS TEXTOS FILOSÓFICOS.
Lucas Nogueira Borges
Universidade Ferderal de Uberlândia
[email protected]
Resumo:É certo que em muitos lugares, principalmente nas escolas de segundo grau, o Latim foi
abandonado, e assim o estudo do português acabou perdendo sua base principal, que é sua língua
mãe, devido aos fatores politicos da época. Porém, em alguns cursos de graduação como Filosofia,
Letras e História os estudos clássicos ainda são de muita valia para as pesquisas. Para alguns já está
mais que evidente, mas não para todos, que paraestudar o pensamento dos filosofos clássicos,
gregos e romanos, medievais e até mesmo os modernos como Descartes, Espinoza,Guilherme de
Okham, Kant e entre outros mais que poderiam ser citados, o Latim mostra-seimprescindivel para
aqueles que almejam desenvolver pesquisas nessas áreas, tanto histórica como filosófica, ou seja, ir
aos textos. Uma das dificuldades que temos nas acadêmias brasileiras é a escassez de professores
que dominam o latim clássico ou que estejam aptos à ensinar com novos métodos.Por tais razões,
pretendo demonstrar a relevância dos estudos clássicos, em especial o Latim, para uma
investigação mais avançada da história da filosofia e do pensamneto filosófico. Para tanto, irei
apontar as razões de se estudar o Latim nas universidadesutilizando o texto SomniumScipionis De
Republica liber VI ( O Sonho de Cipião – Sobre a república livro VI) de Cícero, mostramdo por meio
dos elementos-chave, a saber, os verbos, as clásulas de ligação e as formas nominais, como é
possível ler e entender o latim estudando filosofia e como é possível estudar filosofia lendo latim,
considerando assim a necessidade de tais leituras como um novo recurso para o desenvolvimento
da Filosofia no Brasil.
Palavras-chave:
UMA CRÍTICA AS POLITICAS EDUCACIONAIS SOB A PERSPECTIVA DE SCHOPENHAUER
Rachel Raiany de Souza Lima
Universidade Estadual do Ceará
[email protected]
Resumo: Aos olhos do filósofo alemão Arthur Schopenhauer (Danzig, 1788 - 1860), se a história da
filosofia fosse considerada como essencial, seria impossível não rejeitar a condição de se pensar a
partir de problemáticas próprias: dirigi-se sob um horizonte crítico ao filósofo dependente da
história da filosofia e ao professor de filosofia que não se anima com trabalhos filosóficos longe das
cátedras. Em sua obra A Arte de Escrever (1851): "em geral, estudantes e estudiosos de todos os
tipos e de qualquer idade têm em mira apenas a informação, não a instrução. Sua honra é baseada
no fato de terem informações sobre tudo, sobre todas as pedras, ou plantas, ou batalhas, ou
experiências, sobre o resumo e o conjunto de todos os livros. Não ocorre a eles que a informação é
um mero meio para a instrução, tendo pouco ou nenhum valor por si mesma [...]". Deste modo,
mesmo tendo escrito há tanto tempo atrás, já expõe sua insatisfação com os meios de educação e
com a estrutura educacional, provando que a educação tem dois grandes agentes: o professor e o
estudante e que a educação tem que ter como maior propósito ajudar a construir seres humanos
melhores. A filosofia pode ser colocada em prática quando o estudante é aquele que é desafiado a
amadurece por meio da leitura do mundo e dos textos, por meio da simplicidade, por meio da
sensibilização. Contudo, nossos professores não são sábios nem o querem ser, assim como nossos
educandos também não querem, mas esse quadro educacional não é apenas responsabilidade de
grande parte de professores e de alunos que parecem inertes diante dessa realidade, mas também,
e, sobretudo, de nossas políticas educacionais.
Palavras-chave:Educação. Schopenhauer. Políticas educacionais.
FILOSOFIA DA PRÁXIS E EDUCAÇÃO ESCOLAR NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
Sheila Ferreira da Silva
Universidade Estadual Paulista
[email protected]
Resumo: A prática do filosofar no processo de educação e humanização no presente estudo tem
como pressuposto a análise da sociedade atual que ostenta como sinônimo de progresso o avanço
do conhecimento, da ciência e da tecnologia, priorizando uma formação unilateral que segue as
determinações da sociedade capitalista, enfocandoa técnica na formação dos indivíduos. A
problematização é se a tecnologia em si mesma é progresso. Advogamos que progresso só é
progresso se resultar numa ação efetiva no processo de educação e humanização e para isto é
preciso mudar as estruturas internas da sociedade. O modo de organização social presente no
sistema capitalista, acaba impedindo que o sujeito se reconheça com identidade e autonomia. No
âmbito social as necessidades biológicas tendem a ser superadas pelas necessidades históricas, que
são reguladas pelo surgimento de novas necessidades de distração e comportamentos. As ações
passam a ser aprovadas ou rejeitadas em função de sua tendência para aumentar ou diminuir a
felicidades daqueles cujos interesses particulares estão em questão. As forças intelectuais de
produção ficam na unilateralidade, perdem o foco da unidade do coletivo. As indústrias criam
“falsas necessidades” e prometem satisfazer os indivíduos sob o custo de um trabalho degradante e
humilhante que torna a natureza humana embrutecida, provocando uma desumanização maior nas
pessoas.Nesta discussão sobre o processo de formação da consciência é Marx e Engels, em A
ideologia alemãapresentam a genial tese segundo a qual “as circunstância fazem os homens tanto
quanto os homens fazem as circunstâncias.Pensar a relação do trabalho associada à educação no
contexto social de alienação evidencia a escola ainda reproduzindo um conhecimento pautado na
ideologia da classe dominante. É preciso deixar o velho modelo de educação no qual a escola serve
exclusivamente para manipular, pois a escola também pode ser instrumento humanizador na mão
do povo.Compete ao Estado prover uma educação de qualidade e gratuita ao povo voltada à
formação Omnilateral com
ação efetivamente transformadora, com base na concepção do
histórico de vida do homem. A educação deve proporcionar formação não só para o mercado de
trabalho, mas principalmente formar um cidadão consciente e crítico no processo histórico e social,
possibilitando que o mesmo seja capaz de realizar transformações nos domínios sociais e globais.A
formação Omnilateral compreende a junção do conhecimento teórico e prático, assim como a
combinação da educação intelectual, a educação corporal e a educação tecnológica. A primeira
abarca o conhecimento científico, que é o saber sistematizado, reflexões dos valores éticos e
morais e fundamentalmente a revisão do papel social da escola quanto a sua contribuição na
criação de novas relações sociais. A dimensão corporal da educação é de grande relevância, visto
que almeja o pleno desenvolvimento das potencialidades do corpo e da sensibilidade humana, por
meio do domínio dos movimentos da dança, nos esportes e na arte. A tecnologia é voltada para a
preparação para o trabalho em sentido amplo (politécnica) e também específico, responsável pela
comunicação de informações participa do processo auto organizado que forma padrões geradores
de ação que aprende novas formas de interações.Por fim, nesses processos históricos que são
determinados pelo nível de cultura material e intelectual, percebemos a escola como uma
instituição social que pode objetivar transformações efetivas num Estado popular e democrático.
Palavras-chave: Filosofia da práxis; tecnologia; educação ominlateral
FILOSOFIA E OS CONTEÚDOS ATITUDINAIS NA FORMAÇÃO DOS ALUNOS
Vilmara Soares e Silva
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
Cleane Silva Rocha
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
Resumo: Esta pesquisa está vinculada ao trabalho realizado durante a disciplina Práticas
Investigativas em Filosofia I, desenvolvida com os alunos do 1° ano do Ensino Médio da escola
Humberto de Campos em São Luís, coordenada pela Profª. Esp. Francy Rabelo e leva o título
“Filosofia e os Conteúdos Atitudinais na Formação dos Alunos”. A pesquisa engloba como objetivos
específicos: a) conhecer a prática pedagógica desenvolvida pelo professor para a aplicação dos
conteúdos atitudinais em sala de aula; b) identificar as atitudes dos alunos dentro e fora da sala de
aula a partir do que foi ministrado pela disciplina de Filosofia; c) descrever as contribuições do
ensino de filosofia e o reflexo nas ações do sujeito da escola, sendo norteados pelo objetivo geral:
analisar a presença ou influência dos conteúdos atitudinais nas aulas de filosofia para os alunos do
1° ano do ensino Médio da escola Humberto de Campos. Nossa pesquisa foi do tipo Estudo de caso,
e os instrumentos utilizados para o desenvolvimento desta foram: observação não participativa do
ambiente da escola em geral, e principalmente das aulas de filosofia; aplicação de entrevistas do
tipo estruturada e questionários fechados que foram respondidos pelos docentes e pelos alunos,
além do levantamento bibliográfico que embasou todo o percurso estrutural da pesquisa. Os
resultados obtidos a partir da análise dos dados não foram dos mais satisfatórios, uma vez que foi
diagnosticada completamente a ausência tanto de conteúdos atitudinais como de conteúdos
filosóficos em sala de aula, de maneira que se torna evidente que a filosofia não está sendo
trabalhada em sala de aula e dessa forma não há como contribuir na formação dos alunos
observados e se torna interessante ressaltar que as aulas são ministradas por uma professora de
formação inadequada e de forma relapsa.
Palavras-chave: Filosofia.Conteúdos Atitudinais.Formação dos alunos.
ENSINO DE FILOSOFIA NAS ESCOLAS DO ENSINO MÉDIO
Walker de Barros Dantas
Universidade Federal do Mato Grosso
[email protected]
Resumo: Nas escolas a filosofia tem o dever de proporcionar aos alunos a experiência filosófica.
(...)Sua premissa é a de que qualquer homem, em qualquer época e qualquer idade - desde que
com capacidade de manuseio da linguagem, pode empreender o ato de filosofar(...). Com isso se
quer dizer que o que se pretende somente é a experiência filosófica; o encontro cara à cara com os
conceitos a partir da autonomia do sujeito no terreno da linguagem.Dela se decorre a leitura
propriamente filosófica. A experiência filosófica se daria no âmbito do pensamento onde se
concatenam a imaginação e a palavra, através de um trabalho elaborativo, denso e nãohierárquico, de onde pode surgir ou não o primeiro esboço do conceito através da linguagem, e que
muitas vezes acontece longe de nossa consciência cotidiana. Este conceito muitas vezes não é algo
inteiramente novo, muito embora à nós surja sempre como uma exclamação cuja expressão muitas
vezes não demonstra a importância que aquela descoberta tem para nós: “o céu é azul!” “as
palavras são gaiolas” “vivemos em cavernas” Tais expressões seriam resultados de profunda
contemplação e conceituação e que, muito embora possam ser repisadas cotidianamente, sua
redescoberta sempre levaria a algum tipo de estrondo. Ela significaria mais do que uma
condensação de experiências e indagações interiores, e menos do que isso, portanto totalmente
diferente. Por isso o educador de filosofia na escola não se surpreenderia quando visse um
educando surpreso com uma descoberta aparentemente óbvia: foi a experiência filosófica
acontecendo. Esta experiência precisa de cuidados para ocorrer, e muitas vezes não a obtemos
senão depois de várias tentativas solitárias de solucionar um problema recorrente. Muitas vezes ela
acontece por que o próprio cotidiano levou a pensar(...). Neste sentido a filosofia seria uma
experiência pessoal e intransferível cujos resultados são muitas vezes algum tipo de autobiografia
não relacionada. Mas mesmo nestes casos o valor da experiência não se perde e muitas vezes
acaba por ser resgatada pela própria filosofia em seu trabalho de exemplificar seus discursos:
através de filmes, músicas, conversas do cotidiano, temas do noticiário. O professor de filosofia tem
que entender que uma verdadeira “operação de guerra”tem que ser planejada se ele quiser dar
cabo da necessidade de criar tais experiências(...) A postura do professor importa muito, se o que
lhe interessa é incitar os alunos a filosofar - em oposição a levá-los apenas a decorar algum tipo de
texto ou copiar matéria. É importante também tomar cuidado com debates. Debates não levam
muito longe da famosa discussão da mesa de bar se não forem tratados com esmero. Muitas vezes
o que se vê no debate é uma disputa de oratória e não uma tentativa de problematizar ou plurificar
a questão, como deveria ser. Nos debates muitas vezes o que vemos são verdades prontas,
opiniões redundantes e tentativas falaciosas de coerção. Uma aula ideal seria aquela que levasse os
alunos repensar sua maneira de ver o mundo, e que os fizesse ir para casa com uma sensação de
que estaria talvez perdendo alguma coisa, uma chave. Arriscamos a dizer que este é um dos
objetivos gerais da educação como transformação, e que mesmo sem retumbância, mesmo em
escala menor, é o padrão desejável. Os alunos podem e devem envolver-se, e no que tange a
filosofia e a história da filosofia, existe um imenso campo a se desbravar. E que a experiência
filosófica é a maneira de atingir isso.
Palavras-chave: Conceito, Filosofia, Cotidiano.
CRÍTICA HUMEANA AO CONCEITO DE IDEIA ABSTRATA
Anderson Damasceno de Paula
Universidade Federal do Ceará
[email protected]
Resumo: A presente comunicação discorre sobre as ideias propostas por David Hume (1711-1776),
filósofo escocês membro da corrente empirista, em sua obra juvenil Tratado da Natureza Humana
(1739-1740) na seção que trata das ideias abstratas. A metodologia estará centrada na análise
desta obra e recorrendo, ao mesmo tempo, ao auxílio de comentadores especialistas quando se
fizer necessário, visando esclarecer possíveis dificuldades encontradas no texto. Hume foi
fortemente influenciado por figuras como John Locke (1632-1704) e George Berkeley (1685-1753),
outros grandes expoentes do empirismo inglês. Tais filósofos deram grandes contribuições à
epistemologia e a teoria do conhecimento. Ambos deram um tratamento especial ao caráter
subjetivo do conhecimento humano e suas possíveis relações com o mundo externo. Hume dialoga
não apenas com eles, mas também com representantes da corrente racionalista, como Descarte,
Leibniz e Spinosa. Influenciado pelas questões de sua época, Hume também propõe sua própria
teoria das ideias que certamente foi muito influenciada, por sua vez, pelos seus antecessores e
contemporâneos. Entre os muitos temas abordados pelo autor está a sua teoria das ideias. Nesta, o
filósofo estabelece um conceito de ideia como uma percepção que se diferencia das impressões em
graus de vivacidade e que mantém com esta uma correspondência que garante a conexão entre
ideia e mundo. Entre os vários tipos de ideias que Hume categoriza existe o de ideia abstrata. Hume
dialoga claramente com Berkeley acerca deste assunto na busca de uma compreensão de tal
conceito. Hume defenderá que tal ideia, tal como ela é concebida por alguns filósofos,
simplesmente não possui referência. Ele mostrará a partir de alguns pressupostos de sua teoria das
ideias qual é a referência daquilo que é chamado de ideia abstrata. Hume defende que uma ideia
abstrata não passa de uma ideia particular anexada a um termo geral. É acerca das considerações
de Hume sobre tal questão que versará esta comunicação.
Palavras-chave: Hume, Idéia, Abstração.
DO PENSAMENTO ABSOLUTO E EXPRIMÍVEL EM HEGEL
Clarissa Duarte Collares
Universidade Estadual do Ceará
[email protected]
Resumo: O presente estudo destaca a importância do pensamento do filósofo alemão Georg
Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831), valendo-se de sua contribuição para os diversos ramos do
saber, entre os quais, a Linguagem e a Razão: tema central desta pesquisa. O problema da
linguagem, embora não esteja claramente explicito em seu sistema, é apresentado, por Hegel, em
vários momentos da sua obra. Princípios da Filosofia do Direito, Fenomenologia do Espírito e Ciência
da Lógica são algumas das obras na qual o filósofo faz referência ao tema. Todavia, é precisamente
na Enciclopédia das Ciências Filosóficas que Hegel reserva um momento específico para a análise da
linguagem, embora não haja nenhuma seção ou capítulo em que a mesma apareça como tema
central, o que não vem a ser um problema, visto que a dialética, elemento importantíssimo da
filosofia hegeliana, também não teve uma apresentação específica em seu sistema. Contudo, essa
ausência clara e objetiva do tema provocou nos estudiosos hegelianos uma problemática bastante
pertinente, gerando, assim, uma espécie de direita e esquerda hegeliana. De um lado estavam
aqueles que defendiam a linguagem apenas no reino da representação cujo pensamento poderia
sim chegar à sua forma absoluta com “nomes enquanto tais”. De outro lado, a esquerda hegeliana
vê na linguagem finita, ou seja, na linguagem enquanto “nomes representacionais”, um empecilho
para o desenvolvimento do pensamento puro. Nesta interpretação, a linguagem finita
necessariamente tem de ser superada para que se possa, assim, alcançar um auto-desenvolvimento
do pensamento. Essa dicotomia, apresentada pela dupla interpretação hegeliana acerca do
desenvolvimento da linguagem, nos suscita um debate ainda maior: como transcender os
elementos contingíveis da linguagem finita para que se possa ter um pensamento absoluto e
exprimível. Para tanto, farei uma investigação do papel que assume a linguagem, na filosofia
hegeliana, como elemento mediador entre o sensível e o inteligível.
Palavras-chave: Hegel, Linguagem, Pensamento.
MATERIALISMO VERSUS IDEALISMO, OU MAIS UMA VEZ MARX CONTRA HEGEL
Fábio Coimbra
Universidade Federal do Maranhão
[email protected]
Resumo: O presente artigo tem como ponto central a ilustração das razões pelas quais Marx se
contrapõe a Hegel em se tratando da consciência como algo absoluto, independente e superior ao
homem. Para compreender melhor o contraste na posição dos dois filósofos considerar-se-á em um
primeiro momento a concepção hegeliana de consciência, onde se objetivará a demonstração de
como, no pensamento de Hegel, a consciência vem a lume como sendo a força motriz da história.
Em um segundo momento – contrapondo Marx a Hegel – analisar-se-á a noção de materialismo
com base na obra “A Ideologia Alemã”. A questão central neste ponto será a elucidação da inversão
que Marx faz do pensamento hegeliano. Em outros termos, se para Hegel é a idéia, ou a
consciência, que determina o mundo, o homem e a história, para Marx, ao contrário, somente a
recíproca é verdadeira, ou seja, sãos as relações materiais dos homens concretos e, portanto, de
existência real que determinam o mundo e a própria consciência. Não faz parte dos interesses
desta pesquisa estabelecer um juízo de valor no sentido de dizer qual dos dois está certo e qual
está errado. Em suma, o que se pretende demonstrar é a forma, ou as razões, pelas quais Marx não
concorda com Hegel em se tratando da consciência como algo superior ao homem. No geral, buscase, primordialmente, desenvolver uma reflexão que de algum modo venha contribuir para um
entendimento mais consistente do que seja o idealismo de Hegel e o materialismo de Marx, sem
que haja, de modo algum, privilégio de um em detrimento de outro.
Palavras-chave: materialismo, idealismo, homem, consciência, Mundo
A CONCEPÇÃO DE ESPAÇO E TEMPO EM LEIBNIZ E NEWTON
Mariza de Sousa Ribeiro
Universidade Federal do Pará
[email protected]
Resumo: O presente trabalho pretende discutir questões referentes a concepção de espaço e
tempo em Newton e Leibniz buscando contrapor uma idéia da outra. Para isso iremos definir o que
vem a ser estes para os mesmos e a relação que deles com a substancia proposta pelos filósofos.
Assim, iremos falar sobre o átomo como substancia newtoniana que é a uma partícula material que
se chocam uns com os outros e tem relação com o espaço e o tempo, pois a mesma está no espaço
e tempo eles existem mesmo sem essa substância, ou seja, não há necessidade do átomo para a
existência do espaço e tempo. Diferentemente para Leibniz a mônada que é a sustância simples,
única e real não precisa do tempo para existir ela está além do tempo. Já que segundo Leibniz o
tempo e o espaço são percepções das mônadas. Logo, para ele, para que uma coisa seja realmente
um ser - uma substância - ela precisa ser verdadeiramente única, precisa ser uma entidade dotada
de genuína unidade. Unidade substancial requer uma entidade indivisível e naturalmente
indestrutível. Ainda para o filosofo as mônadas são imortais elas não podem ser de maneira alguma
deixar de existir porque Deus assim quer. Em relação a Newton a questão do espaço e tempo
digamos, divide-se em dois: o espaço e tempo absoluto e o espaço e tempo relativo.Mostraremos
que o primeiro não é criado por Deus.Já o segundo são dependentes do espaço absoluto e tempo
absoluto, no entanto podem ser conhecidos geometricamente, nesse caso podem ser mensurados.
Todavia para Leibniz iremos demonstrar porque ele acredita que o espaço e tempo concebido por
Newton não podem ser tomados como verdadeiros visto que o filosofo parte de que a substancia
não pode ser material, porque caso ela fosse material seria divisível em partes infinitesimais o que
faz da mônada a substancia verdadeira já que o ser verdadeiro deve possuir unidade, e como os
corpos são extensos e divisíveis, eles não representam essa unidade. Com isto fica evidente que a
monada tem potencia, é a força e a essência do ser ela não pode ser conhecida. A unidade está nas
mônadas que são pontuais e indivisíveis, e assim respondem pela realidade das coisas, e unidas
constituem a matéria extensa e divisível que conhecemos nos corpos. Leibniz muda essa física
estática e geométrica; apresenta a idéia nova de que a substancia é essencialmente coisa ativa, ser
é atuar, agir. O movimento visível não é simples movimento local observado, ele deve ser o
resultado de uma força; é produzido por uma força viva, que está na mônada. Logo é de suma
relevância discutir essa questão para que se tenha um melhor entendimento sobre espaço e tempo
e as diferenças de pensamento de cada filosofo e é claro a importância dos pensamentos dos
mesmos não só para a física mais para a filosofia.
Palavras-chave: Espaço, tempo, mônada, Deus, átomo
A EXISTÊNCIA DE DEUS: UMA VISÃO SPINOZISTA
Adalberto da Silva Nogueira
UEPB
[email protected]
Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar a existência de Deus tendo por base as
proposições escritas na grande obra do filósofo holandês, Baruch de Spinoza, a Ética Demonstrada
em Ordem Geométrica e não deixando de perpassar por outros escritos do mesmo autor. Spinoza
inicia sua a Ética com a definição de causa sui, “por causa de si compreendo aquilo cuja essência
envolve a existência...” (Definição 1), esta é a grande base para o nosso entendimento de que Deus,
até o momento não citado na obra, é um ser incriado por outra substância. Isso é de sua própria
essência existir. Nesse caso, nos remete a outra definição, a de Substância, que Spinoza trata como
sendo aquilo cujo conceito não exige o conceito de outra coisa da qual deva ser formado (Definição
3). Até chegarmos à definição de Deus que Spinoza nos concebe, passearemos pelas definições de
Atributo e Modo. O primeiro sendo o que o nosso intelecto percebe o que constitui a sua essência e
o segundo as afecções de uma substância (Definições 4 e 5). Logo, Deus, isto é, uma substância que
consiste de infinitos atributos nos quais cada um exprime uma essência eterna e infinita (Definição
6). Mais a frente, na Proposição XI da Ética I, Spinoza complementa essa definição com a afirmativa
de que além da constituição por infinitos atributos dos quais exprimem uma essência eterna e
infinita, Deus existe necessariamente. É por este caminho trilhado na Ética e em outros textos que
pretendo mostrar, a luz spinozana, e existência de Deus sive natura: Deus, Substância, ou seja, a
natureza.
Palavras-chave: Spinoza, Deus, Natureza, Existência.
KANT E A REVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
Amilton Rodrigues Oliveira
Universidade Federal do Acre- UFAC
[email protected]
Resumo: Relata a História que desde tempos “imemoriais” o homem ao observar a natureza, tem
mudado o seu modo de pensar. Contudo, sempre existiram em todos os tempos alguns homens de
intelectos mais dotados que têm observado alguns eventos naturais de maneira diferente da
maioria dos pensadores de seu tempo. Pensadores como Nicolau Copérnico, David Hume e
Immanuel Kant são tidos como homens que revolucionaram de modo abrasador o pensamento de
uma época. Esse artigo busca elucidar momentos relevantes na atividade investigativa de cada um
deles e que os conduziram a construir teorias revolucionárias. A ordenação dos três eventos
tratados no artigo é relevante ao aprendizado do estudante por situá-lo em um contexto onde o
pensador por ocasião da experiência, apreende os elementos essenciais de uma teoria. Copérnico
elaborou a teoria heliocêntrica, Hume ao destruir o método indutivo, demonstra a impossibilidade
da metafísica, sobre o qual a mesma se fundamentava. No entanto, Kant ao propor uma metafísica
que repousa sob outras bases, reabilita-a e consegue manter firme “... o castelo da razão...” (CRP,
B). Ao se inspirar na revolução copernicana, Kant propõe o que ele denomina de revolução do
pensamento. Então, ele propõe a guisa de hipótese inspirado na ciência da natureza, o
deslocamento do curso das suas investigações, do objeto para o sujeito, e compreende que, na
aquisição do possível conhecimento, tanto o dado empírico quanto os elementos constituintes da
razão são ferramentas indispensáveis, que facultam ao juízo estabelecer o conceito. Assim,
entendeu Kant, poderia se mostrar a possibilidade de juízos sintéticos a priori, e deste modo,
garantir a possibilidade da Metafísica. A bibliografia utilizada foram as seguintes obras: Antologia
Ilustrada de Filosofia; As Revoluções dos Orbes Celestes; e a Critica da Razão Pura (Prefácio da
primeira edição). O método utilizado foi o método comparativo. Esse estudo colaborou
sobremaneira para melhor entender a evolução do pensamento kantiano. Elucidou, indiretamente,
de forma objetiva, momentos importantes em que esses pensadores ao se inspirarem,
revolucionaram o pensamento de uma época. O artigo ao finalizar, conclui que, uma grande ideia
ao ser compreendida, se espalha e ressuscita enorme quantidade de problemas outrora
adormecidos, atiçando intelectos mais dotados, de um período, a dar continuidade a uma
incansável busca.
Palavras-chave: experiência, observação, universal, indutivo.
COMO É POSSÍVEL O IMPERATIVO CATEGÓRICO? – UM ESTUDO SOBRE A FUNDAMENTAÇÃO DA
METAFÍSICA DOS COSTUMES
Thomas Matiolli Machado
Unesp
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Resumo: A pergunta constante na última sessão da Fundamentação da metafísica dos costumes, e
que intitula o presente texto, pode ser expressa de outro modo, a saber: como a razão prática pode
realizar o que a lei moral ordena? Embora não seja um problema específico da referida obra, mas
de toda a filosofia prática de Kant, ele permeia toda a Fundamentação, e nosso propósito é analisar
como ele está colocado nesta obra e sustenta o famoso círculo já estudado por muitos intérpretes
de Kant: se a impossibilidade subjetiva de explicar a liberdade da vontade é a mesma que a
impossibilidade de achar e tornar concebível um interesse do ser humano pelas leis morais, então
como Kant pode defender que a liberdade, ao ser possível como postulado da razão, tem de poder
mostrar sua realidade objetiva, ainda que não possa ultrapassar seus limites e buscar
conhecimento do que não pode ter intuição alguma, isto é, buscar no entendimento um objeto da
vontade, uma causa motora de suas ações? Para tal efeito a proposta da presente pesquisa ficará
restrita apenas na obra Fundamentação da Metafísica dos Costumes que é considerada o trabalho
pioneiro de Kant no campo da ética e não se concentrará em outras obras posteriores de Kant.
Palavras-chave: ética; imperativo categórico; razão prática.
GRANDEZA E MISÉRIA: POSSIBILIDADE DO EXISTIR HUMANO
Iguatemy da Silva Carvalho
UFMA
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Resumo: “O eu é odioso.” Esta é uma afirmação feita por Blaise Pascal que se mantém atual
expressando todo um contexto fragmentado, extremado e individualista, no qual o homem edifica
sua condição humana, ou seja, uma realidade em que o indivíduo existe evidenciando uma essência
postiça, uma aparência de vida e felicidade que se efetiva devido ao hábito e ao costume de seguir
o que é determinado somente pela razão. Uma “segunda natureza” que o afasta do real
conhecimento das coisas, dos outros e de si anulando de certa forma a autenticidade do ser. Neste
sentido este trabalho pretende apresentar a partir das abstrações do filósofo em questão uma
possibilidade de construção e ou resgate da verdadeira essência do homem fundamentando-se em
três categorias: o conceito de homem; a razão humana e a fé, na tentativa de legar uma
perspectiva de reencontro do ser consigo mesmo com o objetivo de excluir um contexto de
soberba e egoísmo, evidenciando para o êxito de tal proposta uma intrínseca relação entre fé e
razão que restitui a presença de Deus com algo fundamental para a vida humana em sua plenitude,
fato este alcançado em um processo de renúncia de toda e qualquer forma de ilusão. Trata-se de
um voltar-se sério e objetivo para a própria condição de grandeza e miséria que juntas expressam o
paradoxo do existir humano.
Palavras-chave: homem; razão; fé; deus.
HESSE E NIETZSCHE: HARRY HALLER COMO MOTE PARA UMA DISCUSSÃO ACERCA DO NIILISMO E
DA SUBJETIVIDADE
Ricardo Avalone Athanásio Dantas
UFPE
[email protected]
Resumo: A partir da obra “O lobo da estepe”, de Herman Hesse, discutir-se-á neste artigo dois
problemas filosóficos fundamentais, quais sejam: a moderna concepção de subjetividade – referirme-ei diretamente ao idealismo subjetivo cartesiano –, e a problemática do niilismo, que perpassa
a obra de Nietzsche. Ambos os problemas serão pensados no presente trabalho através de uma
avaliação das conjecturas sobre as quais a razão fora concebida no período hodierno, sempre tendo
em vista o romance de Hesse, a partir do protagonista Harry Haller; ao tomar a sério a assertiva de
Nietzsche no aforismo 471, de A vontade de poder: “A pressuposição de que, no fundo das coisas,
tudo se passa de tal modo moralmente que a razão humana tem razão – é uma credulidade e uma
pressuposição de bom homem, o efeito duradouro da fé na veracidade divina – Deus pensado
como criador das coisas. – Os conceitos como uma herança de uma existência pregressa
transcendente – –”, empreenderemos a tarefa de esmiuçar o modo como a metafísica da
subjetividade fracassa em seu projeto epistemológico de fundamentação de um conhecimento de
caráter indubitável, na medida em que toma como ponto de partida o “eu” como causa dada,
assumindo os “pretensos ‘fatos de consciência’” (A vontade de poder, 2008: pag. 256), ou em
outras palavras, asseverando a existência de um sentido interno supostamente isento de qualquer
fenomenalismo; e, concomitantemente à tarefa supracitada, levaremos a efeito o tratamento da
questão do niilismo, que nos levará a refletir sobra a “morte de Deus” (supressão ou negação de
qualquer ponto de vista exterior ao mundo), e a consequente derrocada dos valores e a perda do
sentido da existência. Os dois vetores seguidos em nossa empreitada tangenciam-se num ponto – o
perspectivismo nietzschiano –, culminando com os conceitos de “transvaloração dos valores” e
“além do homem”.
Palavras-chave: metafísica da subjetividade; niilismo; perspectivismo.
O FASCÍNIO PELA MATEMÁTICA NA UNIDADE DO PENSAMENTO KANTIANO: UMA QUESTÃO DE
MÉTODO
Webber Sales de Lima
UNIMONTES
[email protected]
Resumo: Propomos com este trabalho a leitura da obra kantiana tendo em vista a sua unidade,
escapando da mutilação tradicional desta em fases distintas, uma vez que não poderíamos
entender seguramente o segundo Kant sem uni-lo ao primeiro. É deste pressuposto que
buscaremos a inspiração para pensar a questão do método em Kant, e que, por surgir num período
em que as "ciências naturais" possuem certa hegemonia sobre os meios intelectuais, Kant não pode
deixar de se emaranhar nos mesmos problemas em que já está inserido. Veremos como em ambas
as suas fases, Kant manifestou uma preocupação a qual, desde Descartes, rondava o pensamento
acadêmico: Se o conhecimento seguro da matemática deve-se a seu método, deveríamos então
aplicar o método matemático à Filosofia? E que método seria esse? Partindo destes
questionamentos, poderemos então entender melhor a grande pergunta kantiana quanto à
possibilidade de a metafísica progredir, já que, apesar de dissociar a matemática da Filosofia,
especificamente da metafísica, Kant também é um dos que buscaram no método matemático a
resolução dos problemas metafísicos visando a dar a esta o estatuto de ciência. Na sua Investigação
Sobre a Evidência dos Princípios da Teologia Natural e da Moral, ele nos diz ser o único método
para alcançar a apoditicidade na Metafísica o mesmo introduzido por Newton na ciência da
Natureza e que os dois métodos se diferenciariam na inversão de seus pontos de partida: ao invés
de iniciar-se a investigação pelas partes mais simples para vir-se a atingir a complexidade, deve-se,
em filosofia, analisar-se o complexo, atingir-se o simples e então sintetizar-se novamente o
complexo em conceitos. O trabalho executado na Crítica da Razão Pura aproxima-se disso quando,
em seu início, busca algum fundamento para as intuições visando vir a atingir conceitos. E não nos
causará estranhamento algum notar que a sua solução direciona-se aos problemas matemáticofísicos de sua época, como a divisibilidade infinita do espaço; ao invés disso — do estranhamento—
, a Estética Transcendental serve essencialmente ao propósito de fundamentar a matemática pura,
e como consequência indireta justificar o conhecimento de objetos a partir de intuições. Por outro
lado, na Doutrina Transcendental do Método, ele nos diz que, apesar de o método de construção de
conceitos ser uma exclusividade da matemática, sempre se teve a ilusão de que se o mesmo fosse
aplicado a qualquer ciência, tal como já foi à física, poder-se-ia atingir resultados tão certos quanto
os da matemática.
Palavras-chave: filosofia moderna; Kant; pré-criticismo; método met
A CIENTIFICIDADE HISTÓRICA EM VICO
Wirlley Quaresma da Cunha
Universidade Federal do Pará
[email protected]
Resumo: Nosso intento neste trabalho é apresentar o esforço de Giambattista Vico, filósofo italiano
do século XVIII, na tentativa de instaurar uma ciência da história humana. Ele estava inserido em
um período histórico onde a concepção cartesiana estava muito em voga, exercendo enorme
influência no estabelecimento de princípios racionais para a nova ciência moderna tomar através
de pressupostos metafísicos a natureza como objeto de conhecimento. Mas o conhecimento da
natureza não pode ser apreendido em sua essência pelo homem, pois somente Deus, autor da
criação, pode conhecê-la, na medida em que possui seus elementos constituintes. O homem
apenas é capaz de atingir um conhecimento parcial das suas alterações ou movimentos extrínsecos
sem nunca ter acesso a sua estrutura interna ou imanente. Vico lança em sua obra magna a Scienza
Nuova os conceitos essenciais que tornam possível uma ciência que tem como objeto o homem e
suas realizações ao longo do tempo. Através do princípio epistemológico ipsum verum factum
convertuntur o filósofo italiano consegue dá uma nova dimensão ao conceito de verdade, pois para
Vico ela consiste na ação de realização da coisa, ou seja, está intrínseca à criação, deste modo
podemos ter conhecimento pleno somente daquilo que podemos criar, pois quem cria sabe ou
conhece o que faz. Enquanto o conhecimento dos elementos essenciais do mundo natural é próprio
a Deus por ser ele uma criação divina , a sucessão de fatos históricos e a constituição do mundo civil
é uma criação estritamente humana, conseqüentemente ao homem é possível entendê-los
cientificamente.
Palavras-chave: racionalismo, história, verum factum, epistemologia.
A UNIVERSALIDADE DA COMPLACÊNCIA DO BELO, EM IMMANUEL KANT
Magna Pereira de Caldas
Hérica Hallyselma Souza de Medeiros
Universidade Estadual da Paraíba
[email protected]
Resumo: Esta presente pesquisa tem como objetivo demonstrar como o filósofo de Königsberg
analisa o belo, limitando-nos aos dois primeiros momentos do juízo de gosto, a saber: segundo a
qualidade e segundo a sua quantidade. Momentos importantes para que seja esclarecida a
natureza do belo e qual o alcance do mesmo quanto à universalidade. Sobretudo, esta pesquisa
tem como objetivo principal refletir como Kant problematiza a universalização da complacência no
belo, apesar desta pertencer a uma faculdade reflexiva e, portanto, não conceitual. Para Kant, o
belo é uma representação do sentimento de prazer ou desprazer causado no sujeito. Em outras
palavras, o belo não está contido no objeto como uma proposição, mas na representação que o
sujeito faz de si mesmo sobre o objeto. Como o juízo de gosto está voltado ou ainda, refere-se ao
sujeito e não ao objeto, este juízo de gosto deve ser destituído de todo e qualquer interesse. O
belo, entretanto, não esta voltada nem aos sentidos nem a razão, nem ao deleite nem ao estimado,
concluindo que o belo é a única complacência desinteressada. Deste modo, é possível então inferir,
que tal complacência possui fundamento para qualquer sujeito. Logo, para reivindicar a
universalidade do belo, Kant utiliza-se do juízo lógico, apenas estruturalmente, para caracterizar o
juízo de gosto como universal. Assim sendo, o juízo de gosto exige dos outros uma concordância, a
qual não se sustenta nem na sensação nem tampouco em conceitos. Sustentando-se apenas na
subjetividade do sujeito, deduze-se que o juízo de gosto é estético, o que designa uma validade do
sentimento de prazer e desprazer de cada sujeito. Portanto, o juízo de gosto estético, por não se
alicerçar em regras coercitivas, imputa um acordo em vista da adesão dos outros para o
reconhecimento do belo, que se apóia na representação da voz universal, a qual reivindica a
complacência de cada sujeito. Por fim, Kant fundamenta a possibilidade da validade universal da
complacência no belo em uma comunidade onde os sujeitos se comunicam entre si.
Palavras-chave: Kant, Estética, Juízo de gosto, Belo.
CONSIDERAÇÕES ACERCA DAS FORMAS A PRIORI DA SENSIBILIDADE: UMA REFLEXÃO SOBRE A
ESTÉTICA TRANSCENDENTAL DE KANT
David Barroso Braga
Universidade Estadual do Ceará
E-mail: [email protected]
Resumo: Immanuel Kant (1724-1804), filósofo moderno, na obra Crítica da razão pura refuta a
concepção empirista de John Locke de que a nossa mente é uma tábua rasa totalmente passiva às
impressões da experiência, quer dizer, que o conhecimento é um produto direto e exclusivo da
intuição empírica, posto que não há ideias inatas e nada chega ao intelecto que não tenha passado
anteriormente pelos sentidos. Defende que somente por intermédio da sensibilidade os objetos
nos são dados, pois estes afetam o nosso espírito. No entanto, assevera que há em nossa
sensibilidade formas a priori que possibilitam intuir os objetos, assim o conhecimento é uma
síntese da sensibilidade com as formas a priori. O espaço, forma pura da sensibilidade, possibilita a
identificação dos objetos como algo exterior a nós, diversificado e em lugares distintos; já o tempo,
outra forma pura da sensibilidade é condição para o conceito de movimento. Assim elas
fundamentam todas as intuições, quer internas, quer externas, e no processo do conhecimento em
vez da mente humana se moldar aos objetos, são os objetos que se condicionam a estrutura do
sujeito. Pretende-se, nesse trabalho, analisar as formas puras da intuição (espaço e tempo) concebidas por Kant na obra supracitada, em especial na primeira parte, denominada Teoria
Elementar Transcendental, no capítulo sobre a Estética transcendental-, que, desprovidas de
qualquer vínculo com o entendimento e despojadas de qualquer intuição empírica, proporcionam o
ordenamento da diversidade dos fenômenos. Conclui-se que com a formulação das formas a priori
da intuição, Kant refuta as idéias empiristas de John Locke e fundamenta sua filosofia
transcendental, que tira a mente humana do estado de passividade e moldagem aos objetos e a
transforma em receptividade ativa, onde os objetos se condicionam a estrutura cognitiva do
sujeito.
Palavras-chave: Sensibilidade. A priori. Epistemologia.
CONSIDERAÇÕES LÓGICO-SEMÂNTICAS DA FILOSOFIA DE GOTTLOB FREGE
Jéssica Luiza Sousa Pontes
Universidade Estadual do Ceará
[email protected]
Resumo: A fundamentação de um discurso objetivo, a busca de uma clareza conceitual, é uma
característica marcante na filosofia de Gottlob Frege (1848-1925). Este rigor elege, por conseguinte,
a lógica formal como fundamento de tal discurso. Em sua Begriffsschrift (Conceitografia), publicada
em 1879, Frege propõe uma linguagem artificial, necessária para veicular os conceitos e
enunciados, para que sejam adequados à demonstração. Esclareceremos nesta exposição algumas
distinções entre sentenças científicas e sentenças não científicas, focando também na distinção
entre "sentido" e "referência". Para tanto, usaremos o artigo Über Sinn und Bedeutung (Sobre o
Sentido e a Referência), publicado em 1892, que expõe de maneira introdutória a distinção entre o
sentido e a referência de uma expressão, seja ela um nome próprio ou uma sentença assertiva
completa. Mas por que Frege pensa em distinguir o sentido da referência? Qual a relevância de tal
distinção? O presente artigo tem como objetivo responder a esta questão.
Palavras-chave: linguagem, sentido, referência.
CRÍTICA DE ARTE, LIVRE JOGO ENTRE REFLEXÃO E AUTONOMIA
Júlia Casamasso Mattoso
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
[email protected]
Resumo: Tal artigo pretende analisar como a autonomia e a reflexão presentes no juízo de gosto
proposto por Kant na Crítica da faculdade do juízo, podem servir de fundamento para a crítica de
arte. Procuraremos demonstrar primeiramente que ao julgar de forma autônoma o sujeito está
provando seu gosto, assim como o crítico que tem a intenção de completar a obra. Afinal, ao
produzir sua crítica ele procura exprimir um pensamento genuíno e verdadeiro, assim como
pretende o sujeito ao julgar de acordo com as condições de possibilidade do juízo de gosto. Esse
juízo reflexivo e autônomo caracteriza-se, então como um pedido que estabelece a capacidade de
qualquer sujeito de reconhecer o caráter bem fundado do que se experimenta no ajuizamento do
belo. É o meio pelo qual o sujeito de gosto pode assegurar-se de sua validade. Assim é possível
construir a base legitima para que os juízos de gosto, mesmo sendo eles singulares, tenham direito
a uma universalidade exemplar. Afinal, o que o sujeito procura alcançar não é uma aprovação
fortuita de um sentimento, mas um tipo de aceitação de uma ideia que pode ser admitida por
todos. E é a partir dessa universalidade exemplar que podemos ligar o juízo à crítica, pois ao
entender que o equilíbrio desejado em um julgamento, é entre a própria força de se afirmar e a
possibilidade de sustentar-se em frente a juízos contrários, podemos identificar o aspecto crítico do
juízo de gosto. Sabendo que a intenção da critica de arte, é o que o crítico procura com a justa
medida entre a obra e o subjetivismo, é possível dizer que ele está proferindo assim um juízo de
gosto legitimo.
Palavras-chave: crítica de arte, reflexão, autonomia, juízo de gosto.
A FORMA DA EXPERIÊNCIA NA PRIMEIRA DEDUÇÃO TRANSCENDENTAL DE KANT
Pedro Henrique Vieira
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
[email protected]
Resumo: No projeto kantiano, toda experiência é duplamente constituída: há, de um lado, a
intuição, que garante seu conteúdo – e, no caso dos homens, é dada através da sensibilidade, – e,
do outro, o conceito, através do qual a primeira é pensada, isto é, submetida a regras pela
espontaneidade do entendimento. O intuito deste trabalho é acompanhar o processo de síntese
descrito na primeira edição da Dedução transcendental de Kant, expondo a maneira como, através
da unidade conferida pelo entendimento ao diverso da intuição em geral numa experiência
possível, é determinada a forma desta experiência e, por consequência, de toda a realidade
objetiva. Toda e qualquer intuição só pode ser “minha” caso seja recebida numa autoconsciência –
a apercepção originária ou transcendental, – que é o princípio de toda unidade sintética num
sujeito. A unidade da apercepção reporta-se, porém, à síntese pura da capacidade transcendental
da imaginação, onde o diverso da intuição é compreendido num todo, como condição para a
composição da matéria de todo o conhecimento. Neste momento, o filósofo caracteriza o
entendimento puro como a unidade da apercepção relativamente à síntese transcendental da
imaginação; logo, deve haver no entendimento puro conhecimentos a priori que possibilitam,
mediante a autoconsciência transcendental, a unidade da síntese pura da imaginação. Tais
conhecimentos são as categorias. A possibilidade da reprodução ordenada dos fenômenos repousa,
assim, na unidade que a imaginação transcendental, por intermédio das categorias e em referência
à apercepção originária, confere à intuição. Obtemos, deste modo, a experiência: o todo do diverso
das intuições ligado e submetido a regras numa única autoconsciência. O filósofo, por fim, afirma
que todas as caracterizações dadas anteriormente por ele mesmo ao Entendimento são reduzidas a
uma só: faculdade das regras. São, deste modo, as estruturas subjetivas, que, como regras, que
possibilitam o conhecimento objetivo da natureza e mesmo a própria noção de natureza, nas suas
relações de necessidade e universalidade entre os fenômenos. Em outras palavras, um objeto só é
possível mediante um sujeito que o pense (ao menos no que diz respeito às estruturas do
conhecimento humano). O entendimento humano é, portanto, a instância normativa da natureza, o
que significa que todas as leis empíricas são subordinadas às suas leis puras. Assim,
compreendendo as relações entre intuição pura, imaginação transcendental, categorias e
apercepção originária, temos a estrutura do entendimento ou razão teórica, que possibilita que,
mediante o diverso dos fenômenos dados à intuição, a experiência seja constituída.
Palavras-chave: Kant; experiência; imaginação; percepção transcendental; categorias.
INTERPRETAÇÃO DO CONCEITO DE FENÔMENO EM KANT
Leidan Rogério Cronossgoldbberger Oliveira
Valdinei Vicente de Jesus
Universidade Federal do Acre
[email protected]
Resumo: Esta pesquisa visa interpretar uma passagem da Crítica da Razão Pura a fim de defender o
sistema kantiano contra possíveis críticas oriundas de uma má interpretação da passagem a seguir:
todo o nosso conhecimento é fenomênico, ou seja, não conhecemos as coisas como são em si, mas
sim como elas nos apresentam (Cf. CRP, BXXVI). Essa passagem ilustra um ponto fundamental da
filosofia transcendental e entendê-la corretamente é de suma importância para a compreensão do
sistema kantiano. Por fenômenos entendemos aquilo pelo qual os sentidos nos dão conhecimento,
mas que não são como a realidade é em si. Essa interpretação, embora correta, deve ser mais bem
analisada; por exemplo, ao observarmos o sol, temos a impressão de que ele está em movimento
com relação ao planeta Terra, porém, graças à ciência, sabemos hoje que, na verdade, é a Terra que
está em movimento em relação ao sol. Esse conhecimento, se interpretado à luz da teoria kantiana
por leitores ainda leigos, pode levá-los a concluírem (e geralmente é o que ocorre) que,
equivocadamente, o fenômeno, isto é, a aparência de que o sol está em movimento, se distingue
de como as coisas são em si apenas por uma questão de ignorância e conhecimento. Ou seja,
conhecemos o fenômeno – as aparências – provisoriamente enquanto a ciência não desvenda a
verdade. Porém, não podemos aplicar esta interpretação ao conceito kantiano de fenômeno, pois
isto nos daria a entender, que o que Kant chama de fenômeno é apenas uma má interpretação da
realidade, e que a realidade como é em si poderá um dia ser conhecida. A realidade em si, para
Kant, é incognoscível e todo o nosso conhecimento, mesmo o científico, é fenomênico. Assim que,
no exemplo do sol, ao tomarmos conhecimento de que este está fixo e não em movimento – com
relação a Terra – esse nosso conhecimento também é fenomênico, pois esta é a única forma
mediante a qual podemos conhecer as coisas. Assim que, se interpretarmos desse modo – o único
correto – ficará resolvido o mal entendido uma vez que a interpretação aqui combatida deturpa a
passagem analisada e, portanto desconfigura e distorce o sistema crítico transcendental kantiano.
O presente trabalho foi fundamentado em pesquisas bibliográficas na obra “Crítica da Razão Pura”
de Immanuel Kant e na obra “El idealismo transcendental de Kant; uma interpretacón y defensa” de
Henry E. Allison.
Palavras-chave: Kant – Fenômeno – Coisa em si
LEIBINIZ E A TEORIA DAS SUPERCORDAS
Hilson Santos Olegario
Universidade Federal de Pernambuco
[email protected]
Resumo: Na Grécia antiga, os primeiros filósofos buscavam na physis um princípio, um elemento
que teria dado origem a todas as outras coisas e como estavam organizadas; buscavam a arché. A
água, o ar, inclusive o indeterminado (ápeiron) foram algumas das respostas dos filósofos da physis.
Na modernidade a idéia de que o universo era organizado por leis, e, estas poderiam ser reveladas
pela ciência deu um grande impulso na vida de Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716),
contemporâneo de Newton, compartilham da mesma idéia, porém, sob pontos de vistas diferentes;
este se fundamenta nas variações comparadas aos movimentos dos corpos, já Leibniz, recorre à
metafísica e introduz grandezas infinitamente pequenas e em 1676 descobre o cálculo diferencial
(Infinitesimal), em seguida, depois de muitas obras escritas e de algumas críticas a sua fidelidade
política,escreve em 1714 a pedido do príncipe Eugênio de Savóia, sua monadologia. Nos dias atuais,
a teoria das cordas da física quântica,está nesta busca pela fórmula que dá resposta a tudo, assim,
como os pré-socráticos e Leibniz, porém, sua arché, é de dimensões subatômicas.Onde a
movimentação e a formação deste primeiro elemento são através de forças numa escala em que a
matéria é insignificante causando inclusive, mais de um universo. Numa proposta um tanto
metafísica, este trabalho acadêmico propõe um debate entre Leibniz e a Teoria das Supercordas,
esta teoria foi organizada na década de 60 do século XX na tentativa de unir a gravitação de
Newton e a relatividade de Einstein, e, nestas adaptações o que possivelmente o que Leibniz diria?
Pode até haver mais de um universo, mas, este mundo é o mais perfeito possível, o da efetivação.
Palavras-chave: Mônadas, teoria das supercordas, Cálculo infinitesimal
DELIMITAÇÃO DOS PODERES: FONTE DA TOLERÂNCIA LOCKEANA
Fernando Gramoza
Universidade Federal do Sergipe
[email protected]
Resumo: Locke é, precisamente, um dos pensadores que dedicou seu trabalho ao tema da
tolerância. Tanto é assim que pensou o tema e suas implicações na esfera civil e religiosa, bem
como na relação entre elas. No decurso da história, estes poderes se misturam e de acordo com o
pensamento lockeano isto não deveria acontecer, pois é dever do Estado assegurar o direito às
propriedades, sendo a vida a mais fundamental entre estas; já à religião compete o cuidado da
alma e de assuntos espirituais. É por meio da separação dos poderes civil e religioso que o filósofo
estabelecerá em seu texto Carta sobre a Tolerância, esse problema. No intuito de ocorrer um
satisfatório desempenho tanto de um quanto do outro poder, é que o contratualista propõe uma
análise clara e distinta de cada uma dessas esferas. É assim, a partir deste estudo que temos por
intuito pensar como se constitui a tolerância política e religiosa no referido autor. Sabemos por
meio da tradição, que a mais confiável e eficaz maneira de apreender conceitos e ideias filosóficas,
é a leitura, não toda e qualquer, mas a metódica e disciplinada que tem por intuito entender o
encadeamento bem como a disposição dos argumentos do autor na defesa de seu pensamento.
Destarte, não poderíamos trilhar outro viés senão: ler, reler, questionar e refletir sobre o modo de
argumentação, primeiro das obras do próprio Locke, depois de seus comentadores clássicos. Neste
contexto, são de imensa valia as reflexões propostas pelo assunto, estas que pensam as implicações
político-religiosas deste e de outros tempos. Vimos que à gestão da Igreja só dizem respeito os
chamados assuntos “indiferentes”, que são de ordem religiosa: cultos, orações e sacrifícios, desde
que não firam os direitos e obrigações civis, que por sua vez não são abrangidos pela religião, já que
são inerentes e de total responsabilidade do Estado. Isto é assim pelo fato de o poder religioso
possuir objetivos para outro mundo que não o sensível e, o estatal ter todos os seus objetivos nesta
terra. Com a ação bem definida de assumir e separar cada um a sua função diante da sua esfera,
sem abusos e favorecimentos, os poderes civil e religioso, devem, portanto, contribuir para o
melhor modo de vida social.
Palavras-chave: governo, religião, separação dos poderes e tolerância.
O PROJETO LOGICISTA DE FREGE
Pedro Henrique Gomes Muniz
Universidade Federal do Ceará
[email protected]
Resumo: O principal projeto de Gottlob Frege (1848-1925), e o que ele perseguiu durante quase
toda a vida, foi o que chamamos de logicismo. Frege, que é originalmente um matemático,
acreditou, como muitos filósofos da matemática da chamada escola logicista, que a aritmética
deveria ser analisada de forma que seus axiomas, noções e regras primitivas fossem demonstradas
utilizando princípios puramente lógicos. A aritmética deveria ser entendida, portanto, como um
tipo de ramo da lógica, sendo à esta reduzida. O ponto de partida desse projeto é a idéia de que o
conhecimento aritmético, assim como o lógico, é analítico - não sintético, como proposto por Kant.
Grosso modo, o logicismo de Frege se divide em três etapas. A primeira consiste em fazer um tipo
de tradução da linguagem da aritmética para a linguagem da lógica, mostrando que é possível
definir as expressões daquela pelas expressões desta, e que toda expressão aritmética tem um
correlato em significado com uma determinada expressão lógica. A segunda consiste em monstrar
que tais expressões lógicas, traduções de expressões aritméticas, são deduzíveis de axiomas lógicos
evidentes: trata-se de uma derivação das leis aritméticas pelas leis lógicas. A terceira etapa seria
uma redução ontológica, e consistiria em reduzir os objetos da aritmética a objetos lógicos,
identificando-os. O projeto fregeano apresenta ainda uma parte negativa - que consiste na crítica a
teses opostas ao logicismo, em especial o psicologismo, e uma parte positiva - que se trata do
desenvolvimento e defesa de sua própria teoria. No presente trabalho discutiremos brevemente
este grande projeto de Frege, suas motivações e conseqüências, e como ele terminou em fracasso.
Discutiremos ainda algumas das tentativas atuais de retomada do ideal logicista.
Palavras-chave: Frege, Logicismo, Reducionismo
MÉTODO INDUTIVO EM FRANCIS BACON
Rossano Silva Queiroga
Clidenildo Domingos Guimarães
Universidade Estadual da Paraíba
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Resumo: O método proposto por Francis Bacon (1561-1626) tem por objetivo a totalidade,
generalidade das coisas, não descartando nenhum axioma particular, tendo em vista o princípio de
máxima generalidade. Com relação à discussão e aplicação do método científico, Bacon critica
arduamente o método dedutivo aristotélico, pois explica que, na dedução existem proposições
universais, anteriormente determinadas que ajudam a evidenciar as premissas básicas nos casos
particulares. O método dedutivo sempre tem em vista uma conclusão, sendo a construção de um
argumento plausível a sua característica. Diferentemente, o método indutivo tem no organizado
uso dos sentidos, a chave para a construção cientifica no que diz respeito às verdadeiras
interpretações da natureza. A característica primordial de seu método é o avanço gradual e
contínuo, organizado pelo que se pode chamar de catalogação dos dados particulares, e em última
instância, a obtenção dos princípios de máxima generalidade. A crítica contundente a Aristóteles se
dá as conclusões precipitadas obtidas pelo jogo argumentativo, donde Bacon afirma que a
profundidade da natureza supera de muito o alcance do argumento. Segundo Bacon, às conclusões,
não eram feitas as experimentações adequadas. A escola empírica, tendo em Bacon o seu grande
destaque, defende a ciência como instrumento de poder, domínio sobre a natureza, pela qual o
bem maior advindo dessa exploração racional culminaria num bem apropriado à sociedade. O
método empírico apóia-se sobre três vias: a observação dos acontecimentos, a indução das
hipóteses e por último, a verificação experimental das hipóteses. Ao empirismo cabe ser chamada
de agregadora das opiniões mais dissonantes, não se fundando em noções vulgares e dando um
grande assentimento aos poucos e obscuros experimentos. De fato, o método baconiano tem com
sentido maior a divisão racional da natureza e não a tentativa de traduzi-la por meio das abstrações
mal encaminhadas daqueles que se usaram da acatalepsia.
Palavras-chave: método indutivo, axioma, generalidade.
COGITANS E EXTENSA, UM ÚNICO AMÁLGAMA? UMA POSSÍVEL LEITURA DE UM DESCARTES
MONISTA.
Paulo César barros Junior
Universidade Federal de Pernambuco
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Resumo: É muito comum no meio filosófico, atribuir a Descartes o que tradicionalmente chamamos
de dualismo mente-corpo, e neste sentido um dualismo radical de substâncias, a saber, a res
extensa e a res cogitans. O que pretendemos neste trabalho é apontar algumas dificuldades em que
não parecem ser tão simples assim, isto é, dividir radicalmente a mente e o corpo, onde estes
assumem uma configuração, tal que, dificilmente se queira negar o fundamento ontológico de suas
constituições. Sabemos que Descartes em suas meditações faz todo um esforço para delimitar a
natureza da res cogitans e da res extensa, e vemos isso mais precisamente na segunda meditação
onde teríamos argumentos claros no que concerne a tal separação, uma vez que é a natureza da
coisa pensante, não ter espacialidade, e ser indivisível, eterna e imutável; por outro lado, tudo que
é de ordem da extensão tem como natureza a divisão, a espacialidade e por conseguinte, a
corruptibilidade. Ninguém divide um pensamento como se divide uma fatia de bolo, eis o problema
posto por Descartes que até os nossos dias atuais ainda nos persegue, porque queiramos ou não,
ainda não conseguimos superar totalmente o dualismo. Pois bem, o que nos interessa aqui, é
justamente realizar uma leitura minuciosa da sexta meditação, em que o filósofo vai fazer uma
afirmação que nos deixa a sensação de que nada tínhamos entendido até então sobre a distinção
entre res cogitans e res extensa. Do que se trata tal afirmação? Ora, trata-se de apontar para o que
Descartes chamou de um único amálgama, a saber, a junção perfeita do corpo e da mente, e que
estes só podem ser pensados dentro desta harmonia, como foi mostrado na metáfora do timoneiro
e do navio. O que Descartes está querendo nos dizer? Seria esta amálgama uma terceira
substância? Ou simplesmente, toda a separação traçada nas cinco meditações seriam apenas um
artífice metodológico? Seria muito pouco provável se o fosse. O presente trabalho caracteriza-se
como parte do projeto de monografia para obtenção do título de bacharel em filosofia.
Palavras-chave: dualismo, monismo, Descartes.
O PROJETO DE FUNDAMENTAÇÃO DOS JUÍZOS MORAIS É DEFENSÁVEL HOJE?
Errison José da Silva
Universidade Federal de Pernambuco
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Resumo: É muito comum no meio filosófico, atribuir a Descartes o que tradicionalmente chamamos
de dualismo mente-corpo, e neste sentido um dualismo radical de substâncias, a saber, a res
extensa e a res cogitans. O que pretendemos neste trabalho é apontar algumas dificuldades em que
não parecem ser tão simples assim, isto é, dividir radicalmente a mente e o corpo, onde estes
assumem uma configuração, tal que, dificilmente se queira negar o fundamento ontológico de suas
constituições. Sabemos que Descartes em suas meditações faz todo um esforço para delimitar a
natureza da res cogitans e da res extensa, e vemos isso mais precisamente na segunda meditação
onde teríamos argumentos claros no que concerne a tal separação, uma vez que é a natureza da
coisa pensante, não ter espacialidade, e ser indlbivisível, eterna e imutável; por outro lado, tudo
que é de ordem da extensão tem como natureza a divisão, a espacialidade e por conseguinte, a
corruptibilidade. Ninguém divide um pensamento como se divide uma fatia de bolo, eis o problema
posto por Descartes que até os nossos dias atuais ainda nos persegue, porque queiramos ou não,
ainda não conseguimos superar totalmente o dualismo. Pois bem, o que nos interessa aqui, é
justamente realizar uma leitura minuciosa da sexta meditação, em que o filósofo vai fazer uma
afirmação que nos deixa a sensação de que nada tínhamos entendido até então sobre a distinção
entre res cogitans e res extensa. Do que se trata tal afirmação? Ora, trata-se de apontar para o que
Descartes chamou de um único amálgama, a saber, a junção perfeita do corpo e da mente, e que
estes só podem ser pensados dentro desta harmonia, como foi mostrado na metáfora do timoneiro
e do navio. O que Descartes está querendo nos dizer? Seria esta amálgama uma terceira
substância? Ou simplesmente, toda a separação traçada nas cinco meditações seriam apenas um
artífice metodológico? Seria muito pouco provável se o fosse. O presente trabalho caracteriza-se
como parte do projeto de monografia para obtenção do título de bacharel em filosofia.
Palavras-chave: dualismo, monismo, Descartes.
A SUPERSTIÇÃO COMO FORMA DE DOMINAÇÃO SEGUNDO BENEDICTUS DE SPINOZA
Débora da Silva Paula
Universidade Estadual do Ceará
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Resumo: Benedictus de Spinoza (1632 - 1677), filósofo moderno holandês, afirma em sua obra
maior, intitulada Ética: Demonstrada em Ordem Geométrica (Ethica: Ordine Geometrico
Demonstrata), publicada somente após o seu falecimento, que o dogmatismo religioso faz com
que, por diversas vezes, as pessoas busquem praticar o bem simplesmente pelo fato de que, ao
praticá-lo, nenhuma punição recairá sobre eles, segue-se disso que, a partir do momento em que
escolhem praticar o mal, todo tipo de punição ser-lhes-á imposta; são levadas a agir dessa maneira,
porque temem perder aquilo que lhes foi difícil de conquistar, como por exemplo, o poder de um
soberano conquistado por meio de lutas. Utilizando-se disso, tanto as religiões quanto o próprio
Estado, proliferam aos seus governados superstições que os fazem acreditar erroneamente que
quando algo nos traz tristeza é porque certamente obteremos um bem maior, como na penitência;
contrariamente, a superstição nos ensina que quando algo nos traz alegria nenhum bem maior será
obtido, ou ainda acreditamos que alguns prazeres pode nos trazer males, por exemplo, a luxúria. É
partindo desses argumentos, nos quais as pessoas acreditam sem possuírem qualquer
conhecimento adequado, que o Estado e as religiões garantem a sua dominação sobre a sociedade
que controlam; o Estado na figura do soberano, com o intuito de manter seu poder; e a religião
visando à obediência cega de seus adeptos. Dessa maneira, nossa intenção com a presente
comunicação é explicitar através do Tratado Teológico – Político (Tractatus Theologico – Politicus),
obra publicada pelo filósofo anonimamente no ano de 1670, as diversas formas de superstição que
garantirão tanto ao Estado quanto às religiões manterem a sua dominação.
Palavras-chave: Superstição. Dominação. Spinoza.
O RESGATE DO INDIVÍDUO POR INTEIRO ATRAVÉS DOS TRÊS ESTÁGIOS DA EXISTÊNCIA, EM
SOREN KIERKEGAARD
Nathalia Gleyce dos Santos Salazar
Universidade Federal do Maranhão
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Resumo: A obra Temor e Tremor de Soren Kierkegaard refletir sobre a história de Abraão e Isaac
(onde o pai deve sacrificar o filho em nome de Deus) e através dos três estágios ele mostra a
importância de um salto para fé. Além disso, Kierkegaard era um filósofo solitário e para ele a fé
constitui a forma verdadeira e autêntica da existência finita, a sua vida está presente em sua
filosofia. Passar por estes estágios é o resgate do indivíduo por inteiro, o homem ao ir à busca de
sua total relação tem que passar por estas três etapas. Pretende-se fazer uma análise dos estágios
da existência: estético, ético e religioso. Estas etapas se interpenetram, confundem-se na
existência, não possuído linhas demarcatórias ou pontos específicos banalizando seus limites.
Kierkegaard opõe-se a Hegel, pois não acredita que possa haver uma vontade absoluta; ele tem um
ideal antropológico, no sentido do homem ir buscar um estado ideal resgatando a dimensão
subjetiva ou individual do homem. Passando pelos estágios temos o estético que tem como sua
principal característica o desejo, os valores estéticos eram originários do romantismo e
influenciavam muitos de seus contemporâneos; este faz sentirmos a vontade de experimentar,
marcado pela diversidade, porém não é possível levar uma vida feliz tendo como princípio de vida
esta etapa. O segundo estágio é o ético baseia-se em um ideal comunitário em torno de formas
definidas, onde o indivíduo procurar um lugar dentro da vida social. Este estágio e infinitamente
superior ao estético nesta etapa o homem não vai à caça de sensações imediatas, mas ordena e
coordena sua vida ao cumprimento do dever. As pessoas deixam seus gostos pessoas para adotar
leis morais e condutas universais. Por último o estágio religioso onde o homem consegue se coloca
diante do absoluto, Deus. Nesta etapa é visível o absurdo da fé. Chegada a essa etapa o homem
revê os valores encontrados nos estágios anteriores. O objetivo dos três estágios é o resgate do
indivíduo; não somente o sujeito pensante, mas um homem que escolhe que se angustia e
desespera-se. Na obra Temor e Tremor Kierkegaard acreditava que só a fé nos livraria do desespero
e da angústia, apegou-se a fé como única solução para sua aflição.
Palavras-chave: Kierkegaard, Resgate, Estágios, fé.
FREGE E O ANTI-PSICOLOGISMO EM DER GEDANKE
Marcos Ariel de Almeida
Universidade Estadual Paulista- Campus Marilia
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Resumo: Esta comunicação tem por objetivo apresentar um esboço sobre o psicologismo e suas
diversas roupagens, sobretudo, apresentar uma refutação do mesmo, com base no texto Der
Gedanke de Gottlob frege. O problema do psicologismo ao longo da historia da filosofia foi
associado a diversas correntes teóricas, podemos encontrar elementos do psicologismo em
Descartes, Mill, Kant, e em especial Locke. Não há data de nascimento do termo psicologismo, mais
podemos identificar três aspectos do mesmo, sendo eles: o lógico, o semântico e o epistemológico.
O psicologismo lógico possui o aspecto de reduzir a lógica à psicologia, concebendo a primeira
como parte da segunda e negando, desta forma, a existência de entidades e estruturas
propriamente lógicas. O psicologismo semântico consiste em considerar os significados dos termos
que compõe a linguagem em entidades mentais (idéias). O psicologismo epistemológico, por fim,
reduz o conhecimento a um processo psicológico, em suma, o psicologismo possui como marca o
reducionismo. Sabe-se que Frege na demonstração de sua tese logicista de que a Aritmética era
redutível à lógica, refuta o psicologismo lógico por “tabela”, e que a temática sobre o psicologismo
em suas obras é presente, contudo, não constituem uma unidade sistemática, porem, em 1918
Frege publica um ensaio chamado Der Gedanke, que marca de forma decisiva seu antipsicologismo. Para Frege, o erro de uma teoria psicologista e sua falsa concepção de subjetividade,
segundo a qual, o sujeito só tem acesso direto e imediato a suas próprias representações ou idéias.
A critica de Frege ao psicologismo é decisivo, pois, se o psicologismo estiver certo, perdemos a
possibilidade de comunicação e ciência. O psicologismo criticado por Frege em Der Gedanke está
sendo aqui associado a teoria idealista de Locke onde o sujeito só tem acesso direto e imediato a
suas próprias representações ou idéias (principio de imanência). Esta comunicação tem por
objetivo mostrar que o psicologismo e falso, e seguindo a linha de raciocínio Fregeana, que existe a
possibilidade de linguagem e ciência.
Palavras-chave: psicologismo, semântica, Gedanke, Vorstellungen, Sinn
VICO E A NOVA ARTE CRÍTICA: UMA ARQUEOLOGIA DA LINGUAGEM
Rafael Coutinho Bordalo
Universidade Federal do Pará
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Resumo: Esta comunicação tem como escopo definir o que seria a Nova Arte Crítica constituída por
Giambattista Vico, filósofo napolitano do século XVII, em contraposição a antiga filologia dos
italianos e à filosofia cartesiana fortemente operante em sua época. Esta nova arte, que Vico
esforçou-se em instaurar como ciência, seria uma filologia refletida pela filosofia: uma metafísica da
história, que intenta descobrir na indefinida obra do homem, na autoridade do arbítrio humano
(onde se condensa a indeterminação e verossimilhança do certum), a ordem impressa na ação
humana. Para Vico, a origem histórica de todas as coisas coincide com a sua gênese filosófica, ou
seja, com aquela que se chama a sua natureza: “donde sempre que uma coisa se repita nas mesmas
circunstancias, ela não poderá ocorrer senão como aconteceu a primeira vez”. A crítica meramente
filológica, ou erudita, apresentar-se-á a nova arte crítica, uma redimensão da filologia: “na procura
da verdade sobre os autores das nações mesmas, a filosofia dedica-se a examinar a filologia (ou
seja, a doutrina de todas as coisas que dependem do arbítrio humano, tais como são as histórias
das línguas, dos costumes e dos fatos, tanto da paz quanto da guerra dos povos), a qual pela sua
deplorada obscuridade das causas e quase infinita variedade dos efeitos, teve quase um horror de
sobre ela refletir e traduzi-la em forma de ciência”. Esta arte, na tentativa de tomar para si estatuto
de ciência, busca alcançar dentro da mais incerta e fantasiosa mente primigênia, assim como no
seu desenvolvimento lingüístico no transcurso da sua história, algo que seja fixo, princípios pelo
qual tudo vem a ser, a sua arché (arché (ἀρχή; origem), algo que deva estar presente em todos os
momentos da existência de todas as coisas do homem. A nova arte crítica, a Ciência Nova, é
considerada portanto uma arqueologia da linguagem.
Palavras-chave: verum, razão, mente primigênio, imaginação, racionalidade.
A PESSOA E APROPRIEDADE NA VISÃO HEGELIANA: MOMENTOS DE EFETIVAÇÃO DA LIBERDADE
Maria da Conceição Mota Ferreira.
Universidade Estadual do Ceará.
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Resumo: O presente trabalho aborda sobre o Direito Abstrato, mas especificamente a Propriedade.
Este assunto encontra-se na obra Princípios da Filosofia do Direito. Seu autor é Georg Wilhelm
Friedrich Hegel filósofo Alemão que se propôs a fazer um sistema. Neste, a cada momento de suas
reflexões ele começa do mais indeterminado para o mais determinado, ou seja, na propriedade
também é usada esta mesma metodologia. Os pontos principais que compõe estes momentos da
propriedade são a pessoa que é o mais indeterminado e a propriedade que está em processo de
determinação, mas não se determinou ainda. A vontade livre em si e para si é o ponto de partida de
sua reflexão sendo, à vontade a mais universal e infinita, ou seja, a mais vazia de determinação,
mas esta vai determinando-se nos seus momentos. A liberdade vai surgindo na propriedade, pois
esta será o meio de relação entre os proprietários. Segundo o pensamento hegeliano: “O
imperativo do Direito é, portanto: sê uma pessoa e respeita os outros como pessoa”.(FD.§ 37).
Hegel neste momento, que é a propriedade, faz a diferenciação entre posse e propriedade e deixa
claro que o Direito que tem origem no contrato não é Direito sobre a pessoa, mas sobre a coisa que
lhe é extrínseca. Hegel é um filósofo que apesar de não ter vivido no nosso tempo é bastante atual
em suas reflexões. Porque aborda seus pensamentos nas relações humanas, onde esta deve
melhorar, porque a cada dia pessoas não respeitam mais pessoas, mas tal respeito não deve se dar
apenas por causa das regras jurídicas, mas porque a pessoa deve reconhecer o que é, assim tomará
consciência do outro também.
Palavras-chave: Vontade livre em si e para si. Pessoa. Propriedade.
UMA POSSÍVEL ABORDAGEM PARA LEITURA DOS TEXTOS CLÁSSICOS LATINOS NOS ESUTDOS
FILOSÓFICOS
Lucas Nogueira Borges
Universidade Federal de Uberlândia
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Resumo: É certo que em muitos lugares, principalmente nas escolas de segundo grau, o Latim foi
abandonado, e desta forma o estudo da língua portuguesa acabou perdendo sua base principal,
que é sua língua mãe, devido aos fatores políticos da época. Porém, em alguns cursos de graduação
como Filosofia, Letras e História os estudos clássicos ainda são de muita valia para as pesquisas.
Para alguns já está mais que evidente, mas não para todos, que para estudar o pensamento dos
filosofos clássicos, gregos e romanos, medievais e até mesmo os modernos como Descartes,
Espinoza, Guilherme de Okham, Kant e entre outros mais que poderiam ser citados, o latim mostrase imprescindível para aqueles que almejam desenvolver pesquisas tanto históricas quanto
filosóficas, ou seja, é necessário ir diretamente aos textos. Uma das dificuldades que temos nas
acadêmias brasileiras é a escassez de professores que dominam o latim clássico ou que estejam
aptos a ensinar por métodos que visam mais o entendimento da língua do que o uso da memória
como base do aprendizado. Por tais razões, pretendo demonstrar a relevância dos estudos
clássicos, em especial o Latim, para uma investigação mais avançada da história da filosofia e do
pensamneto filosófico. Para tanto, irei apontar as razões de se estudar o Latim nas universidades
utilizando o texto Somnium Scipionis De Republica liber VI (O Sonho de Cipião – Sobre a república
livro VI) de Cícero, mostrando por meio dos elementos-chave, a saber, os verbos, as clásulas de
ligação e as formas nominais, como é possível ler e entender o latim estudando filosofia e como é
possível estudar filosofia lendo latim, considerando assim a necessidade de tais leituras como um
dos recursos para o desenvolvimento da Filosofia no Brasil e dos estudos clássicos.
Palavras-chave: Filosofia, Latim, Leitura, Cícero.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A DICOTOMIA TEORIA E PRÁTICA
Dayane Tosta Costa
Universidade Federal da Bahia
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Resumo: “A Filosofia e sua Possibilidade de Atuação Prática” sugere que a filosofia seja uma
atividade teórica – sugestão que deixa entrever a existência de uma pressuposta dicotomia entre a
prática e a teoria, contudo, pode ser contraproducente pensar determinadas questões de modo
dicotômico. Sendo assim, torna-se válida a tentativa de antepor o pensamento a esse modo, para
melhor pensá-la. Pensar a dicotomia significa questionar o movimento pendular que nega um dos
pólos e determina uma relação de superioridade. Nas dicotomias corpo/alma, sujeito/objeto,
razão/des-razão existe a tendência de submeter um pólo ao outro e essa tendência se instaura no
imaginário ocidental de forma tão radical que a superioridade de um dos pólos aparenta ser
inquestionável. Parece muito claro que o sujeito seja superior ao objeto – é no mínimo estranho
questionar isso. No entanto, essa diferença nem sempre existiu, ela tem um momento na história,
não é inata, é datada ― recebe seus contornos mais precisos com Descartes na modernidade e
passa a determinar de forma paradigmática o olhar sobre o mundo. Nessa perspectiva, parece
relevante refletir acerca da possibilidade de a filosofia colocar-se em um ponto anterior às
dicotomias, ou seja, situar-se na encruzilhada em que se deu a de-cisão de descrever a realidade
pela via do pensamento dual em detrimento de outros modos possíveis. Situar-se nesse lugar é dar
um passo atrás e olhar os antagônicos fora da relação de superioridade. A própria possibilidade de
assim situar-se inquieta e suscita algumas questões: a história ocidental trilhou seu caminho
fazendo um corte na realidade que originou uma tradição dicotômica e essa tradição determinou a
filosofia como atividade teórica? De que forma a filosofia pode ser pensada como atividade prática?
É possível deslocar a reflexão do movimento pendular e pensar “teoria e prática” sob outros
termos? Sem intentar encontrar respostas que esgotem a discussão, essa pesquisa tem o objetivo
de colocar as questões e refletir sobre elas. Longe de ser uma discussão inédita, este trabalho se
propõe a dialogar, mais precisamente, com Heidegger e os seus leitores Emmanuel Carneiro Leão e
Benedito Nunes, que se dedicaram a pensar o problema.
Palavras-chave: filosofia, teoria, prática, dicotomia.
A DOUTRINA PITAGÓRICA FACE À CIÊNCIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA
Márcio Correia
UEPB
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Resumo: Dentro do contexto da filosofia ocidental, Pitágoras de Samos contribuiu de diversas
maneiras para os pensadores posteriores, pelo que se sabe, foi Pitágoras que introduziu os termos
Filosofia (amor a sabedoria) e Matemática (o que é aprendido), embora não se saiba ao certo o
pensamento do próprio, seus discípulos, entre eles Filolau de Crotona, atribuíram ao mestre suas
descobertas. Para os cientistas modernos, os pré-socráticos são considerados os primeiros físicos, e
foi onde a matemática ganhou status de ciência, diferenciando um pouco da matemática egípcia e
babilônica. Na doutrina pitagórica, de que tudo é número, o número torna-se quantitativo e
qualitativoe que eles próprios são objetos do mundo definido e indefinido, o número agora, é a
própria ordenação da natureza. Sendo eles também representados geometricamente, as formas e
figuras são idênticas aos elementos, que para essa escola são a terra, o ar, o fogo e a água. Com
essa doutrina, o pitagorismo estabeleceu um método que prevalece até hoje para a compreensão
cientifica da natureza: de que tudo é numero. Mesmo que o próprio conceito de número tenha
mudado, e com os vários problemas matemáticos que surgiram ao longo da história, ela continua
sendo a “chave” que abre a porta para a cognição da natureza. Método este que, durante a
revolução cientifica nos séculos XV, XVI e XVII foi de grande importância, pois se percebe como esse
conceito da matematização da natureza foi utilizado e como esse conhecimento matemático servia
para demonstrar como deveria ser verdadeiro ou muito aproximadamente verdadeiro da realidade.
Descobriu-se então que o universo era mecânico, estável, e que as leis naturais podiam ser
descritas matematicamente absolutas e universais. Com o advento da teoria quântica no início do
século XX, a realidade não era mais mecânica, como a precisão de um relógio, e sim, dinâmica,
aleatória, com leis imprevisíveis e pouco elucidativas. As equações utilizadas aplicavam-se num
universo estável, mas não dinâmico. Mais a fundo, no mundo subatômico, ultrapassando do limite
da nossa observação, a realidade torna-se abstrata, e utilizamos da matemática para tornar o
incognoscível cognoscível para a nossa compreensão, ou seja, apesar da mudança na concepção da
utilização desta, o método estabelecido pelos pitagóricos, como foi dito anteriormente, continua
até hoje. Esta, pois, é a pretensão deste trabalho, analisar como essa doutrina se comporta diante
desses dois grandes momentos para a ciência, utilizando de autores que serão de grande
importância para o estudo e demonstrando que , ao contrário de que muito se pensa, ciência e
filosofia estão mais próximas do que separadas.
Palavras-chave: Pitágoras; filosofia; ciência; matemática; número.
ADORNO: A SEMINFORMAÇÃO NA SOCIEDADE
IMAGÉTICO-ELETRÔNICA
Wesley Carlos de Abreu
Universidade Estadual do Ceará
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Resumo: A crescente proliferação e a inserção dos meios eletrônicos de comunicação social vem
dando base a se pensar que estamos vivendo na era da imagem. Jogos eletrônicos, filmes,
programas televisivos, vídeo e internet passam a compor o nosso dia-a-dia, disseminando ideias,
hábitos, juízos éticos e estéticos, conhecimentos os mais variados e, assim contribuindo para a
formação de nossa própria individualidade. Neste trabalho, interessa-nos refletir sobre os desafios
que enfrenta a educação escolar nesse cenário de intenso desenvolvimento da mídia imagéticoeletrônica. Está implícito nessa problematização que a escola não está imune às diversas mudanças
sociais, que ela perde seu papel central de instituição formadora de cidadãos frente aos meios
eletrônicos, onde esses realizam uma pré-educação informal (seminformação). Como pensar a
escola em face da forte presença da mídia imagético-eletrônica? Em quais aspectos a intervenção
da escola necessita ser repensada quando se considera a inserção dessa mídia em nosso cotidiano?
Por sua vez, que contribuição a escola pode oferecer para redimensionar o lugar que ocupa a
produção imagética na formação humana. Essas questões orientam nossa reflexão. Longe de
oferecer respostas prontas, apresentamos um possível caminho de análise, de caráter
eminentemente introdutório, que permite uma aproximação a essa problemática. Por essa razão,
trabalhamos com o conceito de indústria cultural (impressa, revistas, televisão, internet, etc.),
criado por Theodor W. Adorno (1903-1957), integrante da primeira geração da Escola de Frankfurt.
Trazemos esse conceito por considerá-lo útil para se compreender o papel da mídia imagéticoeletrônica no processo de educação dos indivíduos. Apesar de toda a ilustração e informação que
se difundem pela mídia, a formação se converte em seminformação, forma de consciência alienada
que renuncia à sua autodeterminação e se prende a elementos culturais programados.
Palavras-chave: educação; imagem; seminformação; indústria cultural.
O NU OU NUDEZ? UMA ANÁLISE DO NU NA HISTÓRIA DA ARTE
Raísa Inocêncio
Universidade Federal do Rio de Janeiro
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Resumo: Ao longo dos séculos o Nu foi visto de diversas maneiras. No Renascimento o nu foi
utilizado para representar as entidades ligadas ao divino: o anjo, o cupido, o mito. Como, por
exemplo, o famoso Davi de Michelangelo. Ainda assim partindo de um nu sem uma sexualidade, o
nu grego. Há no Renascimento escritores como o Marquês de Sade que colocariam a sexualidade
como ponto forte da obra, porém sempre escandalizado e colocado em xeque como maldito. A
partir do século XIX com a revolução burguesa, o surgimento das instituições de controle (escola,
hospital, quartel e prisão), houve também o início de estudos sobre o que seriam doenças sexuais:
homossexualismo, masturbação, entre outros. Despertando assim um discurso sobre o sexo e uma
vigilância onde cada um tem que tomar a sua sexualidade como conduta moral, social e política. A
psicanálise inicia o que seria o novo confessionário,no contexto dos pacientes que expõem os
traumas advindos da repressão sexual, traumas sexuais estes na maioria vividos na infância. Vários
artistas vão se utilizar de base psicanalítica como inspiração para obras que, desta vez vão ter maior
abertura da sociedade, expondo a sexualidade, o nu e a expressão corporal do artista. Tendo como
referência Georges Bataille que foi um dos fundadores do movimento Surrealista e estudioso do
Erotismo, também terei como referência Georges Didi-Huberman com o “Ouvrir Vênus”, Michel
Foucault em “A História da Sexualidade” e a professora Viviane Matesco com o livro “O corpo, a
imagem e representação”. Por fim, faremos uma intervenção performática, para ilustrar de
maneira consistente, sobre como em tempos de performance, body-art, o nu e o corpo estão sendo
discutidos enquanto parte da obra. O intuito é propor uma reflexão filosófica sobre como a história
da arte sempre andou em paralelo com as mudanças políticas, sociais e culturais. E também ilustrar
que estes mesmos artistas sempre se voltaram para filosofia como lugar seguro para liberdade de
criação.
Palavras-chave: estética; arte; política.
JOGO IRÔNICO DE MACHADO DE ASSIS EM MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS: UMA
CRÍTICA AOS COSTUMES MORAIS.
Gleyson Dias de Oliveira
Universidade de Caxias do Sul
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Resumo: Através da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, de autoria de Machado de Assis, este
trabalho procura apresentar a questão dos costumes morais, mas não se utilizando de um viés
metódico e antropológico e sim de um viés irônico, instrumento este utilizado pelo autor para
destacar a importância de uma crítica social e moral.
Trecho do projeto: [...] Machado tem prazer em dar a seus personagens esta cena, me refiro aqui a
cena da platéia e do malabarista, ate Machado às vezes caminha por este fio. A intermitência de
sua vida quase o leva ao chão, o que o sustenta por sobre o fio, é a ironia, a mesma ironia esboçada
em “O delírio” (MACHADO DE ASSIS, 2010, p. 8). Pandora, esta que vem com aquela aura de
destruição, assusta somente os fracos, mas Brás e Machado não vêem perigo em Pandora e ate
fazem um convite a ela: “- Tens — Tens razão, disse eu, a coisa é divertida e vale a pena, — talvez
monótona— mas vale a pena. Quando Jô amaldiçoava o dia em que fora concebido, é porque lhe
davam ganas de ver cá de cima o espetáculo. Vamos lá, Pandora, abre o ventre, e digere-me; a
coisa é divertida, mas digere-me.”(IDEM, 2010, p. 8) É como se Pandora não pudesse atingi-lo com
todos os males possíveis, ele(s) parecem com o seu próprio riso, escarnecerem-se da morte.
Sacrificam a liberdade em busca da travessia pelo fio – que é este fio senão aquela passagem de
Memórias Póstumas de Brás Cubas, p. 112 que diz “Que há entre a vida e a morte? Uma curta
ponte.”, basta somente substituirmos a ponte pelo fio. As personagens que não são satélites nos
romances do autor, vivem ao sabor de uma pseudo-vida, vivem de cargos seja na carreira publica
quanto privada, vivem sob o jugo do pudor da sociedade, “a mesquinhez de cada dia”. Já Brás não,
este vive o enfrentamento da vida, e se enfrentar a vida for escarnecer de si mesmo, tanto melhor
assim. O autor com seus autos e baixos do mundo real, procura transmutar as suas dores para Brás,
e este se vê compelido a carregar o pesado fardo do autor, porém Machado ao ver esta horripilante
cena, oferece ao personagem uma centelha de esperança; a ironia. Agora Brás é ilimitado, com o
poder da ironia ele pode ir alem, alem do humano, pode ate mesmo gozar os louros de “Zaratustra”
(NIETZSCHE, 2004). Ele pode agora chegar a essência do próprio ser, chega-se assim a um nível de
compreensão metafísico do homem. E este nível por se elevado compreende erros, erros que a
insensata sociedade não se dá ao luxo de conhecer, - isto é apenas o propósito de poucos, Cubas,
Quincas. Comprometidos com o meio social e com os deleites de cargos eminentemente
“relevantes”, se afundam cada vez mais na monotonia do comum, porém Brás assume para si esse
nível de compreensão, mesmo sabendo dos riscos que podem advir de tal feito, importa mais,
muito mais correr o risco, pois este é único meio que ele vê, para se chegar verdadeiramente ao
âmago do ser.Machado não vê outro meio defazer uma critica moral a não ser pelo viés daquele
homem que assume para si osenfrentamentos culturais, morais e religiosos; quando Brás faz uma
dura critica aos costumeslegados a ele, na verdade o personagem de Memórias Póstumas, esta se
desprendendo dovicio social, cíclico e perene, que só almeja o “status social”. Foi bom que não
tenhaconquistado o cargo tão sonhado pelo seu pai, - mesmo ouvindo as alegações que o pai
diziainconformado, “Um Cubas.” (MACHADO DE ASSIS, 2010, p. 50), - Brás vê com isso
umanecessidade maior de se afirmar com a vida e a abandonar a idéia de Jirico do pai, esse almejaa
eminência social algo que não é patente de Brás, já este pelo contrario segue pela linha
dodesprendimento, este tem em si uma centelha que a leva o filosofo a inquietação. Este é
umfilosofo que vê no riso, a ferramenta essencial para uma critica aos paradigmas sociais.“Vida
sem luta é um mar morto no centro do organismo universal.” (IDEM, 2010, p. 120)Procurei linkar
neste projeto o ideal de Zaratustra de Nietzsche e de Brás Cubas, Machado de Assis
Palavras-chave: Machado de Assis, moral, Crítica, literatura, filosofia
NIETZSCHE, GENEALOGISTA DO CRISTIANISMO
Lívia Maria Araujo Noronha de Oliveira
Universidade Federal do Pará
[email protected]
Resumo: Nietzsche, em sua obra de juventude Segunda Consideração Intempestiva: Da utilidade e
desvantagem da história para a vida, critica o historicismo do século XIX que via a história como
“ciência dos fatos passados”. Estudar por exemplo a figura, na qual está centrado o cristianismo, de
Jesus Cristo buscando dados históricos seria para o filósofo “merco ócio” erudito. Assim, em sua
obra O Anticristo, o filósofo alemão analisa a figura de Cristo a partir de seu tipo psicológico de
Redentor, sustentando sua análise na “ciência que indaga a origem e a história dos chamados
sentimentos morais e que, ao progredir, tem de expor e resolver os emaranhados problemas
sociológicos (...)” (H.D.H.1, § 37), a psicologia nietzschiana, a ciência que Nietzsche inaugura e
expõe melhor em Humano Demasiado Humano I. E a mesma psicologia com a qual o filósofo
analisa o tipo psicológico do Redentor que ele analisa o cristianismo, em O Anticristo, a “religião da
decadènce” que encarna o que Nietzsche chama de “psicologia idealista”, visando medidas muito
radicais frente às paixões humanas, como sua total anulação. Com nosso trabalho, investigamos a
passagem, na obra nietzschiana, da crítica ao historicismo à psicologia tomando como tema central
o cristianismo e como metodologia a leitura das obras Segunda Consideração Intempestiva: Da
utilidade e desvantagem da história para a vida; Humano Demasiado Humano I e O Anticristo, obra
na qual reside o centro do nosso trabalho e a partir da qual poderemos apresentar o que seria para
Nietzsche uma crítica genealógica da moral do cristianismo.
Palavras-chave: história – psicologia – genealogia – cristianismo.
DE CÍRCULOS E QUADRADOS - UMA LEITURA FILOSÓFICA DE TRÊS POEMAS
Osmar Soares da Silva Filho
Universidade Federal do Rio de Janeiro
[email protected]
Resumo: Um dos problemas clássicos da geometria grega – a quadratura do círculo, proposto por
Anaxágoras de Clazomenes (499-428 a.C.), condenado à prisão por dizer que o Sol não era uma
divindade – consiste na dita insolúvel questão de, a partir de um dado círculo, não ser possível, por
meio de instrumentos euclidianos, régua sem escalas e compasso, construir um Quadrado de
mesma área. A não contigüidade entre a área de um círculo, uma figura, que em qualquer posição é
a mesma, constante, absolutamente simétrica, e o Quadrado, desenho que visa à igualdade entre
os seus lados, entre suas pontas/pontos e arestas, entre as suas medidas, mas não a infinitude, é,
têm provado os matemáticos, irreconciliável. Nesse sentido, se quisermos pensar o círculo,
diríamos que ele requer a perfeição, no âmbito do infinito, ao passo que o Quadrado, pela sua
forma, se dá na construção do efêmero: cada lado um valor finito e previsível pela medida, lados
que não dão as voltas intermináveis do círculo, pois lados de um Quadrado sempre terminam.
Pretendemos nessa comunicação refletir como de diferentes formas aparece a chamada questão
da Quadratura do Círculo em peças literárias de três de nossos maiores poetas: Cecília Meireles,
Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira. Nossa intenção é mostrar como a obra literária é
capaz de incitar o pensamento filosófico e, para tanto, vamos recorrer às reflexões de Martin
Heidegger e Hannah Arendt. Este ensaio procurará refletir sobre o embate entre Círculo e o
Quadrado como emblema das problemáticas relações entre homem e Natureza.
Palavras-chave: poética; filosofia da natureza; poesia brasileira
A EXPERIÊNCIA DE UMA TOTALIDADE ORGÂNICA CONSCIENTE – UMA POSSÍVEL APLICAÇÃO DA
CONSTRUÇÃO CULTURAL DA DOENÇA
Wellington Gadelha Farias Junior
Faculdade do Nordeste - FANOR
[email protected]
Samuel Victor Moreira Venceslau
Faculdade do Nordeste - FANOR
[email protected]
Resumo: O trabalho tem como intuito discorrer sobre aplicações do pensamento de Georges
Canguilhem acerca da construção conceito de doença. Há, portanto um esforço para integrar à
especulação filosófica alguns dos métodos e das conquistas da medicina, pois não se trata de dar
uma suposta lição e propor renovação no exercício médico, mas, sim, de conceitos metodológicos
no que dizem respeito à doença. Procuraremos salientar por meio de sua filosofia o papel da
experiência consciente do sujeito em relação à dor no erigir da doença em contraponto a cassação
desse poder pela instituição médica. Nesse prisma, temos na cultura a concepção do patológico,
que assim será determinado na relação organismo-meio, podendo ser modificado seus parâmetros
caso haja alteração em algum desses fatores. Essa associação de doença e cultura nos leva ao
questionamento da efetividade dela ser considerada uma realidade objetiva que poderá ser
acessível ao conhecimento científico quantitativo visto que ela estará ligada à experiência do corpo
em uma totalidade orgânica no nível consciente. Temos então uma diferenciação etimológica e
semântica do anômalo (do grego omalos: uniforme, regular; sendo an-omalos: rugoso não
uniforme) e do anormal (do latim norma: lei), tomando o anômalo como uma variação que explicita
outra norma de vida tornando-se patológico a partir da relação particular com o meio, sendo o
patológico não o anormal, mas o normal de uma normatividade inferior. Que forças e interesses
estão em jogo processo que cassa o poder dado ao organismo de determinar a doença? Tenhamos
então de não fechar o pensamento filosófico e sim reabri-lo em aplicações no que tange a esfera da
dimensão da saúde, pois essa não é uma variação e sim uma nova dimensão da vida.
Palavras-chave: Aplicação; Canguilhem; Normal; Patológico; Cultura.
SE MORTE DE DEUS, LOGO VONTADE DE PODER
Renan da Rocha Cortez
Universidade Estadual do Rio de Janeiro
[email protected]
Resumo: Esse trabalho busca expor o que significa o conceito de vontade de poder em Nietzsche. O
que se faz necessário para a exposição desse conceito é a determinação clara do significado da
morte de Deus, visto que a dinâmica da vontade de poder é na verdade a conseqüência imediata e
incontornável da supressão daquilo que havia de mais fundamental na metafísica, a saber, o
incondicionado. A tese principal desse trabalho é defender que se Deus morre, é necessário
pensarmos o mundo como luta entre vontades de poder. Veja bem: Não se trata somente de
mostrar a vontade de poder como uma possibilidade ontológica entre outras, como uma possível
superação da metafísica no meio de outras possíveis superações. O que queremos é muito mais
defender o caráter necessário da vontade de poder, mostrado que a queda de Deus traz consigo
um imperativo lógico que nos leva a admitir a dinâmica das vontades de poder. É como se da
afirmação “Deus morreu” pudéssemos retirar, através de um juízo analítico, a própria noção de
vontade de poder. Para expor isso, teremos que adentrar com calma em todas as possibilidades
conceituais que a noção de relação em Nietzsche possui, assim como deixar claro o que afinal
significa perspectivismo. Tentaremos ainda explicar, através de uma exposição do niilismo como a
lógica interna da própria história do ocidente, no que se funda afinal essa necessidade lógica tão
forte que amarra de maneira inseparável a morte de Deus e a Vontade de poder. Depois de
realizados todos esses passos, o trabalho estará em inteiras condições de justificar o seu título.
Palavras-chave: Morte de Deus, Vontade de Poder, Niilismo.
O PROBLEMA EPISTEMOLÓGICO DOS EXPERIMENTOS EM CIÊNCIAS NATURAIS
Vinícius Moraes de Mattos
Universidade Federal do Rio de Janeiro
viniciusmoraes@ufrj
Resumo: Experimentos Mentais desempenham um papel fundamental nas ciências naturais e na
filosofia. O experimento de Galileu com corpos em queda refutou os fundamentos da concepção
aristotélica acerca do movimento e resultou em uma reformulação conceitual na física; a Sala
Chinesa de John Searle pôs em dúvida a possibilidade de reprodução do comportamento
inteligente por meios puramente computacionais; o gato de Schrödinger desafiou intuições antes
inabaláveis acerca dos estados ontológicos da realidade; estes e muitos outros experimentos
mentais desestabilizaram as estruturas conceituais anteriormente aceitas sem questionamento nas
ciências e na filosofia. Assim, parece que tais experimentos têm a capacidade de oferecer novos
conhecimentos sobre a natureza das coisas. Mas como haver produção de novos conhecimentos a
partir de dados já previamente conhecidos? E se há, de que tipo são? De onde vêm? O problema
epistemológico deste método se impõe ao tentarmos analisar a origem e a legitimidade dos
conhecimentos resultantes da reavaliação conceitual provocada pelos experimentos mentais. A
proposta de John Norton é um comprometimento com o empirismo, de forma que todo
experimento mental é uma forma pitoresca de argumentação, o que explicaria de forma não
misteriosa o efeito epistêmico decorrente dos experimentos.
Palavras-chave: Experimentos Mentais, Empirismo, Filosofia da Ciência
A FILOSOFIA COMO INSTRUMENTO PARA RECUPERAÇÃO DA SAÚDE
Fabíola Costa Pinheiro
Universidade Estaudal do Ceará
[email protected]
Resumo: De origem Grega o significado da palavra Philosophia, “Philo” deriva-se de “philia” que
significa afinidade e “Sophia” deriva-se da palavra “sophos” que significa “sábio”. Portanto Filosofia
quer dizer, afinidade pelo saber, amigos do saber, aquele que tem amor a sabedoria. Isso é assunto
básico que todo filosofo conhece, mas em relação ao significado de sabedoria será que existe uma
unidade conceitual a cerca do que significa esse termo sabedoria? No dicionário filosófico
encontramos uma definição geral para o significado de sabedoria como sendo a disciplina racional
das atividades humanas: o comportamento racional em todos os domínios ou virtude de determinar
o que é bom ou mal para o homem. O conceito de sabedoria refere-se tradicionalmente à conduta
racional nas atividades humanas, ou seja, a possibilidade de diriji-las da melhor maneira... O
primado concedido a prudentia expressa a filosofia como guia do homem no mundo. (Nicola
Abbabagnano. Dicionário de Filosofia, 2003, p. 863). Considerando o Ser Humano integral como um
todo funcional e não em partes individuais, a partir do momento em que se cuida do corpo a alma é
tratada também e vice-versa. Em diversos textos filósoficos podemos encontrar fragmentos que
sugerem a filosofia como um remédio para a alma. Já dizia o filósofo Juvenal em sua máxima "Mens
Sana in Corpore Sano". Partindo da idéia de que a alma está contida no corpo e que essa relação
possibilita a manifestação física da alma nesse mundo material, o descuido para com o corpo afeta
a possibilidade da alma se expressar de forma máxima com toda a sua potencialidade. Ao cuidar do
corpo estamos cuidando também de nossa alma, pois há uma relação íntima entre ambos. No
Fedro, Platão afirma que “o remédio da alma são certos encantamentos. Estes consistem nos belos
discursos que fazem nascer na alma à sabedoria. Quando a alma possui por uma vez a sabedoria e
a conserva é fácil então dar saúde à cabeça e ao corpo inteiro.” (Platão, 2002). O Verdadeiro
filósofo é um sábio, as escolhas que ele faz, tem como objetivo a promoção da vida, agir com
sabedoria é a verdadeira ação do filosofo. Para Aristóteles sabedoria consiste em um hábito prático
e racional que diz respeito ao que é bom ou mal para os homens. (Et. Nic., VI, 5, 1140 b4). Agir com
sabedoria, ou seja, conduzir a vida da melhor maneira possível é uma ação virtuosa, que causa bem
para si e para os demais que se contagiam com o bom exemplo e boa conduta. Uma vez sábio este
agirá com prudência e consequentemente a justiça será estabelecida. Cada um de nós pode ser um
sábio, na hora de escolher e agir se pergunte se essa atitude será saudável ou não. Schopenhauer
entende a sabedoria como a arte de levar a vida da maneira mais agradável e feliz possível.
(Aphorismen zur Lebensweisheit, Pref.).
Palavras-chave: sabedoria, sábio, racional, corpo, alma, saúde.
O PRINCÍPIO VIDA NA TEORIA MORAL DE HANS JONAS
Esmelinda Silva Fortes
Universidade Federal do Piauí
[email protected]
Resumo: No mundo contemporâneo há um inegável avanço técnico-científico e este trouxe várias
mudanças que podem ser percebidas no cotidiano. Com esse avanço surgem também questões
sobre como se comportar, que parâmetros seguir nessa “nova era”. Buscando essas respostas, o
filósofo contemporâneo alemão Hans Jonas se dedicou a fundamentar uma ética cujo princípio
fundamental é a responsabilidade. Hans Jonas propõe que a ética antropocêntrica tradicional está
ultrapassada e não corresponde mais às necessidades dessa nova sociedade tecnológica. A técnica
modificou o agir humano e esta mudança trouxe situações novas que as éticas tradicionais,
segundo Jonas, não são capazes de resolver. Ao passo que o homem detém em suas mãos o poder
advindo da técnica moderna, ele é capaz de pôr em risco o equilíbrio vital do planeta terra, por isso
Hans Jonas sentiu necessidade de elaborar uma nova ética que fosse capaz de lidar com essas
novas situações causadas pelo avanço técnico–científico. O princípio responsabilidade surge como
uma ética voltada para o futuro, que tem a intenção de orientar as novas dimensões do agir
humano. Essa ética é dedicada à sociedade que vive na era tecnológica, pois à medida que o
homem mostrou ter capacidade para interferir e alterar os domínios da vida, segundo Jonas, passa
a ser necessário que o homem se torne responsável pelas gerações do presente e do futuro. Por
isso, a vida, e especialmente sua preservação, se constitui como principal objetivo do princípio
responsabilidade. Este estudo visa apresentar a relevância do princípio vida como elemento
fundamental na formulação teórica do princípio responsabilidade de Hans Jonas. Portanto, será
apresentado no presente trabalho a teoria da vida de Hans Jonas e como ela se tornou
imprescindível para a elaboração da nova ética do futuro, proposta no princípio responsabilidade,
assim como os elementos que se fazem necessários para que essa ética baseada na
responsabilidade se torne possível.
Palavras-chave: ética, responsabilidade, vida.
UMA NOVA CONCEPÇÃO DE FILOSOFIA A PARTIR DO VIÉS
ECOLÓGICO
Amanda Veloso Garcia.
Universidade Estadual Paulista - Marília:
[email protected]
Resumo: Até o momento só se considera Filosofia uma tradição discursiva e restrita a uma forma
sistemática e específica de pensar, o que leva, por exemplo, diversos autores a considerar que os
índios não têm uma Filosofia própria. O autor Boaventura de Souza Santos desperta a reflexão para
uma abertura do horizonte filosófico ao trazer a tona a necessidade de levar em conta a
epistemologia dos povos não dominantes, o que ele chama de “epistemologias do Sul”. Com isso,
esse artigo visa apresentar uma nova concepção de Filosofia a partir da abordagem da Filosofia
Ecológica. Ao estabelecermos um panorama geral de sua localização no dias atuais, pretende-se
mostrar o quanto esta encontra-se limitada e cada vez mais distante de seu caráter universalizante.
Defendemos uma concepção que se baseia em três pressupostos, sendo o primeiro deles a
descentralização de uma única perspectiva dominante, abandonando a idéia de que a Filosofia
corresponde àquela forma européia de pensar. O segundo pressuposto é o foco nas diversas
temporalidades, pois há diferentes concepções de tempo entre as culturas que determinam sua
percepção-ação no mundo e, consequentemente, a sua maneira de pensar. E o terceiro importante
pressuposto desse viés é o apreço pela alteridade, pois é preciso levar em conta e valorizar as
diversas epistemologias existentes, não se limitando somente à dominante. Porém, há que se
destacar que não se trata de deixar de lado tais epistemologias dominantes, mas sim de considerálas uma entre muitas. Até porque, quando se percebe a alteridade desaparece esta noção de
dominação já que se reconhece a existências de diversas epistemologias. Para tal, nos basearemos
nos textos de Boaventura de Souza Santos, proponente da “epistemologia do Sul”, e Bruce Janz,
que defende a existência de uma Filosofia africana; e de autores próprios da perspectiva ecológica
tais como James Gibson e David Large; além da teoria dos sistemas complexos e relatos indígenas.
Ao descentralizar a epistemologia, considerar as diversas temporalidades existentes e valorizar a
alteridade, essa “epistemologia do Sul” propõe uma abertura da esfera filosófica e até mesmo uma
mudança daquilo que se entende por Filosofia há séculos. Não se limitando ao plano discursivo,
esta abrange as diversas epistemologias existentes, o que permite não apenas a valorização, mas
também e principalmente o respeito à diversidade.
Palavras-chave: Filosofia Ecológica, sistemas complexos, percepção-ação, auto-organização,
alteridade.
O MITO SEGUNDO A VISÃO DE JOSEPH CAMPBELL
Ramon César Rodrigues Albuquerque
Universidade Estadual da Paraíba
[email protected]
Resumo: Joseph John Campbell nasceu em White Plains nos Estados Unidos em 1904; quando
ainda criança, travou contato com a cultura dos nativos de seu país e logo se apaixonou pela
mitologia, criando um enorme interesse não só pelos índios “norte-americanos” mas o estendendo
a milhares de mitologias de todos os lugares do planeta, tornando-se com o tempo um dos mais
conceituados e influentes estudiosos no campo de religião e mitologia comparativa. Tendo por
objetivo a compreensão dos diversos significados e das variadas funções do mito, assim como os
princípios e essências comuns entre todas essas poderosas formas de manifestações culturais que
são comuns a todas as sociedades, Joseph trabalhou ininterruptamente com grande dedicação e
deixou de legado para a humanidade, preciosos escritos onde expos de forma clara e precisa a sua
visão do que seria a mitologia, o que se pode aprender com ela, quais são as suas mensagens mais
importantes. A maior parte de sua vida foi totalmente dedicada ao trabalho de pesquisa e
compilação das mais variadas narrativas míticas. Obras como O poder do mito, O herói de mil faces,
As máscaras de Deus, Isto és tu, o grandioso e inacabado Atlas de mitologia e algumas outras obras
atestam toda a importância que este pesquisador atribuía aos mitos, que segundo ele, haviam lhe
ensinado sabedoria de vida e compreensão da mesma. O presente trabalho tem por intenção,
percorrer e expor de uma forma simples, porém direta, a forma como Joseph Campbell pensou e
entendeu os mitos da humanidade. Abordando temas essenciais, de vital importância para o
entendimento das idéias deste pensador norte-americano e tendo por bases e referências uma
pesquisa cuidadosa de alguns de seus trabalhos, o artigo mostra que as velhas lendas da
humanidade tiveram grandioso e importante papel na formação do mundo que vivemos hoje. Essas
histórias antigas, que muitas vezes são desprezadas por nossa sociedade dita “lógica”, mostra uma
grandiosa sabedoria ancestral que deve ser ouvida e mostra também uma enorme necessidade
humana de conhecer a si mesma, de conhecer sua história; necessidade esta que é um ponto
comum entre todos os homens, sejam eles pertencentes a qualquer contexto histórico. Existem
mitos universais que tratam de verdades atemporais e é nestes que o que existe de igual entre os
homens se revela e mostra que apesar das ditas diferenças que permeiam culturas e povos, existe
uma linha invisível que liga a todos os homens como filhos de um mesmo principio obscuro que os
cercam desde os mais antigos primórdios de sua existência e os fazem sempre procurar por
respostas para seus dilemas mais básicos. Os mitos são pistas que apontam as respostas para essas
perguntas e ajudam a superar obstáculos de uma existência tomada pela dor e pela perda, mas que
vale apesar disso, ser vivida intensamente e aceita da mesma maneira.
Palavras-chave: mito, sabedoria, vida, cultura.
PENSANDO O LOCAL, O GLOBAL E O HOMEM NA BUSCA DE COMPREENDER AS DORES
DO MUNDO CONTEMPORÂNEO
Fabio Blanc
[email protected]
Manoela Reis
[email protected]
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Resumo: Com a globalização aposta-se na possibilidade de homogeneização, a fim de substituir
as relações sociais necessárias para o particularismo militante por meras relações de mercado,
fazendo com que as pessoas não se dêem conta das transformações ao seu redor. É essencial
considerarmos que tiranias alimentam-se das interpelações entre política, economia, tecnologia
e cultura para reduzir o homem à um pastiche sob a égide da economia mundo, difundindo o
discurso ideológico de serem os paladinos do progresso. Percebendo que nesse sistema os
indivíduos se reduzem à meras engrenagens, peças de reposição, vemos a mobilização popular
como único caminho, lutando localmente por uma identidade política atuante, em um mundo
globalizado em que o sistema se aproveita de tudo para se perpetuar. Essa tática emancipadora
capaz de movimentar-se na fluidez das diferentes escalas, desde o local até ao global, e viceversa, representa uma alternativa viável diante da situação imposta. Neste contexto, as idéias a
respeito do espaço nascem dos homens, não somente com relação aos laços de afetividade e
subjetividade que os unem ao seu lugar, mas também desde os aspectos mais comuns do
cotidiano, sendo uma referência de valores e sentimentos. Assim cria-se uma percepção, uma
identidade com o local, transformando-o em lugar, pois remete a determinadas vivências com as
quais nos reconhecemos. A formação de identidades, portanto, se faz nesse “borbulho” do
encontro e do desencontro da globalização. O consumismo constrói-se enquanto instância
legitimadora da globalização. O eixo relacional entre internacionalização financeira, industrial e
mercados parece ser a tendência à transformação das relações sociais, dos costumes e dos
valores em mercadorias. Para Marx, no capitalismo, o trabalho é fonte de valorização do capital,
volta-se contra o trabalhador e o desumaniza. Esta concepção nos aproxima do conceito de
espaço vivido que, em outras palavras, significa espaço cotidiano, entendido como lugar. Há um
lugar onde o ontem e o hoje se encontram e se reconhecem. Um lugar onde não se envenenam
as águas, o ar e o corpo. O próprio homem anuncia um outro mundo possível, falando em
sociabilidade, propõem uma outra globalização. A ação local, concebida como um espaço de
resistência será a arena para novas lutas contra o obscurantismo do capital financeiro e
especulativo, e desta forma o capitalismo global sendo cada vez mais colocado em questão. O
desafio é intensificar as brechas que esse sistema deixa a partir dessa complexa articulação,
criando oportunidades de atuação de luta contra hegemônica. O cotidiano do lugar será o palco
criativo de formulações alternativas em que o homem pode tomar partido de causas que
realmente interessam.
Palavras-chave: Globalização; resistência; ação local
O ENIGMA DO UNIVERSO NA PERSPECTIVA DE HANS JONAS
Lenice Maria Costa de Araújo
Universidade Estadual do Ceará – UECE
[email protected]
Resumo: O presente trabalho tem o intuito de apresentar a obra Matéria, Espírito e Criação, de
Hans Jonas (1903-1993), a qual aborda o direito natural da filosofia de pensar o Ser da natureza e a
natureza do Ser. Partindo das primeiras formações da matéria, vai até a experiência reflexiva do
espírito e à questão sobre Deus. Jonas examina até a possibilidade de vida em outro lugar do
universo. Nosso autor observa a relação entre matéria e espírito. Ele considera o dualismo de
Descartes, assim como, analisa o paralelismo psicofísico de Spinoza. Coloca em questão, também, o
que há de verdadeiro na dialética de Hegel. Para Jonas, matéria e espírito não são tidos como
equivalentes, distintos ou cooriginários. O espírito é ocorrência de uma “raridade cósmica” e, a
partir daí, percebe que, sendo assim, a sua causa é ele mesmo. Matéria e espírito foram gerados
num só processo. O mundo de possibilidades, oportunidades e riscos de Jonas gira em torno do
poder apocalíptico humano. A responsabilidade é uma necessidade, pois, este risco requer um
respeito do homem para com a natureza. Portanto, Jonas propõe que a constituição do universo
psicofísico se dá puramente nas possibilidades, oportunidades e riscos e não é como as antigas
narrativas metafísicas garantiam, um simples acaso ou um sucesso garantido. O sujeito humano,
consciente de suas ações, deve permitir-se observar o universo que o contém em benefício de uma
melhor compreensão da matéria e do espírito que o constitui, buscando, assim, as razões que
culminaram na sua existência enquanto tal.
Palavras-chave: Ser, Matéria, Espírito, Natureza, Universo.
FILOSOFIA ENQUANTO CONFRONTAÇÃO
Charleston silva de Souza
Universidade Federal do Pará
[email protected]
Resumo: É, sem dúvida, com o curso do semestre de verão de 1933, A questão fundamental da
filosofia, que Heidegger irá, pela primeira vez, explicitamente, propor mudanças significativas no
seu filosofar. Esgotadas as tentativas de intensificação das estruturas fundamentais do Dasein (o
que caracteriza o percurso, o filosofar heideggeriano do final dos anos 20), Heidegger se vê
obrigado a reposicionar algumas de suas principais questões, tal como ocorre com a questão da
compreensão do ser (Seinsverständnis), que será corrigida ou reposicionada por meio da expressão
história do ser (Seinsgeschichte). Tal inflexão será responsável, pelo que se apresenta no curso de
1933, pela própria mudança na concepção de Heidegger sobre o ser-aí, por exemplo. O que se tem
não é mais o ser-aí concentrado nos limites do individuo, a partir de suas características únicas e
não-reproduzíveis, mas sim, agora, o ser-aí (Da-sein) está enraizado no que Heidegger chama de
povo (Volk). O ser-aí é um ser-aí social, societário, popular; o que significa que, sem esses
elementos, falar de ser-aí não possui sentido algum. O filosofar heideggeriano é caracterizado,
agora, portanto, como uma luta (Kampf). Tal luta ou combate só se dará no seio do Estado, ou seja,
é o povo, o ser-aí popular, no âmago do Estado, que será responsável, mais uma vez, por chegar à
altura da decisão já tomada entre os gregos. Uma luta com a própria história, onde a história é
impelida a falar; na verdade, ela deve falar. Através dessa luta, caracterizada como confrontação
(Auseinandersetzung), Heidegger mira àquela que seria a posição capital de toda a história do
Ocidente, a expressividade máxima da história da filosofia, de antes até hoje, ou seja: a filosofia
Hegel.
Palavras-chave: viravolta, Ser-aí, confrontação.
O QUE É O SER-TODO?
Luciano Gomes Brazil
Universidade Federal do Rio de Janeiro
[email protected]
Resumo: No presente trabalho busca-se expor e compreender o que é o ser-todo, conceito que
atravessa toda a obra Ser e Tempo e de fundamental importância para se compreender a questão
do Sentido do Ser. Justamente por isso é preciso que, para se chegar ao conceito de ser-todo, se
esclareça desde onde a investigação parte – o que implica em falar de seu método, a
fenomenologia -, e que se perpasse por alguns parágrafos e temas fundamentais de Ser e Tempo.
Ao falar disso, tem-se a intenção de que seja contraposta a compreensão de todo ao tudo e ao total
enquanto soma de partes, para se pensar o todo como o fenômeno de unidade a que a presença
está originariamente enraizada. O todo não sendo parte é, por isso, um fenômeno que no tempo se
relaciona com o constante porvir que une o ter sido enquanto vigor no é do ser, o que em sentido
rigoroso não compreende totalidade alguma, mas fundamentalmente uma incompletude no estarlançado. E também por isso, pensando-se a temporalidade, que o ser-todo é também história, a
história do vir a ser. Esta se contrapõe a uma pretensa história dos fatos na medida em que só se
relaciona com o ter sido enquanto porvir. A história do porvir exige menos memória, mais
interpretação e criação. Tem-se, portanto, em conta a importância do conceito de ser-todo ao ser
perpassado um olhar que tente abranger toda a obra de Ser e Tempo. O presente trabalho quer
então, sob diversos enfoques temáticos, argumentar o ser-todo com a pretensão de conquistar a
compreensão para a questão do Sentido do Ser.
Palavras-chave: Heidegger, ontologia, existência
UMA TENTATIVA DE INTERPRETAÇÃO DO POEMA “NO MEIO DO CAMINHO” DE CARLOS
DRUMMOND DE ANDRADE EMBASADO NA FILOSOFIA HEIDEGGERIANA
André José Figueiredo Nogueira Junior
Universidade Federal de Pernambuco
[email protected]
Resumo: Farei uma explanação interpretativa do poema de Carlos Drummond de Andrade “No
meio do caminho”, poema este que causa certo teor de obscuridade naqueles que o lêem por
conter uma forte presença enigmática. Este poema esta contido no último bloco de poemas do
livro Antologia Poética de Carlos Drummond de Andrade, sendo este bloco intitulado “tentativa de
exploração e interpretação do estar-no-mundo”, sendo este estar-no-mundo o alicerce para a
problematização existencial que ocorrerá por meio da filosofia heideggeriana, tanto em sua fase de
analítica existencial como em sua fase intitulada de Heidegger tardio, fase esta pós Ser e Tempo
onde ele problematiza o tema da estética, contida nas obras A Origem da Obra de Arte e Hölderlin e
a Essência da poesia. O trabalho versará sobre os temas: relação filosofia e literatura se há ou não
diferença no discurso, facticidade, caráter finito de nossas possibilidades, além das perguntas: o
que seria um caminhar existencial? E como os obstáculos se configurariam neste caminhar? O
caráter pragmático da minha explanação se fundamentará em trazer a tona novamente a
problematização entre filosofia e literatura, problematização esta que se encontra na história
filosofia desde seus primórdios, pois sabemos que a filosofia a principio nasceu num berço poético
com Heráclito e Parmênides e fundamentou-se neste berço e ao longo de sua história este alicerce
aos poucos foi se corroendo em meio tanta subjetividade. Será que não é à hora de voltarmos a
esse berço e problematizá-lo novamente?
Palavras-chave: literatura, poesia, filosofia, existência.
INTERPRETAÇÃO HEIDEGGERIANA ACERCA DA ALEGORIA DA CAVERNA
Autora: Gleyciane Machado Lobo Oliveira
Universidade Estadual do Ceará
E-mail: [email protected]
A interpretação de Martin Heidegger acerca da Alegoria da caverna aponta para algo diverso da
tradição. O texto platônico indica a paidéia, isto é, a formação do homem grego. Segundo
Heidegger, o pensamento da verdade também está no escrito, só não foi explicitado. No mito,
aquilo que é mais verdadeiro se mostra com a aproximação do que está fora da caverna. Há no
exterior, o elemento que não só possibilita a formação de todas as sombras, mas também aquilo
que empresta visibilidade a todo ente que se presenta. A Idéia do Bem é este elemento, que,
segundo Platão, faz com que todo ente apareça e seja notado. Por ser a Idéia do Bem a origem e
referência de tudo, o filósofo alemão procura mostrar que tal configuração distancia o ente da sua
verdade mais originária. Nos estudos de fragmentos heraclitianos, Martin Heidegger indica o termo

como a verdade mais originária, configurada como aquilo que se desvela, que se mostra.
Nos primeiros momentos do mito da caverna, este tipo de configuração prevalece. Entretanto, ao
sair da caverna, o prisioneiro não realiza a sua “formação” a partir daquilo que se mostra. Sob o
julgo da 
, a verdade é, agora, um olhar reto que apenas realiza uma concordância. Para o
filósofo alemão, é neste momento que a verdade muda de direção. O escrito platônico torna toda
relação com o ente em concordância entre a idéia, isto é, o conceito, e a coisa. Assim, aquela
verdade originária, preocupada com o aparecer do ente por si mesmo, é deixada de lado.
Palavras-chave: mito da caverna, ideia, aletheia.
A DECADÊNCIA DE DESCARTES
Domingos da Silva Campos Neto
Universidade Federal do Pará
[email protected]
Resumo: No início da década de 30, Heidegger começa a dar uma reviravolta no seu pensamento,
especificamente no semestre do verão de 33. Nele, Heidegger passa a tratar de um novo horizonte
para o seu pensamento a partir da radicalização das suas teses centrais de ser e tempo acerca do
sentido do ser. Isso implica, para Heidegger, um debate com a história da filosofia, especificamente
com a filosofia de Hegel, que será tomada como ponto de consumação da filosofia e ponto de
arranque para o pensamento posterior, uma vez que Hegel é o primeiro que vai aos gregos por uma
necessidade da presença humana. E é por demanda da presença humana na atualidade que
Heidegger questionará a história da filosofia de Hegel, e esta, por sua vez levará Heidegger a
Descartes,que é o objeto, nos termos heideggerianos, desse trabalho. Descartes é aquele que
inaugurará o pensamento filosófico moderno,ao mesmo tempo em que o coloca numa decadência.
Isso significa que o pensamento filosófico desde Descartes se afasta cada vez mais de seu
questionamento originário, já que se mantém por impulsionadores externos à filosofia, longe
daquilo que seria o verdadeiro papel do pensar filosófico: o questionamento acerca do sentido do
ser. Com isso cabem as questões: por que a filosofia manteve-se distante de sua essência, isto é, de
sua origem, visto que foi essa a sua preocupação ao longo de sua história, a saber, a essência; o
ser? Em que âmbito Heidegger localiza a essência que a filosofia perdeu no pensamento
cartesiano? Nesse sentido, quais foram os motivos impulsionadores para a queda da filosofia e
quais os conceitos que mantém a filosofia nesse declínio? Sendo assim, qual é a sua tarefa da
filosofia, segundo o pensamento heideggeriano, para a presença humana?
Palavras-chave: Descartes, decadência, essência, filosofia
TÉCNICA E ARTE: MEDITAÇÕES DA CONTEMPORANEIDADE NO PENSAMENTO DE HEIDEGGER
Kibson Rodrigo Santos da Silva
Universidade Estadual do Rio Grande do Norte
Resumo: O século XXI apresenta-se com espaços, e aberturas, a se pensar em um dos “maiores e
mais especiais” problemas deste século: as relações pertinentes entre a Filosofia e a Tecnologia,
abrindo novas perspectivas do pensamento sobre a técnica. Ao mesmo tempo em que poderá
apresentar-se e sustentar idéias frescas numa análise tão vasta. Na Questão da técnica, tecnologia
não é apenas o estereótipo de máquinas e ferramentas que estão dentro de um projeto deliberado
de fabricação, com meios para a manipulação do ambiente para a resposta de novas necessidades
da humanidade e de seus objetivos. Para tanto, podemos constatar algumas distorções referentes
ao ser humano numa perspectiva filosófica de mundo moderno, em que as indagações mais
fundamentais parecem ser resolvidas apenas por conhecimentos técnicos adquiridos pela e para a
técnica. O pensador fundamental para a análise aqui proposta é o filósofo Heidegger, pois seu
pensamento ainda é pertinente nos dias atuais para ajudar em tal reflexão. Daí pode surgir a
possibilidade de pensar e identificar termos no pensamento de Heidegger que contrastam
tecnologia com outras noções. Em todo o exame argumentativo feito no decorrer do artigo,
identificaram-se estreitos laços da relação entre a técnica com a arte, podendo ser analisada numa
perspectiva específica no texto sobre a origem da obra de arte. Este texto apresenta a técnica como
uma obra de derivação e que teve sua origem no apetrecho. Este termo (apetrecho) designa
expressamente tudo aquilo que é fabricado para posteriormente ser utilizado e usado em sua
máxima eficácia. A origem da técnica está no modo como nos deparamos inicialmente com a
natureza, dela provindo toda a base material para elevação e sustentação da tecnologia. O modo
em que “provocamos o pensamento”, de acordo com a concepção grega antiga de techné, nos
proporciona e, pode resultar hoje num maior desempenho dos aparatos tecnológicos produzidos
pela técnica, e no contato direto do homem para com a técnica. A arte não se delimita “apenas” à
aplicação aparente de um momento de transição, e sim de expressar o que for realmente real,
conseqüentemente, buscando não apenas as características típicas de uma determinada realidade
ou objeto representado. Mas o que aproxima as duas é que ambas se dirigiram na esperança e
ilusão de encontrar a verdade que represente o mundo em sua totalidade. O “mundo real” está
presente na vida e para a vida. Na técnica podemos observar que, como tal, ela “origina” e produz
um mundo sempre novo, assim como a arte produz uma realidade sempre nova. É necessário,
então, compartilhar as responsabilidades e as decisões do nosso coletivo referente as progressões
tecnológicas, e de como nós fabricamos a própria realidade. Dando novas perspectivas e
possibilidades de se re-formular e re-pensar a técnica e a arte no mundo contemporâneo.
Palavras-chave: arte, contemporaneidade, realidade, tecnologia.
UMA FORÇA PLÁSTICA DO CONHECIMENTO HISTÓRICO A
SERVIÇO DE UMA FILOSOFIA DO FUTURO EM NIETZSCHE
Luiz Eduardo Gonçalves Oliveira Freitas
Universidade Federal Fluminense – Filosofia
[email protected]
Rafael Dias Moreira Pais
Universidade Federal do RJ – História
[email protected]
Resumo: O presente estudo tem como objetivo analisar a relevância do pensamento de Nietzsche para
as discussões contemporâneas que envolvem novos modos de pensar a filosofia e a educação. Para tal,
tem-se como ponto de partida a crítica de Nietzsche ao historicismo alemão do século XIX na II
Consideração Intempestiva, em que é proposto um novo modo de lidar com a história, cuja abordagem
tem como principal critério o privilégio da chamada força estética. A partir de então, investigar-se-á
nas conferências Sobre o futuro dos nossos estabelecimentos de ensino a relação entre tal nova
concepção de história e a previsão de uma elevação da cultura através da apropriação desta força
artística, que implicaria na formação de homens capacitados para desenvolver uma filosofia que serve
à vida. Uma vez expostos seus fundamentos, evidencia-se a dimensão pedagógico-filosófica da crítica
de Nietzsche à história. Suas concepções pedagógicas e epistemológicas pautam-se no ideal de uma
formação essencialmente estética, cujos parâmetros de valor estão desassociados da definição clássica
de verdade ou consciência. O filósofo irá criticar, na II Consideração Intempestiva: sobre a utilidade e os
inconvenientes da História para a vida, os modelos tradicionais de uma relação histórica com o
passado. O principal confronto relaciona-se à metodologia crítica, que enxerga o curso da história
como um processo que culmina no presente e julga o passado por parâmetros disformes. Em
contraponto, o filósofo prevê os perigos de uma história tradicionalista, excessivamente calcada na
glorificação de um passado de fenômenos mortos, que seria, por sua vez, paralisante. Assim, sua
proposta de uma nova história orientada para a vida – e, mais do que isso, relacionada à criação –
assumidamente parte do princípio de que o valor de uma cultura está necessariamente relacionado à
sua força estética, ou seja, ao seu próprio poder de orientar-se para a vida. O estudo de determinada
cultura a partir de sua dimensão artística poderia servir como inspiração ou orientação para o próprio
desenvolvimento de uma força estética inédita. As implicações de uma formação pautada nas novas
propostas de Nietzsche estão diretamente relacionadas com a filosofia e a vivência de uma prática
filosófica que sirva efetivamente à vida. É através da exaltação de boas referências históricas que
começa a boa educação do filósofo, tal qual prevista por Nietzsche em Sobre o futuro de nossos
estabelecimentos de ensino. A elevação do modo de estudar a história serviria, portanto, ao estímulo
do nascimento de uma nova grandeza, digna de filósofos e artistas preparados para a construção de
uma nova cultura baseada na força estética do homem.
Palavras-chave: Nietzsche, força estética, história, filosofia.
DIONÍSIO: O PERSONAGEM CONCEITUAL NIETZSCHEANO
Francisco Lobo Batista
Universidade Federal do Pará
[email protected]
Resumo: Na presente comunicação pretendo analisar o conceito do heterônimo Dionísio elaborado no
Nascimento da Tragédia a partir do conceito deleuziano de Personagem Conceitual, presente no seu
livro de maturidade chamado O que é Filosofia? Em co-autoria com Félix Guattari. Deleuze diz haver
em todo discurso filosófico um personagem conceitual que representa, expõe e intercede nos
conceitos criados pelo filósofo, assim como Sócrates no platonismo, Zaratustra e Dionísio na filosofia
nietzscheana, o Eu cartesiano etc., que não se confunde com um personagem literário, pois o
Personagem Conceitual só pode ser assim chamado caso seja um instrumento e, por assim dizer, um
semeador de conceitos num Plano de Imanência, isto é, num plano filosófico – que será mais bem
delimitado no corpo da comunicação. Não será propriamente uma leitura deleuziana acerca dos
movimentos de Dionísio e sim uma comparação entre o conceito deleuziano de personagem conceitual
e as funções que implicitamente Dionísio exerce na filosofia do jovem Nietzsche. Na sua primeira e
polêmica obra, Dionísio – que obviamente em Nietzsche é diferente do Deus mitológico e diferente de
um personagem literário – representa a afirmação incondicional da existência, representa a fisiologia
grega na sua mais alta produção que foi a tragédia. Ao contrário da tradição de filósofos que o
precedeu e que segundo ele, não compreenderam o fenômeno (phänomenum) do dionisíaco, mais
ainda, ao contrario de Schoppenhauer que acreditava na resignação produzida pela tragédia, Nietzsche
chegará à sua afirmação superior: a afirmação dionisíaca da existência, tendo o Personagem Conceitual
Dionísio como seu representante. A discussão supracitada será o norte dessa comunicação, trazendo à
tona as características iniciais de Dionísio, características que são comuns a obras posteriores: a
afirmação trágica da existência, a crítica ao idealismo e à estética socrática, que são críticas
embrionárias desenvolvidas mais intensa e independentemente em obras do chamado do terceiro
período, o mais afirmativo na filosofia nietzscheana. De outro lado, características como a metafísica
de artista e a dependência as filosofias de Wagner e Schoppenhauer são estranhas a elas – mas não
deixam de influenciá-las e referenciar um ou outro tema.
Palavras-chave: Dionísio, personagem conceitual, tragédia, fisiologia.
NOTAS A CERCA DO PESSIMISMO DE ARTHUR SCHOPENHAUER
Roberto Pereira Veras
Universidade Estadual da Paraíba
[email protected]
Resumo: Esta comunicação tem como objetivo explanar as questões a cerca da existência humana, e
de qual é a verdadeira significação do mundo. Isso porque, a partir do momento que o homem está
diante de um mundo que lhe questiona, e que o interroga a todo instante, o sujeito se sente
angustiado, e em constante sofrimento por não conseguir responder tais perguntas. Diante de um
sistema metafísico, Schopenhauer demonstra em sua filosofia unânime a sua maior tese, que consiste
em explanar a vontade como força maior, tanto macroscopicamente como microscopicamente. Isso
porque em sua filosofia os níveis de vontade que são encontrados diante da natureza, e não possuem
tanta diferença. Por exemplo; a partir crescimento de uma pequena planta, até as mais complexas
formas de vontade dos seres humanos. Em outros termos, podemos afirmar que todas as formas de
vontade encontradas na natureza são em última instância as mesmas, isso porque a “Vontade-em-si” é
o princípio que unifica cosmologicamente toda natureza, e contribui para a estruturação do viver,
dando sentido às coisas da vida. Para tanto, utilizaremos a tese filosófica de Arthur Schopenhauer, para
uma melhor compreensão do tema proposto nessa comunicação. Em outros termos, podemos afirmar
mais especificamente, que o homem consegue observar o mundo de duas formas segundo
Schopenhauer, hora como vontade ou como representação. Utilizaremos nesta comunicação sua obra
capital, na qual, podemos efetuar a manobra de investigação das questões propostas acima. Dessa
forma, podemos entender a tese schopenhaueriana na sua obra máxima intitulada de O mundo como
vontade e como representação, sobretudo, seu livro segundo denominado de “Do mundo como
vontade” e também alguns comentadores para podemos compreender a problemática proposta pelo
filósofo de Danzig.
Palavras-chave: pessimismo. sofrimento. vontade.
O SUICÍDIO, AFIRMAÇÃO DA VONTADE EM SCHOPENHAUER.
Diógenes Brito de Oliveira Santos
Universidade Estadual da Paraíba
[email protected]
Resumo: O intuito desta pesquisa consiste em abordar dentro da sua principal obra, O mundo como
vontade e como representação, escrita em 1819, é problematizar o que o filosofo entende por suicídio?
E sob as quais condições da vida esse fenômeno se mostra ao indivíduo? Obra a qual o filosofo alemão
Arthur Schopenhauer pretendia justificar a sua existência. Numa tentativa de resolver se o querer-viver
enquanto condição metafísica da vontade poderá ou não ser atingido por esse ato? Há um interesse
desse texto, em também abordar dentro dessa obra, como diante de tamanha aniquilação do
indivíduo, à vontade Schopenhaueriana se manifesta perante esse acontecimento? Que a primeira
vista se mostra como uma forma de negação da vontade, mas abriga em seu interior uma contradição
travada entre a vontade fenomênica e a coisa-em-si. Pois a vontade que constitui o centro do mundo e
o núcleo das coisas; é absolutamente poderosa; é uma força que age na natureza e desejo que move o
homem. Enquanto essência mais íntima de todos os fenômenos a vontade se depara com uma
importante querela para o desfecho desta análise. E Schopenhauer tem a sua frente um problema,
cujo qual se mostrará como uma questão de afirmar-se ou não diante do suicídio? Questão essa, “que
se encontra exterior às figuras do princípio de razão”. E pergunta como a vida torna-se alvo dessa
vontade? Essas e outras questões tomam uma proporção maior do que deveriam ter que são de
grande importância para uma melhor apreensão do pensamento de Schopenhauer e da possibilidade
de compreensão de mais uma forma de afirmação dessa vontade.
Palavras-chave: Schopenhauer, vontade, suicídio.
SOBRE A COMPAIXÃO: A ÉTICA SCHOPENHAUERIANA E A QUESTÃO DA ALTERIDADE
Luanna Costa Nery
Universidade Federal do Piauí
Resumo: O filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860) diz-nos que a vida constitui-se como um
pêndulo de um oscilar incessante de nossos desejos que nos colocam entre a dor e o tédio das
satisfações momentâneas e incompletas. Mesmo as atividades de nosso espírito (as atividades
intelectuais), como a busca pelo conhecimento, não passam de um aborrecimento que se afasta de
momento a momento. Para cada desejo nosso satisfeito, surgem outros tantos a serem satisfeitos e
isso de forma infinita. O querer incessante de nossa vontade nos causa a dor, pois ao querer, sentimos
necessidade de algo, e é nessa necessidade que se encontra a dor. A Vontade é essência de todos os
seres da natureza e, portanto, do homem. Esta compreensão da essência única de todos os seres que
formam a natureza e o reconhecimento da causa de nossos sofrimentos que está ligada à manifestação
dessa mesma essência única (que é a Vontade), nos possibilita desenvolver uma atitude de
aproximação de nosso semelhante, fundada no sentimento da compaixão, procurando estabelecer um
modo de vida que fosse o menos sofrível para todos nós. Percebemos neste trabalho como o
pensamento ético de Schopenhauer está entrelaço de forma sistemática com sua teoria metafísica.
Esta explica como o mundo pode ter dois lados inseparáveis – o mundo como Vontade e como
Representação. Para este sujeito que obteve uma representação correta de todo o universo, abra-se a
possibilidade de uma atitude moral voltada para o sofrimento de seus semelhantes. Esta moral se
baseia no sentimento da compaixão e não em algum princípio racional, como queriam as éticas antes
de Schopenhauer, e as quais Schopenhauer critica. Por isso, a recusa de Schopenhauer de qualquer
ética normativa, caracterizando a sua como uma ética somente descritiva. Só o sentimento de
compaixão, diz Schopenhauer, nos permite aproximarmo-nos dos outros indivíduos de forma a
desenvolver para com eles atitudes de benevolência e de procura desinteressada do bem-estar alheio;
pois a compaixão está ligada ao reconhecimento daquele aspecto metafísico que caracteriza o mundo
cheio de sofrimentos no qual vivemos. Concluímos que o sentimento da compaixão é o fenômeno que
está sempre ligado ao estado de infelicidade, à consideração a priori de que a essência da vida é o
sofrimento. A compaixão, para Schopenhauer, não consiste em se colocar no lugar da pessoa que sofre
e na imaginação de sofrer sua dor em nossa pessoa. A compaixão não nega a questão da alteridade. Na
verdadeira compaixão há sempre a consciência de um Eu e de um Outro que sofrem. Mas há uma
identificação entre este Eu e Outro em um Nós, que toca a essência única de todos os seres da
natureza – a Vontade como coisa-em-si. Na com-paixão sofremos com o outro, portanto neste outro, e
sentimos sua dor como sua e não temos a imaginação de ela seja nossa.
Palavras-chave: vontade, compaixão, alteridade, Schopenhauer, ética.
SCHOPENHAUER E O HOMEM DE GÊNIO
Filipi Oliveira
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
[email protected]
Resumo: A presente comunicação toma por base a filosofia estética desenvolvida por Schopenhauer
no limiar do advento do niilismo que marcaria o século XIX e acabaria por influenciar uma legião de
pensadores, cientistas e, sobretudo, artistas e teóricos de arte. Com destaque, é claro, para um
problema muito debatido nos círculos intelectuais da época, a saber: o problema da natureza do gênio
e da natureza do conhecimento genial. Segundo pensa o supramencionado filósofo, o pensar natural
do homem encontra barreiras igualmente naturais; do seu lado estão os objetos particulares que se
apresentam sedutores ou repulsivos diante de sua vontade; objetos esses, que como ele, se encontram
amarrados sob o firme laço da causalidade, estando cada um deles em tal momento, em tal lugar e sob
tais motivações. É preciso um dispêndio de energia excepcional que desvie o indivíduo de toda a
expectativa que os objetos comuns podem lhe oferecer e que o transforme, em conseqüência, em um
sujeito purificado de sua unilateralidade e de seu egoísmo teórico. O homem de gênio, por sua vez,
realiza com maestria a síntese, e o seu corpo consegue inflar-se de uma matéria mais sutil que o
impulsione para cima, para longe das relações do espaço e do tempo. È isto que o permite manter-se à
distância de toda turbulência da vontade animal: a purificação da matéria. Ela, que é puro atuar [Wirk],
quando condensada em um corpo de composição mais organizada como dos animais e dos humanos,
tem o seu desenrolar mais aperfeiçoado e mais consciente de si nessa dubiedade. O que antes aparece
no reino mineral e vegetal “como impulso cego, como um esforço misterioso e surdo”
(SCHOPENHAUER: 2001, p. 158), manifestando-se em toda a natureza (a qual chamamos de força
natural), ao chegar em formações mais ricas de significação, recebe o contorno mais delineado. A
parceria entre a liberdade e a indeterminação da força natural, que é obscura e estranha à razão
[Grund], e a necessidade, imprime nesses seres mais evoluídos o conhecimento de si enquanto ser em
discordância; e tal discordância só pode existir no choque de impulsos animais distintos. No animal,
onde a Vontade se expressa na sua abundância potencial, e por isso mesmo guerreira, o que sobrevém
não é a reflexão sobre sua condição, uma vez que tal habilidade lhe falta e junto dela, a respectiva
faculdade, isto é, o entendimento acompanhado do pensamento abstrato. Para o selvagem, há,
sobretudo, carência de juízo; mais ainda: falta-lhe a negação típica de um juízo reflexivo – o animal é
todo esquecimento no instante. No homem, entretanto, a consciência do mundo é ao mesmo tempo
consciência de si e dos outros, isto é, daquilo que é para o sujeito e que, sem ele, não poderia sequer
existir uma vez que “tudo o que existe, existe para o pensamento, isto é, o universo inteiro apenas é
objeto em relação a um sujeito, percepção apenas, em relação a um espírito que percebe”
(SCHOPENHAUER: 2001, p. 9). Esta comunicação presta-se ao papel de elucidar o diferencial entre o
homem de gênio, o homem comum e o animal. Elucidar, sobremodo, que no homem de gênio, a
dicotomia existente entre a diversidade da matéria atuante e a unidade do sujeito eterno e imutável,
faz dele um ser consciente de si e de seus instintos conflitantes e do mundo nos seus limites e na sua
largura; e, assim, lhe concede o poder de atingir, por meio de um laborioso exercício de contenção da
Vontade, o mistério da existência.
Palavras-chave: gênio, intuição, arte, vontade, representação.
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