_______________________________________________ Departamento de Desenvolvimento Profissional Notas Explicativas Armando Madureira Borely [email protected] Rio de Janeiro Janeiro de 2016 _______________________________________________________________________________________________ Rua 1º de Março, 33 – Centro – Rio de Janeiro/RJ – Cep: 20.010-000 Telefone: (21) 2216-9544 e 2216-9545 [email protected] – www.crc.org.br 1 SUMÁRIO Estrutura das Notas Explicativas Divulgação da política contábil Fontes de incerteza na estimativa Informações sobre a gestão do capital Comentários gerais às notas explicativas Comentários específicos às notas explicativas Critérios de avaliação dos elementos patrimoniais Investimentos Reavaliação Ônus, garantias e outras responsabilidades Empréstimo e financiamento Capital social Ajustes de exercícios anteriores Notas Explicativas conforme CPC e órgãos reguladores Exemplos sobre notas explicativas Conclusão Bibliografia 2 NOTAS EXPLICATIVAS Segundo a Lei 11.941/09 – Artº 37: As notas explicativas devem: I. Apresentar informações sobre a base de preparação das demonstrações financeiras e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos; II. Divulgar informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não estejam apresentadas em nenhuma outra parte das demonstrações financeiras; III. Fornecer informações adicionais não indicadas nas próprias demonstrações financeiras e consideradas necessárias para uma apresentação adequada; e IV. Indicar: a) Os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente estoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de constituição de provisão para encargos ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização de elementos do ativo; b) Os investimentos em outras sociedades, quando relevantes; c) O aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações; d) Os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes; e) A taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo prazo; f) O número, espécies e classes das ações do capital social; g) As opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício; h) Os ajustes de exercícios anteriores; e i) Os eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam a vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia. 3 DIVULGAÇÃO DE POLÍTICAS CONTÁBEIS Informação sobre a base de mensuração utilizada na elaboração das demonstrações contábeis. Por exemplo: custo histórico, custo corrente, valor realizável líquido, valor justo. Cada entidade deve considerar a natureza de suas operações e as políticas que os usuários de suas demonstrações contábeis esperam que sejam divulgadas para esse tipo de entidade. Por exemplo: tipo de tributação a que esteja sujeita, política contábil para o ganho ou perda nas variações cambiais, reconhecimento dos instrumentos financeiros (mantidos até o vencimento, etc.). Algumas divulgações são requeridas por outras normas, interpretações e comunicados técnicos. FONTES DE INCERTEZA NA ESTIMATIVA A entidade deve divulgar nas notas explicativas informação acerca dos principais pressupostos relativos ao futuro, e outras fontes principais da incerteza das estimativas à data do balanço, que tenham risco significativo de provocar modificação material nos valores contábeis de ativos e passivos durante os próximos exercícios. Devem ser incluídos detalhes acerca da sua natureza e do seu valor contábil à data do balanço. Quando for impraticável divulgar a extensão de possíveis efeitos de pressuposto ou de outra fonte principal de incerteza das estimativas à data do balanço, a entidade deve divulgar que é razoavelmente possível, com base no conhecimento existente, que os valores dos respectivos ativos e passivos no próximo período tenham que sofrer ajustes materiais em função da observação da realidade distinta em relação àqueles pressupostos assumidos. INFORMAÇÕES QUANTO À GESTÃO DO CAPITAL As entidades devem divulgar informações que permitam aos usuários das demonstrações contábeis avaliarem seus objetivos, políticas e processos de gestão do capital, como por exemplo: o Descrição dos elementos abrangidos pela gestão do capital; o Caso a entidade esteja sujeita a requisitos de capital impostos externamente, a natureza desses requisitos e a forma como são integrados na gestão de capital; 4 o Como está cumprindo seus objetivos em matéria de gestão de capital. COMENTÁRIOS GERAIS ÀS NOTAS EXPLICATIVAS • • • • • Notas explicativas podem ser evidenciadas através de quadros analíticos ou outras demonstrações contábeis. As notas devem ser claras e ordenadas, fazendo sempre que possível, referência aos itens das demonstrações contábeis. A menção de um erro em nota explicativa não justifica o erro. Em algumas situações são necessárias notas explicativas adicionais àquelas previstas na lei. Ou, em algumas situações, as notas explicativas determinadas na lei não são aplicáveis. Exemplo da última situação: estoques e imobilizado na prestadora de serviços, etc. É importante incluir uma nota sobre as operações da empresa, a fim de que os usuários possam melhor avaliar a situação financeira da empresa, analisar os indicadores de liquidez, endividamento, rentabilidade e outros. Isso pode incluir: atividades, base de operações, mercado, etc. COMENTÁRIOS ESPECÍFICOS ÀS NOTAS EXPLICATIVAS • Critérios de avaliação dos elementos patrimoniais a) Avaliação das aplicações temporárias em títulos e valores mobiliários, ouro, etc. (custo atualizado ou mercado); b) Base e critério da provisão para perdas nas vendas à prazo; c) Critério de valorização dos estoques; d) Critério de avaliação do imobilizado, por classe, destacando os bens arrendados, taxas de depreciação, valor residual, método de aplicação das taxas. Incluir o movimento do período; e) Critério de avaliação dos investimentos, ou seja, se estão avaliados ao custo menos provisões para perda, ou pelo MEP, no caso de controladas e coligadas; f) Critério de registro do passivo, quanto a empréstimos e financiamentos, incluindo prazos, apropriação dos juros, vencimento, condições de negociação. g) Base de contabilização do imposto de renda e da CSSL, incentivos fiscais, etc. • Investimentos Investimentos em coligadas e controladas, incluindo detalhes como: valor, empresa, percentuais, etc. Os demais investimentos também devem ser objeto de nota explicativa. 5 • Reavaliações Caso a empresa tenha efetuado reavaliação no passado, deve divulgar esse fato, contemplando: • Histórico e data das reavaliações; • Sumário da contas reavaliadas; • Efeito no resultado do exercício, quanto a depreciações, amortizações, etc. Divulgar novas avaliações (permitidas por lei) e se houve estorno dos saldos existentes na reserva de reavaliação. • Ônus, garantia e outras responsabilidades – Ônus sobre elementos dos ativos e garantias prestadas a terceiros, tais como aquelas relacionadas a empréstimos e financiamentos obtidos (bancos ou fornecedores), operações de créditos que envolvam duplicatas ou estoques. – Outras responsabilidades e contingências ativas ou passivas, tais como: fiscais, trabalhistas, produtos que envolvam risco de acidente em relação à saúde de terceiros, contratos de risco (compra e venda de opções, mercado futuro, etc.) • Empréstimos e financiamentos A prática é fornecer informações sobre o exigível a longo prazo, onde devem ser mencionados os credores, saldos, datas de vencimento, valor das prestações, taxas de juros e garantias fornecidas, a moeda de pagamento (real ou moeda estrangeira), parcelas ainda não liberadas e, portanto, não contabilizadas. • Capital social Devem ser considerados: o limite do capital autorizado, número, espécie e classe de ações que poderão (ou foram) emitidas, opção de compra de ações, se houver, aos administradores, empregados, ou outras pessoas. • Ajustes de exercícios anteriores Os ajustes de exercícios anteriores contabilizados na conta de Prejuízos acumulados. Podem ser referentes ao efeito de mudanças de práticas contábeis inseridas durante o exercício, ou à retificação de erros de exercícios anteriores não atribuíveis a fatos subsequentes. Deve ser descrita a natureza da mudança de critério contábil e o valor do efeito gerado calculado com base nos saldos no início do exercício. 6 No caso de retificação de erro, deve ser descrita a sua natureza e o valor do ajuste. NOTAS EXPLICATIVAS REGULADORES CONFORME CPC E ÓRGÃOS Além das notas explicativas obrigatórias pela lei 11.941/09, existem outras informações a serem divulgadas, previstas pelo CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis, aprovado pela deliberação CVM 595/09 e pela Resolução CFC 1.185/09. As principais são as seguintes: – Composição das contas; – Demonstração do cálculo do dividendo mínimo obrigatório; – Lucro por ação e dividendo por ação; – Segregação entre circulante e não circulante; – Seguros; – Amortização do ágio; – Arrendamento mercantil; – Tributos sobre o lucro; – Variações cambiais e conversão das demonstrações contábeis; – Demonstrações contábeis consolidadas; – Debêntures; – Subvenções governamentais; – Benefícios a empregados e planos de aposentadoria e pensões; – Divulgação de instrumentos financeiros; – Composição das disponibilidades (DFC); – Ações em tesouraria; – Capacidade ociosa; – Continuidade normal dos negócios (incertezas relevantes); – Programa de desestatização; – Vendas ou serviços a realizar; – Juros sobre capital próprio; – Estoques; – Ativos especiais; – Equivalência patrimonial; – Ativo intangível; – Programa de Recuperação Fiscal (REFIS); – Ativo imobilizado; – perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa; – Opções de compra de ações; – Despesas e receitas financeiras; – Instrumentos financeiros derivativos; – Adoção de nova prática contábil e mudança de política contábil; – Correção de erros de períodos anteriores; – Mudanças em estimativas contábeis; – Segmentos de negócios; – Informações sobre concessões; 7 – – – – – – – – – – – Ativo não circulante mantido para venda descontinuada; Provisões, passivos e ativos contingentes; Redução ao valor recuperável dos ativos; Ajuste a valor presente; Combinação de negócios; Investimento em coligada e controlada; Propriedade para investimento; Receitas (reconhecimento, categorias, etc.); Destinação dos lucros; Evento subsequente; e Outras notas que forem consideradas relevantes. e operação Ponto de Atenção Exemplo de NE x Erro: Efetua-se o diferimento de uma despesa que deveria estar considerada integralmente no resultado. O erro não é sanado, mas, a empresa evidencia o fato em nota explicativa. A nota é obrigatória, entretanto, as demonstrações continuam erradas e não se deve considerar a evidenciação como atenuante. Exemplo de demonstrações adicionais: As companhias fechadas que apresentem, na data do balanço, um patrimônio líquido inferior a R$ 2.000.000,00 estão dispensadas da publicação da Demonstração dos Fluxos de Caixa. Nesse caso, a DFC constitui-se em uma demonstração complementar com benefícios para o usuário da informação. Exemplo de Ajuste de Exercício Anterior: A Sociedade introduziu, durante o exercício, uma mudança no critério de contabilização das despesas incorridas com a cláusula contratual de garantia sobre defeitos de fabricação de seus produtos, passando do regime de caixa para o regime de competência, mediante uma provisão para garantia. O efeito dessa mudança foi de R$ 7.000 mil, debitados à conta de Prejuízos Acumulados. Exemplo de nota sobre ônus reais, garantias prestadas e outras responsabilidades eventuais e contingentes – A Sociedade tem, em 31 de dezembro de 20x1, R$ 1.100 mil de estoques e R$ 3.500 mil de bens do ativo imobilizado, dados em 8 garantia de financiamento bancário. (Discriminar por classe, tanto o estoque como o imobilizado). – A Sociedade tem, em 31 de dezembro de 20x1, R$ 4.000 mil de avais concedidos a sociedades controladas e coligadas. (Discriminar as sociedades e o valor para cada uma delas). – Parte do edifício administrativo, está em litígio com as autoridades municipais para desapropriação. Exemplo de nota sobre empréstimo a longo prazo – Os empréstimos vencimentos: a longo prazo tem 20x1 – R$ os seguintes 20x0 – R$ Vencimento 20x2 7.000 20x3 15.800 15.000 20x4 17.900 17.000 20x5 22.100 21.000 Após 20x5 25.300 24.000 Total 81.100 84.000 Obs.: Os empréstimos vencem juros de 15% ao ano e estão garantidos por bens do ativo imobilizado no montante de R$ 84.000 (20x0 – R$ 85.100). 9 CONCLUSÃO Conforme verificamos, as Notas Explicativas são de grande utilidade para os usuários das demonstrações contábeis, já que as mesmas integram o conjunto de relatórios a serem publicados. As empresas devem se esforçar para encontrar um meio-termo no sentido de não deixar de publicar as notas exigidas pela legislação e normatização contábil e o excesso que venha a prejudicar ou confundir a análise dos interessados. As notas explicativas referentes à prática contábil específica do ramo de atividade da empresa esclarecem e as tornam eficazes quando utilizadas em conjunto com as demais. 10 BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Manual Prático de Interpretação Contábil da Lei Societária. 2 ed. Ed. Atlas. SP. 2012. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC 1.376/11 de 16/12/2011 – Alteração da “Apresentação das Demonstrações Contábeis” e “Contratos de Concessão”. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC 1.185/09 de 15/09/2009 – Apresentação das Demonstrações Contábeis. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC TG 26 (R1) de 20/12/2013 – Apresentação das Demonstrações Contábeis. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC 1.184/09 de 15/09/2009 – Eventos Subsequentes. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC TG 24 (R1) de 11/12/2013 – Evento Subsequente. IUDÍCIBUS, Sérgio de. MARTINS, Eliseu. GELBECKE, Ernesto R. SANTOS, Ariovaldo dos. Manual de Contabilidade Societária. 2 ed. Ed. Atlas. SP. 2013. 11