As plantas medicinais na feira de Morrinhos: a tradição da medicina

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As plantas medicinais na feira de Morrinhos: a tradição da medicina caseira e
sua adaptação ao contexto da valorização das práticas de cura alternativas
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Kléber Inácio da Silva (IC – PVIC), André Luiz Caes (PQ)
1
[email protected]
Universidade Estadual de Goiás (UEG)
Resumo: Na história da humanidade as plantas medicinais sempre tiveram um papel fundamental.
Desde os primórdios das culturas humanas elas são utilizadas como meio para curar as mais
diversas doenças, constituindo o principal recurso das sociedades na busca por amenizar os
problemas que sempre existiram em relação à saúde das pessoas. Ainda nos dias atuais, segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 80% da população do planeta é
dependente do tratamento com as plantas ou ainda utiliza esses tratamentos para complementar as
recomendações da Medicina oficial. Essa realidade é bastante comum nas feiras de produtos rurais
nas cidades brasileiras, nas quais raizeiros e raizeiras comercializam essas plantas e também suas
receitas, como é o caso das garrafadas. Neste trabalho apresentamos o resultado de pesquisa
realizada na cidade de Morrinhos, na qual a tradição da medicina popular permanece viva e se
adapta ao contexto da valorização das práticas alternativas de cura.
Palavras-chave: Morrinhos. Plantas Medicinais. Curas Alternativas.
Introdução
O ser humano, desde o seu surgimento no planeta, utiliza componentes
da natureza como plantas, frutas, cascas e raízes para se alimentar e para tratar
seus males físicos e espirituais. As plantas com propriedades medicinais foram o
único recurso encontrado pelos seres humanos num longo período da história e o
conhecimento de seu uso para a cura sempre foi imprescindível. Até hoje esse
recurso é fundamental para todas as populações, especialmente aquelas que ainda
não tem acesso a atendimento médico estatal ou cujo acesso a esse atendimento é
precário. Como destaca Maciel et al (2002):
O conhecimento sobre plantas medicinais simboliza, muitas vezes, o único
recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos. As
observações populares sobre o uso e a eficácia de plantas medicinais de
todo mundo, mantém em voga a prática do consumo de fitoterápicos,
tornando válidas as informações terapêuticas que foram sendo acumuladas
durante séculos. (MACIEL et al., 2002, p. 429)
Existem placas de barro de milhares de anos, produzidas na
Mesopotâmia, que fazem referência a tratamentos, registrando as propriedades das
ervas. Há também registros da utilização de ervas medicinais nas culturas da China,
Egito e Índia (BANÓSKI, 2010). Outro documento antigo sobre o uso das plantas
medicinais é o Papiro de Ebers, de 1550 a. C., encontrado em Luxor, no Egito, nele
estão apontados “cerca de 700 drogas diferentes, incluindo extratos de plantas,
metais (chumbo e cobre) e veneno de animais” (BANÓSKI, 2010).
Outras culturas, como a dos babilônios, gregos, romanos, etc., com suas
singularidades, praticavam tratamentos através das plantas. O aprimoramento
desses conhecimentos durante toda a história permitiu o desenvolvimento da
medicina praticada por médicos, como se conhece hoje.
No Brasil, o uso de plantas medicinais também remonta a um passado
remoto, desde o período das tribos indígenas aqui existentes quando da chegada
dos portugueses. Estes, desde os primeiros contatos com os indígenas, observaram
o uso frequente que os mesmos faziam das ervas:
[...] Os chamados pajés (curandeiros) dominavam tanto o conhecimento
sobre as plantas que deveriam ser empregadas para tratar determinada
doença, como também os rituais, que muitas vezes eram o complemento da
ação terapêutica. (PEIXOTO NETO, CAETANO, 2005, p. 14 e15)
Com a chegada dos primeiros Jesuítas ao Brasil, em 1579, começou o
intercâmbio entre as práticas medicinais europeias e as indígenas. Os padres
formulavam receitas que eram chamadas “boticas dos colégios”, medicamentos à
base de ervas segundo a tradição portuguesa (JORGE, 2010, p. 10). Rodrigues
(2001) mostra que, além das práticas medicinais portuguesas e indígenas, a
medicina popular brasileira também recebeu influência dos africanos que aqui
chegaram como escravos.
Esses conhecimentos sobre os medicamentos predominaram no Brasil
até o século XIX, quando foram criadas – por D. João VI – as primeiras Faculdades
de Medicina do Brasil, no Rio de Janeiro e na Bahia. Desse momento em diante o
embate entre o popular e o científico no campo da medicina será constante e
acarretará na conquista da hegemonia no tratamento de doenças pela Medicina
Científica, já no final do século. (COSTA, 2004)
No Brasil, os costumes da medicina popular foram influenciados não
apenas pela modernização da medicina e a ampliação dos conhecimentos da
ciência e da tecnologia. As políticas do Estado para ampliar a exploração capitalista
do território, especialmente na área do hoje chamado agronegócio, trouxe
importantes modificações na relação entre o homem e a natureza estimulando o
processo de urbanização e o afastamento das pessoas em relação às tradições
ligadas à vida na zona rural.
Essas políticas atingiram de forma significativa a região Centro-Oeste e o
Cerrado, que possui aproximadamente 2.000.000 Km² de área e representa 25% do
território nacional. Sendo um ecossistema rico e variado, o Cerrado se tornou,
segundo Myers et al. (2000), uma das 25 áreas de grande biodiversidade mais
ameaçadas do planeta. Para Inocêncio (2010) a principal causa da atual situação do
Cerrado foi a política implantada para o desenvolvimento da agricultura desde o
período dos regimes militares. Essa política:
Teve como principais características: expropriação camponesa; priorização
no cultivo de gêneros agrícolas destinados a exportação; atendimento aos
interesses da elite rural; impactos ambientais em detrimento do uso de
agrotóxicos; aumento do desemprego no campo e consequente êxodo rural,
dentre outras consequências. Portanto foi a tecnificação e mecanização das
lavouras com desdobramentos no processo produtivo. (INOCÊNCIO, 2010,
p. 27)
Sem discutir aqui se essas medidas trouxeram mudanças positivas e
necessárias à economia do país, como foi defendido pelos governos que as
estimularam, o fato é que houve a aceleração da urbanização e a emergência de
cidades cada vez mais populosas e caracterizadas como centros comerciais devido
ao desenvolvimento industrial desde a década de 1970.
Nesse processo de migração do campo para as cidades aconteceu a
perda de parte das tradições da agricultura familiar, que foram deixadas de lado
tanto pelos antigos produtores rurais que se afastaram do campo, como pelos
grandes proprietários de terra que investiram na mecanização e na possibilidade de
alcançar grandes lucros. Além disso, com o crescimento do agronegócio, houve
desmatamento de grandes e variadas áreas naturais em todas as regiões do país,
sendo que as leis quanto à preservação ambiental, que abrangem florestas, rios e a
rica biodiversidade do Brasil, em geral não foram cumpridas (FERREIRA, 2003).
Entretanto, mesmo tendo sofrido com o desmatamento desenfreado “o
Brasil possui a maior biodiversidade do mundo, estimada em cerca de 20% do
número total de espécies do planeta.” (CALIXTO, 2003, p. 37). O país continua a
possuir grande diversidade de espécies de plantas cujos frutos, folhas, cascas ou
raízes contem propriedades medicinais. Essa riqueza tem despertado cada vez
maior interesse do meio acadêmico, cujos pesquisadores, além de procurar
identificar os princípios ativos das plantas, têm demonstrado a preocupação com a
importância que as plantas medicinais têm para as pessoas e comunidades.
Nessas novas pesquisas sobre as plantas medicinais redescobriu-se o
valor dos conhecimentos tradicionais sobre a utilização das mesmas e se percebeu
a importância dos significados culturais da preservação dos saberes que foram
produzidos nas comunidades ligadas à terra em todos os locais. É nesse contexto
que emerge o campo de conhecimento da Etnobotânica e que se realiza uma
mudança na perspectiva da ciência em relação às formas e fórmulas que são
utilizadas nos meios tradicionais para atingir a eficácia dos medicamentos.
Material e Métodos
Na primeira parte do trabalho focalizamos a pesquisa bibliográfica e
estudamos diversos artigos que tratam da utilização das plantas medicinais em
comunidades e cidades de todo o Brasil. Além dos trabalhos citados no texto,
estudamos Alves, Silva e Alves (2008), Turolla e Nascimento (2006), Pimenta (2004),
Guimarães (2005), Queiroz e Canesqui (1986), Mandu e Silva (2000), Guizadi e
Pinheiro (2008), Brasileiro et all (2008), entre outros, procurando compreender o
universo da pesquisa atual sobre o uso de plantas medicinais.
Já na segunda parte, falamos especificamente da prática de pessoas que
receitam e comercializam plantas medicinais na cidade de Morrinhos, refletindo, a
partir de entrevistas semiestruturadas, sobre a perspectiva de uso desses
medicamentos na atualidade e sobre como essas pessoas percebem e entendem
seu papel na comunidade.
Resultados e Discussão
Nas cidades brasileiras há grande procura de tratamento indicado por
raizeiros e raizeiras. Essas pessoas tratam a população com plantas medicinais,
xaropes e garrafadas, orientando os outros sobre como usá-las. Em alguns casos,
os raizeiros e raizeiras sobrevivem do comércio das plantas e demais produtos.
Por outro lado, o Decreto Federal de nº 5.813 de 22 de junho de 2006,
estabeleceu a “Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos”, na qual há o
incentivo à realização de pesquisas que busquem o conhecimento sobre a produção
de fitoterápicos que atendam as necessidades da população. Esse decreto também
propõe a implantação de serviços pelas Secretarias de Saúde dos Estados, Distrito
Federal e dos Municípios (BRASIL, 2006).
Essa preocupação governamental indica mudança de perspectiva sobre a
importância da utilização dos medicamentos à base de plantas na sociedade atual.
No Brasil de hoje, tanto os medicamentos naturais de produção caseira como os de
produção comercial estão presentes na legislação federal. Essa mudança mostra
uma aproximação entre o saber científico e o saber popular sobre a utilização das
plantas como medicamento e indica que a Medicina Popular merece ser
compreendida para que seja útil à sociedade e à ciência.
Segundo Albuquerque (2005), há uma abordagem científica dentro da
Biologia que aborda a relação entre os símbolos, a natureza e a cultura. Essa
abordagem é oferecida pela Etnobotânica, ciência que utiliza as memórias dos
praticantes da Medicina Popular para poder registrar e preservar esse saber sobre a
coleta das plantas e a produção dos remédios. Esse saber registra a forma como os
raizeiros e raizeiras aprenderam a arte de conhecer as plantas medicinais, as formas
de colher as folhas, raízes, brotos, cascas e flores, além do modo de fazer as
receitas. Essas informações fornecem bases empíricas que contribuem para a
realização de estudos científicos na área da Etnobotânica.
Neste estudo, abordamos as experiências e o saber da medicina natural de
duas irmãs raizeiras, M.L.S. (73 anos) e I.F.S. (66 anos), do município de Morrinhos,
Goiás, procurando analisar o espaço que sua atividade possui na comunidade
atualmente. Mesmo sem entrar especificamente na análise botânica das plantas e
remédios que são utilizadas pelas raizeiras, nos aproximamos do saber das mesmas
a partir dos conceitos que fundamentam essa ciência.
O predomínio, na sociedade atual, da vida nas cidades sobre a vida no
campo e a modernidade que acompanha a efetivação dos centros urbanos, fez com
que as pessoas se adaptassem a estilos de vida diferentes daquela vida do campo.
Entretanto, mesmo nas cidades, as pessoas tendem a misturar velhos e novos
costumes.
Os raizeiros e raizeiras são personagens que representam a cultura
tradicional, detentoras dos conhecimentos que marcavam a vida mais próxima da
natureza, conhecimento que foi passado entre das gerações. Essas pessoas, por
meio dos recursos da natureza, como as plantas medicinais, cuidam da saúde da
população utilizando os conhecimentos da Medicina Popular.
As raizeiras que entrevistamos estão inseridas neste contexto e detém o
conhecimento sobre o cuidado com as plantas e com a utilização dos remédios.
Para elas, o uso dos medicamentos feitos com plantas deve ser realizado com
bastante atenção, exigindo saber a forma correta da colheita, qual a parte da planta
ou raiz deve ser utilizada, além da quantidade precisa para a preparação dos
remédios. O conhecimento a respeito dos métodos de utilização das plantas é
fundamental, pois existem bactérias que resistem à fervura, necessitando de outros
métodos para que sua utilização seja segura, sem prejudicar o “doente” (M.L.S e
I.F.S., Entrevista, 2016).1
Elas possuem em seus quintais muitas espécies de plantas medicinais2, que
são procuradas por muitas pessoas da comunidade local. As irmãs afirmam que o
conhecimento sobre plantas medicinais foi passado pela avó e pela mãe. A saúde
da família era cuidada por elas, por meio das plantas medicinais, pois era
praticamente o único recurso possível quando crianças.
A Sra. I.F.S. afirma que os ensinamentos que sua avó deixou são muito
importantes para ela. Essa senhora mora na zona urbana da cidade de Morrinhos,
sendo bastante procurada pelas pessoas que procuram plantas medicinais e
remédios. Ela reconhece que são poucas as pessoas que cultivam as plantas
medicinais e que sabem fazer os remédios. Ela considera importante divulgar esse
conhecimento para as pessoas que se interessam, pois: “ninguém mais quer saber
disso não” (I.F.S., Entrevista, 2016).
1
Entrevistamos as raizeiras que são identificadas no texto, que preferiram a não publicação dos
nomes completos no presente trabalho. As entrevistas foram realizadas com autorização das mesmas
e foram transcritas, permanecendo como fontes do trabalho.
2
As plantas utilizadas pelas raizeiras são as seguintes: MAMA-CADELA (Brosimum guadichaudii),
DOURADINHA (Waltheria douradinha), ANJICO (Anadenanthera peregrina), CHAPÉU-DE-COURO
(Echinodorus grandiflorus), COPAÍBA (Copaifera langsdorffii), BARBATIMÃO (Stryphnodendron
adstringens), BABOSA (Aloe vera), ALFAVACA-CRAVO (Ocimum basilicum purpereum), ERVACIDREIRA-DE-ARBUSTO (Lippia alba), BOLDO-BAIANO (Vernonia condensata), ROMÃ (Punica
granatum), GENGIBRE (Zingiber officinale), CATINGA-DE-MULATA (Aeollanthus suaveolens),
CHUCHU (Sechium edule), MANJERONA (Origanum majorona), HORTELÃ (Mentha piperita), VIQUE
(Ocimum sp), ERVA-CIDREIRA (Cymbopogon citratus), ALECRIM (Rosmarinus officinalis),
ALFAVACA (Ocium gratissimum), LOSMA (Artemisia absinthium), HORTELÃ (Mentha villosa),
FUNCHO (Foeniculum vulgare), SABUGUEIRO (Sambicus nigra), HORTELÃ-PIMENTA (Mentha x
piperita citrata), ERVA-DE-SANTA-MARIA (Chenopodium ambrosioides), RIBARBO (Iris sp.),
GINSENG (Pfaffia glomerata), MACELÃO (Achillea millefolium), BÁLSAMO (Sedum dendroideum),
POEJO (Mentha pulegium), BOLDO (Plectranthus cremnus), HORTELÃ-DA-FOLHA-BRANCA
(Mentha arvensis), MANJERICÃO (Ocimum basilicum), CAFÉ (Coffea arábica), SÁLVIA (Salvia
officinalis), LIMA-DE-BICO (Citrus limettioides), ARTEMIGIO (Tanacetum parthenium), MARCELA
(Chamaemelum nobile), FIGO (Ficus carica), ARRUDA (Ruta graveolens), PÉ-DE-PERDIZ (Croton
antisyphiliticus), TANCHAGEM (Plantago major).
Além das plantas de jardim, ela cultiva 10 espécies de plantas medicinais em
seu quintal. As plantas que ela não tem, quando precisa pega com a irmã na
fazenda ou compra na feira de Morrinhos, na qual existe uma banca de raizeiro que
comercializa plantas medicinais3. Com essas plantas ela faz o remédio e transmite o
conhecimento que possui para as pessoas que a procuram.
Já a Sra. M.L.S., mora na fazenda e cuida do cultivo de pelo menos 28
espécies de plantas medicinais. Essa senhora conhece as propriedades curativas
das plantas que possui, mas quase não faz o uso delas. Ela gosta de conservar as
espécies: “eu gosto é de plantar pra não deixar que acabe” (M.L.S., Entrevista,
2016). Na sua opinião é importante a conservação desse conhecimento para que
não acabe.
As irmãs entendem que a medicina natural é uma alternativa ou
complemento, em muitos casos, à Medicina científica. Para elas, é bom que as
pessoas conheçam o poder curativo das plantas, sem deixar de ir nas consultas
médicas e seguir os tratamentos com os remédios químicos.
As entrevistas realizadas com as irmãs enfocam o conhecimento que elas
têm sobre as plantas medicinais, registrando de forma científica a forma de
utilização que aprenderam dentro da família e também com a experiência.
As pessoas que detém esse conhecimento manifestam uma afinidade com a
“identidade” de raizeiro ou raizeira. Elas se sentem bem quando são procuradas
para fazer suas receitas, requisitadas para aplicar os medicamentos que produzem e
em saber dos resultados de sua atividade. Woodward (2009) propõe que “é por meio
dos significados produzidos pelas representações que damos sentido à nossa
experiência e àquilo que somos” (p. 17).
Pensando nesse conceito, entendemos que as senhoras ocupam uma em
um meio cultural específico, o da comunidade da cidade de Morrinhos – GO. Neste,
elas são reconhecidas socialmente como raizeiras, fato que as estimula a manter
viva a tradição recebida. Elas falam do lugar que a cultura local lhes proporcionou.
Elas se tornaram um elo entre a tradição e a cultura atual, especificamente no caso
das práticas populares de medicina, que hoje retornam ao palco da cultura científica
que no passado tentou desqualificá-las.
3
Procuramos fazer contato com o raizeiro para também obter entrevista, mas o mesmo não se dispôs
a contribuir com a pesquisa.
Apesar da existência de preconceitos, a credibilidade desses métodos não
científicos é crescente, tornando significativa a reflexão sobre as práticas populares
de medicina, levando em consideração os aspectos históricos que compõem essas
práticas, a influência das tradições e costumes populares na procura por essas
práticas e as atividades das raizeiras que utilizam cotidianamente esses recursos
alternativos na solução de problemas de saúde entre pessoas de sua comunidade.
Considerações Finais
A experiência de raizeiros e raizeiras de todo o Brasil, que cuidam da saúde
da população com seus conhecimentos sobre as plantas medicinais e sobre a
produção de remédios naturais, passou a ser bastante valorizada na atualidade
estimulando muitas pesquisas científicas.
Essa nova situação vivida nas pesquisas possibilita que essas pessoas
conhecedoras do uso tradicional das plantas tenham seu valor social e cultural
reconhecidos e suas receitas sejam objeto de investigação científica, contribuindo
para o desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos que possam ser utilizados
também pelo sistema de saúde pública.
As experiências das raizeiras de Morrinhos se enquadram nessa
perspectiva, mostrando como a sociedade reconhece seus conhecimentos sobre as
plantas e quais são as plantas que elas utilizam. Com os estudos que podem ser
desenvolvidos a partir das pesquisas deste e de outros trabalhos esses
conhecimentos podem contribuir para o melhor conhecimento científico sobre as
propriedades das plantas.
Agradecimentos
Agradeço à Universidade Estadual de Goiás pela participação no Programa
Voluntário de Iniciação Científica que é fundamental para a experiência de
realização de pesquisa científica na Graduação.
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