CBIC Informes (30-03-07) - Ademi-AL

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Revisão eleva PIB de 2,9% para 3,7%
O resultado superou expectativas do mercado e do próprio governo, que esperavam no máximo 3,5%. O
acréscimo de 0,8 ponto percentual, apontado pela nova fórmula do IBGE, adiciona R$ 175 milhões ao
PIB de 2006 - soma das riquezas produzidas ano passado no país -, elevando-o a R$ 2,323 trilhões. E,
pela primeira vez, coloca o Brasil no seleto grupo de países com PIB em dólar acima de um trilhão.
PIB reescrito
Revisão dos dados de 2006 pelo IBGE revela que o crescimento foi de 3,7%, acima dos 2,9%
calculados antes, e que economia brasileira passou a barreira de US$ 1 trilhão. Mas problemas
permanecem
A revisão dos números da economia pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
continua produzindo o milagre da multiplicação do crescimento. O IBGE anunciou ontem que o Produto
Interno Bruto (PIB), a soma das riquezas produzidas no país, cresceu 3,7% em 2006, resultado 0,8 ponto
percentual superior aos 2,9% anteriormente calculados. Embora longe do espetáculo prometido pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva no início do primeiro mandato, o desempenho superou as
expectativas do governo e dos analistas, que previam no máximo 3,5%.
A revisão encontrou R$ 175 bilhões a mais e o PIB nominal saltou para R$ 2,323 trilhões.
Além disso, garantiu a entrada, pela primeira vez na história segundo a consultoria Austin Rating, no
seleto do grupo de países com PIB em dólar acima de trilhão. O Brasil manteve o 10º lugar no ranking
das economias do mundo com US$ 1,066 trilhão. Dentre os emergentes, subiu do 18º para o 15º lugar na
classificação dos maiores crescimentos. O PIB per capita (montante total das riquezas dividido pela
população) atingiu o recorde: R$ 12.436,75.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, comemorou o anúncio. "O que o IBGE está captando
não é um fenômeno estatístico, que veio de uma hora para outra. A economia vem se robustecendo nos
últimos anos. O Brasil já ingressou num ciclo de crescimento sustentável de longo prazo." O ministro
manteve a projeção de expansão de 4,5% neste ano, maior do que os 4,1% anunciados ontem pelo
Banco Central (BC). "Todo mundo está revisando as estimativas para cima. Eu sou modesto. O
crescimento de 4,5% em 2007 é totalmente factível. Não é uma ficção."
Mantega disse que o governo está preocupado com o desempenho da indústria de
transformação, segmento da economia que menos cresceu no ano passado - apenas 1,6%. Segundo o
ministro, o governo vai estudar medidas para permitir a recuperação do setor, que já vinha de um ano
ruim em 2005, quando avançou só 1,1%. Reconhecendo mais uma vez o forte impacto do câmbio
valorizado no setor, Mantega evitou descer a detalhes do que pode ser feito. Mas sinalizou que o
governo estuda criar incentivos à inovação tecnológica e cortar impostos para reduzir os custos das
empresas.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nota destacando que a soma juros e
câmbio "é impeditiva do crescimento industrial, uma vez que os juros ainda são os mais altos do mundo
e o real valorizado tira a competitividade das empresas exportadoras". O Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial (Iedi) também atribuiu o baixo desempenho da indústria ao "lento ajuste da
taxa básica de juros", que vem cobrando um preço excessivamente alto sob a forma de contenção de
investimentos. A taxa básica de juros (Selic) está em 12,75% ao ano, nível considerado alto diante da
inflação sob controle.
Pontos fortes
Tradicional crítico da política monetária do Banco Central (BC), Mantega ontem preferiu
afirmar que ela está "correta", mesmo termo utilizado para a meta de inflação de 4,5%. O ministro
apontou como a melhor novidade dos números divulgados a retomada do crescimento da agropecuária
(4,1%) e dos investimentos (8,7%). Na avaliação de Mantega, o fato de os investimentos estarem
subindo num ritmo bem maior do que o PIB é saudável, porque aumenta a oferta de produtos e permite
uma expansão econômica sem inflação. "O empresariado confia no país. Por isso, está investindo",
disse.
Entre os segmentos da indústria, o melhor desempenho foi da extração mineral, que cresceu
6%, com destaque para a expansão de 5,1% na produção de petróleo e gás e de 10,9% na retirada de
minério de ferro. Um dos setores que mais empregam no país, a construção civil, se recuperou do mau
momento por que passou em 2005, quando cresceu apenas 1,2%, passando a se expandir 4,6% em 2006.
O setor de serviços subiu 3,7%, com destaque para os serviços financeiros (6,1%) e o comércio (4,8%).
A nova metodologia de cálculo do IBGE deu mais peso para o setor de serviços.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Júlio Gomes de Almeida,
destaca ainda que o crescimento de 3,7% no ano passado se deve principalmente a elevação de 8,7% nos
investimentos feitos no país. A aceleração do consumo do governo de 1,9% para 3,6%, segundo ele, está
relacionado apenas com o ano eleitoral e não deve se manter nesse patamar em 2007. Ele reforça ainda
que a expansão econômica no último trimestre de 2006 foi de 4,8%, o que dá mais conforto para se
fechar este ano com um crescimento de 4,5% - previsto no Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC).
Ao contrário de Mantega e Almeida, a economista-chefe do BES Investimento, Sandra Utsumi,
acredita que o crescimento maior se deve a incorporação de novas informações do IBGE na
contabilização do PIB como serviços e não ao melhor desempenho da agropecuária e construção civil cuja participação no PIB caiu. "Crédito e serviços financeiros, por exemplo, tiveram um peso grande no
aumento do PIB", afirma. Para este ano, Sandra revisou a projeção de crescimento econômico, que
saltou de 3,8% para 4,5%. Segundo a economista, essa expansão é compatível com a taxa de
investimento que deve ultrapassar a marca de 17% neste ano.
ANÁLISE DA NOTÍCIA
Números não mudam os desafios
A revisão da metodologia de cálculo do PIB melhorou os indicadores, deixando um pouco
menos vergonhoso o desempenho da economia nos últimos anos. Os resultados melhores não podem,
entretanto, fazer o governo esquecer a realidade indisfarçável: os problemas estruturais da economia
brasileira, que funcionam como uma pesada âncora impedindo a expansão firme no longo prazo,
permanecem vivos. As estatísticas melhoraram, mas só isso mudou.
Segundo o economista Maílson da Nóbrega, sócio da consultoria Tendências e ex-ministro da
Fazenda, a economia não crescerá de forma sustentada sem que alguns persistentes entraves sejam
superados. Ele cita, por exemplo, a infra-estrutura deteriorada, a carga tributária "incrivelmente alta", o
"caótico" sistema de cobranças de impostos e a instabilidade de regras regulatórias. Apesar da euforia
incontida do governo, os novos números do IBGE em nada alteraram esse quadro.
O governo calcula que a carga tributária tenha caído de 37,37% do PIB para 33,7%, valor que
ainda deixa o Brasil bem na frente da média dos países de igual nível de desenvolvimento. A cada ano, o
Estado aumenta despesas e avança mais e mais no bolso do contribuinte, sorvendo recursos que
deveriam ser destinados ao consumo e ao investimento privado. Ainda assim, esse mesmo Estado
investe ridiculamente pouco em relação às carências na infra-estrutura - apenas cerca de 1,5% do PIB.
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, comemorou o desempenho melhor
na comparação com o governo Fernando Henrique Cardoso. Na ocasião, mostrou que a média de
crescimento de FHC foi de 2,44% no primeiro mandato e de 2,15% no segundo. A de Lula ficou em
3,35%. Amaury Bier, membro da equipe econômica da Era FHC, lembrou que a melhora se deveu em
boa parte à privatização das telecomunicações, que sofreu pesada oposição do PT. Em vez de usar
mudanças técnicas para fazer propaganda política, seria mais produtivo se Mantega ocupasse mais
tempo em desobstruir os caminhos para o desenvolvimento do país.
Fonte: Correio Braziliense
Mantega mantém direção de principais bancos estatais
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou ontem que manterá Antonio Francisco Lima Neto na
presidência do Banco do Brasil, Maria Fernanda Ramos Coelho na presidência da Caixa Econômica
Federal (CEF) e Roberto Smith no comando do Banco do Nordeste (BNB). Abdias José de Souza Júnior
assumirá o Banco da Amazônia (Basa), em substituição a Mâncio Cordeiro, que será secretário da
Fazenda do Estado do Acre.
Mantega destacou o perfil técnico dos escolhidos. Souza Júnior, exemplificou, é funcionário do
Banco do Brasil há 20 anos e hoje ocupa a superintendência da instituição no Pará. Apesar das pressões
dos partidos governistas para que as diretorias dos bancos públicos sejam ocupadas por pessoas com
perfis políticos, o ministro negou que recebeu indicações. Disse ainda que não mudará, por enquanto, os
cargos de segundo escalão dos bancos públicos federais. "A tendência é a manutenção das diretorias".
No primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os bancos públicos se
envolveram nos escândalos que atingiram o governo. O Banco do Brasil foi acusado pela CPI dos
Correios de participar do esquema que financiou o mensalão. E funcionários da Caixa quebraram
ilegalmente o sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, episódio que provocou a queda do exministro da Fazenda Antonio Palocci.
O ministro da Fazenda listou os desafios dos bancos públicos: a ampliação do crédito e a
redução dos spreads (diferença entre o custo de captação das instituições financeiras e a taxa cobrada
dos clientes). Citou também que os presidentes terão de dar mais eficiência aos bancos. Ou seja, reduzir
custos, aumentar a governança corporativa e diminuir os índices de inadimplência. Como são órgãos
públicos, complementou o ministro, BB, Caixa, BNB e Basa devem concentrar as operações nas
pequenas e médias empresas, consumidores e na área rural.
Segundo o ministro, a Caixa terá ainda como prioridade financiar o saneamento básico e a
habitação, dois setores contemplados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Já o Banco
do Brasil deve incentivar as exportações, a agricultura e promover a bancarização do País.
Fonte: Gazeta Mercantil
Economia acelera ritmo no primeiro trimestre
Depois da derrapada de meados de 2006, a economia brasileira retomou o fôlego e seu crescimento
poderá surpreender. Os métodos de cálculo do Produto Interno Bruto mudaram no meio do caminho,
mas até agora as projeções de mercado indicam que a expansão para 2007 ficará na casa dos 4%, não
muito acima disso. O Banco Central reviu ontem sua estimativa, de 3,7% para 4,1% sem levar em conta
a revisão do IBGE e, em seu relatório de inflação, indicou que há uma conjunção de fatores tão
favoráveis que sua expectativa pode se revelar conservadora. O IBGE, por seu lado, divulgou que, pela
nova metodologia, o PIB do ano passado foi de 3,7%, enquanto pela velha havia sido de 2,9%.
O primeiro trimestre do ano começou com a produção acelerada. Os estoques de produtos
finais e bens intermediários das empresas entraram em 2007 ajustados, de forma que o espaço para a
ampliação das atividades foi preenchido pela continuidade de um crescimento vigoroso do varejo, na
casa dos 6%. O nível de utilização da capacidade ociosa da indústria, que recuara em novembro, subiu
para 81,9% em dezembro, para 83,4% em janeiro e para 84% em fevereiro. A tendência de aumento da
produção prosseguiu em março, como mostrou o Valor em sua edição de ontem. Pesquisa do Centro das
Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) apontou que o número de empresas que esperava aumento
das atividades no mês subiu para 42%, ante 26% no ano anterior.
Como resultado, as contratações na indústria deram um salto e aumentaram 62,7% no primeiro
bimestre em relação ao mesmo período de 2006, segundo o Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (Caged), com a criação de 69,9 mil vagas líquidas. Isso indica que a massa salarial
continuará crescendo em ritmo significativo. Em 2006 ela subiu 6,7% e mostrava aceleração no último
trimestre do ano, com avanço de 8,1%. O rendimento real médio do trabalho mostra evolução
igualmente encorajadora. Encerrou o ano em 4,7% (deflacionado pelo INPC) e no último trimestre
encerrado em janeiro, de acordo com o relatório de inflação do BC, cresceu 7,8% ante idêntico período
do ano anterior.
Emprego e renda em alta impulsionam um vigoroso consumo doméstico, que tem seu fôlego
reforçado pela expansão do crédito, que não arrefeceu e avançou 20% em termos reais no ano passado.
A concessão de empréstimos permaneceu firme no primeiro bimestre. Nos doze meses encerrados em
fevereiro, o crédito para empresas cresceu 22,2%, ante 16,5% no mesmo período de 2006. Para as
pessoas físicas, a taxa de expansão caiu de 35,9% para 24,6%, mas continua alta. O destaque é a
disparada do crédito habitacional, que incentiva forte expansão da construção civil nos últimos meses.
A economia está se acelerando com a inflação contida. As previsões para o ano estão abaixo de
4% e para 2008 o mercado projete inflação ao ritmo anual de 5% no último trimestre do ano. Esse dado
está na mira do BC e dá-lhe um argumento para diminuir os juros vagarosamente - daqui a pouco, o BC
estará calibrando a dose com vistas à inflação do ano que vem. Mas os números analisados pelo BC
permitem otimismo.
O dado mais encorajador, tanto para as atividades econômicas em geral quanto para o
comportamento da inflação em particular, é que a produção de bens de capital cresce bem acima do
nível da indústria há quatro anos consecutivos. Em 2006, avançou 5,7%, ante 2,8% da indústria. Tudo
indica que em 2007 não será diferente. A produção de bens de capital para fins industriais foi 16,6%
maior no trimestre encerrado em janeiro do que no mesmo período anterior. A Formação Bruta de
Capital Fixo (FBCF) mostrou aceleração no último trimestre de 2006 e atingiu 6,9%.
Os investimentos estão criando capacidade adicional de produção, o que é uma barreira eficaz a
pressões de preços pelo lado da oferta. Repiques inflacionários podem ser mais difíceis também porque,
como aponta o relatório do BC, há "um crescimento expressivo da FBCF em comparação com o
desempenho do consumo das famílias, sinalizando que o ritmo de crescimento da economia deve ser
maior nos próximos trimestres". Não há até agora nada no horizonte que possa impedir a concretização
desse cenário otimista.
Fonte: Valor Econômico
Serviços e consumo fazem PIB de 2006 crescer 3,7%
O produto Interno Bruto (PIB) cresceu 3,7% no ano passado, de acordo com os novos cálculos do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse resultado supera em 0,8 ponto percentual o
cálculo feito pela fórmula antiga, quando a alta ficou em 2,9% . O crescimento mais robusto registrado
pela nova metodologia do país foi impulsionado pelo setor de serviços. O IBGE modificou a fórmula de
cálculo de vários setores e incorporou às Contas Nacionais novos dados produzidos por ele mesmo e por
outras fontes, tendo 2000 como ponto de partida.
Nos novos números de 2006, a industria, que já estava com peso menor por conta do
aperfeiçoamento do cálculo dos serviços, foi o único segmento (pela ótica da oferta) a encolher na
revisão divulgada ontem, passando de um crescimento de 3% para 2,8%. Os dados mostraram também
que os dois últimos trimestres do ano passado foram de crescimento elevado, respectivamente, 4,5% e
4,8% sobre o mesmo período de 2005.
O valor do PIB alcançou R$ 2,323 trilhões, fazendo com que o PIB per capita somasse R$
12.437, com crescimento real de 2,3% em relação ao ano anterior. Como a Formação Bruta e Capital
Fixo (FBCF), que sintetiza o valor dos investimentos, foi de R$ 390,134 bilhões, a taxa de
investimentos do país ficou em 16,8%, contra 16,3% no ano anterior, já pela nova fórmula de cálculo,
bem abaixo dos 19,9% calculados pela fórmula antiga.
Mesmo representando uma parcela menor do PIB, o volume de investimentos em 2006 cresceu
8,7%, e não os já elevados 6,3% anteriormente calculados, graças à mudança de peso e o melhor
desempenho do setor de máquinas e equipamentos.
No novo PIB, os serviços cresceram 3,7%, e não 2,4%, e a agropecuária, 4,1% (contra 3,2% no
cálculo antigo). Aliado a isso, o peso dos serviços, baseados nos números de 2005, passou de 54,1%
para 64% dentro do PIB de 2006. Ao mesmo tempo, os pesos da indústria e da agropecuária caíram,
respectivamente, de 37,9% e 8% para 30,3% e 5,6%. Este impulso obtido pelo setor de serviços está
relacionado, principalmente, a mudanças feitas nos cálculos dos aluguéis, dos serviços da administração
pública, dos serviços financeiros e do serviços de informação.
Nos aluguéis, que passaram a considerar a qualidade da moradia para imputação do valor que
seria pago pelos proprietários de imóveis, a taxa de crescimento passou de 2,2% no cálculo antigo para
4,3% no novo. Na administração pública, as mudanças fizeram o crescimento passar de 2,1% para 3,1%.
Nas instituições financeiras, onde novos dados permitiram medir adequadamente os ganhos com
serviços bancários e com operações de crédito, o crescimento passou de 2,6% para 6,1%. E nos serviços
de informações, ao qual foram adicionados vários itens novos, como cinema, rádio e TV, a taxa passou
de 0,9% para 2,3%.
O IBGE mostrou ainda que, pela ótica da demanda, o consumo das famílias, cujo crescimento
de 3,8% já era considerado elevado na fórmula antiga, na realidade, cresceu 4,3% na esteira do crédito e
da renda. Embora inferior aos 4,7% de 2005, já na nova metodologia, foi o terceiro ano consecutivo de
aumento do consumo das famílias. O consumo do governo cresceu 3,6%, e não os 2,1% da série
anterior.
O avanço maior dos investimentos (de 6,3% para 8,7%) deveu-se ao crescimento de 12% das
máquinas e equipamentos contra apenas 4,4% da construção civil. Aliado a isso, houve mudança
substancial nas ponderações das duas variáveis. O peso da construção passou de 60% para 43% na
FBCF e o das máquinas e equipamentos e outros (gado leiteiro, principalmente), de 40% para 57%.
"O desempenho da indústria foi o que mais chamou a atenção, pelo lado negativo. Os serviços
estão sendo medidos melhor? Bom. Mas não podemos esquecer que os números estão associados a um
desempenho pífio da indústria", disse Caio Prates, do Grupo de Conjuntura da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ).
Para ele, embora favoreça os investimentos ao baratear as importações de máquinas e
equipamentos, o movimento de apreciação cambial tem sido mais negativo do que positivo para a
indústria. Prates sugere um acompanhamento cuidadoso para saber se os ganhos de produtividade
gerados pelas importações de máquinas são suficientes para compensar a perda de competitividade de
vários setores industriais por conta do câmbio apreciado. Ele alerta que em 2006 as exportações
brasileiras em volume já cresceram abaixo da média mundial (3,3% contra cerca de 9%), fato que foi
mascarado por uma melhoria de 12% nos preços.
Para Estêvão Kopschitz, do Grupo de Análise Conjuntural do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea), o novo PIB "mostra que o país vinha crescendo mais do que sabia, mas que,
infelizmente, continuamos crescendo pouco e abaixo da média mundial".
A série que compara trimestre contra o trimestre anterior, descontados os efeitos sazonais,
apresentou mudanças significativas e muito voláteis em todos os números do ano, com os quatro
números passando, respectivamente, de 1,2%, 0,6%, 0,8% e 1,1% para 1,6%, -0,5%, 2,6% e 0,9%.
Segundo Roberto Olinto, Coordenador de Contas Nacionais do IBGE, os números refletem as
dificuldades para dessazonalizar uma série tão nova e tão modificada. Ele previu que os números
divulgados serão "suavizados" nos próximos trimestre, à medida que a série ficar mais longa.
Sobre as alterações da série dessazonalizada do IBGE, o economista do Ipea observou que
"talvez" elas sejam boas para que os analistas passem a dar menos ênfase a esses números e passem a
trabalhar mais com outros, como o acumulado em quatro trimestres. Tanto Kopschitz como Prates
destacaram os ganhos de produtividade da economia que permitiram ao país crescer mais com uma taxa
de investimento menor.
Indústria perde ritmo e Mantega defende "estímulos"
Dos novos dados do PIB de 2006, que teve crescimento de 3,7%, dois indicadores preocuparam
o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ele chamou a atenção, em entrevista ontem para comentar a
revisão do PIB com base na nova metodologia do IBGE, para o baixo crescimento apresentado pela
indústria de transformação, de 1,6%; e para a queda no ritmo de crescimento das exportações de bens e
serviços. A indústria de transformação, avalia o ministro, precisa de estímulos e entre os incentivos que
estão sendo analisados, está a desoneração tributária que, segundo ele, é algo factível. O crescimento do
setor foi recalculado de 1,9% para apenas 1,6%.
"As commodities vão bem, mas temos de nos preocupar com a indústria da transformação. Esse
é um setor crucial para o crescimento da economia", comentou. O aumento das exportações de bens e
serviços, segundo o IBGE, foi de apenas 4,6% em 2006. O ministro admitiu que a sobrevalorização da
taxa de câmbio está prejudicando as exportações em geral. Mantega, para este ano, estima crescimento
econômico de 4,5%
Hoje o governo decidirá qual a nova meta de superávit primário do setor público para este ano,
face à revisão do PIB de 2006, que teve crescimento de 3,7% e não 2,9% como divulgado
anteriormente. Ele indicou que a meta fiscal vai se situar num percentual entre 3,88% e 4,25% do PIB,
que era a meta original. O resultado de 3,88% do PIB corresponde aos R$ 91 bilhões de esforço fiscal
que União Estados e municípios têm de realizar este ano e é , também, o resultado revisto do superávit
primário de 2006. Este ficou, portanto, abaixo da meta que era de 4,25%.
Segundo o ministro, o Projeto Piloto de Investimentos (PPI) deve ter sua participação no PIB
reduzida de 0,5% para 0,45%, mantendo, porém, o valor absoluto de R$ 11,3 bilhões para esses
investimentos, que não são considerados no cálculo do superávit primário.
Apesar de o crescimento do PIB no ano passado ter sido bem melhor do que imaginado, a
arrecadação de impostos não deve aumentar, ponderou o ministro. Por essa razão, para manter a meta
fiscal de 4,25% do PIB o governo teria de fazer mais cortes na execução orçamentária. "Não estão
sobrando recursos", afirmou.
Outro ponto comemorado por Mantega foi a queda na relação entre dívida e PIB, para 44,9%.
Como esse é o principal indicador de solvência do setor público, Mantega está numa situação bem mais
confortável para executar as metas fiscais. Com os novos números do IBGE, a relação dívida/PIB
prevista na divulgação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que chegaria a 39,7% do PIB
em 2010, agora poderá cair para 35%.
O déficit nominal também caiu de 3,3% do PIB para 3%. Como lembrou o ministro, o Brasil
estaria apto a aderir ao Tratado de Maastricht, que estabeleceu as condições macroeconômicas aos
países integrantes da União Européia. Para este ano, Mantega previu crescimento de 4,5% do PIB, algo
muito próximo dos 4,1% projetados pelo Banco Central no relatório de Inflação divulgado ontem.
Fonte: Valor Econômico
Previsão para PIB é elevada para 4,1%
O Banco Central aumentou, de 3,8% para 4,1%, sua projeção para o crescimento
da economia neste ano, em virtude dos sinais de fortalecimento do consumo e dos
investimentos. O percentual não inclui a revisão dos dados do produto Interno
Bruto (PIB) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"Esperamos que os investimentos continuem fortes, ainda que menores do
que em 2006", disse o diretor de Política Econômica do BC, Mario Mesquita.
Mesquita explicou que o BC precisa de tempo para avaliar os novos
números do PIB, divulgados ontem e que apontaram um crescimento maior do PIB
em 2006 (3,7% ante os 2,9% da medição anterior). O BC aumentou de 7,1% para
7,9% a sua projeção para o crescimento dos investimentos na economia em 2007.
O percentual, porém, é ainda inferior aos 8,7% ocorridos em 2006, já calculados
pela nova metodologia do PIB.
O BC também reviu sua estimativa para o consumo - agora, crescimento de
6%, em vez dos 5,6% projetados no relatório de inflação de dezembro. Nesse
item, as projeções são inferiores ao resultado de 2006 para o consumo das
famílias, quando a alta ficou em 4,3%. Não houve alteração nas projeções para os
demais componentes da demanda agregada: consumo de governo (0,9%),
exportações (4,5%) e importações (14%).
Os dados desagregados de 2006 mostram altas taxas de crescimento para
a indústria fabril, de construção e de energia elétrica. Tiveram desempenho
desfavorável o setor de transporte e agrícola. O BC destaca, porém, que as
estatísticas mais recentes mostram a recuperação de bens de capitais para a
produção agrícola e dos veículos. A importação líquida de bens de capital também
é favorável. Houve queda de 0,6% na exportação e alta de 24% nas importações.
Segundo Mesquita, o BC resolveu aumentar as projeções para a expansão
do consumo das famílias em virtude das fortes vendas do comércio, do aumento
da renda real, do incremento do crédito e dos bons indicadores de confiança dos
consumidores. Sozinho, o consumo das famílias deverá dar uma contribuição de
3,3 pontos percentuais (pp.) para o PIB, e os investimentos, de 1,6%. O resto é o
consumo do governo (0,2 pp.), exportações (0,8%) e importações (-1,7%).
Na ótica da oferta, o BC elevou de 3,7% para 4,8% sua projeção para a
produção agrícola, devido aos bons indicadores da safra. A expansão da indústria
foi revista de 4,7% para 5%, e o incremento dos serviços, de 2,4% para 2,5%.
(AR)
Fonte: Valor Econômico
Investimento acelera no "novo PIB" e cresce 8,7%, mas recua ante
série antiga
Pela nova metodologia do IBGE, o investimento cresceu 8,7% em 2006, mais do que os 6,3% apurados
na antiga série. Com tal crescimento, a taxa de investimento ficou em 16,8%, acima dos 16,3% de 2005.
Na antiga série, variou de 19% a 20% nos últimos anos. Já a taxa de poupança subiu de 17,1% para
17,6% do PIB.
A explicação para o recuo do nível de investimento, segundo o IBGE, é que o PIB cresceu
muito -cerca de 10% em valor- com a nova metodologia e, como a taxa de investimento é uma
proporção do que é gasto nessa área em relação ao PIB total, houve perda relativa.
Segundo o IBGE, o aumento do peso de bens de capital (máquinas e equipamentos) no cálculo
da Formação Bruta de Capital Fixa impulsionou a taxa, já que cresceram acima da média. A construção
civil, por sua vez, perdeu participação no novo cálculo do PIB.
A construção subiu 4,4%, máquinas e equipamentos tiveram alta de 12%, desempenho puxado
pelo crescimento do crédito e pela redução da taxa Selic (de 19,1% para 15,3%), diz Rebeca Palis,
gerente de Contas Trimestrais do IBGE.
Segundo o instituto, 48% do investimento tem origem em máquinas e equipamentos e 43% na
construção civil. Antes, eram 60% e 40%, respectivamente. Segundo Leonardo Miceli, da Tendências, a
expansão do investimento foi "a melhor notícia do PIB".
Fonte: Folha de S.Paulo
Revisão eleva PIB de 2,9% para 3,7%
O resultado superou expectativas do mercado e do próprio governo, que esperavam no máximo 3,5%. O
acréscimo de 0,8 ponto percentual, apontado pela nova fórmula do IBGE, adiciona R$ 175 milhões ao
PIB de 2006 - soma das riquezas produzidas ano passado no país -, elevando-o a R$ 2,323 trilhões. E,
pela primeira vez, coloca o Brasil no seleto grupo de países com PIB em dólar acima de um trilhão.
PIB reescrito
Revisão dos dados de 2006 pelo IBGE revela que o crescimento foi de 3,7%, acima dos 2,9%
calculados antes, e que economia brasileira passou a barreira de US$ 1 trilhão. Mas problemas
permanecem
A revisão dos números da economia pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
continua produzindo o milagre da multiplicação do crescimento. O IBGE anunciou ontem que o Produto
Interno Bruto (PIB), a soma das riquezas produzidas no país, cresceu 3,7% em 2006, resultado 0,8 ponto
percentual superior aos 2,9% anteriormente calculados. Embora longe do espetáculo prometido pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva no início do primeiro mandato, o desempenho superou as
expectativas do governo e dos analistas, que previam no máximo 3,5%.
A revisão encontrou R$ 175 bilhões a mais e o PIB nominal saltou para R$ 2,323 trilhões.
Além disso, garantiu a entrada, pela primeira vez na história segundo a consultoria Austin Rating, no
seleto do grupo de países com PIB em dólar acima de trilhão. O Brasil manteve o 10º lugar no ranking
das economias do mundo com US$ 1,066 trilhão. Dentre os emergentes, subiu do 18º para o 15º lugar na
classificação dos maiores crescimentos. O PIB per capita (montante total das riquezas dividido pela
população) atingiu o recorde: R$ 12.436,75.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, comemorou o anúncio. "O que o IBGE está captando
não é um fenômeno estatístico, que veio de uma hora para outra. A economia vem se robustecendo nos
últimos anos. O Brasil já ingressou num ciclo de crescimento sustentável de longo prazo." O ministro
manteve a projeção de expansão de 4,5% neste ano, maior do que os 4,1% anunciados ontem pelo
Banco Central (BC). "Todo mundo está revisando as estimativas para cima. Eu sou modesto. O
crescimento de 4,5% em 2007 é totalmente factível. Não é uma ficção."
Mantega disse que o governo está preocupado com o desempenho da indústria de
transformação, segmento da economia que menos cresceu no ano passado - apenas 1,6%. Segundo o
ministro, o governo vai estudar medidas para permitir a recuperação do setor, que já vinha de um ano
ruim em 2005, quando avançou só 1,1%. Reconhecendo mais uma vez o forte impacto do câmbio
valorizado no setor, Mantega evitou descer a detalhes do que pode ser feito. Mas sinalizou que o
governo estuda criar incentivos à inovação tecnológica e cortar impostos para reduzir os custos das
empresas.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nota destacando que a soma juros e
câmbio "é impeditiva do crescimento industrial, uma vez que os juros ainda são os mais altos do mundo
e o real valorizado tira a competitividade das empresas exportadoras". O Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial (Iedi) também atribuiu o baixo desempenho da indústria ao "lento ajuste da
taxa básica de juros", que vem cobrando um preço excessivamente alto sob a forma de contenção de
investimentos. A taxa básica de juros (Selic) está em 12,75% ao ano, nível considerado alto diante da
inflação sob controle.
Pontos fortes
Tradicional crítico da política monetária do Banco Central (BC), Mantega ontem preferiu
afirmar que ela está "correta", mesmo termo utilizado para a meta de inflação de 4,5%. O ministro
apontou como a melhor novidade dos números divulgados a retomada do crescimento da agropecuária
(4,1%) e dos investimentos (8,7%). Na avaliação de Mantega, o fato de os investimentos estarem
subindo num ritmo bem maior do que o PIB é saudável, porque aumenta a oferta de produtos e permite
uma expansão econômica sem inflação. "O empresariado confia no país. Por isso, está investindo",
disse.
Entre os segmentos da indústria, o melhor desempenho foi da extração mineral, que cresceu
6%, com destaque para a expansão de 5,1% na produção de petróleo e gás e de 10,9% na retirada de
minério de ferro. Um dos setores que mais empregam no país, a construção civil, se recuperou do mau
momento por que passou em 2005, quando cresceu apenas 1,2%, passando a se expandir 4,6% em 2006.
O setor de serviços subiu 3,7%, com destaque para os serviços financeiros (6,1%) e o comércio (4,8%).
A nova metodologia de cálculo do IBGE deu mais peso para o setor de serviços.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Júlio Gomes de Almeida,
destaca ainda que o crescimento de 3,7% no ano passado se deve principalmente a elevação de 8,7% nos
investimentos feitos no país. A aceleração do consumo do governo de 1,9% para 3,6%, segundo ele, está
relacionado apenas com o ano eleitoral e não deve se manter nesse patamar em 2007. Ele reforça ainda
que a expansão econômica no último trimestre de 2006 foi de 4,8%, o que dá mais conforto para se
fechar este ano com um crescimento de 4,5% - previsto no Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC).
Ao contrário de Mantega e Almeida, a economista-chefe do BES Investimento, Sandra Utsumi,
acredita que o crescimento maior se deve a incorporação de novas informações do IBGE na
contabilização do PIB como serviços e não ao melhor desempenho da agropecuária e construção civil cuja participação no PIB caiu. "Crédito e serviços financeiros, por exemplo, tiveram um peso grande no
aumento do PIB", afirma. Para este ano, Sandra revisou a projeção de crescimento econômico, que
saltou de 3,8% para 4,5%. Segundo a economista, essa expansão é compatível com a taxa de
investimento que deve ultrapassar a marca de 17% neste ano.
ANÁLISE DA NOTÍCIA
Números não mudam os desafios
A revisão da metodologia de cálculo do PIB melhorou os indicadores, deixando um pouco
menos vergonhoso o desempenho da economia nos últimos anos. Os resultados melhores não podem,
entretanto, fazer o governo esquecer a realidade indisfarçável: os problemas estruturais da economia
brasileira, que funcionam como uma pesada âncora impedindo a expansão firme no longo prazo,
permanecem vivos. As estatísticas melhoraram, mas só isso mudou.
Segundo o economista Maílson da Nóbrega, sócio da consultoria Tendências e ex-ministro da
Fazenda, a economia não crescerá de forma sustentada sem que alguns persistentes entraves sejam
superados. Ele cita, por exemplo, a infra-estrutura deteriorada, a carga tributária "incrivelmente alta", o
"caótico" sistema de cobranças de impostos e a instabilidade de regras regulatórias. Apesar da euforia
incontida do governo, os novos números do IBGE em nada alteraram esse quadro.
O governo calcula que a carga tributária tenha caído de 37,37% do PIB para 33,7%, valor que
ainda deixa o Brasil bem na frente da média dos países de igual nível de desenvolvimento. A cada ano, o
Estado aumenta despesas e avança mais e mais no bolso do contribuinte, sorvendo recursos que
deveriam ser destinados ao consumo e ao investimento privado. Ainda assim, esse mesmo Estado
investe ridiculamente pouco em relação às carências na infra-estrutura - apenas cerca de 1,5% do PIB.
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, comemorou o desempenho melhor
na comparação com o governo Fernando Henrique Cardoso. Na ocasião, mostrou que a média de
crescimento de FHC foi de 2,44% no primeiro mandato e de 2,15% no segundo. A de Lula ficou em
3,35%. Amaury Bier, membro da equipe econômica da Era FHC, lembrou que a melhora se deveu em
boa parte à privatização das telecomunicações, que sofreu pesada oposição do PT. Em vez de usar
mudanças técnicas para fazer propaganda política, seria mais produtivo se Mantega ocupasse mais
tempo em desobstruir os caminhos para o desenvolvimento do país.
Fonte: Correio Braziliense
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