MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA PRODUÇÃO ORGÂNICA DE TOMATE EM DIFERENTES AMBIENTES DE CULTIVO EUCLIDES SCHALLENBERGER Tese apresentada à Universidade Federal de Pelotas, sob a orientação do Prof. Dr. Carlos Rogério Mauch, como parte das exigências do Programa de Pós-graduação em Agronomia, área de concentração em Produção Vegetal, para obtenção do titulo de Doutor em Ciências (DS). PELOTAS Rio Grande do Sul – Brasil Novembro de 2005 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA PRODUÇÃO ORGÂNICA DE TOMATE EM DIFERENTES AMBIENTES DE CULTIVO EUCLIDES SCHALLENBERGER Tese apresentada à Universidade Federal de Pelotas, sob a orientação do Prof. Dr. Carlos Rogério Mauch, como parte das exigências do Programa de Pós-graduação em Agronomia, área de concentração em Produção Vegetal, para obtenção do titulo de Doutor em Ciências (DS). PELOTAS Rio Grande do Sul – Brasil Novembro de 2005 ii EUCLIDES SCHALLENBERGER PRODUÇÃO ORGÂNICA DE TOMATE EM DIFERENTES AMBIENTES DE CULTIVO Tese apresentada à Universidade Federal de Pelotas, sob a orientação do Prof. Dr. Carlos Rogério Mauch, como parte das exigências do Programa de Pós-graduação em Agronomia, área de concentração em Produção Vegetal, para obtenção do titulo de Doutor em Ciências (DS). Comitê de Orientação: Prof. Dr. Carlos Rogério Mauch-FAEM/UFPel - Orientador Dr. Murito Ternes – Epagri/EEI – Co-orientador Dr. João Carlos Costa Gomes-Embrapa/CPACT – Co-orientador Aprovada em:10 de novembro de 2005 Homologada em:____/______/___ Banca Examinadora: Prof. Dr. Carlos Rogério Mauch Orientador PPGA-DFT/FAEM/UFPel Dr. José Angelo Rebelo Pesquisador Epagri-Itajaí-SC Profª. Drª Roberta Marins Nogueira Peil PPGA-DFT/FAEM/UFPel Profª Drª Marta Elena G. Mendez PPGA-DFT/FAEM/UFPel Dr. José Ernani Schwengber Pesquisador Embrapa-CPACT-Pelotas-RS Profª Drª Tânia B. G. A. Morselli PPGA-Solos/FAEM/UFPel iii “Nasceste no lar que precisavas, Vestiste o corpo físico que merecias, Moras onde Deus te proporcionou, de acordo com teu adiantamento. Possuis os recursos financeiros coerentes com as tuas necessidades, nem mais, nem menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas. Teu ambiente de trabalho é o que elegeste espontaneamente para a tua realização. Teus parentes, amigos são as almas que atraíste, com tua própria afinidade. Portanto, teu destino está constantemente sob teu controle. Tu escolhes, recolhes, eleges, atrais, buscas, expulsas, modificas tudo aquilo que te rodeia a existência. Teus pensamentos e vontade são a chave de teus atos e atitudes... São as fontes de atração e repulsão na tua jornada vivência. Não reclames nem te faças de vítima. Antes de tudo, analisa e observa. A mudança está em tuas mãos. Reprograma tua meta, Busca o bem e viverás melhor. Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, Qualquer Um pode Começar agora e fazer um Novo Fim.” Chico Xavier iv Aos meus filhos Bárbara e Felipe, Razão, Força e Inspiração, dedico v AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Cornélio e Bárbara, pela coragem e exemplo. À Epagri-Empresa de Pesquisa Agropecuaria e Extensão Rural de Santa Catarina e à Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel/Programa de PósGraduação em Agronomia (PPGA) pela oportunidade. Ao Professor Dr. Carlos Rogério Mauch, pela especial orientação, amizade e apoio oferecidos durante todo curso. Ao Pesquisador da Epagri Dr. Murito Ternes e ao pesquisador da Embrapa e professor Dr. João Carlos Costa Gomes, pela co-orientação e colaboração. Aos professores, Drª. Marta Elena Gonzales Mendez, Drª. Roberta Marins Nogueira Peil, Drª. Tânia Beatriz Gamboa Araújo Morselli, Dr. Amauri de Almeida Machado e João Gilberto Corrêa da Silva, pelos ensinamentos, sugestões e apoio. A todos os professores e funcionários do Departamento de Fitotecnia da FAEM/UFPel e do PPGA, pela amizade e colaboração. À Embrapa pela concessão de bolsa de estudos. A todos os colegas de curso, em especial à Aninha, Augusto, Bárbara, Camila, Dilon, Eduardo, Geórgia, Gorete, Islaine, Janete, Lúcia, Mariana, Márcio, Rosa, Tatiana, Vivi, pela grande amizade e feliz convívio e também à Larissa pelo apoio na tabulação e análise dos dados microclimáticos. Aos colegas pesquisadores da Epagri de Itajaí, em especial ao Dr. José Angelo Rebelo, Dr. Henry Stuker, Dr. Honório Francisco Prando e MSc. Renato Arcângelo Pegoraro, pela orientação e apoio. Aos funcionários da Epagri de Itajaí, em especial ao técnico agrícola Pedro Paulo Fantini e aos funcionários de campo do projeto hortaliças. vi Aos funcionários da Gerência de Recursos Humanos-GRH da Epagri, em especial à colega Tânia C. Bianchini. Ao Ministério do Meio Ambiente/Fundo Nacional de Meio AmbienteMMA/FNMA, e ao Prodetab/Embrapa, pelo aporte financeiro que viabilizou a implementação dos trabalhos de campo e a geração deste trabalho. Aos colegas do Climerh/Epagri, em especial ao Dr. Hamiltom Justino Vieira pelo apoio, dedicação e conhecimentos transmitidos. À Eliane Luisa Machado Diniz e aos filhos Cláudio e Fernando e namoradas Thaise e Cilene, pelo amor, carinho e grande amizade demonstrados. À todas as pessoas, que de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho, através de amizade, incentivo e apoio. vii ÍNDICE Página AGRADECIMENTOS ......................................................................................... vi LISTA DE TABELAS ........................................................................................... x LISTA DE FIGURAS ......................................................................................... xii SUMÁRIO ........................................................................................................ xvi SUMMARY ..................................................................................................... xviii 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1 2. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 4 2.1 – A produção alternativa de alimentos ..................................................... 4 2.1.1 - Movimentos de agricultura alternativa ............................................. 6 2.1.2- Agroecologia .................................................................................. 10 2.1.3 – A agricultura orgânica oficial ......................................................... 13 2.1.4 – A agricultura orgânica oficial no Brasil .......................................... 14 2.1.5 – Sistema de conversão das propriedades. ..................................... 15 2.1.6 – Certificação de produtos orgânicos ............................................... 16 2.1.7 – Mercado de produtos orgânicos ................................................... 16 2.2 – O cultivo protegido ............................................................................... 18 2.2.1 – A utilização de telas anti-insetos em cultivo protegido ................. 24 2.2.2 – Vantagens do uso de telas anti-insetos ........................................ 25 2.2.3 – Alterações microclimáticas provocadas pelas telas anti-insetos .. 27 2.3 – A cultura do tomateiro.......................................................................... 29 2.3.1 - Exigências climáticas do tomateiro ................................................ 30 2.3.1.1 – Temperatura .............................................................................. 30 2.3.1.2 – Umidade relativa do ar ............................................................... 31 2.3.1.3 - Radiação solar ............................................................................ 32 2.4 - Problemas fitossanitários da cultura do tomateiro ................................ 32 2.4.1- Ocorrência de doenças ............................................................... 33 2.4.2 – Ocorrência de pragas.................................................................... 34 3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 37 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 42 4.1 – Aspectos microclimáticos dos ambientes utilizados. ........................... 42 4.1.1 – Temperatura. ................................................................................ 42 4.1.2 – Molhamento foliar.......................................................................... 45 viii 4.1.3 – Radiação solar .............................................................................. 46 4.2 - Fenologia da planta .............................................................................. 47 4.2.1 – Duração das fases fenológicas. .................................................... 47 4.2.2 – Crescimento e desenvolvimento das plantas ................................ 49 4.2.2.1 – Altura das plantas ...................................................................... 49 4.2.2.2 – Diâmetro do caule. ..................................................................... 52 4.2.2.3 – Altura do primeiro cacho floral................................................... 54 4.2.2.4 – Número de cachos por planta .................................................... 55 4.2.2.5 – Área foliar ................................................................................... 56 4.2.2.6 - Produção de matéria seca .......................................................... 58 4.2.3 – Aborto de flores ............................................................................. 60 4.3 – Ocorrência de doenças........................................................................ 62 4.3.1 – Ocorrência de doenças nas plantas .............................................. 62 4.3.1.1 – Requeima (Phythophtora infestans) .......................................... 62 4.3.1.2 - Mancha-de-cladospório (Cladosporium fulvum) ........................ 65 4.3.2– Ocorrência de doenças nos frutos. ................................................ 66 4.4 - Ocorrência de pragas. .......................................................................... 67 4.5 – Produção de frutos ............................................................................. 71 4.5.1 – Número total de frutos................................................................... 71 4.5.2 – Peso total dos frutos ..................................................................... 74 4.5.3 – Tamanho dos frutos ...................................................................... 77 4.5.3.1 – Frutos grandes ........................................................................... 77 4.5.3.2 – Frutos médios ............................................................................ 78 4.5.3.3 – Frutos pequenos ........................................................................ 79 4.5.3.4 – Frutos não comerciais ................................................................ 80 4.5.3.5 - Peso médio dos frutos ................................................................ 81 4.5.4– Frutos com podridão apical ........................................................... 82 4.5.5 – Frutos com defeito ........................................................................ 84 4.6 – Descarte de frutos ............................................................................... 85 4.7 – Produção comercial de frutos .............................................................. 86 5. CONCLUSÕES ............................................................................................ 91 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 93 7 - APÊNDICES ............................................................................................ 105 APÊNCICE 1 ............................................................................................. 106 APENDICE 2 ............................................................................................ 107 APÊNDICE 3 ............................................................................................ 108 APÊNDICE 4 ............................................................................................ 109 ix LISTA DE TABELAS TABELA 1 Número de horas de molhamento foliar ocorridas na cultura do tomateiro no período de 29/07 a 12/12/2002 em Itajaí-SC, nos ambientes formados pelos abrigos RT (revestido por tela), ST (sem tela), AF (com tela afídeo), CI (com tela citros), CL (com tela clarite) e CA (céu aberto). ............................................................................... 45 TABELA 2 Ocorrência dos estádios fenológicos das plantas do tomateiro em dias após o plantio, cultivados nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite) no período de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09/ a 29/12/2004 em Itajaí-SC. ......................................................................................................... 48 TABELA 3 Porcentagem de frutos atacados por broca-pequena, broca-grande e traça, no cultivo do tomateiro realizado no período de 29/07 a 12/12/2002 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite. ............ 70 TABELA 4 Porcentagem de frutos atacados por broca-pequena, broca-grande e traça, no cultivo do tomateiro realizado no período de 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ........... 70 TABELA 5 Número total de frutos ha-1 de tomateiro produzidos no período de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09/ a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ............................................................. 72 TABELA 6 Peso total de frutos de tomateiros em t ha -1 obtidos nos cultivos realizados de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). .......................................................... 75 x TABELA 7 Porcentagem de frutos grandes de tomateiro, obtidos nos cultivos realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ........... 78 TABELA 8 Porcentagem de frutos médios de tomateiro, obtidos nos cultivos realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ........... 79 TABELA 9 Porcentagem de frutos pequenos de tomateiro, obtidos nos cultivos realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite)............ 80 TABELA 10 Porcentagem de frutos não comerciais de tomateiro, obtidos nos cultivos realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ........... 81 TABELA 11 Peso médio dos frutos de tomateiro, obtidos nos cultivos realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ........... 82 TABELA 12 Porcentagem de frutos descartados, nos cultivos realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). .......................................................... 86 TABELA 13 Produção comercial de frutos de tomate, obtida nos cultivos realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ........... 87 xi LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Média das temperaturas máximas registradas durante o cultivo do tomateiro no período de 29/07 a 12/12/2002 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ............................................... 43 FIGURA 2 Média das temperaturas máximas registradas no cultivo do tomateiro no período de 29/07 a 12/12/2002 em Itajaí-SC, nos ambientes (AF) (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), CL (abrigo com tela clarite), RT (abrigo revestido por tela), ST (abrigo sem tela) e CA (céu aberto). ............................................. 44 FIGURA 3 Intensidade luminosa (% em relação ao ambiente CA-céu aberto) ocorrida na cultura do tomateiro no cultivo de 2004, em Itajaí-SC, nos ambientes CA (céu aberto), ST (abrigo sem tela), CL (abrigo com tela clarite), CI (abrigo com tela citros), AF (abrigo com tela afídeo) e RT (abrigo revestido por tela). ........................................ 47 FIGURA 4 Altura das plantas de tomateiros (cm) registrada em dias após o plantio, no período de cultivo entre 29/07/2002 a 12/12/2002 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). .......................... 50 FIGURA 5 Altura das plantas de tomateiros (cm) registrada em dias após o plantio, no período de cultivo entre 02/09 a 29/12/2004 em ItajaíSC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). .......................... 51 FIGURA 6 Diâmetro do caule dos tomateiros (mm) registrado em dias após o plantio, no período de cultivo entre 29/07 a 12/12/2002 em ItajaíSC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). .......................... 53 xii FIGURA 7 Diâmetro do caule dos tomateiros (mm) registrado em dias após o plantio, no período de cultivo entre 02/09 a 29/12/2004 em ItajaíSC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). .......................... 54 FIGURA 8 Altura do primeiro cacho floral de tomateiros, cultivados entre 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ................................................................ 55 FIGURA 9 Número de cachos por tomateiro, cultivados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ............................................... 56 FIGURA 10 Área Foliar (cm2.planta-1) de tomateiros no cultivo de 2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). .......................... 57 FIGURA 11 Área foliar (cm2 planta-1) e severidade da requeima em tomateiros, cultivadas no período de 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). .......................... 58 FIGURA 12 Peso seco das plantas (g.planta-1), aos 30, 70, 105 e 122 dias após o plantio, cultivados no período de 02/09/2004 a 29/12/2004 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). .......................... 59 FIGURA 13 Porcentagem de aborto de flores de tomateiro durante cultivo realizado nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). .......................... 61 FIGURA 14 Severidade da requeima (Phythophtora infestans) no tomateiro cultivado nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). .......................... 63 xiii FIGURA 15 Horas molhamento foliar e a severidade da requeima (Phythophtora infestans) em tomateiros cultivados no período de 29/07/ a 12/12/2002 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite)............................................................................................ 64 FIGURA 16. Severidade da mancha-de-cladospório (Cladosporium fulvum) em tomateiros cultivados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ...................................................................................................... 65 FIGURA 17 Porcentagem de frutos infectados por Phythophtora infestans, nos cultivos de tomateiros nos períodos de 29/07/2002 a 12/12/2002 e 02/09/2004 a 29/12/2004 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite)............................................................................................ 67 FIGURA 18 Porcentagem de frutos atacados por pragas, nos cultivos do tomateiro nos realizados de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ...................................................................................................... 68 FIGURA 19 Número total de frutos ha–1 e severidade da requeima (Phythophtora infestans) em tomateiros nos cultivos de 29/07/2002 a 12/12/2002 (A) e 02/09/2004 a 29/12/2004 (B) em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ............................................... 73 FIGURA 20 Relação entre a severidade da requeima (Phythophtora infestans), e o número total de frutos ha-1 de tomateiro cultivados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 (A) e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC. ... 74 FIGURA 21 Peso total dos frutos (t ha-1) e severidade da requeima (Phythophtora infestans), em tomateiros, cultivados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 (A) e 02/09 a 29/12/2004 (B) em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ......................................... 76 FIGURA 22 Relação entre a Severidade da requeima (Phythophtora infestans), e o peso total de frutos(t ha-1) de tomateiro, cultivados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002(A) e 02/09 a 29/12/2004(B) em Itajaí-SC. 77 xiv FIGURA 23 Porcentagem de frutos de tomateiro com podridão apical obtidos nos cultivos realizados nos períodos de 29/07 a 12/12 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ...................................................................................................... 83 FIGURA 24 Porcentagem de frutos de tomate com defeitos, obtidos nos cultivos realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ...................................................................................................... 84 FIGURA 25 Produção comercial (t.ha-1) de tomates dos cultivos em ambientes com cobertura plástica e sem cobertura plástica nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC. .............. 88 FIGURA 26 Média de produção comercial de tomate (t.ha-1) nos ambientes com e sem tela anti-insetos nos cultivos de tomateiro nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC. ......... 90 xv SUMÁRIO EUCLIDES SCHALLENBERGER. D. S.. Universidade Federal de Pelotas, Novembro de 2005. Produção orgânica de tomate em diferentes ambientes de cultivo. Professor Orientador: Carlos Rogério Mauch. Co-orientadores: Murito Ternes e João Carlos Costa Gomes. Em busca de melhor qualidade de vida e saúde, a sociedade está provocando mudanças na forma de produzir e consumir alimentos, procurando cada vez mais produtos saudáveis e livres de agroquímicos, produzidos de forma orgânica. Dentre os alimentos mais procurados encontra-se o tomate. Porém, a produção desta hortaliça no sistema orgânico é um desafio para produtores e técnicos, uma vez que o tomate se encontra entre os produtos agrícolas de maior demanda por agroquímicos, pela complexidade de problemas fitossanitários que a planta apresenta. O presente trabalho objetivou avaliar a produção orgânica de tomate em diferentes ambientes de cultivo. A hipótese para isto foi a de que, se a planta for conduzida em cultivo protegido, onde as condições para desenvolvimento de doenças foliares são desfavoráveis, associado ao uso de telas anti-insetos nas laterais dos abrigos, impedindo a entrada de insetos praga na cultura, é possível produzir tomate de forma orgânica. Para tanto, foi desenvolvido o trabalho na Estação Experimental da Epagri de Itajaí-SC, onde foram conduzidos dois cultivos de tomate híbrido fortaleza, nos anos 2002 e 2004 no período inverno/primavera/verão. Este trabalho constou da avaliação do cultivo à céu aberto e em abrigos plásticos com e sem uso de telas anti-insetos na lateral dos abrigos. Para controle das doenças, foram utilizados apenas produtos permitidos pelas normas oficiais de produção orgânica (calda bordalesa e calda viçosa), sendo que a nutrição das plantas foi realizada somente com composto orgânico. Foram avaliados seis xvi ambientes de cultivo: Cultivo protegido sem tela, cultivo protegido e uso de tela anti-afídeo (0,5mm), cultivo protegido e uso de tela citros (1,0mm); cultivo protegido e uso de tela clarite (2,0mm); cultivo em campo aberto e cultivo em abrigo sem plástico, revestido na parte superior e lateral com tela citros. Constatou-se que a utilização do plástico na cobertura dos abrigos, desfavorece o surgimento da doença requeima (Phythophtora infestans) em tomateiros, proporcionando maior produção total de frutos nestes ambientes protegidos. Já a utilização das telas anti-insetos nas laterais dos abrigos, além de propiciar expressiva diminuição da porcentagem de frutos atacados por pragas, não prejudica a produção total de frutos, e que a produção nos ambientes a céu aberto e revestido com tela anti-inseto, superior e lateralmente, não é propicio ao cultivo de tomateiro no sistema orgânico. Concluiu-se que é possível produzir tomate de forma orgânica, utilizando plástico na cobertura dos abrigos e telas anti-insetos nas laterais. xvii SUMMARY EUCLIDES SCHALLENBERGER. D. S.. Universidade november of 2005. Organic tomato production Federal de Pelotas, in different cultivation ambient Adviser: Carlos Rogério Mauch. Co-adviser: Murito Ternes and João Carlos Costa Gomes. Looking for better life quality and health, the current society is provoking changes in the way of produce and consume aliments, seeking healthy products more and more, free from pesticide residues, produced by organic system. One of the products more sought it is the tomato. Although, the production of tomato by organic system is a challenge for farmers and technicians, once this vegetable is found among the agricultural products of larger demand of pesticide, by the complexity of problems at pests and diseases that the plant presents. The present work objectified to evaluate the Organic Tomato production in different crops ambient. The hypothesis for this work has been that, if the plant be carried in protected cultivation, where the conditions for development of plants diseases are unfavourable, associated to the use of Insect-proof screens in the borders of the greenhouse, impeding the entrance of insects pests in the crop, it is possible to produce tomato by organic system. Therefore, the work was developed in the Experimental Station of Epagri Itajaí-SC, where two tomato cultivations were carried, hybrid Fortaleza, at the years 2002 and 2004 in the winter/spring/summer period. The work consisted from the evaluation of the cultivation in field and in plastic covered greenhouse with and without Insect-proof screens. For control of the plant diseases, were used only products allowed by the Brazilian organic official norms of production (calda bordalesa and calda viçosa), and the nutrition of the plants was only accomplished with organic compost. They were carried six xviii cultivation sites: protected cultivation without Insect-proof screens, protected cultivation with use of Insect-proof screens anti-aphid (0,5mm), protected cultivation with use of Insect-proof screens citros (1,0mm); protected cultivation with use of Insect-proof screens clarite (2,0mm); cultivation in field and cultivation in screenhouse, without plastic, covered in the upper and borders part with Insect-proof screens citros. It was verified that the use of the plastic in the covering of the plastic house, decrease the appearance of the disease Late Blight (Phythophtora infestans) in the plants, providing larger total production of fruits. The use of the Insect-proof screens in the borders of the plastic house, propitiated great decrease the percentage of fruits damaged by pests. It was also observed that the use of Insect-proof screens doesn't decrease the total production of fruits and that the production in field and in the screenhouse, covered with Insect-proof screens in the upper and in the borders, it is not propitious to the tomato cultivation by organic system. It was ended that is possible to produce tomato by organic system, using plastic in the covering and Insect-proof screens in the borders of plastic house. xix 1. INTRODUÇÃO A produção mundial dos principais cultivos agrícolas passou por profundas transformações ao longo dos últimos anos, caracterizando-se por um notável incremento da produtividade, porém com um aumento considerável dos custos de produção e com sérios prejuízos ao ambiente. Isto ocorreu a partir da década de 1960, em função da chamada “revolução verde”, quando foi implementado um modelo de desen volvimento, no qual foi estimulada a utilização indiscriminada dos chamados “insumos modernos”, buscando-se o aumento da produção agrícola, indiferente aos reflexos negativos ambientais e sociais que este modelo estava causando. Na mesma década surge a produção hortícola em ambiente protegido, uma prática que busca oferecer ao produtor, redução de riscos e aumento da rentabilidade e da qualidade da produção. Um rápido aumento da área de cultivo em ambiente protegido aconteceu na década de 1970, principalmente na Costa do Mediterrâneo em países como Espanha e Itália. Já no Brasil, o cultivo em ambiente protegido iniciou a partir da década de 1970, com cultivos de flores e hortaliças. Mais recentemente, surge como contraponto à chamada “revolução verde”, a produção orgânica de alimentos, motivada pela demanda da sociedade que busca cada vez mais alimentos saudáveis, livres de resíduos de produtos agroquímicos e pelo respeito ao ambiente durante o cultivo. No entanto, a produção de alimentos orgânicos constitui-se em um desafio para o setor agrícola, uma vez que os métodos tradicionais de produção envolvem a utilização massiva de agroquímicos, principalmente nos tratamentos fitossanitários dos cultivos e, acima de tudo, uma crescente dependência por pacotes tecnológicos. Esta dependência é variável entre as espécies de interesse agronômico, já que algumas demandam quantidades mínimas de agroquímicos para uma produção economicamente viável, enquanto outras são 2 totalmente dependentes. Entre as espécies que demandam intensa utilização de agroquímicos destaca-se o tomateiro, caracterizando-se como uma hortaliça muito suscetível a diversas pragas e doenças, que quando não controladas adequadamente, inviabilizam seu cultivo, causando graves danos econômicos. Esta elevada suscetibilidade se deveu, em parte, ao programa de melhoramento genético adotado, com o estreitamento da base genética e ao cultivo em regiões distintas do seu centro de origem, onde passou a ser infectado por novos patógenos presentes nesta nova área, e também, potencializados pelos sistemas de cultivos inadequados. A produção orgânica de hortaliças está centrada, principalmente, no cultivo de alface, repolho, brócolis, couve, cenoura, beterraba e cebola. Porém, a grande dificuldade dos produtores está na produção orgânica de tomate, pela complexidade de problemas fitossanitários que esta cultura apresenta. Os produtores não dispõem de produtos alternativos comprovadamente eficientes no controle de pragas. Por outro lado, poucos trabalhos de pesquisa com a utilização de telas para proteção de pragas têm sido realizados no Brasil. Algumas alternativas têm sido propostas, como por exemplo a utilização de barreiras físicas para proteção dos cultivos à entrada de determinadas pragas que causam danos diretos ou indiretos a cultura. Como alternativa ao cultivo tradicional, que resulta em uma alta demanda de produtos químicos para controle de pragas e doenças e todas as possíveis conseqüências que possam daí surgir, passa-se a sugerir um sistema de produção que favoreça as plantas e, ao mesmo tempo, estabeleça um ambiente desfavorável ao desenvolvimento de doenças e à ocorrência de pragas. A hipótese deste trabalho é a de que o cultivo protegido, associado ao uso de barreiras, que impeçam a entrada de insetos e controlem determinados fatores ambientais e associado a uma nutrição equilibrada, fornecida por meio de compostagem orgânica, poderá viabilizar o cultivo orgânico de tomate, proporcionando, assim, um produto livre de resíduos agroquímicos, produzido em um sistema pouco contaminante ao ambiente e economicamente viável. Por esta razão, foi proposta a realização deste trabalho, que teve como objetivos: 2 3 a) Estudar o crescimento e desenvolvimento bem como o rendimento da cultura e a qualidade dos frutos do tomateiro, cultivado em sistema orgânico sob as condições de céu aberto e em diferentes ambientes protegidos com plástico e/ou telas anti-insetos; b) Estudar as variações microclimáticas ocorridas nos diferentes ambientes de estudo e suas conseqüências no crescimento e desenvolvimento do tomateiro, assim como na ocorrência de pragas nos frutos e na incidência de doenças nas plantas e, c) Determinar qual o ambiente que propicia melhores condições para o cultivo do tomateiro no sistema orgânico. 3 4 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 – A produção alternativa de alimentos A história da agricultura remonta os tempos da antiga civilização. O homem abandonou a vida nômade, transformando-se em pastor e agricultor. Algumas evoluções foram acontecendo na agricultura, sendo que na história recente, os gregos e romanos deixaram documentos classificando as terras de acordo com sua fertilidade, capacidade de uso e meios e métodos para obter melhores colheitas. Remontam desta época conhecimentos relacionados à matéria orgânica, ao uso de cinzas, ao emprego do esterco, ao uso de leguminosas para melhoria da fertilidade do solo, ao manejo de desequilíbrios biológicos, às associações favoráveis e desfavoráveis de plantas e a rotação de culturas. A grande guinada nos conhecimentos de agricultura e nutrição vegetal ocorreu em 1840, com o químico alemão Justus Von Liebig. Ele afirmava que a nutrição das plantas dava-se pela absorção de substâncias minerais e não da matéria orgânica do solo. O húmus era um produto transitório entre os materiais orgânicos e os nutrientes minerais e que o crescimento da planta seria controlado pelo nutriente em menor quantidade, conhecido como “lei do mínimo”. Liebig baseou suas idéias no pressuposto que o solo fosse um mero corpo estático, sem vida, constituído de rochas intemperizadas que armazenava a água e os outros nutrientes minerais. Seus estudos originaram os conhecimentos de química agrícola, propiciando o florescimento da indústria de fertilizantes minerais solúveis (Gliessman, 2001). Na metade do século passado, o rápido crescimento da população mundial, principalmente dos países do terceiro mundo, representava uma grande ameaça à estabilidade mundial, via “déficit” alimentar. Para afastar este fantasma, foi concluído que deveriam ser melhoradas as técnicas de produção 4 5 de alimentos. Diversas iniciativas neste sentido foram incrementadas, culminando com o movimento chamado “Revolução Verde”. A tecnologia sugerida pela “Revolução Verde”, permitiu que se aumentasse a produtividade das culturas e melhorasse a “qualidade” comercial do produto final. O desenvolvimento de novas cultivares e híbridos de plantas ou raças de animais, permitiu a sua adaptação em uma ampla área geográfica e a utilização de novos organismos polinizadores, simbiontes ou agentes de controle biológico, fazem parte do desenvolvimento tecnológico que caracterizou a agropecuária nas últimas décadas. Assim, a agricultura mundial esteve voltada para o aumento da produção e da produtividade. Para isto, foram utilizados intensamente adubos químicos solúveis, agrotóxicos, sementes de plantas híbridas e, de outro lado, com estreita variabilidade genética, ambas altamente exigentes em insumos minerais e químicos, mecanização excessiva do solo e monocultivo, Jucksch et al (2000). Para atender seus objetivos, a “Revolução Verde” não considerou os efeitos que esta agricultura causava ao ambiente, à saúde humana e à dificuldade da permanência do pequeno produtor rural em sua propriedade. Sob um ecossistema desequilibrado, esta agricultura tornou-se mortal e escravizadora pela dependência cada vez maior de insumos que provocava, o que a tornava insustentável. Passadas algumas décadas, a “Revolução Verde” mostrou ter causado inúmeros problemas, que não foram questionados por ocasião da euforia de sua implantação, que segundo Altieri (2002) são a diminuição drástica da biodiversidade; compactação e erosão do solo; eliminação, inibição ou redução sensível de flora microbiana do solo; poluição alimentar; da água; do solo, pelos agrotóxicos e adubos minerais solúveis; recrudescimento e surgimento de novas pragas e doenças nos cultivos; mecanização inadequada; monocultura e produção em grande escala para exportação, em detrimento do consumo interno; perda da autonomia dos produtores, tornando-os dependentes dos bancos e das indústrias; aumento da fome, mesmo com o “sucesso” da “Revolução Verde”; desagregação social e marginalização de grande parte da população rural; sucateamento da agricultura familiar e êxodo rural. 5 6 2.1.1 - Movimentos de agricultura alternativa Ao longo dos últimos anos, vários movimentos partilham objetivos semelhantes e princípios gerais de produção agrícola alternativa. Diversos autores descrevem estes movimentos, dentre os quais destacamos (De Barba, 2001; Deffune, 2001; Altieri, 2002; Ormond, 2002). a) Agricultura Biológica A agriculturta biológica surgiu na França na década de 1960. Caracteriza-se pela importância do controle biológico, no manejo integrado de pragas e pela Teoria da Trofobiose, a primeira identificação científica da ligação entre fontes de elementos nutrientes, pesticidas e interferência no metabolismo secundário de resistência sistêmica de plantas a pragas e doenças. Isso reforça de maneira insofismável a importância do uso da adubação orgânica e demais técnicas biológicas e alelopáticas em substituição aos agroquímicos. b) Agricultura biodinâmica Na Alemanha, em 1924, são lançadas as bases da agricultura biodinâmica, caracterizada pela busca da harmonia e do equilíbrio das unidades produtivas (terra, plantas, animais e o homem) utilizando as influências do sol e da lua. A tese advoga que, para se estabelecer o elo entre as formas de matéria e de energia presentes no ambiente natural, somente devem ser utilizados os elementos orgânicos produzidos na propriedade agrícola, já que esta é considerada um organismo, um ser indivisível. A idéia fundamental, trabalhada pela agricultura biodinâmica, é que o universo é feito de redes de complexos campos de energia sutil, a maioria delas desconhecidas e negadas pela ciência ortodoxa, por não dispor de metodologias para confirmá-la. Um destes campos energéticos é formado pelas forças formativas etéreas, responsáveis pela organização do corpo 6 7 etéreo dos seres vivos. Os vegetais também possuem este campo energético. É neste campo, envolvendo estas duas dimensões, a física e a supra-sensível que a agricultura biodinâmica trabalha, tendo como cenário a propriedade agrícola. Esta é entendida como um organismo agrícola o mais fechado possível em si mesmo, onde o solo, a planta, o animal e o homem interagem harmoniosamente com o meio ambiente. Muitas técnicas utilizadas na agricultura biodinâmica, são comuns à outras escolas de agricultura alternativa, tais como: adubação orgânica, conservação do solo e da água, rotação e diversificação de culturas e recuperação da fertilidade do solo. Outras são específicas e originais da agricultura biodinâmica, como o uso dos preparados biodinâmicos, de um calendário agrícola, baseado na influência dos fatores cósmicos complementares ao fotoperíodo e ao clima em geral. Este calendário leva em conta a influência dos ritmos e ciclos lunares, nas plantas e nos animais. Os preparados biodinâmicos são biocatalizadores energéticos, reguladores de processos biológicos, que agem diretamente na força vital dos vegetais. Os preparados biodinâmicos são identificados por números que vão de 500 a 508. O de número 500 é feito a partir de esterco bovino, o de número 501 de sílica e os demais a partir das seguintes espécies vegetais: milefólio, camomila, urtiga, carvalho, dente de leão, valeriana e cavalinha. A quantidade de substância efetivamente aplicada de cada um é mínima, correspondendo a uma dosagem homeopática. c) Agricultura natural No Japão, em 1935, foi definida a filosofia do que seria uma “agricultura natural”, segundo a qual existem espírito e sentimento em todos os seres vivos (vegetal e animal). A agricultura natural valoriza o solo como fonte primordial de vida. Para fertilizá-lo, procura fortalecer sua energia natural utilizando os insumos disponíveis no local de produção. Seu objetivo é obter produtos por sistemas agrícolas que simulam as condições originais da natureza. A originalidade desta escola está na recomendação do uso da cobertura morta, adubos verdes, folhagens e compostos feitos unicamente com vegetais; no auxílio de microorganismos efetivos que é uma suspensão de populações e espécies de microorganismos; no emprego do “bokashi”, que é um fermentado 7 8 obtido pelos microorganismos, farelos, farinhas e melaço. Dentro desta linha está o trabalho que substitui toda movimentação do solo por roçadas, cobertura verde e morta, combinadas com semeaduras consorciadas de cereais e leguminosas ou coquetéis de hortaliças e ervas aromáticas no meio do pomar não podado. d) Permacultura. Na Austrália, em 1971, foi difundido o conceito de permacultura, que também é um modelo de agricultura integrada com o ambiente. A denominação permacultura, deriva da fusão das palavras permanente, no sentido de duradouro, e agricultura, dando sentido de uma agricultura permanente. A permacultura baseia-se no planejamento, na implantação e na manutenção de ecossistemas produtivos, adequados a realidade local, que tenham a diversidade, a estabilidade e a resistência dos ecossistemas naturais. Defende a manutenção de sistemas agro-silvo-pastoril, visando também um aproveitamento permanente dos espaços verticais da vegetação. e) Agricultura orgânica. A história da agricultura orgânica remonta ao início da década de 1920, com o trabalho de um pesquisador inglês, que, em viagem à Índia, observou as práticas agrícolas de compostagem e adubação orgânica utilizadas pelos camponeses. Desenvolveu o método de compostagem chamado “Indore”, que é base da agricultura orgânica. Relatou suas experiências posteriormente em seu livro, Intitulado “An Agricultural Testament” (Um testamento agrícola), de 1940. O principio fundamental da agricultura orgânica é o de que, um solo provido com altos níveis de matéria orgânica, assegura uma vida intensa e rica para a flora microbiana, pela qual a nutrição e sanidade das plantas são plenamente atendidas. O solo não deve ser visto como um conjunto de substâncias químicas, pois neles ocorrem uma série de processos vivos e dinâmicos, essenciais para as plantas. Segundo a FAO/OMS (1999), a agricultura orgânica é um sistema holístico de gestão da produção que fomenta e melhora a qualidade do agroecossistema (em particular, a biodiversidade), dos ciclos biológicos e da 8 9 atividade biológica do solo. Os sistemas de produção orgânica se baseiam em normas específicas e precisas, cuja finalidade é lograr agroecossistemas, que sejam sustentáveis do ponto de vista social, ecológico, técnico e econômico. Para Paschoal (1994) a agricultura orgânica é um método de agricultura que visa o estabelecimento de sistemas agrícolas ecologicamente equilibrados e estáveis, economicamente produtivos em grande, média e pequenas escalas, de elevada eficiência quanto à utilização dos recursos naturais de produção e socialmente bem estruturados, que resultem em alimentos saudáveis, de elevado valor nutritivo e livres de resíduos tóxicos, e em total harmonia com a natureza e com as reais necessidades da humanidade. Segundo a Associação de Agricultura Orgânica - AAO, a Agricultura Orgânica é o sistema de produção que exclui o uso de fertilizantes sintéticos de alta solubilidade e agrotóxicos, além de reguladores de crescimento e aditivos sintéticos para a alimentação animal. Sempre que possível, baseia-se no uso de estercos animais, rotação de culturas, adubação verde, compostagem e controle biológico de pragas e doenças. Busca manter a estrutura e produtividade do solo, trabalhando em harmonia com a natureza, (AAO, 2005). O emprego de compostos orgânicos, como base central de sistemas orgânicos de produção é uma tecnologia adotada no mundo todo. Seu grau de eficiência depende do sistema e da forma como se executa o processo de preparo do mesmo e das matérias primas utilizadas. A riqueza nutricional e biológica que os compostos orgânicos conferem ao solo e às plantas auxiliam sobremaneira no cultivo de plantas em sistemas de cultivo orgânico, permitindo melhorar as qualidades químicas, físicas e biológicas do solo e promover um desenvolvimento vegetativo adequado à obtenção de produtividade técnicas e economicamente viáveis (Souza, 1998) . Parte de alguns nutrientes contidos nos resíduos orgânicos estão na forma orgânica, devendo ser mineralizados para serem absorvidos pelas plantas. A partir daí, a fração mineralizada comporta-se de forma semelhante aos nutrientes dos adubos minerais. Todo potássio, aplicado através do adubo orgânico, comporta-se como mineral desde a aplicação, uma vez que não faz parte de nenhum composto orgânico estável; portanto, não necessita sofrer a ação dos microorganismos. O fósforo sofre mineralização de cerca de 60% no primeiro ano de cultivo e cerca de 20% no segundo ano. Para o nitrogênio a 9 10 taxa de mineralização é de cerca de 50% no primeiro ano e 20% no segundo ano. A partir do terceiro ano a totalidade do N e P aplicada na forma orgânica encontra-se mineralizada, (Sociedade ...., 1994). Os materiais orgânicos variam muito em sua composição química, e a dose mais adequada depende das condições de mineralização, dos teores de nutrientes e do nível de fertilidade do solo. A adubação orgânica é realizada em função do nutriente mais limitante (Ernani, 1981). A produção de composto orgânico é uma tecnologia recomendada para a produção orgânica de hortaliças, pelo equilíbrio dos seus nutrientes e também pela composição microbiana benéfica que contém. O composto orgânico é um produto obtido pelo processo de decomposição microbiana aeróbica de resíduos vegetais e animais, que os transforma em húmus, gerando um adubo de elevada qualidade (Souza, 1999) 2.1.2- Agroecologia Diferente das escolas de agricultura alternativa, a agroecologia surgiu como uma ciência que estuda os sistemas agrícolas, baseados em princípios agronômicos, ecológicos e sócio-econômicos, para possibilitar a sustentabilidade no meio rural. A agroecologia está em constante construção. Ela busca o resgate e a valorização do conhecimento local e empírico dos agricultores e os conhecimentos advindos da experimentação e pesquisa, visando a divulgação dos mesmos, para que sejam aplicados com vista à obtenção da sustentabilidade agrícola. A agroecologia busca também a reintegração do agricultor às suas condições humanas (Schallenberger et al., 2001). O processo de resgate mundial do conhecimento tradicional e o saber local, bem como sua valorização e sistematização ocorreu, inicialmente, graças aos vários movimentos populares organizados por Organizações não Governamentais, mais intensamente a partir da década de 1960. No Brasil, o “Manifesto Ecológico Brasileiro” do Eng. Agr. José Lutzemberger, de 1973, o trabalho da professora Ana Primavesi, em “Manejo Ecológico de Solos 10 11 Tropicais” e o trabalho do professor Adilson D. Paschoal da Escola Superior Luiz de Queiroz SP, foram importantes para o desenvolvimento da agroecologia. O movimento ambientalista mundial tem, também, influenciado a política agrícola de diversos países. A publicação do livro “Primavera Silenciosa” de Rachel Carson, lançado em 1962 no EUA, foi um alerta de que não haveria humanidade sem natureza. Muito antes disto, na Índia, Mahateman Ghandi lideraria o ambientalismo político na epígrafe “Não há natureza sem justiça social”. Atualmente, a proposta agroecológica vai além das variáveis técnico-econômicas, indo ao encontro das mudanças sociais e ecológicas para levar a agricultura para uma base verdadeiramente sustentável. Como princípios e bases da agroecologia, podemos destacar que o objetivo fundamental da agroecologia é trabalhar os sistemas agrícolas onde seja valorizado o componente humano, as interações ecológicas e o sinergismo entre os componentes biológicos, fazendo com que estes componentes, criem eles próprios, a fertilidade do solo, a produtividade e a proteção de culturas e criações, a fim de que seja alcançada, a produção sustentável de alimentos (Altieri, 1999). A disciplina cientifica que enfoca o estudo da agricultura a partir de uma perspectiva ecológica, denomina-se agroecologia e se define como um marco teórico, cujo fim é analisar os processos agrícolas de maneira mais ampla. O enfoque agroecológico considera os sistemas agrícolas como unidades fundamentais de estudo; e nestes sistemas, os ciclos minerais, as transformações de energia, os processos biológicos e as relações sócioeconômicas são analisadas como um todo. Deste modo, à investigação agroecológica interessa não somente a maximização da produção de um componente particular, senão a otimização do agroecossitema total (Deffune, 2001). A agroecologia provê as bases ecológicas para conservação da biodiversidade na agricultura e desempenha um importante papel no restabelecimento do equilíbrio ecológico dos agroecossitemas, de maneira a alcançar a produção sustentável. A biodiversidade promove uma variedade de processos de renovação e serviços ecológicos aos agroecossitemas; quando estes se perdem, os custos são significativos (Khantounian et al., 1996). 11 12 Como o desenvolvimento agrícola implica inevitavelmente num certo grau de transformação física da paisagem e de artificialização dos ecossistemas, é essencial conceber estratégias que enfatizem métodos e procedimentos para alcançar um desenvolvimento ecologicamente sustentável. A agroecologia pode servir como paradigma diretivo já que define, classifica e estuda os sistemas agrícolas a partir de uma perspectiva ecológica e sócioeconômica. No passado, a falta de uma compreensão integral contribuiu para a crise ecológica e sócio-econômica atual que afeta a agricultura moderna (Gliessmann, 2001). A agroecologia tem surgido como um enfoque novo ao desenvolvimento agrícola, mais sensível às complexidades das agriculturas locais, ao ampliar os objetivos e critérios agrícolas para abarcar propriedades de sustentabilidade, segurança alimentar, estabilidade biológica, conservação dos recursos e eqüidade, junto com o objetivo de uma maior produção. O objetivo é promover tecnologias de produção estáveis e de alta adaptabilidade ambiental. Como princípios da agroecologia, segundo Altieri (2002), podemos, destacar: diversificação animal e vegetal em termos de espécie ou genética no tempo e no espaço, reciclagem de nutrientes e matéria orgânica, otimização da disponibilidade de nutrientes e equilíbrio do fluxo de nutrientes, provisão de condições edáficas ótimas para o crescimento de cultivos, manejando a matéria orgânica e estimulando a biologia do solo, minimização de perdas por insetos, patógenos e plantas daninhas mediante medidas preventivas e estímulo da fauna benéfica, antagonistas e alelopatia, exploração de sinergias que emergem de interações planta-planta, planta-animal e animal-animal. Diversos estudos têm demonstrado a relação entre o estado nutricional e a fitossanidade das plantas, porém quem deu valiosa contribuição neste sentido foi Chaboussou (1987) em sua Teoria da Trofobiose. De acordo com esta teoria, qualquer ser vivo sobreviverá e terá multiplicação abundante se dispuser de alimento(s) adequado(s) à sua demanda vital. Fatores externos que provoquem distúrbios fisiológicos nas plantas, como os provocados pelas aplicações de agrotóxicos, que alteram o metabolismo da planta, favorecem os organismos daninhos, que se aproveitam da planta estressada. Paschoal (1994) constatou que todos os sistemas vivos requerem um suprimento de nutrientes e energia em quantidade e forma adequadas. Para se 12 13 compreender a função de diversos grupos de microorganismos no sistema solo planta, bem como sua capacidade de sobrevivência, é necessário conhecer a maneira como eles satisfazem suas demandas de nutrientes e os mecanismos que desenvolveram para capturar, conservar e transferir a energia requerida para as biossínteses. 2.1.3 – A agricultura orgânica oficial Agricultura orgânica é um conjunto de processos de produção agrícola que parte do pressuposto básico de que a fertilidade é função direta da matéria orgânica contida no solo. A ação de microorganismos presentes nos compostos biodegradáveis existentes ou colocados no solo, possibilitam o suprimento de elementos minerais e químicos necessários ao desenvolvimento dos vegetais. Complementarmente, a existência de uma abundante fauna microbiana diminui os desequilíbrios resultantes da intervenção humana na natureza. Alimentação adequada e ambiente saudável resultam em plantas mais vigorosas e mais resistentes a pragas e doenças ( Deffune, 2001). Os primeiros movimentos em favor de sistemas orgânicos guardam pouca ligação com a agricultura orgânica praticada hoje. Inicialmente não havia padrões, regulamentos ou interesse em questões ambientais e de segurança alimentar. Na década de 1970, começaram a surgir na Europa os primeiros produtos orgânicos para venda. O movimento se solidificou no final da década de 1980, tendo seu maior crescimento em meados dos anos 1990, com o programa instituído pelo Council Regulation da Comunidade Econômica Européia, no documento 2092/91, de 24 de junho de 1991, que estabeleceu as normas e os padrões de produção, processamento, comercialização e importação de produtos orgânicos de origem vegetal e animal nos seus estados membros. Tal documento vem sendo alterado com freqüência para incorporar os avanços nas práticas de produção, processamento e comercialização desses produtos (Ormond, 2002). A Internacional Federation of Organic Agriculture Movements (IFOAM), procura agregar todas as associações e pessoas que pesquisam, ensinam e 13 14 divulgam as técnicas da agricultura orgânica, bem como as que produzem, processam e comercializam alimentos orgânicos e insumos naturais. No Brasil, ainda na década de 1970, a produção orgânica estava diretamente relacionada com movimentos filosóficos que buscavam o retorno do contato com a terra como forma alternativa de vida em contraposição aos preceitos consumistas da sociedade moderna. A recusa de uso do pacote tecnológico da chamada agricultura moderna, intensivo em insumos sintéticos e agroquímicos e vigorosa movimentação de solo, acrescenta a vertente ecológica ao movimento. A comercialização dos produtos obtidos era feita de forma direta, do produtor ao consumidor, e tinha como clientes aqueles que propugnavam filosofias análogas, assemelhando-se a uma “ação entre amigos”. Com o crescimento da consciência de preservação ecológica e a busca por alimentação cada vez mais saudável, houve expansão da clientela dos produtos orgânicos e, na década de 80, organizaram-se muitas das cooperativas de produção e consumo de produtos naturais hoje em atividade, bem como os restaurantes dedicados a esse tipo de alimentação. Na década de 90, alavancados pela ECO 92, proliferaram os pontos comerciais de venda de produtos naturais e, no final da década, os produtos orgânicos entraram, com força, nos supermercados (Ormond, 2002). Da mesma maneira que no restante do mundo, a existência de um mercado crescente e rentável tem atraído novos empreendedores, que visam, essencialmente, aos lucros que podem advir da atividade e, embora mantenham os preceitos técnicos da agricultura orgânica, se distanciam cada vez mais da filosofia que deu origem ao movimento. 2.1.4 – A agricultura orgânica oficial no Brasil As normas oficiais de produção e comercialização de produtos orgânicos no Brasil, foram oficializadas inicialmente pela Instrução Normativa 007/99, de 17 de maio de 1999. Posteriormente novas leis e portarias foram sendo editadas, visando complementar as normas. Dentre elas destacamos a lei 10.831 de 23/12/2003, a instrução Normativa 16 de 11/06/2004 e a Portaria 158 de 08/07/2004. Todas procuram basear-se nas diversas correntes de 14 15 agricultura alternativa existentes no Brasil, baseando-se também nas normas internacionais da IFOAM. A Instrução Normativa 007/99, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que normatiza a agricultura orgânica, em seu item 1.1, considera “sistema orgânico de produção agropecuária e industrial todo aquele em que se adotam tecnologias que otimizem o uso dos recursos naturais e socioeconômicos, respeitando a integridade cultural e tendo por objetivo a auto-sustentação no tempo e no espaço, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energias não-renováveis e a eliminação do emprego de agrotóxicos e outros insumos artificiais tóxicos, organismos geneticamente modificados por transgenia ou por radiações ionizantes em qualquer fase do processo de produção, armazenamento e de consumo, e entre os mesmos privilegiando a preservação da saúde ambiental e humana, assegurando a transparência em todos os estágios da produção e da transformação”, visando: a) - oferta de produtos saudáveis e de elevado valor nutricional, isentos de qualquer tipo de contaminantes que ponham em risco a saúde do consumidor, do agricultor e do meio ambiente; b) - preservação e a ampliação da biodiversidade dos ecossistemas, natural ou transformado, em que se insere o sistema produtivo; c) - conservação das condições físicas, químicas e biológicas do solo, da água e do ar; e d) - fomento da integração efetiva entre agricultor e consumidor final de produtos orgânicos e o incentivo à regionalização da produção desses produtos orgânicos para os mercados locais (Brasil, 1999). 2.1.5 – Sistema de conversão das propriedades. Conversão é o nome dado à mudança de processo de manejo do solo e de animais e se inicia pela suspensão total do uso de insumos sintéticos e sua substituição por insumos naturais e biodegradáveis renováveis pelo período necessário à “desintoxicação” da área. Enquanto a terra e os animais apresentarem vestígios de agroquímicos ou fertilizantes sintéticos, a sua produção não poderá ser considerada orgânica. O tempo necessário para que 15 16 este processo se complete depende das condições do solo e do tipo de cultivo a ser realizado. No caso de culturas vegetais anuais, o prazo oscila entre um e dois anos, chegando a três anos para culturas permanentes (Brasil, 1999). 2.1.6 – Certificação de produtos orgânicos O Colegiado Nacional de Certificação Orgânica, instituído pela Normativa nº 007, de maio de 1999, do Ministério da Agricultura, é a instituição que está regulamentando, nacionalmente, o processo de credenciamento de entidades certificadoras. Na área estadual, estão sendo implantados os colegiados estaduais que serão responsáveis pelo credenciamento e fiscalização das entidades certificadoras nos diversos estados brasileiros (Souza et al., 2001). Um produto agrícola se beneficia da designação de “orgânico”, se a propriedade rural cumprir o período de conversão e as regras da Normativa 007/99 do Mapa, fiscalizadas e certificadas por entidades certificadoras regulamentadas (Brasil, 1999). 2.1.7 – Mercado de produtos orgânicos a) Mercado mundial Segundo a IFOAM, o sistema orgânico já é praticado em mais de uma centena de países ao redor do mundo, sendo observada uma rápida expansão, sobretudo na Europa, EUA, Japão, Austrália e América do Sul. Esta expansão está associada, em grande parte, ao aumento de custos da agricultura convencional, à degradação do meio ambiente e à crescente exigência dos consumidores por produtos “limpos”, livres de substâncias químicas ou geneticamente modificadas (Darolt, 2003). De acordo com Yussefi (2003), atualmente cerca de 23 milhões de hectares são manejados organicamente no mundo, em aproximadamente 16 17 400.000 propriedades orgânicas, o que representa pouco menos de 1% do total das terras agrícolas do mundo. As estatísticas mundiais sobre o setor de alimentos orgânicos mostram que o comércio mundial de alimentos orgânicos (considerando 16 países europeus, América do Norte e Japão) movimentou aproximadamente US$ 21 bilhões em 2001 e provavelmente atinjam 29 a 31 bilhões em 2005 (KortbechOlesen, 2003). b) Mercado no Brasil A produção orgânica no Brasil, avaliada pelo Instituto Biodinâmico permite uma estimativa de valor de mercado da produção brasileira de orgânicos na faixa de US$ 220 milhões a US$ 300 milhões, dependendo da performance de produtividade de frutas e palmito e da margem aplicada pelos distribuidores (Ormond, 2002). No Brasil, a área ocupada pela agropecuária orgânica é de 269.718 ha, sendo 116.982 ha utilizados para a pastagem de bovino de corte e de leite manejado segundo normas da agricultura orgânica e os restantes 152.736 ha destinados ao cultivo dos mais diversos produtos agrícolas, desde commodities a especiarias, incluindo também produtos típicos de atividade extrativista (Ormond, 2002). Segundo Darolt (2002), dos cultivos nos quais se identificou a correlação entre quantidade de produtores e culturas, a soja e as hortaliças aparecem como destaque. No caso da soja, o fato é explicado pela demanda do mercado do Japão e da União Européia por soja orgânica (mesmo antes da difusão dos transgênicos) e pela experimentação de produtores de soja em manejo orgânico (área média de 21 ha por produtor). O caso das hortaliças é conseqüência da adequação do sistema de produção orgânica às características de pequenas propriedades com gestão familiar, seja pela diversidade de produtos cultivados em uma mesma área, seja pela menor dependência de recursos externos, com maior utilização de mão-de-obra e menor necessidade de capital. 17 18 2.2 – O cultivo protegido O cultivo protegido tornou-se uma alternativa à proteção das plantas contra as adversidades climáticas, permitindo a produção em períodos críticos, além de possibilitar a regularização da oferta e melhor qualidade dos produtos. Isto acontece porque no cultivo protegido ocorrem alterações microclimáticas que favorecem e protegem as culturas, possibilitando melhores condições de desenvolvimento e produção das plantas, Sentelhas & Santos (1995). O início da utilização do polietileno na agricultura data da década de 1960, quando a utilização do plástico revolucionou a produção de hortaliças em diversas partes do mundo. Nas décadas de 1970 e 1980 houve grande expansão do cultivo protegido, particularmente na Ásia e Costa do Mediterrâneo, estimando-se que são cultivados, atualmente, no mundo cerca de 200.000 ha de hortaliças em cultivo protegido. Hoje, o cultivo em ambiente protegido consiste numa tecnologia amplamente consolidada em países como China, Japão, Espanha, Itália, Grécia, Holanda e Estados Unidos (Sentelhas & Santos, 1995). No Brasil, o uso desta tecnologia iniciou na década de 1970, com rápido crescimento na década de 1990, quando eram cultivados cerca de 1.390 ha em 1998. São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul são os estados com maior área cultivada. Dentre as hortaliças mais cultivadas, destacam-se o tomate, pimentão, alface e pepino (Vechia & Koch, 1999). O cultivo protegido proporciona em geral rendimentos superiores ao cultivo a céu aberto. Além desta vantagem, os produtos colhidos apresentam melhor qualidade; as plantas consomem menos água; diminui-se a lixiviação dos nutrientes; melhora-se o aproveitamento da radiação solar; há um aumento significativo da temperatura interna do ar e do solo; os patógenos do solo, nematóides e plantas daninhas podem ser controlados com aplicação de filmes plásticos (Martins et al., 1999). Para Rebelo et al., (2005), entre as vantagens do cultivo protegido, destacam-se a humanização do trabalho do agricultor, a racionalização no uso dos insumos agrícolas, a garantia de produção, a melhor qualidade dos produtos e o aumento de renda do produtor. 18 19 O efeito da cobertura plástica causa modificações microclimáticas no interior dos abrigos, tornando viável a produção de vegetais em épocas ou lugares cujas condições climáticas são críticas. No entanto, nem todas modificações microclimáticas são benéficas aos cultivos, sendo que em muitas vezes estas modificações, como ausência de chuvas e elevação da temperatura e umidade, prejudicam o desenvolvimento das plantas ou favorecem o surgimento de pragas e doenças, causando prejuízos aos produtores (Sentelhas & Santos, 1995). Cultivando tomateiro em ambiente protegido e a céu aberto, Martins et al., (1992) constataram efeito positivo e favorável da proteção plástica sobre as plantas, tanto na redução do período de molhamento foliar, como na redução da ocorrência de doenças foliares e no aumento da produtividade da cultura. As principais modificações microclimáticas observadas em ambientes protegidos são: a) Temperatura A temperatura do ar no interior dos abrigos plásticos está ligada ao balanço de energia, que irá depender do tamanho do abrigo, do tipo de plástico e das condições meteorológicas locais (Buriol et al., 1993). Durante o dia, por causa da radiação líquida positiva, a superfície aquece a parcela de ar próxima a ela, desencadeando um processo convectivo. Com isso, as temperaturas máximas podem atingir valores bem superiores aos observados no exterior dos abrigos (Sentelhas & Santos, 1995). Buriol et al., (1997) constataram que em túneis baixos de polietileno transparente, as temperaturas médias e máximas diárias do ar foram mais elevadas sob os túneis do que no exterior. Após o pôr do sol, à medida que a noite avança, o balanço de energia vai se tornando negativo devido à alta transmissividade do plástico à radiação de onda longa, permitindo a perda noturna de energia. Com isso, a temperatura do ar no interior dos abrigos cobertos com polietileno de baixa densidade sofre uma queda acentuada, tendendo que a temperatura mínima seja igual ou ligeiramente superior ao ambiente externo. Isso pode acontecer em noites com ventos moderados associados à céu limpo. No interior dos abrigos, devido à ausência de mistura 19 20 mecânica das camadas de ar influentes, a perda de energia se torna intensa, causando a inversão térmica (Montero et al., 1985; Buriol et al., 1993; Pezzopane et al., 1995). Para Castilla Prados (1998), em dias ensolarados a temperatura no interior dos abrigos durante o dia será bem superior à temperatura externa. O efeito estufa, que é a maior disponibilidade de calor no ambiente interno do abrigo, está diretamente relacionado, durante o dia, à passagem da radiação solar (ondas curtas) através do plástico para o interior do abrigo e retenção da radiação de onda longa. O “efeito estufa” nos abrigos é, relativamente, maior nos dias mais frios e, dependendo das condições meteorológicas, a temperatura mínima do ar no interior dos abrigos pode ser menor do que aquela no ambiente externo (Buriol et al., 1993). Isso ocorre pois o plástico atualmente utilizado nos abrigos é do tipo PEBD (Polietileno transparente de baixa densidade), que é bastante transmissível à radiação terrestre (onda longa), sendo assim muito pequeno o efeito estufa proporcionado. Atualmente existem outros tipos de plásticos, conhecidos como térmicos, como aqueles com o copolímero EVA (acetato de etileno vinil), que têm menor transmissividade à radiação de onda longa, diminuindo, assim, a perda noturna de energia (Sentelhas & Santos, 1995). Para diminuir as temperaturas diurnas excessivamente elevadas no interior de abrigos plásticos, Schneider et al., (1998) avaliaram a aplicação na face interna da cobertura plástica de uma mistura de 10% de cal apagada em água e também o sombreamento, através da colocação de uma malha de sombra de transmissividade de 70%, aplicada na altura do pé direito dos abrigos. Estas duas técnicas possibilitaram uma redução média de 3ºC em relação ao abrigo testemunha. A temperatura média do solo no interior de abrigos plásticos, em leituras realizadas nos horários de 9, 15 e 21 horas, é maior que as médias observadas no ambiente externo ao abrigo, independente do horário de observação. Nos dias mais frios, a diferença de temperatura entre o ambiente interno e externo do abrigo é mais elevada (Schneider et al., 1993a). 20 21 b) Radiação solar A radiação solar global incidente no interior de abrigos cobertos com plástico é sempre menor que a incidente sobre uma superfície livre. A redução da densidade de fluxo da radiação é em virtude dos processos de reflexão e de absorção pela cobertura plástica (Pezzopane et al., 1995). Com relação à transmissividade da radiação solar, Sentelhas et al., (1999) constataram que o filme plástico de PVC (policloreto de vinil) azul apresenta transmissividade média da radiação solar global, da radiação fotossinteticamente ativa e da iluminância respectivamente de 65, 60 e 70%, ao passo que no PVC transparente a transmissividade média foi de 71, 72, e 85% respectivamente. Farias et al., (1993) relatam que em média 83% da radiação solar global verificada externamente, ao redor das 12 horas, penetrou no interior de abrigos plásticos, variando este percentual de 65 a 90%. Em dia de céu límpido, em média, 45% da radiação global interna correspondeu à radiação difusa, ao passo que, externamente, este percentual foi de 24%, evidenciando o efeito dispersante da cobertura plástica. Apesar da redução da radiação solar global no interior de abrigos, ocorre um aumento da fração da radiação solar difusa, sendo isso importante, uma vez que a radiação difusa é multidirecional, podendo ser mais bem aproveitada pelas plantas. Em condições externas de mínima ou nula radiação solar direta, os valores absolutos externos de radiação difusa foram superiores aos observados no interior de abrigos plásticos. Ao longo de um dia, observou-se que a maior transmissividade da cobertura plástica à radiação solar (93%) ocorreu das 14 às 16 horas, sendo menor nos horários próximos ao nascer e pôr-do-sol (52 e 77%), para às 8 e 17 horas, respectivamente, mostrando que a transmissibilidade da cobertura plástica varia em função do ângulo de incidência da radiação solar (Sentelhas & Santos, 1995). Cultivando tomateiro em estufa plástica, Radin (2002) observou que houve redução de 30% na radiação fotossintéticamente ativa, mesmo assim houve aumento da eficiência de utilização desta radiação em cerca de 33% na primavera-verão e 43% no cultivo no verão-outono, em virtude da maior quantidade de luz difusa no interior do abrigo e ao comportamento das folhas 21 22 inferiores, que passaram a atuar como folhas de sombra, tornando-se mais eficientes na fotossíntese. A radiação solar interceptada pelas plantas está diretamente ligada à fotossíntese e à produção total de matéria seca (Marcelis, 1993). Nos estádios iniciais de desenvolvimento da planta, o acúmulo de massa seca é reduzido, em virtude da menor área foliar para interceptação da radiação solar e realização da fotossíntese, mas, à medida que a planta cresce, há um aumento da área foliar, capturando mais energia, com ganho de matéria seca (Loomis & Connor, 1992). Reisser Júnior (2002) observou que o tomateiro de crescimento determinado cultivado em estufas plásticas apresenta maior altura de planta, em resposta à menor disponibilidade de radiação solar, na comparação com cultivo em ambiente externo. O crescimento das plantas em cultivo protegido é maior do que o verificado a céu aberto, atribuído principalmente ao aumento da temperatura no interior dos abrigos, (Segovia, 1997). Para o desenvolvimento normal das cultura, é necessário que a radiação recebida seja igual ou superior ao limite trófico estabelecido para a cultura, que no caso das hortaliças, situase em 8,4 MJ.m-2.dia-1 (Andriolo, 2000). A radiação solar é utilizada também para a solarização do solo, que é um método de controle de patógenos do solo. A radiação que passa por uma cobertura plástica transparente para o solo úmido nos meses de verão propicia o aumento do fluxo de calor latente para o solo (Schneider et al., 1993 b), controlando patógenos, como Sclerotinia sclerotiorum (Veiga et al .,1998). c) Evapotranspiração A cobertura plástica do abrigo altera o balanço de radiação e o balanço energético com relação ao ambiente exterior. Em conseqüência, altera também a evapotranspiração. Farias et al., (1994) constataram uma redução na evapotranspiração entre 45% e 77% da verificada na parte externa dos abrigos, já Rosemberg et al., (1989) constataram valores de 60 a 80%. A diminuição da evapotranspiração das culturas no interior dos abrigos ocorre em virtude da diminuição da radiação solar e da menor ação dos ventos, principais fatores da demanda evaporativa das plantas. 22 23 A evapotranspiração no interior de abrigos plásticos é cerca de 50% inferior a que ocorre no ambiente externo (Buriol et al., 2001). As maiores diferenças entre os valores da evaporação no interior e exterior de abrigos ocorrem em dias límpidos e de umidade relativa do ar reduzida. Em dias nublados ou com chuva e umidade relativa do ar elevada ocorrem valores de evapotranspiraração mais elevados no interior que no exterior. Para Heldwein et al., (2001), a evapotranspiração no interior dos abrigos foi, em média, 52% menor que no ambiente externo, mas tal diferença tende a decrescer ao longo do ciclo das culturas. A espécie cultivada também interfere na diferença de evaporação entre os ambientes externo e interno do abrigo. d) Umidade relativa do ar Os valores da umidade relativa do ar no interior de abrigos plásticos são muito variáveis, sendo inversamente proporcionais aos valores da temperatura do ar (Buriol et al., 1993). Desta forma, com o aumento da temperatura durante o período diurno, a umidade relativa do ar diminui, ficando próxima ou até algumas vezes menor do que a do ambiente externo ao abrigo. À noite, com a diminuição da temperatura, a umidade relativa do ar sobe muito no interior do abrigo, chegando quase sempre a 100% (Sentelhas & Santos, 1995). Para Abreu et al., (1994), a umidade relativa do ar é maior no interior dos abrigos do que na parte externa dos mesmos, em virtude da menor ventilação que ocorre no seu interior. Diversos autores também relatam diminuição da ventilação natural no interior de abrigos (Fernandez & Bailey, 1992; Feuilloley et al., 1994; Kittas et al., 1995; Boulard & Draoui, 1995; Papadakis et al., 1996 e Kittas et al., 2001). Abou-Hadid & El-Beltagy (1992) verificaram que mesmo em regiões onde a umidade relativa do ar é extremamente baixa, ocorre expressiva elevação da umidade relativa do ar no interior dos abrigos. A porcentagem média da umidade relativa do ar é superior no interior abrigos em relação à porcentagem média da umidade relativa do ar do exterior, no período noturno. No período diurno, só é inferior àquela do exterior nas horas do dia em que ocorre elevação da temperatura do ar, em torno da 8 às 14 horas. Nos meses de inverno, nos dias em que a umidade do ar é muito 23 24 elevada e nos dias de chuva ou com céu encoberto, a umidade relativa do ar no interior dos abrigos permanece mais elevada do que aquela do exterior durante o período diurno também (Buriol et al., 2000). Banuelos et al., (1985) constataram, quando cultivando tomateiro em ambiente protegido, com umidade relativa do ar ao redor de 95%, a ocorrência de maior porcentagem de frutos com sintomas de deficiência de cálcio, quando comparado ao cultivo em ambiente com cerca de 55% de umidade relativa do ar. Francescangeli et al., (1994), observaram que cultivando tomateiro em ambiente protegido com cobertura de tela sombreadora 20%, ocorreu maior porcentagem de frutos com sintomas de deficiência de cálcio, ao redor de 11%, ao passo que o cultivo em ambiente protegido sem tela sombreadora, a ocorrência foi de 1% dos frutos. Pezzopane et al., (1995) observaram que o manejo das cortinas do abrigo influi diretamente na umidade relativa do ar. Com as cortinas fechadas, a umidade do ar no interior dos abrigos é maior do que a do exterior em virtude da não renovação do ar naquele ambiente. Com a abertura das cortinas, a umidade no interior dos abrigos cai rapidamente, ficando próxima do ambiente externo. A ventilação natural no interior de abrigos plásticos provocada pela abertura das cortinas laterais, provoca diminuição da temperatura interna dos abrigos, além de diminuir a umidade relativa do ar, desfavorecendo o surgimento de doenças foliares, como Botrytis cinerea (Abreu et al., 1994). 2.2.1 – A utilização de telas anti-insetos em cultivo protegido A utilização de telas anti-insetos para proteção de culturas não é uma prática de uso corrente entre os produtores de hortaliças no Brasil. A procura pelo uso de telas para controle de pragas em cultivo protegido tem crescido rapidamente. Isto ocorre devido ao rigoroso controle governamental no uso de agrotóxicos, diminuição de eficácia e disponibilidade de alguns inseticidas, preocupação com a saúde dos trabalhadores rurais e com a saúde pública. O uso de telas é uma alternativa limpa em substituição ao tradicional controle químico de pragas. A utilização de telas em cultivo 24 25 protegido deve seguir os seguintes passos: seleção da malha adequada para o controle dos insetos praga; desenhar o abrigo de forma que o uso das telas não comprometa a ventilação em seu interior; construir sistema de gaiolas com porta dupla para entrada nos abrigos; antes da instalação da tela, fazer inspeção no interior dos abrigos para retirar possíveis focos de insetos ou estruturas de multiplicação; estabelecer uma rotina de observação no interior, visando detectar possíveis insetos, fazendo seu controle imediatamente (Ranch, 2002). Berlinger et al., (2002) relatam que até o ano de 1990, o controle da mosca branca (Bemisia tabaci) em Israel, era realizado por meio da utilização de inseticidas. A partir desta data, iniciou-se com sucesso a utilização de telas anti-insetos para o controle desta praga transmissora de vírus na cultura do tomateiro em ambiente protegido. Embora esta prática não seja corrente entre produtores brasileiros, Ribeiro (1981) relata que a utilização de telas de nylon no cultivo do tomateiro, reduziu a incidência viroses ligadas a afídeos vetores de vírus. Trani (2002) utilizou telas sombrite com malha de 1 e 2mm nas laterais de abrigos tipo túneis, para controle de insetos no cultivo de couve. Para o cultivo orgânico do tomateiro em cultivo protegido, pesquisadores da Pesagro recomendam que nas laterais dos abrigos com cobertura de polietileno, seja colocada tela branca de nylon com malha de 1mm (Pesagro, 2002). 2.2.2 – Vantagens do uso de telas anti-insetos As telas de exclusão de insetos em cultivo protegido, oferecem vários benefícios. Além da imediata proteção às plantas, elas eliminam os possíveis problemas de resistência de inseticidas, satisfazem a demanda pública para produtos livres de agroquímicos, permitem o uso mais eficiente de agentes de biocontrole e abelhas para polinização. Finalmente, a principal vantagem é a enorme redução em despesas e exposição aos agrotóxicos (Berlinger et al., 2002). A utilização de telas para controle de insetos transmissores de vírus em tomate tornou-se uma solução economicamente viável, resultando em uma expansão na área total de cultivo de tomate em estufa e também de outras 25 26 hortaliças (Berlinger et al., 1990; Bethke et al., 1994; Berlinger et al., 1996b; Arsenio et al., 1999; Taylor et al., 2001). Para Bell & Baker (2000), a utilização de telas anti-insetos traz benefícios econômicos para os produtores e também para os consumidores, pela redução do uso de agrotóxicos e redução nos custos de produção. O cultivo protegido, nos trópicos, protege as plantas de ventos fortes, chuvas intensas, insetos e doenças. A utilização de telas anti-insetos nos abrigos, reduz a exposição dos trabalhadores rurais aos pesticidas, excluindo ou eliminando doenças causadas por insetos, reduzindo custos de produção, pela drástica redução no uso de agrotóxicos (Soni et al., 2005). A resistência aos inseticidas apresentada por pulgões, trips e mosca branca torna seu controle menos efetivo, além de causar prejuízos econômicos e ambientais. O manejo integrado de pragas, com práticas de exclusão de insetos, mostra-se como uma tática favorável à redução no uso de agrotóxicos. Dentre as medidas de exclusão está a utilização de telas nos cultivos protegidos. Bell & Baker (1997) relatam que a utilização de telas em ambientes protegidos, visando a exclusão de insetos, tem diminuído custos de produção, além de ter relaxado as medidas de proteção aos trabalhadores rurais. Com a utilização de telas, diminui a presença de insetos transmissores de vírus, diminuindo muito a necessidade de utilização de inseticidas. A escolha do tipo de tela a ser utilizado deve levar em conta que esta é uma técnica que provoca diminuição na ventilação no interior dos abrigos, podendo causar danos ao cultivo. Baker & Jones (1989) relatam que o uso de telas em cultivo protegido tem diminuído a presença de pragas no interior dos abrigos e de insetos transmissores de doenças. Os problemas ambientais e de saúde provocados pelos agrotóxicos estão sensibilizando a opinião pública e os trabalhadores de abrigos protegidos. A exposição dermal e respiratória aos pesticidas é maior nos trabalhadores em cultivo protegido do que nos demais trabalhadores rurais. A utilização de telas para controle de pragas em abrigos é uma alternativa viável, que propiciará redução na entrada de insetos nestes ambientes, reduzindo conseqüentemente o uso de agrotóxicos (Baker & Schearing, 2002). 26 27 2.2.3 – Alterações microclimáticas provocadas pelas telas anti-insetos O cultivo em ambientes protegidos promove condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento de vários insetos pragas, que são difíceis de serem controlados, devido à ausência de inimigos naturais no interior dos abrigos e à falta de inseticidas registrados para utilização em cultivo protegido. A utilização de telas nas entradas dos abrigos pode impedir a entrada destes insetos pragas, evitando o uso de agrotóxicos. Entretanto, a utilização de telas diminui a ventilação no interior dos abrigos, prejudicando as culturas. A escolha do tipo de tela deve ser feita em função do inseto praga a ser controlado. São recomendadas as seguintes malhas para controle de insetos: minadores de folhas (40 mesh); mosca branca (52 mesh); pulgões (78 mesh); trips (132 mesh). Para cada tipo de tela deve ser calculada a área de telado necessária para promover uma boa ventilação no interior do abrigo (Ghidin & Roberts, 2002). Um dos objetivos principais do cultivo protegido é proteger as culturas das condições climáticas desfavoráveis. Infelizmente, as ótimas condições propiciadas para as plantas também são favoráveis para acelerar o desenvolvimento de insetos (Berlinger et al., 2002) Fatnassi et al (2003) relatam que a utilização de telas anti-insetos tipo anti-trips e anti-afídeo, resultaram num significativo aumento da temperatura e umidade relativa do ar no interior dos abrigos. Tanny et al (2003), observaram que a utilização da tela anti-afídeo de 50 mesh (malha 0,5 x 0,5mm) resultou na redução da taxa de ventilação entre 51 e 71% no interior do abrigo, e que esta redução foi maior no centro do abrigo do que nas laterais. A variação na taxa de redução da ventilação esteve em função da direção e velocidade dos ventos no exterior do abrigo. Estes autores observaram também que na parte superior do abrigo, a temperatura era maior e a umidade relativa menor, quando comparada à parte inferior do abrigo. Os estudos da mudança de temperatura, umidade relativa do ar e da redução da taxa de ventilação no interior de abrigos com utilização de telas anti-insetos, também foram realizados por (Sase & Christianson, 1990; Brundrett, 1993; Kosmos et al., 1993; Pearson & Owen, 1994; Montero et al., 1996; Miguel et al., 1997; Miguel, 1998; Miguel et al., 1998; Muñoz et al., 1998; Teitel et al., 1999; Miguel & Silva, 2000; Teitel, 2001). 27 28 Teitel (2001) constatou que utilizando telas anti-insetos nas aberturas dos telhados dos abrigos, ocorre diminuição da ventilação e aumento da temperatura e umidade relativa do ar no interior dos abrigos, e que a diminuição da ventilação é proporcional ao adensamento da malha da tela antiinseto. Com tela anti-insetos de 17 mesh (malha 1,47 x 1,47mm), a equação da velocidade do vento no interior do abrigo é: y=0,187x + 0,176 e com tela antiinseto de 50 mesh (malha 0,5 x 0,5mm) a equação é: y=0,067x + 0,068; sendo x a velocidade do vento em (m3 s-1) no exterior do abrigo. Bartzanas et al., (2002) estudando a influência da utilização da telas anti-insetos em cultivo protegido, concluíram que a utilização das telas reduz drasticamente a velocidade dos ventos no interior dos abrigos e promove aumento do gradiente de temperatura nos abrigos. Visando o controle de pragas, a escolha do tamanho da malha da tela anti-insetos para utilização em cultivo protegido, deve ser feita baseada nas dimensões do tórax do inseto, tendo em mente sempre que quanto menor a malha, menor será a ventilação no interior dos abrigos (Bell & Baker, 2000). A utilização de telas em abrigos, permite controle de pragas, porém diminui a ventilação no interior dos abrigos, prejudicando os processos de troca de energia e massa de ar com o ambiente externo. Com isto, ocorre a diminuição da concentração de CO2 do ar do interior dos abrigos. A falta de ventilação também provoca excesso da umidade relativa do ar, favorecendo a condensação na parte interior dos plásticos, com gotejo sobre as plantas, favorecendo o desenvolvimento de doenças (Para & Gómez, 1998). As telas anti-insetos podem excluir insetos de abrigos e podem reduzir a necessidade de agrotóxicos. Elas também podem ser usadas como barreiras contra fatores do ambiente externo e facilitar o controle biológico de pragas dentro do abrigo. Porém, as telas têm uma grande desvantagem, pois elas reduzem a taxa de ventilação por causa da resistência delas à corrente de ar (Teitel & Shklyar, 1998). Reisser Júnior (2002) cultivando tomateiro em estufa plástica com cortina de tela anti-insetos e em estufa plástica sem cortina, observou que no ambiente com tela anti-insetos houve menor disponibilidade de radiação fotossinteticamente ativa, menor velocidade do vento e maior umidade relativa do ar, quando comparada com as estufas sem tela anti-insetos. Este autor 28 29 concluiu que as temperaturas do ar dentro de estufas plásticas, com ou sem telas anti-insetos, dependem das condições térmicas do ambiente externo. 2.3 – A cultura do tomateiro O tomateiro é uma planta dicotiledônea do gênero Lycopersicon pertencente à família Solanaceae. Esta é uma família botânica extremamente diversificada que engloba cerca de 90 gêneros e 2.600 espécies. O tomateiro foi inicialmente descrito por Linnaeus como Solanum lycopersicon. Em 1754, Miller estabeleceu o gênero Lycopersicon, classificando o tomateiro como Lycopersicon lycopersicum (L.). Finalmente, em 1987 foi confirmado o binômio Lycopersicon esculentum Miller. O gênero Lycopersicon apresenta um número relativamente pequeno de espécies, aproximadamente nove, porém, somente Lycopersicon esculentum Mill. é cultivada como hortaliça. As espécies silvestres deste gênero são utilizadas no melhoramento do tomateiro (Giordano et al., 2003). O tomateiro é originário da América do Sul (Centro de Origem Peruano, Equatoriano, Boliviano), mais precisamente, da região compreendida entre o Equador até o norte do Chile e o litoral do Pacífico, até uma altitude de aproximadamente 2000m. Diversas espécies silvestres são ainda hoje encontradas nesta área (Minami & Haag, 1980). Da América do Sul o tomateiro foi, provavelmente, levado pelos nativos sul-americanos para o México e pelos viajantes europeus para outras partes do mundo. Inicialmente, o tomateiro foi cultivado como planta ornamental nos jardins europeus, sendo que os italianos iniciaram seu cultivo e uso na alimentação humana. Cultivares de frutos grandes e carnosos, obtidas nos últimos cem anos, estão eliminando as cultivares nativas, inclusive na sua região de origem (Gómez et al., 2000). O tomateiro apresenta porte herbáceo, podendo ser de crescimento determinado ou indeterminado, com folhas compostas de um número ímpar de folíolos peciolados com limbo foliar oval e bordas serreadas. A inflorescência é um rácimo. O caule adulto é semi-lenhoso que, em contato com o solo, emite raízes adventícias (Cançado Júnior et al., 2003). 29 30 A ampla adaptação da planta, aliada aos processos de melhoramento genético, impulsionou o cultivo do tomateiro, que é realizado em praticamente todo o mundo. É a segunda hortaliça mais cultivada, sendo superada apenas pela batata. A ampla aceitação e preferência pelo tomate devem-se às suas qualidades gustativas, ao aporte de vitaminas e minerais e à possibilidade de um amplo uso, tanto no estado fresco quanto industrializado (Gómez et al., 2000). A produção mundial de tomate no ano 2003 foi de 112.308.298 t, obtidas em 4.231.669 ha, com uma produtividade média de 26.539 t ha -1. A China é o maior produtor, com 1.205.153 ha plantados, sendo responsável por 25% da produção mundial, seguido pela Índia com 520.000 ha. O Brasil é o oitavo produtor mundial e o primeiro produtor da América Latina (FAO, 2004). No Brasil, em 2002, a produção de tomate alcançou 3.652.923 t obtidas em 62.647 ha. A produtividade média nacional foi de 58,309 t.ha -1 A região Sudeste concentra a maior área plantada com tomateiro, sendo que o maior produtor nacional é o estado de Goiás, com uma produção de 951.410 t, obtidas em 12.512 ha. O segundo maior produtor é o estado de São Paulo com 765.990 t, seguido pelo estado de Minas Gerais, com 637.219 t (IBGE, 2004). 2.3.1 - Exigências climáticas do tomateiro O tomateiro, mesmo sendo originário de uma região que apresenta temperaturas moderadas (médias de 15ºC a 19ºC) e precipitações não muito intensas, floresce e frutifica em condições climáticas bastante variáveis. A planta pode desenvolver-se em climas do tipo tropical de altitude, subtropical e temperado, o que permite o seu cultivo em diversas regiões do mundo. Porém, existem limitações de cultivo, dependentes das condições locais de temperatura, umidade relativa do ar e radiação solar (Embrapa, 2003). 2.3.1.1 – Temperatura A temperatura é um dos fatores climáticos mais limitantes à cultura não se adaptando o seu cultivo em locais com temperaturas abaixo de 10ºC e acima de 35ºC (Minami & Haag, 1980). 30 31 A temperatura exerce forte influência em todas as fases do desenvolvimento da cultura do tomateiro, sendo que para germinação das sementes, a temperatura mínima é de 11ºC, a ótima de 16 a 29ºC e a máxima de 34ºC (Gómez et al., 2000). A temperatura ótima para o desenvolvimento vegetativo encontra-se na faixa de 20ºC a 24ºC, tolerando a planta temperaturas que oscilam entre 10ºC a 34ºC neste estádio. (Cermeño, 1979; Gómez et al., 2000). Quando submetido a temperaturas inferiores a 12ºC o tomateiro tem seu crescimento reduzido, sendo sensível a geadas. A velocidade de crescimento do talo da planta aumenta com a elevação da temperatura (Nuez, 2001). Uma termoperiodicidade ao redor de 6ºC é benéfica para o desenvolvimento do tomateiro (Gómez et al., 2000). Para a floração, a temperatura ideal se encontra entre 12 e sendo que, temperaturas abaixo de 10ºC 25ºC, e acima de 40ºC afetam drasticamente a produção de pólen e o pegamento dos frutos. Temperaturas noturnas próximas de 32ºC causam abortamento de flores, (Cermeño, 1979; Gómez et al., 2000; Embrapa, 2003). Com temperaturas médias de 20ºC, as flores se desenvolvem mais rapidamente do que a 16ºC (Nuez, 2001). A coloração e o desenvolvimento dos frutos também são afetados pelas temperaturas. Em temperaturas médias superiores a 28ºC, formam-se frutos com coloração amarelada, em razão da redução da síntese de licopeno (responsável pela coloração vermelha típica dos frutos), mau desenvolvimento dos frutos e formação de frutos ocos (Minami & Haag, 1980; Embrapa, 2003). A temperatura do solo ideal para o desenvolvimento da cultura do tomateiro situa-se entre 21 e 30ºC, sendo que temperaturas abaixo de 20ºC reduzem o crescimento da planta (Cermeño, 1979). 2.3.1.2 – Umidade relativa do ar A umidade relativa do ar tem forte influência no desenvolvimento e rendimento da cultura do tomateiro. Sob condições de alta umidade relativa ocorre a formação de orvalho e as folhas se mantêm úmidas por longo período 31 32 do dia, favorecendo o desenvolvimento de doenças de origem bióticas (Embrapa, 2003). Para Andriolo (2000), a alta umidade ainda provoca diminuição no fluxo de transpiração da planta, afetando a absorção de nutrientes, especialmente o cálcio, causando uma doença fisiológica conhecida como podridão apical dos frutos. Para o cultivo do tomateiro em ambiente protegido, a umidade ideal situa-se entre 50 e 60%. Acima destes valores, as plantas podem ficar expostas a determinados patógenos e a polinização não ocorre com normalidade. Com baixa umidade relativa do ar, ocorre dificuldade de fixação do pólen no estigma, e com alta umidade, o pólen se compacta dificultando a deiscência das anteras e a liberação do pólen e, conseqüentemente prejudicando a polinização e reduzindo a produtividade da cultura (Grange & Hand, 1987; Cermeño, 1979). A baixa umidade também provoca excessiva taxa de transpiração da planta, provocando fechamento dos estômatos com conseqüente diminuição da fotossíntese, e seus reflexos na planta (Andriolo, 2000). 2.3.1.3 - Radiação solar Dentre as exigências climáticas para o cultivo do tomateiro, a radiação solar pode ser um fator limitante em determinadas regiões e épocas do ano. De acordo com a FAO (1990), o tomateiro exige no mínimo 200 cal cm -2dia-1 para o seu desenvolvimento normal e abaixo desta radiação, ocorre paralisação do crescimento e até morte da planta. O tomateiro não responde significativamente ao fotoperíodo, desenvolvendo-se bem tanto em condições de dias curtos quanto de dias longos (Embrapa, 2003). 2.4 - Problemas fitossanitários da cultura do tomateiro Dentre as hortaliças cultivadas tradicionalmente, o tomateiro é o mais suscetível a doenças e pragas, que dificultam seu cultivo, e impõem ao produtor o uso intenso de produtos químicos para o seu controle. Isto eleva os custos de produção e aumenta os riscos à saúde pública e ao ambiente. Caso não controladas eficientemente, as pragas e doenças podem comprometer até 32 33 100% da produção de tomates. A incidência e severidade das pragas e doenças dependem do grau de resistência e suscetibilidade da cultivar, do manejo da cultura, das condições edafoclimáticas e do período de cultivo, (Epamig, 1992; Rebelo et al., 2000; Gómez et al., 2000). 2.4.1- Ocorrência de doenças A cultura do tomateiro está sujeita a mais de uma centena de doenças que podem ser de origem parasitária (biótica) e não parasitária (abiótica). As de origem bióticas são causadas por fungos, bactérias, vírus e outros seres vivos. A ocorrência destas doenças está na dependência da presença do agente causador, da sensibilidade da cultivar e das condições ambientais. As de origem abiótica são causadas por temperatura e luminosidade inadequadas, falta ou excesso de nutrientes e água, fitotoxidez, salinidade e outros, (Gómez et al., 2000; Lopes et al., 2003). A ocorrência de doença nas plantas é resultante de uma complexa interrelação patógeno-hospedeiro-ambiente físico (Burrage, 1978). A duração do período de molhamento foliar é de grande importância nos processos epidemiológicos, favorecendo a germinação de esporos de fungos e sua penetração nos tecidos das plantas (Pezzopane et al., 1995) Dentre as doenças fúngicas que causam danos econômicos aos produtores, tanto nos cultivos a céu aberto como em cultivo protegido, pode-se citar a pinta preta (Alternaria solani), a requeima (Phythophtora infestans), a septoriose (Septoria lycopersici), a mancha-de-cladospório (Cladosporium fulvum), o mofo-cinzento (Botrytis cinerea) e o oídio (Erysiphe cichoracearum). A pinta-preta (Alternaria solani) é uma doença que ocorre em todas regiões produtoras de tomate. Esta doença é favorecida por altas temperaturas ( 24 a 29ºC) e umidade elevada, sendo mais severa no verão ou em condições de altas temperaturas. A requeima (Phythophtora infestans) é uma das doenças mais destrutivas do tomateiro, podendo comprometer toda produção em poucos dias. É favorecida por umidade elevada e temperatura entre 14 e 22ºC. Em temperaturas acima de 30ºC a requeima dificilmente ocorre. 33 34 A mancha-de-cladospório (Cladosporium fulvum) é uma doença bastante dependente das condições climáticas para se desenvolver. Só ocorre sob longos períodos de alta umidade relativa do ar (90%). Não ocorre sob condições de umidade abaixo de 85%. Por isto, é mais freqüente no Norte do Brasil e em cultivo protegido. O mofo-cinzento, (Botrytis cinerea) é uma doença muito rara em cultivos a céu aberto, mas pode se tornar severa em cultivo protegido, caso haja excesso de umidade no interior dos abrigos. O oídio (Erysiphe cichoracearum) pode ocorrer em tomateiro cultivado a céu aberto, porém assume maior importância quando a planta é cultivada em ambientes protegidos. As condições ótimas para o desenvolvimento desta doença são baixa intensidade luminosa, temperaturas entre 20 a 27ºC e alta umidade, podendo desenvolver-se também em condições de baixa umidade relativa do ar (50%), (Lopes & Santos, 1994; Mizubuti & Brommonschenkel, 1996; Garbor & Wiebe, 1997; Gómez et al., 2000; Lopes et al., 2003;). 2.4.2 – Ocorrência de pragas O tomateiro é atacado por uma série de pragas, algumas principais e outras secundárias. Dentre as pragas principais, existem aquelas que causam danos diretos à planta e/ou fruto, como a broca-pequena-do-fruto (Neoleucinodes elegantalis), a traça do tomateiro (Tuta absoluta), a brocagrande (Heliothis spp) e a larva minadora (Liriomyza spp.), ou ainda pragas que causam danos indiretos (por serem transmissoras de vírus) como por exemplo os tripes (Frankliniella schulzei), a mosca branca (Bemisia sp.) e os pulgões (Myzus persicae e Macrosiphum euphorbiae). A broca-pequena-do-fruto (Neoleucinodes elegantalis) é uma pequena mariposa com cerca de 25mm de envergadura e coloração geral branca. Após o acasalamento, a fêmea coloca os ovos nos frutos bem pequenos, junto ao cálice. Depois de nascidas, as lagartinhas penetram nos frutos, saindo de seu interior para empupar, por meio de um orifício redondo, característico do seu dano no fruto. A broca–grande-do-fruto (Heliothis spp) quando adulta é uma mariposa que mede de 30 a 40mm de envergadura; possui asas anteriores de coloração 34 35 cinza esverdeada e posteriores esbranquiçadas com manchas escuras. A fêmea coloca os ovos em qualquer parte da planta. Depois de eclodidas, as lagartas raspam as folhas e frutos, podendo adentra-se nestes, destruindo a polpa, os inutilizando para o mercado. A lagarta, à medida que vai se alimentando, aumenta de tamanho, chegando a 50mm de comprimento com coloração entre verde e marrom com listras longitudinais. Após a fase larval, a lagarta abandona o fruto para empupar no solo. A traça do tomateiro (Tuta absoluta) é uma praga que surgiu no Brasil a partir de 1980 em Jaboticabal-SP, e daí espalhou-se para todo o país. Os adultos são pequenas mariposas de hábitos crepusculares-noturnos. Medem 11mm de envergadura e apresentam cor cinza-prateada. A função dos adultos é reprodutiva. As fêmeas colocam os ovos na parte aérea da planta, preferencialmente nas folhas. Dos ovos eclodem as lagartinhas mastigadoras, de coloração verde-rosada, que passam a alimentar-se de toda a parte aérea da planta (broto apical, folhas, caules, botões florais, flores e frutos), iniciando o ataque nos brotos apicais. A fase de lagarta dura 14 dias, quando a praga empupa dentro de um casulo de seda na própria folha do tomateiro. A disseminação da traça ocorre pelo vento, pelo próprio vôo e pelo transporte de frutos contaminados com as lagartas. A larva minadora (Liriomyza spp.) ocorre em diversas partes do mundo, causando prejuízos em muitos cultivos. Os adultos são mosquinhas (dípteros) de coloração escura com manchas laterais amarelas. Medem de 1,5 a 2,0mm de comprimento. As fêmeas colocam os ovos dentro do tecido da folha, na página inferior. Após alguns dias eclodem as larvinhas que minam as folhas das plantas, vivendo dentro delas, no parênquima. Suas minas são estreitas e serpentiformes. Após a fase larval, abandonam a folha e transformam-se em pupas no solo. Os tripes (Frankliniella schulzei) são insetos pequenos, que apresentam dois pares de asas franjadas, aparelho bucal raspador-sugador e é sugador de seiva. Os adultos são insetos de corpo alongado, e medem no máximo 3mm de comprimento sendo de cor marrom escura quase preta. As formas jovens, sem asas, são de coloração amarela. Vivem abrigados no interior de flores, nos botões florais e nos brotos ou na página inferior das folhas. Alimentam-se exclusivamente de seiva. Os adultos e ninfas, ao alimentarem-se da seiva de 35 36 plantas viróticas, contaminam-se com o vírus, e ao serem levados pelo vento para outras lavouras, sugam a seiva de plantas sadias, transmitindo vírus. A mosca branca (Bemisia sp.) são insetos sugadores, que causam prejuízos diretos por sugar a seiva e depauperar as plantas sugadas, e indiretos, por serem transmissores de vírus. Em tomateiro, as moscas brancas ao sugarem a seiva, além de induzirem ao amadurecimento irregular dos frutos, favorecem o surgimento de fumagina, fungo de revestimento que se nutre de excreções açucaradas de certos insetos. Os pulgões (Myzus persicae e Macrosiphum euphorbiae) são insetos de coloração verde-clara e medem 2mm de comprimento. As colônias são formadas por adultos e ninfas ápteros que se instalam na página inferior das folhas, brotos terminais e ao longo do caule. A reprodução é partenogenética, não necessitando de macho. Em plantas com alta população, ocorrem alguns pulgões com asas que irão procurar novas plantas, disseminando-se pela lavoura. A infestação inicia-se com fêmeas aladas vindas pelo vento de outras plantas hospedeiras. Os pulgões causam prejuízos diretos ao tomateiro pela sucção da seiva e indiretos, pela transmissão de vírus (Gallo, 1978; Minami & Haag, 1980; Gonçalves et al., 1997; Picanço & Maequini, 1999; Souza & Reis, 2003). 36 37 3. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido na área de pesquisa da Estação Experimental de Itajaí, pertencente à Epagri-Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina em Itajaí-SC. A estação está situada a 27o 34’ de latitude Sul, 48o 30’ de longitude Oeste de Greenwich e altitude de 5 m. O clima do lugar é temperado, com chuvas bem distribuídas e verão quente, do tipo Cfa, conforme a classificação de Köeppen. O trabalho constou de avaliações agronômicas e microclimáticas ao longo do período de dois cultivos de tomateiros, realizados nas seguintes épocas: 1º cultivo em 2002: semeadura em 16/09, plantio em 29/07 e última colheita em 12/12/2002 e 2º cultivo em 2004: semeadura em 26/07, plantio em 02/09 e última colheita em 29/12/2004. Foram utilizados seis ambientes com dimensões de 10,0m x 7,0m, visando observar o comportamento do tomateiro em cultivo orgânico em ambiente protegido. Quatro ambientes foram criados em abrigos tipo pampeano medindo 10,0m x 7,0m, com altura de pé direito de 2,0m e altura da cumeeira de 3,5m. Os abrigos apresentavam somente o teto com PEBD, com espessura de 100µm. Em três destes abrigos foi avaliado o efeito de tipos de telas anti-insetos dispostos nas laterais dos abrigos, instaladas antes do plantio e permanecendo até o final do experimento. No quarto abrigo, não havia tela nas laterais. O quinto ambiente constituiu-se de área totalmente revestida com tela tipo citros, tanto nas laterais como na parte superior, medindo 10,0m x 7,0m, com altura de pé direito de 2,0m e altura da cumeeira de 3,5m de altura, também colocada antes do plantio e permanecendo até o final do experimento. O sexto ambiente foi a céu aberto. 37 38 Os três tipos de telas anti-insetos avaliados (Apêndice 1) foram: a) – Tela afídeo: 50 mesh - malha 0,5 x 0,5 mm - (20 fios/cm de tela) b) – Tela citros: 25 mesh - malha 1,0 x 1,0 mm - (10 fios/cm de tela) c) – Tela clarite: 12 mesh - malha 2,0 x 2,0 mm - ( 5 fios/cm de tela) As denominações dadas aos ambientes utilizados foram: AF - Cultivo em abrigo tipo pampeana com tela afídio nas laterais CI - Cultivo em abrigo tipo pampeana com tela tipo citros nas laterais CL - Cultivo em abrigo tipo pampeana com tela clarite nas laterais ST - Cultivo em abrigo tipo pampeana sem proteção de tela nas laterais RT - Cultivo em área revestida por tela tipo citros superior e lateralmente CA - Cultivo a céu aberto Em todos os ambientes utilizou-se mudas de mesmo tamanho e vigor, do híbrido “Fortaleza”, produzidas em bandejas de poliestireno com 128 células, instaladas em cultivo protegido. O espaçamento dos tomateiros utilizado em todos os ambientes foi de 1,00m entre as linhas e de 0,50m entre as plantas, com condução vertical, com duas hastes por planta, tutorados por bambú. A irrigação foi realizada por gotejamento e as demais práticas de manejo da cultura, como desbrota, amontoa e poda foram realizadas conforme as recomendações contidas no Manual de Cultivo Protegido (Rebelo et al., 2005). A adubação foi realizada seguindo as normas oficiais de adubação e calagem para os estados do RS e SC (Sociedade.....1994). Utilizou-se na adubação somente composto orgânico, que foi elaborado com palha de arroz e esterco de aves, utilizando-se quantidades recomendadas conforme análise do solo (Tabela 4A e 4C do apêndice 4) e análise dos teores de nutrientes do composto orgânico empregado (Tabela 4B e 4D do apêndice 4) para aos cultivos de 2002 e 2004 respectivamente. O controle de doenças, foi realizado com calda bordaleza e calda viçosa. O delineamento experimental foi estabelecido considerando cada ambiente como uma Unidade Experimental. Em cada ambiente foram avaliadas quatro linhas com 10 plantas úteis por linha, sendo cada linha uma repetição. 38 39 Em todos ambientes foram realizadas as seguintes avaliações: a) Avaliações dos aspectos microclimáticos Em todos os ambientes foram coletados dados de temperatura do ar, luminosidade e duração do período de molhamento foliar (DPM). A temperatura e o molhamento foliar foram medidos somente no cultivo de 2002 e a luminosidade somente em 2004. Estes dados foram coletados por estação meteorológica automática, com transmissão de dados instantâneos via telefonia. Foi usado um “datalogger” marca Campbell modelo CR10X, com 12 portas analógicas de 13 “bits” de resolução e 128.000 “bits” de memória. Para ligar um maior número de sensores foi usado um “multiplexer” de estado sólido para termopares marca Campbell modelo AM25T com 25 entradas e um “multiplexer” chaveado por relês marca Campbell modelo AM 16/32 com 32 entradas. A temperatura do ar foi medida com o transmissor “Transmicor” modelo T220 da Gefran. Este equipamento possui um sensor de temperatura Pt100 com exatidão de 0,2ºC e um sensor capacitivo para medição da umidade (exatidão de 2,5% entre 5 e 95% de umidade relativa do ar). Para determinação do molhamento foliar, utilizou-se “Sensor de Molhamento Folhar Epagri”, tipo prato, com 8 cm de diâmetro e 18 espirais de filamentos banhados em ouro. A luminosidade foi medida manualmente, ao meio-dia, em quatro locais por ambiente à 1,80 m de altura do solo, por meio de Luxímetro digital modelo LD-550 da ICEL/Manaus, com escala de medição de 0,1 a 200.000 lux. A unidade de medida, Lux, é uma unidade de iluminamento no Sistema Internacional de Unidades, equivalente à produção de um fluxo luminoso uniformemente distribuído sobre uma superfície na proporção de 1 lúmen por metro quadrado. b) Fenologia Foram observadas as datas de ocorrência de: Primeira inflorescência; Floração plena - quando 50% das plantas apresentaram um cacho floral; Início e fim da colheita e; Ciclo - no de dias desde o plantio das mudas até a última colheita; 39 40 c) Crescimento e desenvolvimento Altura da planta (cm); Diâmetro do caule (mm) medido a 20 cm do solo, Peso seco (g) ( caule, folhas e raízes) medido somente em 2004; Altura do primeiro cacho (cm); Número de cachos por planta; Número de flores abortadas; Área foliar (cm2) medida somente em 2004; A determinação da área foliar (AF), foi baseada no método não destrutivo, desenvolvido por Blanco & Folegatti (2003). Este mesmo método foi utilizado na determinação da área foliar da videira por outros autores (Pedro Júnior et al., 1986; Gutierrez & Lavin, 2000) Inicialmente, faz-se a determinação da equação de regressão que melhor expressa a relação entre a área de diversas folhas de tomateiro, medida pelo maior comprimento e maior largura de cada folha, e a área foliar destas mesmas folhas, determinada pelo medidor digital LI-COR3000. Posteriormente, determinou-se na planta, a altura relativa da folha que melhor representa a área foliar média da planta. Daí, fez-se a determinação do maior comprimento e maior largura desta folha representativa da planta, aplica-se a equação de regressão obtida anteriormente e multiplicou-se pelo número de folhas da planta. Obteve-se então a AF daquela planta. Neste trabalho, foram realizadas medições semanais, em 10 plantas por ambiente, obtendo-se a AF média das plantas de cada ambiente. d) Avaliação de doenças Percentual, peso e número de frutos infectados por doenças; Severidade das doenças requeima (Phythophtora infestans) e mancha-decladospórium (Cladosporium fulvum). A avaliação doenças foi realizada por meio de leituras da severidade destas feitas semanalmente, onde foram quantificadas, em cada ambiente, as plantas com a incidência das doenças. O nível de severidade foi atribuído, com nota de 0 a 10, sendo nota 0 (zero) para as plantas sem nenhum sintoma da doença e nota 10 40 41 (dez) para as plantas com mais de 50% da área foliar afetada pela doença. Utilizou-se, para isto, a escala diagramática (Apêncice 2), com diferentes percentuais de área foliar lesionada, conforme James (1971). e) Avaliação do ataque de insetos pragas Percentual, peso e número de frutos atacados por: Broca-pequena (Neoleucinodes elegantalis) Broca-grande (Heliothis spp) Traça-do-tomateiro (Tuta absoluta) f) Avaliação de dados de produção Peso médio dos frutos (g) Número e peso total de frutos.ha-1 Produção comercial em t.ha-1 Dentro de cada item dos dados de produção, foram avaliados o número, peso e percentual de frutos tipo comercial. Os frutos foram classificados por tamanho, para frutos redondos, segundo normas oficiais para padronização do Ministério da Agricultura (Portaria nº 553, de 30 de agosto de 1995), sendo frutos grandes (diâmetro acima de 9,0 cm), frutos médios (diâmetro entre 6,5 a 9,0 cm), frutos pequenos (diâmetro entre 5,0 a 6,5 cm) e frutos não comerciais (diâmetro inferior a 5,0 cm). Número, peso e percentual de frutos com defeitos, doentes e com podridão apical. g) Análise estatística Os dados foram submetidos à analise de variância e comparação de médias pelo teste Duncan a 1% de probabilidade, utilizando-se o programa de análise estatística WinStat (Machado & Conceição, 2004). 41 42 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados encontrados no presente trabalho, permitiram fazer as discussões relatadas a seguir. 4.1 – Aspectos microclimáticos dos ambientes utilizados. Relatamos a seguir os aspectos microclimáticas verificados nos diferentes ambientes de cultivo. 4.1.1 – Temperatura. A temperatura variou nos ambientes, o que demonstra que o uso de plástico e de telas anti-insetos provoca alteração na temperatura dos abrigos. Na Figura 1 visualiza-se a média das temperaturas máximas nos diferentes ambientes de cultivo ao longo do desenvolvimento da cultura do tomateiro, durante o primeiro período de cultivo estudado. Nos ambientes com cobertura plástica, ocorreu aumento das temperaturas, enquanto que nos ambiente onde não havia plástico na cobertura dos abrigos, estas temperaturas foram menores. Nos ambientes formados pelos abrigos com cobertura plástica, ambiente sem tela, com tela afídeo, com tela citros e com tela clarite ocorreram maiores temperaturas, com média das máximas de 29,7ºC, enquanto que nos ambientes sem cobertura plástica, ambiente céu aberto e abrigo revestido apenas por tela, foram registradas as menores temperaturas, com média das máximas de 28,2ºC. A média da temperatura máxima mensal mais elevada foi registrada no ambiente formado com tela afídeo. Em agosto, no início do plantio, foi de 27,7ºC, e em dezembro, no término do cultivo, alcançou 36,33ºC. Já o ambiente céu aberto, registrou a menor média das máximas, 23,6ºC em agosto e 32,22ºC em dezembro. Segundo Sentelhas & 42 43 Santos (1995), durante o dia, em virtude da radiação líquida positiva, as temperaturas máximas no interior de abrigos, atingem valores bem superiores aos que ocorrem no exterior dos abrigos. Diversos autores também constataram que há aumento significativo da temperatura do ar no interior de abrigos plásticos em relação à temperatura externa (Montero et al., 1985; Robledo & Martin, 1988; Martins et al., 1999). Temperatura ºC 40 36.3 35 33.3 32.1 32.2 30.7 30 27.7 28.3 23.6 23.8 25 29.0 ST CA AF CI RT CL 20 Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Ciclo do tomateiro FIGURA 1 Média das temperaturas máximas registradas durante o cultivo do tomateiro no período de 29/07 a 12/12/2002 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Na Figura 2 estão apresentados os resultados da média das temperaturas máximas, onde observa-se que o uso das telas anti-insetos na lateral dos abrigos provoca aumento da temperatura no interior dos abrigos. A média das temperaturas máximas foi mais elevada, durante todo período de cultivo, no ambiente do abrigo com tela afídeo que tem malha mais adensada, onde se registrou 31,5ºC, ao passo que no ambiente do abrigo sem tela, a 43 44 média das temperaturas máximas foi de 29,0ºC. Teitel (2001) constatou que ao utilizar telas anti-insetos nas aberturas dos abrigos, ocorre diminuição da ventilação e aumento da temperatura no interior dos abrigos, e que a diminuição da ventilação é proporcional ao adensamento da malha da tela antiinseto. (Reisser Júnior, 2002; Fatnassi et al., 2003) constataram que no cultivo em ambiente protegido, com e sem tela anti-insetos, a temperatura interna foi maior no abrigo com tela do que no abrigo sem tela, pois neste ambiente, em virtude da menor ventilação provocada pela presença da tela, não ocorre resfriamento do ambiente, deixando a temperatura mais elevada. Tanny et al., (2003), observaram que a utilização da tela anti-afídeo de 50 mesh (malha 0,5 x 0,5mm) resultou na redução da taxa de ventilação entre 51 e 71% no interior Média das temperaturas máximas ( ºC) do abrigo. 32 31 A 30 B 29 B C C 28 D 27 AF CI CL RT ST CA Tratamentos FIGURA 2 Média das temperaturas máximas registradas no cultivo do tomateiro no período de 29/07 a 12/12/2002 em Itajaí-SC, nos ambientes (AF) (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), CL (abrigo com tela clarite), RT (abrigo revestido por tela), ST (abrigo sem tela) e CA (céu aberto). Médias com a mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.= 1,12%. 44 45 4.1.2 – Molhamento foliar O período de molhamento foliar foi alterado pela cobertura dos abrigos e pelos tipos de telas anti-insetos das laterais dos abrigos. A Tabela 1 apresenta o número de horas de molhamento foliar ocorrido em cada ambiente estudado. Nos abrigos onde havia cobertura plástica, seja sem tela, com tela clarite, com tela cit;ros e com tela afídeo, ocorreu menor período de molhamento foliar, com média nestes ambientes de 638 horas, sendo o menor valor encontrado no abrigo com tela clarite onde se registraram 455 horas de molhamento foliar. Nos ambientes onde não havia cobertura plástica, seja a céu aberto ou revestido por tela, ocorreu maior período de molhamento foliar, com média de 1.169 horas, sendo o maior valor registrado no ambiente revestido por tela, com duração de 1.286 horas de molhamento foliar. Martins et al., (1992), cultivando tomateiro em ambiente protegido e a céu aberto, constataram efeito positivo da proteção plástica sobre as plantas, pela redução do período de molhamento foliar. TABELA 1 Número de horas de molhamento foliar ocorridas na cultura do tomateiro no período de 29/07 a 12/12/2002 em Itajaí-SC, nos ambientes formados pelos abrigos RT (revestido por tela), ST (sem tela), AF (com tela afídeo), CI (com tela citros), CL (com tela clarite) e CA (céu aberto). Ambientes Molhamento foliar ( horas) RT 1.286 a CA 1.053 b ST 807 c AF 756 c CI 537 d CL 455 d Médias com a mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1% . CV.= 6.81%. 45 46 4.1.3 – Radiação solar No ambiente a céu aberto, ocorreu a maior luminosidade, atingindo 94.700 lux, enquanto que no ambiente revestido por tela, ocorreu a menor luminosidade, que foi de 51.572 lux, representando 54,4% da luminosidade do ambiente céu aberto. A Figura 3 apresenta a porcentagem de luminosidade incidente em cada ambiente de cultivo estudado, em relação ao ambiente céu aberto. Observou-se que o plástico reduz a luminosidade no interior dos abrigos, pois no ambiente coberto com PEBD e sem tela, a luminosidade foi de 81,1% da registrada no ambiente céu aberto. Segundo Martins et al., (1999), a disponibilidade de radiação no interior dos abrigos plásticos é inferior àquela que incide no ambiente externo. Farias et al., (1993), observaram que em abrigo tipo capela, o percentual de radiação solar que penetrou no interior do abrigo, variou entre 65 a 90% do total da radiação externa. Sentelhas et al., (1999) constataram transmissividade que média da o filme radiação de PVC solar transparente global (Qg), da apresenta radiação fotossinteticamente ativa (RFA), e da iluminância (IL) respectivamente de 71%, 72%, e 85%. Para Kurata (1990), a radiação no interior dos abrigos, sempre será menor do que a do exterior, porque ocorrem processos de reflexão e absorção pela estrutura do abrigo. Segundo Kemples et al., (2000), a cobertura plástica modifica as condições climáticas, quando comparadas ao ambiente externo, causando redução na radiação interna. Observou-se também que o emprego da tela anti-insetos afídeo provocou diminuição da luminosidade no interior dos abrigos, representando 56,6% da luminosidade do ambiente céu aberto, enquanto que no abrigo sem tela este porcentual foi de 83,1%. Reisser Júnior (2002) cultivando tomateiro em ambiente protegido, com e sem tela antiinsetos nas laterais do abrigo, constatou menor radiação interna nos abrigos com tela anti-insetos. 46 47 luminosidade (%) em relação ao ambiente céu aberto 120 100.0% 100 83.1% A 80 79.6% B 60 B 71.6% BC 40 56.6% 54.4% CD D AF RT 20 0 CA ST CL CI Tratamentos FIGURA 3 Intensidade luminosa (% em relação ao ambiente CA-céu aberto) ocorrida na cultura do tomateiro no cultivo de 2004, em ItajaíSC, nos ambientes CA (céu aberto), ST (abrigo sem tela), CL (abrigo com tela clarite), CI (abrigo com tela citros), AF (abrigo com tela afídeo) e RT (abrigo revestido por tela). Médias com a mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.= 9,98% 4.2 - Fenologia da planta Relatamos a seguir os aspectos relacionados com a fenologia da planta e período de duração da colheita nos dois anos de cultivo. 4.2.1 – Duração das fases fenológicas. A ocorrência dos diferentes estádios fenológicos ao longo do desenvolvimento da cultura transcorreu de forma semelhante em todos ambientes estudados, não havendo grandes diferenças entre os ambientes. Reisser Júnior (2002) também constatou que o tomateiro em ambiente protegido, à céu aberto e em ambiente protegido com tela anti-insetos na lateral do abrigo, teve semelhante duração das fases fenológicas em qualquer destes ambientes. Houve diferença no ciclo total da cultura entre as épocas de cultivo. 47 48 O período de produção das mudas no cultivo de 2002, quando a semeadura foi realizada em 19/06, foi de 40 dias. Já em 2004, onde a semeadura ocorreu em 26/07, o período de sementeira diminuiu para 36 dias. Os dados referentes aos estádios fenológicos do tomateiro estão na Tabela 2. O primeiro cacho floral surgiu, em média, 16 dias após o plantio (DAP), e aos 31 DAP, metade do número das plantas já apresentavam floração plena. No cultivo de 2002, transplantado em 29/07, o início da colheita foi aos 85 DAP e durou 49 dias, com ciclo total de cultivo de 174 dias. Em 2004, onde o transplante ocorreu em 02/09, a primeira colheita se deu aos 77 DAP e durou 40 dias, com ciclo total de cultivo de 153 dias. TABELA 2 Ocorrência dos estádios fenológicos das plantas do tomateiro em dias após o plantio, cultivados nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite) no período de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09/ a 29/12/2004 em ItajaíSC. Ano 2002 Estádios fenológicos ST CA AF CI Ano 2004 RT CL ST CA AF CI RT CL 1ª cacho 16 17 15 15 18 16 16 17 15 17 18 16 floral Floração 31 32 28 30 31 30 32 34 29 31 32 31 plena Primeira 85 85 85 85 85 85 77 77 77 77 77 77 colheita Duração da 49 49 49 49 49 49 40 40 40 40 40 40 Colheita Última 134 134 134 134 134 134 117 117 117 117 117 117 Colheita Ciclo total** 174 174 174 174 174 174 153 153 153 153 153 153 **Ciclo total compreende o período desde a semeadura até a última colheita. O encurtamento do ciclo ocorrido em 2004, pode ser atribuído às temperaturas médias mais elevadas ocorrida neste período de cultivo, quando comparadas ao período de 2002. Em 2004, a temperatura média externa nos primeiros 60 dias após o plantio foi de 19,2ºC, enquanto que em 2002, foi de 17,3ºC. Segundo Minami & Haag (1980), a duração das fases fenológicas do tomateiro está diretamente ligada com a época de cultivo, hábito de 48 49 crescimento da cultivar do tomateiro e manejo da cultura. Em épocas com temperaturas menores, ocorre diminuição do crescimento e aumento do ciclo da cultura. Para Silva et al., (1999) que trabalharam com a cultura da alface, o aumento da temperatura acelera o desenvolvimento da planta, reduzindo seu ciclo. 4.2.2 – Crescimento e desenvolvimento das plantas As diferenças observadas, principalmente d temperatura e luminosidade nos diferentes ambientes estudados, provocaram variações no crescimento e desenvolvimento das plantas ao longo do período observado. 4.2.2.1 – Altura das plantas A altura das plantas diferiu entre os ambientes desde a primeira semana após o plantio e foi semelhante nos dois anos de cultivo. Na Figura 4 estão apresentados os dados de crescimento das plantas no ano de 2002, onde observa-se que houveram dois grupos que se comportaram de forma diferente, sendo um grupo composto pelas plantas dos ambientes tela afideo, tela citros e tela clarite que cresceram mais rapidamente em altura, e outro grupo formado pelas plantas dos ambientes sem tela, céu aberto e revestido por tela, que tiveram crescimento mais lento. No abrigo com tela de malha mais adensada, (tela afídeo), as plantas apresentaram maior altura, atingindo 21,7cm de altura aos 14 DAP. Já no ambiente céu aberto e no abrigo revestido com tela, as plantas apresentaram crescimento em altura mais lento, atingindo, neste período, 13,9cm no ambiente céu aberto e 17,3cm no abrigo revestido por tela. Aos 70 DAP, as plantas do abrigo sem tela atingiam 162,3cm, 198,3cm no abrigo tela afídeo 186,0cm no abrigo tela citros e 186,9cm no abrigo tela clarite. Já as plantas dos ambientes a céu aberto e do abrigo revestido com tela que apresentaram menor altura, atingiam neste período, 132,3cm e 148,1cm respectivamente. 49 50 Altura de tomateiros (cm) 250 200 ST CA AF CI RT CL 150 100 50 0 14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 Dias após o plantio FIGURA 4 Altura das plantas de tomateiros (cm) registrada em dias após o plantio, no período de cultivo entre 29/07/2002 a 12/12/2002 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Na Figura 5 estão apresentados os resultados do crescimento das plantas no ano de 2004. Observa-se novamente a formação de dois grupos, sendo que, neste ano o grupo de plantas que cresceram mais rapidamente em altura foi composto pelas plantas dos ambientes com plástico na cobertura (sem tela, tela afídeo, tela citros e tela clarite). O outro grupo, formado pelas plantas dos ambientes sem cobertura plástica (céu aberto e revestido por tela) tiveram crescimento em altura mais lento. Neste ano de cultivo com temperaturas médias mais elevadas, as plantas apresentaram crescimento um pouco mais acelerado atingindo no ambiente do abrigo com tela afídeo, aos 14 DAP, 28,5cm, enquanto que no ambiente externo céu aberto, atingiram apenas 16,8cm. Já aos 70 DAP, as plantas dos abrigos com cobertura plástica e com a tela afídeo atingiram 222,6cm, abrigo com tela citros 214,4cm, abrigo com tela clarite 198,5cm e abrigo sem tela 196,6cm. As plantas do ambiente céu aberto atingiram apenas 135,2cm e no abrigo revestido por tela 128,5 cm. 50 Altura de tomateiros (cm) 51 250 200 ST CA 150 AF CI 100 RT CL 50 0 14 21 28 35 42 49 56 63 70 Dias após o plantio FIGURA 5 Altura das plantas de tomateiros (cm) registrada em dias após o plantio, no período de cultivo entre 02/09 a 29/12/2004 em ItajaíSC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Em todos os ambientes onde se utilizou plástico na cobertura dos abrigos, desprovidos de tela ou com tela, ocorreu maior crescimento em altura das plantas. Este maior crescimento em altura pode ser atribuído às temperaturas mais elevadas ocorridas nestes ambientes, e também ao maior enfolhamento das plantas em face da menor incidência da requeima ambientes protegidos por plástico. Para Martins et al., (1999), nos apesar da redução da radiação solar global no interior dos abrigos, ocorre um aumento da fração da radiação solar difusa, sendo isto importante, uma vez que a radiação difusa é multidirecional, podendo ser melhor aproveitada pela planta, notadamente por plantas capazes de grande interceptação da luz. Reisser Júnior (2002) constatou que as plantas em cultivo protegido apresentaram maior altura dos que as cultivadas em ambiente externo. Para Segovia et al., (1997) o crescimento das plantas em cultivo protegido é maior do que o verificado em ambiente natural, devido, principalmente, ao aumento da temperatura no interior dos abrigos. A menor velocidade de crescimento ocorreu nos ambientes sem cobertura plástica, céu aberto e abrigo revestido com tela, onde a média das 51 52 temperaturas máximas foi menor e a severidade da requeima foi maior. Abreu et al., (1994) relatam que as baixas temperaturas provocam diminuição do crescimento das plantas. Nuez (2001) cita que o crescimento da planta aumenta com a elevação da temperatura. Portanto, o maior crescimento das plantas no ambiente do abrigo com tela afídeo pode ser creditado à maior temperatura e menor luminosidade ocorrida neste ambiente. A aplicação de telas anti-insetos nas laterais dos abrigos também influi no crescimento das plantas. Reisser Júnior (2002) constatou que as plantas de tomateiro cultivadas em ambiente protegido com telas anti-insetos nas laterais, apresentaram maior altura do que as cultivadas em ambiente protegido, sem tela. Observou-se que o adensamento da malha da tela anti-insetos provocou aumento na altura das plantas. Este comportamento foi semelhante nos dois anos de cultivo, 2002 e 2004 e pode ser atribuído ao aumento de temperatura e diminuição da luminosidade registradas nos abrigos com as telas anti-insetos. Entre os ambientes com cobertura plástica, a maior altura foi observada no ambiente do abrigo com a tela afídeo, que apresentou maior média das temperaturas máximas e menor luminosidade. A menor altura foi registrada no abrigo sem tela, onde ocorreram a menor média das temperaturas máximas e maior luminosidade entre os ambientes com cobertura plástica. 4.2.2.2 – Diâmetro do caule. Os registros do diâmetro do caule mostram que ao longo do crescimento da cultura, houve alternância entre as medidas tomadas e entre os ambientes. Na Figura 6 está apresentado o diâmetro do caule das plantas no cultivo de 2002, onde se observa que no primeiro registro aos 14 DAP, o menor diâmetro do caule encontrava-se no ambiente a céu aberto, com 3,2mm e o maior diâmetro no abrigo com tela clarite 4,5mm. Com o passar do tempo, no entanto, nas plantas do ambiente céu aberto o diâmetro do caule aumentava, chegando a 12,2mm aos 42 DAP. Ao final das leituras, aos 99 DAP, os maiores diâmetros encontravam-se nas plantas do ambiente do abrigo sem tela 15,0mm, ambiente céu aberto e abrigo com tela clarite, ambos com 14,4mm. O menor diâmetro encontrava-se nas plantas cultivadas no ambiente do abrigo 52 53 revestido com tela, 12,5mm. Já as plantas do abrigo com tela afídeo, que apresentaram maior altura, tinham o diâmetro do caule de apenas 13,6mm, Diâmetro do caule (mm) indicando estiolamento. 16.0 14.0 ST 12.0 CA 10.0 AF 8.0 CI 6.0 RT CL 4.0 2.0 14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 85 92 99 Dias após o plantio FIGURA 6 Diâmetro do caule dos tomateiros (mm) registrado em dias após o plantio, no período de cultivo entre 29/07 a 12/12/2002 em ItajaíSC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Na Figura 7 está apresentado o diâmetro do caule no cultivo de 2004 onde constata-se comportamento semelhante ao cultivo de 2002. Aos 14 DAP, o maior diâmetro encontrava-se no ambiente do abrigo com tela citros, 5,7mm enquanto que o menor diâmetro encontrava-se no ambiente do abrigo revestido com tela, 3,5mm. No final das leituras, aos 99 DAP, os diâmetros das plantas encontravam-se semelhantes, com exceção das plantas do ambiente revestido por tela que apresentou o menor diâmetro , atingindo apenas 9,4mm. 53 Diâmetro do caule do tomateiro (mm) 54 16.0 ST 14.0 12.0 CA 10.0 AF 8.0 CI 6.0 RT 4.0 CL 2.0 14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 85 92 99 Dias após o plantio FIGURA 7 Diâmetro do caule dos tomateiros (mm) registrado em dias após o plantio, no período de cultivo entre 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). 4.2.2.3 – Altura do primeiro cacho floral Houve uma relação direta entre altura da planta e altura do primeiro cacho floral. Na Figura 8 estão registradas as alturas do primeiro cacho floral das plantas dos cultivos de 2002 e 2004. Em 2002, as plantas do ambiente do abrigo com tela afídeo, que apresentaram maior crescimento em altura, também apresentaram a maior altura do primeiro cacho floral, 56,5cm, seguida pela altura nas plantas do ambiente do abrigo revestido com tela, 51,2cm. No cultivo de 2004, a maior altura do primeiro cacho foi nas plantas do ambiente do abrigo revestido com tela, 47,8cm, seguida pela altura nas plantas do abrigo com tela afídeo, 45,1cm. A menor altura foi encontrada nas plantas do abrigo sem tela, 36,9cm, nas plantas do cultivo de 2002 e 35,3 cm nas plantas do ambiente a céu aberto, em 2004. 54 Altura do primeiro cacho floral de tomateiro (cm) 55 2002 60 A 50 40 30 2004 C ab C B B a B bc c c d 20 10 0 ST CA AF CI RT CL Tratamentos FIGURA 8 Altura do primeiro cacho floral de tomateiros, cultivados entre 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Médias com a mesma letra, (maiúsculas 2002 e minúsculas 2004), não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.=4,55% (2002); CV.=6,82% (2004) 4.2.2.4 – Número de cachos por planta Nas plantas dos ambientes onde não havia cobertura plástica, ambiente céu aberto e abrigo revestido com tela, ocorreu o menor número de cachos, tanto no cultivo de 2002 como de 2004. Nestes ambientes as plantas foram severamente infectadas pela doença foliar requeima. Na Figura 9 encontra-se registrado o número médio de cachos florais por planta. Em 2002, as plantas do ambiente céu aberto tiveram menor média, 8,0 cachos florais por planta, seguido pelo abrigo revestido com tela, com 9,3 cachos planta -1. Já no cultivo de 2004, o ambiente do abrigo revestido com tela apresentou o menor número de cachos, 8,2 cachos planta-1, seguido pelo ambiente céu aberto com 9,2 cachos planta-1. As plantas do abrigo sem tela apresentaram no ano de 2002, 55 56 11,5 cachos florais por planta, seguido pelas plantas do abrigo com tela clarite, com 10,9 cachos florais por planta e em 2004 11,6 cachos planta -1 no abrigo sem tela e 11,5 cachos planta-1 no abrigo com tela clarite. O número de cachos Número de cachos por tomateiro florais por planta influi diretamente na produtividade da cultura. 14 12 10 8 6 4 2 0 A a b A a A a A B a 2002 c C 2004 ST CA AF CI RT CL Tratamentos FIGURA 9 Número de cachos planta-1 por tomateiro, cultivados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em ItajaíSC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Médias com a mesma letra (maiúsculas 2002 e minúsculas 2004), não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.= 5,31% (2002); CV.= 4,05 (2004). 4.2.2.5 – Área foliar A área foliar diferiu entre os ambientes. Na Figura 10 encontra-se a evolução da área foliar nos diferentes ambientes de cultivo, durante o desenvolvimento da cultura do tomateiro até os 70 DAP Observou-se a existência de três grupos de plantas. No primeiro grupo, formado pelas plantas dos ambientes onde havia cobertura plástica para proteção das plantas contra chuvas (ambiente do abrigo sem tela, abrigo com tela afídeo, abrigo com tela citros e abrigo com tela clarite) ocorreu um maior desenvolvimento da área foliar das plantas, atingindo em média nestes ambientes, 459 cm 2 planta-1 no 56 57 início do cultivo, chegando no final das medições, aos 70 DAP, com 31.170cm2 planta-1. No segundo grupo, formado pelas plantas do ambiente céu aberto, a área foliar foi menor, atingindo 185 cm 2 planta-1 no início do cultivo e 18.976 cm2 planta-1 no término das medições aos 70 DAP. O terceiro grupo formado pelas plantas do ambiente revestido por tela, atingiu 197 cm 2 planta-1 no início do cultivo e 8.282 cm2 planta-1 no término das medições aos 70 DAP. Reisser Júnior & Buriol (1996) também constataram que nos cultivos em ambientes protegidos ocorre maior desenvolvimento da área foliar das plantas. Para Farias et al., (1993), a ocorrência de maior radiação difusa no interior de abrigos, quando comparada ao ambiente externo, favorece a realização de fotossíntese, contribuindo para o aumento da área foliar das plantas. Fora dos abrigos, as plantas, além de não contarem com os benefícios da cobertura plástica, foram severamente infectados por Phytophtora infestans, o que reduziu drasticamente a área foliar. Àrea foliar do tomateiro (cm2 ) x 1.000 35 a a a a 30 25 20 b 15 ST CA AF CI 10 c 5 RT CL 0 14 21 28 35 42 49 56 63 70 Dias após o plantio FIGURA 10 Área Foliar (cm2 planta-1) de tomateiros no cultivo de 2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Médias (última leitura aos 70 DAP) com a mesma letra não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.= 21,13%. 57 58 Na Figura 11 está representada a severidade da requeima e a área foliar das plantas. Nos ambientes sem proteção plástica, ambiente céu aberto e abrigo revestido por tela, ocorreu maior severidade da requeima, com índice médio de severidade nestes ambientes de 8,24. Como conseqüência disto, nestes ambientes ocorreu destruição da folhagem das plantas e menor desenvolvimento da área foliar com média no final do ciclo de 13.604cm 2 planta-1. Já nos ambientes com proteção plástica, o índice médio de severidade da requeima foi de apenas 1,32, e por isto, a área foliar média nestes ambientes subiu para 31.170 cm2 planta-1. Severidade requeima 35 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Área foliar planta (cm2) x 1.000 -1 30 25 20 15 10 5 0 ST CA AF CI RT Severiade da requeima Área foliar CL Tratamentos FIGURA 11 Área foliar (cm2 planta-1) e severidade da requeima em tomateiros, cultivadas no período de 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). 4.2.2.6 - Produção de matéria seca A produção de matéria seca de raízes, caule e folhas aumentou com o aumento da área foliar, demonstrando que nos ambientes onde houve alta severidade da requeima, com menor área foliar, ocorreu também menor produção de matéria seca. Já nos ambientes onde a severidade da doença foi reduzida, houve maior área foliar e conseqüentemente maior produção de matéria seca. Na Figura 12, está demonstrada a produção de matéria seca nos 58 59 diferentes ambientes, ao longo do crescimento das plantas, onde observou-se novamente a existência de dois grupos de plantas, com diferentes comportamentos em relação à matéria seca. Nos ambientes sem cobertura plástica (céu aberto e revestido com tela), onde a severidade da requeima foi maior, a produção de matéria seca foi menor, atingindo aos 30 DAP 2,08g planta-1 no abrigo revestido com tela e 5,08g planta -1 no ambiente céu aberto. No outro grupo de plantas, formado pelas plantas dos ambientes com cobertura plástica, atingiu no ambiente do abrigo com tela afídeo 35,18g planta -1 e no ambiente do abrigo sem tela 30,30g. Aos 70 DAP, o menor peso seco continuou ocorrendo nos ambientes sem cobertura plástica, atingindo 136,43g planta-1 no ambiente do abrigo revestido com tela e 146,83g planta -1 no ambiente céu aberto. Já no ambiente do abrigo tela afídeo atingiu neste período 184,73g planta-1 e no ambiente do abrigo tela clarite 182,28g planta-1. a a a a b b Matéria seca (g) 200 150 ST CA AF 100 CI RT 50 CL 0 35 70 105 122 Dias após o plantio FIGURA 12 Peso seco das plantas (g planta-1), aos 30, 70, 105 e 122 dias após o plantio, cultivados no período de 02/09/2004 a 29/12/2004 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Médias (última leitura aos 122 DAP) com a mesma letra não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.=7,9%. 59 60 Segundo Martinez Garcia (1978), o maior crescimento vegetativo das plantas nos cultivos em ambientes protegidos é devido ao maior período diário de abertura estomática que ocorre nestes ambientes, causando aumento da produção de matéria seca. Reisser Júnior (2002) cultivando tomateiros em ambientes protegidos e a céu aberto, também constatou que as plantas dos ambientes protegidos com tela anti-insetos apresentaram maiores taxas de produção de matéria seca do que as plantas de ambiente protegido sem tela, e estas maiores do que as plantas de fora dos abrigos. 4.2.3 – Aborto de flores Houve diferença na porcentagem de aborto de flores entre os diversos ambientes de cultivo do tomateiro. A presença das telas anti-insetos provocou aumento do aborto de flores. Nos ambientes sem a presença de telas antiinsetos, houve menor porcentagem de aborto de flores nos dois anos de cultivo, quando comparada aos ambientes com a presença das telas. Na Figura 13 apresenta-se a porcentagem de aborto de flores nos dois anos de cultivo. Nas plantas do abrigo (RT) revestido com tela ocorreram as maiores porcentagens de aborto de flores nos dois anos de cultivo, sendo 23,98% em 2002 e 28,30% em 2004. As menores porcentagens de aborto de flores ocorreram no ambiente do abrigo sem tela, nos dois anos de cultivo, sendo 10,36% em 2002 e 17,13% em 2004. Este comportamento pode ser atribuído à menor ventilação e aumento da umidade relativa do ar que ocorre com a presença e com o adensamento da tela anti-insetos. Fatnassi et al., (2003) relatam que o uso telas anti-insetos causam aumento de temperatura e da umidade relativa do ar nos abrigos. Ghidin & Roberts (2002) destacam que o uso de telas anti-insetos provoca redução na ventilação no interior de abrigos. Esta redução na ventilação, causando aumento da umidade relativa do ar, associada à ausência de insetos, provoca sensível diminuição na vibração das plantas, com conseqüente dificuldade no desprendimento do pólen, reduzindo 60 61 a fecundação e conseqüentemente aumentando a porcentagem de aborto de flores. Para Grange & Hand (1987) a alta umidade relativa do ar favorece o aborto de flores, pois com umidade alta, o pólen se compacta e adere na antera, dificultando a deiscência das anteras, prejudicando a polinização, e favorecendo o aborto da flor. O aborto de flores ocorreu de forma mais acentuado no cultivo de 2004, quando comparado com o cultivo de 2002. Isto pode ser atribuído à maior temperatura média ocorrida no cultivo de 2004, que foi realizado cerca de 30 dias após o cultivo de 2002. Durante o florescimento, de acordo com Cuartero et al., (1995), com temperaturas acima de 30ºC pode ocorrer abortamento de Porcentagem de aborto de flores de tomateiro flores. 30 2002 25 2004 20 A b 15 10 a bc c C B B bc bc B C 5 0 ST CA AF CI RT CL Tratamentos FIGURA 13 Porcentagem de aborto de flores de tomateiro durante cultivo realizado nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Médias com a mesma letra, (maiúsculas 2002 e minúsculas 2004), não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.= 11,02% (2002); CV.= 8,54% (2004). 61 62 4.3 – Ocorrência de doenças Avaliou-se, neste trabalho, a ocorrência de doenças nas folhas e nos frutos. 4.3.1 – Ocorrência de doenças nas plantas No presente trabalho, observou-se a ocorrência de duas doenças foliares ao longo do cultivo do tomateiro, a requeima (Phythophtora infestans) e a mancha-de-cladospório (Cladosporium fulvum). 4.3.1.1 – Requeima (Phythophtora infestans) A requeima incidiu com alta severidade nos ambientes onde não havia proteção plástica das plantas contra as chuvas, ou seja, nos ambientes a céu aberto e no abrigo revestido com tela. Nos ambientes que continham plástico na cobertura dos abrigos, abrigo sem tela, abrigo com tela afídeo, abrigo com tela citros, e abrigo com tela clarite, onde as plantas estavam protegidas das chuvas, a ocorrência da requeima foi mínima. Este comportamento da requeima foi semelhante nos dois anos de cultivo. Na Figura 14 encontra-se a quantificação da severidade da requeima nos seis ambientes de cultivo do tomateiro, nos anos de 2002 e 2004. Em 2002, no ambiente céu aberto o grau de severidade alcançou 9,34 e no ambiente do abrigo revestido com tela 7,36. Nos ambientes com cobertura plástica, atingiu 1,05 no ambiente do abrigo com tela clarite, 1,18 no abrigo com tela citros, 1,65 no ambiente do abrigo com tela afídeo e 1,57 no abrigo sem tela. Em 2004 no ambiente céu aberto o nível de severidade alcançou 9,21 e no ambiente do abrigo revestido com tela 7,18. Já nos ambientes com proteção, atingiu 1,05 no ambiente do abrigo com tela clarite, 1,21 no abrigo tela citros, 2,36 no ambiente do abrigo com tela afídeo e 1,00 no abrigo sem tela. Rebelo (2003) cultivando pepineiro em dois ambientes, estufa plástica e céu aberto, constatou que a ocorrência e severidade da doença mancha reticulada (Leandria momordicae) 62 63 foi maior no ambiente céu aberto do que no ambiente estufa, embora a umidade relativa média do ar fosse maior e mais duradoura no interior dos abrigos. O autor constatou que a severidade está ligada ao número de dias com chuva. Severidade da requeima em tomateiros 10 A 8 2002 a 2004 B 6 b 4 2 0 C C c ST CA c C AF CI c C RT c CL Tratamentos FIGURA 14 Severidade da requeima (Phythophtora infestans) no tomateiro cultivado nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Médias com a mesma letra, (maiúsculas 2002 e minúsculas 2004), não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.=22,96% (2002); CV.=16,88% (2004). O cultivo protegido tem sido relatado como uma das formas de controlar certos fatores ambientais, favorecendo o desenvolvimento das culturas e ao mesmo tempo, desfavorecendo o surgimento de doenças nas plantas. Reisser Júnior (2002) relata que o cultivo protegido protege as plantas de chuvas e ventos, dificultando o desenvolvimento de patógenos e favorecendo a manutenção saudável da área foliar, propiciando aumentos de produtividade. O cultivo do tomateiro em ambiente protegido, propicia a redução na aplicação de agrotóxicos utilizados para o controle de doenças nas plantas, pelo desfavorecimento do ambiente à severidade das doenças, provocado por 63 64 um ambiente favorável ao desenvolvimento das plantas (Rebelo et al., 2000; Carrijo & Makishima, 2003) Observou-se também neste trabalho, maior severidade da requeima nos ambientes onde ocorreu maior duração do molhamento foliar. Na Figura 15 encontra-se o registro do molhamento foliar e da severidade da requeima (Phythophtora infestans). plástica Nos dois ambientes onde não havia cobertura protegendo contra as chuvas, (abrigo revestido com tela e ambiente céu aberto), ocorreram os maiores períodos de molhamento foliar, 1.286 horas e 1.053 horas respectivamente. Nestes ambientes foram registrados os maiores índices de severidade da requeima. Já nos ambientes com cobertura plástica (abrigo sem tela, abrigo com tela afídeo, abrigo com tela citros e abrigo com tela clarite) ocorreram respectivamente 807, 756, 537 e 455 horas de molhamento foliar. Nestes ambientes, os índices de severidade da requeima foram menores. Mizubuti & Brommonschenkel (1996) relatam que os esporos do fungo da requeima, requerem filme de água na superfície da folha para germinarem. Boff et al (1991) constataram uma correlação positiva entre o número de dias de Molhamento Requeima 1400 10 1200 8 1000 800 6 600 4 400 2 200 0 Severidade da requeima Horas de molhamento foliar chuva nas plantas de tomateiro e a ocorrência da doença foliar alternaria. 0 ST CA AF CI RT Cl Tratamentos FIGURA 15 Horas molhamento foliar e a severidade da requeima (Phythophtora infestans) em tomateiros cultivados no período de 29/07/ a 12/12/2002 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). 64 65 4.3.1.2 - Mancha-de-cladospório (Cladosporium fulvum) A severidade da mancha-de-cladospório (Cladosporium fulvum), foi mais acentuada nos ambientes que continham tela anti-insetos nas laterais dos abrigos, com tela afídeo, com telas citros, com tela clarite e revestido com tela. Nos ambientes sem utilização de telas anti-insetos, abrigo sem tela e céu aberto a incidência da mancha-de-cladospório foi menor nos dois anos de cultivo. Na Figura 16 registra-se a severidade da mancha-de-cladospório no tomateiro nos cultivos de 2002 e 2004. Em 2002, no ambiente céu aberto praticamente não ocorreu a doença e no ambiente abrigo sem tela, o grau de severidade atingiu 2. Neste mesmo ano, no ambiente do abrigo com tela clarite o grau de severidade atingiu nível 6, no abrigo com tela afídeo 5, no abrigo revestido com tela 5 e no abrigo com tela citros atingiu nível 4. Em 2004 o comportamento foi semelhante, atingindo no ambiente céu aberto nível 1, e no abrigo sem tela o nível de severidade atingiu 2, enquanto que no ambiente do abrigo com tela clarite atingiu nível 5, no abrigo com tela afídeo 5, no abrigo Severidade da mancha-decladospório revestido com tela 4 e no abrigo com tela citros atingiu nível 4. 7 2002 6 2004 A 5 AB 4 1 AB BC 3 2 a C ab a ab ab D b 0 ST CA AF CI RT CL Tratamentos FIGURA 16. Severidade da mancha-de-cladospório (Cladosporium fulvum) em tomateiros cultivados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Médias com a mesma letra, (maiúsculas 2002 e minúsculas 2004), não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.=25,67% (2002); CV.=45,67% (2004). 65 66 A mancha-de-cladospório (Cladosporium fulvum) é uma doença bastante dependente das condições climáticas para se desenvolver, só ocorrendo em longos períodos de alta umidade relativa do ar (90%). Não incide sob condições de umidade do ar abaixo de 85%. Por isto, é mais freqüente no Norte do Brasil e em cultivo protegido. A temperatura ideal para o desenvolvimento desta doença é de 24ºC, mas pode ocorrer com temperaturas entre 10 e 32ºC, (Lopes & Santos, 1994; Garbor & Wiebe,1997; Lopes et al 2003). O fato da mancha-de-cladospório ter ocorrido de forma mais amena nos ambientes sem utilização de telas anti-insetos, abrigo sem tela e ambiente céu aberto, pode ser atribuído à maior ventilação que ocorre nestes ambientes, em virtude da ausência de tela anti-insetos. Reisser Júnior (2002) relata que o uso de telas anti-insetos nas laterais das estufas reduz a velocidade dos ventos, elevando a umidade relativa do ar do ambiente. Bell & Baker (1997) relatam que a utilização de telas em ambientes protegidos visando a exclusão de insetos, provoca diminuição na ventilação no interior dos abrigos, podendo causar danos ao cultivo. 4.3.2– Ocorrência de doenças nos frutos. As doenças encontradas nos frutos foram causadas basicamente por Phythophtora infestans. Na Figura 17 registra-se as porcentagens de frutos infectados por P. infestans, onde observa-se que nos dois ambientes onde ocorreram altas porcentagens de frutos infectados por doenças, foram naqueles onde não havia cobertura plástica para proteção das plantas, cultivo a céu aberto e abrigo revestido com tela com 13,58% e 8,36%, respectivamente, dos frutos infectados no cultivo de 2002. No cultivo de 2004, 2,8% dos frutos do ambiente céu aberto e 1,39% dos frutos do abrigo revestido com tela estavam infectados pelo referido patógeno. Estes ambientes não possuem cobertura plástica que protege as plantas das chuvas. Lopes & Santos (1994) relatam que chuvas favorecem o desenvolvimento da doença também nos frutos. Nestes ambientes, ocorreu alta severidade da doença nas folhas. Assim, a incidência 66 67 da doença nos frutos é decorrência quase que direta da presença da doença na planta. Nos ambientes onde havia presença de plástico na cobertura dos abrigos, a porcentagem de frutos infectados por P. infestans foi baixa, sendo no abrigo sem tela 0,20%, abrigo com tela afídeo 0,53%, abrigo com tela citros 0,31% e abrigo com tela clarite 0,16% dos frutos infectados em 2002 e 0,25% no abrigo sem tela, 0,44% no abrigo com tela afídeo, 1,14% no abrigo Porcentagem de frutos de tomateiro infectados por Phythophtora infestans com tela citros e 0,77% no ambiente do abrigo com tela clarite em 2004. 16 14 12 10 8 6 4 2 0 2002 2004 A B C a b ST CA C b AF a C ab CI RT C b CL Tratamentos FIGURA 17 Porcentagem de frutos infectados por Phythophtora infestans, nos cultivos de tomateiros nos períodos de 29/07/2002 a 12/12/2002 e 02/09/2004 a 29/12/2004 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Médias com a mesma letra, (maiúsculas 2002 e minúsculas 2004), não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.=67,35% (2002); CV.=109,82% (2004). 4.4 - Ocorrência de pragas. As principais pragas encontradas e avaliadas no tomateiro foram a broca-pequena-do-tomateiro (Neoleucinodes elegantalis), traça-do-tomateiro (Tuta absoluta) e a broca-grande-do-tomateiro (Heliothis spp). Na Figura 18 apresenta-se o percentual total de frutos atacados por pragas nos anos de 2002 e 2004. Observou-se que nos ambientes onde havia 67 68 tela anti-insetos nas laterais dos abrigos, a porcentagem de frutos atacados por pragas foi muito inferior aos ambientes sem tela, nos dois anos de cultivo. Em 2002, nos ambientes sem uso das telas anti-insetos (ambiente céu aberto e abrigo sem tela), em média, 16,52% dos frutos foram atacados por pragas, ao passo que nos ambientes com tela (abrigo com tela clarite, abrigo com tela afídeo, abrigo com tela citros e revestido por tela), em média apenas 1,12% dos frutos estavam danificados por pragas. Já no cultivo de 2004, ocorreu maior incidência de pragas, destacandose ainda mais a importância das telas anti-insetos. Neste ano, nos ambientes sem uso de tela (ambiente céu aberto e abrigo sem tela), em média 53,7% dos frutos foram atacados por pragas, ao passo que nos ambientes com tela (abrigo com tela clarite, abrigo com tela afídeo, abrigo com tela citros e revestido por tela), em média, apenas 6,7% dos frutos estavam danificados por pragas. Porcentagem de frutos atacados por pragas 60 50 2002 a a 2004 40 30 20 10 A A b B 0 ST CA AF B b CI B b RT B b CL Tratamentos FIGURA 18 Porcentagem de frutos atacados por pragas, nos cultivos do tomateiro nos realizados de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Médias com a mesma letra, (maiúsculas 2002 e minúsculas 2004), não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.=39,30% (2002); CV.=14,91% (2004). 68 69 Ranch (2002) tem relatado que o uso de telas é uma alternativa limpa em substituição ao tradicional controle químico de pragas. Bell & Baker (1997) relatam que a utilização de telas em ambientes protegidos visando a exclusão de insetos, tem diminuído custos de produção, além de ter relaxado as medidas de proteção aos trabalhadores rurais. Baker & Jones (1989) relatam que o uso de telas em cultivo protegido tem diminuído a presença de pragas no interior dos abrigos e de insetos transmissores de agentes patogênicos. No Brasil, Trani (2002) utilizou telas sombrite com malha de 1 e 2mm nas laterais dos abrigos tipo túneis, para controle de insetos no cultivo da couve. Para o cultivo do tomateiro em ambiente protegido, Pesagro (2002), recomenda o uso de tela branca de nylon com malha de 1mm na lateral dos abrigos. Na Tabela 3 apresenta-se a porcentagem de frutos atacados por brocapequena, broca-grande e traça, no cultivo do tomateiro realizado no ano de 2002. Observou-se que a mais freqüente praga no cultivo de 2002 foi a broca pequena, (Neoleucinodes elegantalis), com cerca de 10% dos frutos atacados por esta praga nos ambientes sem a presença das telas anti-insetos (ambiente céu aberto e abrigo sem tela). A broca-grande-tomateiro (Heliothis spp), ocorreu em 6,24% dos frutos na ambiente céu aberto e 3,37% no abrigo sem tela. Nos ambientes com tela a ocorrência da broca grande foi muito baixa. A traça-do-tomateiro (Tuta absoluta) teve incidência baixa, sendo que apenas 2,21% dos frutos do ambiente céu aberto e 1,07 % no abrigo sem tela, foram atacados por esta praga. Nos ambientes com tela, a ocorrência da traça foi baixa, menor que de 0,5% dos frutos. 69 70 TABELA 3 Porcentagem de frutos atacados por broca-pequena, broca-grande e traça, no cultivo do tomateiro realizado no período de 29/07 a 12/12/2002 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite. Tratamentos Broca-pequena Broca-grande Traça ST 10,01 a 3,37 b 1,07 b CA 10,49 a 6,24 a 2,21 a AF 0,42 b 0,76 bc 0,03 c CI 0,13 b 0,31 c 0,48 c RT 0,23 b 1,14 bc 0,11 c CL 0,42 b 0,41 c 0,16 c Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de Duncan a 1%. CV.=63,59% (Broca-grande); CV.=24,07% (Broca-pequena); CV.=32,50% (Traça). A Tabela 4 apresenta a porcentagem de frutos atacados por broca- pequena, broca-grande e traça, no cultivo do tomateiro realizado no ano de 2004. Observou-se que neste ano de cultivo a ocorrência de pragas foi mais elevada, sendo que a broca-pequena ocorreu em 28,44% dos frutos do abrigo sem tela e em 27,49% dos frutos do ambiente céu aberto. A broca-grande também foi de ocorrência alta em 2004, atingindo 22,19% dos frutos do ambiente céu aberto e 20,04% dos frutos do abrigo sem tela. A traça-dotomateiro teve menor incidência, ocorrendo em 5,06 % dos frutos do abrigo sem tela e 4,155 dos frutos do ambiente céu aberto. Nos ambientes com utilização das telas anti-insetos, a porcentagem de frutos atacados por pragas foi baixa. TABELA 4 Porcentagem de frutos atacados por broca-pequena, broca-grande e traça, no cultivo do tomateiro realizado no período de 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Tratamentos Broca Pequena Broca Grande Traça ST 28,44 a 20,04 a 5,06 a CA 27,49 a 22,19 a 4,15 a AF 0,61 b 1,11 b 0,94 b CI 0,55 b 5,01 b 1,43 b RT 0,43 b 4,21 b 0,21 b CL 1,21 b 4,29 b 0,12 b Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de Duncan a 1%. CV.=33,98% (Broca-grande); CV.=23,02% (Broca-pequena); CV.=53,32% (Traça). 70 71 4.5 – Produção de frutos Avaliou-se neste trabalho o número total de frutos e também a produção total em peso. 4.5.1 – Número total de frutos Nos ambientes onde havia plástico na cobertura dos abrigos, (abrigo sem tela, abrigo com tela clarite, abrigo com tela citros e abrigo com tela afídeo), o número total de frutos foi bem maior do que nos ambientes onde não havia plástico, (ambiente céu aberto e abrigo revestido por tela), tanto no cultivo de 2002 quanto no cultivo de 2004. Na Tabela 5 apresenta-se o número total de frutos nos cultivos de 2002 e 2004. Em 2002, no abrigo sem tela, o número total de frutos foi 1.073.000 frutos.ha-1 e no abrigo com tela clarite 902.750 frutos ha -1. No abrigo revestido por tela (RT), o número total de frutos foi menor, alcançando 451.250 frutos ha-1 e no ambiente céu aberto 602.750 frutos ha-1. Em 2004, no abrigo sem tela, o número total de frutos foi 752.000 frutos ha-1, no abrigo tela clarite 746.850 frutos ha-1. Já no abrigo revestido por tela, o número total de frutos foi menor, 315.737 frutos ha-1 e no ambiente céu aberto 360.342 frutos ha-1. Segundo Martins et al (1999) a produção em ambiente protegido, proporciona em geral rendimentos superiores ao cultivo em campo aberto. Para Rebelo et al (2005), além de melhor qualidade da produção, o cultivo protegido provoca aumento de produtividade. 71 72 TABELA 5 Número total de frutos ha-1 de tomateiro produzidos no período de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09/ a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Tratamentos ST Produção total de frutos ha-1 de tomateiro 2002 2004 1.073.000 a 752.000 a CL 902.750 ab 746.850 a CI 887.000 ab 737.380 a AF 719.000 bc 675.281 a CA 602.750 cd 360.342 b RT 451.250 d 315.737 b Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de Duncan a 1%. CV.=12,41% (2002); CV.=12,53% (2004) A menor produção de frutos no ano de 2004, comparada com a do ano de 2002, pode ser atribuída à maior porcentagem de aborto de flores que ocorreu no ano de 2004, provavelmente devido às temperaturas mais altas registradas neste cultivo, uma vez que o plantio de 2004, ocorreu 34 dias após o plantio de 2002. Cermeño (1979), relata que altas temperaturas ocorridas na fase de florescimento podem ocasionar aborto de flores, implicando em menores produções de frutos. Outro efeito a observar é a influencia da requeima na produção total de frutos. Constatou-se que a ocorrência da requeima (Phythophtora infestans) nas plantas afetou o número total de frutos produzidos, nos dois anos de cultivo, 2002 e 2004. Na Figura 19 está apresentada a severidade da doença requeima e número total de frutos de tomateiro. Observou-se que nos ambientes onde não havia plástico na cobertura dos abrigos, (ambiente céu aberto e abrigo revestido por tela), ocorreu alta severidade da requeima ocasionada pela exposição das plantas à chuva associada a temperaturas amenas, o que favorece o desenvolvimento da doença. Nestes ambientes, a produção total de frutos foi baixa, com média de 432.000 frutos ha-1. Já nos ambientes com cobertura plástica, (abrigo sem tela, abrigo com tela afídeo, abrigo com tela citros e abrigo com tela clarite) o índice de severidade da 72 73 requeima foi baixo, e a produção de frutos foi maior, chegando em média a 811.000 frutos ha-1. 10 1000 8 800 6 600 4 400 200 2 0 0 Frutos ha-1 ( x 1.000) 1200 Frutos/ha 900 10 750 8 600 6 450 4 300 150 2 0 0 ST CA AF CI RT CL ST CA AF CI RT CL Tratamentos A Sev. Requeima Severidade da requeima Sev. Requeima severidade da requeima Frutos ha-1 x (1.000) Frutos/ha Tratamentos B FIGURA 19 Número total de frutos ha–1 e severidade da requeima (Phythophtora infestans) em tomateiros nos cultivos de 29/07/2002 a 12/12/2002 (A) e 02/09/2004 a 29/12/2004 (B) em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Na Figura 20 apresenta-se a relação linear entre severidade da doença e número total de frutos de tomateiro cultivados em 2002 e 2004. Constatou-se que houve uma relação linear negativa entre a severidade da requeima e o número total de frutos, pois à medida em que aumentou a severidade da requeima (Phythophtora infestans) nos tomateiros, diminuiu o número total de frutos. 73 74 800 y = -49,028x + 953,33 R2 = 0,6334 1000 Número de frutos.ha-1 ( x 1.000) Número de frutos.ha-1 ( x 1.000) 1200 800 600 400 200 0 700 600 500 400 300 y = -54,863x + 798,75 R2 = 0,9391 200 100 0 0 2 4 6 8 10 0 2 4 6 8 10 Grau de severidade Grau de severidade B A FIGURA 20 Relação entre a severidade da requeima (Phythophtora infestans), e o número total de frutos ha-1 de tomateiro cultivados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 (A) e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC. 4.5.2 – Peso total dos frutos O peso total dos frutos foi proporcional ao número total de frutos nos dois anos de cultivo. Nos ambientes onde havia a presença de plástico na cobertura dos abrigos, obteve-se maior peso total de frutos, comparada com a produção nos ambientes sem a proteção do plástico, nos dois anos de cultivo. Na Tabela 6 estão apresentados os resultados do peso total dos frutos de tomateiros nos seis ambientes de cultivo, realizados nos anos de 2002 e 2004. Em 2002, o maior peso total de frutos foi obtido no ambiente do abrigo sem tela com 115.32 t ha.-1, seguido pelo ambiente do abrigo com com tela clarite com 96,13 t ha.-1. A menor produtividade foi obtida no ambiente do abrigo revestido por tela com 41,03 t ha.-1. Em 2004, o maior peso também foi obtido no abrigo sem tela com 81,55 t ha.-1, seguido novamente pelo ambiente do abrigo com tela clarite com 80,52 t ha.-1. A menor produtividade também foi obtida no abrigo revestido por tela com 24,09 t ha.-1. 74 75 TABELA 6 Peso total de frutos de tomateiros em t ha-1 obtidos nos cultivos realizados de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em ItajaíSC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Tratamentos ST Produção total de frutos de tomateiro (t ha-1) 2002 2004 115,32 a 81,55 a CL 96,13 ab 80,52 a CI 93,10 ab 79,51 a AF 74,20 bc 73,06 a CA 65,04 cd 38,44 b RT 41,03 d 24,09 b Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.=15,62% (2002); CV.=15,10% (2004). Diversos autores relatam que o cultivo do tomateiro em ambiente protegido proporciona aumento de produtividade, estabilidade da produção e melhora a qualidade do produto. Isto decorre, dentre outros fatores, em face das condições ambientais mais favoráveis no interior dos abrigos, ausência de chuvas e maior quantidade de radiação difusa, (Martins et al 1999; Reisser Júnior, 2002; Carrijo & Makishima, 2003). Nos ambientes onde não havia plástico na cobertura dos abrigos, céu aberto e abrigo revestido por tela, ocorreu o menor peso total de frutos, com média neste ambientes de 53,03 t ha-1 em 2002 e 31,24 t ha-1 em 2004. Isto decorre do fato destes ambientes estarem expostos à chuvas, o que favoreceu o desenvolvimento da doença requeima nas plantas, diminuindo a produção e o peso total de frutos. Reisser Junior (2002) também obteve menores produções de tomate a céu aberto do que em estufas. Nos ambientes com cobertura plástica, abrigo sem tela, abrigo com tela afídeo, abrigo com tela citros e abrigo com tela clarite, obteve-se maior peso total de frutos, com média nestes ambiente em 2002 de 94,68 t ha-1 e 78,66 t ha-1 em 2004. Isto ocorreu pois nestes ambientes, protegidos da chuva, a severidade da requeima foi menor, resultando em maior produção. 75 76 Na Figura 21, está apresentada a severidade da requeima nas plantas e peso total de frutos, onde se observa que nos ambientes céu aberto e abrigo revestido por tela as plantas sofreram maior severidade da requeima (Phythophtora infestans), produzindo menos. Já nos ambientes com plástico na cobertura dos abrigos, (abrigo sem tela, abrigo com tela afídeo, abrigo com tela citros e abrigo com tela clarite), o índice de severidade da requeima foi bem menor e conseqüentemente o peso total dos frutos foi maior. (Lopes & Santos, 1994; Mizubuti & Brommonschenkel, 1996; Zambolim et al 1999; Gómez et al 2000), relatam que a ocorrência de doenças nas plantas de tomateiro causam redução na produção de frutos. 10 80 8 60 6 40 4 20 2 0 0 Peso total (t ha-1) 100 ST CA AF CI RT CL Tratamentos A Sev. Requeima 80 10 60 8 6 40 4 20 2 0 0 Severidade requeima Produção Sev. Requeima Severidade da requeima Peso total (t ha1) Produção ST CA AF CI RT CL Tratamentos B FIGURA 21 Peso total dos frutos (t ha-1) e severidade da requeima (Phythophtora infestans), em tomateiros, cultivados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 (A) e 02/09 a 29/12/2004 (B) em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Houve uma relação linear negativa entre a severidade da requeima e o peso total de frutos de tomateiro, pois à medida em que aumentou a severidade da requeima em tomateiros, diminui linearmente o peso total de frutos. Na Figura 22 apresenta-se esta relação linear entre severidade da requeima e peso total de frutos de tomateiro. 76 140 Peso tota (t.ha -1) de frutos de tomateiro Peso total (t.ha -1) de frutos de tomateiro 77 y = -5,4411x + 100,87 R2 = 0,5772 120 100 80 60 40 20 0 0 2 4 6 8 10 120 100 y = -6,5122x + 86,75 R2 = 0,8743 80 60 40 20 0 0 Severidade da requeima 2 4 6 8 10 Severidade da requeima A B FIGURA 22 Relação entre a Severidade da requeima (Phythophtora infestans), e o peso total de frutos(t ha-1) de tomateiro, cultivados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002(A) e 02/09 a 29/12/2004(B) em Itajaí-SC. 4.5.3– Tamanho dos frutos Os frutos foram classificados nas seguintes categorias: 4.5.3.1 – Frutos grandes Na Tabela 7 apresenta-se o percentual de frutos grandes obtidos nos cultivos de 2002 e 2004. Observou-se uma baixa porcentagem de frutos grandes (diâmetro maior de 9,0cm), sendo que a maior porcentagem foi obtida no ambiente céu aberto, 11,07% em 2004. As menores porcentagens de frutos grandes nos dois anos de cultivo foram obtidas no ambiente do abrigo revestido por tela, 1,55% em 2002 e 0,32% em 2004, destacando este ambiente como não favorável à produção de frutos tipo grande. 77 78 TABELA 7 Porcentagem de frutos grandes de tomateiro, obtidos nos cultivos realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Frutos grandes de tomateiro (%) 2002 2004 a 11,07 a 5,57 3,03 b 3,94 ab Tratamentos CA CL ST CI AF RT 3,88 ab 3,69 ab 5,06 b 3,11 bc 1,55 c 4,22 b 3,78 b 0,32 c Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.=39,42% (2002); CV.=63,13% (2004). 4.5.3.2 – Frutos médios Na Tabela 8 apresenta-se os resultados da porcentagem de frutos médios de tomateiros cultivados em 2002 e 2004. A porcentagem de produção de frutos médios (diâmetro entre 6,5 e 9,0 cm), apresentou valores ao redor de 35% no ambiente céu aberto e também nos abrigos com plástico na cobertura, (abrigo sem tela, abrigo com tela afídeo, abrigo com tela citros e abrigo com tela clarite), nos anos de 2002 e de 2004. Já no ambiente do abrigo revestido por tela, a porcentagem de frutos médios foi menor e diferente dos demais, atingindo 22,16% no ano de 2002 e 11,08% no ano de 2004. Estes resultados mostram que os ambientes com plástico na cobertura dos abrigos, com e sem tela anti-insetos e o ambiente céu aberto, são mais adequados para produção de frutos médios, pois tiveram produções semelhantes ambiente do abrigo revestido por tela. 78 e superiores ao 79 TABELA 8 Porcentagem de frutos médios de tomateiro, obtidos nos cultivos realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ST Frutos médios de tomateiros (%) 2002 2004 35,38 a 43,07 a CA 34,72 a 38,22 a CL 32,78 a 32,66 a CI 32,76 a 34,79 a AF 31,24 a 32,66 a RT 22,16 b 11,08 b Tratamentos Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.=17,67% (2002); CV.=18,78% (2004). 4.5.3.3 – Frutos pequenos Na Tabela 9 apresenta-se os percentuais de produção de frutos pequenos nos cultivos de 2002 e 2004. A maioria dos frutos pertenceu a esta categoria de classificação, (tamanho entre 5,00 a 6,5cm), nos dois anos de cultivo. A porcentagem de frutos pequenos ficou ao redor de 44%, em todos ambientes, com exceção do ambiente céu aberto, que diferenciou-se dos demais, produzindo menores porcentuais de frutos desta categoria, 37,73% dos frutos produzidos em 2002 e 25,27% em 2004. Constatou-se que, nas condições em que foi realizado o trabalho com a cultivar Fortaleza, a grande maioria dos frutos produzidos foram classificados com tamanho médio e pequeno. 79 80 TABELA 9 Porcentagem de frutos pequenos de tomateiro, obtidos nos cultivos realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). CL Frutos pequenos de tomateiros (%) 2002 2004 45,70 a 46,37 a RT 45,63 a 45,15 a ST 45,39 a 40,30 a AF 45,04 a 40,12 a CI 44,52 a 38,35 a CA 37,73 b 25,27 b Tratamentos Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.=8,76% (2002); CV.=12,56% (2004). 4.5.3.4 – Frutos não comerciais Na Tabela 10 apresenta-se os percentuais de produção de frutos de tomateiro não comerciais nos cultivos realizados em 2002 e 2004. Foi no ambiente revestido por tela onde se obteve a maior porcentagem de frutos não comerciais, diferindo-se dos demais ambientes, com 30.64% da produção total de frutos classificados nesta categoria em 2002 e 43.37% em 2004. Estes resultados mostram que o ambiente do abrigo revestido por tela não é ideal para produção de tomates, resultando num ambiente que propicia condições para produção de grande quantidade de frutos de tamanho não comercial. 80 81 TABELA 10 Porcentagem de frutos não comerciais de tomateiro, obtidos nos cultivos realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Tratamentos RT CA AF CI CL ST Porcentagem de frutos não comerciais 2002 2004 43.43 a 30.64 a 25.43 b 21.96 b 20.60 b 19.01 b 23.06 bc 17.56 b 15.33 b 17.91 bc 11.55 c 22.98 bc Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.=26,43% (2002); CV.=25,49% (2004). 4.5.3.5 - Peso médio dos frutos Na Tabela 11 apresenta-se os resultados do peso médio dos frutos de tomateiros cultivados em 2002 e 2004. O ambiente do abrigo revestido por tela foi o que apresentou peso médio menor e diferente dos demais ambientes, nos dois anos de cultivo, atingindo 88,9g em 2002 e 74,4g por fruto em 2004. Nos demais ambientes, o peso médio foi semelhante nos dois anos de cultivo, atingindo no ambiente do abrigo sem tela 107,5g em 2002 e no ambiente do abrigo com tela clarite 109,1g em 2004. Os ambientes, com exceção do ambiente revestido por tela, não influíram no peso médio dos frutos. 81 82 TABELA 11 Peso médio dos frutos de tomateiro, obtidos nos cultivos realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Tratamentos ST CL CA CI AF RT Peso médio dos frutos de tomateiros (g) 2002 2004 106,99 a 107.52 a 109,16 a 106.57 a 105.39 a 105.03 a 106,19 a 103.09 a 88.94 b 107,48 a 74,47 b 107,81 a Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.=6,36% (2002); CV.=5,83% (2004). 4.5.4– Frutos com podridão apical Na Figura 23 apresenta-se os valores da porcentagem de frutos de tomateiros com sintomas de podridão apical nos cultivos de 2002 e 2004. Foi no ambiente céu aberto que se obteve a maior porcentagem de frutos com podridão apical, sendo 2,18% em 2002 e 1,41% em 2004. Nos ambientes com cobertura plástica e com a presença de telas anti-insetos, a porcentagem de frutos com podridão apical foi menor, atingindo 0,02% dos frutos no ambiente do abrigo com tela citros em 2002 e 0,05% no abrigo com tela afídeo em 2004. Exceto no ambiente céu aberto, que apresentou maiores porcentuais de frutos com sintomas de podridão apical, nos demais ambientes a perda de frutos por podridão apical foi baixa, não comprometendo comercialmente a produção. 82 Porcentagem de frutos de tomateiros com podridão apical 83 2.5 2002 A 2 2004 1.5 a 1 0.5 0 AB b ST CA B b B b AF CI AB b b RT B CL Tratamentos FIGURA 23 Porcentagem de frutos de tomateiro com podridão apical obtidos nos cultivos realizados nos períodos de 29/07 a 12/12 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Médias com a mesma letra, (maiúsculas 2002 e minúsculas 2004), não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.=232,10% (2002); CV.=97,31% (2004). Atribui-se o maior percentual de frutos com podridão apical no ambiente a céu aberto (CA) à maior ventilação, insolação e conseqüentemente, maior evapotranspiração ocorrida neste ambiente, o que pode favorecer o surgimento de frutos com sintomas de podridão apical. Segundo Embrapa (2003) plantas expostas ao vento e com maior transpiração estão mais sujeitas à esta sintomatologia. Para Bradfield & Guttridge (1984), com base na teoria da pressão radicular, é possível desfavorecer o surgimento de podridão apical, mantendo a umidade relativa do ar elevada no ambiente de cultivo. Segundo Martins & Gonzales (1995) a evapotranspiração no ambiente externo é 40% superior à ocorrida no interior de abrigos. A diminuição da evapotranspiração no interior dos abrigo, ocorre devido à diminuição da radiação solar e da ação dos ventos, principais fatores da demanda evaporativa das plantas. Para Dalmasso et al (1997), plantas de tomateiro cultivadas em ambiente protegido consomem menos água do que as plantas em ambientes à céu aberto. 83 84 4.5.5 – Frutos com defeito Na Figura 24 apresenta-se a porcentagem de frutos de tomateiros com defeitos durante os cultivos de 2002 e 2004. Os seis ambientes cultivados com tomateiros em 2002 mostraram-se semelhantes quanto à porcentagem de frutos com defeitos, ou seja, frutos com lóculo aberto e defeitos morfológicos. Esta porcentagem ficou ao redor de 2%. Em 2004, cerca de 3,5% dos frutos estavam com defeitos, sendo que o ambiente do abrigo com tela citros apresentou 5,25% dos frutos com defeitos, diferindo dos ambientes do abrigo com tela afídeo e revestido por tela que apresentaram 2,5% e 2,25% respectivamente dos frutos defeituosos. Estes defeitos nos frutos, não podem ser atribuídos unicamente ao ambiente de cultivo, mas também a uma Porcentagem de frutos de tomateiros com defeitos característica da cultivar plantada. 6 ab 4 3 ab ab 2 1 2002 2004 a 5 A A A b A A b A 0 ST CA AF CI RT CL Tratamentos FIGURA 24 Porcentagem de frutos de tomate com defeitos, obtidos nos cultivos realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Médias com a mesma letra, (maiúsculas 2002 e minúsculas 2004), não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.=41,95% (2002); CV.=34,49% (2004). 84 85 4.6 – Descarte de frutos O cultivo do tomateiro nos diferentes ambientes estudados, mostrou diferenças muito significativas no aproveitamento final dos frutos de tomate. Na tabela 12 apresenta-se a porcentagem de frutos de tomateiro descartados nos cultivos de 2002 e 2004. Em 2002, ano de baixa incidência de pragas, nos ambientes onde não havia plástico na cobertura dos abrigos, (céu aberto e abrigo revestido por tela), ocorreu a maior porcentagem de frutos descartados, por pragas, doentes, com defeitos, com sintomas de podridão apical e com tamanho não comercial. No ambiente céu aberto, 49,612% dos frutos apresentaram algum problema e foram descartados e no ambiente revestido por tela, este percentual foi de 39,19% dos frutos, mas foram iguais entre si. Já nos ambientes com plástico na cobertura dos abrigos, (abrigo sem tela, abrigo com tela afídeo, abrigo com tela citros e com tela clarite), em média, 24% dos frutos foram descartados e eles não diferiram entre si. No ano de 2004, em que houve maior incidência de pragas, além do uso do plástico, as telas anti-insetos mostraram-se muito eficientes no aproveitamento final dos frutos. Neste ano de cultivo, nos ambientes onde havia plástico na cobertura dos abrigos e tela anti-insetos nas laterais, (abrigo com tela citros, com tela anti-afídeo e com tela clarite), as perdas foram de 33,43%, 27,27% e 26,27% respectivamente dos frutos. Nos ambientes sem proteção de plástico e sem tela nas laterais, as perdas foram de 71,80% dos frutos produzidos no ambiente céu aberto, 61,74% no ambiente do abrigo sem tela e 47,75% no ambiente revestido por tela. 85 86 TABELA 12 Porcentagem de frutos descartados, nos cultivos realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em ItajaíSC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). Tratamentos CA RT ST AF CI CL Frutos de tomateiros descartados (%) 2002 2004 a 71,80 a 49,61 47,75 c 39,19 ab 29,65 bc 23,85 c 61,74 b 22,33 c 20,61 c 33,43 d 26,27 d 27,28 d Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.=16,92% (2002); CV.=10,11% (2004). Constata-se a importância do cultivo protegido no aproveitamento final da produção, pois nos dois anos de cultivo, nos ambientes sem proteção plástica ocorreram perdas significativas, que comprometem comercialmente o cultivo. O uso das telas anti-insetos é importante na redução das perdas, mas sua importância torna-se significativa em anos de maior ocorrência de pragas. 4.7 – Produção comercial de frutos Na Tabela 13 apresenta-se os resultados da produção comercial de frutos de tomateiros nos seis ambientes de cultivo, nos anos de 2002 e 2004. Em 2002, a maior produtividade comercial foi obtida nos ambientes com cobertura plástica, sendo que, no ambiente do abrigo sem tela, a produção comercial alcançou 92.385 t ha.-1 e nos abrigos com tela clarite e tela citros obteve-se produções semelhantes. Apenas no ambiente do abrigo com tela afídeo, a produção comercial diferiu do ambiente sem tela, com 66.415 t ha .-1. A menor produção foi obtida no ambiente revestido por tela, que foi de 32.015 t ha .-1. Em 2004, a maior produção comercial ocorreu nos ambientes com cobertura plástica e tela anti-insetos nas laterais, (abrigo com tela clarite, abrigo com tela citros e com tela afídeo), atingindo no ambiente tela clarite, 69,11 t ha .-1. 86 87 Neste ano, devido ao ataque intenso de pragas, a produção no ambiente do abrigo sem tela foi severamente prejudicada, obtendo produção de 38,19 t ha.-1, menor que nos abrigos com tela. A menor produção em 2004 ocorreu nos ambientes céu aberto com 15.52 t ha.-1 e revestido por tela com 16,42 t ha.-1. TABELA 13 Produção comercial (t ha.-1)de frutos de tomate, obtida nos cultivos realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ST Produção comercial de tomates (t ha-1) 2002 2004 92,385 a 38,19 b CL 86,300 ab 69,11 a CI 82,710 ab 64,55 a AF 66,415 bc 64,69 a CA 43,770 cd 15,52 c RT 32,015 d 16,42 c Tratamentos Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.=17,02% (2002); CV.=16,70% (2004). Estes resultados mostram a importância da cobertura plástica na produção comercial, pela redução na severidade da requeima, pela função guarda-chuva que o mesmo oferece às plantas, e como conseqüência, aumento de produtividade. Nos ambientes onde havia plástico na cobertura dos abrigos, (ambiente do abrigo sem tela, com tela afídeo, com tela citros e tela clarite), a produção comercial de frutos foi maior do que nos ambientes onde não havia plástico, céu aberto e abrigo revestido por tela. Estes resultados foram semelhantes nos dois anos de cultivo, o que reforça a grande importância da cobertura plástica na produção comercial de frutos. Na Figura 25 mostra-se a média da produção comercial de frutos de tomateiros nos ambientes com e sem cobertura plástica, durante os cultivos de 2002 e 2004. Observou-se que em 2002, nos ambientes com proteção plástica, a média da produção comercial foi de 81,95 t ha -1 e nos ambiente sem cobertura plástica, 38,0 t ha-1. Em 2004 nos ambientes com plástico na 87 88 cobertura, a média de produção comercial foi de 59,13 t ha -1 e nos ambientes sem plástico, 16,0 t ha-1. Nos dois anos de cultivo houve diferença estatística entre os valores da produção comercial nos ambientes com e sem plástico na cobertura. Estes resultados mostram que o uso do plástico favorece o desenvolvimento das plantas e ao mesmo tempo dificulta o surgimento de doenças pela proteção contra chuvas, permitindo produtividade comercial superior aos ambientes onde não há cobertura plástica nos abrigos. Reisser Junior (2002) também obteve maiores produções de tomate em estufas do que em ambiente a céu aberto. Para (Lopes & santos, 1994; Mizubuti & Brommonschenkel, 1996; Zambolim et al 1999; Gómez et al 2000), a exposição das plantas à chuva favorece o desenvolvimento de doenças nas plantas, diminuindo a produção comercial de frutos. Estes autores relatam que a ocorrência de doenças nas plantas de tomateiro causam redução na produção de frutos. Produção comercial de tomate (t.ha -1) 100 Com Plástico A Sem Plástico 80 81,9 a 60 B 59,1 40 38,0 b 20 16,0 0 2002 2004 Períodos de cultivo FIGURA 25 Produção comercial (t.ha-1) de tomates dos cultivos em ambientes com cobertura plástica e sem cobertura plástica nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC. Médias com a mesma letra (maiúscula 2002 e minúscula 2004) não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.=15,29% (2002); CV.=26,61% (2004). 88 89 No cultivo de 2002, a ocorrência de pragas foi menor do que a ocorrida em 2004, atingindo em média 16,52% dos frutos nos ambientes sem tela e 1,12% nos ambientes com tela. Por este motivo, no ambiente do abrigo sem tela a produção comercial foi semelhante aos ambientes com tela clarite e tela citros que produziram respectivamente 92,38 t.ha -1, 86,30 t ha-1 e 82,71 t ha-1. No cultivo de 2004 a ocorrência de pragas foi bem superior à ocorrida no ano de 2002, atingindo em média 53,7% dos frutos dos ambientes sem tela e 6,7% dos frutos dos ambientes com tela. Assim, pode-se avaliar melhor a grande importância do uso das telas anti-insetos na produção comercial de frutos. Neste ano, a produção comercial no ambiente do abrigo sem tela foi menor do que nos ambientes onde havia a presença de telas anti-insetos, alcançando neste ambiente 38,19 t ha-1. Na Figura 26 mostra-se a média da produção comercial de tomates nos ambientes com e sem tela nos cultivos de 2002 e 2004. Avaliando-se a média da produção comercial nos ambientes com e sem tela, observa-se que no ano de 2002 não houve diferença estatística entre estes ambientes, produziram em média 92,4 t ha -1 no ambiente sem tela e 78,5 t ha que -1 nos ambientes com tela. Já em 2004, ano de alta incidência de pragas, houve diferença estatística entre os ambientes, pois no ambiente sem tela, a produção comercial foi de 38,2 t ha-1 enquanto que nos ambientes com tela , a média da produção foi de 66,1 t ha-1. A presença de telas anti-insetos, aumenta sua importância na proteção das plantas, na medida em que ocorre maior incidência de pragas. 89 Produção comercial de -1 tomates (t.ha ) 90 100 80 A Com tela 92,4 A Sem tela a 78,5 60 66,1 b 40 38,2 20 0 2002 2004 Períodos de cultivo FIGURA 26 Média de produção comercial de tomate (t.ha-1) nos ambientes com e sem tela anti-insetos nos cultivos de tomateiro nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em ItajaíSC. Médias com a mesma letra (maiúscula 2002 e minúscula 2004) não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.=7,32% (2002); CV.=2,91% (2004). 90 91 5. CONCLUSÕES Nas condições em que foi conduzido este trabalho, é possível concluir que: O ambiente protegido com cobertura plástica e telas anti-insetos nas laterais é o que propicia as melhores condições para produção orgânica de tomate; O uso da cobertura plástica em cultivo protegido, é desfavorável ao incremento da severidade de doenças, fator preponderante no crescimento e desenvolvimento da planta e na expressão do potencial produtivo do tomateiro; A utilização de telas anti-insetos nas laterais dos abrigos, proporciona sensível redução no ocorrência de pragas; O uso de telas anti-insetos na lateral dos abrigos, reduz a luminosidade e aumenta a temperatura no interior do abrigo, acelerando o crescimento em altura das plantas e provocando maior percentual de flores abortadas; Nos ambientes céu aberto e revestido por tela ocorre maior severidade da doença requeima e menor desenvolvimento foliar, resultando em menor produção comercial de frutos; 91 92 Nos ambientes com cobertura plástica e tela anti-insetos nas laterais, ocorre menor percentual de descarte de frutos, e maior produção comercial de tomates, e É viável tecnicamente produzir tomate no sistema orgânico em abrigos com cobertura plástica e telas anti-insetos nas laterais. 92 93 6. 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Telas anti-insetos utilizadas nos abrigos: a) Tela clarite- 12 Mesh (2,0 x 2,0 mm - 5 fios por cm de tela); b) Tela citros- 25 Mesh (1,0 x 1,0 mm – 10 fios por cm de tela); c) Tela afídeo- 50 Mesh (0,5 x 0,5 mm – 20 fios por cm de tela). 106 107 APENDICE 2 FIGURA 2 A. Escala diagramática, representando 1, 10, 25 e 50% de lesão por doença em folhas de tomateiro, conforme James (1971), utilizada na determinação da severidade de doenças nas folhas da cultura do tomateiro. 107 108 APÊNDICE 3 Composição das caldas utilizadas no controle de doenças foliares da cultura do tomateiro: TABELA 3 A. Composição da calda cordalesa, para 100 litros de água Produto Quantidade Cal hidratada 500 g Sulfato de cobre 500 g TABELA 3 B. Composição da calda viçosa, para 100 litros de água. Produto Quantidade Cal hidratada 1500 g Sulfato de cobre 1000 g Sulfato de zinco 150 g Sulfato de magnésio 800 g Ácido bórico 150 g Cloreto de potássio 400 g 108 109 APÊNDICE 4 TABELA 4 A. Resultado da análise do solo do local da pesquisa.-Ano 2002 % Argila m/V pH-água 1:1 Índice SMP P Mg L-1 22 5.4 6.3 464 K % M. O. -1 Mg L m/v 450 Al cmoclL Ca+Mg cmolc/L 0.2 6.7 3.2 TABELA 4 B. Resultado da análise do composto orgânico utilizado na adubação do tomateiro. – Ano 2002. N % P % K % Ca % Mg % Fe % Mn % Zn % Cu % B % C % C/N Umid % 1.91 1.37 1.93 1.25 0.74 0,42 0,12 0,04 0,09 0,02 29.8 15,6 11 TABELA 4 C. Resultado da análise do solo do local da pesquisa.-Ano 2004 % Argila m/V pH-água 1:1 Índice SMP P Mg L-1 22 5.4 6.4 475 K % M. O. -1 Mg L m/v 470 Al cmoclL Ca+Mg cmolc/L 0.2 6.9 3.2 TABELA 4 D. Resultado da análise do composto orgânico utilizado na adubação do tomateiro. – Ano 2004. N % P % K % Ca % Mg % Fe % Mn % Zn % Cu % B % C % C/N 1.87 1.42 1.83 1.37 0.85 0,44 0,10 0,06 0,08 0,02 28.7 15,3 109 Umid % 11