produção orgânica de tomate em diferentes ambientes de cultivo

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
PRODUÇÃO ORGÂNICA DE TOMATE
EM DIFERENTES AMBIENTES DE CULTIVO
EUCLIDES SCHALLENBERGER
Tese apresentada à Universidade
Federal de Pelotas, sob a orientação
do Prof. Dr. Carlos Rogério Mauch,
como parte das exigências do
Programa de Pós-graduação em
Agronomia, área de concentração em
Produção Vegetal, para obtenção do
titulo de Doutor em Ciências (DS).
PELOTAS
Rio Grande do Sul – Brasil
Novembro de 2005
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
PRODUÇÃO ORGÂNICA DE TOMATE
EM DIFERENTES AMBIENTES DE CULTIVO
EUCLIDES SCHALLENBERGER
Tese apresentada à Universidade
Federal de Pelotas, sob a orientação
do Prof. Dr. Carlos Rogério Mauch,
como parte das exigências do
Programa de Pós-graduação em
Agronomia, área de concentração em
Produção Vegetal, para obtenção do
titulo de Doutor em Ciências (DS).
PELOTAS
Rio Grande do Sul – Brasil
Novembro de 2005
ii
EUCLIDES SCHALLENBERGER
PRODUÇÃO ORGÂNICA DE TOMATE
EM DIFERENTES AMBIENTES DE CULTIVO
Tese apresentada à Universidade Federal
de Pelotas, sob a orientação do Prof. Dr.
Carlos Rogério Mauch, como parte das
exigências do Programa de Pós-graduação
em Agronomia, área de concentração em
Produção Vegetal, para obtenção do titulo
de Doutor em Ciências (DS).
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Carlos Rogério Mauch-FAEM/UFPel - Orientador
Dr. Murito Ternes – Epagri/EEI – Co-orientador
Dr. João Carlos Costa Gomes-Embrapa/CPACT – Co-orientador
Aprovada em:10 de novembro de 2005 Homologada em:____/______/___
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Carlos Rogério Mauch
Orientador
PPGA-DFT/FAEM/UFPel
Dr. José Angelo Rebelo
Pesquisador
Epagri-Itajaí-SC
Profª. Drª Roberta Marins Nogueira Peil
PPGA-DFT/FAEM/UFPel
Profª Drª Marta Elena G. Mendez
PPGA-DFT/FAEM/UFPel
Dr. José Ernani Schwengber
Pesquisador
Embrapa-CPACT-Pelotas-RS
Profª Drª Tânia B. G. A. Morselli
PPGA-Solos/FAEM/UFPel
iii
“Nasceste no lar que precisavas, Vestiste o corpo físico que merecias,
Moras onde Deus te proporcionou, de acordo com teu adiantamento.
Possuis os recursos financeiros coerentes com as tuas necessidades, nem
mais, nem menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas.
Teu ambiente de trabalho é o que elegeste espontaneamente para a tua
realização.
Teus parentes, amigos são as almas que atraíste, com tua própria afinidade.
Portanto, teu destino está constantemente sob teu controle.
Tu escolhes, recolhes, eleges, atrais, buscas, expulsas, modificas tudo aquilo
que te rodeia a existência.
Teus pensamentos e vontade são a chave de teus atos e atitudes...
São as fontes de atração e repulsão na tua jornada vivência.
Não reclames nem te faças de vítima.
Antes de tudo, analisa e observa.
A mudança está em tuas mãos.
Reprograma tua meta,
Busca o bem e viverás melhor.
Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,
Qualquer Um pode Começar agora e fazer um Novo Fim.”
Chico Xavier
iv
Aos meus filhos
Bárbara e Felipe,
Razão, Força e Inspiração,
dedico
v
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Cornélio e Bárbara, pela coragem e exemplo.
À Epagri-Empresa de Pesquisa Agropecuaria e Extensão Rural de Santa
Catarina e à Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel/Programa de PósGraduação em Agronomia (PPGA) pela oportunidade.
Ao Professor Dr. Carlos Rogério Mauch, pela especial orientação,
amizade e apoio oferecidos durante todo curso.
Ao Pesquisador da Epagri Dr. Murito Ternes e ao pesquisador da
Embrapa e professor Dr. João Carlos Costa Gomes, pela co-orientação e
colaboração.
Aos professores, Drª. Marta Elena
Gonzales Mendez, Drª. Roberta
Marins Nogueira Peil, Drª. Tânia Beatriz Gamboa Araújo Morselli,
Dr. Amauri
de Almeida Machado e João Gilberto Corrêa da Silva, pelos ensinamentos,
sugestões e apoio.
A todos os professores e funcionários do Departamento de Fitotecnia da
FAEM/UFPel e do PPGA, pela amizade e colaboração.
À Embrapa pela concessão de bolsa de estudos.
A todos os colegas de curso, em especial à Aninha, Augusto, Bárbara,
Camila,
Dilon, Eduardo, Geórgia, Gorete, Islaine, Janete, Lúcia, Mariana,
Márcio, Rosa, Tatiana, Vivi, pela grande amizade e feliz convívio e também à
Larissa pelo apoio na tabulação e análise dos dados microclimáticos.
Aos colegas pesquisadores da Epagri de Itajaí, em especial ao Dr. José
Angelo Rebelo, Dr. Henry Stuker, Dr. Honório Francisco Prando e
MSc.
Renato Arcângelo Pegoraro, pela orientação e apoio.
Aos funcionários da Epagri de Itajaí, em especial ao técnico agrícola
Pedro Paulo Fantini e aos funcionários de campo do projeto hortaliças.
vi
Aos funcionários da Gerência de Recursos Humanos-GRH da Epagri,
em especial à colega Tânia C. Bianchini.
Ao Ministério do Meio Ambiente/Fundo Nacional de Meio AmbienteMMA/FNMA, e ao Prodetab/Embrapa, pelo aporte financeiro que viabilizou a
implementação dos trabalhos de campo e a geração deste trabalho.
Aos colegas do Climerh/Epagri, em especial ao Dr. Hamiltom Justino
Vieira pelo apoio, dedicação e conhecimentos transmitidos.
À Eliane Luisa Machado Diniz e aos filhos Cláudio e Fernando e
namoradas Thaise e Cilene, pelo amor, carinho e grande amizade
demonstrados.
À
todas as pessoas, que de alguma forma,
contribuíram para a
realização deste trabalho, através de amizade, incentivo e apoio.
vii
ÍNDICE
Página
AGRADECIMENTOS ......................................................................................... vi
LISTA DE TABELAS ........................................................................................... x
LISTA DE FIGURAS ......................................................................................... xii
SUMÁRIO ........................................................................................................ xvi
SUMMARY ..................................................................................................... xviii
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1
2. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 4
2.1 – A produção alternativa de alimentos ..................................................... 4
2.1.1 - Movimentos de agricultura alternativa ............................................. 6
2.1.2- Agroecologia .................................................................................. 10
2.1.3 – A agricultura orgânica oficial ......................................................... 13
2.1.4 – A agricultura orgânica oficial no Brasil .......................................... 14
2.1.5 – Sistema de conversão das propriedades. ..................................... 15
2.1.6 – Certificação de produtos orgânicos ............................................... 16
2.1.7 – Mercado de produtos orgânicos ................................................... 16
2.2 – O cultivo protegido ............................................................................... 18
2.2.1 – A utilização de telas anti-insetos em cultivo protegido ................. 24
2.2.2 – Vantagens do uso de telas anti-insetos ........................................ 25
2.2.3 – Alterações microclimáticas provocadas pelas telas anti-insetos .. 27
2.3 – A cultura do tomateiro.......................................................................... 29
2.3.1 - Exigências climáticas do tomateiro ................................................ 30
2.3.1.1 – Temperatura .............................................................................. 30
2.3.1.2 – Umidade relativa do ar ............................................................... 31
2.3.1.3 - Radiação solar ............................................................................ 32
2.4 - Problemas fitossanitários da cultura do tomateiro ................................ 32
2.4.1- Ocorrência de doenças ............................................................... 33
2.4.2 – Ocorrência de pragas.................................................................... 34
3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 37
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 42
4.1 – Aspectos microclimáticos dos ambientes utilizados. ........................... 42
4.1.1 – Temperatura. ................................................................................ 42
4.1.2 – Molhamento foliar.......................................................................... 45
viii
4.1.3 – Radiação solar .............................................................................. 46
4.2 - Fenologia da planta .............................................................................. 47
4.2.1 – Duração das fases fenológicas. .................................................... 47
4.2.2 – Crescimento e desenvolvimento das plantas ................................ 49
4.2.2.1 – Altura das plantas ...................................................................... 49
4.2.2.2 – Diâmetro do caule. ..................................................................... 52
4.2.2.3 – Altura do primeiro cacho floral................................................... 54
4.2.2.4 – Número de cachos por planta .................................................... 55
4.2.2.5 – Área foliar ................................................................................... 56
4.2.2.6 - Produção de matéria seca .......................................................... 58
4.2.3 – Aborto de flores ............................................................................. 60
4.3 – Ocorrência de doenças........................................................................ 62
4.3.1 – Ocorrência de doenças nas plantas .............................................. 62
4.3.1.1 – Requeima (Phythophtora infestans) .......................................... 62
4.3.1.2 - Mancha-de-cladospório (Cladosporium fulvum) ........................ 65
4.3.2– Ocorrência de doenças nos frutos. ................................................ 66
4.4 - Ocorrência de pragas. .......................................................................... 67
4.5 – Produção de frutos ............................................................................. 71
4.5.1 – Número total de frutos................................................................... 71
4.5.2 – Peso total dos frutos ..................................................................... 74
4.5.3 – Tamanho dos frutos ...................................................................... 77
4.5.3.1 – Frutos grandes ........................................................................... 77
4.5.3.2 – Frutos médios ............................................................................ 78
4.5.3.3 – Frutos pequenos ........................................................................ 79
4.5.3.4 – Frutos não comerciais ................................................................ 80
4.5.3.5 - Peso médio dos frutos ................................................................ 81
4.5.4– Frutos com podridão apical ........................................................... 82
4.5.5 – Frutos com defeito ........................................................................ 84
4.6 – Descarte de frutos ............................................................................... 85
4.7 – Produção comercial de frutos .............................................................. 86
5. CONCLUSÕES ............................................................................................ 91
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 93
7 - APÊNDICES ............................................................................................ 105
APÊNCICE 1 ............................................................................................. 106
APENDICE 2 ............................................................................................ 107
APÊNDICE 3 ............................................................................................ 108
APÊNDICE 4 ............................................................................................ 109
ix
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Número de horas de molhamento foliar ocorridas na cultura do
tomateiro no período de 29/07 a 12/12/2002 em Itajaí-SC, nos
ambientes formados pelos abrigos RT (revestido por tela), ST (sem
tela), AF (com tela afídeo), CI (com tela citros), CL (com tela clarite) e
CA (céu aberto). ............................................................................... 45
TABELA 2 Ocorrência dos estádios fenológicos das plantas do tomateiro em
dias após o plantio, cultivados nos ambientes ST (abrigo sem tela),
CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela
citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite) no
período de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09/ a 29/12/2004 em Itajaí-SC.
......................................................................................................... 48
TABELA 3 Porcentagem de frutos atacados por broca-pequena, broca-grande
e traça, no cultivo do tomateiro realizado no período de 29/07 a
12/12/2002 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA
(céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros),
RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite. ............ 70
TABELA 4 Porcentagem de frutos atacados por broca-pequena, broca-grande
e traça, no cultivo do tomateiro realizado no período de 02/09 a
29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA
(céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros),
RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ........... 70
TABELA 5 Número total de frutos ha-1 de tomateiro produzidos no período de
29/07 a 12/12/2002 e 02/09/ a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos
ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela
afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e
CL (abrigo com tela clarite). ............................................................. 72
TABELA 6 Peso total de frutos de tomateiros em t ha -1 obtidos nos cultivos
realizados de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC,
nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com
tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela)
e CL (abrigo com tela clarite). .......................................................... 75
x
TABELA 7 Porcentagem de frutos grandes de tomateiro, obtidos nos cultivos
realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a
29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA
(céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros),
RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ........... 78
TABELA 8 Porcentagem de frutos médios de tomateiro, obtidos nos cultivos
realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a
29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA
(céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros),
RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ........... 79
TABELA 9 Porcentagem de frutos pequenos de tomateiro, obtidos nos cultivos
realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a
29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA
(céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros),
RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite)............ 80
TABELA 10 Porcentagem de frutos não comerciais de tomateiro, obtidos nos
cultivos realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a
29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA
(céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros),
RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ........... 81
TABELA 11 Peso médio dos frutos de tomateiro, obtidos nos cultivos
realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a
29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA
(céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros),
RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ........... 82
TABELA 12 Porcentagem de frutos descartados, nos cultivos realizados nos
períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC,
nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com
tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela)
e CL (abrigo com tela clarite). .......................................................... 86
TABELA 13 Produção comercial de frutos de tomate, obtida nos cultivos
realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a
29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA
(céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros),
RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ........... 87
xi
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Média das temperaturas máximas registradas durante o cultivo do
tomateiro no período de 29/07 a 12/12/2002 em Itajaí-SC, nos
ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com
tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por
tela) e CL (abrigo com tela clarite). ............................................... 43
FIGURA 2 Média das temperaturas máximas registradas no cultivo do
tomateiro no período de 29/07 a 12/12/2002 em Itajaí-SC, nos
ambientes (AF) (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros),
CL (abrigo com tela clarite), RT (abrigo revestido por tela), ST
(abrigo sem tela) e CA (céu aberto). ............................................. 44
FIGURA 3 Intensidade luminosa (% em relação ao ambiente CA-céu aberto)
ocorrida na cultura do tomateiro no cultivo de 2004, em Itajaí-SC,
nos ambientes CA (céu aberto), ST (abrigo sem tela), CL (abrigo
com tela clarite), CI (abrigo com tela citros), AF (abrigo com tela
afídeo) e RT (abrigo revestido por tela). ........................................ 47
FIGURA 4 Altura das plantas de tomateiros (cm) registrada em dias após o
plantio, no período de cultivo entre 29/07/2002 a 12/12/2002 em
Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF
(abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo
revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). .......................... 50
FIGURA 5 Altura das plantas de tomateiros (cm) registrada em dias após o
plantio, no período de cultivo entre 02/09 a 29/12/2004 em ItajaíSC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF
(abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo
revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). .......................... 51
FIGURA 6 Diâmetro do caule dos tomateiros (mm) registrado em dias após o
plantio, no período de cultivo entre 29/07 a 12/12/2002 em ItajaíSC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF
(abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo
revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). .......................... 53
xii
FIGURA 7 Diâmetro do caule dos tomateiros (mm) registrado em dias após o
plantio, no período de cultivo entre 02/09 a 29/12/2004 em ItajaíSC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF
(abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo
revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). .......................... 54
FIGURA 8 Altura do primeiro cacho floral de tomateiros, cultivados entre 29/07
a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes
ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo),
CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL
(abrigo com tela clarite). ................................................................ 55
FIGURA 9 Número de cachos por tomateiro, cultivados nos períodos de
29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC nos
ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com
tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por
tela) e CL (abrigo com tela clarite). ............................................... 56
FIGURA 10 Área Foliar (cm2.planta-1) de tomateiros no cultivo de 2004 em
Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF
(abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo
revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). .......................... 57
FIGURA 11 Área foliar (cm2 planta-1) e severidade da requeima em
tomateiros, cultivadas
no período de 02/09 a 29/12/2004 em
Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF
(abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo
revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). .......................... 58
FIGURA 12 Peso seco das plantas (g.planta-1), aos 30, 70, 105 e 122 dias
após o plantio, cultivados no período de 02/09/2004 a 29/12/2004
em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto),
AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo
revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). .......................... 59
FIGURA 13 Porcentagem de aborto de flores de tomateiro durante cultivo
realizado nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004
em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto),
AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo
revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). .......................... 61
FIGURA 14 Severidade da requeima (Phythophtora infestans) no tomateiro
cultivado nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004
em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto),
AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo
revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite). .......................... 63
xiii
FIGURA 15 Horas molhamento foliar e a severidade da requeima
(Phythophtora infestans) em tomateiros cultivados no período de
29/07/ a 12/12/2002 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem
tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com
tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela
clarite)............................................................................................ 64
FIGURA 16. Severidade da mancha-de-cladospório (Cladosporium fulvum) em
tomateiros cultivados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09
a 29/12/2004 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA
(céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela
citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite).
...................................................................................................... 65
FIGURA 17 Porcentagem de frutos infectados por Phythophtora infestans, nos
cultivos de tomateiros nos períodos de 29/07/2002 a 12/12/2002 e
02/09/2004 a 29/12/2004 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo
sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo
com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela
clarite)............................................................................................ 67
FIGURA 18 Porcentagem de frutos atacados por pragas, nos cultivos do
tomateiro nos realizados de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a
29/12/2004 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA
(céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela
citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite).
...................................................................................................... 68
FIGURA 19 Número total de frutos ha–1 e severidade da requeima
(Phythophtora infestans) em tomateiros nos cultivos de 29/07/2002
a 12/12/2002 (A) e 02/09/2004 a 29/12/2004 (B) em Itajaí-SC, nos
ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com
tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por
tela) e CL (abrigo com tela clarite). ............................................... 73
FIGURA 20 Relação entre a severidade da requeima (Phythophtora infestans),
e o número total de frutos ha-1 de tomateiro cultivados nos períodos
de 29/07 a 12/12/2002 (A) e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC. ... 74
FIGURA 21 Peso total dos frutos (t ha-1) e severidade da requeima
(Phythophtora infestans), em tomateiros, cultivados nos períodos
de 29/07 a 12/12/2002 (A) e 02/09 a 29/12/2004 (B) em Itajaí-SC,
nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo
com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido
por tela) e CL (abrigo com tela clarite). ......................................... 76
FIGURA 22 Relação entre a Severidade da requeima (Phythophtora infestans),
e o peso total de frutos(t ha-1) de tomateiro, cultivados nos períodos
de 29/07 a 12/12/2002(A) e 02/09 a 29/12/2004(B) em Itajaí-SC. 77
xiv
FIGURA 23 Porcentagem de frutos de tomateiro com podridão apical obtidos
nos cultivos realizados nos períodos de 29/07 a 12/12 e 02/09 a
29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA
(céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela
citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite).
...................................................................................................... 83
FIGURA 24 Porcentagem de frutos de tomate com defeitos, obtidos nos
cultivos realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a
29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA
(céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela
citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite).
...................................................................................................... 84
FIGURA 25 Produção comercial (t.ha-1) de tomates dos cultivos em ambientes
com cobertura plástica e sem cobertura plástica nos períodos de
29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC. .............. 88
FIGURA 26 Média de produção comercial de tomate (t.ha-1) nos ambientes
com e sem tela anti-insetos nos cultivos de tomateiro nos períodos
de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC. ......... 90
xv
SUMÁRIO
EUCLIDES SCHALLENBERGER. D. S.. Universidade Federal de Pelotas,
Novembro de 2005. Produção orgânica de tomate em diferentes ambientes
de cultivo. Professor Orientador: Carlos Rogério Mauch. Co-orientadores:
Murito Ternes e João Carlos Costa Gomes.
Em busca de melhor qualidade de vida e saúde, a sociedade está provocando
mudanças na forma de produzir e consumir alimentos, procurando cada vez
mais produtos saudáveis e livres de agroquímicos, produzidos de forma
orgânica. Dentre os alimentos mais procurados encontra-se o tomate. Porém,
a produção desta hortaliça no sistema orgânico é um desafio para produtores e
técnicos, uma vez que o tomate se encontra entre os produtos agrícolas de
maior
demanda
por
agroquímicos,
pela
complexidade
de
problemas
fitossanitários que a planta apresenta. O presente trabalho objetivou avaliar a
produção orgânica de tomate em diferentes ambientes de cultivo. A hipótese
para isto foi a de que, se a planta for conduzida em cultivo protegido, onde as
condições para desenvolvimento de doenças foliares são desfavoráveis,
associado ao uso de telas anti-insetos nas laterais dos abrigos, impedindo a
entrada de insetos praga na cultura, é possível produzir tomate de forma
orgânica. Para tanto, foi desenvolvido o trabalho na Estação Experimental da
Epagri de Itajaí-SC, onde foram conduzidos dois cultivos de tomate híbrido
fortaleza, nos anos 2002 e 2004 no período inverno/primavera/verão. Este
trabalho constou da avaliação do cultivo à céu aberto e em abrigos plásticos
com e sem uso de telas anti-insetos na lateral dos abrigos. Para controle das
doenças, foram utilizados apenas produtos permitidos pelas normas oficiais de
produção orgânica (calda bordalesa e calda viçosa), sendo que a nutrição das
plantas foi realizada somente com composto orgânico. Foram avaliados seis
xvi
ambientes de cultivo: Cultivo protegido sem tela, cultivo protegido e uso de tela
anti-afídeo (0,5mm), cultivo protegido e uso de tela citros (1,0mm); cultivo
protegido e uso de tela clarite (2,0mm); cultivo em campo aberto e cultivo em
abrigo sem plástico, revestido na parte superior e lateral com tela citros.
Constatou-se que a utilização do plástico na cobertura dos abrigos,
desfavorece o surgimento da doença requeima (Phythophtora infestans) em
tomateiros, proporcionando maior produção total de frutos nestes ambientes
protegidos. Já a utilização das telas anti-insetos nas laterais dos abrigos, além
de propiciar expressiva diminuição da porcentagem de frutos atacados por
pragas, não prejudica a produção total de frutos, e que a produção nos
ambientes a céu aberto e revestido com tela anti-inseto, superior e
lateralmente, não é propicio ao cultivo de tomateiro no sistema orgânico.
Concluiu-se que é possível produzir tomate de forma orgânica, utilizando
plástico na cobertura dos abrigos e telas anti-insetos nas laterais.
xvii
SUMMARY
EUCLIDES SCHALLENBERGER.
D. S.. Universidade
november of 2005. Organic tomato production
Federal de Pelotas,
in different cultivation
ambient Adviser: Carlos Rogério Mauch. Co-adviser: Murito Ternes and João
Carlos Costa Gomes.
Looking for better life quality and health, the current society is provoking
changes in the way of produce and consume aliments, seeking healthy
products more and more, free from pesticide residues, produced by organic
system. One of
the products more sought it is the tomato. Although, the
production of tomato by organic system is a challenge for farmers and
technicians, once this vegetable is found among the agricultural products of
larger demand of pesticide, by the complexity of problems at pests and
diseases that the plant presents. The present work objectified to evaluate the
Organic Tomato production in different crops ambient. The hypothesis for this
work has been that, if the plant be carried in protected cultivation, where the
conditions for development of plants diseases are unfavourable, associated to
the use of Insect-proof screens in the borders of the greenhouse, impeding the
entrance of insects pests in the crop, it is possible to produce tomato by organic
system. Therefore, the work was developed in the Experimental Station of
Epagri Itajaí-SC, where two tomato cultivations were carried, hybrid Fortaleza,
at the years 2002 and 2004 in the winter/spring/summer period. The work
consisted from the evaluation of the cultivation in field and in plastic covered
greenhouse with and without Insect-proof screens.
For control of the plant
diseases, were used only products allowed by the Brazilian organic official
norms of production (calda bordalesa and calda viçosa), and the nutrition of the
plants was only accomplished with organic compost. They were carried six
xviii
cultivation sites: protected cultivation without Insect-proof screens, protected
cultivation with use of Insect-proof screens anti-aphid (0,5mm), protected
cultivation with use of Insect-proof screens citros (1,0mm); protected cultivation
with use of Insect-proof screens
clarite (2,0mm); cultivation
in
field and
cultivation in screenhouse, without plastic, covered in the upper and borders
part with Insect-proof screens citros. It was verified that the use of the plastic in
the covering of the plastic house, decrease the appearance of the disease Late
Blight (Phythophtora infestans) in the plants, providing larger total production of
fruits. The use of the Insect-proof screens in the borders of the plastic house,
propitiated great decrease the percentage of fruits damaged by pests. It was
also observed that the use of Insect-proof screens doesn't decrease the total
production of fruits and that the production in field and in the screenhouse,
covered with Insect-proof screens in the upper and in the borders, it is not
propitious to the tomato cultivation by organic system. It was ended that is
possible to produce tomato by organic system, using plastic in the covering and
Insect-proof screens in the borders of plastic house.
xix
1. INTRODUÇÃO
A produção mundial dos principais cultivos agrícolas passou por
profundas transformações ao longo dos últimos anos, caracterizando-se por um
notável incremento da produtividade, porém com um aumento considerável
dos custos de produção e com sérios prejuízos ao ambiente. Isto ocorreu a
partir da década de 1960, em função da chamada “revolução verde”, quando foi
implementado
um
modelo
de
desen
volvimento, no qual foi estimulada a utilização indiscriminada dos chamados
“insumos modernos”, buscando-se o aumento da produção agrícola, indiferente
aos reflexos negativos ambientais e sociais que este modelo estava causando.
Na mesma década surge a produção hortícola em ambiente protegido, uma
prática que busca oferecer ao produtor, redução de riscos e aumento da
rentabilidade e da qualidade da produção. Um rápido aumento da área de
cultivo em ambiente protegido aconteceu na década de 1970, principalmente
na Costa do Mediterrâneo em países como Espanha e Itália. Já no Brasil, o
cultivo em ambiente protegido iniciou a partir da década de 1970, com cultivos
de flores e hortaliças.
Mais recentemente,
surge como contraponto à chamada “revolução
verde”, a produção orgânica de alimentos, motivada pela demanda da
sociedade que busca cada vez mais alimentos saudáveis, livres de resíduos de
produtos agroquímicos e pelo respeito ao ambiente durante o cultivo. No
entanto, a produção de alimentos orgânicos constitui-se em um desafio para o
setor agrícola, uma vez que os métodos tradicionais de produção envolvem a
utilização
massiva
de
agroquímicos,
principalmente
nos
tratamentos
fitossanitários dos cultivos e, acima de tudo, uma crescente dependência por
pacotes tecnológicos. Esta dependência é variável entre as espécies de
interesse agronômico, já que algumas demandam quantidades mínimas de
agroquímicos para uma produção economicamente viável, enquanto outras são
2
totalmente dependentes. Entre as espécies que demandam intensa utilização
de agroquímicos destaca-se o tomateiro, caracterizando-se como uma hortaliça
muito suscetível a diversas pragas e doenças, que quando não controladas
adequadamente, inviabilizam seu cultivo, causando graves danos econômicos.
Esta elevada suscetibilidade se deveu, em parte,
ao programa de
melhoramento genético adotado, com o estreitamento da base genética e ao
cultivo em regiões distintas do seu centro de origem, onde passou a ser
infectado por novos patógenos presentes nesta nova área, e também,
potencializados pelos sistemas de cultivos inadequados.
A produção orgânica de hortaliças está centrada, principalmente, no
cultivo de alface, repolho, brócolis, couve, cenoura, beterraba e cebola. Porém,
a grande dificuldade dos produtores está na produção orgânica de tomate, pela
complexidade de problemas fitossanitários que esta cultura apresenta. Os
produtores não dispõem de produtos alternativos comprovadamente eficientes
no controle de pragas. Por outro lado, poucos trabalhos de pesquisa com a
utilização de telas para proteção de pragas têm sido realizados no Brasil.
Algumas alternativas têm sido propostas, como por exemplo a utilização de
barreiras físicas para proteção dos cultivos à entrada de determinadas pragas
que causam danos diretos ou indiretos a cultura.
Como alternativa ao cultivo tradicional, que resulta em uma alta
demanda de produtos químicos para controle de pragas e doenças e todas as
possíveis conseqüências que possam daí surgir, passa-se a sugerir um
sistema de produção que favoreça as plantas e, ao mesmo tempo, estabeleça
um ambiente desfavorável ao desenvolvimento de doenças e à ocorrência de
pragas.
A hipótese deste trabalho é a de que o cultivo protegido, associado ao
uso de barreiras, que impeçam a entrada de insetos e controlem determinados
fatores ambientais e associado a uma nutrição equilibrada, fornecida por meio
de compostagem orgânica, poderá viabilizar o cultivo orgânico de tomate,
proporcionando, assim, um produto livre de resíduos agroquímicos, produzido
em um sistema pouco contaminante ao ambiente e economicamente viável.
Por esta razão, foi proposta a realização deste trabalho, que teve como
objetivos:
2
3
a) Estudar o crescimento e desenvolvimento bem como o rendimento
da cultura e a qualidade dos frutos do tomateiro, cultivado em
sistema orgânico sob as condições de céu aberto e em diferentes
ambientes protegidos com plástico e/ou telas anti-insetos;
b) Estudar as variações microclimáticas ocorridas nos diferentes
ambientes
de estudo e suas conseqüências
no crescimento e
desenvolvimento do tomateiro, assim como na ocorrência de pragas
nos frutos e na incidência de doenças nas plantas e,
c) Determinar qual o ambiente que propicia melhores condições para o
cultivo do tomateiro no sistema orgânico.
3
4
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 – A produção alternativa de alimentos
A história da agricultura remonta os tempos da antiga civilização. O
homem abandonou a vida nômade, transformando-se em pastor e agricultor.
Algumas evoluções foram acontecendo na agricultura, sendo que na história
recente, os gregos e romanos deixaram documentos classificando as terras de
acordo com sua fertilidade, capacidade de uso e meios e métodos para obter
melhores colheitas. Remontam desta época conhecimentos relacionados à
matéria orgânica, ao uso de cinzas, ao emprego do esterco, ao uso de
leguminosas para melhoria da fertilidade do solo, ao manejo de desequilíbrios
biológicos, às associações favoráveis e desfavoráveis de plantas e a rotação
de culturas. A grande guinada nos conhecimentos de agricultura e nutrição
vegetal ocorreu em 1840, com o químico alemão Justus Von Liebig. Ele
afirmava que a nutrição das plantas dava-se pela absorção de substâncias
minerais
e não da matéria orgânica do solo. O húmus era um produto
transitório entre os materiais orgânicos e os nutrientes minerais e que o
crescimento da planta seria controlado pelo nutriente em menor quantidade,
conhecido como “lei do mínimo”. Liebig baseou suas idéias no pressuposto
que o solo fosse um mero corpo estático, sem vida, constituído de rochas
intemperizadas que armazenava a água e os outros nutrientes minerais. Seus
estudos originaram os conhecimentos de química agrícola, propiciando o
florescimento da indústria de fertilizantes minerais solúveis (Gliessman, 2001).
Na metade do século passado, o rápido crescimento da população
mundial, principalmente dos países do terceiro mundo, representava uma
grande ameaça à estabilidade mundial, via “déficit” alimentar. Para afastar este
fantasma, foi concluído que deveriam ser melhoradas as técnicas de produção
4
5
de alimentos. Diversas iniciativas neste sentido foram incrementadas,
culminando com o movimento chamado “Revolução Verde”. A tecnologia
sugerida pela “Revolução Verde”, permitiu que se aumentasse a produtividade
das culturas e melhorasse a “qualidade” comercial do produto final. O
desenvolvimento de novas cultivares e híbridos de plantas ou raças de animais,
permitiu a sua adaptação em uma ampla área geográfica e a utilização de
novos organismos polinizadores, simbiontes ou agentes de controle biológico,
fazem parte do desenvolvimento tecnológico que caracterizou a agropecuária
nas últimas décadas. Assim, a agricultura mundial esteve voltada para o
aumento da produção e da produtividade. Para isto, foram utilizados
intensamente adubos químicos solúveis, agrotóxicos, sementes de plantas
híbridas e, de outro lado, com estreita variabilidade genética, ambas altamente
exigentes em insumos minerais e químicos, mecanização excessiva do solo e
monocultivo, Jucksch et al (2000).
Para
atender
seus
objetivos,
a
“Revolução Verde” não considerou os efeitos que esta agricultura causava ao
ambiente, à saúde humana e
à dificuldade da permanência do pequeno
produtor rural em sua propriedade. Sob um ecossistema desequilibrado, esta
agricultura tornou-se mortal e escravizadora pela dependência cada vez maior
de insumos que provocava, o que a tornava insustentável. Passadas algumas
décadas, a “Revolução Verde” mostrou ter causado inúmeros problemas, que
não foram questionados
por ocasião da euforia de sua implantação, que
segundo Altieri (2002) são a diminuição drástica da biodiversidade;
compactação e erosão do solo; eliminação, inibição ou redução sensível de
flora microbiana do solo; poluição alimentar; da água; do solo, pelos
agrotóxicos e adubos minerais solúveis; recrudescimento e surgimento de
novas pragas e doenças nos cultivos; mecanização inadequada; monocultura
e produção em grande escala para exportação, em detrimento do consumo
interno; perda da autonomia dos produtores, tornando-os dependentes dos
bancos e das indústrias; aumento da fome, mesmo com o “sucesso” da
“Revolução Verde”; desagregação social e marginalização de grande parte da
população rural; sucateamento da agricultura familiar e êxodo rural.
5
6
2.1.1 - Movimentos de agricultura alternativa
Ao longo dos últimos anos, vários movimentos partilham objetivos
semelhantes e princípios gerais de produção agrícola alternativa. Diversos
autores descrevem estes movimentos, dentre os quais destacamos (De Barba,
2001; Deffune, 2001; Altieri, 2002; Ormond, 2002).
a) Agricultura Biológica
A agriculturta biológica surgiu na França na década de 1960.
Caracteriza-se pela importância do controle biológico, no manejo integrado de
pragas e pela Teoria da Trofobiose, a primeira identificação científica da
ligação entre fontes de elementos nutrientes, pesticidas e interferência no
metabolismo secundário de resistência sistêmica de plantas a pragas e
doenças. Isso reforça de maneira insofismável a importância do uso da
adubação orgânica e demais técnicas biológicas e alelopáticas em substituição
aos agroquímicos.
b) Agricultura biodinâmica
Na Alemanha, em 1924, são lançadas as bases da
agricultura
biodinâmica, caracterizada pela busca da harmonia e do equilíbrio das
unidades produtivas (terra, plantas, animais e o homem) utilizando as
influências do sol e da lua. A tese advoga que, para se estabelecer o elo entre
as formas de matéria e de energia presentes no ambiente natural, somente
devem ser utilizados os elementos orgânicos produzidos na propriedade
agrícola, já que esta é considerada um organismo, um ser indivisível. A idéia
fundamental, trabalhada pela agricultura biodinâmica, é que o universo é feito
de redes de complexos campos de energia sutil, a maioria delas
desconhecidas e negadas pela ciência ortodoxa, por não dispor de
metodologias para confirmá-la.
Um destes campos energéticos é formado
pelas forças formativas etéreas, responsáveis pela organização do corpo
6
7
etéreo dos seres vivos. Os vegetais também possuem este campo energético.
É neste campo, envolvendo estas duas dimensões, a física e a supra-sensível
que a agricultura biodinâmica trabalha, tendo como cenário a propriedade
agrícola. Esta é entendida como um organismo agrícola o mais fechado
possível em si mesmo, onde o solo, a planta, o animal e o homem interagem
harmoniosamente com o meio ambiente.
Muitas técnicas utilizadas na agricultura biodinâmica, são comuns à
outras escolas de agricultura alternativa, tais como: adubação orgânica,
conservação do solo e da água, rotação e diversificação de culturas e
recuperação da fertilidade do solo. Outras são específicas e originais da
agricultura biodinâmica, como o uso dos preparados biodinâmicos, de um
calendário
agrícola,
baseado
na
influência
dos
fatores
cósmicos
complementares ao fotoperíodo e ao clima em geral. Este calendário leva em
conta a influência dos ritmos e ciclos lunares, nas plantas e nos animais. Os
preparados biodinâmicos são biocatalizadores energéticos, reguladores de
processos biológicos, que agem diretamente na força vital dos vegetais. Os
preparados biodinâmicos são identificados por números que vão de 500 a 508.
O de número 500 é feito a partir de esterco bovino, o de número 501 de sílica e
os demais a partir das seguintes espécies vegetais: milefólio, camomila, urtiga,
carvalho, dente de leão, valeriana e cavalinha. A quantidade de substância
efetivamente aplicada de cada um é mínima, correspondendo a uma dosagem
homeopática.
c) Agricultura natural
No Japão, em 1935, foi definida a filosofia do que seria uma “agricultura
natural”, segundo a qual existem espírito e sentimento em todos os seres vivos
(vegetal e animal). A agricultura natural valoriza o solo como fonte primordial de
vida. Para fertilizá-lo, procura fortalecer sua energia natural utilizando os
insumos disponíveis no local de produção. Seu objetivo é obter produtos por
sistemas agrícolas que simulam as condições originais da natureza. A
originalidade desta escola está na recomendação do uso da cobertura morta,
adubos verdes, folhagens e compostos feitos unicamente com vegetais; no
auxílio de microorganismos efetivos que é uma suspensão de populações e
espécies de microorganismos; no emprego do “bokashi”, que é um fermentado
7
8
obtido pelos microorganismos, farelos, farinhas e melaço.
Dentro desta linha
está o trabalho que substitui toda movimentação do solo por roçadas, cobertura
verde e morta, combinadas com semeaduras consorciadas de cereais e
leguminosas ou coquetéis de hortaliças e ervas aromáticas no meio do pomar
não podado.
d) Permacultura.
Na Austrália, em 1971, foi difundido o conceito de permacultura, que
também é um modelo de agricultura integrada com o ambiente. A denominação
permacultura, deriva da fusão das palavras permanente, no sentido de
duradouro, e agricultura, dando sentido de uma agricultura permanente.
A permacultura baseia-se no planejamento, na implantação e na
manutenção de ecossistemas produtivos, adequados a realidade local, que
tenham a diversidade, a estabilidade e a resistência dos ecossistemas naturais.
Defende a manutenção de sistemas agro-silvo-pastoril, visando também um
aproveitamento permanente dos espaços verticais da vegetação.
e) Agricultura orgânica.
A história da agricultura orgânica remonta ao início da década de 1920,
com o trabalho de um pesquisador inglês, que, em viagem à Índia, observou as
práticas agrícolas de compostagem e adubação orgânica utilizadas pelos
camponeses. Desenvolveu o método de compostagem chamado “Indore”, que
é base da agricultura orgânica. Relatou suas experiências posteriormente em
seu livro, Intitulado “An Agricultural Testament” (Um testamento agrícola), de
1940. O principio fundamental da agricultura orgânica é o de que, um solo
provido com altos níveis de matéria orgânica, assegura uma vida intensa e rica
para a flora microbiana, pela qual a nutrição e sanidade das plantas são
plenamente atendidas.
O solo não deve ser visto como um conjunto de
substâncias químicas, pois neles ocorrem uma série de processos vivos e
dinâmicos, essenciais para as plantas.
Segundo a FAO/OMS (1999), a agricultura orgânica é um sistema
holístico de gestão da produção que fomenta e melhora a qualidade do
agroecossistema (em particular, a biodiversidade), dos ciclos biológicos e da
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9
atividade biológica do solo. Os sistemas de produção orgânica se baseiam em
normas específicas e precisas, cuja finalidade é lograr agroecossistemas, que
sejam sustentáveis do ponto de vista social, ecológico, técnico e econômico.
Para Paschoal (1994) a agricultura orgânica é um método de agricultura
que visa o estabelecimento de sistemas agrícolas ecologicamente equilibrados
e estáveis, economicamente produtivos em grande, média e pequenas escalas,
de elevada eficiência quanto à utilização dos recursos naturais de produção e
socialmente bem estruturados, que resultem em alimentos saudáveis, de
elevado valor nutritivo e livres de resíduos tóxicos, e em total harmonia com a
natureza e com as reais necessidades da humanidade.
Segundo a Associação de Agricultura Orgânica - AAO, a Agricultura
Orgânica é o sistema de produção que exclui o uso de fertilizantes sintéticos de
alta solubilidade e agrotóxicos, além de reguladores de crescimento e aditivos
sintéticos para a alimentação animal. Sempre que possível, baseia-se no uso
de estercos animais, rotação de culturas, adubação verde, compostagem e
controle biológico de pragas e doenças. Busca manter a estrutura e
produtividade do solo, trabalhando em harmonia com a natureza, (AAO, 2005).
O emprego de compostos orgânicos, como base central de sistemas
orgânicos de produção é uma tecnologia adotada no mundo todo. Seu grau de
eficiência depende do sistema e da forma como se executa o processo de
preparo do mesmo e das matérias primas utilizadas. A riqueza nutricional e
biológica que os compostos orgânicos conferem ao solo e às plantas auxiliam
sobremaneira no cultivo de plantas em sistemas de cultivo orgânico, permitindo
melhorar as qualidades químicas, físicas e biológicas do solo e promover um
desenvolvimento vegetativo adequado à obtenção de produtividade técnicas e
economicamente viáveis (Souza, 1998) .
Parte de alguns nutrientes contidos nos resíduos orgânicos estão na
forma orgânica, devendo ser mineralizados para serem absorvidos pelas
plantas. A partir daí, a fração mineralizada comporta-se de forma semelhante
aos nutrientes dos adubos minerais. Todo potássio, aplicado através do adubo
orgânico, comporta-se como mineral desde a aplicação, uma vez que não faz
parte de nenhum composto orgânico estável; portanto, não necessita sofrer a
ação dos microorganismos. O fósforo sofre mineralização de cerca de 60% no
primeiro ano de cultivo e cerca de 20% no segundo ano. Para o nitrogênio a
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10
taxa de mineralização é de cerca de 50% no primeiro ano e 20% no segundo
ano. A partir do terceiro ano a totalidade do N e P aplicada na forma orgânica
encontra-se mineralizada, (Sociedade ...., 1994).
Os materiais orgânicos variam muito em sua composição química, e a
dose mais adequada depende das condições de mineralização, dos teores de
nutrientes e do nível de fertilidade do solo. A adubação orgânica é realizada em
função do nutriente mais limitante (Ernani, 1981).
A produção de composto orgânico é uma tecnologia recomendada para
a produção orgânica de hortaliças, pelo equilíbrio dos seus nutrientes e
também pela
composição microbiana benéfica que contém. O composto
orgânico é um produto obtido pelo processo de decomposição microbiana
aeróbica de resíduos vegetais e animais, que os transforma em húmus,
gerando um adubo de elevada qualidade (Souza, 1999)
2.1.2- Agroecologia
Diferente das escolas de agricultura alternativa, a agroecologia surgiu
como uma ciência que estuda os sistemas agrícolas, baseados em princípios
agronômicos,
ecológicos
e
sócio-econômicos,
para
possibilitar
a
sustentabilidade no meio rural.
A agroecologia está em constante construção. Ela busca o resgate e a
valorização do conhecimento local e empírico dos agricultores e os
conhecimentos advindos da experimentação e pesquisa, visando a divulgação
dos mesmos, para que sejam aplicados com vista à obtenção da
sustentabilidade agrícola. A agroecologia busca também a reintegração do
agricultor às suas condições humanas (Schallenberger et al., 2001).
O processo de resgate mundial do conhecimento tradicional e o saber
local, bem como sua valorização e sistematização ocorreu, inicialmente, graças
aos vários movimentos populares organizados por Organizações não
Governamentais, mais intensamente a partir da década de 1960. No Brasil, o
“Manifesto Ecológico Brasileiro” do Eng. Agr. José Lutzemberger, de 1973, o
trabalho da professora Ana Primavesi, em “Manejo Ecológico de Solos
10
11
Tropicais” e o trabalho do professor Adilson D. Paschoal da Escola Superior
Luiz de Queiroz SP,
foram importantes para o desenvolvimento da
agroecologia. O movimento ambientalista mundial tem, também, influenciado a
política agrícola de diversos países.
A publicação do livro “Primavera
Silenciosa” de Rachel Carson, lançado em 1962 no EUA, foi um alerta de que
não haveria humanidade sem natureza. Muito antes disto, na Índia, Mahateman
Ghandi lideraria o ambientalismo político na epígrafe “Não há natureza sem
justiça social”. Atualmente, a proposta agroecológica vai além das variáveis
técnico-econômicas, indo ao encontro das mudanças sociais e ecológicas para
levar a agricultura para uma base verdadeiramente sustentável. Como
princípios e bases da agroecologia, podemos destacar que o objetivo
fundamental da agroecologia é trabalhar os sistemas agrícolas onde seja
valorizado o componente humano, as interações ecológicas e o sinergismo
entre os componentes biológicos, fazendo com que estes componentes, criem
eles próprios, a fertilidade do solo, a produtividade e a proteção de culturas e
criações, a fim de que seja alcançada, a produção sustentável de alimentos
(Altieri, 1999).
A disciplina cientifica que enfoca o estudo da agricultura a partir de uma
perspectiva ecológica, denomina-se agroecologia e se define como um marco
teórico, cujo fim é analisar os processos agrícolas de maneira mais ampla. O
enfoque agroecológico considera os sistemas agrícolas como unidades
fundamentais de estudo; e nestes sistemas, os ciclos minerais, as
transformações de energia, os processos biológicos e as relações sócioeconômicas são analisadas como um todo. Deste modo, à investigação
agroecológica interessa não somente a maximização da produção de um
componente particular, senão a otimização do agroecossitema total (Deffune,
2001).
A
agroecologia
provê as bases ecológicas para conservação da
biodiversidade na agricultura e desempenha um importante papel no
restabelecimento do equilíbrio ecológico dos agroecossitemas, de maneira a
alcançar a produção sustentável. A biodiversidade promove uma variedade de
processos de renovação e serviços ecológicos aos agroecossitemas; quando
estes se perdem, os custos são significativos (Khantounian et al., 1996).
11
12
Como o desenvolvimento agrícola implica inevitavelmente num certo
grau de transformação física da paisagem e de artificialização dos
ecossistemas, é essencial conceber estratégias que enfatizem métodos e
procedimentos para alcançar um desenvolvimento ecologicamente sustentável.
A agroecologia pode servir como paradigma diretivo já que define, classifica e
estuda os sistemas agrícolas a partir de uma perspectiva ecológica e sócioeconômica. No passado, a falta de uma compreensão integral contribuiu para a
crise ecológica e sócio-econômica atual que afeta a agricultura moderna
(Gliessmann, 2001).
A agroecologia tem surgido como um enfoque novo ao desenvolvimento
agrícola, mais sensível às complexidades das agriculturas locais, ao ampliar os
objetivos e critérios agrícolas para abarcar propriedades de sustentabilidade,
segurança alimentar, estabilidade biológica, conservação dos recursos e
eqüidade, junto com o objetivo de uma maior produção. O objetivo é promover
tecnologias de produção estáveis e de alta adaptabilidade ambiental. Como
princípios da agroecologia, segundo Altieri (2002), podemos, destacar:
diversificação animal e vegetal em termos de espécie ou genética no tempo e
no espaço, reciclagem de nutrientes e matéria orgânica, otimização da
disponibilidade de nutrientes e equilíbrio do fluxo de nutrientes, provisão de
condições edáficas ótimas para o crescimento de cultivos, manejando a
matéria orgânica e estimulando a biologia do solo, minimização de perdas por
insetos, patógenos e plantas daninhas mediante medidas preventivas e
estímulo da fauna benéfica, antagonistas e alelopatia, exploração de sinergias
que emergem de interações planta-planta, planta-animal e animal-animal.
Diversos estudos têm demonstrado a relação entre o estado nutricional e
a fitossanidade das plantas, porém quem deu valiosa contribuição neste
sentido foi Chaboussou (1987) em sua Teoria da Trofobiose. De acordo com
esta teoria, qualquer ser vivo sobreviverá e terá multiplicação abundante se
dispuser de alimento(s) adequado(s) à sua demanda vital. Fatores externos
que provoquem distúrbios fisiológicos nas plantas, como os provocados pelas
aplicações de agrotóxicos, que alteram o metabolismo da planta, favorecem
os organismos daninhos, que se aproveitam da planta estressada.
Paschoal (1994) constatou que todos os sistemas vivos requerem um
suprimento de nutrientes e energia em quantidade e forma adequadas. Para se
12
13
compreender a função de diversos grupos de microorganismos no sistema solo
planta, bem como sua capacidade de sobrevivência, é necessário conhecer a
maneira como eles satisfazem suas demandas de nutrientes e os mecanismos
que desenvolveram para capturar, conservar e transferir a energia requerida
para as biossínteses.
2.1.3 – A agricultura orgânica oficial
Agricultura orgânica é um conjunto de processos de produção agrícola
que parte do pressuposto básico de que a fertilidade é função direta da matéria
orgânica contida no solo. A ação de microorganismos presentes nos
compostos biodegradáveis existentes ou colocados no solo, possibilitam o
suprimento de elementos minerais e químicos necessários ao desenvolvimento
dos vegetais. Complementarmente, a existência de uma abundante fauna
microbiana diminui os desequilíbrios resultantes da intervenção humana na
natureza. Alimentação adequada e ambiente saudável resultam em plantas
mais vigorosas e mais resistentes a pragas e doenças ( Deffune, 2001).
Os primeiros movimentos em favor de sistemas orgânicos guardam
pouca ligação com a agricultura orgânica praticada hoje. Inicialmente não havia
padrões, regulamentos ou interesse em questões ambientais e de segurança
alimentar.
Na década de 1970, começaram a surgir na Europa os primeiros
produtos orgânicos para venda. O movimento se solidificou no final da década
de 1980, tendo seu maior crescimento em meados dos anos 1990, com o
programa instituído pelo Council Regulation da Comunidade Econômica
Européia, no documento 2092/91, de 24 de junho de 1991, que estabeleceu as
normas e os padrões de produção, processamento, comercialização e
importação de produtos orgânicos de origem vegetal e animal nos seus
estados membros. Tal documento vem sendo alterado com freqüência para
incorporar
os
avanços
nas
práticas de
produção,
processamento
e
comercialização desses produtos (Ormond, 2002).
A Internacional Federation of Organic Agriculture Movements (IFOAM),
procura agregar todas as associações e pessoas que pesquisam, ensinam e
13
14
divulgam as técnicas da agricultura orgânica, bem como as que produzem,
processam e comercializam alimentos orgânicos e insumos naturais.
No Brasil, ainda na década de 1970, a produção orgânica estava
diretamente relacionada com movimentos filosóficos que buscavam o retorno
do contato com a terra como forma alternativa de vida em contraposição aos
preceitos consumistas da sociedade moderna. A recusa de uso do pacote
tecnológico da chamada agricultura moderna, intensivo em insumos sintéticos
e agroquímicos e vigorosa movimentação de solo, acrescenta a vertente
ecológica ao movimento. A comercialização dos produtos obtidos era feita de
forma direta, do produtor ao consumidor, e tinha como clientes aqueles que
propugnavam filosofias análogas, assemelhando-se a uma “ação entre
amigos”. Com o crescimento da consciência de preservação ecológica e a
busca por alimentação cada vez mais saudável, houve expansão da clientela
dos produtos orgânicos e, na década de 80, organizaram-se muitas das
cooperativas de produção e consumo de produtos naturais hoje em atividade,
bem como os restaurantes dedicados a esse tipo de alimentação. Na década
de 90, alavancados pela ECO 92, proliferaram os pontos comerciais de venda
de produtos naturais e, no final da década, os produtos orgânicos entraram,
com força, nos supermercados (Ormond, 2002).
Da mesma maneira que no restante do mundo, a existência de um
mercado crescente e rentável tem atraído novos empreendedores, que visam,
essencialmente, aos lucros que podem advir da atividade e, embora
mantenham os preceitos técnicos da agricultura orgânica, se distanciam cada
vez mais da filosofia que deu origem ao movimento.
2.1.4 – A agricultura orgânica oficial no Brasil
As normas oficiais de produção e comercialização de produtos orgânicos
no Brasil, foram oficializadas inicialmente pela Instrução Normativa 007/99, de
17 de maio de 1999. Posteriormente novas leis e portarias foram sendo
editadas,
visando complementar as normas. Dentre elas destacamos a lei
10.831 de 23/12/2003, a instrução Normativa 16 de 11/06/2004 e a Portaria
158 de 08/07/2004. Todas procuram basear-se nas diversas correntes de
14
15
agricultura alternativa existentes no Brasil, baseando-se também nas normas
internacionais da IFOAM.
A Instrução Normativa 007/99, do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa), que normatiza a agricultura orgânica, em seu item 1.1,
considera “sistema orgânico de produção agropecuária e industrial todo aquele
em que se adotam tecnologias que otimizem o uso dos recursos naturais e
socioeconômicos, respeitando a integridade cultural e tendo por objetivo a
auto-sustentação no tempo e no espaço, a maximização
dos benefícios
sociais, a minimização da dependência de energias não-renováveis e a
eliminação do emprego de agrotóxicos e outros insumos artificiais tóxicos,
organismos geneticamente modificados
por transgenia ou por radiações
ionizantes em qualquer fase do processo de produção, armazenamento e de
consumo, e entre os mesmos privilegiando a preservação da saúde ambiental
e humana, assegurando a transparência em todos os estágios da produção e
da transformação”, visando:
a) - oferta de produtos saudáveis e de elevado valor nutricional, isentos de
qualquer tipo de contaminantes que ponham em risco a saúde do consumidor,
do agricultor e do meio ambiente;
b) - preservação e a ampliação da biodiversidade dos ecossistemas, natural ou
transformado, em que se insere o sistema produtivo;
c) - conservação das condições físicas, químicas e biológicas do solo, da água
e do ar; e
d) - fomento da integração efetiva entre agricultor e consumidor final de
produtos orgânicos e o incentivo à regionalização da produção desses produtos
orgânicos para os mercados locais (Brasil, 1999).
2.1.5 – Sistema de conversão das propriedades.
Conversão é o nome dado à mudança de processo de manejo do solo e
de animais e se inicia pela suspensão total do uso de insumos sintéticos e sua
substituição por insumos naturais e biodegradáveis renováveis pelo período
necessário à “desintoxicação” da área. Enquanto a terra e os animais
apresentarem vestígios de agroquímicos ou fertilizantes sintéticos, a sua
produção não poderá ser considerada orgânica. O tempo necessário para que
15
16
este processo se complete depende das condições do solo e do tipo de cultivo
a ser realizado. No caso de culturas vegetais anuais, o prazo oscila entre um e
dois anos, chegando a três anos para culturas permanentes (Brasil, 1999).
2.1.6 – Certificação de produtos orgânicos
O Colegiado Nacional de Certificação Orgânica, instituído pela
Normativa nº 007, de maio de 1999, do Ministério da Agricultura, é a instituição
que está regulamentando, nacionalmente, o processo de credenciamento de
entidades certificadoras. Na área estadual, estão sendo implantados os
colegiados estaduais que serão responsáveis pelo credenciamento e
fiscalização das entidades certificadoras nos diversos estados brasileiros
(Souza et al., 2001).
Um produto agrícola se beneficia da designação de “orgânico”, se a
propriedade rural cumprir o período de conversão e as regras da Normativa
007/99 do Mapa, fiscalizadas e certificadas por entidades certificadoras
regulamentadas (Brasil, 1999).
2.1.7 – Mercado de produtos orgânicos
a) Mercado mundial
Segundo a IFOAM, o sistema orgânico já é praticado em mais de uma
centena de países ao redor do mundo, sendo observada uma rápida expansão,
sobretudo na Europa, EUA, Japão, Austrália e América do Sul. Esta expansão
está associada, em grande parte, ao aumento de custos da agricultura
convencional, à degradação do meio ambiente e à crescente exigência dos
consumidores por produtos “limpos”, livres de substâncias químicas ou
geneticamente modificadas (Darolt, 2003).
De acordo com Yussefi (2003), atualmente cerca de 23 milhões de
hectares são manejados organicamente no mundo, em aproximadamente
16
17
400.000 propriedades orgânicas, o que representa pouco menos de 1% do total
das terras agrícolas do mundo.
As estatísticas mundiais sobre o setor de alimentos orgânicos mostram
que o comércio mundial de alimentos orgânicos (considerando 16 países
europeus, América do Norte e Japão) movimentou aproximadamente US$ 21
bilhões em 2001 e provavelmente atinjam 29 a 31 bilhões em 2005 (KortbechOlesen, 2003).
b) Mercado no Brasil
A produção orgânica no Brasil, avaliada pelo Instituto Biodinâmico
permite uma estimativa de valor de mercado da produção brasileira de
orgânicos na faixa de US$ 220 milhões a US$ 300 milhões, dependendo da
performance de produtividade de frutas e palmito e da margem aplicada pelos
distribuidores (Ormond, 2002).
No Brasil, a área ocupada pela agropecuária orgânica é de 269.718 ha,
sendo 116.982 ha utilizados para a pastagem de bovino de corte e de leite
manejado segundo normas da agricultura orgânica e os restantes 152.736 ha
destinados ao cultivo dos mais diversos produtos agrícolas, desde commodities
a especiarias, incluindo também produtos típicos de atividade extrativista
(Ormond, 2002).
Segundo Darolt (2002), dos cultivos nos quais se identificou a correlação entre
quantidade de produtores e culturas, a soja e as hortaliças aparecem como
destaque. No caso da soja, o fato é explicado pela demanda do mercado do
Japão e da União Européia por soja orgânica (mesmo antes da difusão dos
transgênicos) e pela experimentação de produtores de soja em manejo
orgânico (área média de 21 ha por produtor). O caso das hortaliças é
conseqüência
da
adequação
do
sistema
de
produção
orgânica
às
características de pequenas propriedades com gestão familiar, seja pela
diversidade de produtos cultivados em uma mesma área, seja pela menor
dependência de recursos externos, com maior utilização de mão-de-obra e
menor necessidade de capital.
17
18
2.2 – O cultivo protegido
O cultivo protegido tornou-se uma alternativa à proteção das plantas
contra as adversidades climáticas, permitindo a produção em períodos críticos,
além de possibilitar a regularização da oferta e melhor qualidade dos produtos.
Isto acontece porque no cultivo protegido ocorrem alterações microclimáticas
que favorecem e protegem as culturas, possibilitando melhores condições de
desenvolvimento e produção das plantas, Sentelhas & Santos (1995).
O início da utilização do polietileno na agricultura data da década de
1960, quando a utilização do plástico revolucionou a produção de hortaliças em
diversas partes do mundo. Nas décadas de 1970 e 1980 houve grande
expansão do cultivo protegido, particularmente na Ásia e Costa do
Mediterrâneo, estimando-se que são cultivados, atualmente, no mundo cerca
de 200.000 ha de hortaliças em cultivo protegido. Hoje, o cultivo em ambiente
protegido consiste numa tecnologia amplamente consolidada em países como
China, Japão, Espanha, Itália, Grécia, Holanda e Estados Unidos (Sentelhas &
Santos, 1995).
No Brasil, o uso desta tecnologia iniciou na década de 1970, com rápido
crescimento na década de 1990, quando eram cultivados cerca de 1.390 ha
em 1998. São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul são os estados com maior
área cultivada. Dentre as hortaliças mais cultivadas, destacam-se o tomate,
pimentão, alface e pepino (Vechia & Koch, 1999).
O cultivo protegido proporciona em geral rendimentos superiores ao
cultivo a céu aberto. Além desta vantagem, os produtos colhidos apresentam
melhor qualidade; as plantas consomem menos água; diminui-se a lixiviação
dos nutrientes; melhora-se o aproveitamento da radiação solar; há um aumento
significativo da temperatura interna do ar e do solo; os patógenos do solo,
nematóides e plantas daninhas podem ser controlados com aplicação de filmes
plásticos (Martins et al., 1999).
Para Rebelo et al., (2005), entre as vantagens do cultivo protegido,
destacam-se a humanização do trabalho do agricultor, a racionalização no uso
dos insumos agrícolas, a garantia de produção, a melhor qualidade dos
produtos e o aumento de renda do produtor.
18
19
O efeito da cobertura plástica causa modificações microclimáticas no
interior dos abrigos, tornando viável a produção de vegetais em épocas ou
lugares cujas condições climáticas são críticas. No entanto, nem todas
modificações microclimáticas são benéficas aos cultivos, sendo que em muitas
vezes estas modificações, como ausência de chuvas e elevação da
temperatura e umidade, prejudicam o desenvolvimento das plantas ou
favorecem o surgimento de pragas e doenças, causando prejuízos aos
produtores (Sentelhas & Santos, 1995).
Cultivando tomateiro em ambiente protegido e a céu aberto, Martins et
al., (1992) constataram efeito positivo e favorável da proteção plástica sobre
as plantas,
tanto na redução do período de molhamento foliar, como na
redução da ocorrência de doenças foliares e no aumento da produtividade da
cultura.
As principais modificações microclimáticas observadas em ambientes
protegidos são:
a) Temperatura
A temperatura do ar no interior dos abrigos plásticos está ligada ao
balanço de energia, que irá depender do tamanho do abrigo, do tipo de plástico
e das condições meteorológicas locais (Buriol et al., 1993). Durante o dia, por
causa da radiação líquida positiva, a superfície aquece a parcela de ar próxima
a ela, desencadeando um processo convectivo. Com isso, as temperaturas
máximas podem atingir valores bem superiores aos observados no exterior dos
abrigos (Sentelhas & Santos, 1995).
Buriol et al., (1997) constataram que em túneis baixos de polietileno
transparente, as temperaturas médias e máximas diárias do ar foram mais
elevadas sob os túneis do que no exterior. Após o pôr do sol, à medida que a
noite avança, o balanço de energia vai se tornando negativo devido à alta
transmissividade do plástico à radiação de onda longa, permitindo a perda
noturna de energia. Com isso, a temperatura do ar no interior dos abrigos
cobertos com polietileno de baixa densidade sofre uma queda acentuada,
tendendo que a temperatura mínima seja igual ou ligeiramente superior ao
ambiente externo. Isso pode
acontecer em noites com ventos moderados
associados à céu limpo. No interior dos abrigos, devido à ausência de mistura
19
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mecânica das camadas de ar influentes, a perda de energia se torna intensa,
causando a inversão térmica
(Montero et al., 1985; Buriol et al., 1993;
Pezzopane et al., 1995). Para Castilla Prados (1998), em dias ensolarados a
temperatura no interior dos abrigos durante o dia será bem superior à
temperatura externa.
O efeito estufa, que é a maior disponibilidade de calor no ambiente
interno do abrigo, está diretamente relacionado, durante o dia, à passagem da
radiação solar (ondas curtas) através do plástico para o interior do abrigo e
retenção da radiação de onda longa. O “efeito estufa” nos abrigos é,
relativamente, maior nos dias mais frios e, dependendo das condições
meteorológicas, a temperatura mínima do ar no interior dos abrigos pode ser
menor do que aquela no ambiente externo (Buriol et al., 1993). Isso ocorre pois
o plástico atualmente utilizado nos abrigos é do tipo PEBD (Polietileno
transparente de baixa densidade), que é bastante transmissível à radiação
terrestre (onda longa), sendo assim muito pequeno o efeito estufa
proporcionado. Atualmente existem outros tipos de plásticos, conhecidos como
térmicos, como aqueles com o copolímero EVA (acetato de etileno vinil), que
têm menor transmissividade à radiação de onda longa, diminuindo, assim, a
perda noturna de energia (Sentelhas & Santos, 1995).
Para diminuir as temperaturas diurnas excessivamente elevadas
no
interior de abrigos plásticos, Schneider et al., (1998) avaliaram a aplicação na
face interna da cobertura plástica de uma mistura de 10% de cal apagada em
água e também o sombreamento, através da colocação de uma malha de
sombra de transmissividade de 70%, aplicada na altura do pé direito dos
abrigos. Estas duas técnicas possibilitaram uma redução média de 3ºC em
relação ao abrigo testemunha.
A temperatura média do solo no interior de abrigos plásticos, em leituras
realizadas nos horários de 9, 15 e 21 horas, é maior que as médias observadas
no ambiente externo ao abrigo, independente do horário de observação. Nos
dias mais frios, a diferença de temperatura entre o ambiente interno e externo
do abrigo é mais elevada (Schneider et al., 1993a).
20
21
b) Radiação solar
A radiação solar global incidente no interior de abrigos cobertos com
plástico é sempre menor que a incidente sobre uma superfície livre. A redução
da densidade de fluxo da radiação é em virtude dos processos de reflexão e de
absorção pela cobertura plástica (Pezzopane et al., 1995). Com relação à
transmissividade da radiação solar, Sentelhas et al., (1999) constataram que o
filme plástico de PVC (policloreto de vinil) azul apresenta transmissividade
média da radiação solar global, da radiação fotossinteticamente ativa e da
iluminância respectivamente de 65, 60 e 70%, ao passo que no PVC
transparente a transmissividade média foi de 71, 72, e 85% respectivamente.
Farias et al., (1993) relatam que em média 83% da radiação solar global
verificada externamente, ao redor das 12 horas, penetrou no interior de abrigos
plásticos, variando este percentual de 65 a 90%. Em dia de céu límpido, em
média, 45% da radiação global interna correspondeu à radiação difusa, ao
passo que, externamente, este percentual foi de 24%, evidenciando o efeito
dispersante da cobertura plástica. Apesar da redução da radiação solar global
no interior de abrigos, ocorre um aumento da fração da radiação solar difusa,
sendo isso importante, uma vez que a radiação difusa é multidirecional,
podendo ser mais bem aproveitada pelas plantas. Em condições externas de
mínima ou nula radiação solar direta, os valores absolutos externos de
radiação difusa foram superiores aos observados no interior de abrigos
plásticos. Ao longo de um dia, observou-se que a maior transmissividade da
cobertura plástica à radiação solar (93%) ocorreu das 14 às 16 horas, sendo
menor nos horários próximos ao nascer e pôr-do-sol (52 e 77%), para às 8 e 17
horas, respectivamente, mostrando que a transmissibilidade da cobertura
plástica varia em função do ângulo de incidência da radiação solar (Sentelhas
& Santos, 1995).
Cultivando tomateiro em estufa plástica, Radin (2002) observou que
houve redução de 30% na radiação fotossintéticamente ativa, mesmo assim
houve aumento da eficiência de utilização desta radiação em cerca de 33% na
primavera-verão e 43% no cultivo no verão-outono, em virtude da maior
quantidade de luz difusa no interior do abrigo e ao comportamento das folhas
21
22
inferiores, que passaram a atuar como folhas de sombra, tornando-se mais
eficientes na fotossíntese.
A radiação solar interceptada pelas plantas está diretamente ligada à
fotossíntese e à produção total de matéria seca (Marcelis, 1993). Nos estádios
iniciais de desenvolvimento da planta, o acúmulo de massa seca é reduzido,
em virtude da menor área foliar para interceptação da radiação solar e
realização da fotossíntese, mas,
à medida que a planta
cresce, há um
aumento da área foliar, capturando mais energia, com ganho de matéria seca
(Loomis & Connor, 1992).
Reisser Júnior (2002)
observou que o tomateiro de crescimento
determinado cultivado em estufas plásticas apresenta maior altura de planta,
em resposta à menor disponibilidade de radiação solar, na comparação com
cultivo em ambiente externo. O crescimento das plantas em cultivo protegido é
maior do que o verificado a céu aberto, atribuído principalmente ao aumento da
temperatura no interior dos abrigos, (Segovia, 1997). Para o desenvolvimento
normal das cultura, é necessário que a radiação recebida seja igual ou superior
ao limite trófico estabelecido para a cultura, que no caso das hortaliças, situase em 8,4 MJ.m-2.dia-1 (Andriolo, 2000).
A radiação solar é utilizada também para a solarização do solo, que é
um método de controle de patógenos do solo. A radiação que passa por uma
cobertura plástica transparente para o solo úmido nos meses de verão propicia
o aumento do fluxo de calor latente para o solo (Schneider et al., 1993 b),
controlando patógenos, como Sclerotinia sclerotiorum (Veiga et al .,1998).
c) Evapotranspiração
A cobertura plástica do abrigo altera o balanço de radiação e o balanço
energético com relação ao ambiente exterior. Em conseqüência, altera também
a evapotranspiração. Farias et al., (1994) constataram uma redução na
evapotranspiração entre 45% e 77% da verificada na parte externa dos abrigos,
já Rosemberg et al., (1989) constataram valores de 60 a 80%. A diminuição da
evapotranspiração das culturas no interior dos abrigos ocorre em virtude da
diminuição da radiação solar e da menor ação dos ventos, principais fatores da
demanda evaporativa das plantas.
22
23
A evapotranspiração no interior de abrigos plásticos é cerca de 50%
inferior a que ocorre no ambiente externo (Buriol et al., 2001). As maiores
diferenças entre os valores da evaporação no interior e exterior de abrigos
ocorrem em dias límpidos
e de umidade relativa do ar reduzida. Em dias
nublados ou com chuva e umidade relativa do ar elevada ocorrem valores de
evapotranspiraração mais elevados no interior que no exterior. Para Heldwein
et al., (2001), a evapotranspiração no interior dos abrigos foi, em média, 52%
menor que no ambiente externo, mas tal diferença tende a decrescer ao longo
do ciclo das culturas. A espécie cultivada também interfere na diferença de
evaporação entre os ambientes externo e interno do abrigo.
d) Umidade relativa do ar
Os valores da umidade relativa do ar no interior de abrigos plásticos são
muito variáveis, sendo inversamente proporcionais aos valores da temperatura
do ar (Buriol et al., 1993). Desta forma, com o aumento da temperatura durante
o período diurno, a umidade relativa do ar diminui, ficando próxima ou até
algumas vezes menor do que a do ambiente externo ao abrigo. À noite, com a
diminuição da temperatura, a umidade relativa do ar sobe muito no interior do
abrigo, chegando quase sempre a 100% (Sentelhas & Santos, 1995).
Para Abreu et al., (1994), a umidade relativa do ar é maior no interior dos
abrigos do que na parte externa dos mesmos, em virtude da menor ventilação
que ocorre no seu interior. Diversos autores também relatam diminuição da
ventilação natural no interior de abrigos (Fernandez & Bailey, 1992; Feuilloley
et al., 1994; Kittas et al., 1995; Boulard & Draoui, 1995; Papadakis et al., 1996
e Kittas et al., 2001). Abou-Hadid & El-Beltagy (1992) verificaram que mesmo
em regiões onde a umidade relativa do ar é extremamente baixa, ocorre
expressiva elevação da umidade relativa do ar no interior dos abrigos.
A porcentagem média da umidade relativa do ar é superior no interior
abrigos em relação à porcentagem média da umidade relativa do ar do exterior,
no período noturno. No período diurno, só é inferior àquela do exterior nas
horas do dia em que ocorre elevação da temperatura do ar, em torno da 8 às
14 horas. Nos meses de inverno, nos dias em que a umidade do ar é muito
23
24
elevada e nos dias de chuva ou com céu encoberto, a umidade relativa do ar
no interior dos abrigos permanece mais elevada do que aquela do exterior
durante o período diurno também (Buriol et al., 2000).
Banuelos et al., (1985) constataram, quando cultivando tomateiro em
ambiente protegido, com umidade relativa do ar ao redor de 95%, a ocorrência
de maior porcentagem de frutos com sintomas de deficiência de cálcio, quando
comparado ao cultivo em ambiente com cerca de 55% de umidade relativa do
ar.
Francescangeli et al., (1994), observaram que cultivando tomateiro em
ambiente protegido com cobertura de tela sombreadora 20%, ocorreu maior
porcentagem de frutos com sintomas de deficiência de cálcio, ao redor de 11%,
ao passo que o cultivo em ambiente protegido sem tela sombreadora, a
ocorrência foi de 1% dos frutos.
Pezzopane et al., (1995) observaram que o manejo das cortinas do
abrigo influi diretamente na umidade relativa do ar. Com as cortinas fechadas,
a umidade do ar no interior dos abrigos é maior do que a do exterior em virtude
da não renovação do ar naquele ambiente. Com a abertura das cortinas, a
umidade no interior dos abrigos cai rapidamente, ficando próxima do ambiente
externo.
A ventilação natural no interior de abrigos plásticos provocada pela
abertura das cortinas laterais, provoca diminuição da temperatura interna dos
abrigos, além de diminuir a umidade relativa do ar, desfavorecendo o
surgimento de doenças foliares, como Botrytis cinerea (Abreu et al., 1994).
2.2.1 – A utilização de telas anti-insetos em cultivo protegido
A utilização de telas anti-insetos para proteção de culturas não é uma
prática de uso corrente entre os produtores de hortaliças no Brasil.
A procura pelo uso de telas para controle de pragas em cultivo protegido
tem
crescido
rapidamente.
Isto
ocorre
devido
ao
rigoroso
controle
governamental no uso de agrotóxicos, diminuição de eficácia e disponibilidade
de alguns inseticidas, preocupação com a saúde dos trabalhadores rurais e
com a saúde pública. O uso de telas é uma alternativa limpa em substituição ao
tradicional controle químico de pragas. A utilização de telas em cultivo
24
25
protegido deve seguir os seguintes passos: seleção da malha adequada para o
controle dos insetos praga; desenhar o abrigo de forma que o uso das telas
não comprometa a ventilação em seu interior; construir sistema de gaiolas com
porta dupla para entrada nos abrigos; antes da instalação da tela, fazer
inspeção no interior dos abrigos para retirar possíveis focos de insetos ou
estruturas de multiplicação; estabelecer uma rotina de observação no interior,
visando detectar possíveis insetos, fazendo seu controle imediatamente
(Ranch, 2002).
Berlinger et al., (2002) relatam que até o ano de 1990, o controle da
mosca branca (Bemisia tabaci) em Israel, era realizado por meio da utilização
de inseticidas. A partir desta data, iniciou-se com sucesso a utilização de telas
anti-insetos para o controle desta praga transmissora de vírus na cultura do
tomateiro em ambiente protegido.
Embora esta prática não seja corrente entre produtores brasileiros,
Ribeiro (1981) relata que a utilização de telas de nylon no cultivo do tomateiro,
reduziu a incidência viroses ligadas a afídeos vetores de vírus.
Trani (2002) utilizou telas sombrite com malha de 1 e 2mm nas laterais
de abrigos tipo túneis, para controle de insetos no cultivo de couve.
Para o cultivo orgânico do tomateiro em cultivo protegido, pesquisadores
da Pesagro recomendam que nas laterais dos abrigos com cobertura de
polietileno, seja colocada tela branca de nylon com malha de 1mm (Pesagro,
2002).
2.2.2 – Vantagens do uso de telas anti-insetos
As telas de exclusão de insetos em cultivo protegido, oferecem vários
benefícios. Além da imediata proteção às plantas, elas eliminam os possíveis
problemas de resistência de inseticidas, satisfazem a demanda pública para
produtos livres de agroquímicos, permitem o uso mais eficiente de agentes de
biocontrole e abelhas para polinização. Finalmente, a principal vantagem é a
enorme redução em despesas e exposição aos agrotóxicos (Berlinger et al.,
2002).
A utilização de telas para controle de insetos transmissores de vírus em
tomate tornou-se uma solução economicamente viável, resultando em uma
expansão na área total de cultivo de tomate em estufa e também de outras
25
26
hortaliças (Berlinger et al., 1990; Bethke et al., 1994; Berlinger et al., 1996b;
Arsenio et al., 1999; Taylor et al., 2001).
Para
Bell & Baker (2000), a utilização de telas anti-insetos traz
benefícios econômicos para os produtores e também para os consumidores,
pela redução do uso de agrotóxicos e redução nos custos de produção.
O cultivo protegido, nos trópicos, protege as plantas de ventos fortes,
chuvas intensas, insetos e doenças. A utilização de telas anti-insetos nos
abrigos, reduz a exposição dos trabalhadores rurais aos pesticidas, excluindo
ou eliminando doenças causadas por insetos, reduzindo custos de produção,
pela drástica redução no uso de agrotóxicos (Soni et al., 2005).
A resistência aos inseticidas apresentada por pulgões, trips e mosca
branca torna seu controle menos efetivo, além de
causar prejuízos
econômicos e ambientais. O manejo integrado de pragas, com práticas de
exclusão de insetos, mostra-se como uma tática favorável à redução no uso de
agrotóxicos. Dentre as medidas de exclusão está a utilização de telas nos
cultivos protegidos. Bell & Baker (1997) relatam que a utilização de telas em
ambientes protegidos, visando a exclusão de insetos, tem diminuído custos de
produção, além de ter relaxado as medidas de proteção aos trabalhadores
rurais. Com a utilização de telas, diminui a presença de insetos transmissores
de vírus, diminuindo muito a necessidade de utilização de inseticidas. A
escolha do tipo de tela a ser utilizado deve levar em conta que esta é uma
técnica que provoca diminuição na ventilação no interior dos abrigos, podendo
causar danos ao cultivo.
Baker & Jones (1989) relatam que o uso de telas em cultivo protegido
tem diminuído a presença de pragas no interior dos abrigos e de insetos
transmissores de doenças.
Os problemas ambientais e de saúde provocados pelos agrotóxicos
estão sensibilizando a opinião pública e os trabalhadores de abrigos
protegidos. A exposição dermal e respiratória aos pesticidas é maior nos
trabalhadores em cultivo protegido do que nos demais trabalhadores rurais. A
utilização de telas para controle de pragas em abrigos é uma alternativa viável,
que propiciará redução na entrada de insetos nestes ambientes, reduzindo
conseqüentemente o uso de agrotóxicos (Baker & Schearing, 2002).
26
27
2.2.3 – Alterações microclimáticas provocadas pelas telas anti-insetos
O cultivo em ambientes protegidos promove condições ambientais
favoráveis ao desenvolvimento de vários insetos pragas, que são difíceis de
serem controlados, devido à ausência de inimigos naturais no interior dos
abrigos e à falta de inseticidas registrados para utilização em cultivo protegido.
A utilização de telas nas entradas dos abrigos pode impedir a entrada destes
insetos pragas, evitando o uso de agrotóxicos. Entretanto, a utilização de telas
diminui a ventilação no interior dos abrigos, prejudicando as culturas. A escolha
do tipo de tela deve ser feita em função do inseto praga a ser controlado. São
recomendadas as seguintes malhas para controle de insetos: minadores de
folhas (40 mesh); mosca branca (52 mesh); pulgões (78 mesh); trips (132
mesh). Para cada tipo de tela deve ser calculada a área de telado necessária
para promover uma boa ventilação no interior do abrigo (Ghidin & Roberts,
2002). Um dos objetivos principais do cultivo protegido é proteger as culturas
das condições climáticas desfavoráveis. Infelizmente, as ótimas condições
propiciadas para as plantas também são favoráveis para acelerar o
desenvolvimento de insetos (Berlinger et al., 2002)
Fatnassi et al (2003) relatam que a utilização de telas anti-insetos tipo
anti-trips e anti-afídeo, resultaram num significativo aumento da temperatura e
umidade relativa do ar no interior dos abrigos. Tanny et al (2003), observaram
que a utilização da tela anti-afídeo de 50 mesh (malha 0,5 x 0,5mm) resultou na
redução da taxa de ventilação entre 51 e 71% no interior do abrigo, e que esta
redução foi maior no centro do abrigo do que nas laterais. A variação na taxa
de redução da ventilação esteve em função da direção e velocidade dos ventos
no exterior do abrigo. Estes autores observaram também que na parte superior
do abrigo, a temperatura era maior e a umidade relativa menor, quando
comparada à parte inferior do abrigo.
Os estudos da mudança de temperatura, umidade relativa do ar e da
redução da taxa de ventilação no interior de abrigos com utilização de telas
anti-insetos, também foram
realizados por
(Sase & Christianson, 1990;
Brundrett, 1993; Kosmos et al., 1993; Pearson & Owen, 1994; Montero et al.,
1996; Miguel et al., 1997; Miguel, 1998; Miguel et al., 1998; Muñoz et al., 1998;
Teitel et al., 1999; Miguel & Silva, 2000; Teitel, 2001).
27
28
Teitel (2001) constatou que utilizando telas anti-insetos nas aberturas
dos telhados dos abrigos, ocorre diminuição da ventilação e aumento da
temperatura e umidade relativa do ar no interior dos abrigos, e que a
diminuição da ventilação é proporcional ao adensamento da malha da tela antiinseto. Com tela anti-insetos de 17 mesh (malha 1,47 x 1,47mm), a equação da
velocidade do vento no interior do abrigo é: y=0,187x + 0,176 e com tela antiinseto de 50 mesh (malha 0,5 x 0,5mm) a equação é: y=0,067x + 0,068; sendo
x a velocidade do vento em (m3 s-1) no exterior do abrigo.
Bartzanas et al., (2002) estudando a influência da utilização da telas
anti-insetos em cultivo protegido, concluíram que a utilização das telas reduz
drasticamente a velocidade dos ventos no interior dos abrigos
e promove
aumento do gradiente de temperatura nos abrigos.
Visando o controle de pragas, a escolha do tamanho da malha da tela
anti-insetos para utilização em cultivo protegido, deve ser feita baseada nas
dimensões do tórax do inseto, tendo em mente sempre que quanto menor a
malha, menor será a ventilação no interior dos abrigos (Bell & Baker, 2000).
A utilização de telas em abrigos, permite controle de pragas, porém
diminui a ventilação no interior dos abrigos, prejudicando os processos de troca
de energia e massa de ar com o ambiente externo. Com isto,
ocorre a
diminuição da concentração de CO2 do ar do interior dos abrigos. A falta de
ventilação também provoca excesso da umidade relativa do ar, favorecendo
a condensação na parte interior dos plásticos, com gotejo sobre as plantas,
favorecendo o desenvolvimento de doenças (Para & Gómez, 1998).
As telas anti-insetos podem excluir insetos de abrigos e podem reduzir a
necessidade de agrotóxicos. Elas também podem ser usadas como barreiras
contra fatores do ambiente externo e facilitar o controle biológico de pragas
dentro do abrigo. Porém, as telas têm uma grande desvantagem, pois elas
reduzem a taxa de ventilação por causa da resistência delas à corrente de ar
(Teitel & Shklyar, 1998).
Reisser Júnior (2002) cultivando tomateiro em estufa plástica com
cortina de tela anti-insetos e em estufa plástica sem cortina, observou que no
ambiente com tela anti-insetos houve menor disponibilidade de radiação
fotossinteticamente ativa, menor velocidade do vento e maior umidade relativa
do ar, quando comparada com as estufas sem tela anti-insetos. Este autor
28
29
concluiu que as temperaturas do ar dentro de estufas plásticas, com ou sem
telas anti-insetos, dependem das condições térmicas do ambiente externo.
2.3 – A cultura do tomateiro
O tomateiro é uma planta dicotiledônea do gênero Lycopersicon
pertencente à família Solanaceae. Esta é uma família botânica extremamente
diversificada que engloba cerca de 90 gêneros e 2.600 espécies. O tomateiro
foi inicialmente descrito por Linnaeus como Solanum lycopersicon. Em 1754,
Miller estabeleceu o gênero Lycopersicon, classificando o tomateiro como
Lycopersicon lycopersicum (L.). Finalmente, em 1987 foi confirmado o binômio
Lycopersicon esculentum Miller. O gênero Lycopersicon apresenta um número
relativamente pequeno de espécies, aproximadamente nove, porém, somente
Lycopersicon esculentum Mill. é cultivada como hortaliça. As espécies
silvestres deste gênero são utilizadas no melhoramento do tomateiro (Giordano
et al., 2003).
O tomateiro é originário da América do Sul (Centro de Origem Peruano,
Equatoriano, Boliviano), mais precisamente, da região compreendida entre o
Equador até o norte do Chile e o litoral do Pacífico, até uma altitude de
aproximadamente 2000m. Diversas espécies silvestres são ainda hoje
encontradas nesta área (Minami & Haag, 1980).
Da América do Sul o tomateiro foi, provavelmente, levado pelos nativos
sul-americanos para o México e pelos viajantes europeus para outras partes do
mundo. Inicialmente, o tomateiro foi cultivado como planta ornamental nos
jardins europeus, sendo que os italianos iniciaram seu cultivo e uso na
alimentação humana. Cultivares de frutos grandes e carnosos, obtidas nos
últimos cem anos, estão eliminando as cultivares nativas, inclusive na sua
região de origem (Gómez et al., 2000).
O tomateiro apresenta porte herbáceo, podendo ser de crescimento
determinado ou indeterminado, com folhas compostas de um número ímpar
de folíolos peciolados com limbo foliar oval e bordas serreadas. A
inflorescência é um rácimo. O caule adulto é semi-lenhoso que, em contato
com o solo, emite raízes adventícias (Cançado Júnior et al., 2003).
29
30
A ampla adaptação da planta, aliada aos processos de melhoramento
genético, impulsionou o cultivo do tomateiro, que é realizado em praticamente
todo o mundo. É a segunda hortaliça mais cultivada, sendo superada apenas
pela batata. A ampla aceitação e preferência pelo tomate devem-se às suas
qualidades gustativas, ao aporte de vitaminas e minerais e à possibilidade de
um amplo uso, tanto no estado fresco quanto industrializado (Gómez et al.,
2000).
A produção mundial de tomate no ano 2003 foi de 112.308.298 t, obtidas
em 4.231.669 ha, com uma produtividade média de 26.539 t ha -1. A China é o
maior produtor, com 1.205.153 ha plantados, sendo responsável por 25% da
produção mundial, seguido pela Índia com 520.000 ha. O Brasil é o oitavo
produtor mundial e o primeiro produtor da América Latina (FAO, 2004).
No Brasil, em 2002, a produção de tomate alcançou 3.652.923 t obtidas
em 62.647 ha. A produtividade média nacional foi de 58,309 t.ha -1 A região
Sudeste concentra a maior área plantada com tomateiro, sendo que o maior
produtor nacional é o estado de Goiás, com uma produção de 951.410 t,
obtidas em 12.512 ha. O segundo maior produtor é o estado de São Paulo com
765.990 t, seguido pelo estado de Minas Gerais, com 637.219 t (IBGE, 2004).
2.3.1 - Exigências climáticas do tomateiro
O tomateiro, mesmo sendo originário de uma região que apresenta
temperaturas moderadas (médias de 15ºC a 19ºC) e precipitações não muito
intensas, floresce e frutifica em condições climáticas bastante variáveis. A
planta pode desenvolver-se em climas do tipo tropical de altitude, subtropical e
temperado, o que permite o seu cultivo em diversas regiões do mundo. Porém,
existem limitações de cultivo, dependentes das condições locais de
temperatura, umidade relativa do ar e radiação solar (Embrapa, 2003).
2.3.1.1 – Temperatura
A temperatura é um dos fatores climáticos mais limitantes à cultura não
se adaptando o seu cultivo em locais com temperaturas abaixo de 10ºC e
acima de 35ºC (Minami & Haag, 1980).
30
31
A temperatura exerce forte influência em todas as fases do
desenvolvimento da cultura do tomateiro, sendo que para germinação das
sementes, a temperatura mínima é de 11ºC, a ótima de 16 a 29ºC e a máxima
de 34ºC (Gómez et al., 2000).
A temperatura ótima para o desenvolvimento vegetativo encontra-se na
faixa de 20ºC a 24ºC, tolerando a planta temperaturas que oscilam entre 10ºC
a 34ºC neste estádio.
(Cermeño, 1979; Gómez et al., 2000). Quando
submetido a temperaturas inferiores a 12ºC o tomateiro tem seu crescimento
reduzido, sendo sensível a geadas. A velocidade de crescimento do talo da
planta aumenta com a elevação da temperatura (Nuez, 2001). Uma
termoperiodicidade ao redor de 6ºC é benéfica para o desenvolvimento do
tomateiro (Gómez et al., 2000).
Para a floração, a temperatura ideal se encontra entre 12 e
sendo que, temperaturas abaixo de 10ºC
25ºC,
e acima de 40ºC afetam
drasticamente a produção de pólen e o pegamento dos frutos. Temperaturas
noturnas próximas de 32ºC causam abortamento de flores, (Cermeño, 1979;
Gómez et al., 2000; Embrapa, 2003). Com temperaturas médias de 20ºC, as
flores se desenvolvem mais rapidamente do que a 16ºC (Nuez, 2001).
A coloração e o desenvolvimento dos frutos também são afetados pelas
temperaturas. Em temperaturas médias superiores a 28ºC, formam-se frutos
com coloração amarelada, em razão da redução da síntese de licopeno
(responsável pela coloração vermelha típica dos frutos), mau desenvolvimento
dos frutos e formação de frutos ocos (Minami & Haag, 1980; Embrapa, 2003).
A temperatura do solo ideal para o desenvolvimento da cultura do
tomateiro situa-se entre 21 e 30ºC, sendo que temperaturas abaixo de 20ºC
reduzem o crescimento da planta (Cermeño, 1979).
2.3.1.2 – Umidade relativa do ar
A umidade relativa do ar tem forte influência no desenvolvimento e
rendimento da cultura do tomateiro. Sob condições de alta umidade relativa
ocorre a formação de orvalho e as folhas se mantêm úmidas por longo período
31
32
do dia, favorecendo o desenvolvimento de doenças de origem bióticas
(Embrapa, 2003). Para Andriolo (2000), a alta umidade ainda provoca
diminuição no fluxo de transpiração da planta, afetando a absorção de
nutrientes, especialmente o cálcio, causando uma doença fisiológica conhecida
como podridão apical dos frutos.
Para o cultivo do tomateiro em ambiente protegido, a umidade ideal
situa-se entre 50 e 60%. Acima destes valores, as plantas podem ficar
expostas a determinados patógenos e a polinização não ocorre com
normalidade. Com baixa umidade relativa do ar, ocorre dificuldade de fixação
do pólen no estigma, e com alta umidade, o pólen se compacta dificultando a
deiscência das anteras e a liberação do pólen e, conseqüentemente
prejudicando a polinização e reduzindo a produtividade da cultura (Grange &
Hand, 1987; Cermeño, 1979).
A baixa umidade também provoca excessiva taxa de transpiração da
planta, provocando fechamento dos estômatos com conseqüente diminuição da
fotossíntese, e seus reflexos na planta (Andriolo, 2000).
2.3.1.3 - Radiação solar
Dentre as exigências climáticas para o cultivo do tomateiro, a radiação
solar pode ser um fator limitante em determinadas regiões e épocas do ano. De
acordo com a FAO (1990), o tomateiro exige no mínimo 200 cal cm -2dia-1 para
o seu desenvolvimento normal e abaixo desta radiação, ocorre paralisação do
crescimento e até morte da planta.
O
tomateiro
não
responde
significativamente
ao
fotoperíodo,
desenvolvendo-se bem tanto em condições de dias curtos quanto de dias
longos (Embrapa, 2003).
2.4 - Problemas fitossanitários da cultura do tomateiro
Dentre as hortaliças cultivadas tradicionalmente, o tomateiro é o mais
suscetível a doenças e pragas, que dificultam seu cultivo, e impõem ao
produtor o uso intenso de produtos químicos para o seu controle. Isto eleva os
custos de produção e aumenta os riscos à saúde pública e ao ambiente. Caso
não controladas eficientemente, as pragas e doenças podem comprometer até
32
33
100% da produção de tomates. A incidência e severidade das pragas e
doenças dependem do grau de resistência e suscetibilidade da cultivar, do
manejo da cultura, das condições edafoclimáticas e do período de cultivo,
(Epamig, 1992; Rebelo et al., 2000; Gómez et al., 2000).
2.4.1- Ocorrência de doenças
A cultura do tomateiro está sujeita a mais de uma centena de doenças
que podem ser de origem parasitária (biótica) e não parasitária (abiótica). As
de origem bióticas são causadas por fungos, bactérias, vírus e outros seres
vivos.
A ocorrência destas doenças está na dependência da presença do
agente causador, da sensibilidade da cultivar e das condições ambientais. As
de origem abiótica são causadas por temperatura e luminosidade inadequadas,
falta ou excesso de nutrientes e água, fitotoxidez, salinidade e outros, (Gómez
et al., 2000; Lopes et al., 2003).
A ocorrência de doença nas plantas é resultante de uma complexa interrelação patógeno-hospedeiro-ambiente físico (Burrage, 1978). A duração do
período de molhamento foliar é de grande importância nos processos
epidemiológicos, favorecendo a germinação de esporos de fungos e sua
penetração nos tecidos das plantas (Pezzopane et al., 1995)
Dentre as doenças fúngicas que
causam danos econômicos aos
produtores, tanto nos cultivos a céu aberto como em cultivo protegido, pode-se
citar a pinta preta (Alternaria solani), a requeima (Phythophtora infestans), a
septoriose (Septoria lycopersici), a mancha-de-cladospório (Cladosporium
fulvum), o mofo-cinzento (Botrytis cinerea) e o oídio (Erysiphe cichoracearum).
A pinta-preta (Alternaria solani) é uma doença que ocorre em todas
regiões produtoras de tomate. Esta doença é favorecida por altas temperaturas
( 24 a 29ºC) e umidade elevada, sendo mais severa no verão ou em condições
de altas temperaturas.
A requeima (Phythophtora infestans)
é uma das doenças mais
destrutivas do tomateiro, podendo comprometer toda produção em poucos
dias. É favorecida por umidade elevada e temperatura entre 14 e 22ºC. Em
temperaturas acima de 30ºC a requeima dificilmente ocorre.
33
34
A mancha-de-cladospório (Cladosporium fulvum) é uma doença bastante
dependente das condições climáticas para se desenvolver.
Só ocorre sob
longos períodos de alta umidade relativa do ar (90%). Não ocorre sob
condições de umidade abaixo de 85%. Por isto, é mais freqüente no Norte do
Brasil e em cultivo protegido.
O mofo-cinzento, (Botrytis cinerea) é uma doença muito rara em cultivos
a céu aberto, mas pode se tornar severa em cultivo protegido, caso haja
excesso de umidade no interior dos abrigos.
O oídio (Erysiphe cichoracearum) pode ocorrer em tomateiro cultivado a
céu aberto, porém assume maior importância quando a planta é cultivada em
ambientes protegidos. As condições ótimas para o desenvolvimento desta
doença são baixa intensidade luminosa, temperaturas entre 20 a 27ºC e alta
umidade, podendo desenvolver-se também em condições de baixa umidade
relativa do ar (50%), (Lopes & Santos, 1994; Mizubuti & Brommonschenkel,
1996; Garbor & Wiebe, 1997; Gómez et al., 2000; Lopes et al., 2003;).
2.4.2 – Ocorrência de pragas
O tomateiro é atacado por uma série de pragas, algumas principais e
outras secundárias. Dentre as pragas principais, existem aquelas que causam
danos
diretos
à
planta
e/ou
fruto,
como
a
broca-pequena-do-fruto
(Neoleucinodes elegantalis), a traça do tomateiro (Tuta absoluta), a brocagrande (Heliothis spp) e a larva minadora (Liriomyza spp.), ou ainda pragas que
causam danos indiretos (por serem transmissoras de vírus) como por exemplo
os tripes (Frankliniella schulzei), a mosca branca (Bemisia sp.) e os pulgões
(Myzus persicae e Macrosiphum euphorbiae).
A broca-pequena-do-fruto (Neoleucinodes elegantalis) é uma pequena
mariposa com cerca de 25mm de envergadura e coloração geral branca. Após
o acasalamento, a fêmea coloca os ovos nos frutos bem pequenos, junto ao
cálice. Depois de nascidas, as lagartinhas penetram nos frutos, saindo de seu
interior para empupar, por meio de um orifício redondo, característico do seu
dano no fruto.
A broca–grande-do-fruto (Heliothis spp) quando adulta é uma mariposa
que mede de 30 a 40mm de envergadura; possui asas anteriores de coloração
34
35
cinza esverdeada e posteriores esbranquiçadas com manchas escuras. A
fêmea coloca os ovos em qualquer parte da planta. Depois de eclodidas, as
lagartas raspam as folhas e frutos, podendo adentra-se nestes, destruindo a
polpa, os inutilizando para o mercado. A lagarta, à medida que vai se
alimentando, aumenta de tamanho, chegando a 50mm de comprimento com
coloração entre verde e marrom com listras longitudinais. Após a fase larval, a
lagarta abandona o fruto para empupar no solo.
A traça do tomateiro (Tuta absoluta) é uma praga que surgiu no Brasil a
partir de 1980 em Jaboticabal-SP, e daí espalhou-se para todo o país. Os
adultos são pequenas mariposas de hábitos crepusculares-noturnos. Medem
11mm de envergadura e apresentam cor cinza-prateada. A função dos adultos
é reprodutiva. As fêmeas colocam os ovos na parte aérea da planta,
preferencialmente nas folhas. Dos ovos eclodem as lagartinhas mastigadoras,
de coloração verde-rosada, que passam a alimentar-se de toda a parte aérea
da planta (broto apical, folhas, caules, botões florais, flores e frutos), iniciando o
ataque nos brotos apicais. A fase de lagarta dura 14 dias, quando a praga
empupa dentro de um casulo de seda na própria folha do tomateiro. A
disseminação da traça ocorre pelo vento, pelo próprio vôo e pelo transporte de
frutos contaminados com as lagartas.
A larva minadora (Liriomyza spp.) ocorre em diversas partes do mundo,
causando prejuízos em muitos cultivos. Os adultos são mosquinhas (dípteros)
de coloração escura com manchas laterais amarelas. Medem de 1,5 a 2,0mm
de comprimento. As fêmeas colocam os ovos dentro do tecido da folha, na
página inferior. Após alguns dias eclodem as larvinhas que minam as folhas
das plantas, vivendo dentro delas, no parênquima. Suas minas são estreitas e
serpentiformes. Após a fase larval, abandonam a folha e transformam-se em
pupas no solo.
Os tripes (Frankliniella schulzei) são insetos pequenos, que apresentam
dois pares de asas franjadas, aparelho bucal raspador-sugador e é sugador de
seiva. Os adultos são insetos de corpo alongado, e medem no máximo 3mm de
comprimento sendo de cor marrom escura quase preta. As formas jovens, sem
asas, são de coloração amarela. Vivem abrigados no interior de flores, nos
botões florais e nos brotos ou na página inferior das folhas. Alimentam-se
exclusivamente de seiva. Os adultos e ninfas, ao alimentarem-se da seiva de
35
36
plantas viróticas, contaminam-se com o vírus, e ao serem levados pelo vento
para outras lavouras, sugam a seiva de plantas sadias, transmitindo vírus.
A
mosca branca (Bemisia sp.) são insetos sugadores, que causam
prejuízos diretos por sugar a seiva e
depauperar
as plantas sugadas, e
indiretos, por serem transmissores de vírus. Em tomateiro, as moscas brancas
ao sugarem a seiva, além de
induzirem ao amadurecimento irregular dos
frutos, favorecem o surgimento de fumagina, fungo de revestimento que se
nutre de excreções açucaradas de certos insetos.
Os pulgões (Myzus persicae e Macrosiphum euphorbiae) são insetos de
coloração verde-clara e medem 2mm de comprimento. As colônias são
formadas por adultos e ninfas ápteros que se instalam na página inferior das
folhas, brotos terminais e ao longo do caule. A reprodução é partenogenética,
não necessitando de macho. Em plantas com alta população, ocorrem alguns
pulgões com asas que irão procurar novas plantas, disseminando-se pela
lavoura. A infestação inicia-se com fêmeas aladas vindas pelo vento de outras
plantas hospedeiras. Os pulgões causam prejuízos diretos ao tomateiro pela
sucção da seiva e indiretos, pela transmissão de vírus (Gallo, 1978; Minami &
Haag, 1980; Gonçalves et al., 1997; Picanço & Maequini, 1999; Souza & Reis,
2003).
36
37
3. MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido na área de pesquisa da Estação Experimental
de Itajaí, pertencente à Epagri-Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão
Rural de Santa Catarina em Itajaí-SC. A estação está situada a 27o 34’ de
latitude Sul, 48o 30’
de longitude Oeste de Greenwich e altitude de 5 m. O
clima do lugar é temperado, com chuvas bem distribuídas e verão quente, do
tipo Cfa, conforme a classificação de Köeppen.
O trabalho constou de avaliações agronômicas e microclimáticas ao
longo do período de dois cultivos de tomateiros, realizados nas seguintes
épocas: 1º cultivo em 2002: semeadura em 16/09, plantio em 29/07 e última
colheita em 12/12/2002 e 2º cultivo em 2004: semeadura em 26/07, plantio
em 02/09 e última colheita em 29/12/2004.
Foram
utilizados seis ambientes com dimensões de 10,0m x 7,0m,
visando observar o comportamento do tomateiro em cultivo orgânico em
ambiente protegido. Quatro ambientes foram criados em abrigos tipo
pampeano medindo 10,0m x 7,0m, com altura de pé direito de 2,0m e altura da
cumeeira de 3,5m. Os abrigos apresentavam somente o teto com PEBD, com
espessura de 100µm. Em três destes abrigos foi avaliado o efeito de tipos de
telas anti-insetos dispostos nas laterais dos abrigos, instaladas antes
do
plantio e permanecendo até o final do experimento. No quarto abrigo, não havia
tela nas laterais. O quinto ambiente constituiu-se de área totalmente revestida
com tela tipo citros, tanto nas laterais como na parte superior, medindo 10,0m x
7,0m, com altura de pé direito de 2,0m e altura da cumeeira de 3,5m de altura,
também colocada antes
do plantio e
permanecendo até o final do
experimento. O sexto ambiente foi a céu aberto.
37
38
Os três tipos de telas anti-insetos avaliados (Apêndice 1) foram:
a) – Tela afídeo:
50 mesh - malha 0,5 x 0,5 mm - (20 fios/cm de tela)
b) – Tela citros:
25 mesh - malha 1,0 x 1,0 mm - (10 fios/cm de tela)
c) – Tela clarite: 12 mesh - malha 2,0 x 2,0 mm - ( 5 fios/cm de tela)
As denominações dadas aos ambientes utilizados foram:
AF - Cultivo em abrigo tipo pampeana com tela afídio nas laterais
CI - Cultivo em abrigo tipo pampeana com tela tipo citros nas laterais
CL - Cultivo em abrigo tipo pampeana com tela clarite nas laterais
ST - Cultivo em abrigo tipo pampeana sem proteção de tela nas laterais
RT - Cultivo em área revestida por tela tipo citros superior e lateralmente
CA - Cultivo a céu aberto
Em todos os ambientes utilizou-se mudas de mesmo tamanho e vigor,
do híbrido “Fortaleza”, produzidas em bandejas de poliestireno com 128
células, instaladas em cultivo protegido.
O espaçamento dos tomateiros utilizado em todos os ambientes foi de
1,00m entre as linhas e de 0,50m entre as plantas, com condução vertical,
com duas hastes por planta, tutorados por bambú. A irrigação foi realizada por
gotejamento e as demais práticas de manejo da cultura, como desbrota,
amontoa e poda foram realizadas conforme as recomendações contidas no
Manual de Cultivo Protegido (Rebelo et al., 2005). A adubação foi realizada
seguindo as normas oficiais de adubação e calagem para os estados do RS e
SC (Sociedade.....1994). Utilizou-se na adubação somente composto orgânico,
que foi elaborado com palha de arroz e esterco de aves, utilizando-se
quantidades recomendadas conforme análise do solo (Tabela 4A e 4C do
apêndice 4)
e análise dos teores de nutrientes do composto orgânico
empregado (Tabela 4B e 4D do apêndice 4) para aos cultivos de 2002 e 2004
respectivamente. O controle de doenças, foi realizado com calda bordaleza e
calda viçosa.
O delineamento experimental foi estabelecido considerando cada
ambiente como uma Unidade Experimental. Em cada ambiente foram avaliadas
quatro linhas com 10 plantas úteis por linha, sendo cada linha uma repetição.
38
39
Em todos ambientes foram realizadas as seguintes avaliações:
a) Avaliações dos aspectos microclimáticos

Em todos os ambientes foram coletados dados de temperatura do ar,
luminosidade e duração do período de molhamento foliar (DPM). A
temperatura e o molhamento foliar foram medidos somente no cultivo de
2002 e a luminosidade somente em 2004. Estes dados foram coletados por
estação
meteorológica
automática,
com
transmissão
de
dados
instantâneos via telefonia. Foi usado um “datalogger” marca Campbell
modelo CR10X, com 12 portas analógicas de 13 “bits” de resolução e
128.000 “bits” de memória. Para ligar um maior número de sensores foi
usado um “multiplexer” de estado sólido para termopares marca Campbell
modelo AM25T com 25 entradas e um “multiplexer” chaveado por relês
marca Campbell modelo AM 16/32 com 32 entradas. A temperatura do ar foi
medida com o transmissor “Transmicor” modelo T220 da Gefran. Este
equipamento possui um sensor de temperatura Pt100 com exatidão de
0,2ºC e um sensor capacitivo para medição da umidade (exatidão de 2,5%
entre 5 e 95% de umidade relativa do ar). Para determinação do
molhamento foliar, utilizou-se “Sensor de Molhamento Folhar Epagri”, tipo
prato, com 8 cm de diâmetro e 18 espirais de filamentos banhados em ouro.
A luminosidade foi medida manualmente, ao meio-dia, em quatro locais por
ambiente à 1,80 m de altura do solo, por meio de Luxímetro digital modelo
LD-550 da ICEL/Manaus, com escala de medição de 0,1 a 200.000 lux. A
unidade de medida, Lux, é uma unidade de iluminamento no Sistema
Internacional de Unidades, equivalente à produção de um fluxo luminoso
uniformemente distribuído sobre uma superfície na proporção de 1 lúmen
por metro quadrado.
b) Fenologia
Foram observadas as datas de ocorrência de:

Primeira inflorescência;

Floração plena - quando 50% das plantas apresentaram um cacho floral;

Início e fim da colheita e;

Ciclo - no de dias desde o plantio das mudas até a última colheita;
39
40
c) Crescimento e desenvolvimento

Altura da planta (cm);

Diâmetro do caule (mm) medido a 20 cm do solo,

Peso seco (g) ( caule, folhas e raízes) medido somente em 2004;

Altura do primeiro cacho (cm);

Número de cachos por planta;

Número de flores abortadas;

Área foliar (cm2) medida somente em 2004;
A determinação da área foliar (AF), foi baseada no método não destrutivo,
desenvolvido por Blanco & Folegatti (2003). Este mesmo método foi
utilizado na determinação da área foliar da videira por outros autores (Pedro
Júnior et al., 1986; Gutierrez & Lavin, 2000) Inicialmente, faz-se a
determinação da equação de regressão que melhor expressa a relação
entre a área de diversas folhas de tomateiro, medida pelo maior
comprimento e maior largura de cada folha, e a área foliar destas mesmas
folhas, determinada pelo medidor digital LI-COR3000.
Posteriormente,
determinou-se na planta, a altura relativa da folha que melhor representa a
área foliar média da planta. Daí, fez-se a determinação do maior
comprimento e maior largura desta folha representativa da planta, aplica-se
a equação de regressão obtida anteriormente e multiplicou-se pelo número
de folhas da planta. Obteve-se então a AF daquela planta. Neste trabalho,
foram realizadas medições semanais, em 10 plantas por ambiente,
obtendo-se a AF média das plantas de cada ambiente.
d) Avaliação de doenças

Percentual, peso e número de frutos infectados por doenças;

Severidade das doenças requeima (Phythophtora infestans) e mancha-decladospórium (Cladosporium fulvum). A avaliação
doenças foi realizada por meio de leituras
da severidade destas
feitas semanalmente, onde
foram quantificadas, em cada ambiente, as plantas com a incidência das
doenças. O nível de severidade foi atribuído, com nota de 0 a 10, sendo
nota 0 (zero) para as plantas sem nenhum sintoma da doença e nota 10
40
41
(dez) para as plantas com mais de 50% da área foliar afetada pela doença.
Utilizou-se, para isto, a escala diagramática (Apêncice 2), com diferentes
percentuais de área foliar lesionada, conforme James (1971).
e) Avaliação do ataque de insetos pragas

Percentual, peso e número de frutos atacados por:
Broca-pequena (Neoleucinodes elegantalis)
Broca-grande (Heliothis spp)
Traça-do-tomateiro (Tuta absoluta)
f) Avaliação de dados de produção

Peso médio dos frutos (g)

Número e peso total de frutos.ha-1

Produção comercial em t.ha-1
Dentro de cada item dos dados de produção, foram avaliados o número,
peso e percentual de frutos tipo comercial. Os frutos foram classificados
por tamanho, para frutos redondos, segundo normas oficiais para
padronização do Ministério da Agricultura (Portaria nº 553, de 30 de
agosto de 1995), sendo frutos grandes (diâmetro acima de 9,0 cm),
frutos médios (diâmetro entre 6,5 a 9,0 cm), frutos pequenos (diâmetro
entre 5,0 a 6,5 cm) e frutos não comerciais (diâmetro inferior a 5,0 cm).

Número, peso e percentual de frutos com defeitos, doentes e com podridão
apical.
g) Análise estatística

Os dados foram submetidos à analise de variância e comparação de
médias pelo teste Duncan a 1% de probabilidade, utilizando-se o programa
de análise estatística WinStat (Machado & Conceição, 2004).
41
42
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados encontrados no presente trabalho, permitiram fazer as
discussões relatadas a seguir.
4.1 – Aspectos microclimáticos dos ambientes utilizados.
Relatamos a seguir os aspectos microclimáticas
verificados nos
diferentes ambientes de cultivo.
4.1.1 – Temperatura.
A temperatura variou nos ambientes, o que demonstra que o uso de
plástico e de telas anti-insetos provoca alteração na temperatura dos abrigos.
Na Figura 1 visualiza-se a média das temperaturas máximas nos
diferentes ambientes de cultivo ao longo do desenvolvimento da cultura do
tomateiro, durante o primeiro período de cultivo estudado. Nos ambientes com
cobertura plástica, ocorreu aumento das temperaturas, enquanto que nos
ambiente onde não havia plástico na cobertura dos abrigos, estas temperaturas
foram
menores. Nos ambientes formados pelos abrigos com cobertura
plástica, ambiente sem tela, com tela afídeo, com tela citros e com tela clarite
ocorreram
maiores temperaturas, com média das máximas de 29,7ºC,
enquanto que nos ambientes sem cobertura plástica, ambiente céu aberto e
abrigo revestido apenas por tela, foram registradas as menores temperaturas,
com média das máximas de 28,2ºC. A média da temperatura máxima mensal
mais elevada foi registrada no ambiente formado com tela afídeo. Em agosto,
no início do plantio, foi de 27,7ºC, e em dezembro, no término do cultivo,
alcançou 36,33ºC. Já o ambiente céu aberto, registrou a menor média das
máximas, 23,6ºC em agosto e 32,22ºC em dezembro. Segundo Sentelhas &
42
43
Santos (1995), durante o dia, em virtude da radiação líquida positiva, as
temperaturas máximas no interior de abrigos, atingem valores bem superiores
aos que ocorrem no exterior dos abrigos. Diversos autores também
constataram que há aumento significativo da temperatura do ar no interior de
abrigos plásticos em relação à temperatura externa (Montero et al., 1985;
Robledo & Martin, 1988; Martins et al., 1999).
Temperatura ºC
40
36.3
35
33.3
32.1
32.2
30.7
30
27.7
28.3
23.6
23.8
25
29.0
ST
CA
AF
CI
RT
CL
20
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Ciclo do tomateiro
FIGURA 1 Média das temperaturas máximas registradas durante o cultivo do
tomateiro no período de 29/07 a 12/12/2002 em Itajaí-SC, nos
ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com
tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela)
e CL (abrigo com tela clarite).
Na Figura 2 estão apresentados os resultados da média das
temperaturas máximas, onde observa-se que o uso das telas anti-insetos na
lateral dos abrigos provoca aumento da temperatura no interior dos abrigos. A
média das temperaturas máximas foi mais elevada, durante todo período de
cultivo, no ambiente do abrigo com tela afídeo que tem malha mais adensada,
onde se registrou 31,5ºC, ao passo que no ambiente do abrigo sem tela, a
43
44
média das temperaturas máximas foi de 29,0ºC. Teitel (2001) constatou que ao
utilizar
telas anti-insetos nas aberturas dos
abrigos, ocorre diminuição da
ventilação e aumento da temperatura no interior dos abrigos, e que a
diminuição da ventilação é proporcional ao adensamento da malha da tela antiinseto. (Reisser Júnior, 2002; Fatnassi et al., 2003) constataram que no cultivo
em ambiente protegido, com e sem tela anti-insetos, a temperatura interna foi
maior no abrigo com tela do que no abrigo sem tela, pois neste ambiente, em
virtude da menor ventilação provocada pela presença da tela, não ocorre
resfriamento do ambiente, deixando a temperatura mais elevada. Tanny et al.,
(2003), observaram que a utilização da tela anti-afídeo de 50 mesh (malha 0,5
x 0,5mm) resultou na redução da taxa de ventilação entre 51 e 71% no interior
Média das temperaturas
máximas ( ºC)
do abrigo.
32
31
A
30
B
29
B
C
C
28
D
27
AF
CI
CL
RT
ST
CA
Tratamentos
FIGURA 2 Média das temperaturas máximas registradas no cultivo do
tomateiro no período de 29/07 a 12/12/2002 em Itajaí-SC, nos
ambientes (AF) (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela
citros), CL (abrigo com tela clarite), RT (abrigo revestido por
tela), ST (abrigo sem tela) e CA (céu aberto).
Médias com a mesma letra, não diferem entre si pelo teste de
Duncan a 1%. CV.= 1,12%.
44
45
4.1.2 – Molhamento foliar
O período de molhamento foliar foi alterado pela cobertura dos abrigos e
pelos tipos de telas anti-insetos das laterais dos abrigos. A Tabela 1 apresenta
o número de horas de molhamento foliar ocorrido em cada ambiente estudado.
Nos abrigos onde havia cobertura plástica, seja sem tela, com tela clarite, com
tela cit;ros e com tela afídeo, ocorreu menor período de molhamento foliar, com
média nestes ambientes de 638 horas, sendo o menor valor encontrado no
abrigo com tela clarite onde se registraram 455 horas de molhamento foliar.
Nos ambientes onde não havia cobertura plástica, seja a céu aberto ou
revestido por tela, ocorreu maior período de molhamento foliar, com média de
1.169 horas, sendo o maior valor registrado no ambiente revestido por tela,
com duração de 1.286 horas de molhamento foliar. Martins et al., (1992),
cultivando tomateiro em ambiente protegido e a céu aberto, constataram efeito
positivo da proteção plástica sobre as plantas, pela redução do período de
molhamento foliar.
TABELA 1 Número de horas de molhamento foliar ocorridas na cultura do
tomateiro no período de 29/07 a 12/12/2002 em Itajaí-SC, nos
ambientes formados pelos abrigos RT (revestido por tela), ST (sem
tela), AF (com tela afídeo), CI (com tela citros), CL (com tela clarite)
e CA (céu aberto).
Ambientes
Molhamento foliar ( horas)
RT
1.286 a
CA
1.053 b
ST
807 c
AF
756 c
CI
537 d
CL
455 d
Médias com a mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de
Duncan a 1% . CV.= 6.81%.
45
46
4.1.3 – Radiação solar
No ambiente a céu aberto, ocorreu a maior luminosidade, atingindo
94.700 lux, enquanto que no ambiente revestido por tela, ocorreu a menor
luminosidade, que foi de 51.572 lux, representando 54,4% da luminosidade do
ambiente céu aberto. A Figura 3 apresenta a porcentagem de luminosidade
incidente em cada ambiente de cultivo estudado, em relação ao ambiente céu
aberto. Observou-se que o plástico reduz a luminosidade no interior dos
abrigos, pois no ambiente coberto com PEBD e sem tela, a luminosidade foi de
81,1% da registrada no ambiente céu aberto. Segundo Martins et al., (1999), a
disponibilidade de radiação no interior dos abrigos plásticos é inferior àquela
que incide no ambiente externo. Farias et al., (1993), observaram que em
abrigo tipo capela, o percentual de radiação solar que penetrou no interior do
abrigo, variou entre 65 a 90% do total da radiação externa. Sentelhas et al.,
(1999)
constataram
transmissividade
que
média
da
o
filme
radiação
de
PVC
solar
transparente
global
(Qg),
da
apresenta
radiação
fotossinteticamente ativa (RFA), e da iluminância (IL) respectivamente de 71%,
72%, e 85%. Para Kurata (1990), a radiação no interior dos abrigos, sempre
será menor do que a do exterior, porque ocorrem processos de reflexão e
absorção pela estrutura do abrigo. Segundo Kemples et al., (2000), a cobertura
plástica modifica as condições climáticas, quando comparadas ao ambiente
externo, causando redução na radiação interna. Observou-se também que o
emprego da tela anti-insetos afídeo provocou diminuição da luminosidade no
interior dos abrigos, representando 56,6% da luminosidade do ambiente céu
aberto, enquanto que no abrigo sem tela este porcentual foi de 83,1%. Reisser
Júnior (2002) cultivando tomateiro em ambiente protegido, com e sem tela antiinsetos nas laterais do abrigo, constatou menor radiação interna nos abrigos
com tela anti-insetos.
46
47
luminosidade (%) em
relação ao ambiente céu
aberto
120
100.0%
100
83.1%
A
80
79.6%
B
60
B
71.6%
BC
40
56.6%
54.4%
CD
D
AF
RT
20
0
CA
ST
CL
CI
Tratamentos
FIGURA 3 Intensidade luminosa (% em relação ao ambiente CA-céu aberto)
ocorrida na cultura do tomateiro no cultivo de 2004, em ItajaíSC, nos ambientes CA (céu aberto), ST (abrigo sem tela), CL
(abrigo com tela clarite), CI (abrigo com tela citros), AF (abrigo
com tela afídeo) e RT (abrigo revestido por tela).
Médias com a mesma letra, não diferem entre si pelo teste de
Duncan a 1%. CV.= 9,98%
4.2 - Fenologia da planta
Relatamos a seguir os aspectos relacionados com a fenologia da planta
e período de duração da colheita nos dois anos de cultivo.
4.2.1 – Duração das fases fenológicas.
A ocorrência dos diferentes estádios fenológicos ao longo do
desenvolvimento da cultura transcorreu de forma semelhante em todos
ambientes estudados, não havendo grandes diferenças entre os ambientes.
Reisser Júnior (2002)
também constatou que o tomateiro
em ambiente
protegido, à céu aberto e em ambiente protegido com tela anti-insetos na
lateral do abrigo, teve semelhante duração das fases fenológicas em qualquer
destes ambientes. Houve diferença no ciclo total da cultura entre as épocas de
cultivo.
47
48
O período de produção das mudas no cultivo de 2002, quando a
semeadura foi realizada em 19/06, foi de 40 dias. Já em 2004, onde a
semeadura ocorreu em 26/07, o período de sementeira diminuiu para 36 dias.
Os dados referentes aos estádios fenológicos do tomateiro estão na
Tabela 2. O primeiro cacho floral surgiu, em média, 16 dias após o plantio
(DAP), e
aos 31
DAP, metade do número das plantas já apresentavam
floração plena.
No cultivo de 2002, transplantado em 29/07, o início da colheita foi aos
85 DAP e durou 49 dias, com ciclo total de cultivo de 174 dias. Em 2004, onde
o transplante ocorreu em 02/09, a primeira colheita se deu aos 77 DAP e
durou 40 dias, com ciclo total de cultivo de 153 dias.
TABELA 2 Ocorrência dos estádios fenológicos das plantas do tomateiro em
dias após o plantio, cultivados nos ambientes ST (abrigo sem tela),
CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela
citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite)
no período de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09/ a 29/12/2004 em ItajaíSC.
Ano 2002
Estádios
fenológicos ST
CA
AF
CI
Ano 2004
RT
CL
ST
CA
AF
CI
RT
CL
1ª cacho
16 17 15 15 18 16 16 17 15 17 18 16
floral
Floração
31 32 28 30 31 30 32 34 29 31 32 31
plena
Primeira
85 85 85 85 85 85 77 77 77 77 77 77
colheita
Duração da 49 49 49 49 49 49 40 40 40 40 40 40
Colheita
Última
134 134 134 134 134 134 117 117 117 117 117 117
Colheita
Ciclo total** 174 174 174 174 174 174 153 153 153 153 153 153
**Ciclo total compreende o período desde a semeadura até a última colheita.
O encurtamento do ciclo ocorrido em 2004, pode ser atribuído às
temperaturas médias mais elevadas ocorrida neste período de cultivo, quando
comparadas ao período de 2002. Em 2004, a temperatura média externa nos
primeiros 60 dias após o plantio foi de 19,2ºC, enquanto que em 2002, foi de
17,3ºC. Segundo Minami & Haag (1980), a duração das fases fenológicas do
tomateiro está diretamente ligada com a época de cultivo, hábito de
48
49
crescimento da cultivar do tomateiro e manejo da cultura. Em épocas com
temperaturas menores, ocorre diminuição do crescimento e aumento do ciclo
da cultura. Para Silva et al., (1999) que trabalharam com a cultura da alface, o
aumento da temperatura acelera o desenvolvimento da planta, reduzindo seu
ciclo.
4.2.2 – Crescimento e desenvolvimento das plantas
As diferenças observadas, principalmente d temperatura e luminosidade
nos diferentes ambientes estudados, provocaram variações no crescimento e
desenvolvimento das plantas ao longo do período observado.
4.2.2.1 – Altura das plantas
A altura das plantas diferiu entre os ambientes desde a primeira semana
após o plantio e foi semelhante nos dois anos de cultivo.
Na Figura 4 estão apresentados os dados de crescimento das plantas no
ano de 2002, onde observa-se que houveram dois grupos que se comportaram
de forma diferente, sendo um grupo composto pelas plantas dos ambientes tela
afideo, tela citros e tela clarite que cresceram mais rapidamente em altura, e
outro grupo formado pelas plantas dos ambientes sem tela, céu aberto e
revestido por tela, que tiveram crescimento mais lento. No abrigo com tela de
malha mais adensada, (tela afídeo), as plantas apresentaram maior altura,
atingindo 21,7cm de altura aos 14 DAP. Já no ambiente céu aberto e no abrigo
revestido com tela, as plantas apresentaram crescimento em altura mais lento,
atingindo, neste período, 13,9cm no ambiente céu aberto e 17,3cm no abrigo
revestido por tela. Aos 70 DAP, as plantas do abrigo sem tela atingiam
162,3cm, 198,3cm no abrigo tela afídeo 186,0cm
no abrigo tela citros
e
186,9cm no abrigo tela clarite. Já as plantas dos ambientes a céu aberto e do
abrigo revestido com tela que apresentaram menor altura, atingiam neste
período, 132,3cm e 148,1cm respectivamente.
49
50
Altura de tomateiros (cm)
250
200
ST
CA
AF
CI
RT
CL
150
100
50
0
14
21
28
35
42
49
56
63
70
77
Dias após o plantio
FIGURA 4 Altura das plantas de tomateiros (cm) registrada em dias após o
plantio, no período de cultivo entre 29/07/2002 a 12/12/2002 em
Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto),
AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo
revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite).
Na Figura 5 estão apresentados os resultados do crescimento das plantas
no ano de 2004. Observa-se novamente a formação de dois grupos, sendo
que, neste ano o grupo de plantas que cresceram mais rapidamente em altura
foi composto pelas plantas dos ambientes com plástico na cobertura (sem tela,
tela afídeo, tela citros e tela clarite). O outro grupo, formado pelas plantas dos
ambientes sem cobertura plástica (céu aberto e revestido por tela) tiveram
crescimento em altura mais lento. Neste ano de cultivo com temperaturas
médias mais elevadas, as plantas apresentaram crescimento um pouco mais
acelerado atingindo no ambiente do abrigo com tela afídeo, aos 14 DAP,
28,5cm, enquanto que no ambiente externo céu aberto, atingiram apenas
16,8cm. Já aos 70 DAP, as plantas dos abrigos com cobertura plástica e com
a tela afídeo atingiram 222,6cm, abrigo com tela citros 214,4cm, abrigo com
tela clarite 198,5cm e abrigo sem tela 196,6cm. As plantas do ambiente céu
aberto atingiram apenas 135,2cm e no abrigo revestido por tela 128,5 cm.
50
Altura de tomateiros (cm)
51
250
200
ST
CA
150
AF
CI
100
RT
CL
50
0
14
21
28
35
42
49
56
63
70
Dias após o plantio
FIGURA 5 Altura das plantas de tomateiros (cm) registrada em dias após o
plantio, no período de cultivo entre 02/09 a 29/12/2004 em ItajaíSC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF
(abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo
revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite).
Em todos os ambientes onde se utilizou plástico na cobertura dos
abrigos, desprovidos de tela ou com tela, ocorreu maior crescimento em altura
das plantas. Este maior crescimento em altura pode ser atribuído às
temperaturas mais elevadas ocorridas nestes ambientes, e também ao maior
enfolhamento das plantas em face da menor incidência
da requeima
ambientes protegidos por plástico. Para Martins et al., (1999),
nos
apesar da
redução da radiação solar global no interior dos abrigos, ocorre um aumento da
fração da radiação solar difusa, sendo isto importante, uma vez que a radiação
difusa
é multidirecional, podendo ser melhor aproveitada pela planta,
notadamente por plantas capazes de grande interceptação da luz. Reisser
Júnior (2002) constatou que as plantas em cultivo protegido apresentaram
maior altura dos que as cultivadas em ambiente externo. Para Segovia et al.,
(1997) o crescimento das plantas em cultivo protegido é maior do que o
verificado em ambiente natural, devido, principalmente, ao aumento da
temperatura no interior dos abrigos.
A menor velocidade de crescimento ocorreu nos ambientes sem
cobertura plástica, céu aberto e abrigo revestido com tela, onde a média das
51
52
temperaturas máximas foi menor e a severidade da requeima foi maior. Abreu
et al., (1994) relatam que as baixas temperaturas provocam diminuição do
crescimento das plantas. Nuez (2001) cita que o crescimento da planta
aumenta com a elevação da temperatura. Portanto, o maior crescimento das
plantas no ambiente do abrigo com tela afídeo pode ser creditado à maior
temperatura e menor luminosidade ocorrida neste ambiente.
A aplicação de telas anti-insetos nas laterais dos abrigos também influi
no crescimento das plantas. Reisser Júnior (2002) constatou que as plantas de
tomateiro cultivadas em ambiente protegido com telas anti-insetos nas laterais,
apresentaram maior altura do que as cultivadas em ambiente protegido, sem
tela.
Observou-se que
o adensamento da malha da tela anti-insetos
provocou aumento na altura das plantas. Este comportamento foi semelhante
nos dois anos de cultivo, 2002 e 2004 e pode ser atribuído ao aumento de
temperatura e diminuição da luminosidade registradas nos abrigos com as telas
anti-insetos.
Entre os ambientes com cobertura plástica, a maior altura foi
observada no ambiente do abrigo com a tela afídeo, que apresentou maior
média das temperaturas máximas e menor luminosidade. A menor altura foi
registrada no
abrigo sem tela, onde ocorreram a menor média das
temperaturas máximas e maior luminosidade entre os ambientes com cobertura
plástica.
4.2.2.2 – Diâmetro do caule.
Os registros do diâmetro do caule mostram que ao longo do crescimento
da cultura, houve alternância entre as medidas tomadas e entre os ambientes.
Na Figura 6 está apresentado o diâmetro do caule das plantas no cultivo de
2002, onde se observa que no primeiro registro aos 14 DAP, o menor diâmetro
do caule encontrava-se no ambiente a céu aberto, com
3,2mm e o maior
diâmetro no abrigo com tela clarite 4,5mm. Com o passar do tempo, no
entanto, nas plantas do ambiente céu aberto o diâmetro do caule aumentava,
chegando a 12,2mm
aos 42 DAP. Ao final das leituras, aos 99 DAP, os
maiores diâmetros encontravam-se nas plantas do ambiente do abrigo sem tela
15,0mm, ambiente céu aberto e abrigo com tela clarite, ambos com 14,4mm. O
menor diâmetro encontrava-se nas plantas cultivadas no ambiente do abrigo
52
53
revestido com tela, 12,5mm. Já as plantas do abrigo com tela afídeo, que
apresentaram maior altura, tinham o diâmetro do caule de apenas 13,6mm,
Diâmetro do caule (mm)
indicando estiolamento.
16.0
14.0
ST
12.0
CA
10.0
AF
8.0
CI
6.0
RT
CL
4.0
2.0
14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 85 92 99
Dias após o plantio
FIGURA 6 Diâmetro do caule dos tomateiros (mm) registrado em dias após o
plantio, no período de cultivo entre 29/07 a 12/12/2002 em ItajaíSC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF
(abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo
revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite).
Na Figura 7 está apresentado o diâmetro do caule no cultivo de 2004
onde constata-se comportamento semelhante ao cultivo de 2002. Aos 14 DAP,
o maior diâmetro encontrava-se
no ambiente
do abrigo com
tela citros,
5,7mm enquanto que o menor diâmetro encontrava-se no ambiente do abrigo
revestido com tela, 3,5mm. No final das leituras, aos 99 DAP, os diâmetros das
plantas encontravam-se semelhantes, com exceção das plantas do ambiente
revestido por tela que apresentou o menor diâmetro , atingindo apenas 9,4mm.
53
Diâmetro do caule do tomateiro
(mm)
54
16.0
ST
14.0
12.0
CA
10.0
AF
8.0
CI
6.0
RT
4.0
CL
2.0
14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 85 92 99
Dias após o plantio
FIGURA 7 Diâmetro do caule dos tomateiros (mm) registrado em dias após
o plantio, no período de cultivo entre 02/09 a 29/12/2004 em
Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto),
AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo
revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite).
4.2.2.3 – Altura do primeiro cacho floral
Houve uma relação direta entre altura da planta e altura do primeiro
cacho floral. Na Figura 8 estão registradas as alturas do primeiro cacho floral
das plantas dos cultivos de 2002 e 2004. Em 2002, as plantas do ambiente do
abrigo com tela afídeo, que apresentaram maior crescimento em altura,
também apresentaram a maior altura do primeiro cacho floral, 56,5cm, seguida
pela altura nas plantas do ambiente do abrigo revestido com tela, 51,2cm. No
cultivo de 2004, a maior altura do primeiro cacho foi nas plantas do ambiente
do abrigo revestido com tela, 47,8cm,
seguida pela altura nas plantas do
abrigo com tela afídeo, 45,1cm. A menor altura foi encontrada nas plantas do
abrigo sem tela, 36,9cm, nas plantas do cultivo de 2002 e 35,3 cm nas plantas
do ambiente a céu aberto, em 2004.
54
Altura do primeiro cacho floral
de tomateiro (cm)
55
2002
60
A
50
40
30
2004
C
ab
C
B
B
a
B
bc
c
c
d
20
10
0
ST
CA
AF
CI
RT
CL
Tratamentos
FIGURA 8 Altura do primeiro cacho floral de tomateiros, cultivados entre
29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos
ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com
tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por
tela) e CL (abrigo com tela clarite).
Médias com a mesma letra, (maiúsculas 2002 e minúsculas
2004), não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%.
CV.=4,55% (2002); CV.=6,82% (2004)
4.2.2.4 – Número de cachos por planta
Nas plantas dos ambientes onde não havia cobertura plástica, ambiente
céu aberto e abrigo revestido com tela, ocorreu o menor número de cachos,
tanto no cultivo de 2002 como de 2004. Nestes ambientes as plantas foram
severamente infectadas pela doença foliar requeima. Na Figura 9 encontra-se
registrado o número médio de cachos florais por planta. Em 2002, as plantas
do ambiente céu aberto tiveram menor média, 8,0 cachos florais por planta,
seguido pelo abrigo revestido com tela, com 9,3 cachos planta -1. Já no cultivo
de 2004, o ambiente do abrigo revestido com tela apresentou o menor número
de cachos, 8,2 cachos planta-1, seguido pelo ambiente céu aberto com 9,2
cachos planta-1. As plantas do abrigo sem tela apresentaram no ano de 2002,
55
56
11,5 cachos florais por planta, seguido pelas plantas do abrigo com tela clarite,
com 10,9 cachos florais por planta e em 2004 11,6 cachos planta -1 no abrigo
sem tela e 11,5 cachos planta-1 no abrigo com tela clarite. O número de cachos
Número de cachos por
tomateiro
florais por planta influi diretamente na produtividade da cultura.
14
12
10
8
6
4
2
0
A a
b
A a
A a
A
B
a
2002
c
C
2004
ST
CA
AF
CI
RT
CL
Tratamentos
FIGURA 9 Número de cachos planta-1 por tomateiro, cultivados nos
períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em ItajaíSC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF
(abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo
revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite).
Médias com a mesma letra (maiúsculas 2002 e minúsculas 2004),
não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.= 5,31%
(2002); CV.= 4,05 (2004).
4.2.2.5 – Área foliar
A área foliar diferiu entre os ambientes. Na Figura 10 encontra-se a
evolução da área foliar nos diferentes ambientes de cultivo, durante o
desenvolvimento da cultura do tomateiro até os 70 DAP Observou-se a
existência de três grupos de plantas. No primeiro grupo, formado pelas plantas
dos ambientes onde havia cobertura plástica para proteção das plantas contra
chuvas (ambiente do abrigo sem tela, abrigo com tela afídeo, abrigo com tela
citros e abrigo com tela clarite) ocorreu um maior desenvolvimento da área
foliar das plantas, atingindo em média nestes ambientes, 459 cm 2 planta-1 no
56
57
início do cultivo, chegando no final das medições, aos 70 DAP, com 31.170cm2
planta-1. No segundo grupo, formado pelas plantas do ambiente céu aberto, a
área foliar foi menor, atingindo 185 cm 2 planta-1 no início do cultivo e 18.976
cm2 planta-1 no término das medições aos 70 DAP. O terceiro grupo formado
pelas plantas do ambiente revestido por tela, atingiu 197 cm 2 planta-1 no início
do cultivo e 8.282 cm2 planta-1 no término das medições aos 70 DAP. Reisser
Júnior & Buriol (1996) também constataram que nos cultivos em ambientes
protegidos ocorre maior desenvolvimento da área foliar das plantas. Para
Farias et al., (1993), a ocorrência de maior radiação difusa no interior de
abrigos, quando comparada ao ambiente externo, favorece a realização de
fotossíntese, contribuindo para o aumento da área foliar das plantas. Fora dos
abrigos, as plantas, além de não contarem com os benefícios da cobertura
plástica, foram severamente infectados por Phytophtora infestans, o que
reduziu drasticamente a área foliar.
Àrea foliar do tomateiro
(cm2 ) x 1.000
35
a
a
a
a
30
25
20
b
15
ST
CA
AF
CI
10
c
5
RT
CL
0
14
21
28
35
42
49
56
63
70
Dias após o plantio
FIGURA 10 Área Foliar (cm2 planta-1) de tomateiros no cultivo de 2004 em
Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto),
AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo
revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite).
Médias (última leitura aos 70 DAP) com a mesma letra não
diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.= 21,13%.
57
58
Na Figura 11 está representada a severidade da requeima e a área foliar
das plantas. Nos ambientes sem proteção plástica, ambiente céu aberto e
abrigo revestido por tela, ocorreu maior severidade da requeima, com índice
médio de severidade nestes ambientes de 8,24. Como conseqüência disto,
nestes ambientes ocorreu destruição da folhagem das plantas e menor
desenvolvimento da área foliar com média no final do ciclo de 13.604cm 2
planta-1. Já nos ambientes com proteção plástica, o índice médio de severidade
da requeima foi de apenas 1,32, e por isto, a área foliar média nestes
ambientes subiu para 31.170 cm2 planta-1.
Severidade requeima
35
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Área foliar planta
(cm2) x 1.000
-1
30
25
20
15
10
5
0
ST
CA
AF
CI
RT
Severiade da requeima
Área foliar
CL
Tratamentos
FIGURA 11 Área foliar (cm2 planta-1) e severidade da requeima em
tomateiros, cultivadas no período de 02/09 a 29/12/2004 em
Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto),
AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo
revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite).
4.2.2.6 - Produção de matéria seca
A produção de matéria seca de raízes, caule e folhas aumentou com o
aumento da área foliar, demonstrando que nos ambientes onde houve alta
severidade da requeima, com menor área foliar, ocorreu também
menor
produção de matéria seca. Já nos ambientes onde a severidade da doença foi
reduzida, houve maior área foliar e conseqüentemente maior produção de
matéria seca. Na Figura 12, está demonstrada a produção de matéria seca nos
58
59
diferentes ambientes, ao longo do crescimento das plantas, onde observou-se
novamente a existência de dois grupos de plantas, com diferentes
comportamentos em relação à matéria seca. Nos ambientes sem cobertura
plástica (céu aberto e revestido com tela), onde a severidade da requeima foi
maior, a produção de matéria seca foi menor, atingindo aos 30 DAP 2,08g
planta-1 no abrigo revestido com tela e 5,08g planta -1 no ambiente céu aberto.
No outro grupo de plantas, formado pelas plantas dos ambientes com cobertura
plástica, atingiu no ambiente do abrigo com tela afídeo 35,18g planta -1 e no
ambiente do abrigo sem tela 30,30g. Aos 70 DAP,
o menor peso seco
continuou ocorrendo nos ambientes sem cobertura plástica, atingindo 136,43g
planta-1 no ambiente do abrigo revestido com tela e 146,83g planta -1 no
ambiente céu aberto. Já no ambiente do abrigo tela afídeo atingiu neste
período 184,73g planta-1 e no ambiente do abrigo tela clarite 182,28g planta-1.
a
a
a
a
b
b
Matéria seca (g)
200
150
ST
CA
AF
100
CI
RT
50
CL
0
35
70
105
122
Dias após o plantio
FIGURA 12 Peso seco das plantas (g planta-1), aos 30, 70, 105 e 122 dias
após o plantio, cultivados no período de 02/09/2004 a 29/12/2004
em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu
aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros),
RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite).
Médias (última leitura aos 122 DAP) com a mesma letra não
diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.=7,9%.
59
60
Segundo Martinez Garcia (1978), o maior crescimento vegetativo das
plantas nos cultivos em ambientes protegidos é devido ao maior período diário
de abertura estomática que ocorre nestes ambientes, causando aumento da
produção de matéria seca.
Reisser Júnior (2002) cultivando tomateiros em ambientes protegidos e
a céu aberto, também constatou que as plantas dos ambientes protegidos com
tela anti-insetos apresentaram maiores taxas de produção de matéria seca do
que as plantas de ambiente protegido sem tela, e estas maiores do que as
plantas de fora dos abrigos.
4.2.3 – Aborto de flores
Houve diferença na porcentagem de aborto de flores entre os diversos
ambientes de cultivo do tomateiro. A presença das telas anti-insetos provocou
aumento do aborto de flores. Nos ambientes sem a presença de telas antiinsetos, houve menor porcentagem de aborto de flores nos dois anos de
cultivo, quando comparada aos ambientes com a presença das telas. Na Figura
13 apresenta-se a porcentagem de aborto de flores nos dois anos de cultivo.
Nas plantas do abrigo (RT) revestido com tela
ocorreram as maiores
porcentagens de aborto de flores nos dois anos de cultivo, sendo 23,98% em
2002 e
28,30% em 2004. As menores porcentagens de aborto de flores
ocorreram no ambiente do abrigo sem tela, nos dois anos de cultivo, sendo
10,36% em 2002 e 17,13% em 2004. Este comportamento pode ser atribuído
à menor ventilação e aumento da umidade relativa do ar que ocorre com a
presença e com o adensamento da tela anti-insetos. Fatnassi et al., (2003)
relatam que o uso telas anti-insetos causam aumento de temperatura e da
umidade relativa do ar nos abrigos. Ghidin & Roberts (2002) destacam que o
uso de telas anti-insetos provoca redução na ventilação no interior de abrigos.
Esta redução na ventilação, causando aumento da umidade relativa do ar,
associada à ausência de insetos, provoca sensível diminuição na vibração das
plantas, com conseqüente dificuldade no desprendimento do pólen, reduzindo
60
61
a fecundação e conseqüentemente aumentando a porcentagem de aborto de
flores. Para Grange & Hand (1987) a alta umidade relativa do ar favorece o
aborto de flores, pois com umidade alta, o pólen se compacta e adere na
antera, dificultando a deiscência das anteras, prejudicando a polinização, e
favorecendo o aborto da flor.
O aborto de flores ocorreu de forma mais acentuado no cultivo de 2004,
quando comparado com o cultivo de 2002. Isto pode ser atribuído à maior
temperatura média ocorrida no cultivo de 2004, que foi realizado cerca de 30
dias após o cultivo de 2002. Durante o florescimento, de acordo com Cuartero
et al., (1995), com temperaturas acima de 30ºC pode ocorrer abortamento de
Porcentagem de aborto de
flores de tomateiro
flores.
30
2002
25
2004
20
A
b
15
10
a
bc
c
C
B
B
bc
bc
B
C
5
0
ST
CA
AF
CI
RT
CL
Tratamentos
FIGURA 13 Porcentagem de aborto de flores de tomateiro durante cultivo
realizado nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a
29/12/2004 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA
(céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela
citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela
clarite).
Médias com a mesma letra, (maiúsculas 2002 e minúsculas
2004), não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.=
11,02% (2002); CV.= 8,54% (2004).
61
62
4.3 – Ocorrência de doenças
Avaliou-se, neste trabalho, a ocorrência de doenças nas folhas e nos
frutos.
4.3.1 – Ocorrência de doenças nas plantas
No presente trabalho, observou-se a ocorrência de duas doenças
foliares ao longo do cultivo do tomateiro, a requeima (Phythophtora infestans)
e a mancha-de-cladospório (Cladosporium fulvum).
4.3.1.1 – Requeima (Phythophtora infestans)
A requeima incidiu com alta severidade nos ambientes onde não havia
proteção plástica das plantas contra as chuvas, ou seja, nos ambientes a céu
aberto e no abrigo revestido com tela. Nos ambientes que continham plástico na
cobertura dos abrigos, abrigo sem tela, abrigo com tela afídeo, abrigo com tela
citros, e abrigo com tela clarite, onde as plantas estavam protegidas das
chuvas, a ocorrência da requeima foi mínima. Este comportamento da requeima
foi semelhante nos dois anos de cultivo.
Na Figura 14 encontra-se a quantificação da severidade da requeima nos
seis ambientes de cultivo do tomateiro, nos anos de 2002 e 2004. Em 2002, no
ambiente céu aberto o grau de severidade alcançou 9,34 e no ambiente do
abrigo revestido com tela 7,36. Nos ambientes com cobertura plástica, atingiu
1,05 no ambiente do abrigo com tela clarite, 1,18 no abrigo com tela citros, 1,65
no ambiente do abrigo com tela afídeo e 1,57 no abrigo sem tela. Em 2004 no
ambiente céu aberto o nível de severidade alcançou 9,21 e no ambiente do
abrigo revestido com tela 7,18. Já nos ambientes com proteção, atingiu 1,05 no
ambiente do abrigo com tela clarite, 1,21 no abrigo tela citros, 2,36 no ambiente
do abrigo com tela afídeo e 1,00 no abrigo sem tela. Rebelo (2003) cultivando
pepineiro em dois ambientes, estufa plástica e céu aberto, constatou que a
ocorrência e severidade da doença mancha reticulada (Leandria momordicae)
62
63
foi maior no ambiente céu aberto do que no ambiente estufa, embora a umidade
relativa média do ar fosse maior e mais duradoura no interior dos abrigos. O
autor constatou que a severidade está ligada ao número de dias com chuva.
Severidade da requeima
em tomateiros
10
A
8
2002
a
2004
B
6
b
4
2
0
C
C
c
ST
CA
c
C
AF
CI
c
C
RT
c
CL
Tratamentos
FIGURA 14 Severidade da requeima (Phythophtora infestans) no tomateiro
cultivado nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a
29/12/2004 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela),
CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com
tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela
clarite).
Médias com a mesma letra, (maiúsculas 2002 e minúsculas
2004), não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%.
CV.=22,96% (2002); CV.=16,88% (2004).
O cultivo protegido tem sido relatado como uma das formas de controlar
certos fatores ambientais, favorecendo o desenvolvimento das culturas e ao
mesmo tempo, desfavorecendo o surgimento de doenças nas plantas. Reisser
Júnior (2002) relata que o cultivo protegido protege as plantas de chuvas e
ventos, dificultando o desenvolvimento de patógenos e favorecendo a
manutenção saudável da área foliar, propiciando aumentos de produtividade.
O cultivo do tomateiro em ambiente protegido, propicia a redução na
aplicação de agrotóxicos utilizados para o controle de doenças nas plantas,
pelo desfavorecimento do ambiente à severidade das doenças, provocado por
63
64
um ambiente favorável ao desenvolvimento das plantas (Rebelo et al., 2000;
Carrijo & Makishima, 2003)
Observou-se também neste trabalho, maior severidade da requeima nos
ambientes onde ocorreu maior duração do molhamento foliar. Na Figura 15
encontra-se o registro do molhamento foliar e da severidade da requeima
(Phythophtora infestans).
plástica
Nos dois ambientes onde não havia cobertura
protegendo contra as chuvas, (abrigo revestido com tela
e
ambiente céu aberto), ocorreram os maiores períodos de molhamento foliar,
1.286 horas e 1.053 horas respectivamente. Nestes ambientes foram
registrados os maiores índices de severidade da requeima. Já nos ambientes
com cobertura plástica (abrigo sem tela, abrigo com tela afídeo, abrigo com
tela citros e abrigo com tela clarite) ocorreram respectivamente 807, 756, 537
e 455 horas de molhamento foliar. Nestes ambientes, os índices de
severidade da requeima foram menores.
Mizubuti & Brommonschenkel (1996) relatam que os esporos do fungo da
requeima, requerem filme de água na superfície da folha para germinarem. Boff
et al (1991) constataram uma correlação positiva entre o número de dias de
Molhamento
Requeima
1400
10
1200
8
1000
800
6
600
4
400
2
200
0
Severidade da
requeima
Horas de molhamento
foliar
chuva nas plantas de tomateiro e a ocorrência da doença foliar alternaria.
0
ST
CA
AF
CI
RT
Cl
Tratamentos
FIGURA 15 Horas molhamento foliar e a severidade da requeima
(Phythophtora infestans) em tomateiros cultivados no período de
29/07/ a 12/12/2002 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem
tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com
tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela
clarite).
64
65
4.3.1.2 - Mancha-de-cladospório (Cladosporium fulvum)
A severidade da
mancha-de-cladospório (Cladosporium fulvum), foi
mais acentuada nos ambientes que continham tela anti-insetos nas laterais dos
abrigos, com tela afídeo, com telas citros, com tela clarite e revestido com
tela.
Nos ambientes sem utilização de telas anti-insetos, abrigo sem tela e
céu aberto a incidência da mancha-de-cladospório foi menor nos dois anos de
cultivo. Na Figura 16 registra-se a severidade da mancha-de-cladospório no
tomateiro nos cultivos de 2002 e 2004. Em 2002, no ambiente céu aberto
praticamente não ocorreu a doença e no ambiente abrigo sem tela, o grau de
severidade atingiu 2. Neste mesmo ano, no ambiente do abrigo com tela clarite
o grau de severidade atingiu nível 6, no abrigo com tela afídeo 5, no abrigo
revestido com tela 5 e no abrigo com tela citros atingiu nível 4. Em 2004 o
comportamento foi semelhante, atingindo
no ambiente céu aberto nível 1, e
no abrigo sem tela o nível de severidade atingiu 2, enquanto que no ambiente
do abrigo com tela clarite atingiu nível 5, no abrigo com tela afídeo 5, no abrigo
Severidade da mancha-decladospório
revestido com tela 4 e no abrigo com tela citros atingiu nível 4.
7
2002
6
2004
A
5
AB
4
1
AB
BC
3
2
a
C
ab
a
ab
ab
D
b
0
ST
CA
AF
CI
RT
CL
Tratamentos
FIGURA 16. Severidade da mancha-de-cladospório (Cladosporium
fulvum) em tomateiros cultivados nos períodos de 29/07 a
12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC nos ambientes
ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela
afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por
tela) e CL (abrigo com tela clarite).
Médias com a mesma letra, (maiúsculas 2002 e minúsculas
2004), não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%.
CV.=25,67% (2002); CV.=45,67% (2004).
65
66
A mancha-de-cladospório (Cladosporium fulvum) é uma doença bastante
dependente das condições climáticas para se desenvolver, só ocorrendo em
longos períodos de alta umidade relativa do ar (90%). Não incide sob
condições de umidade do ar abaixo de 85%. Por isto, é mais freqüente no
Norte do Brasil e em cultivo protegido. A temperatura ideal para o
desenvolvimento desta doença é de 24ºC, mas pode ocorrer com temperaturas
entre 10 e 32ºC, (Lopes & Santos, 1994; Garbor & Wiebe,1997; Lopes et al
2003).
O fato da mancha-de-cladospório ter ocorrido de forma mais amena nos
ambientes sem utilização de telas anti-insetos, abrigo sem tela e ambiente céu
aberto, pode ser atribuído à maior ventilação que ocorre nestes ambientes, em
virtude da ausência de tela anti-insetos.
Reisser Júnior (2002) relata que o uso de telas anti-insetos nas laterais
das estufas reduz a velocidade dos ventos, elevando a umidade relativa do ar
do ambiente. Bell & Baker (1997) relatam que a utilização de telas em
ambientes protegidos visando a exclusão de insetos, provoca diminuição na
ventilação no interior dos abrigos, podendo causar danos ao cultivo.
4.3.2– Ocorrência de doenças nos frutos.
As doenças encontradas nos frutos foram causadas basicamente por
Phythophtora infestans.
Na Figura 17 registra-se as porcentagens de frutos infectados por P.
infestans, onde observa-se que nos dois ambientes onde ocorreram altas
porcentagens de frutos infectados por doenças, foram naqueles onde não havia
cobertura plástica para proteção das plantas, cultivo a céu aberto e abrigo
revestido com tela com
13,58% e
8,36%, respectivamente, dos frutos
infectados no cultivo de 2002. No cultivo de 2004, 2,8% dos frutos do ambiente
céu aberto e 1,39% dos frutos do abrigo revestido com tela estavam infectados
pelo referido patógeno. Estes ambientes não possuem cobertura plástica que
protege as plantas das chuvas. Lopes & Santos (1994) relatam que chuvas
favorecem o desenvolvimento da doença
também nos frutos. Nestes
ambientes, ocorreu alta severidade da doença nas folhas. Assim, a incidência
66
67
da doença nos frutos é decorrência quase que direta da presença da doença
na planta.
Nos ambientes onde havia presença de plástico na cobertura dos
abrigos, a porcentagem de frutos infectados por P. infestans foi baixa, sendo
no abrigo sem tela 0,20%, abrigo com tela afídeo 0,53%, abrigo com tela
citros 0,31% e abrigo com tela clarite 0,16% dos frutos infectados em 2002 e
0,25% no abrigo sem tela, 0,44% no abrigo com tela afídeo, 1,14% no abrigo
Porcentagem de frutos de
tomateiro infectados por
Phythophtora infestans
com tela citros e 0,77% no ambiente do abrigo com tela clarite em 2004.
16
14
12
10
8
6
4
2
0
2002
2004
A
B
C
a
b
ST
CA
C
b
AF
a
C
ab
CI
RT
C
b
CL
Tratamentos
FIGURA 17 Porcentagem de frutos infectados por Phythophtora infestans,
nos cultivos de tomateiros nos períodos de 29/07/2002 a
12/12/2002
e 02/09/2004 a 29/12/2004 em Itajaí-SC nos
ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com
tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por
tela) e CL (abrigo com tela clarite).
Médias com a mesma letra, (maiúsculas 2002 e minúsculas
2004), não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%.
CV.=67,35% (2002); CV.=109,82% (2004).
4.4 - Ocorrência de pragas.
As principais pragas encontradas e avaliadas no tomateiro foram a
broca-pequena-do-tomateiro (Neoleucinodes elegantalis), traça-do-tomateiro
(Tuta absoluta) e a broca-grande-do-tomateiro (Heliothis spp).
Na Figura 18 apresenta-se o percentual total de frutos atacados por
pragas nos anos de 2002 e 2004. Observou-se que nos ambientes onde havia
67
68
tela anti-insetos nas laterais dos abrigos, a porcentagem de frutos atacados por
pragas foi muito inferior aos ambientes sem tela, nos dois anos de cultivo.
Em 2002, nos ambientes sem uso das telas anti-insetos (ambiente céu
aberto e abrigo sem tela), em média, 16,52% dos frutos foram atacados por
pragas, ao passo que nos ambientes com tela (abrigo com tela clarite, abrigo
com tela afídeo, abrigo com tela citros e revestido por tela), em média apenas
1,12% dos frutos estavam danificados por pragas.
Já no cultivo de 2004, ocorreu maior incidência de pragas, destacandose ainda mais a importância das telas anti-insetos. Neste ano, nos ambientes
sem uso de tela (ambiente céu aberto e abrigo sem tela), em média 53,7%
dos frutos foram atacados por pragas, ao passo que nos ambientes com tela
(abrigo com tela clarite, abrigo com tela afídeo, abrigo com tela citros e
revestido por tela), em média, apenas 6,7% dos frutos estavam danificados por
pragas.
Porcentagem de frutos
atacados por pragas
60
50
2002
a
a
2004
40
30
20
10
A
A
b
B
0
ST
CA
AF
B
b
CI
B
b
RT
B
b
CL
Tratamentos
FIGURA 18 Porcentagem de frutos atacados por pragas, nos cultivos do
tomateiro nos realizados de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a
29/12/2004 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA
(céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela
citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela
clarite).
Médias com a mesma letra, (maiúsculas 2002 e minúsculas
2004), não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%.
CV.=39,30% (2002); CV.=14,91% (2004).
68
69
Ranch (2002) tem relatado que o uso de telas é uma alternativa limpa
em substituição ao tradicional controle químico de pragas. Bell & Baker (1997)
relatam que a utilização de telas em ambientes protegidos visando a exclusão
de insetos, tem diminuído custos de produção, além de ter relaxado as
medidas de proteção aos trabalhadores rurais. Baker & Jones (1989) relatam
que o uso de telas em cultivo protegido tem diminuído a presença de pragas
no interior dos abrigos e de insetos transmissores de agentes patogênicos.
No Brasil, Trani (2002) utilizou telas sombrite com malha de 1 e 2mm
nas laterais dos abrigos tipo túneis, para controle de insetos no cultivo da
couve. Para o cultivo do tomateiro em ambiente protegido, Pesagro (2002),
recomenda o uso de tela branca de nylon com malha de 1mm na lateral dos
abrigos.
Na Tabela 3 apresenta-se a porcentagem de frutos atacados por brocapequena, broca-grande e traça, no cultivo do tomateiro realizado no ano de
2002. Observou-se que a mais freqüente praga no cultivo de 2002 foi a broca
pequena, (Neoleucinodes elegantalis), com cerca de 10% dos frutos atacados
por esta praga nos ambientes sem a presença das telas anti-insetos (ambiente
céu aberto e abrigo sem tela). A broca-grande-tomateiro (Heliothis spp),
ocorreu em 6,24% dos frutos na ambiente céu aberto e 3,37% no abrigo sem
tela. Nos ambientes com tela a ocorrência da broca grande foi muito baixa. A
traça-do-tomateiro (Tuta absoluta) teve incidência baixa, sendo que apenas
2,21% dos frutos do ambiente céu aberto e 1,07 % no abrigo sem tela, foram
atacados por esta praga. Nos ambientes com tela, a ocorrência da traça foi
baixa, menor que de 0,5% dos frutos.
69
70
TABELA 3 Porcentagem de frutos atacados por broca-pequena, broca-grande e
traça, no cultivo do tomateiro realizado no período de 29/07 a
12/12/2002 em Itajaí-SC nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA
(céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros),
RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite.
Tratamentos
Broca-pequena
Broca-grande
Traça
ST
10,01 a
3,37 b
1,07 b
CA
10,49 a
6,24 a
2,21 a
AF
0,42 b
0,76 bc
0,03 c
CI
0,13 b
0,31 c
0,48 c
RT
0,23 b
1,14 bc
0,11 c
CL
0,42 b
0,41 c
0,16 c
Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de
Duncan a 1%. CV.=63,59% (Broca-grande); CV.=24,07% (Broca-pequena);
CV.=32,50% (Traça).
A Tabela 4 apresenta a porcentagem de frutos atacados por
broca-
pequena, broca-grande e traça, no cultivo do tomateiro realizado no ano de
2004. Observou-se que neste ano de cultivo a ocorrência de pragas foi mais
elevada, sendo que a broca-pequena ocorreu em 28,44% dos frutos do abrigo
sem tela e em 27,49% dos frutos do ambiente céu aberto. A broca-grande
também foi de ocorrência alta em 2004, atingindo 22,19% dos frutos do
ambiente céu aberto e 20,04% dos frutos do abrigo sem tela. A traça-dotomateiro teve menor incidência, ocorrendo em 5,06 % dos frutos do abrigo
sem tela e 4,155 dos frutos do ambiente céu aberto. Nos ambientes com
utilização das telas anti-insetos, a porcentagem de frutos atacados por pragas
foi baixa.
TABELA 4 Porcentagem de frutos atacados por broca-pequena, broca-grande
e traça, no cultivo do tomateiro realizado no período de 02/09 a
29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA
(céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela
citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite).
Tratamentos
Broca Pequena
Broca Grande
Traça
ST
28,44 a
20,04 a
5,06 a
CA
27,49 a
22,19 a
4,15 a
AF
0,61 b
1,11 b
0,94 b
CI
0,55 b
5,01 b
1,43 b
RT
0,43 b
4,21 b
0,21 b
CL
1,21 b
4,29 b
0,12 b
Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de
Duncan a 1%. CV.=33,98% (Broca-grande); CV.=23,02% (Broca-pequena);
CV.=53,32% (Traça).
70
71
4.5 – Produção de frutos
Avaliou-se neste trabalho o número total de frutos e também a produção
total em peso.
4.5.1 – Número total de frutos
Nos ambientes onde havia plástico na cobertura dos abrigos, (abrigo
sem tela, abrigo com tela clarite, abrigo com tela citros e abrigo com tela
afídeo), o número total de frutos foi bem maior do que nos ambientes onde não
havia plástico, (ambiente céu aberto e abrigo revestido por tela), tanto no
cultivo de 2002 quanto no cultivo de 2004.
Na Tabela 5 apresenta-se o número total de frutos nos cultivos de 2002
e 2004. Em 2002, no abrigo sem tela, o número total de frutos foi 1.073.000
frutos.ha-1 e no abrigo com tela clarite 902.750 frutos ha -1. No abrigo revestido
por tela (RT), o número total de frutos foi menor, alcançando 451.250 frutos
ha-1 e no ambiente céu aberto 602.750 frutos ha-1.
Em 2004, no abrigo sem tela, o número total de frutos foi 752.000 frutos
ha-1, no abrigo tela clarite 746.850 frutos ha-1. Já no abrigo revestido por tela, o
número total de frutos foi menor, 315.737 frutos ha-1 e no ambiente céu aberto
360.342 frutos ha-1.
Segundo Martins et al (1999) a produção em ambiente protegido,
proporciona em geral rendimentos superiores ao cultivo em campo aberto. Para
Rebelo et al (2005), além de melhor qualidade da produção, o cultivo protegido
provoca aumento de produtividade.
71
72
TABELA 5 Número total de frutos ha-1 de tomateiro produzidos no período de
29/07 a 12/12/2002 e 02/09/ a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos
ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela
afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e
CL (abrigo com tela clarite).
Tratamentos
ST
Produção total de frutos ha-1 de tomateiro
2002
2004
1.073.000 a
752.000 a
CL
902.750 ab
746.850 a
CI
887.000 ab
737.380 a
AF
719.000 bc
675.281 a
CA
602.750 cd
360.342 b
RT
451.250 d
315.737 b
Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de
Duncan a 1%. CV.=12,41% (2002); CV.=12,53% (2004)
A menor produção de frutos no ano de 2004, comparada com a do ano
de 2002, pode ser atribuída à maior porcentagem de aborto de flores que
ocorreu no ano de 2004, provavelmente devido às temperaturas mais altas
registradas neste cultivo, uma vez que o plantio de 2004, ocorreu 34 dias após
o plantio de 2002. Cermeño (1979), relata que altas temperaturas ocorridas na
fase de florescimento podem ocasionar aborto de flores, implicando em
menores produções de frutos.
Outro efeito a observar é a influencia da requeima na produção total de
frutos. Constatou-se que a ocorrência da requeima (Phythophtora infestans)
nas plantas afetou o número total de frutos produzidos, nos dois anos de
cultivo, 2002 e 2004. Na Figura 19 está apresentada a severidade da doença
requeima e número total de frutos de tomateiro. Observou-se que nos
ambientes onde não havia plástico na cobertura dos abrigos, (ambiente céu
aberto e abrigo revestido por tela), ocorreu alta severidade da requeima
ocasionada pela exposição das plantas à chuva associada a temperaturas
amenas, o que favorece o desenvolvimento da doença. Nestes ambientes, a
produção total de frutos foi baixa, com média de 432.000 frutos ha-1. Já nos
ambientes com cobertura plástica, (abrigo sem tela, abrigo com tela afídeo,
abrigo com tela citros e abrigo com tela clarite) o índice de severidade da
72
73
requeima foi baixo, e a produção de frutos foi maior, chegando em média a
811.000 frutos ha-1.
10
1000
8
800
6
600
4
400
200
2
0
0
Frutos ha-1
( x 1.000)
1200
Frutos/ha
900
10
750
8
600
6
450
4
300
150
2
0
0
ST CA AF CI RT CL
ST CA AF CI RT CL
Tratamentos
A
Sev. Requeima
Severidade da
requeima
Sev. Requeima
severidade da
requeima
Frutos ha-1 x (1.000)
Frutos/ha
Tratamentos
B
FIGURA 19 Número total de frutos ha–1 e severidade da requeima
(Phythophtora infestans) em tomateiros nos cultivos de
29/07/2002 a 12/12/2002 (A) e 02/09/2004 a 29/12/2004 (B) em
Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto),
AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo
revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite).
Na Figura 20 apresenta-se a relação linear entre severidade da doença
e número total de frutos de tomateiro cultivados em 2002 e 2004. Constatou-se
que houve uma relação linear negativa entre a severidade da requeima e o
número total de frutos, pois à medida em que aumentou a severidade da
requeima (Phythophtora infestans) nos tomateiros, diminuiu o número total de
frutos.
73
74
800
y = -49,028x + 953,33
R2 = 0,6334
1000
Número de frutos.ha-1
( x 1.000)
Número de frutos.ha-1
( x 1.000)
1200
800
600
400
200
0
700
600
500
400
300
y = -54,863x + 798,75
R2 = 0,9391
200
100
0
0
2
4
6
8
10
0
2
4
6
8
10
Grau de severidade
Grau de severidade
B
A
FIGURA 20
Relação entre a severidade da requeima (Phythophtora
infestans), e o número total de frutos ha-1 de tomateiro cultivados
nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 (A) e 02/09 a 29/12/2004 em
Itajaí-SC.
4.5.2 – Peso total dos frutos
O peso total dos frutos foi proporcional ao número total de frutos nos
dois anos de cultivo.
Nos ambientes onde havia a presença de plástico na cobertura dos
abrigos, obteve-se maior peso total de frutos, comparada com a produção nos
ambientes sem a proteção do plástico, nos dois anos de cultivo.
Na Tabela 6 estão apresentados os resultados do peso total dos frutos
de tomateiros nos seis ambientes de cultivo, realizados nos anos de 2002 e
2004. Em 2002, o maior peso total de frutos foi obtido no ambiente do abrigo
sem tela com 115.32 t ha.-1, seguido pelo ambiente do abrigo com com tela
clarite com 96,13 t ha.-1. A menor produtividade foi obtida no ambiente do
abrigo revestido por tela com 41,03 t ha.-1.
Em 2004, o maior peso também foi obtido no abrigo sem tela com 81,55
t ha.-1, seguido novamente pelo ambiente do abrigo com tela clarite com 80,52
t ha.-1. A menor produtividade também foi obtida no abrigo revestido por tela
com 24,09 t ha.-1.
74
75
TABELA 6 Peso total de frutos de tomateiros em t ha-1 obtidos nos cultivos
realizados de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em ItajaíSC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF
(abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo
revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite).
Tratamentos
ST
Produção total de frutos de tomateiro (t ha-1)
2002
2004
115,32 a
81,55 a
CL
96,13 ab
80,52 a
CI
93,10 ab
79,51 a
AF
74,20 bc
73,06 a
CA
65,04 cd
38,44 b
RT
41,03 d
24,09 b
Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de
Duncan a 1%. CV.=15,62% (2002); CV.=15,10% (2004).
Diversos autores relatam que o cultivo do tomateiro em ambiente
protegido proporciona aumento de produtividade, estabilidade da produção e
melhora a qualidade do produto. Isto decorre, dentre outros fatores, em face
das condições ambientais mais favoráveis no interior dos abrigos, ausência de
chuvas e maior quantidade de radiação difusa, (Martins et al 1999; Reisser
Júnior, 2002; Carrijo & Makishima, 2003).
Nos ambientes onde não havia plástico na cobertura dos abrigos, céu
aberto e abrigo revestido por tela, ocorreu o menor peso total de frutos, com
média neste ambientes de 53,03 t ha-1 em 2002 e 31,24 t ha-1 em 2004. Isto
decorre do fato destes ambientes estarem expostos à chuvas, o que favoreceu
o desenvolvimento da doença requeima nas plantas, diminuindo a produção e
o peso total de frutos. Reisser Junior (2002) também obteve menores
produções de tomate a céu aberto do que em estufas. Nos ambientes com
cobertura plástica, abrigo sem tela, abrigo com tela afídeo, abrigo com tela
citros e abrigo com tela clarite, obteve-se maior peso total de frutos, com média
nestes ambiente em 2002 de 94,68 t ha-1 e 78,66 t ha-1 em 2004. Isto ocorreu
pois nestes ambientes, protegidos da chuva, a severidade da requeima foi
menor, resultando em maior produção.
75
76
Na Figura 21, está apresentada a severidade da requeima nas plantas e
peso total de frutos, onde se observa que nos ambientes céu aberto e abrigo
revestido por tela as plantas sofreram maior
severidade da requeima
(Phythophtora infestans), produzindo menos. Já nos ambientes com plástico na
cobertura dos abrigos, (abrigo sem tela, abrigo com tela afídeo, abrigo com
tela citros e abrigo com tela clarite), o índice de severidade da requeima foi
bem menor e conseqüentemente o peso total dos frutos foi maior. (Lopes &
Santos, 1994; Mizubuti & Brommonschenkel, 1996; Zambolim et al 1999;
Gómez et al 2000), relatam que a ocorrência de doenças nas plantas de
tomateiro causam redução na produção de frutos.
10
80
8
60
6
40
4
20
2
0
0
Peso total (t ha-1)
100
ST CA AF CI RT CL
Tratamentos
A
Sev. Requeima
80
10
60
8
6
40
4
20
2
0
0
Severidade
requeima
Produção
Sev. Requeima
Severidade da
requeima
Peso total (t ha1)
Produção
ST CA AF CI RT CL
Tratamentos
B
FIGURA 21 Peso total dos frutos (t ha-1) e severidade da requeima
(Phythophtora infestans), em tomateiros, cultivados nos períodos
de 29/07 a 12/12/2002 (A) e 02/09 a 29/12/2004 (B) em Itajaí-SC,
nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo
com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido
por tela) e CL (abrigo com tela clarite).
Houve uma relação linear negativa entre a severidade da requeima e o
peso total de frutos de tomateiro, pois à medida em que aumentou a
severidade da requeima em tomateiros, diminui linearmente o peso total de
frutos.
Na Figura 22 apresenta-se esta relação linear entre severidade da
requeima e peso total de frutos de tomateiro.
76
140
Peso tota (t.ha -1) de frutos de
tomateiro
Peso total (t.ha -1) de frutos de
tomateiro
77
y = -5,4411x + 100,87
R2 = 0,5772
120
100
80
60
40
20
0
0
2
4
6
8
10
120
100
y = -6,5122x + 86,75
R2 = 0,8743
80
60
40
20
0
0
Severidade da requeima
2
4
6
8
10
Severidade da requeima
A
B
FIGURA 22 Relação entre a Severidade da requeima (Phythophtora infestans),
e o peso total de frutos(t ha-1) de tomateiro, cultivados nos
períodos de 29/07 a 12/12/2002(A) e 02/09 a 29/12/2004(B) em
Itajaí-SC.
4.5.3– Tamanho dos frutos
Os frutos foram classificados nas seguintes categorias:
4.5.3.1 – Frutos grandes
Na Tabela 7 apresenta-se o percentual de frutos grandes obtidos nos
cultivos de 2002 e 2004. Observou-se uma baixa porcentagem de frutos
grandes (diâmetro maior de 9,0cm), sendo que a maior porcentagem foi obtida
no ambiente céu aberto, 11,07% em 2004. As menores porcentagens de frutos
grandes nos dois anos de cultivo foram obtidas no ambiente do abrigo
revestido por tela, 1,55% em 2002 e
0,32% em 2004, destacando este
ambiente como não favorável à produção de frutos tipo grande.
77
78
TABELA 7 Porcentagem de frutos grandes de tomateiro, obtidos nos cultivos
realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a
29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA
(céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela
citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite).
Frutos grandes de tomateiro (%)
2002
2004
a
11,07
a
5,57
3,03 b
3,94 ab
Tratamentos
CA
CL
ST
CI
AF
RT
3,88 ab
3,69 ab
5,06 b
3,11 bc
1,55 c
4,22 b
3,78 b
0,32 c
Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de
Duncan a 1%. CV.=39,42% (2002); CV.=63,13% (2004).
4.5.3.2 – Frutos médios
Na Tabela 8
apresenta-se os resultados da porcentagem de frutos
médios de tomateiros cultivados em 2002 e 2004. A porcentagem de produção
de frutos médios (diâmetro entre 6,5 e 9,0 cm), apresentou valores ao redor de
35% no ambiente céu aberto e também nos abrigos com plástico na cobertura,
(abrigo sem tela, abrigo com tela afídeo, abrigo com tela citros e abrigo com
tela clarite), nos anos de 2002 e de 2004. Já no ambiente do abrigo revestido
por tela, a porcentagem de frutos médios foi menor e diferente dos demais,
atingindo 22,16% no ano de 2002 e 11,08% no ano de 2004. Estes resultados
mostram que os ambientes com plástico na cobertura dos abrigos, com e sem
tela anti-insetos e o ambiente céu aberto, são mais adequados para produção
de frutos médios, pois tiveram produções semelhantes
ambiente do abrigo revestido por tela.
78
e superiores ao
79
TABELA 8 Porcentagem de frutos médios de tomateiro, obtidos nos cultivos
realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a
29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA
(céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela
citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite).
ST
Frutos médios de tomateiros (%)
2002
2004
35,38 a
43,07 a
CA
34,72 a
38,22 a
CL
32,78 a
32,66 a
CI
32,76 a
34,79 a
AF
31,24 a
32,66 a
RT
22,16 b
11,08 b
Tratamentos
Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de
Duncan a 1%. CV.=17,67% (2002); CV.=18,78% (2004).
4.5.3.3 – Frutos pequenos
Na Tabela 9 apresenta-se
os percentuais de produção de frutos
pequenos nos cultivos de 2002 e 2004. A maioria dos frutos pertenceu a esta
categoria de classificação, (tamanho entre 5,00 a 6,5cm), nos dois anos de
cultivo. A porcentagem de frutos pequenos ficou ao redor de 44%, em todos
ambientes, com exceção do ambiente céu aberto, que diferenciou-se dos
demais, produzindo menores porcentuais de frutos desta categoria, 37,73%
dos frutos produzidos em 2002 e 25,27% em 2004.
Constatou-se que, nas condições em que foi realizado o trabalho com a
cultivar Fortaleza, a grande maioria dos frutos produzidos foram classificados
com tamanho médio e pequeno.
79
80
TABELA 9 Porcentagem de frutos pequenos de tomateiro, obtidos nos cultivos
realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a
29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA
(céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela
citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite).
CL
Frutos pequenos de tomateiros (%)
2002
2004
45,70 a
46,37 a
RT
45,63 a
45,15 a
ST
45,39 a
40,30 a
AF
45,04 a
40,12 a
CI
44,52 a
38,35 a
CA
37,73 b
25,27 b
Tratamentos
Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de
Duncan a 1%. CV.=8,76% (2002); CV.=12,56% (2004).
4.5.3.4 – Frutos não comerciais
Na Tabela 10 apresenta-se os percentuais de produção de frutos de
tomateiro não comerciais nos cultivos realizados em 2002 e 2004. Foi no
ambiente revestido por tela onde se obteve a maior porcentagem de frutos não
comerciais, diferindo-se dos demais ambientes, com 30.64% da produção total
de frutos classificados nesta categoria em 2002 e 43.37% em 2004. Estes
resultados mostram que o ambiente do abrigo revestido por tela não é ideal
para produção de tomates, resultando num ambiente que propicia condições
para produção de grande quantidade de frutos de tamanho não comercial.
80
81
TABELA 10 Porcentagem de frutos não comerciais de tomateiro, obtidos nos
cultivos realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09
a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela),
CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela
citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela
clarite).
Tratamentos
RT
CA
AF
CI
CL
ST
Porcentagem de frutos não comerciais
2002
2004
43.43 a
30.64 a
25.43 b
21.96 b
20.60 b
19.01 b
23.06 bc
17.56 b
15.33 b
17.91 bc
11.55 c
22.98 bc
Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de
Duncan a 1%. CV.=26,43% (2002); CV.=25,49% (2004).
4.5.3.5 - Peso médio dos frutos
Na Tabela 11 apresenta-se os resultados do peso médio dos frutos de
tomateiros cultivados em 2002 e 2004. O ambiente do abrigo revestido por tela
foi o que apresentou peso médio menor e diferente dos demais ambientes, nos
dois anos de cultivo, atingindo 88,9g em 2002 e 74,4g por fruto em 2004. Nos
demais ambientes, o peso médio foi semelhante nos dois anos de cultivo,
atingindo no ambiente do abrigo sem tela 107,5g em 2002 e no ambiente do
abrigo com tela clarite 109,1g em 2004.
Os ambientes, com exceção do
ambiente revestido por tela, não influíram no peso médio dos frutos.
81
82
TABELA 11 Peso médio dos frutos de tomateiro, obtidos nos cultivos
realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a
29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA
(céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela
citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela
clarite).
Tratamentos
ST
CL
CA
CI
AF
RT
Peso médio dos frutos de tomateiros (g)
2002
2004
106,99 a
107.52 a
109,16 a
106.57 a
105.39 a
105.03 a
106,19 a
103.09 a
88.94 b
107,48 a
74,47 b
107,81 a
Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de
Duncan a 1%. CV.=6,36% (2002); CV.=5,83% (2004).
4.5.4– Frutos com podridão apical
Na Figura 23 apresenta-se os valores da porcentagem de frutos de
tomateiros com sintomas de podridão apical nos cultivos de 2002 e 2004. Foi
no ambiente céu aberto que se obteve a maior porcentagem de frutos com
podridão apical, sendo 2,18% em 2002 e 1,41% em 2004. Nos ambientes com
cobertura plástica e com a presença de telas anti-insetos, a porcentagem de
frutos com podridão apical foi menor, atingindo 0,02% dos frutos no ambiente
do abrigo com tela citros em 2002 e 0,05% no abrigo com tela afídeo em 2004.
Exceto no ambiente céu aberto, que apresentou maiores porcentuais de frutos
com sintomas de podridão apical, nos demais ambientes a perda de frutos por
podridão apical foi baixa, não comprometendo comercialmente a produção.
82
Porcentagem de frutos de
tomateiros com podridão
apical
83
2.5
2002
A
2
2004
1.5
a
1
0.5
0
AB
b
ST
CA
B b
B b
AF
CI
AB
b
b
RT
B
CL
Tratamentos
FIGURA 23 Porcentagem de frutos de tomateiro com podridão apical
obtidos nos cultivos
realizados nos períodos de 29/07 a
12/12 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST
(abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo),
CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL
(abrigo com tela clarite).
Médias com a mesma letra, (maiúsculas 2002 e minúsculas
2004), não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%.
CV.=232,10% (2002); CV.=97,31% (2004).
Atribui-se o maior percentual de frutos com podridão apical no ambiente
a céu aberto (CA) à maior ventilação, insolação e conseqüentemente, maior
evapotranspiração ocorrida
neste ambiente, o que
pode favorecer o
surgimento de frutos com sintomas de podridão apical. Segundo Embrapa
(2003) plantas expostas ao vento e com maior transpiração estão mais sujeitas
à esta sintomatologia. Para Bradfield & Guttridge (1984), com base na teoria
da pressão radicular, é possível desfavorecer o surgimento de podridão apical,
mantendo a umidade relativa do ar elevada no ambiente de cultivo. Segundo
Martins & Gonzales (1995) a evapotranspiração no ambiente externo é 40%
superior à ocorrida no interior de abrigos. A diminuição da evapotranspiração
no interior dos abrigo, ocorre devido à diminuição da radiação solar e da ação
dos ventos, principais fatores da demanda evaporativa das plantas. Para
Dalmasso et al (1997), plantas de tomateiro cultivadas em ambiente protegido
consomem menos água do que as plantas em ambientes à céu aberto.
83
84
4.5.5 – Frutos com defeito
Na Figura 24 apresenta-se a porcentagem de frutos de tomateiros com
defeitos durante os cultivos de 2002 e 2004. Os seis ambientes cultivados com
tomateiros em 2002 mostraram-se semelhantes quanto à porcentagem de
frutos com defeitos, ou seja, frutos com lóculo aberto e defeitos morfológicos.
Esta porcentagem ficou ao redor de 2%. Em 2004, cerca de 3,5% dos frutos
estavam com defeitos, sendo que o ambiente do abrigo com tela citros
apresentou 5,25% dos frutos com defeitos, diferindo dos ambientes do abrigo
com tela afídeo e revestido por tela que apresentaram 2,5% e 2,25%
respectivamente dos frutos defeituosos. Estes defeitos nos frutos, não podem
ser atribuídos unicamente ao ambiente de cultivo, mas também a uma
Porcentagem de frutos de
tomateiros com defeitos
característica da cultivar plantada.
6
ab
4
3
ab
ab
2
1
2002
2004
a
5
A
A
A
b
A
A
b
A
0
ST
CA
AF
CI
RT
CL
Tratamentos
FIGURA 24 Porcentagem de frutos de tomate com defeitos, obtidos nos
cultivos realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e
02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo
sem tela), CA (céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI
(abrigo com tela citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL
(abrigo com tela clarite).
Médias com a mesma letra, (maiúsculas 2002 e minúsculas
2004), não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%.
CV.=41,95% (2002); CV.=34,49% (2004).
84
85
4.6 – Descarte de frutos
O cultivo do tomateiro nos diferentes ambientes estudados, mostrou
diferenças muito significativas no aproveitamento final dos frutos de tomate.
Na tabela 12 apresenta-se a porcentagem de frutos de tomateiro
descartados nos cultivos de 2002 e 2004. Em 2002, ano de baixa incidência de
pragas, nos ambientes onde não havia plástico na cobertura dos abrigos, (céu
aberto e abrigo revestido por tela), ocorreu a maior porcentagem de frutos
descartados, por pragas, doentes, com defeitos, com sintomas de podridão
apical e com tamanho não comercial. No ambiente céu aberto, 49,612% dos
frutos apresentaram algum problema e foram descartados e no ambiente
revestido por tela, este percentual foi de 39,19% dos frutos, mas foram iguais
entre si. Já nos ambientes com plástico na cobertura dos abrigos, (abrigo sem
tela, abrigo com tela afídeo, abrigo com tela citros e com tela clarite), em
média, 24% dos frutos foram descartados e eles não diferiram entre si.
No ano de 2004, em que houve maior incidência de pragas, além do uso
do plástico,
as telas anti-insetos mostraram-se muito eficientes no
aproveitamento final dos frutos. Neste ano de cultivo, nos ambientes onde
havia plástico na cobertura dos abrigos e tela anti-insetos nas laterais, (abrigo
com tela citros, com tela anti-afídeo e com tela clarite), as perdas foram de
33,43%, 27,27% e 26,27% respectivamente dos frutos. Nos ambientes sem
proteção de plástico e sem tela nas laterais, as perdas foram de 71,80% dos
frutos produzidos no ambiente céu aberto, 61,74% no ambiente do abrigo sem
tela e 47,75% no ambiente revestido por tela.
85
86
TABELA 12 Porcentagem de frutos descartados, nos cultivos realizados nos
períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em ItajaíSC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA (céu aberto), AF
(abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela citros), RT (abrigo
revestido por tela) e CL (abrigo com tela clarite).
Tratamentos
CA
RT
ST
AF
CI
CL
Frutos de tomateiros descartados (%)
2002
2004
a
71,80
a
49,61
47,75 c
39,19 ab
29,65 bc
23,85 c
61,74 b
22,33 c
20,61 c
33,43 d
26,27 d
27,28 d
Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de
Duncan a 1%. CV.=16,92% (2002); CV.=10,11% (2004).
Constata-se a importância do cultivo protegido no aproveitamento final
da produção, pois nos dois anos de cultivo, nos ambientes sem proteção
plástica ocorreram perdas significativas, que comprometem comercialmente o
cultivo. O uso das telas anti-insetos é importante na redução das perdas, mas
sua importância torna-se significativa em anos de maior ocorrência de pragas.
4.7 – Produção comercial de frutos
Na Tabela 13 apresenta-se os resultados da produção comercial de frutos
de tomateiros nos seis ambientes de cultivo, nos anos de 2002 e 2004. Em
2002, a maior produtividade comercial foi obtida nos ambientes com cobertura
plástica, sendo que, no ambiente do abrigo sem tela, a produção comercial
alcançou 92.385 t ha.-1 e nos abrigos com tela clarite e tela citros obteve-se
produções semelhantes. Apenas no ambiente do abrigo com tela afídeo, a
produção comercial diferiu do ambiente sem tela, com 66.415 t ha .-1. A menor
produção foi obtida no ambiente revestido por tela, que foi de 32.015 t ha .-1. Em
2004, a maior produção comercial
ocorreu nos ambientes com cobertura
plástica e tela anti-insetos nas laterais, (abrigo com tela clarite, abrigo com
tela citros e com tela afídeo), atingindo no ambiente tela clarite, 69,11 t ha .-1.
86
87
Neste ano, devido ao ataque intenso de pragas, a produção no ambiente do
abrigo sem tela foi severamente prejudicada, obtendo produção de 38,19 t
ha.-1, menor que nos abrigos com tela. A menor produção em 2004 ocorreu
nos ambientes céu aberto com 15.52 t ha.-1 e revestido por tela com 16,42 t
ha.-1.
TABELA 13 Produção comercial (t ha.-1)de frutos de tomate, obtida nos cultivos
realizados nos períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a
29/12/2004 em Itajaí-SC, nos ambientes ST (abrigo sem tela), CA
(céu aberto), AF (abrigo com tela afídeo), CI (abrigo com tela
citros), RT (abrigo revestido por tela) e CL (abrigo com tela
clarite).
ST
Produção comercial de tomates (t ha-1)
2002
2004
92,385 a
38,19 b
CL
86,300 ab
69,11 a
CI
82,710 ab
64,55 a
AF
66,415 bc
64,69 a
CA
43,770 cd
15,52 c
RT
32,015 d
16,42 c
Tratamentos
Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de
Duncan a 1%. CV.=17,02% (2002); CV.=16,70% (2004).
Estes resultados mostram a importância da cobertura plástica na
produção comercial, pela redução na severidade da requeima, pela função
guarda-chuva que o mesmo oferece às plantas, e como conseqüência,
aumento de produtividade. Nos ambientes onde havia plástico na cobertura dos
abrigos, (ambiente do abrigo sem tela, com tela afídeo, com tela citros e tela
clarite), a produção comercial de frutos foi maior do que nos ambientes onde
não havia plástico, céu aberto e abrigo revestido por tela. Estes resultados
foram semelhantes nos dois anos de cultivo, o que reforça a grande
importância da cobertura plástica na produção comercial de frutos.
Na Figura 25 mostra-se a média da produção comercial de frutos de
tomateiros nos ambientes com e sem cobertura plástica, durante os cultivos de
2002 e 2004. Observou-se que em 2002, nos ambientes com proteção plástica,
a média da produção comercial foi de 81,95 t ha -1
e nos ambiente sem
cobertura plástica, 38,0 t ha-1. Em 2004 nos ambientes com plástico na
87
88
cobertura, a média de produção comercial foi de 59,13 t ha -1 e nos ambientes
sem plástico, 16,0 t ha-1. Nos dois anos de cultivo houve diferença estatística
entre os valores da produção comercial nos ambientes com e sem plástico na
cobertura. Estes resultados
mostram que o uso do plástico favorece o
desenvolvimento das plantas e ao mesmo tempo dificulta o surgimento de
doenças pela proteção contra chuvas, permitindo produtividade comercial
superior aos ambientes onde não há cobertura plástica nos abrigos. Reisser
Junior (2002) também obteve maiores produções de tomate em estufas do que
em ambiente a
céu aberto. Para (Lopes & santos, 1994; Mizubuti &
Brommonschenkel, 1996; Zambolim et al 1999; Gómez et al 2000), a exposição
das plantas à chuva favorece o desenvolvimento de doenças nas plantas,
diminuindo a produção comercial de frutos. Estes autores relatam que a
ocorrência de doenças nas plantas de tomateiro causam redução na produção
de frutos.
Produção comercial de
tomate (t.ha -1)
100
Com Plástico
A
Sem Plástico
80
81,9
a
60
B
59,1
40
38,0
b
20
16,0
0
2002
2004
Períodos de cultivo
FIGURA 25 Produção comercial (t.ha-1) de tomates dos cultivos em ambientes
com cobertura plástica e sem cobertura plástica nos períodos de
29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em Itajaí-SC.
Médias com a mesma letra (maiúscula 2002 e minúscula 2004)
não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.=15,29%
(2002); CV.=26,61% (2004).
88
89
No cultivo de 2002, a ocorrência de pragas foi menor do que a ocorrida
em 2004, atingindo em média 16,52% dos frutos nos ambientes sem tela e
1,12% nos ambientes com tela. Por este motivo, no ambiente do abrigo sem
tela a produção comercial foi semelhante aos ambientes com tela clarite e
tela citros que produziram respectivamente 92,38 t.ha -1, 86,30 t ha-1 e 82,71
t ha-1. No cultivo de 2004 a ocorrência de pragas foi bem superior à ocorrida
no ano de 2002, atingindo em média 53,7% dos frutos dos ambientes sem tela
e 6,7% dos frutos dos ambientes com tela. Assim, pode-se avaliar melhor a
grande importância do uso das telas anti-insetos na produção comercial de
frutos. Neste ano,
a produção comercial no ambiente do abrigo sem tela foi
menor do que nos ambientes onde havia a presença de telas anti-insetos,
alcançando neste ambiente 38,19 t ha-1.
Na Figura 26 mostra-se a média da produção comercial de tomates nos
ambientes com e sem tela nos cultivos de 2002 e 2004. Avaliando-se a média
da produção comercial nos ambientes com e sem tela, observa-se que no ano
de 2002 não houve diferença estatística entre estes ambientes,
produziram em média 92,4 t ha
-1
no ambiente sem tela e 78,5 t ha
que
-1
nos
ambientes com tela. Já em 2004, ano de alta incidência de pragas, houve
diferença estatística entre os ambientes, pois no ambiente sem tela, a
produção comercial foi de 38,2 t ha-1 enquanto que nos ambientes com tela , a
média da produção foi de 66,1 t ha-1.
A presença de telas anti-insetos, aumenta sua importância na proteção
das plantas, na medida em que ocorre maior incidência de pragas.
89
Produção comercial de
-1
tomates (t.ha )
90
100
80
A
Com tela
92,4
A
Sem tela
a
78,5
60
66,1
b
40
38,2
20
0
2002
2004
Períodos de cultivo
FIGURA 26 Média de produção comercial de tomate (t.ha-1) nos ambientes
com e sem tela anti-insetos nos cultivos de tomateiro nos
períodos de 29/07 a 12/12/2002 e 02/09 a 29/12/2004 em ItajaíSC.
Médias com a mesma letra (maiúscula 2002 e minúscula 2004)
não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%. CV.=7,32%
(2002); CV.=2,91% (2004).
90
91
5. CONCLUSÕES
Nas condições em que foi conduzido este trabalho, é possível concluir
que:

O ambiente protegido com cobertura plástica e
telas anti-insetos nas
laterais é o que propicia as melhores condições para produção orgânica
de tomate;

O uso da cobertura plástica em cultivo protegido, é desfavorável ao
incremento da severidade de doenças, fator preponderante no
crescimento e desenvolvimento da planta e na expressão do potencial
produtivo do tomateiro;

A utilização de telas anti-insetos nas laterais dos abrigos, proporciona
sensível redução no ocorrência de pragas;

O uso de telas anti-insetos na lateral dos abrigos, reduz a luminosidade
e aumenta a temperatura no interior do abrigo, acelerando o crescimento
em altura das plantas e provocando maior percentual de flores
abortadas;

Nos ambientes céu aberto e revestido por tela ocorre maior severidade
da doença requeima e menor desenvolvimento foliar, resultando em
menor produção comercial de frutos;
91
92

Nos ambientes com cobertura plástica e tela anti-insetos nas laterais,
ocorre menor percentual de descarte de frutos, e maior produção
comercial de tomates, e

É viável tecnicamente produzir tomate no sistema orgânico em abrigos
com cobertura plástica e telas anti-insetos nas laterais.
92
93
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104
105
7 - APÊNDICES
105
106
APÊNCICE 1
a
b
c
FIGURA 1 A. Telas anti-insetos utilizadas nos abrigos:
a) Tela clarite- 12 Mesh (2,0 x 2,0 mm - 5 fios por cm de tela);
b) Tela citros- 25 Mesh (1,0 x 1,0 mm – 10 fios por cm de tela);
c) Tela afídeo- 50 Mesh (0,5 x 0,5 mm – 20 fios por cm de tela).
106
107
APENDICE 2
FIGURA 2 A. Escala diagramática, representando 1, 10, 25 e 50% de lesão
por doença em folhas de tomateiro, conforme James (1971),
utilizada na determinação da severidade de doenças nas folhas
da cultura do tomateiro.
107
108
APÊNDICE 3
Composição das caldas utilizadas no controle de doenças foliares da cultura
do tomateiro:
TABELA 3 A. Composição da calda cordalesa, para 100 litros de água
Produto
Quantidade
Cal hidratada
500 g
Sulfato de cobre
500 g
TABELA 3 B. Composição da calda viçosa, para 100 litros de água.
Produto
Quantidade
Cal hidratada
1500 g
Sulfato de cobre
1000 g
Sulfato de zinco
150 g
Sulfato de magnésio
800 g
Ácido bórico
150 g
Cloreto de potássio
400 g
108
109
APÊNDICE 4
TABELA 4 A. Resultado da análise do solo do local da pesquisa.-Ano 2002
%
Argila
m/V
pH-água
1:1
Índice
SMP
P
Mg L-1
22
5.4
6.3
464
K
% M. O.
-1
Mg L
m/v
450
Al
cmoclL
Ca+Mg
cmolc/L
0.2
6.7
3.2
TABELA 4 B. Resultado da análise do composto orgânico utilizado na
adubação do tomateiro. – Ano 2002.
N
%
P
%
K
%
Ca
%
Mg
%
Fe
%
Mn
%
Zn
%
Cu
%
B
%
C
%
C/N
Umid
%
1.91 1.37 1.93 1.25 0.74 0,42 0,12 0,04 0,09 0,02 29.8 15,6
11
TABELA 4 C. Resultado da análise do solo do local da pesquisa.-Ano 2004
%
Argila
m/V
pH-água
1:1
Índice
SMP
P
Mg L-1
22
5.4
6.4
475
K
% M. O.
-1
Mg L
m/v
470
Al
cmoclL
Ca+Mg
cmolc/L
0.2
6.9
3.2
TABELA 4 D. Resultado da análise do composto orgânico utilizado na
adubação do tomateiro. – Ano 2004.
N
%
P
%
K
%
Ca
%
Mg
%
Fe
%
Mn
%
Zn
%
Cu
%
B
%
C
%
C/N
1.87 1.42 1.83 1.37 0.85 0,44 0,10 0,06 0,08 0,02 28.7 15,3
109
Umid
%
11
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