gabriela - RELATÓRIO CORRIGIDO

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL
DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR
SUPERVISIONADO EM MEDICINA
VETERINÁRIA
ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE
PEQUENOS ANIMAIS
Gabriela Maria Madke
Ijuí, RS, Brasil
2014
2
RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR
SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA
Gabriela Maria Madke
Relatório do Estágio Curricular Supervisionado na área de Clínica Médica
e Cirúrgica de Pequenos Animais apresentado ao curso de Medicina
Veterinária, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau
de Médica Veterinária
Orientadora: Profª. MSc. Cristiane Beck
Ijuí, RS, Brasil
2014
3
Universidade Regional Do Noroeste Do Estado Do Rio Grande Do Sul
Departamento De Estudos Agrários
Curso De Medicina Veterinária
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Relatório do Estágio
Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária
RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR
SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA
elaborado por
Gabriela Maria Madke
como requisito parcial para obtenção do grau de Médica Veterinária
COMISSÃO EXAMINADORA
_____________________________________
Cristiane Beck (UNIJUÍ)
(Orientadora)
_____________________________________
Cristiane Teichmann (UNIJUÍ)
(Banca)
Ijuí, 05 de dezembro de 2014.
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RESUMO
RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM
MEDICINA VETERINÁRIA – ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA DE
PEQUENOS ANIMAIS
AUTORA: GABRIELA MARIA MADKE
ORIENTADORA: CRISTIANE BECK
Data e Local da Defesa: Ijuí, 05 de dezembro de 2014
O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na área de
Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais, no Hospital Veterinário da UNIJUÍ,
localizado na cidade de Ijuí, Rio Grande do Sul, durante o período de 06 de agosto de 2014
a 13 de outubro de 2014, em três dias da semana nas segundas, quartas e quintas,
perfazendo um total de 150 horas. O estágio teve como supervisor interno o Médico
Veterinário MSc. Renan Kruger e orientado pela professora MSc. Cristiane Beck. Durante
o estágio foram acompanhadas diversas atividades da rotina veterinária de atendimentos da
clínica geral e cirúrgica, coleta de material para exames complementares e ainda
interpretação dos mesmos e auxílio nas atividades que envolviam os animais internados, o
que estará explicado e dividido em tabelas, para melhor visualização e compreensão. Serão
relatados aqui dois casos clínicos acompanhados neste período, a farmacodermia em um
canino com piodermite secundária a demodicose e o complexo granuloma eosinofílico
felino. O estágio nos permite vivenciar os conhecimentos adquiridos em sala de aula,
relacionar e aplicar a teoria acadêmica na rotina.
5
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Procedimentos ambulatoriais específicos realizados e/ou acompanhados durante
a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na
área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital
Veterinário- UNIJUI, no período de 06 de agosto a 13 de outubro de 2014 ........... 11
Tabela 2 – Diagnósticos estabelecidos das afecções envolvendo os diversos sistemas
orgânicos durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em
Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos
Animais no Hospital Veterinário - UNIJUI, no período de 06 de agosto a 13 de
outubro de 2014 ....................................................................................................... 11
Tabela 3 – Procedimentos cirúrgicos acompanhados e/ou encaminhados durante a
realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na
área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital
Veterinário - UNIJUI, no período de 06 de agosto a 13 de outubro de 2014 .......... 12
Tabela 4 – Exames complementares solicitados durante a realização do Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica
de Pequenos Animais no Hospital Veterinário - UNIJUI, no período de 06 de
agosto a 13 de outubro de 2014 ............................................................................... 13
6
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
BID = Duas Vezes ao Dia
CGA = Campo De Aumento
CGE = Complexo Granuloma Eosinofílico
DASP = Dermatite Alérgica À Saliva Da Pulga
DG = Demodicose Generalizada
DL = Demodicose Localizada
FA = Fosfatase Alcalina
GE = Granuloma Eosinofílico
HV = Hospital Veterinário
IM = Intramuscular
Kg = Quilograma
Mg = Miligramas
Ml = Mililitros
Msc = Mestre Em Ciência
PE = Placa Eosinofílica
RAM= Reação Adversa A Medicamentos
RS = Rio Grande Do Sul
SC = Subcutâneo
SID = Uma Vez ao Dia
SRD = Sem Raça Definida
TID = Três Vezes ao Dia
TPC = Tempo de Perfusão Capilar
TR = Temperatura Retal
UI = Úlcera Indolente
UTI = Unidade de Terapia Intensiva
VO = Via Oral
% = Porcentagem
7
LISTA DE ANEXOS
Anexo A – Hemograma do paciente com suspeita de farmacodermia ..................................... 32
Anexo B – Exame de Bioquímica Sérica do paciente com suspeita de farmacodermia .......... 33
Anexo C – Hemograma do paciente com suspeita de Complexo Granuloma Eosinofílico
Felino ..................................................................................................................... 34
Anexo D – Exame de Bioquímica Sérica paciente com suspeita de Complexo Granuloma
Eosinofílico Felino................................................................................................ .35
Anexo E – Resultado do Exame Microbiológico do paciente com suspeita Complexo
Granuloma Eosinofílico Felino ............................................................................. 36
Anexo F – Resultado do Exame Citológico do paciente com suspeita Complexo
Granuloma Eosinofílico Felino ............................................................................. 37
Anexo G – Resultado Histopatológico do paciente com suspeita Complexo Granuloma
Eosinofílico Felino................................................................................................. 38
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9
1 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ............................................................. 11
2 DISCUSSÃO .................................................................................................................... 14
2.1 Farmacodermia em um canino com piodermite secundária a demodicose –
relato de caso ........................................................................................................................... 14
2.2 Complexo granuloma eosinofílico felino – relato de caso ............................................. 21
3 CONCLUSÃO ................................................................................................ 29
ANEXOS ............................................................................................................ 30
9
INTRODUÇÃO
O estágio curricular supervisionado é de grande valia na formação do Médico
Veterinário, pois permite vivenciar os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo da
faculdade, nas diversas disciplinas. Durante a execução do estágio é possível aprimorar os
conhecimentos, e viver diferentes situações, desde a formação do diagnóstico de uma
afecção até a convivência com os proprietários.
O Estágio Curricular Supervisionado foi desenvolvido no período de 06 de agosto
de 2014 a 13 de outubro de 2014 no Hospital Veterinário da UNIJUÍ- Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, com supervisão interna do Médico
Veterinário MSC. Renan Kruger e orientação da professora MSc. Cristiane Beck.
O Hospital Veterinário (HV) está localizado no campus da UNIJUÍ, Rua do
Comércio, nº 3000, Bairro Universitário, no município de Ijuí, Rio Grande do Sul. Foi
inaugurado no dia 05 de abril de 2013, sob a direção clínica do Professor Doutor Médico
Veterinário Daniel Muller, e responsabilidade técnica do Médico Veterinário Renan
Kruger. O novo e moderno hospital surgiu da necessidade de um espaço para a execução
das aulas práticas, e viabilizar aos alunos o aperfeiçoamento de sua formação e o
aprimoramento de seus conhecimentos, além do atendimento a comunidade.
No HV atuam em tempo integral três médicos veterinários, sendo eles Renan
Kruger, Mauricio Borges da Rosa e Rafael Lukarsewski, além dos médicos veterinários
professores que atendem os pacientes em suas áreas de especialização. Conta com os
serviços de clínica geral, cirurgias gerais e especializadas, intervenções odontológicas.
Para auxílio aos diagnósticos oferece exames complementares de análises clínicas,
parasitológicos, histopatológicos, diagnóstico por imagem (radiografias simples e
contrastadas, ultrassonografias) e eletrocardiograma. Ainda conta com serviços de
internação, para pacientes do hospital e clínicas da cidade e região.
A estrutura do hospital divide-se em três blocos. No primeiro está a recepção, três
ambulatórios, salas de radiografia e interpretação de exames, sala de ultrassonografia,
laboratório de análises clínicas, farmácia, sala da quimioterapia, sala de direção, cozinha e
a sala dos professores. O segundo bloco contém o centro da enfermagem, a sala de
10
procedimentos, a UTI, três canis e um gatil para internação, três blocos cirúrgicos, sendo
um didático, usado nas aulas práticas e um auditório. O terceiro bloco divide-se em sala de
aula prática, salas onde estão armazenadas peças anatômicas e o laboratório de
histopatologia veterinária, além de banheiros femininos e masculinos em todos os blocos.
A escolha por realizar o estágio no HV surgiu da ideia de procurar um local de
clínica e clínica cirúrgica completo, com profissionais capacitados nas diferentes áreas, o
que proporciona um maior aprendizado. Outro fator que contribuiu na escolha é a
disponibilidade dos exames complementares, que permitem chegar a conclusões de
diagnósticos precisos, o que concilia a didática das salas de aula com a rotina hospitalar.
O objetivo do estágio curricular é proporcionar um aprimoramento à formação do
futuro profissional capaz de aplicar o que aprendeu ao longo da graduação, estando
preparado para enfrentar as diferentes situações do dia a dia, vivenciando na rotina o que
aprendeu na teoria.
11
1 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
As atividades desenvolvidas durante a realização do Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária no Hospital Veterinário da UNIJUI consistiram
no acompanhamento da clínica médica e clínica cirúrgica, que serão descritas em tabelas
para melhor visualização e interpretação.
Tabela 1 - Procedimentos ambulatoriais específicos realizados e/ou acompanhados durante
a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de
Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário- UNIJUI, no
período de 06 de agosto a 13 de outubro de 2014.
Procedimentos
Aplicação medicamento sub-conjuntival
Aplicação vacinas polivalente
Assistência animais internados
Consultas- avaliação pré cirúrgica aulas
Confecção de tala Robert Jones
Eutanásia
Lavagem estomacal
Limpeza drenos
Fluidoterapia sub-cutânea
Remoção pontos cirúrgicos
Sondagem uretral
Quimioterapia
TOTAL
Caninos
1
6
38
12
0
1
0
10
3
3
1
2
77
Felinos
0
8
19
9
1
0
2
0
3
4
2
0
48
Total
1
14
57
21
1
1
2
10
6
7
3
2
125
%
0,80
11,20
45,60
16,80
0,80
0,80
1,60
8,00
4,80
5,60
2,40
1,60
100,00
Tabela 2 - Diagnósticos estabelecidos durante a realização do Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de
Pequenos Animais no Hospital Veterinário - UNIJUI, no período de 06 de agosto a 13 de
outubro de 2014.
Diagnóstico
Atopia
Calcificação do disco inter vetebral
Cálculo dentário
Caninos Felinos
2
0
1
0
2
0
(continua)
Total
%
2
5,26
1
2,63
2
5,26
12
Carcinoma de células escamosas
Complexo granuloma eosinofílico felino
Conjuntivite
Demodicose
Entrópio bilateral
Doença do trato urinário inferior felino
Farmacodermia
Fratura metacarpiana
Fratura múltipla pélvica
Piodermite
Hemangiossarcoma hepático
Hérnia perineal
Insuficiência renal crônica
Intoxicação
Lipomas sub-cutâneo
Luxação de patela
Malasseziose
1
0
1
2
1
0
1
0
1
2
1
1
1
0
1
1
3
0
1
0
0
0
1
0
1
1
0
0
0
0
2
0
0
0
1
1
1
2
1
1
1
1
2
2
1
1
1
2
1
1
3
2,63
2,63
2,63
5,26
2,63
2,63
2,63
2,63
5,26
5,26
2,63
2,63
2,63
5,26
2,63
2,63
7,89
Ferida traumática membro pélvico
Neoplasia mamária
Parvovirose
Piometra
Trombocitopenia por aplicação de estrógenos
Úlcera de córnea
TOTAL
0
3
1
1
1
3
31
1
0
0
0
0
0
7
1
3
1
1
1
3
38
2,63
7,89
2,63
2,63
2,63
7,89
100,00
Tabela 3 - Procedimentos cirúrgicos acompanhados e/ou encaminhados durante a
realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de
Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário - UNIJUI, no
período de 06 de agosto a 13 de outubro de 2014.
(continua)
Cirurgias
Correção entrópio bilateral
Exerese carcinoma de células escamosas
Exérese lipoma
Laparotomia exploratória
Lobectomia hepática parcial
Mastectomia parcial
Orquiectomia
Ovariosalpingohisterctomia
Osteossíntese pélvica
Redução hérnia perineal
Redução luxação de patela
Caninos
1
1
1
1
1
3
2
8
1
1
1
Felinos
0
0
0
0
0
0
2
4
1
0
0
Total
1
1
1
1
1
3
4
12
2
1
1
%
3,33
3,33
3,33
3,33
3,33
10,00
13,33
40,00
6,67
3,33
3,33
13
Profilaxia Dentária
TOTAL
2
23
0
7
2
30
((conclusão)
6,67
100,00
Tabela 4 - Exames complementares solicitados durante a realização do Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de
Pequenos Animais no Hospital Veterinário - UNIJUI, no período de 06 de agosto a 13 de
outubro de 2014.
Exames complementares
Alanina aminotransferase
Citologia aspirativa por agulha fina
Citologia de ouvido
Creatinina
Fosfatase alcalina
Gama glutamiltransferase
Hemograma
Histopatológico
Parasitológico de pele
Proteinas plasmáticas totais
Radiografias
Teste de fluorosceína
Teste para detecção Parvovirus
Ultrassonografia
Ureia
Urinálise
TOTAL
Caninos
40
2
3
45
40
2
44
2
2
40
12
3
1
4
1
1
242
Felinos
19
0
0
21
19
0
19
1
0
19
5
0
0
0
0
2
105
Total
59
2
3
66
59
2
63
3
2
59
17
3
1
4
1
3
347
%
17,00
0,58
0,86
19,02
17,00
0,58
18,16
0,86
0,58
17,00
4,90
0,86
0,29
1,15
0,29
0,86
100,00
14
2 DISCUSSÃO
2.1 Farmacodermia em um canino com piodermite secundária a demodicose – relato
de caso
Resumo
Efeitos adversos a medicamentos são fenômenos indesejáveis que podem acometer
distintos sistemas orgânicos. Qualquer medicamento tem capacidade de desencadear uma
reação adversa, porém é difícil caracterizar o agente causador, pela multiplicidade de
medicamentos empregados em uma terapia. As reações de hipersensibilidade causadas por
fármacos são caracterizadas por lesões cutâneas, e algumas vezes associadas a sinais
sistêmicos. O tratamento consiste na interrupção imediata do tratamento, e terapia de
suporte como reposição eletrolítica e terapia tópica. O objetivo do presente estudo é relatar
o caso clínico de um canino, Yorkshire, macho, de sete meses de idade, diagnosticado com
piodermite bacteriana secundária a demodicose, que estava sendo tratado com doramectina
e cefalexina quando desencadeou reação farmacodérmica.
Palavras-chave: reação medicamentosa, canino, cefalexina.
Introdução
De acordo com Sousa (2005) reações cutâneas decorrentes de hipersensibilidade a
fármacos são comum em humanos, mas em cães é um fenômeno raro. Para Spinosa (2006)
em humanos são estimados que de 1,5 a 35% dos pacientes hospitalizados apresentam
reações adversas a medicamentos, mas que em animais esse percentual não ultrapassa 1%,
havendo predileção relativa à hereditariedade, espécie e raça. As raças que podem ser
predispostas incluem Poodle, Bichon Frise, Yorkshire, Pequinês, Maltês, Dobermann,
Schnauzer, Dálmata, entre outras. Um fator que contribui para o desenvolvimento da
reação cutânea medicamentosa é o crescente lançamento de medicamentos pela indústria
farmacêutica e o uso indiscriminado dos mesmos (ALEIXO, 2009).
15
Reação adversa ao medicamento (RAM) é aquela reação de perigo iminente, nãointencional que se manifesta em dosagens habitualmente usadas para terapia ou profilaxia
das enfermidades (SPINOSA, 2006). Pode ser previsível, quando é dose-dependente e se
relacionam a ações farmacológicas do medicamento, e em imprevisíveis, as quais são
independentes da dose e se relacionam à resposta imune ou à susceptibilidade do indivíduo
(SOUSA, 2005).
Aleixo (2009) classifica as farmacodermias quanto a origem, podendo ser
imunológica ou não-imunológica. As de ordem imunológica são ocasionadas pela
formação de anticorpos específicos contra o fármaco e geralmente ocorrem após uma
segunda exposição a ele. As farmacodermias de etiologia não imunomediadas, podem ser
ocasionadas após a administração de altas doses do medicamento, segundo Spinosa (2006)
além de superdosagens, podem ser por intolerância, idiossincrasia, distúrbio ecológico,
biotropismo, liberação de histamina e reações fotoquímicas.
A afecção pode apresentar um quadro clínico diversificado, variando desde lesões
localizadas até reações generalizadas graves que podem levar a óbito (ALEIXO, 2009). Os
sinais dermatológicos associados às farmacodermias incluem eritemas esfoliativos,
erupção, urticária, edema, dermatopatias vesico-bolhosas ou pustulares como o pênfigo
foliáceo farmacodérmico, vasculites e necrólise epidérmica tóxica (SILVA, 2014).
A identificação do agente etiológico da farmacodermia, ou seja, o fármaco
desencadeador pode ser difícil, visto que muitos pacientes recebem diversos medicamentos
simultaneamente (ALEIXO, 2009). No diagnóstico de erupção causada por medicamentos,
para Souza (2005) único teste confiável é a suspensão do medicamento até evolução das
lesões, e em seguida administrar novamente o medicamento de forma proposital, embora
perigosa, o que poderá determinar se ocorrerá reprodução das lesões indesejáveis, que para
Aleixo (2009) contraindicado em razão do risco que pode gerar para o paciente, podendo
levar ao óbito.
Segundo a literatura consultada a anamnese é fundamental para o diagnóstico,
informações importantes como afecções dermatológicas anteriores, ainda é importante
averiguar com o proprietário o histórico de todos os remédios ingeridos no último mês,
incluindo os dias das administrações e as doses empregadas. O exame clínico é de suma
importância, e muitas vezes é o responsável pelo diagnóstico, na falta de exames
complementares. (SPINOSA, 2006; ALEIXO, 2009; SOUSA, 2005).
Para diagnosticar a farmacodermia é necessário descartar outras dermatopatias,
como as infecções parasitárias, fúngica, entre outras, para isto o exame histopatológico é
16
imprescindível, no qual pode haver a presença de eosinófilos, edema e inflamação,
sugestivo de reação de hipersensibilidade (ALEIXO, 2009). Mesmo com a histopatologia
indicando reações de hipersensibilidade, ela não identifica o fármaco responsável pela
erupção medicamentosa (SPINOSA, 2006). Para avaliar o quadro clínico geral e descartar
outras possíveis afecções, recomenda-se também a realização de outros exames
complementares, entre eles, o hemograma e as provas de função renal e hepática
(ALEIXO, 2009).
Para o tratamento, é fundamental a interrupção imediata da administração do
fármaco que desencadeou a reação. Para as formas mais severas indica-se terapia de
suporte, através reposição hidroeletrolítica via parenteral, alimentação rica em proteína e
vitaminas, antibioticoterapia, analgesia e a aplicação de soluções antissépticas sobre as
lesões (ALEIXO, 2009). Para Spinosa (2009) o prognóstico para pacientes com erupção
cutânea varia muito de acordo com a gravidade dos sinais, tipo de reação medicamentosa e
a evolução do animal, oscilando entre bom a mau.
A demodicose é uma enfermidade de alta incidência em cães que se caracteriza por
reação cutânea inflamatória quando há a presença de ácaros Demodex canis e um estado de
imunodeficiência no animal. A presença da sarna demodécica nos folículos pilosos e
glândulas sebáceas pode ocasionar sua dilatação, permitindo assim a invasão bacteriana,
levando ao quadro de piodermite (CONTE, 2008). Para tratamento da demodicose
DELAYTE et al, (2006) indica o uso de medicamentos como doramectina ou moxidectina,
e a terapia indicada para piodermite segundo Vieira (2012) é a atibioticoterapia, como o
mais comum e um dos mais eficazes é a cefalexina. Segundo estudo, o grupo de fármacos
que comumente desencadeia reações de hipersensibilidade são os antibióticos
(SILVARES, et al, 2008).
Metodologia
Durante o período do estágio supervisionado foi atendido um canino Yorkshire
terier, macho, de sete meses de idade, apresentando prurido intenso, alopecia, pústulas,
lesões úmidas, e presença de exsudato sanguinopurulento, foi feito um raspado cutâneo em
lamina de microscopia qual observou-se Demodex canis, confirmando o diagnóstico de
sarna demodécica. Foi submetido à terapia com doramectina, cefalexina e xampu de
clorexidine.
17
Após quinze dias o paciente retornou apresentando edema e eritema de face,
aspecto muito ruim na pele, com crostas e odor fétido. A suspeita imediata, baseada na
experiência do veterinário responsável pelo paciente, foi de farmacodermia, reação ao uso
da cefalexina. Então foi suspenso o uso deste antibiótico, e o paciente foi internado para
receber terapia de suporte. Para saber o estado geral do canino, e verificar se havia
acometimento dos demais sistemas, foram solicitados exames laboratorias, hemograma,
FA, ALT e Creatinina.
Resultados e Discussão
Farmacodermia é uma reação adversa a fármacos que se manifesta na pele,
mucosas e anexos, isoladamente, ou ainda, associado a alterações em outros órgãos ou
sistemas (SILVA, 2014). Reafirmando a citação de Silvares, et al, (2008), os antibióticos
compõe o grupo dos fármacos que desencadeiam reações de hipersensibilidade com maior
frequência.
A doença primária apresentada pelo paciente é demodicose canina. Uma patologia
de alta incidência em caninos, provocada pelo ácaro Demodex canis, que faz parte da fauna
normal da pele dos cães, mas que se manifesta e aumenta sua população quando há falha
no mecanismo de defesa de pele. A patogenia decorre da presença de Demodex nos
folículos pilosos e glândulas sebáceas ocasionando sua dilatação, permitindo assim a
invasão bacteriana (CONTE, 2008). As características clínicas variam da forma localizada
(DL) para a generalizada (DG). Na DL as lesões geralmente são brandas e consistem em
eritema, e acometem os recém-nascidos, a DG são lesões disseminadas a partir do foco
inicial, com múltiplas manchas mal circunscritas de eritema, alopecia, pápulas, pústulas e
crostas e presença de exsudato sanguinopurulento (BOWMAN e BARR, 2010), o que
condiz com as condições clínicas do paciente ao primeiro atendimento, sendo confirmada a
DG.
A suspeita clínica deve ser confirmada a partir de raspados cutâneos em lâmina de
microscopia. (DELAYTE et al, 2006) O raspado do paciente teve resultado positivo para
Demodex canis onde foram observados 20/cga.
A DG é uma patologia severa, e necessita terapia tópica com Amitraz, única droga
com eficácia comprovada para o tratamento da sarna demodécica, mesmo com alto risco de
efeitos colaterais. É indicado o uso de ectoparasiticidas do grupo das avermectinas, como
a doramectina e milbemicina ou moxidectina. Como ectoparasiticidas, essas substâncias
18
são aprovadas no Brasil somente para uso em suínos, eqüinos e ruminantes (DELAYTE et
al, 2006; BOWMAN e BARR, 2010). O tratamento para piodermite de acordo com Vieira
(2012) inclui uso de xampus como peróxido de benzoíla ou clorexidine e
antibióticoterapia.
Nessa perspectiva, o tratamento foi instituído com Doramectina, 0,5 mg/kg SC,
uma aplicação a cada sete dias, quatro aplicações, Cefalexina, na dose de 30mg/kg, BID,
durante sete dias, e banho com xampu de clorexidine uma vez ao dia por 15 dias. Mas ao
invés de apresentar melhora nas lesões, o paciente apresentava edema e eritema de face,
aspecto muito ruim na pele, com crostas, odor fétido. Dentre os medicamentos que
desencadeiam erupções cutâneas, e as diferentes apresentações clínicas, os antibióticos
beta-lactâmicos, a cefalexina mais especificamente pode desenvolver, reação no ponto de
aplicação, urticária, erupções liquenóides, eritema polimorfo e necrólise epidérmica tóxica
(SPINOSA, 2006).
Além das lesões de pele, é preciso averiguar se há acometimento dos demais
sistemas orgânicos (ALEIXO, 2009). De acordo com Spinosa (2006) hemograma, provas
de funções renal e hepática, podem ser feitos para afastar outras possíveis etiologias.
Analisando a série vermelha do hemograma (ANEXO A), pode-se afirmar que o paciente
apresentava anemia normocítica e normocrômica. De acordo com Lopes (2007), alguns
pacientes após serem submetidos à fluidoterapia podem apresentar anemia relativa,
ocasionada pela expansão do volume plasmático, o que se acredita ser o caso do paciente,
que havia recebido Solução fisiológica, conforme indica Aleixo (2009) para reposição
hidroeletrolítica.
No hemograma ainda foi possível observar que havia aumento dos neutrófilos não
segmentados (bastonetes). Outra alteração vista na hematologia é baixa do número de
plaquetas, para Hlavac (2012) a trombocitopenia pode ocorrer por quatro fatores distintos,
o primeiro diz respeito à perda de sangue ou coagulação intravascular disseminada, o
segundo a um fator imunomediados, o terceiro a sequestro secundário a endotoxemia,
hipotermia, hepato ou esplenomegalia e o quarto refere-se à diminuição da produção
devido à doença medular. O paciente ainda apresentava aumento no número de proteínas
plasmáticas totais, de acordo com Lopes (2007) esse aumento se explica por doença
inflamatória aguda ou anemia.
A creatinina, usada para mensurar o índice de filtração glomerular, apresentou-se
inalterada, (ANEXO B). A ALT (alanina amino transferase) enzima sérica que serve como
indicativo de lesão hepática, no caso do paciente não apresentou alteração, já a fosfatase
19
alcalina que pode ser usada para avaliar o sistema hepato-biliar estava aumentada, mas
para ser considerado indicativo de doença hepato-bilar deve ser três vezes o valor normal
(LOPES, 2007).
Baseado nos sinais clínicos apresentados, chegou-se ao diagnóstico de
farmacodermia. Segundo Aleixo (2009) diagnóstico é baseado no quadro clínico
apresentado pelo paciente. Pode-se suspeitar de hipersensibilidade dermatológica se as
lesões apareceram após a administração do fármaco. O exame de histopatologia pode ser
feito, ele indicará reação de hipersensibilidade, mas apenas o a suspensão do fármaco com
remissão da lesão seguido da readministração do medicamento de forma proposital,
embora perigosa, concluir o diagnóstico (SOUSA, 2005).
Salientando o que já foi descrito, a principal intervenção terapêutica é a suspensão
do medicamento causador da reação. Para as formas mais severas indica-se terapia de
suporte, através reposição hidroeletrolítica via parenteral, alimentação rica em proteína e
vitaminas, antibioticoterapia, analgesia e a aplicação de soluções antissépticas sobre as
lesões (ALEIXO, 2009). Então se institui uma terapia com Enrofloxacina 10%, 2,5 –
5mg/kg, IM, SID, durante 15 dias, azitromicina 5-10 mg/kg, SID, VO, por cinco dias,
analgesia com tramadol 1 – 4 mg/kg, SC, TID e fluidoterapia com solução fisiológica. Para
dar segmento ao tratamento da demodicose, continuou-se com as aplicações semanais de
doramectina e para terapia de piodermite seguiu-se com os banhos com clorexidine até
completar os 15 dias indicados e com o uso dos antibióticos.
O prognóstico para faramacodermias pode variar muito, podendo ir de bom a mau,
dependendo da gravidade das lesões e do diagnóstico correto (SPINOSA, 2006). Após
cinco dias de internação, recebendo terapia de suporte, o paciente apresentou melhora, e
recebeu alta. Recomendou ao proprietário retornar para que se faça um novo raspado
cutâneo, que segundo Conte (2008) deve ser refeito 30 dias após o primeiro, para que se
tenha controle da infecção da sarna demodécica, sendo que é indicado apenas após dois
raspados negativos o paciente recebe alta terapêutica.
Conclusão
Reações adversas a medicamentos são cada vez mais frequentes na medicina
veterinária, em função do crescimento da indústria farmacêutica. Farmacodermias atingem
principalmente cães Terriers, com apresentação clínica variada, o que dificulta o
20
diagnóstico preciso, fazendo com que muitas vezes passem desapercebidos, confundidos
com outras dermatopatias.
Referências
ALEIXO, G. A. S. et al. Farmacodermia em cães. Medicina Veterinária, Recife, v. 3, n.
3,
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21
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cutâneas desencadeadas por drogas. Anais Brasileiros de Dermatologia; 83, 2008.
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(Programa de Graduação em Medicina Veterinária), Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, Porto Alegre, 2012.
22
2.2 Complexo granuloma eosinofílico felino – relato de caso
Resumo
O complexo granuloma eosinofílico (CGE) consiste num grupo de lesões de
ocorrência comum em gatos domésticos, e pode ser desencadeada e/ou acompanhada por
diversas afecções, as principais causas são alérgicas, bacterianas, parasitárias, genéticas,
víricas ou autoimunes. Caracteriza-se por lesões na pele ou cavidade bucal, que podem ser
severas e causar graus variáveis de prurido e/ou dor, e tem três classificações clínicas:
úlcera indolente, placa eosinofílica e granuloma eosinofílico. O diagnóstico é feito com
base no histórico, exame clínico, citologia e histopatologia, porém outros métodos devem
ser usados para diagnosticar a causa primária. O tratamento consiste basicamente em
glicocorticóides sistêmicos e remover a causa primária. O objetivo do presente estudo é
relatar o caso clínico de um felino, SRD, macho, 16 anos atendido no HV- UNIJUÍ durante
o Estágio Curricular Supervisionado.
Palavras-chave: dermatopatia felina, placa eosinofílica, gato.
Introdução
O complexo granuloma eosinofílico felino que acomete a cavidade bucal e a pele
dos felinos. Também chamada de dermatose eosinofílica. Apesar dos recentes progressos
na dermatologia felina, o CGE segue sendo uma síndrome mal conhecida e, portanto,
origem de muitas falhas e erros terapêuticos (BIRCHARD; SHERDING, 2008; LERNER,
2013).
É uma dermatopatia comum, de incidência sazonal, das épocas em que há maior
proliferação dos insetos picadores, como a pulga. É uma patologia restrita a gatos, sem
predileção por raça nem sexo, mas é mais relatado em fêmeas (TILLEY; SMITH, 2008).
As causas primárias ou fatores pré- disponentes do CGE são alérgicas, parasitárias,
bacterianas, víricas, genéticas ou autoimunes. As alergias a insetos picadores (pulgas,
pernilongos, moscas), a alimentos, à alérgenos ambientais, estão associadas ao complexo,
em especial a hipersensibilidade a picada de pulga, tem sido descrita como a causa mais
23
comum. Os parasitas, como pulgas, Demodex, Notoedres, Otodectes, piolhos, ácaros,
desencadeiam a CGE em função da reação de hipersensibilidade. Quanto à origem
bacteriana há controvérsias, apesar de infecção bacteriana secundária ser incomum em
gatos, elas ocorrem. Então não há clareza, se as bactérias isoladas das lesões são agentes
etiológicos do CGE ou decorrentes da infecção secundária. Doenças víricas, fatores
hereditários, distúrbios imunomediados, neoplasias podem estar relacionadas ao
surgimento do complexo. Ainda há formas idiopáticas, que provavelmente se devem ao
fato da incapacidade de identificar um das causas citadas anteriormente (SANDOVAL et
al, 2005; BIRCHARD; SHERDING, 2008; LERNER, 2013).
A base da patogenia do CGE está na reatividade da pele dos felinos em relação à
ação dos mastócitos e eosinófilos (LERNER, 2013). Os eosinófilos desenvolvem
importante função na reação inflamatória, além de sua presença como indicativo de
parasitoses e alergias. De outra parte, existe nos gatos uma doença hipereosinofílica que
pode se originar de uma disfunção medular neoplásica ou de uma incapacidade na
regulação de uma reação parasitária ou alérgica (SANDOVAL et al, 2005).
As lesões clínicas apresentam-se de formas variáveis, em diferentes localizações
anatômicas, podendo apresentar aspectos, dor e pruridos variados (LERNER, 2013) e são
classificadas em três tipos: úlcera indolente (UI), placa eosinofílica (PE) e granuloma
eosinofílico (GE). A úlcera indolente, também conhecida por úlcera eosinofílica ou
dermatite ulcerativa do lábio superior felina pode ser uni ou bilateral, por ser restrita ao
lábio superior (SANDOVAL et al, 2005). São lesões ulceradas, úmidas, alopécicas, bem
circunscritas, em geral não cursam com prurido, tão pouco com dor (BIRCHARD;
SHERDING, 2008). As erosões que evoluem para forma mais severas, podem ter
tamanhos variáveis, com crostas nas superfícies e bordas bem elevadas, podendo levar a
perda de tecidos mais profundos e edema labial. As lesões histopatológicas na UI são
pouco específicas, apresentando- se como uma dermatite hiperplásica ulcerativa,
perivascular. Costuma cursar com linfadenopatia regional, e geralmente não ocorre
eosinofilia sérica. Podem ser concomitantes com a PE, com GE
e dermatite miliar
(LERNER, 2013).
Outra forma de apresentação é a placa eosinofílica, uma lesão exsudativa, elevada e
muito pruriginosa (BIRCHARD; SHERDING, 2008). De acordo com Lerner (2013) são
áreas alopécicas, em relevo, eritematosas, erosivas e ulceradas, com um aspecto que varia
desde uma pequena erosão mal definida a uma grande placa circunscrita. Devido às
características pruriginosas, as lesões e pelos adjacentes permanecem úmidos devido a
24
lambidas constantes. Podem ser encontradas em qualquer localização do corpo, porem
ocorrem mais comumente na região ventral do abdômen, perineal, face medial dos
membros pélvicos e espaço interdigital. Os felinos com PE podem ter UI, GE ou ambos
(LERNER, 2013; SANDOVAL et al, 2005). As lesões histopatológicas caracterizam-se
por dermatite eosinofílica perivascular hiperplásica superficial ou profunda, podendo ser
constatados micro-absessos eosinofílicos (SANDOVAL et al, 2005).
A terceira maneira que pode apresentar-se é o granuloma eosinofílico que decorre
mais comumente em gatos jovens. Caracteriza-se por lesões bem demarcadas, elevadas,
alopécicas, de eritematosas a delinear amarelada, papular ou nodular (BIRCHARD;
SHERDING, 2008). Os locais mais acometidos são face e cavidade bucal (especialmente
lábios e palato duro), face caudal dos membros pélvicos, face medial dos membros
torácicos e coxins podais (LERNER, 2013). De acordo com Sandoval et al, (2005)
microscopicamente, o GE caracteriza-se por um granuloma nodular, difuso constituído de
eosinófilos, histiócitos e células gigantes multinucleadas com focos de degeneração de
colágeno. Geralmente está associado à eosinofilia sérica e a linfadenopatia regional.
Para o diagnóstico pode-se basear em diferentes métodos, os principais são
anamnese, exame cínico, citologia e histopatologia, os demais exames são utilizados para o
descarte dos diagnósticos diferenciais e identificação da causa primária.
Segundo o Birchard e Sherding, (2008) a anamnese tem papel importante,
principalmente para definir as possíveis causas, como a identificação de alergias sazonais,
como hipersensibilidade à pulga e outros insetos e dermatite atópica. O exame físico é
fundamental para minimizar a lista de diagnósticos diferenciais. O raspado de pele é
realizado para descartar demodicoses. As preparações com fita adesiva e o ato de escovar
os pelos à procura de pulgas e outros ectoparasitas, que podem ser causa primária ou
diagnóstico diferencial. O uso da lâmpada de Wood e cultura fúngica visam descartar
dermatofitose felina (LERNER, 2013). Birchard e Sherding (2008) indicam testes
alérgicos, uma dieta com restrição alimentar, para descartar alergia alimentar, e o teste
alérgico intradérmico, para detectar hipersensibilidade a pulga e a alérgenos ambientais.
Para Sandoval et al, (2005) a biopsia e o exame citológico representam ferramenta
importante para auxiliar no diagnóstico, ao mostrarem predominância de eosinófilos nas
lesões, embora neutrófilos e microorganismos possam também ser observados em casos de
infecção secundária. Os achados histopatológicos achados nas biopsias cutâneas, conforme
descritos em cada uma das três formas de apresentação, são os responsáveis pelo
diagnóstico definitivo do CGE e pela classificação em UI, PE ou GE, além de ser uma
25
ferramenta importante para descartar diagnósticos diferenciais de doenças virais e
neoplasias. A cultura e antibiograma podem ser solicitados, no caso de crescimento
bacteriano, não é possível afirmar se é causa ou consequência, mas é importante na hora de
escolher o antibiótico a ser usado (BIRCHARD; SHERDING, 2008).
De acordo com Tilley e Smith (2008) os exames laboratoriais como hemograma,
bioquímica sérica e exames de imagem não tem relevância. Para Birchard e Sherding,
(2008) o hemograma completo pode revelar eosinofilia, que está relacionada com afecções
parasitárias e alérgicas. Teste da leucemia felina e vírus da imunodeficiência felina são
recomendados em casos recorrentes.
A investigação da causa do problema, em função da busca do tratamento
apropriado é essencial, para que não ocorram recidivas. Para todas as formas do CGE a
administração de glicocorticoides sistêmicos tem sido o tratamento de eleição. Os felinos
possuem menor número de receptores para glicocorticoides do que os cães, apresentando
menores efeitos colaterais, o que facilita o uso por tempo prolongado (SANDOVAL et al,
2005).
As lesões do CGE geralmente são erosivas e ulceradas, podendo haver infecções
bacteriana. Para Birchard e Sherding, (2008) as bactérias mais comumente isoladas nas
lesões são Staphylococcus, Streptococcus e Pasteurella, o mesmo indica sempre fazer
cultura e antibiograma para que não haja uso indiscriminado de antimicrobianos. Lerner
(2013) indica a utilização de amoxicilina com clavulanato 13,5 a 22mg/kg, BID. Já Tilley e
Smith (2008) sugere o uso de clindamicina 5,5mg/kg, BID, VO ou cefalexina, 22mg/kg,
BID, VO.
Metodologia
Foi atendido durante o estágio no Hospital Veterinário da UNIJUÍ, um felino,
macho, SRD, de 16 anos de idade pesando 5,5kg. Na anamnese o proprietário relatou
feridas de pele, prurido de moderado a intenso e lambedura nas áreas lesionadas, há mais
de quatro anos. Que já havia tentado outros tratamentos, como Itraconazol, Ivermectina,
Cefalexina, Cefovecina Sódica, mas que nenhum apresentou resultado adequado, e que a
Prednisona utilizada por 15 dias diminuiu a intensidade do prurido, mas não havia reduzido
às lesões.
O paciente estava desverminado, com vacinas polivalentes em dia e não
apresentava nenhum tipo de ectoparasita.
26
Ao exame físico, os parâmetros fisiológicos como frequência respiratória e
cardíaca, temperatura retal, tempo de perfusão capilar, hidratação encontravam-se de
acordo com a espécie. Para chegar a diagnóstico conclusivo foram solicitados exames de
citologia, exame micológico direto, cultura fúngica e exame histopatológico. Também
como medida preventiva, em função de ser um animal idoso, e para auxiliar no diagnóstico
foi solicitado hemograma completo e bioquímica sérica (creatinina, ALT e FA).
Resultados e Discussão
O paciente apresentava úlceras eritematosas, delimitadas, umidificadas, alopécicas
e com crostas, com prurido moderado a intenso, localizadas do abdômen, região lombar,
lesões pequenas nas regiões do calcâneo bilateral, e outras pequenas multifocais pelo
corpo. Já teve uma lesão, semelhante às atuais na região do mento. Segundo Prado (2014)
dentre as dermatopatias que acometem os felinos, são incomuns os casos de granuloma
eosinofílico que acometem somente a pele, a maioria dos casos é de úlceras indolentes em
cavidade oral.
Entre as possíveis causas da patologia, a hipersensibilidade a pulgas (DASP) é umas das
mais comuns segundo Birchard e Sherding, (2008), o paciente já havia sido diagnosticado
em outro atendimento por outro veterinário como alérgico a saliva da pulga, então se
acredita ser esta a causa do CGE, mas antes de se chegar a esta conclusão foram analisados
os exames laboratoriais.
Apesar das lesões serem características, a suspeita clínica de CGE precisa ser
confirmada, para isso são necessários exames complementares para que se chegue ao
diagnóstico definitivo, principalmente a histopatologia, os quais irão diferenciar de outros
diagnósticos como infecções fúngica, neoplasias, como carcinoma de células escamosas e
mastocitoma, lesões traumáticas, infecções por Mycobacterium spp., abscessos, doenças
virais de pele, dermatite miliar, entre outras. (LERNER, 2013)
Após exame físico foram realizados exames hematológicos, contagem de plaquetas,
bioquímico de ALT, FA e creatinina, exame micológico direto, citologia e histopatologia.
No anexo C consta o resultado do hemograma, que pode ser comparado com a literatura, a
qual descreve que os pacientes podem apresentar eosinofilia, indicativo de infecção
parasitária ou alérgica, e linfadenopatia (BIRCHARD; SHERDING 2008). O hemograma
teve como resultados linfocitose e eosinofilia conforme Anexo C. Segundo Lopes (2007)
27
linfocitose pode ser indicativo de infecção crônica, hipersensibilidade, doença autoimune,
pós vacinação, entre outras, neste caso é explicada pela linfadenopatia que acompanha a
dermatopatia, ou ainda pode ser fisiológica, causada pelo medo ou estresse, normal aos
felinos quando submetidos ao exame físico, manipulação e coleta de material para exames
. A eosinofilia é esperada nos casos de CGE, pois de acordo com Lopes (2007) as causas
são perda tecidual crônica, reação alérgica, parasitismo, hipersensibilidade cutânea entre
outras. A creatinina, ALT e FA não apresentaram nenhuma alteração (Anexo D), o que é
afirmado por Tilley e Smith (2008), quando descreve que os animais que são com CGE
não têm acometimentos sistêmicos significantes.
O exame micológico direto e cultura fúngica também foram solicitados, tendo
como laudo microbiológico resultados negativo para dermatófito (Anexo E). O exame
citológico demonstra presença de eosinófilos, sendo estes, a maioria desgranulados (Anexo
F). Presença de material basofílico ao fundo da lâmina, raros neutrófilos e linfócitos,
sugestivo de placa eosinofílica, que como descreve Lerner (2013) pode mostrar altos níveis
de eosinófilos.
A histopatologia cutânea é o exame mais importante, responsável pelo diagnóstico
definitivo, que confirme o CGE e o tipo de lesão (SANDOVAL et al, 2005). Conforme o
Anexo G descreve, há fragmentos de pele com úlcera focalmente extensa recoberta de
crostas e subjacente a esta há grande quantidade de infiltrado inflamatório difuso
dissecando os feixes de colágeno da derme. Para Birchard e Sherding, (2008) a placa
eosinofílica é caracterizada por edema intercelular marcante e eosinofilia tecidual,
formação de crostas superficiais contendo células inflamatórias com áreas focais de erosão,
ulceração ou necrose.
São descritos diversos tratamentos para o CGE, mas de acordo com Birchard e
Sherding, (2008), o melhor controle a longo prazo é obtido quando se estabelece um
diagnóstico definitivo da causa primária e uma terapia específica para aquela doença. Mas,
além disto, é necessário tratar as lesões ulceradas, para isso os glicocorticoides sistêmicos
são a opção que apresenta melhores resultados. O paciente recebeu azitromicina na dose 510 mg/kg, SID, VO, por sete dias até cicatrização da ferida cirúrgica feita na pele para
coleta de material para biopsia, a fins de prevenir infecções bacterianas cutâneas, bem
como descreve Spinosa et al, (2006). Para Birchard e Sherding, (2008) infecções
bacterianas secundarias acontecem com muita frequência, para isso faz-se necessária uma
terapia antimicrobiana. Não se iniciou o tratamento para o CGE com corticoide antes da
28
cicatrização da ferida cirúrgica, de acordo com Spinosa et al, (2006) os glicocorticoides
inibem a síntese de material conjuntivo, retardando cicatrização.
De acordo com Lerner (2013) a prednisolona oral na dose de 1,0 a 2,0 mg/kg a cada
24 horas apresenta resultados satisfatórios. O acetato de metilprednisolona pode ser usado
em casos que o proprietário tem dificuldade em fazer ingerir medicamento VO.
É
recomendada na dose de 5,0mg/kg, e em casos severos podem ser feitas duas a três
aplicações com intervalos de duas semanas. O acetato de hidrocortisona, de uso tópico, na
apresentação de spray pode ser aplicado por até 14 dias, sem o risco de efeitos sistêmicos,
e é um complemento à terapia.
Iniciou-se a terapia com glicocorticoides usando prednisona na dose de 10mg, SID,
VO, por sete dias. Depois na dose de 5 mg, SID por sete dias. Continuou-se com a redução
gradativa da dose. Por mais sete dias ele recebeu prednisona na dose de 2,5 mg, e por fim
administrou-se durante sete dias 2,5mg de prednisona a cada 48h. De acordo com Spinosa,
(2006), a redução gradativa da dose é essencial, uma vez que interrupção abrupta da
medicação pode levar situação de hipoadrenocorticismo.
Foi indicado que o proprietário continuasse aplicando antipulgas preventivamente a
cada trinta dias para controle da causa primária da dermatopatia no paciente, de acordo
com Birchard e Sherding, (2008) é o fundamental para o sucesso da terapia. Já nas duas
primeiras semanas do tratamento com prednisona o paciente retornou, e apresentava
melhora significativa, todas as lesões haviam regredido de tamanho e as menores já haviam
desaparecido. Segundo Tilley e Smith (2008) o prognóstico é favorável se a causa primária
for definida e controlada.
Conclusão
O complexo granuloma eosinofílico felino é uma dermatopatia comum. O que é
incomum é não apresentar lesões no mento ou cavidade bucal, que era o caso do paciente
relatado neste estudo, mas que segundo a proprietária havia apresentado anteriormente ao
atendimento, já que as lesões persistiam desde 2010. O tratamento desta afecção é simples,
a principal causa de insucesso nos tratamentos se deve ao fato de não remover a causa, que
na maioria das vezes é indefinida. Diante desse caso, é possível ressaltar a importância dos
exames complementares, especialmente a histopatologia e a citologia, responsáveis por um
diagnóstico definitivo.
29
Referências
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Animais, 2. ed. São Paulo: Roca, cap.53, p.541-546, 2008.
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Departamento de Clínica de Pequenos Animais, 3. ed. 2007.
PRADO, M. G. C. et al. Aspectos clínicos e patológicos do granuloma eosinofílico felino:
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TILLEY, L. P.; SMITH, F. W. K. J. Consulta veterinária em cinco minutos: espécies
canina e felina. 3. ed. São Paulo: Manole, p.258, 259, 2008.
30
3 CONCLUSÃO
O estágio curricular supervisionado é um dos componentes mais importantes do
currículo acadêmico da graduação em Medicina Veterinária, se não o mais importante. É
um momento único, que permite vivenciar a rotina da futura profissão, é o primeiro passo
para habituação da vida que deixa de ser acadêmica e passa a ser profissional, onde se
deixa de ser estudante para ser Médico Veterinário.
Este momento ímpar, onde todas as disciplinas estudadas ao longo dos anos de
faculdade se relacionam e se completam, é quando se percebe que cada detalhe estudado é
fundamental para que sejam tomadas decisões corretas e seguir a conduta clínica mais
adequada para cada caso.
O período que se passou no HV da UNIJUÍ foi extremamente proveitoso, sendo que
vários fatores contribuíram para isso. Um deles é o fluxo de animais atendidos, que
possibilitou acompanhar diferentes casos e procedimentos, enriquecendo o conhecimento.
Outro fator é a moderna e completa estrutura que o hospital oferece, permitindo conhecer o
que há de novidades em tratamentos e formas de diagnósticos, incluindo os exames
complementares, que normalmente, pelo menos um por paciente é solicitado, isso é
essencial na Medicina Veterinária para estabelecer decisões éticas em relação aos
pacientes.
E ainda, o fato de o corpo clínico ser formado por três médicos veterinários,
profissionais capacitados e experientes, além dos professores que atuam na rotina
hospitalar. Assim, é possível acompanhar e aprender com profissionais de opiniões e
métodos de trabalho diferentes. Cada um com condutas clínicas e terapêuticas diversas,
possíveis e adequadas para cada paciente atendido, que são discutidas e estudadas em
conjunto, isso é muito proveitoso, já que permite visualizar as formas particulares que cada
situação do dia a dia pode ser encarada.
Assim sendo, ao findar desse período, que além de aprimorar muito o conhecimento
específico, possibilitou o convívio com pessoas diferentes, profissionais com pontos de
vistas particulares, mas acima de tudo, possibilitou o aprendizado do trabalho em conjunto,
de respeitar as pessoas, dividir as tarefas, compartilhar conhecimentos.
31
ANEXOS
32
Anexo A - Hemograma do paciente com suspeita de farmacodermia
33
Anexo B - Exame de Bioquímica Sérica do paciente com suspeita de farmacodermia
34
Anexo C - Hemograma do paciente com suspeita de Complexo Granuloma Eosinofílico
Felino
35
Anexo D - Exame de Bioquímica Sérica paciente com suspeita de Complexo Granuloma
Eosinofílico Felino
36
Anexo E – Resultado do Exame Microbiológico do paciente com suspeita Complexo
Granuloma Eosinofílico Felino
37
Anexo F – Resultado do Exame Citológico do paciente com suspeita Complexo
Granuloma Eosinofílico Felino
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Anexo G - Resultado Histopatológico do paciente com suspeita Complexo Granuloma
Eosinofílico Felino
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