1 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA/ FCAV BIOFÍSICA (AULA PRÁTICA) BIOELETROGÊNESE/ATIVIDADE ELÉTRICA NA TUVIRA (Protocolo CEUA nº 3176/17) Introdução Diversos animais podem orientar-se com precisão em relação a campos elétricos e magnéticos. O peixe Gymnotus carapo, da superfamília Gymnotoidei da América do Sul gera campos elétricos fracos com órgãos elétricos localizados na cauda. Os peixes são capazes de captar distorções no seu campo elétrico, de modo que não só conseguem perceber objetos a sua volta, como também distinguir objetos que produzam campos elétricos, semelhantes aos seus. Demonstrou-se que em algumas espécies a variação da freqüência de descargas do órgão elétrico é usada para ameaçar e manter dominância em um cardume. Este peixe tem uma visão muito fraca e é encontrado em águas turvas, sendo que a navegação elétrica capacita-os a enfrentar este problema. A descarga elétrica é produzida pelos eletrócitos (eletroplacas), que são células musculares modificadas ou, em certos gêneros, neurônios especializados. Estes geram potenciais, seguindo o mesmo princípio de um músculo simples ou uma célula nervosa. Os órgãos elétricos derivados de células musculares podem produzir descargas mais poderosas que os derivados de neurônios. No poraquê, o órgão miogênico pode descarregar rapidamente (1ms) corrente de 500 volts. A vantagem dos órgãos neuroderivados é que eles descarregam com mais frequência, devido a capacidade dos neurônios de descarregar em taxas mais altas que as células musculares. Certas espécies descarregam o órgão elétrico mais de 1800 vezes por segundo, dia e noite, durante toda a vida. Em células musculares normais, a contração é iniciada por um rápido evento elétrico que se propaga pela célula. Numa célula única, este evento pode atingir de 80 a 100 milivolts. Este potencial de ação do músculo é gerado como resultado de uma estimulação sináptica proveniente de um neurônio que traz informações do sistema nervoso central. A maioria dos eletrócitos, assim como as células musculares das quais são derivados, produz um potencial de ação tudo ou nada, quando excitados pela informação trazida pelo neurônio inervador. Com os eletrócitos dispostos em série como pilhas em uma lanterna, e estimulados simultaneamente, as voltagens das descargas das células individuais se somam. Alguns peixes quando ativos, alimentando-se, perturbados ou de outro modo excitados, podem aumentar a taxa de descarga em várias centenas por cento. Com este aumento associado ao estímulo o peixe interroga seu ambiente para detectar objetos e, assim, obter informações necessárias à sobrevivência. 2 O órgão elétrico descarrega em resposta a um sinal de comando do sistema nervoso central, a partir de um núcleo de células, e é transmitido para a medula espinal por outros neurônios., que se ramificam para os eletrócitos do órgão elétrico. Estes descarregam uma vez para cada sinal de comando. Uma descarga máxima será produzida quando todos os eletrócitos descarregarem simultaneamente. Isso significa que o sinal de comando deve chegar a vários eletrócitos simultaneamente. O mediador destes impulsos é a acetilcolina. A cada descarga elétrica, a ponta da cauda (onde se localiza o órgão elétrico) se torna momentaneamente negativa em relação a cabeça, de modo que o animal é rodeado por um campo elétrico, cuja configuração vai depender da condutividade da água e da presença de objetos de condutividade elétrica variável. Objetivo O objetivo desta aula é registrar a manifestação elétrica gerada pelo peixe tuvira e suas modificações causadas por fatores físicos e químicos. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 1) A tuvira deve ser colocada em uma câmara acrílica com água, contendo dois eletrodos na parte externa. 2) Os eletrodos devem ser conectados a um alto falante, para registro sonoro da descarga do órgão elétrico do animal. 3) Observe o som produzido com o peixe sem distúrbio. 4) Movimente a tuvira, de modo que ela se sinta incomodada e anote as alterações no som produzido. 5) Coloque o peixe em água gelada e anote os resultados. 6) Observe a recuperação do animal com a volta da água à temperatura anterior.