ARTICULAÇÕES ENTRE PRAXIOLOGIA MOTRIZ E TEACHING GAMES FOR UNDERSTANDING PARA ENSINO DO VOLEIBOL(1) Felipe Menezes Fagundes(2), Bruno Minuzzi Lanes(3), Raquel Valente de Oliveira(4), Silvester Franchi(5), João Francisco Magno Ribas(6) (1) Trabalho apoiado pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica. Acadêmico do Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal de Santa Maria. Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica. Santa Maria, Rio Grande do Sul. [email protected] (3) Acadêmico do Programa de Pós-graduação em Educação Física da Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, Rio Grande do Sul. [email protected] (4) Acadêmica do Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, Rio Grande do Sul. [email protected] (5) Acadêmico do Programa de Pós-graduação em Educação Física da Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, Rio Grande do Sul. [email protected] (6) Orientador. Universidade Federal de Santa Maria. [email protected] (2) Palavras-Chave: Praxiologia Motriz; Esporte; Voleibol; Metodologia de Ensino. INTRODUÇÃO No que diz respeito a prática esportiva, o Voleibol é uma das modalidades mais evidenciadas no mundo, conforme afirma DaCosta (2006), salientando que 15,3 milhões de pessoas praticam Voleibol ocasionalmente no Brasil, nos mais diferentes âmbitos, contextos e finalidades a ele elencadas. Contudo, o Voleibol sempre apresentou uma característica que lhe é peculiar, a dinamicidade, derivada de dois aspectos a ele inerentes, a impossibilidade de executar sucessivos toques na bola e o uso exclusivo do ato de rebater, o que já determina a necessidade de interagir com companheiros e adversário no decorrer do jogo (RIBAS, 2014). No que tange essa ótica de entendimento acerca das possibilidades de interações motrizes que cada jogador apresenta, foi que Pierre Parlebas criou a Praxiologia Motriz vislumbrando estudar as ações motrizes derivadas das atividades esportivas e lúdicas, a qual é definida como “a ciência da ação motriz e especialmente das condições, modos de funcionamento e os resultados do seu desenvolvimento” (PARLEBAS, 2001, p. 354). Segundo Lagardera e Lavega (2003), a Praxiologia Motriz entende as interações que um jogador exerce podem ser estabelecidas entre os demais jogadores, com o espaço de jogo, o material/elemento ou com o próprio tempo do jogo. No entanto, mesmo com os últimos avanços no campo das metodologias de ensino, ainda se percebe que são mais utilizados os processos de ensino/aprendizagem que preconizam o ensino tecnicista, não considerando essas interações motrizes e suas influências nos aspectos táticos (ARAÚJO; RIBAS; SILVA, 2011). Com isso, faz-se necessário que professores e treinadores tenham uma metodologia de ensino que apresente possibilidades de abordar esse tipo de ideologia que considera o jogo em sua totalidade, considerando seus aspectos táticos e as sucessivas tomadas de decisão que o mesmo condiciona. Dessa forma, o método Teaching Games for Understanding (TGFU), criado por Bunker e Thorpe (1986), apresenta veementes potencialidades pedagógicas ao valorizar e salientar a compreensão do jogo nas etapas do seu processo de ensino/aprendizagem, os quais são o jogo formal, a apreciação do jogo, consciência tática, tomadas de decisão apropriadas (o que e como fazer?), a execução motora e o desempenho, em um processo cíclico. Para Teoldo et al (2010), o TGFU pauta-se numa perspectiva construtivista, que entende o aluno como construtor de suas próprias aprendizagens, a partir dos processos cognitivos de percepção, tomada de decisão e compreensão do jogo. Para realizar essa tarefa, o TGFU preconiza o ensino que parte do todo em direção ao específico, entendendo o jogo em sua globalidade, modificando suas estruturas para possibilitar situações que valorizem os aspectos objetivados, a partir de atividades reduzidas, com regras semelhantes ao jogo formal, mas que induzem comportamentos no sentido do que se busca desenvolver com os alunos em cada atividade. Dessa forma, essa pesquisa intenta em discutir as interlocuções entre a Praxiologia Motriz e o TGFU para o ensino do Voleibol, considerando as interações motrizes estabelecidas pelos jogadores e os elementos delas oriundos no processo de ensino/aprendizagem do TGFU. METODOLOGIA A pesquisa, de cunho qualitativo e explicativo, vem desenvolvendo-se a partir de análises, comparações e discussões referentes à bibliografia encontrada e escolhida, caracterizando-se dessa forma como uma pesquisa bibliográfica. Gil (2008) afirma que as pesquisas explicativas “têm como preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência de fenômenos”. Nesse aspecto, são consideradas relevantes as obras que se restringem a discutir o Voleibol e as metodologias de ensino, para que se consiga estabelecer paralelos com os conhecimentos abordados pela Praxiologia Motriz Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa e pelo Teaching Games for Understanding. Com isso, vem realizando-se essas articulações a partir dos Universais, ferramenta de análise da Praxiologia Motriz que apresenta sete modelos operativos que auxiliam no desvelar da lógica interna dos jogos, os quais são a rede de comunicação motriz, a rede de interação de marca, sistema de pontuação, sistema de troca de papeis, sistema de troca de subpapeis, o código gestêmico e o código praxêmico. RESULTADOS PARCIAIS E DISCUSSÃO Até o presente momento, ao considerar que a pesquisa iniciou no segundo semestre de 2016, conseguiu-se estabelecer relações diretas entre três modelos dos Universais, a rede de comunicação, o sistema de pontuação e a rede de interação de marca, a partir da organização metodológica do TGFU. Nesse sentido, a rede de comunicação, ao salientar as interações de cooperação e oposição dos sujeitos nas práticas motrizes, possibilita que o professor/profissional, ao pensar e construir jogos reduzidos nas aulas, consiga manter as interações motrizes básicas que se estabelecem no jogo formal, o que possibilita maior objetividade e acarreta considerações que serão cabais no decorrer do processo de ensino para compreensão do jogo. Conhecer o sistema de pontuação do jogo formal para construir atividades didáticas reduzidas que se assemelham à dinâmica do jogo convencional é estritamente necessário. Alterar a forma como se contabiliza a pontuação nos jogos, seja mantendo a bola no ar por mais tempo ou conseguindo realizar um número específico de toques sem deixar a bola cair, apresentam objetivos que convergem para o que é demandado do jogador na dinâmica do Voleibol. Contudo, é preciso que se tenha em mente o que acontece no jogo e, a partir disso, criar situações que salientem a mesma lógica interna do Voleibol. O mesmo se dá quanto a rede de interação de marca, que evidencia qual tipo de interação deve ser estabelecida para vencer o jogo. Ao considerar-se o Voleibol, só é possível pontuar a partir da oposição, nesse sentido, atividades didáticas em forma de jogos os quais se possibilite a pontuação pela interação de oposição precisam estar no eixo central dos exercícios propostos. Entretanto, é preciso grifar que em muitos casos será necessário possibilitar jogos reduzidos que contemplem a cooperação como meio de pontuar, na iniciativa de desenvolver o trabalho em equipe e enfatizar a importância do companheiro no jogo. Dessa forma, caberá ao professor/profissional que está à frente do trabalho em optar pelas melhores estratégias de ensino ao considerar as demandas do grupo em questão, pautando-se no arcabouço teórico da Praxiologia Motriz e na proposta de ensino para compreensão enfatizada pelo TGFU. CONCLUSÕES Com esse panorama, propõe-se articular os elementos inerentes do levantamento evidenciados pelos Universais ao processo de ensino/aprendizagem proposto pelo TGfU a partir lógica interna do Voleibol. Assim, possibilita-se que o aluno, além de aprender a realizar o levantamento, perceba qual a relevância desse momento no jogo, bem como suas articulações na lógica interna, condicionando um aprendizado a partir da compreensão da dinâmica do jogo. Dessa forma, significa-se o processo de ensino/aprendizagem ao considerar o desenvolvimento da técnica dos fundamentos a partir de sua demanda tática, ao caracterizar e contextualizar as tomadas de decisão no jogo. Além disso, uma proposta que mantém o aluno em constante movimento e que reflete diretamente as estruturas que se manifestam no jogo convencional apresenta fatores motivacionais importantes para prática do que está sendo proposto e ainda enfatiza o ensino da ação motriz a partir de sua aplicação direta com o que acontece no jogo, o que os torna indissociáveis. Ao relacionar os conceitos da Praxiologia Motriz com o TGfU, transpõe-se a simples reprodução de movimento, ao possibilitar a compreensão do funcionamento do jogo, potencializando uma compreensão ampliada do Voleibol e de sua dinâmica de funcionamento. REFERÊNCIAS ARAÚJO, P. A; RIBAS, J. F. M.; SILVA, S. D. O Levantamento no Voleibol. XVII CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO ESPORTE E IV CONGRESSO INTERNACIONAL DE CIÊNCIA DO ESPORTE, Porto Alegre, RS, 2011. Anais eletrônicos, disponível em: <http://congressos.cbce.org.br/index.php/conbrace2011/2011/paper/view/3533/1802> Acesso em: 15 mar. 2015. BUNKER, B., & THORPE, R. The curriculum model. In R. Thorpe, Bunker, D., & Almond, L (Ed.), Rethinking games teaching (pp. 7-10). Loughborough: University of Technology, Loughborough, 1986. DACOSTA, L. (Org.) Atlas do Esporte no Brasil. Rio De Janeiro: Confef; 2006. GIL , A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo, Editora Atlas S.A., 2008, 6ª edição, p. 27. LAGARDERA, O. F.; LAVEGA, B. P. Introducíon a la Praxiología Motriz. Barcelona: Editorial Paidotribo, 2003. PARLEBAS, P. Juegos, deportes y sociedades. Léxico de praxiología motriz. Barcelona, Paidotribo, 2001. RIBAS, J.F. M; (Org.) Praxiologia Motriz e Voleibol – Elementos para o Trabalho Pedagógico. Ijuí, Editora UNIJUÍ, 2014. TEOLDO, I.; GRECO, P.J. MESQUITA, I.; GRAÇA, A.; GARGANTA, J. O Teaching Games for Understanding (TGfU) como modelo de ensino dos jogos desportivos coletivos. Revista Palestra, v. 10, p. 69-77, 2010. Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa