O processo de socialização Disciplina: Sociologia Professor: Tiago Lacerda 1º ANO DO ENSINO MÉDIO A sociedade dos Indivíduos • O que vem primeiro, o indivíduo ou a sociedade? • Os indivíduos moldam a sociedade ou esta molda aqueles? http://veja.abril.com.br/170609/p_104.shtml • Sociedade e indivíduos fazem parte da mesma trama, tecida pelas relações sociais. Não há separação entre elas. • Somos seres gregários. Mas será que isso significa que não temos autonomia? • Até que ponto agimos por nós mesmos ou pelas influências sociais? • A sociedade nos obriga a ser o que não queremos? E nós, podemos mudá-la? O Indivíduo, sua história. • Ao analisarmos a sociedade percebemos que somente na modernidade que a noção de indivíduo ganhou relevância. • Entre os povos antigos não se percebia a importância depositada na pessoa (única), mas sim no grupo em que estava inserido: família, Estado, clã...) Reforma Protestante • Este movimento definia o homem como um ser criado à imagem e semelhança de Deus, com quem podia se relacionar sem intermediário, no caso, os clérigos cristãos. • Qual a consequência disso? • O ser humano, individualmente, passava a ter “poder”. Capitalismo • No século XVIII, com o desenvolvimento do capitalismo e do pensamento liberal, a ideia de indivíduo e individualismo firmou-se definitivamente, pois colocava a felicidade humana no centro das atenções. • Não se tratava da felicidade (integral), mas de sua expressão material. No séc. XIX essa visão já estava consolidada na sociedade capitalista. Indivíduos e sociedade • Os indivíduos e a sociedade são uma só engrenagem? • Nós podemos em nossa sociedade manifestar nossos gostos/escolhas? Nossas escolhas • Nascemos e a nossa sociedade já estava pronta com valores, normas, costumes e práticas sociais. • É preciso falar a mesma “língua”, será que isso acontece? Nós decidimos? • Quando decidimos fazer alguma coisa, tomar alguma decisão esta se baseia em decisões já tomadas anteriormente por outras pessoas. • Exemplo: quando vamos votar em alguém, este já foi escolhido pelos membros do partido que decidiram quem seria o candidato. Assim nos condicionamos por decisões e escolhas que estão fora de nosso alcance. Do individual ao social • Chamamos de social o que vai além de nossa vida privada, mas que está ligado à estrutura de uma ou várias sociedades. É o caso do desemprego que afeta milhões de pessoas em diversos grupos sociais. • Existem também situações que afetam o cotidiano das pessoas e que são ocasionadas por acontecimentos que atingem a maioria dos países. exemplos: • Crise do petróleo em 1973, elevação súbita dos preços da principal matéria prima do mundo. • Ataque 11/09/01 (relação dos EUA com os outros países. • Estes pontos, que estão presentes na biografia de cada um de nós, fazem parte da história da sociedade em que vivemos e, muitas vezes, assumem forma ainda mais ampla. • Tomar uma decisão é algo individual e social ao mesmo tempo, sendo impossível separar esses planos. O processo de socialização • O processo pelo qual os indivíduos formam a sociedade e são formados por ela é chamado de socialização. • Ao fazer parte de uma sociedade, insere-se em múltiplos grupos e instituições como a família, escola e a Igreja. Assim a individualidade se constrói no contexto das relações sociais. As diferenças • É diferente nascer e viver numa favela, num bairro rico, num condomínio fechado ou numa área do sertão nordestino exposto a longos períodos de seca. • Essas desigualdades promovem diferentes de socialização. formas • As diferenças podem se dar também nos diferentes contextos históricos. A educação de 1950 é distinta da nossa atual, os recursos, estruturas, não havia internet, era comum escrever cartas... • A socialização começa na família, meio informal de contato com o mundo social, depois os processos formais como escolas, Igrejas... Teóricos da Sociologia • Entre os estudiosos que analisam a relação do indivíduo com a sociedade, destacam-se autores clássicos da sociologia como Karl Marx, Émile Durkheim, Max Weber e outros contemporâneos. Karl Marx (1818-1883) • Para o alemão Marx, os indivíduos devem ser analisados de acordo com o contexto de suas condições e situações sociais, já que produzem sua existência em grupo. • Para ele o indivíduo isolado só apareceu quando criaram os princípios da sociedade capitalista. • Para uma melhor compreensão pensemos num trabalhador é aceito numa empresa. Ele não escolhe como vender sua mão de obra, as condições já estão estabelecidas pelo empresário e pelo meio social. • Essa relação não é apenas de indivíduos, mas também entre classes sociais: a operária e a burguesa. • Segundo Marx os seres humanos constroem sua história, mas não da maneira que querem, pois existem situações anteriores que condicionam o modo como ocorre a construção. • Mas todos têm capacidade de reagir a esses condicionamentos e até mesmo transformá-los. • Assim, de acordo com Marx, a chave para compreender a vida social contemporânea está na luta de classes, que se desenvolve à medida que homens e mulheres procuram satisfazer suas necessidades, “oriundas, do estômago ou da fantasia”. Émile Durkheim (1858-1917) • Para o fundador da escola francesa de sociologia, Durkheim, a sociedade sempre prevalece sobre os indivíduos, dispondo certas regras, normas, costumes e leis que asseguram sua perpetuação. Essas regras independem do indivíduo e pairam acima de todos, formando uma consciência coletiva, que dá o sentido de integração entre os membros da sociedade. • As leis e regras se solidificam em instituições, que são a base da sociedade. • Durkheim dava tanta importância para as instituições que definia a sociologia como a “ciência das instituições sociais, de sua gênese e de seu funcionamento”. • Para evitar conflitos, a transformação dos costumes não são feitas individualmente, mas ao longo de gerações e gerações. O sistema penal é um exemplo dessa prática. Se alguém comete algum crime, deve ser julgado pela instituição competente (sistema judiciário), o sujeito é retirado da sociedade para depois voltar a ser reintegrado. Marx x Durkheim • Diferente de Marx, que vê a contradição e o conflito como elemento essencial da sociedade, Durkheim coloca ênfase na coesão, integração e manutenção da sociedade. • Para Durkheim o conflito existe pela anomia, isto é, pela ausência de insuficiência de normatização das relações sociais. • Durkheim considera o processo de socialização um fato social amplo, que dissemina normas e valores gerais da sociedade, principalmente para as crianças, e assegura a difusão de ideias que formam um conjunto homogêneo, fazendo que a comunidade permaneça integrada. Max Weber (1864-1920) • Diferentemente de Durkheim, tem como preocupação central compreender o indivíduo e suas ações. • O conceito básico para ele é de Ação Social, entendida como ato de se comunicar, de se relacionar, tendo alguma orientação quanto às ações dos outros. Outros • Os outros, no caso, pode significar tanto um indivíduo apenas como vários, indeterminados e até desconhecidos. • Para ele o dinheiro é um elemento de intercâmbio que alguém aceita no processo de troca de qualquer bem e que outro indivíduo utiliza porque sua ação está orientada pela expectativa que outros tantos, conhecidos ou não, estejam dispostos a também aceitá-lo como troca. • Seguindo este raciocínio, Weber declara que a ação social não é idêntica a uma ação homogênea de muitos indivíduos. • Exemplo: Ao caminhar na rua, se chover, muitos vão abrir o guarda-chuva ao mesmo tempo. A ação de cada indivíduo não está orientada pela dos demais, mas sim pela necessidade de proteger-se da chuva. • Para ele a ação social também não é idêntica a uma ação influenciada (fenômenos de massa). • Ao analisar o modo como os indivíduos agem e levando em conta a maneira como eles orientam suas ações, agrupou as ações individuais em quatro grandes tipos, a saber: ação tradicional, ação afetiva, ação racional com relação a valores e ação racional com relação a fins. Ação tradicional • Tem por base um costume arraigado, a tradição familiar ou um hábito. Se adota quase que automaticamente, reagindo a estímulos habituais (eu sempre fiz assim, ou lá em casa sempre faz desse jeito). Ação afetiva • Tem por fundamento os sentimentos de qualquer ordem. O sentido da ação está nela mesma. Age afetivamente e o que importa é dar vazão às paixões momentâneas. (tudo pelo prazer ou o principal é viver o momento). Ação racional com relação a valores • Fundamenta-se em convicções tais como o dever, a dignidade, a beleza, a sabedoria, a piedade, ou transcendência de uma causa sem levar em conta as consequências previsíveis. Age de acordo como que acredita sem se importar se está certo ou errado (eu acredito que minha missão é fazer isso ou o fundamental é que nossa causa seja vitoriosa). Ação racional com relação a fins • Fundamenta-se numa avaliação da relação entre meios e fins. O indivíduo pensa antes de agir em uma determinada situação, pensa, programa, mede. ( Se eu fizer isso ou aquilo, pode acontecer tal ou qual coisa; então, vamos ver qual é a melhor alternativa, ou creio que seja melhor conseguir tais elementos para podermos atingir aquele alvo, senão só gastaremos energia e recursos). • Para Weber estes tipos de ação social não existem de modo puro, pois os indivíduos, quando agem no cotidiano mesclam alguns ou vários tipos de ação social. São tipos ideais, construções teóricas utilizadas pelo sociólogo para analisar a sociedade. • Assim as normas não são algo externo, mas estão internalizadas em cada indivíduo com base no que traz dentro de si. Referências • GUIZZO, João. Introdução à Sociologia. São Paulo: Editora Nacional, 2009. • TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o Ensino Médio. São Paulo: Editora Saraiva, 2010. • Vários autores. Sociologia. Curitiba: SEED-PR, 2006.