UNINGÁ – UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR INGÁ FACULDADE INGÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DENTÍSTICA ROSEMEIRE GOMES MOLINA ABORDAGEM RESTAURADORA DE DENTES TRATADOS ENDODONTICAMENTE PASSO FUNDO 2011 1 ROSEMEIRE GOMES MOLINA ABORDAGEM RESTAURADORA DE DENTES TRATADOS ENDODONTICAMETE Monografia apresentada à unidade de Pósgraduação da Faculdade Ingá – UNINGÁ – Passo Fundo-RS como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Dentística. Orientadora: Prof. Ms. Janesca de Lurdes Casalli PASSO FUNDO 2011 2 ROSEMEIRE GOMES MOLINA ABORDAGEM RESTAURADORA DE DENTES TRATADOS ENDODONTICAMENTE Monografia apresentada à comissão julgadora da Unidade de Pós-graduação da Faculdade Ingá – UNINGÁ – Passo FundoRS como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Dentística. Aprovada em ___/___/______. BANCA EXAMINADORA: ________________________________________________ Prof. Ms. Janesca de Lurdes Casalli - Orientadora ________________________________________________ Prof. Ms. Mateus Silveira Martins Hartmann ________________________________________________ Prof. Ms. Paula Cristine Ghiggi 3 Ao meu Senhor e Salvador Jesus Cristo por me dar a vida, uma família maravilhosa, me capacitar e me ensinar a pensar, agir e viver, Dedico este trabalho 4 AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, pelo dom da vida e por renovar as minhas forças a cada manhã. Ao meu esposo Paulo, por seu amor, companheirismo, constante apoio, por acreditar em mim e por toda ajuda na realização deste trabalho. À minha filha Lorrayne, por ter colocado a minha disposição as bases de dados às quais tem acesso, facilitando minha pesquisa. Também pelas correções ortográficas. Minha admiração pelo seu talento científico. À minha filha Lorena, pela sua indispensável ajuda na confecção dos slides sempre que precisei. Minha admiração pela sua capacidade e senso estético. À minha neta Helena, pela graça da sua presença constante, que me enche de alegria e força. Aos meus pais, Mário e Divina, que são os alicerces da minha vida. Obrigada pelo amor e cuidado sempre dispendidos. Às minhas irmãs Sandra, Andréia e Eliane, pela infância feliz que me proporcionaram e hoje, mesmo distantes, pelo companheirismo e confiança a mim depositados, que me impulsionam a prosseguir. Aos meus sogros, José e Maria Cândida, por todo apoio recebido ao longo dos anos. Minha gratidão por todos os ensinamentos essenciais à vida. À minha orientadora, Janesca, pelo entusiasmo, dedicação e busca pela excelência, tão inspiradores. À professora Simone, pelo seu trabalho sério junto ao CEOM, por sempre me incentivar e acreditar em mim e por seus ensinamentos profissionais que me acompanharão por toda minha vida. 5 À professora Lílian pela sua incrível vontade e prontidão em ajudar. Aos professores Nelson, Cristiano e Paula, não só pela ajuda técnica, mas também pela amizade. À amiga e companheira Simone Mezzomo, uma amizade que foi além das clínicas. Sua companhia tornou os momentos difíceis mais leves. A toda turma, cada um foi especial de alguma forma, com cada um aprendi algo. Aos funcionários do CEOM, pelo profissionalismo e boa vontade. Em especial à Tânia, pelo bom humor. 6 “Quem pensa conhecer alguma coisa ainda não a conhece como deveria.” I Coríntios 8:2 7 RESUMO A abordagem restauradora de dentes tratados endodonticamente gera dúvidas e controvérsias sendo o planejamento do tratamento restaurador destes dentes, normalmente, baseado empiricamente e não em dados científicos da literatura. Tais questionamentos surgem não só em função da diversidade de materiais e técnicas disponíveis, mas também frente à falta de estudos objetivos sobre o assunto. Entre as maiores dúvidas suscitadas está quando restaurar dentes tratados endodonticamente com o uso de pinos dentários. Desta forma, esta revisão de literatura buscou analisar os fatores biomecânicos do remanescente dental relevantes no planejamento da restauração de dentes tratados endodonticamente, avaliar a indicação de pinos dentários e a influência destes pinos e das técnicas restauradoras sobre a longevidade do complexo dente-restauração. Concluiu-se que as alterações na microestrutura da dentina, após o tratamento endodôntico, parecem não ser relevantes na diminuição da resistência à fratura de dentes tratados endodonticamente, mas sim, a quantidade de tecido dentário perdido. A avaliação da quantidade de tecido coronário remanescente e a exigência funcional do dente tratado endodonticamente são os fatores mais importantes a serem considerados para utilizar ou não pinos dentários. Os pinos dentários não reforçam os dentes, desta forma, são indicados somente quando são imprescindíveis para reter a restauração. Além disso, a preservação de tecido dentário é essencial para a longevidade do complexo dente-restauração. Palavras-chave: Restauração dentária permanente. Dente tratado endodonticamente. Pinos dentários. 8 ABSTRACT The restorative approach of endodontically treated teeth rises doubts and controversies and that the planning of the restorative treatment of these teeth is usually based on empirical knowledge, rather than scientific. Such issues are not only brought forth due to the diversity of materials and techniques available, but also the lack of objective studies on this subject. In the midst of a great array of queries, it is interrogated when restoring teeth which were endodontically treated using dental posts. Thus, this review aimed to evaluate the biomechanical factors of the remaining tooth relevant to the planning of dental restoration of endodontically treated teeth, to evaluate the indication of dental posts and the influence of these posts and of restorative techniques on the survival of the tooth-restoration complex. It is concluded that changes in the dentin microstructure, after endodontic treatment, seem to be irrelevant in reducing fracture resistance of endodontically treated teeth, which is influenced by the amount of lost tooth tissue. The evaluation of the amount of remaining coronal tooth structure and the functional requirements of the endodontically treated tooth is the most important factor to be considered when deciding when to employ dental posts. Dental posts do not strengthen teeth. Therefore, they are indicated only when they are essential to retain restoration. Furthermore, the employment of adhesive procedures and direct resin restorations contribute to the tooth tissue preservation, which is essential for the survival of the tooth-restoration complex. Key words: Dental restoration wear. Tooth nonvital. Dental pins. 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1- Comparação das alterações mecânicas devido ao tratamento endodôntico e configurações da cavidade ................................................................14 Figura 2- Distribuição do estresse com um pino metálico .......................................18 Figura 3- Distribuição do estresse em com pino de fibra ........................................19 Figura 4- Tratamento conservador sem o uso de pino dentário ..............................20 Figura 5- Tratamento conservador com o emprego de um pino de fibra ................21 Figura 6- Graus de perda de tecido duro coronal ....................................................27 Figura 7- Padrões de fraturas após teste de carga compressiva ............................29 Figura 8- Classificação do modo de fratura .............................................................32 Figura 9- Tipos de falhas após testes de resistência à fratura.................................33 Figura 10- Padrão de fratura com ou sem pino de fibra............................................34 Figura 11- Remanescente dental (a) sem efeito férula e (b) com efeito férula ........37 Quadro 1- Valores médios de resistência à fratura ..................................................32 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................11 2 REVISÃO DE LITERATURA .........................................................................12 3 DISCUSSÃO ..................................................................................................38 4 CONCLUSÃO ................................................................................................42 REFERÊNCIAS ...................................................................................................43 APÊNDICE ...........................................................................................................47 11 1 INTRODUÇÃO A decisão de como restaurar dentes tratados endodonticamente é complexa e carente de um protocolo, o que gera sempre muitas dúvidas e práticas equivocadas. Entre as maiores dúvidas está quando restaurar dentes tratados endodonticamente com ou sem o uso de pinos dentários. Dentes tratados endodonticamente normalmente apresentam-se estruturalmente comprometidos devido a fraturas, cáries extensas, restaurações prévias e pelo próprio acesso endodôntico. Assim, necessitam frequentemente de pinos e núcleos, com o objetivo de fornecer retenção e resistência para a restauração (GRADASCHI; GARBIN; RIGO, 2009). No entanto, segundo Baratieri et al. (2001), a maior razão pela qual clínicos e especialistas defendem a instalação de um pino dentário em dentes tratados endodonticamente é o reforço da porção radicular. Embora esta idéia esteja equivocada, continua ainda hoje sendo o maior motivo de sua indicação. Creugers et al. (2005) e Barnabé et al. (2009) partilham da mesma idéia quando afirmam que pinos dentários são usados como medida preventiva de fratura de dentes tratados endodonticamente e que muitos profissionais seguem isto como uma regra e os indicam para este fim. De acordo com Dietschi et al. (2007), as alterações biomecânicas relacionadas à perda de vitalidade ou procedimento endodôntico são assuntos confusos para os dentistas. Da mesma forma, concordam Pierrisnard et al. (2002) quando afirmam que as restaurações de dentes tratados endodonticamente e severamente destruídos, com o uso de pinos dentários, ainda é um assunto controverso na literatura. Ainda, segundo Dietschi et al. (2008), a abordagem restauradora de dentes tratados endodonticamente há muito tempo se baseia mais em observações empíricas e em pressupostos do que em evidências científicas. Neste contexto, esta revisão de literatura se propõe a analisar os fatores biomecânicos de dentes tratados endodonticamente relevantes na escolha da abordagem restauradora; avaliar a indicação de pinos dentários no tratamento restaurador de dentes tratados endodonticamente e a longevidade da restauração com ou sem uso de pino dentário. 12 2 REVISÃO DE LITERATURA Vários autores concordam que a abordagem de dentes tratados endodonticamente gera dúvidas e controvésias. Segundo Conceição e Conceição (2002) isso se deve ao fato de haver uma divisão dos profissionais em dois grandes grupos quanto às conseqüências da terapia endodôntica para o elemento dental. Um grupo baseia-se em trabalhos que afirmam haver mudanças significativas nas propriedades físicas e mecânicas da dentina após a terapia endodôntica. O outro discorda que tais alterações sejam importantes. Tal grupo apóia-se em pesquisas que alegam que o mais relevante é a quantidade de tecido duro perdido, antes ou durante o procedimento endodôntico, sendo este o maior motivo que torna estes dentes mais susceptíveis à fratura (MONDELLI et al., 1980; SEDGLEY; MESSER, 1992; COBANKARA et al., 2008). Tal divergência confunde os profissionais e dificulta no momento de decidir pelo emprego ou não de um pino dentário, por exemplo. A opção por usar ou não pino dentário deveria estar embasada em algumas considerações biomecânicas do remanescente dental, assim como sua posição na arcada, relação com o antagonista, tipo de dente, quantidade de estrutura dental remanescente, tipo de oclusão, alterações dos tecidos duros após o tratamento endodôntico (relação com as propriedades físicas e mecânicas da dentina), condição periodontal e morfologia da raíz (GUTMANN, 1992). Sedgley e Messer (1992) compararam as propriedades biomecânicas entre dentes vitais e não vitais com o objetivo de verificar se dentes tratados endodonticamente são mais quebradiços que dentes normais, isto é, se a perda da vitalidade pulpar resulta em mudança da estrutura dental. Para isso, os autores testaram a resistência ao cisalhamento, dureza, microdureza e carga de fratura de 23 dentes tratados endodonticamente e seus pares vitais contralaterais do mesmo paciente. Eles constataram não haver diferenças significativas na resistência ao cisalhamento, dureza e carga de fratura entre os grupos. A dentina vital apresentou apenas 3,5% mais de dureza que a dentina não vital contralateral. Assim, concluíram que a similaridade entre as propriedades biomecânicas de dentes tratados endodonticamente e seus pares vitais contralaterais indica que os dentes não tornam-se mais quebradiços após tratamento endodôntico. Este estudo sugere 13 que a perda de vitalidade pulpar não resulta em falta de suprimento nutricional para a dentina, pois desta forma levaria a mudanças progressivas nas propriedades biomecânicas. No entanto, outros fatores podem ser mais críticos nas falhas de dentes tratados endodonticamente, como a perda de estrutura dental e uma possível perda sensorial ou uma elevação do limiar de esforço que permitiria maiores cargas sobre estes dentes sem ativar uma resposta protetora. Em uma revisão de literatura, Schwartz e Robbins (2004) também comentam a respeito de um mecanismo de feedback protetor que é perdido quando a polpa é removida do elemento dental, predispondo-o à fratura. Lang et al. (2006) analisaram o impacto do tratamento endodôntico na rigidez da raiz com o objetivo de investigar os efeitos dos diferentes passos do tratamento endodôntico sobre a rigidez do dente e determinar o padrão de deformação das raízes. Selecionaram 20 incisivos centrais superiores extraídos, de tamanho e forma similares. Os dentes receberam carga de 3,75 N e a deformação das raízes foi medida. Os seguintes passos do tratamento tiveram sua deformação determinada: preparo de acesso, instrumentação manual e preparo para pino cônico e paralelo. Os autores notaram que os dentes foram desestabilizados por qualquer tratamento. Porém, o aumento da deformação não foi significativo com o alargamento manual, mas houve uma importante desestabilização após o preparo de acesso e o preparo para pino. Uma diferença correspondente foi encontrada quando o preparo para pino cônico foi desgastado e convertido em preparo para pino paralelo, mudando a configuração natural do canal radicular. Tanto a substância dental perdida quanto as mudanças da geometria natural do canal radicular têm um papel importante na rigidez do dente. Então, para não aumentar a extensão da deformação, são necessários procedimentos de preparo minimamente invasivos, que mantenham a geometria natural do canal radicular. Os autores recomendaram procedimentos adesivos na dentina do canal radicular. Dietschi et al. (2007) realizaram uma revisão sistemática entre 1990 e 2005 a respeito das considerações biomecânicas para restauração de dentes tratados endodonticamente. O objetivo do trabalho foi revisar os conhecimentos atuais sobre mudança de composição, alterações estruturais e o estado atual da terapia endodôntica e procedimentos restauradores. Os autores constataram que a perda de vitalidade e a terapia endodôntica causam somente uma pequena alteração na umidade dos tecidos e na composição, mas que afetam o comportamento 14 biomecânico dos dentes em alguns aspectos. A mudança no conteúdo da umidade dentinária tem estreita influência com o módulo de elasticidade e o limite de proporcionalidade, porém, não diminui a resistência à compressão ou tração. Os autores mencionaram, também, que produtos como hipoclorito de sódio e quelantes como EDTA, CDTA e EGTA utilizados para irrigação e desinfecção de canais radiculares interagem com o conteúdo orgânico e mineral e então podem reduzir o módulo de elasticidade, a resistência flexural, assim como a microdureza da dentina. Além disso, a resistência do dente é diminuída na proporção da perda de tecido coronal devido às lesões cariosas, fraturas, ao preparo de acesso ao canal radicular, ao alargamento deste durante o tratamento endodôntico e à colocação de pinos dentários. No entanto, vale salientar que a perda de tecido dentário devido ao acesso endodôntico afeta em apenas 5% a dureza do dente, enquanto uma redução da dureza de 14% a 44% e 20% a 63% é encontrada após preparo oclusal e MOD, respectivamente. A Figura 1 mostra a comparação das alterações mecânicas devido à terapia endodôntica e configuração da cavidade: (A) dente intacto; (B) cavidade de acesso e terapia endodôntica; (C) colocação de pino; (D) preparo oclusal; (E) preparo conservador de 2 faces; (F) preparo invasivo de 2 ou 3 faces. A superfície vermelha indica modificações na rigidez e resistência à fratura conforme as diferentes configurações de cavidades. Figura 1- Comparação das alterações mecânicas devido à terapia endodôntica e configuração da cavidade . 15 Fonte- DIETSCHI et al., 2007 A profundidade da cavidade, a largura do istmo e a configuração são os fatores mais críticos na determinação da redução da resistência dental e do risco de fratura. Portanto, os autores concluíram, também, que a conservação tecidual é mais importante do que a manutenção da vitalidade (DIETSCHI et al., 2007). A posição do dente na arcada é um fator fundamental a ser considerado no momento de indicar ou não o emprego de um pino dentário. A este respeito, Conceição e Conceição (2002) relatam que nos dentes posteriores incidem mais frequentemente forças verticais, diminuindo a necessidade de indicação de pinos dentários. Os autores alegam que restaurações estéticas adesivas têm bons resultados clínicos sem uso de pino dentário, mesmo em cavidades amplas. Por outro lado, os dentes anteriores sofrem forças oblíquas ou de cisalhamento, requerendo mais comumente o emprego de pino dentário para ajudar a dissipar essas forças ao longo da coroa remanescente e raiz, evitando fraturas do elemento dental. Schwartz e Robbins (2004) afirmam que a necessidade de um dente receber um pino dentário depende grandemente de sua posição. Deste modo, dentes anteriores com perdas mínimas de estrutura coronal podem ser restaurados conservadoramente com restaurações adesivas na abertura de acesso. Contudo, se um dente anterior, com tratamento endodôntico, vai receber uma coroa, um pino dentário frequentemente é indicado, pois normalmente o remanescente dental está muito fragilizado após a endodontia e preparo para coroa. Então, um pino dentário irá ajudar o dente anterior a resistir a forças laterais e de cisalhamento as quais ele será submetido. Por outro lado, os molares tratados endodonticamente deveriam receber restaurações com cobertura das cúspides, porém, não necessariamente pinos dentários, salvo se a estrutura coronal foi severamente destruída. Os autores salientam que a câmara pulpar e as entradas dos canais radiculares promovem retenção adequada para a construção do núcleo. Além disso, estes dentes são geralmente submetidos apenas a forças verticais. Ainda, se um pino dentário é indicado, raramente, ou mesmo nunca, mais que um pino dentário é necessário para um molar. Já os pré-molares exigem com mais freqüência a colocação de pinos dentários por terem uma câmara pulpar relativamente pequena e são mais sujeitos a receberem forças laterais durante a mastigação, comparados aos molares. Portanto, 16 a estrutura coronal remanescente e as exigências funcionais são os fatores que determinam se um dente requer ou não um pino dentário. Quanto à indicação de pinos dentários, Gutmann (1992) observou que dentes sem pinos normalmente fraturavam de maneira reparável, enquanto dentes com pinos fraturavam de forma que o reparo era difícil ou impossível devido ao extenso dano radicular. Göhring e Peters (2003) afirmam que o uso de pinos dentários e núcleos em dentes tratados endodonticamente é controverso, pois para alguns autores eles são absolutamente necessários enquanto outros discordam por várias razões. Duas das mais importantes razões são o risco de perfuração do canal radicular durante o preparo para a colocação de pinos dentários e a habitual falha catastrófica causada por eles. Ainda, a remoção excessiva de estrutura dental em conseqüência do preparo para pino dentário pode enfraquecer a raiz, assim, o não uso de pino dentário resulta em conservação de substância dental sadia. Além disso, quando do planejamento para restaurar dentes com tratamento endodôntico, os benefícios das técnicas adesivas deveriam ser considerados. De acordo com Dietschi et al. (2007) o uso de pino dentário parece não ser mandatório para restaurar dentes tratados endodonticamente, a menos que o remanescente não tenha mesmo estrutura para reter a restauração. Segundo Kaizer et al. (2009), se 50% ou mais da coroa dentária foi perdida, um pino dentário para reter a restauração é indicado. Eles sugerem, ainda, procedimentos adesivos na coroa e raiz e uso de pinos dentários com propriedades físicas semelhantes à dentina natural, da mesma forma concordam outros autores (GRANDINI et al., 2005; NAUMANN; BLANKENSTEIN; DIETRICH, 2005; SCHWARTZ; FRANSMAN, 2005). Borg et al. (2005) afirmam que a restauração de dentes tratados endodonticamente é a maior preocupação na Odontologia e quando uma grande quantidade de estrutura dental é perdida, frequentemente é impossível obter ancoragem suficiente para a restauração na dentina remanescente. Assim, dentes tratados endodonticamente com importante perda de estrutura coronal necessitam ser restaurados com um pino dentário e um núcleo como fundação da restauração final. No entanto, isto não fortalece a raiz, mas serve para aumentar a retenção da restauração. Esses autores fizeram uma revisão de literatura sobre pinos dentários para restauração de dentes tratados endodonticamente com o intuito de comparar as taxas de falhas clínicas dos diferentes tipos de pinos dentários. A busca por palavras chave em diferentes bancos de dados resultou em 3668 artigos, dos quais 17 no final de todo filtro incluíram 13 artigos na metanálise. Foram avaliadas três categorias de pinos dentários: núcleos e pinos moldados metálicos passivos; pino metálico pré-fabricado passivo ou ativo (com núcleo feito com amálgama, cimento de ionômero de vidro, resina composta ou resina composta modificada por ionômero de vidro) e pino não metálico pré-fabricado (com núcleo de resina composta, cimento de ionômero de vidro ou resina composta modificada por ionômero de vidro). A comparação da taxa de falha entre pinos de fibra e pinos moldados não apresentou diferença significativa, nem entre pinos moldados e pinos metálicos préfabricados a diferença foi importante. Os resultados mostraram maior taxa de falha nos dentes anteriores independentemente do tipo de pino e também quando o dente fazia parte de uma prótese parcial, fixa ou móvel. Naumann, Blankenstein e Dietrich (2005) verificaram a sobrevivência de restaurações, com pinos de fibra, acompanhadas por um período de no mínimo dois anos. O objetivo dos autores, através deste estudo clínico, foi fornecer dados clínicos prospectivos para a sobrevivência de reconstruções de dentes com vários níveis de perda de tecido duro usando pinos cônicos ou paralelos. Assim, 83 pacientes receberam 105 pinos de fibra de vidro cônicos e paralelos serrilhados. Para a cimentação foi utilizado um cimento de presa dual, sistema adesivo e resina de construção de núcleo de preenchimento. Uma subamostra aleatória de uma restauração foi analisada estatisticamente. Foram feitos testes para comparar freqüências de falhas após 12 e 24 meses e diferenças do tempo de sobrevivência entre os tipos de pinos também foram testadas. Os resultados obtidos foram de que 3,8% das restaurações falharam após 12 meses e 12,8% após 24 meses. Os principais tipos de falhas observados foram fraturas dos pinos e perda da retenção. Todos os dentes que falharam, exceto um, puderam ser restaurados. Não houve nenhuma diferença na freqüência de falhas entre os tipos de pinos (cônicos e paralelos) após 12 ou 24 meses, nem diferença na sobrevivência entre os mesmos. Portanto, pinos de fibra de vidro cônicos e paralelos, após 2 anos de acompanhamento clínico, apresentaram a mesma taxa de sobrevivência. Vários autores concordam que os pinos de fibra de vidro, quando comparados aos pinos metálicos fundidos, diminuem a possibilidade de fraturas radiculares irreparáveis (NAUMANN et al., 2008; SALAMEH et al., 2008). Desta forma, os tradicionais pinos metálicos fundidos estão gradualmente sendo substituídos por pinos pré-fabricados, especialmente os de fibra de vidro (BITTER; KIELBASSA, 18 2007). Na Figura 2 pode-se observar, esquematicamente, a distribuição do estresse de um pino metálico e núcleo e estrutura dental residual de acordo com estudos de foto elasticidade e análises por elementos finitos. O pino metálico é cimentado e geralmente é mais longo. O estresse funcional é acumulado dentro do núcleo, ligeiramente ao redor do pino e mais afastado do interior do canal, ao redor do ápice do pino; há menos acúmulo de estresse na área cervical comparado com um pino de fibra. Esta configuração protege mais a estrutura corono-cervical, no entanto, quando falha, resulta em intratáveis e severas fraturas radiculares (DIETSCHI et al., 2007). Figura 2- Distribuição do estresse com um pino metálico. Fonte- DIETSCHI et al., 2007 19 Já a Figura 3 mostra a distribuição do estresse dentro de um pino de fibra e núcleo de resina e estrutura dental remanescente. O pino dentário é aderido às paredes do canal radicular e penetra menos profundamente no sentido apical. O estresse funcional é concentrado principalmente na área cervical. Esta configuração protege a área cervical menos eficientemente, mas tende prevenir fratura radicular catastrófica. A presença do efeito férula parece ser mandatório (DIETSCHI et al., 2007). Figura 3- Distribuição do estresse com um pino de fibra. Fonte- DIETSCHI et al., 2007 Dietschi et al. (2008) realizaram uma revisão da avaliação de estudos clínicos relevantes focando o comportamento biomecânico de dentes tratados endodonticamente, através de testes de fadiga e influência do número de faces envolvidas. Segundo os autores, a mais importante mudança na biomecânica do dente é atribuída à perda de tecido dentário, alertando para a necessidade da preservação deste. Portanto, se tecido dentinário suficiente está presente, o uso de pinos dentários não é necessário. Futuramente com técnicas de preparos mais conservadores o uso de pinos dentários deverá tornar-se exceção e não regra. 20 A Figura 4 mostra uma configuração típica permitindo um tratamento conservador do dente tratado endodonticamente, usando técnica adesiva sem o uso de pino dentário. (a) Elemento 21 tratado endodonticamente e com extensa restauração de resina necessitando tratamento restaurador. (b) Espessura e altura da estrutura dental remanescente que permite o uso de resina composta como base da prótese, sem o emprego de pino dentário como retenção adicional. (c) Construção de resina conservadora (d) Coroa de cerâmica pura finaliza o tratamento. Figura 4- Tratamento conservador sem o uso de pino dentário. Fonte- DIETSCHI et al., 2008 Contudo, quando um pino é necessário para reter uma restauração, os pinos de fibra de vidro com propriedades físicas próximas às da dentina, cimentados adesivamente, parecem ser a opção mais apropriada. Desta forma, diminuem a ocorrência de defeitos interfaciais ou fraturas severas do dente, quando comparados aos rígidos pinos dentários de metal ou cerâmica. Dentes tratados endodonticamente restaurados com resina composta ou resina composta combinada 21 com pinos de fibra resistiram aos testes de fadiga. A Figura 5 exibe uma configuração típica permitindo tratamento conservador de um dente tratado endodonticamente, usando técnica adesiva com um pino como retenção adicional. (a) Elemento 11 tratado endodonticamente com uma grande restauração de resina. (b e c) Após a remoção do material restaurador existente, a estrutura dental residual foi considerada insuficiente para fornecer retenção e resistência como base protética. (d e e) Um pino de fibra é utilizado para reter a restauração. (f) Coroa de cerâmica pura concluída no 11 e o 21 recebeu uma faceta. Figura 5- Tratamento conservador com o emprego de um pino de fibra. Fonte- DIETSCHI et al., 2008 Hayashi et al. (2008) fizeram um estudo testando as hipóteses de que não havia diferenças nas resistências à fratura por fadiga e por carga estática de dentes tratados endodonticamente restaurados com diferentes tipos de sistemas de pinos/núcleos. Pré-molares humanos extraídos foram restaurados com uma combinação de pino de fibra ou pino metálico e núcleo de resina composta. Dentes com preparos para coroa total sem pino/núcleo serviram como controle. Uma carga compressiva estática oblíqua de 45 graus ou vertical de 90 graus foi aplicada nos dentes restaurados e as cargas e modos de fraturas foram registrados. Os testes de fraturas por fadiga foram conduzidos aplicando cargas cíclicas aos dentes restaurados, nas direções oblíquas ou verticais. Os limites de fadiga para cada restauração foram calculados. Verificaram que em ambos os testes de fratura, de 22 fadiga e estática, sob cargas oblíqua ou vertical, as cargas de fraturas dos dentes restaurados com pinos de fibra foram significativamente mais altas do que aquelas dos dentes restaurados com pinos metálicos. Os limites de fadiga dos dentes restaurados com pinos de fibra e pinos metálicos foram 112 Kgf e 82 Kgf sob carga vertical e de 26 Kgf e 20 Kgf sob carga oblíqua, respectivamente. Os autores afirmam que a combinação de pino de fibra e núcleo de resina mostrou resistência à fratura superior, tanto às cargas de fadiga e estática, comparada aos dentes restaurados com um pino metálico. Por isso, a combinação de pino de fibra e núcleo de resina foi recomendada para a restauração de dentes tratados endodonticamente. Em um trabalho realizado por Nunes et al. (2009), foi avaliada a freqüência de pinos dentários utilizados em procedimentos de reconstrução dentária na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas. O objetivo foi realizar um levantamento dos pinos dentários utilizados e verificar sua relação com a técnica restauradora e localização no arco dentário. Para isso, avaliaram os prontuários arquivados no Serviço de Triagem, no período entre 2005 e 2008, quanto ao tipo de pino dentário, técnica restauradora e localização no arco dentário. Os dados analisados estatisticamente mostraram que de um total de 5.566 registros 4,7% dos procedimentos restauradores utilizaram pinos dentários, dos quais, 55,7% foram pinos metálicos fundidos; 19,7% pinos de fibra de vidro; 14,1% pinos metálicos; 7,2% pinos de fibra de carbono e 3,1% fio de aço. Foram realizadas restaurações indiretas em 51% dos casos e 49% de restaurações diretas. Quanto à posição do dente na arcada, não houve diferença significativa entre os pinos dentários utilizados na região anterior e posterior. Os autores comentam que, embora a literatura demonstre alto índice de sucesso tanto nas intervenções diretas quanto nas indiretas, deve se considerar que nas restaurações indiretas há um maior desgaste do remanescente dental. E apesar das questões da funcionalidade dos pinos dentários ainda não terem sido esclarecidas, as várias opções de materiais e técnicas, disponíveis no mercado odontológico, têm como finalidade comum obter restaurações que proporcionem conservação e reforço à estrutura dental remanescente. Portanto, os autores concluíram que, nesse período de estudo, a maioria dos procedimentos de reconstrução dentária em dentes tratados endodonticamente foram realizados sem a utilização de pinos dentários. No entanto, 23 pinos metálicos fundidos foram mais frequentemente associados a coroas unitárias protéticas. Com o objetivo de avaliar a efetividade clínica dos pinos dentários, Gradaschi, Garbin e Rigo (2009) fizeram uma revisão e análise crítica da literatura através da seleção de 44 artigos científicos de estudos clínicos publicados no período entre 1984 e 2009. Os autores observaram que pinos metálicos foram os que tiveram um maior tempo de acompanhamento clínico e sugeriram que a quantidade de dentina remanescente coronária deve ser avaliada antes da escolha do procedimento clínico. A maioria dos pinos dentários utilizados para restaurar dentes tratados endodonticamente foram clinicamente eficazes, com uma média de taxa de sucesso de 90% no período de 1 a 5 anos. Constataram que as causas de falhas mais freqüentes foram a descimentação e a perda de retenção para todos os tipos de pinos. Ainda, quando o remanescente coronário tiver menos que 2 mm, pinos não metálicos pré-fabricados apresentam maior probabilidade de falha. Os pinos metálicos, tanto fundidos quanto pré-fabricados, têm estudos de maior tempo de acompanhamento clínico e aplicação clínica também, oferecendo maior segurança para o seu emprego. Santos et al. (2010) testaram as hipóteses de que pinos de fibra de vidro diminuem o risco de fratura radicular e de descimentação apesar de aumentar o estresse radicular. Análises do estresse foram realizadas com um modelo dos elementos finitos 3D de um pré-molar restaurado com um pino de fibra ou um pino metálico. Simularam as condições da interface do cimento/pino adesivo e não adesivo. O pré-molar restaurado com um pino de fibra gerou menos estresse ao longo da interface e mais alto estresse na raiz quando comparado ao pino metálico. Contudo, com o pino de fibra foi menos provável ocorrer fratura radicular, porque o risco de fratura dos pinos e núcleos de resina foi mais alto do que o da raiz. O módulo de elasticidade mais baixo dos pinos de fibra de vidro reduziu o risco de descimentação por conta do menor estresse na interface pino/cimento. É sabido que a escolha da técnica restauradora tem influência na sobrevivência de dentes tratados endodonticamente. Mannocci et al. (2002) fizeram um estudo para avaliar a taxa de sucesso em pré-molares tratados endodonticamente que receberam pinos de fibra de vidro e restaurações com resina direta, comparando-os com dentes tratados similarmente, mas com coroa total metalo-cerâmica. Concluíram que as taxas de sucesso clínico foram equivalentes 24 entre os grupos. Portanto, as coroas totais de metalo-cerâmica não aumentaram o desempenho clínico de dentes tratados endodonticamente comparados aos que receberam restaurações diretas de resinas, em um período de 3 anos. Os autores relataram que restaurações de resina composta direta foram mais indicadas para pré-molares do que para molares. A idéia é que o estresse de contração de polimerização é mais baixo nos pré-molares devido à necessidade de uma quantidade menor de resina composta para a confecção da restauração. Além disso, as margens interproximais de pré-molares, devido a uma posição mais anterior, são mais acessíveis à inspeção e acabamento comparados aos molares. Por outro lado, Aquilino e Caplan (2002) realizaram um trabalho sobre a relação entre a colocação de coroas e a sobrevivência de dentes anteriores e prémolares tratados endodonticamente. Para este fim, utilizaram um banco de dados de tratamento odontológico do qual 280 pacientes com um total de 400 dentes foram selecionados aleatoriamente. Utilizando Kaplan-Meir foram geradas estimativas de sobrevivência para os 203 dentes que satisfizeram os critérios de inclusão do estudo. Os autores observaram que a sobrevivência dos dentes foi significativamente mais alta quando restaurados com pinos dentários do que sem pinos. Eles inferiram que o aumento na sobrevivência dos dentes restaurados com pino dentário se deveu ao fato de que dentes restaurados com pino dentário receberam uma coroa, indicando que coroas eliminaram os efeitos do tipo de fundação na sobrevivência de dentes tratados endodonticamente. Foi calculado que os dentes sem coroas foram perdidos a uma taxa seis vezes maior que dentes que receberam coroas. Grandini et al. (2005) avaliaram o uso de pinos de fibra e restaurações de resina composta direta em dentes tratados endodonticamente (sem a cobertura com coroa). Foram selecionados de três clínicas privadas 38 dentes anteriores e 62 posteriores, todos tratados endodonticamente. O critério de inclusão consistiu da confirmação clínica e radiográfica da necessidade de tratamento endodôntico. Dentes anteriores foram incluídos se pelo menos 50% de estrutura dental remanescente saudável estivesse presente e os posteriores se apresentassem duas a três paredes coronais residuais saudáveis. Pinos dentários de fibra transparentes (DT post) foram cimentados com cimento resinoso dual (Duo Link, Bisco) e um adesivo de frasco único (One Step, Bisco). Restauração direta em camadas foi feita usando uma resina micro híbrida (Gradia Direct, GC). Os pacientes foram chamados 25 após 6, 12, 24 e 30 meses e as restaurações foram avaliadas conforme critérios clínicos e radiográficos pré-estabelecidos e confirmaram o bom desempenho clínico das restaurações. Os autores concluíram que, após 30 meses em função, 100 dentes tratados endodonticamente, restaurados com pinos de fibra e resina composta direta, exibiram resultados clínicos favoráveis. Portanto, esta é uma opção de tratamento que, a curto prazo, conserva estrutura dental remanescente e resulta em uma boa adesão dos pacientes. Relataram que a preservação da estrutura dental é considerada o fator mais importante no aumento da taxa de sobrevivência dos dentes tratados endodonticamente. Desta forma, quando somente procedimentos adesivos e resinas compostas diretas são usados, toda estrutura dental remanescente, após a remoção de cárie e o tratamento endodôntico, pode ser conservada. Creugers et al. (2005), fizeram um estudo clínico prospectivo de vários tipos de restaurações e núcleos. Neste estudo, testaram se a taxa de sobrevivência de restaurações com núcleo metálico fundido é melhor do que a sobrevivência de restaurações com pinos metálicos diretos e núcleos de resina e do que núcleos de resina sem pinos. Testaram também se a sobrevivência destas restaurações é influenciada pela altura de dentina remanescente após o preparo. Dezoito operadores foram treinados em curso teórico e prático e orientados a seguir um protocolo rigoroso para realizarem 319 restaurações, dos tipos acima citadas, em 249 pacientes. Foram selecionados pacientes com um ou mais dentes tratados endodonticamente com necessidade de receber coroas unitárias, a maioria molares e pré-molares. Tais dentes deveriam ter boa condição periodontal e contato antagonista com dente natural ou artificial. Eles foram classificados de acordo com a altura de dentina presente no remanescente após o preparo, da seguinte forma: altura de dentina substancial (mais que 75% de parede de dentina circunferencial de no mínimo 1 mm de espessura e pelo menos 1 mm de altura acima do nível gengival); altura de dentina mínima (menos que 75% de parede de dentina circunferencial tem pelo menos 1 mm acima do nível gengival ou nenhum colar de 12 mm poderia ser alcançado). As falhas foram registradas durante um período de 5 anos e testes estatísticos foram realizados para verificar as variáveis altura de dentina remanescente e o tipo de restauração na influência na longevidade das restaurações. Os resultados mostraram que 15 restaurações falharam durante o período de acompanhamento, das quais 5 ocorreram durante o primeiro mês. Estas 26 foram consideradas independentes do envelhecimento clínico e excluídas da avaliação. Desta maneira nenhuma diferença estatística foi encontrada entre a sobrevivência dos três tipos de restaurações. Entretanto, as restaurações tiveram uma maior longevidade em dentes com altura substancial de dentina (98% ± 2%) do que em dentes com altura mínima de dentina (93% ± 3%). Concluíram, assim, que o tipo de núcleo e pino não foi relevante com respeito à sobrevivência das restaurações. A altura de dentina remanescente após o preparo influenciou na longevidade de restaurações com pinos. Através de um estudo in vitro, Tan et al. (2005) investigaram a resistência à fratura de incisivos centrais superiores tratados endodonticamente com presença de férula uniforme ou não. Os autores concluíram que a média da resistência à fratura destes dentes com coroas sem pinos dentários e com pinos dentários metálicos fundidos e coroa, com uma férula uniforme de 2 mm, não foi significativamente diferente. Muitos outros autores concordam que o efeito férula aumenta a resistência de dentes restaurados com pinos dentários (CREUGERS et al., 2005; PEREIRA et al., 2006; DIETSCHI et al., 2007; FERRARI et al., 2007; ZAROW; DEVOTO; SARACINELLI, 2009; FARIA et al., 2011). Ferrari et al. (2007) fizeram uma análise clínica prospectiva sobre a influência da quantidade de dentina coronal remanescente e a colocação de pinos de fibra no risco de fraturas de dentes tratados endodonticamente. O propósito foi avaliar se estes fatores afetam a sobrevivência de pré-molares tratados endodonticamente, acompanhados por 2 anos. Para isso, uma amostra de 210 indivíduos foi distribuída em 6 grupos experimentais, com 40 pré-molares com necessidade de tratamento endodôntico. 27 Os grupos foram definidos em função da quantidade de dentina coronal remanescente após o tratamento endodôntico (Figura 6). Grupo 1: todas as paredes da coroa intactas (A); grupo 2: três paredes coronais preservadas (B); grupo 3: duas paredes coronais remanescentes (C); grupo 4: apenas uma parede coronal presente (D); grupo 5: efeito férula- nenhuma parede coronal preservada, mas com um colar de dentina de pelo menos 2 mm preservada circunferencialmente; grupo 6: nenhum efeito férula- nenhuma parede coronária mantida e menos que 2 mm de dentina presente circunferencialmente. Figura 6- Graus de perda de tecido duro coronal. Fonte- FERRARI et al., 2007. Dentro de cada um dos grupos (n=40), a metade dos dentes (n=20) recebeu pinos de fibra, aleatoriamente, enquanto a outra metade foi mantida livre de pinos dentários. Todos os dentes foram restaurados com uma coroa total metalo cerâmica. Análises estatísticas mostraram que a colocação de pinos dentários resultou em 28 uma significante redução do risco de falha nos pré-molares tratados endodonticamente testados. A principal falha constatada foi por conta da descimentação do pino e ocorreu em dentes com uma quantidade reduzida de dentina residual, ou seja, o risco de falha foi aumentado nos dentes com nenhuma férula. A perda de retenção de pinos dentários adverte que a adesão na dentina radicular não é facilmente conseguida, reforçando o valor da contribuição friccional do pino ao longo das paredes do canal radicular. É possível, também, que a descimentação de pinos dentários ou deslocamento de coroas sejam causados pela reinfecção do canal radicular seguida da perda de selamento. Fokkinga et al. (2008) publicaram um trabalho de acompanhamento clínico de 17 anos sobre reconstruções de coroa-núcleo em resina composta direta. O intuito deste estudo foi coletar dados de sobrevivência a longo prazo de dentes unirradiculares tratados endodonticamente com ou sem um pino metálico pré fabricado. Para isso, 87 pacientes receberam 98 restaurações que compreendiam um pino de metal pré-fabricado e uma reconstrução de coroa-núcleo em resina direta ou uma reconstrução de resina direta sem pino. O desempenho das restaurações foi avaliado com base nos dados coletados dos prontuários de monitoramento clínico da saúde oral dos pacientes. A probabilidade de sobrevivência foi analisada tanto a nível da restauração quanto a nível do dente. A comparação estatística mostrou que a utilização de pinos não apresentou influências na probabilidade de sobrevivência a nível do dente nem da restauração, em dentes reconstruídos com resina direta. Os autores afirmam que, hoje, o uso de pinos dentários é questionado mesmo com o uso de materiais adesivos e que eliminá-los é uma maneira de preservar estrutura dentária. Ainda, em dentes com coroas, foi demonstrado que a colocação de pinos dentários não aumentou a longevidade dos dentes. Em um estudo in vitro, Cobankara et al. (2008) avaliaram o efeito de diferentes técnicas restauradoras na resistência à fratura de molares inferiores tratados endodonticamente com cavidades MOD. Para isso, usaram 60 molares inferiores saudáveis extraídos e distribuídos aleatoriamente em 6 grupos (n=10): Grupo 1: dentes que não receberam nenhum preparo, mantidos intactos (controle negativo). Os dentes do grupo 2 a 6 receberam tratamento endodôntico e um preparo cavitário MOD. Grupo 2: dentes mantidos sem restaurações (controle positivo). Grupo 3: dentes restaurados com amálgama convencionalmente. Grupo 4: 29 dentes restaurados com um sistema adesivo (Clearfil SE Bond) e resina composta (Clearfil Photoposterior), pela técnica incremental. Grupo 5: dentes restaurados com inlays cerâmicas híbridas indiretas (Estenia). Grupo 6: dentes restaurados com resina composta reforçada por fibra (Ribbond). Os espécimes receberam carga até falhar, através de um dispositivo simulador de mastigação em um ambiente artificial de 37° C. Cada dente recebeu carga compressiva perpendicular à superfície oclusal de 1 mm/min. A média das cargas necessárias para fraturar foram registradas em N (Newton) e os resultados foram analisados estatisticamente. Os resultados mostraram que no grupo 1 (dentes intactos), a resistência à fratura foi significativamente mais alta que nos outros grupos. O grupo 2 (dentes não restaurados) mostrou a menor resistência à fratura. Nenhuma diferença estatisticamente importante foi encontrada entre os grupos 3 (amálgama), 4 (resina composta) e 6 (resina composta+Ribbond). O grupo 3 (restaurados com amálgama) apresentou resistência à fratura menor que todos os grupos que receberam restauração. Na Figura 7 podem ser observados os padrões de fraturas após teste de carga compressiva. Foi verificado que todas as amostras restauradas com amálgama tiveram fraturas com envolvimento radicular (A). As fraturas das amostras restauradas com resina composta envolveram mais da metade da coroa do dente, porém, sem envolvimento radicular (B). Já os dentes restaurados com inlays de cerâmicas híbridas indiretas sofreram somente fraturas das restaurações preferencialmente do que fraturas do dente (C). No grupo de resina composta reforçada por fibras, a maioria das falhas observadas foram fraturas da restauração envolvendo uma porção do dente (D). Figura 7- Padrões de fraturas após teste de carga compressiva. Fonte- COBANKARA et al., 2008 Os autores concluíram que os preparos cavitários MOD reduziram a resistência à fratura de dentes tratados endodonticamente. Ainda, mesmo que todos 30 os grupos de restaurações tivessem maior resistência à fratura que os grupos somente preparados e sem restaurações, nenhuma das técnicas testadas foi capaz de restaurar completamente a resistência à fratura, perdida pelo preparo MOD. Afirmaram que as restaurações inlays de cerâmicas híbridas indiretas podem ser recomendadas por ser a técnica restauradora com padrão de fratura mais favorável comparadas às outras técnicas usadas neste estudo. No entanto, mais estudos clínicos a longo prazo são necessários para confirmação dos resultados. Em um estudo in vitro, Soares et al. (2008b) analisaram a influência da técnica restauradora no comportamento biomecânico (resistência à fratura e modo de fratura) de pré-molares superiores tratados endodonticamente. Então, compararam dentes saudáveis não restaurados e pré-molares superiores tratados endodonticamente com preparos diretos e indiretos, restaurados com diversos materiais. Foi testado se o preparo cavitário e seu design particular reduzem a resistência de pré-molares superiores tratados endodonticamente e se as técnicas restauradoras, diretas e indiretas, recuperam os valores de resistência normais dos dentes. Para isso, selecionaram 70 pré-molares superiores humanos não cariados e os dividiram em 7 grupos (n=10). DS: grupo controle, composto por dentes saudáveis não preparados. Os outros 6 grupos foram tratados endodonticamente. MODd: preparo MOD direto; MODi: preparo MOD indireto. Os dentes foram restaurados com 4 tipos de materiais: AM: MODd restaurado com amálgama (Permite C- SDI) ; RC: MODd restaurado com resina composta (Filtek Supreme- 3M ESPE); LPR: MODi restaurado com resina de laboratório (SR Adoro- Ivoclar/ Vivadent) e LGC: MODi restaurado com cerâmica feldspática reforçada por leucita (IPS Empress- Ivoclar/ Vivadent). A resistência à fratura (N) foi avaliada sob carga compressiva em uma máquina de teste universal e os dados analisados. Os modos de fraturas foram registrados baseados no grau de envolvimento estrutural do dente e dano da restauração. Os resultados mostraram que o grupo controle (DS) apresentou os mais altos valores de resistência à fratura. Os grupos restaurados mostraram valores de resistência à fratura significativamente mais altos comparados aos grupos não restaurados. Os grupos restaurados com técnicas adesivas (RC, LPR, e LGC) apresentaram valores de resistência à fratura significativamente mais altos que o grupo restaurado com amálgama (AM). As fraturas catastróficas foram prevalentes nos grupos MODd e MODi (não restaurados), AM (amálgama) e LPR (resina processada em laboratório). As fraturas menos severas foram encontradas 31 no grupo DS (saudáveis), como esperado, e no grupo LGC (cerâmica feldspática reforçada por leucita). Para o grupo de resina composta não houve predominância no modo de fratura. Confirmou-se que a perda de tecido dental causada pelo tratamento endodôntico e preparo cavitário MOD reduziu significativamente a resistência à fratura dos dentes. E os preparos cavitários indiretos ocasionaram maiores perdas de tecido dentário que os diretos, aumentando a fragilidade dental. Além disso, nenhuma das técnicas restauradoras foi capaz de devolver a resistência perdida, próxima dos valores dos dentes saudáveis. Por fim, os autores concluíram que dentes com maior quantidade de estrutura dental remanescente e aqueles restaurados com técnicas adesivas mostraram mais altos valores de resistência à fratura e que houve grande variação no tipo de fratura entre os grupos. Soares et al. (2008a), através de um estudo in vitro, avaliaram a influência do desenho da cavidade e pino de fibra de vidro no comportamento biomecânico (distribuição do estresse e resistência à fratura) de pré-molares inferiores tratados endodonticamente. Um total de 50 pré-molares inferiores intactos foram divididos em 5 grupos (n=10). DS: dentes saudáveis (controle); MOD: preparo MOD + tratamento endodôntico (TE) + restauração de resina composta (RC); MODP: preparo MOD + TE + pino de fibra de vidro + RC; MOD2/3: MOD + perda de 2/3 ocluso-cervical da cúspide V + TE + RC; MODP2/3: MOD + perda de 2/3 da cúspide V + TE + pino de fibra de vidro+ RC. As amostras receberam carga compressiva oblíqua de 30° até falhar. 32 Os resultados dos testes de resistência à fratura estão no Quadro 1. Grupos Resistência à Fratura (N) CategoriaTukey* MOD 1243.2 (311.2) A DS 1194.2 (241.2) A MODP2/3 794.0 (234.0) B MOD2/3 707.0 (270.0) B MODP 539.7 (241.1) B *Categorias Tukey com letras diferentes são significativamente diferentes para cada grupo (p < 0.05). Quadro 1- Valores médios de resistência à fratura. Fonte- Soares et al., 2008a Os padrões de fraturas foram classificados de acordo com 4 tipos de falhas (Figura 8): tipo I, fratura envolvendo pequena porção da coroa dental; tipo II, fratura envolvendo uma porção da coroa e falha coesiva da resina composta; Tipo III, fratura dental com envolvimento radicular e falha coesiva da resina composta; tipo IV, fratura corono-radicular vertical, clinicamente catastrófica. Figura 8- Classificação do modo de fratura. Fonte- Soares et al., 2008b 33 A resistência à fratura dos dentes saudáveis (DS) e grupo MOD foi significativamente mais alta do que dos outros grupos. A perda de estrutura dental e restaurações com pinos de fibra de vidro reduziram a resistência à fratura e criaram concentrações mais altas de estresse no complexo dente-restauração. Contudo, quando houve uma grande perda de estrutura dental, no caso do grupo MODP2/3, o pino reduziu a incidência de fraturas catastróficas pela metade, comparado ao grupo MOD2/3 (Figura 9). Figura 9- Tipos de falhas após testes de resistência à fratura. Fonte- Soares et al., 2008a Salameh et al. (2008) compararam a resistência à fratura e modo de fratura de incisivos superiores tratados endodonticamente restaurados com núcleos de resina composta, com ou sem pinos de fibra de vidro, com diferentes sistemas de coroas totais. As hipóteses nulas testadas foram que a resistência à fratura e modo de fratura destes dentes não são afetados pelo uso de pinos de fibra ou pelo tipo de coroa total. Para isso, 120 incisivos superiores foram tratados endodonticamente e divididos em 4 grupos de 30. Cada grupo foi dividido em 2 subgrupos: restaurações com ou sem pinos. Coroas livres de metal foram colocadas no grupo 1. Coroas de Empress II foram colocadas no grupo 2. Coroas de SR Adoro (resina de laboratório) realizadas no grupo 3 e coroas de Cercon no grupo 4. Os resultados dos testes de fratura mostraram que o tipo de coroa não foi um fator importante na resistência à fratura, enquanto a presença de um pino foi um fator significante. Tanto a presença do pino quanto o tipo de coroa tiveram uma influência significativa no padrão de fratura. 34 Os padrões de fraturas são significativamente mais favoráveis na presença de pinos de fibra de vidro (post) do que na ausência de pinos (no post). Área em preto: porcentagem de fraturas restauráveis. Área em cinza: porcentagem de fraturas não restauráveis (Figura 10). Figura 10- Padrão de fratura com ou sem pino de fibra Fonte- SALAMEH et al., 2008 Embora a literatura geralmente não defenda o emprego de pinos de fibra em incisivos tratados endodonticamente, os resultados deste estudo indicam que o uso de pinos de fibra aumentou a resistência à fratura e melhorou o prognóstico em casos de fratura. Zarow, Devoto e Saracinelli (2009), fizeram uma revisão sobre reconstrução de dentes posteriores tratados endodonticamente, com ou sem o uso de pino. Como resultado da revisão realizada e experiência clínica dos autores, eles sugerem que, em molares tratados endodonticamente, se há dentina coronal suficiente e a câmara pulpar fornece adequada retenção para o núcleo ou restauração, não é necessária uma retenção adicional com pinos. Defendem, também, que pino de fibra deveria ser empregado na reconstrução de molares tratados endodonticamente, quando dentina coronal adequada não está presente. Durante a construção do núcleo, especialmente quando não é utilizado pino, cuidados especiais com a técnica 35 adesiva deveriam ser observados para alcançar a melhor adesão possível ao tecido dental. E para pré-molares tratados endodonticamente, o pino de fibra de vidro deve ter o comprimento de pelo menos o mesmo da coroa. Para finalizar, afirmam que a colocação de pinos de fibra ou restauração com resina composta deveria ser realizada imediatamente após o tratamento endodôntico. Jiang et al. (2010) encontraram bons resultados com restaurações de resina composta em uma pesquisa onde avaliaram a distribuição das tensões em prémolares restaurados com inlays ou onlays com ou sem tratamento endodôntico. Este estudo teve o objetivo de determinar a tensão de von Mises em um pré molar inferior usando um modelo tridimensional de elementos finitos. Desta forma, foram criados quatro grupos: Grupo IV (restaurações inlays em polpa viva); Grupo OV (restaurações onlays em polpa viva); Grupo IE (restaurações inlays com tratamento endodôntico) e Grupo OE (restaurações onlays com tratamento endodôntico). Em cada grupo foram testados três tipos de materiais restauradores: resina composta, cerâmica e liga de ouro (grupo controle) com módulo de elasticidade de 19,6 GPa, 65 GPa e 96,6 GPa respectivamente. Cada modelo recebeu uma carga de 45 N na superfície oclusal, aplicada vertical e obliquamente (45 graus). A distribuição de padrões de tensão e as tensões máximas de von Mises na dentina foram calculadas e comparadas. Os autores verificaram que as restaurações com diferentes materiais apresentaram padrões de distribuição de tensão similares sob as mesmas condições de cargas. Mas em cada grupo, a tensão máxima gerada na dentina foi maior sob forças oblíquas do que sob forças verticais. E sob ambas as cargas, vertical e lateral, o dente restaurado com ouro sofreu maior estresse, seguido pelas inlays cerâmicas e inlays de resina composta. Estes resultados indicam que os materiais com módulo de elasticidade menor reduzem a tensão gerada na dentina, porém as maiores diferenças foram encontradas nos diferentes métodos de restauração. Assim, usar o método de restauração apropriado pode ser mais importante do que usar um material restaurador particular. Para as inlays a maior quantidade de tensão gerada foi localizada no interior do dente, enquanto para as onlays foi dentro das restaurações. Os autores constataram que o tratamento endodôntico foi responsável por uma maior concentração de tensão na dentina, mas que a abordagem restauradora adequada pode minimizar tensões internas. Nesse sentido, dentes tratados endodonticamente e restaurados com onlays apresentaram uma 36 distribuição de tensões mais favorável do que os restaurados com inlays, independentemente do material ou direção da carga. Bitter et al. (2010) obtiveram resultados semelhantes ao constatar que prémolares superiores restaurados com inlays MOD cerâmicas mostraram resistência à fratura significativamente inferior, comparados ao grupo restaurado com onlays, com cobertura de cúspide palatina. E, também, que dentes tratados endodonticamente mostraram resistência à fratura significativamente mais baixa comparados a dentes vitais. Um estudo de Faria et al. (2011) enfatiza as características de dentes tratados endodonticamente e alguns princípios a serem observados na abordagem restaurados deles. No passado, os dentes tratados endodonticamente foram considerados mais frágeis devido à mudança estrutural na dentina, causada pela perda de água e colágeno após a endodontia. Porém, hoje, sabe-se que essa fragilidade é decorrente da perda de estrutura coronal e que, associada ao preparo de acesso, resulta em aumento da deflexão cuspídea durante a função, aumentando os riscos de fratura. Para o planejamento restaurador, de dentes tratados endodonticamente, deve ser considerada a quantidade de estrutura coronal remanescente e a exigência funcional destes. Em dentes com perda de mais de 50% de tecido está indicado o emprego de um pino dentário para reter o núcleo e distribuir o estresse. A presença de estrutura dental vertical fornece o efeito férula, que é importante para o sucesso da restauração a longo prazo, contribui para a distribuição da carga, aumenta a estabilidade e resistência à torção (Figura 11). a) Figura 11- Remanescente dental (a) sem efeito férula e (b) com efeito férula . Fonte- Faria et al., 2011 b) 37 A demanda funcional do dente está ligada a sua posição na arcada, e é um fator importante a ser considerado na seleção da técnica e do material restaurador. Os dentes anteriores estão sujeitos a forças laterais, exigindo com mais freqüência o uso de pinos dentários para distribuir as forças na coroa e raiz, evitando fraturas. Por outro lado, nos dentes posteriores incidem mais forças verticais, assim, um pino dentário deve ser indicado quando é a única forma de reter a restauração. Da mesma forma, as exigências funcionais determinarão o tipo de pino a ser escolhido. Assim, os pinos moldados, metálicos ou cerâmicos são as opções quando o elemento dentário é pilar de prótese parcial removível ou fixa, ou quando não há nenhuma estrutura dental remanescente. Já os pinos de fibra são indicados quando há perda de estrutura coronal porque seu módulo de elasticidade é próximo ao da dentina, mas alguma estrutura coronal remanescente é necessária para reter o núcleo quando sistemas adesivos são usados. A escolha de um pino dentário deve seguir alguns princípios como a preservação de estrutura dental, retenção e resistência, reversibilidade, efeito férula e modo de falha. 38 3 DISCUSSÃO Dentes tratados endodonticamente requerem um cuidado especial na abordagem restauradora. Embora seja uma prática freqüente nos consultórios odontológicos, a restauração destes dentes é considerada um desafio dentro da Odontologia, gerando discussões entre os profissionais. Isso ocorre devido às diversas opções de tratamento, mas devido, também, a alguns equívocos relacionados ao assunto. Dúvidas de quando utilizar pinos, qual tipo de pino a ser empregado, bem como a longevidade promovida pelo tipo de material restaurador e técnica adotada estão normalmente presentes no momento de restaurar um dente tratado endodonticamente. A alteração na estrutura da dentina decorrente da desidratação pelo tratamento endodôntico não tem uma influência importante no comportamento biomecânico dos dentes como a resistência à tração e à compressão. Porém, o uso de irrigantes como o hipoclorito de sódio e quelantes usados na terapia endodôntica parecem afetar no módulo de elasticidade, resistência flexural, microdureza, além de afetar negativamente a adesão (SCHARTZ; FRANSMAN, 2005; DIETSCHI et al., 2007; PASCON et al., 2009). Entretanto, a maior alteração dos dentes tratados endodonticamente é causada pela perda de estrutura coronal devido a cáries, fraturas, restaurações pré-existentes, preparos de acesso endodôntico não conservativos e preparos cavitários extensos com remoção de estruturas de reforço como as cristas marginais e o teto da câmara pulpar (SEDGLEY; MESSER, 2002; DIETSCHI et al., 2007; COBANKARA et al., 2008; SOARES et al., 2008; DIETSCHI, et al., 2008; VÂRLAN et al., 2009), o que leva ao enfraquecimento do dente aumentando o risco de fraturas (FARIA et al., 2011). Decidir pelo emprego ou não de pinos dentários é difícil e complexo porque cada caso tem suas peculiaridades. Segundo Bispo (2008) não há um procedimento padrão em todas as situações clínicas para a colocação de pinos dentários, uma vez que as variáveis clínicas são muitas. De acordo com a literatura revisada, os pinos dentários não reforçam as raízes de dentes tratados endodonticamente (BORG et al., 2005; BISPO, 2008; FARIA et al., 2011), pois eles não devolvem as estruturas de reforço perdidas. Na verdade, os pinos dentários podem até mesmo contribuir para enfraquecer ainda 39 mais o dente (GOHRING; PETERS, 2003; CREUGERS et al., 2005; LANG et al., 2006; DIETSCHI et al., 2007; BARNABÉ et al., 2009). Porém, os pinos dentários induzem uma alteração no padrão de concentração de tensões, assegurando a distribuição uniforme das tensões resultantes das cargas que incidem no dente (UCHÔA et al., 2008; SALAMEH et al. 2008). Para Soares et al. (2008a) a distribuição do estresse, com o uso de pino de fibra de vidro, favoreceu o padrão de fratura somente em dentes com grandes perdas de tecido coronário. Portanto, a colocação de um pino dentário deve ter como objetivo o suporte e retenção da restauração nos casos onde uma grande destruição da dentina coronal não permite que o remanescente retenha a restauração, seja ela direta ou indireta (DIETSCHI et al., 2007; ZAROW; DEVOTO; SARACINELLI, 2009; VÂRLAN et al., 2009). Muitos autores indicam a utilização de pinos dentários em dentes tratados endodonticamente quando a metade ou mais da estrutura dura do dente foi perdida, para prover a reabilitação estética e funcional (UCHÔA et al. 2008; KAIZER et al., 2009; VÂRLAN et. al., 2009). No entanto, a avaliação da condição estrutural do remanescente dental deve ser associada a outros fatores como o tipo de dente, se anterior ou posterior, e as exigências funcionais (CONCEIÇÃO; CONCEIÇÃO, 2002; SCHWARTZ; ROBBINS, 2004; ZAROW; DEVOTO; SARACINELLI, 2009; FARIA et al., 2011). Os dentes anteriores, mais freqüentemente, necessitam de um pino para ajudar na retenção da restauração por estarem sujeitos a forças laterais ou oblíquas, enquanto os dentes posteriores são mais submetidos a cargas compressivas (UCHÔA et al.; 2008). No entanto, em um estudo clínico de 17 anos em dentes unirradiculares, Fokkinga et al. (2008) obtiveram a mesma longevidade com coroas diretas de resina sem pinos dentários comparadas às reconstruções de resina associadas a um pino metálico pré-fabricado (Apêndice). Os pinos metálicos fundidos ainda são os mais utilizados pelos profissionais nas restaurações de dentes tratados endodonticamente, com extensa destruição coronária (GRADASCHI; GARBIN; RIGO, 2009; NUNES et al., 2009). Alguns trabalhos mostram que não há diferenças estatisticamente significantes entre os pinos de fibra, pinos metálicos pré-fabricados e os metálicos fundidos, na resistência à fratura dos dentes, principalmente na presença de 2 mm de altura de remanescente coronário (BORG et al., 2005; CREUGERS et al., 2005; GRADASCHI; GARBIN; RIGO, 2009). Aliás, é um consenso na literatura de que o efeito férula influencia no aumento da longevidade do dente tratado endodonticamente que 40 recebe um pino dentário (NAUMANN et al., 2005; TAN et al., 2005; CREUGERS et al., 2005; PEREIRA et al., 2006; FERRARI et al., 2007; FARIA et al., 2011). No entanto, outros autores defendem que os pinos de fibra de vidro fornecem um padrão de fratura mais favorável, diminuindo a ocorrência de fraturas irreparáveis (DIETSCHI et al., 2007; FERRARI et. al., 2007; NAUMANN et al., 2008; SALAMEH et al., 2008; SOARES et al., 2008b; SANTOS et al., 2010). A fratura do dente tratado endodonticamente está mais relacionada à quantidade de remanescente dental do que à presença ou não de um pino dentário. Portanto, a preservação da estrutura dental é considerada o fator mais importante no aumento da longevidade dos dentes tratados endodonticamente e segundo Dietschi et al. (2008), no futuro, com técnicas de preparos mais conservadores, o uso de pinos dentários deverá tornar-se exceção e não regra. Desta forma, quando procedimentos adesivos e restaurações diretas de resina são usados, possibilitam uma maior conservação do tecido dentário remanescente (GRANDINI et al., 2005; LANG et al., 2006; NUNES et al., 2009), uma vez que os preparos cavitários indiretos fragilizam mais o remanescente dentário do que os preparos diretos, ocasionando uma diminuição na resistência à fratura (MONDELLI et al., 2007; SOARES et al., 2008b). As reconstruções de dentes tratados endodonticamente com pino de fibra e resina composta direta tiveram resultados clínicos favoráveis (MANOCCI et al., 2002; GRANDINI et al., 2005; DIETSCHI et al., 2008; HAYASHI et al., 2008). As técnicas restauradoras parecem não apresentar diferenças importantes na resistência à fratura de dentes tratados endodonticamente, mas as inlays de cerâmicas têm um padrão de fratura mais favorável do que as restaurações diretas de amálgama e de resina e do que as indiretas de resina de laboratório. Já as restaurações de amálgama têm a menor resistência à fratura e também o pior padrão de fratura comparado ao das restaurações adesivas, como mostra o Apêndice A (COBANKARA et al., 2008; SOARES et al., 2008b). Por outro lado, Jiang et al., (2010) encontraram valores mais altos de resistência à fratura em inlays de resina composta do que em inlays cerâmicas, indicando que os materiais com módulo de elasticidade menor reduzem a tensão gerada na dentina. Porém, quando compararam inlays e onlays constataram que dentes, tratados endodonticamente, restaurados com onlays apresentam uma distribuição de tensão mais favorável, independentemente do material utilizado. 41 Para restabelecer a resistência necessária à função do dente, se indicava recobrimento das cúspides nos posteriores (SCHWARTZ; ROBBINS, 2004) e nos anteriores o envolvimento total da porção coronária (AQUILINO; CAPLAN, 2002). Porém, hoje, as técnicas adesivas, diretas ou indiretas, possibilitam a criação de um corpo único com o dente e segundo Magne e Belser (2003), deve-se produzir restaurações que sejam compatíveis com as propriedades mecânicas, biológicas e ópticas dos tecidos dentais. 42 4 CONCLUSÃO Com base na revisão bibliográfica realizada concluiu-se que: - As alterações na microestrutura da dentina, após o tratamento endodôntico, parecem não ser relevantes na diminuição da resistência à fratura de dentes tratados endodonticamente, mas sim, a quantidade de tecido coronário perdido. - A avaliação da quantidade de tecido coronário remanescente e a exigência funcional do dente tratado endodonticamente são os fatores mais importantes a serem considerados para utilizar ou não pinos dentários. - Pinos dentários não reforçam os dentes, portanto, são indicados somente quando são imprescindíveis para reter a restauração. - Os procedimentos adesivos e as restaurações diretas de resina contribuem para a preservação de tecido dentário, o que é essencial para a longevidade do complexo dente-restauração. 43 REFERÊNCIAS AQUILINO, S. 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O efeito férula influenciou na longevidade sem pinos de restaurações com pinos e núcleos Acompanhamento Analisar a influência da quantidade de Coroa metalo-cerâmica com ou sem Pinos de fibra diminuíram significativamente riscos de clinico- 2 anos dentina coronal remanescente e pinos pino de fibra falhas. O risco de falha foi aumentado nos dentes com de fibra no risco de fratura de pré- nenhum efeito férula molares tratados endodonticamente. Fokkinga et al., 2008 Cobankara et al., 2008 Acompanhamento Verificar a sobrevivência de dentes Pino metálico pré-fabricado+ núcleo e Nenhuma clinico- 17 anos unirradiculares coroa de RC direta e coroa de RC reconstruídos com RC direta com ou sem um pino metálico in vitro tratados diferença na sobrevivência dos dentes endodonticamente direta sem pino Avaliar o efeito de diferentes técnicas Dentes restaurados com Amálgama, Dentes restaurados com amálgama tiveram a menor restauradoras na resistência à fratura Resina composta, cerâmicas híbridas resistência à fratura e o pior padrão de fratura. O padrão de de e resina reforçada por Ribbond fratura mais favorável foi observado nas inlays de molares inferiores endodonticamente MOD com tratados cavidades cerâmicas híbridas, comparados aos grupos restaurados com Am, RC e RC reforçada por Ribbond. Não houve diferenças significativas na resistência à fratura entre os grupos 48 Soares et al., 2008b In vitro Analisar técnica Preparos MOD, diretos e indiretos. O grupo restaurado com técnicas adesivas mostrou restauradora na resistência à fratura e a Restaurados com Amálgama, Resina resistência à fratura significativamente mais alta que o modo pré-molares composta, Resina de laboratório e grupo restaurado com Amálgama. A fraturas catastróficas superiores tratados endodonticamente Cerâmica feldspática reforçada por foram prevalentes nos grupos de amálgama e resina leucita processada em laboratório. O melhor padrão de fratura foi de influência fratura de da do grupo de cerâmica feldspática reforçada por leucita Soares et al., 2008a Salameh et al., 2008 In vitro In vitro Avaliar a influência do design cavitário Preparo MOD restaurado com RC; O grupo MOD apenas restaurado com RC apresentou os e pino de fibra de vidro na distribuição MOD restaurado com pino de fibra de mais altos valores de resistência à fratura. Os outros grupos do estresse e resistência à fratura de vidro+RC; MOD+ perda de 2/3 ocluso- não mostraram diferenças importantes na resistência à pré molares inferiores tratados cervical da cúspide V+RC e fratura entre eles. No caso de grande perda de estrutura endodonticamente MOD+perda de 2/3 ocluso-cervical da coronal o pino reduziu a incidência de fraturas catastróficas cúspide V+pino de fibra de vidro+RC pela metade Comparar a resistência à fratura e Núcleos de RC com ou sem pino de O tipo de coroa não foi importante na resistência à fratura, modo fibra de vidro. mas a presença do pino sim. Tanto o pino como o tipo de Restaurações com coroas livres de coroa influenciou no padrão de fratura. O padrão de fratura metal, coroas de Empress II, coroas é significativamente mais favorável na presença de pinos de de SR Adoro (resina de laboratório) e fibra de fratura de incisivos superiores tratados endodonticamente coroas de Cercon