Pressão alta: um conceito em evolução Estamos em plena campanha, encetada pelo Departamento de Hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia, cujo slogan é: "eu sou 12 x 8". Outras sociedades como a Sociedade Brasileira de Cardiologia e Sociedade Brasileira de Hipertensão, em parceria com as prefeituras e empresas, todos os anos promovem ações de controle e prevenção da doença para a população. Essas ações geralmente são feitas em dias específicos como dia nacional de controle da hipertensão, mas com previsão de aumentar, já que o gasto do governo com medicamentos cresce a cada ano. De acordo com dados do Ministério da Saúde, cerca de 33 milhões de brasileiros sofrem de hipertensão e outras 7,5 milhões, de diabetes. O Governo Federal, com o programa Farmácia Popular, já distribui em todo o Brasil 11 medicamentos para hipertensão e diabetes gratuitamente. Qualquer pessoa pode retirá-los em uma farmácia conveniada, desde que tenha receita médica. Sabemos que pressão arterial acima do limite de 12 x 8, está associada à doença no coração, nos vasos, nos rins e no cérebro. O acometimento desses órgãos determina o aparecimento de Enfarte e Acidente Vascular Cerebral - AVC, Derrame (ainda a maior causa de morte nos brasileiros, nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento). Revelando claramente que a luta contra a hipertensão vem sendo perdida. O diagnóstico de hipertensão ainda é feito com medidas de pressão realizadas nos consultórios, utilizando-se equipamentos validados e calibrados, em duas medidas durante uma consulta, e em pelo menos duas consultas. Valores iguais ou superiores a 140 x 90 (14 x 9) no consultório, e 130 x 80 (13x8) em casa, são considerados limites para o preciso diagnóstico de hipertensão. Foi descoberto que monitorar a pressão arterial em casa ajuda a controlar os efeitos de medicamentos para hipertensão e a detectar a hipertensão mascarada e sintomas difíceis de encontrar de outra forma. Por esses e outros motivos, organizações médicas do mundo todo agora enfatizam a importância do monitoramento doméstico da pressão arterial. Muitos médicos recomendam que seus pacientes façam suas medições em casa e utilizam essas leituras em seus diagnósticos. Hipertensão do Avental Branco é relativamente comum e acomete cerca de 30% dos pacientes que procuram os consultórios. Caracteriza-se por pressão medida no consultório sempre acima de 140 x 90, e quando a pressão é medida fora dos ambientes de consultório, os valores são sempre inferiores a 135 x 85. Ainda não há clareza suficiente se essa é uma situação benigna. O seu diagnóstico é fundamental para que não se trate com remédios pacientes que deles não necessitam. O diagnostico dessa situação exige medidas da pressão arterial, fora dos consultórios, com equipamentos confiáveis (validados e calibrados). Hipertensão Mascarada é o contrário da situação anterior e a sua prevalência é um pouco menos, de 8 a 12%, mas sua importância maior, pois seu diagnostico quase sempre é feito tardiamente. Caracteriza-se pelas medidas de pressão nos consultórios inferiores a 140 x 90, e pressão medida em cada maior que 135 x 85. Em idosos a sua prevalência é bem maior, cerca de 40%, e está fortemente associada ao tabagismo. Hipertensão Verdadeira: pressão aumentada no consultório e em casa. Três modalidades de hipertensão, que ampliam o conceito da doença que mais mata e mais incapacita em todo o mundo. Na última década, cresceu em todo o mundo a certeza de que medidas de pressão arterial, realizadas longe dos ambientes dos consultórios, e utilizando para essa finalidade equipamentos digitais que medem a pressão arterial por oscilometria, podem ajudar no diagnóstico da hipertensão por caracterizar duas situações relativamente comuns: hipertensão do avental branco e hipertensão mascarada. Também podem dimensionar o chamado efeito do avental branco e o efeito mascarado da pressão arterial; auxiliar no acompanhamento do tratamento anti-hipertensivo; melhorar a adesão ao tratamento; e, com indiscutíveis utilidades em pesquisas clínicas. As VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, recentemente publicadas, definem a Automedida da Pressão Arterial (AMPA) como uma possibilidade concreta a ser utilizada na população hipertensa, por entender a sua utilidade e praticidade. Apenas recomenda que diante de um resultado de AMPA, o médico baseie a sua conduta em dois exames já transformados em ferramentas científicas que são: a MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial) e a MRPA (Monitorização Residencial da Pressão Arterial) Como decido na hora de comprar um aparelho para medir a pressão arterial? Essa é uma pergunta, “comumente”, feita por qualquer pessoa na hora de comprar um equipamento para medir a pressão arterial. Digo “comumente”, porque outras vezes a pergunta não é feita, e a decisão é tomada pela oportunidade, e mesmo pelo preço. No Brasil, temos mais de 40 marcas de aparelhos que atendem a essa finalidade (medir a pressão arterial), muitos não possuem qualidade, e podem oferecer falsas informações sobre o comportamento da pressão arterial. Ao decidir comprar um equipamento, alguns passos podem ser seguidos: a) Ouvir a indicação de seu médico acompanhante (quando houver); b) Para uso domiciliar recomenda-se os digitais oscilométricos, de leitura e uso simples, e se possível providos de memória; c) Por enquanto, os melhores equipamentos são o de braço, porque oferecem um valor de pressão mais real. É com base nesse tipo de medida que os médicos decidem pelo diagnóstico e avaliam o tratamento; d) Os equipamentos de punho também são úteis devido à portabilidade, economia de bateria, e, especialmente úteis, em pessoas obesas ou de braço cônicos onde a leitura se torna difícil. Alguns equipamentos possuem um sistema denominado APS, que evita medidas fora da posição ideal, melhorando sua precisão. Alguns trabalhos de validação estão sendo realizados no Brasil, e podem dentro de um curto tempo reforçar o valor desse tipo de medida; e) Procurar informações sobre a validação do equipamento a ser adquirido. Validação é coisa séria e implica no cumprimento de um rígido e dispendioso protocolo. Os mais reconhecidos são os da Sociedade Britânica de Hipertensão (BHS), e da Associação Americana para o Avanço de Instrumentos Médicos. Esses critérios são exigências para o uso profissional de um equipamento digital; f) Para o uso domiciliar, com a finalidade de acompanhar o tratamento e melhorar a adesão, existe alguns equipamentos que recebem indicação das Sociedades: no Brasil (SBC e SBH), nos Estados Unidos (AHA e ASH) e na Europa (ESC). Nesse caso aparece nas caixas que uma determinada sociedade recomenda o uso de certo equipamento; g) Também é muito importante que o vendedor do equipamento ofereça tamanhos diferenciados de manguito. Seguindo essas recomendações é possível que o comprador de um equipamento digital, para medir a pressão arterial, possa usufruir desse benéfico de entender melhor o comportamento da pressão arterial, fornecer adequadas informações a seu médico acompanhante, e conseguir um controle mais adequado de sua pressão. Referência: Dr. Marco Mota Professor Titular de Cardiologia da Faculdade de Medicina da UNCISAL Fonte: http://www.omronbrasil.com