UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Curso de Medicina Veterinária TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C) CURITIBA 2009 1 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C) CURITIBA 2009 2 Mariana Mezzadri de Oliveira TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C) Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciência Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Orientador Acadêmico: M.Sc. Ricardo Maia Orientador Profissional: Dra. Patrícia Mendes Pereira CURITIBA 2009 3 TERMO DE APROVAÇÃO MARIANA MEZZADRI DE OLIVEIRA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C) Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção de título de Médica Veterinária por uma banca examinadora do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, 15 de junho de 2009 ________________________ Medicina Veterinária Universidade Tuiuti do Paraná ________________________ Orientador: Prof. MSc. Ricardo Maia Universidade Tuiuti do Paraná _______________________ Profª MSc Marúcia de Andrade Cruz Universidade Tuiuti do Paraná _______________________ Profª Gisele Ludwig Tesseroli Universidade Tuiuti do Paraná 4 Reitor Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos Pró Reitor Administrativo Sr Carlos Eduardo Rangel Santos Pró Reitora Acadêmica Prof.ª Carmem Luiza da Silva Pró Reitor de Planejamento Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos Pró Reitor de Pós Graduação, Pesquisa e Extensão Prof.ª Roberval Eloy Pereira Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Prof. João Henrique Faryniuk Coordenadora do Curso de Medicina Veterinária Prof.ª Ana Laura Angeli Campus Prof. Sidney Lima Santos Rua Sidney A. Rangel dos Santos 238 - Santo Inácio Cep 82010-330- Curitiba- Paraná 3331-770 5 APRESENTAÇÃO Este trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresentado ao curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, com requisito parcial para obtenção do título de Médica Veterinária, é composto de Relatório de Estágio nos quais são descritas as atividades realizadas na Universidade Estadual de Londrina (UEL), na área de Clínica Médica de Animais de Companhia no período, de 02 de março de 2009 a 01 de maio de 2009, e relato de três casos acompanhados durante o período. 6 DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho ao meu pai Robson, a minha mãe Leila, a minha irmã Liliana, e a todos que presenciaram o meu amor e a minha dedicação aos animais e a minha profissão. 7 Agradecimentos Agradeço a Deus primeiramente pela serenidade que me foi concedida durante as minhas decisões, principalmente nos momentos mais difíceis. Agradeço a meus pais, pelas palavras de carinho durante as dificuldades que foram apresentadas, e sem dúvida foram os grandes incentivadores para ser Médica Veterinária. Agradeço pela eterna compreensão durante todos os anos da minha vida. Agradeço a minha irmã Liliana, por me entender e me apoiar em todos os momentos. Agradeço ao meu avô Vitório que sempre está do meu lado, e ao avô Dorival, que mesmo onde estiver me ensinou o verdadeiro valor da vida. Agradeço a minha Magali, a Catarina e ao Biscuit que sem dúvida demonstram amor incondicional durante todas as horas da minha vida, e é o grande incentivo para ir à busca do conhecimento na minha profissão. Agradeço os meus professores pelos ensinamentos adquiridos, a Prof.ª MSc Taís Marchand e ao Prof. MSc Ricardo Maia. Agradeço aos meus amigos, que sempre me deram força em todas as situações. 8 Agradeço a equipe do Hospital Veterinário da UEL, pelos ensinamentos adquiridos durante o estágio curricular, em especial a Prof.ª Dra Suely Beloni, Prof.ª Dra Patrícia Mendes e ao Prof. Dr . Antônio Carlos Reis. 9 “A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados” Mahatma Gandhi 10 RESUMO: O estágio curricular supervisionado foi realizado no Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Londrina- PR. O período de estágio foi entre 02 de março e 01 de maio de 2009, totalizando 360 horas. As atividades desenvolvidas durante o período de estágio acompanhamento de consultas e retornos, anamnese, coleta de materiais biológicos, auxílio no exame radiológico, participação em plantões, acompanhamento em consultas de especialistas, realização de procedimentos ambulatoriais e acompanhamento de pacientes sob internação. Estando sob a orientação dos professores: Suely Beloni, Patrícia Mendes, Pedro Luiz Camargo, Marcelo Zanutto e Kléber Moreno. O presente relatório tem como objetivo discutir três casos clínicos acompanhados durante o período de estágio com a bibliografia consultada, sendo eles Cardiomiopatia Dilatada, Insuficiência Renal Crônica em cães. Palavra- Chave: Cardiomiopatia Dilatada, Insuficiência Renal Crônica, Cão 11 Abstract The present obrigatory probation was performed at the Veterinary Hospital of Londrina’s State University, localized at Londrina, Paraná. The period of probation between March 2nd and May 1st of 2009, totalizing 360 hours. The activities evolved during the period of probation were consultations and returns, anamnesis, collection of biological materials, help in the radiological examination, on call periods, specialist visits, ambulatorial procedures and monitoring hospitalized pacients. All these activities were guided by the following professors: Suely Beloni, Patrícia Mendes, Pedro Luiz Camargo, Marcelo Zanutto e Kléber Moreno. The aim of these report was to discuss three clinical cases observed during the probation period with em extent bibliography review about Dilated Cardiomyopathy, Chronic Renal Failure in dogs. Key- Words: Dilated Cardiomyopathy, Chronic Renal Failure, dog 12 LISTA DE ABREVIATURAS UEL- Universidade Estadual de Londrina HV- Hospital Veterinário CMAC- Clínica médica de animais de companhia R- Residente R1- Residente no primeiro ano de residência R2- Residente no segundo ano de residência PS- Pronto Socorro MI- Moléstias Infecciosas e Zoonoses BID- A cada 12 horas TID- A cada 8 horas VO- Via oral SC- Via subcutânea VI - Intravenoso mg/kg- Miligramas por quilograma u/kg- Unidades por quilograma FC- Frequência Cardíaca FR- Frequência Respiratória PTH- Paratormônio CMD- Cardiomiopatia Dilatada ICC- Insuficiência Cardíaca Congestiva 13 IRA- Insuficiência Renal Aguda IRC- Insuficiência Renal Crônica SRD- Sem raça definida ECG- Eletrocardiograma FA- Fosfatase alcalina SRAA- Sistema Renina Angiotensina Aldosterona ECA- Enzima conversora de Angiotensina PA- Pressão arterial KCL- Cloreto de Potássio 14 LISTA DE FIGURAS FIGURA 01- AMBULATÓRIO DO HV-UEL............................................................19 FIGURA 02. INTERNAMENTO DO HV-UEL.........................................................20 FIGURA 03. SALA DE EMERGÊNCIA DO HV- UEL.............................................20 FIGURA 04. SALA DE EMERGÊNCIA DO PS DO HV- UEL.................................21 FIGURA 05. SALA DE RADIOGRAFIA DO HV- UEL............................................21 FIGURA 06. SALA DE ULTRASSONOGRAFIA DO HV-UEL................................22 FIGURA 07. SETOR DE ISOLAMENTO DO HV-UEL .........................................22 FIGURA 08. BOXER, 13 ANOS- FÊMEA..............................................................35 FIGURA 09. DRENAGEM DE EFUSÃO ABDOMINAL..........................................36 FIGURA 10. LÍQUIDO DE EFUSÃO ABDOMINAL...............................................37 FIGURA 11. PACIENTE APÓS O PROCEDIMENTO..........................................37 FIGURA 12. RADIOGRAFIA LÁTERO- LATERAL...............................................38 FIGURA 13. RADIOGRAFIA VENTRO-DORSAL..................................................39 FIGURA 14. PACIENTE DURANTE AVALIAÇÃO.................................................40 FIGURA 15. PROCEDIMENTO DE ABDOMINOCENTESE..................................41 FIGURA 16. PACIENTE APÓS O PROCEDIMENTO............................................41 FIGURA 17. SRD , 4 ANOS- MACHO...................................................................53 FIGURA 18. AVALIAÇÃO DO PACIENTE NECROPSIADO.................................57 FIGURA 19. HIDROPERICÁRDIO.........................................................................57 FIGURA 20. AVALIAÇÃO DA MEDULA ÓSSEA...................................................58 15 FIGURA 21. ASPECTO DA MEDULA ÓSSEA......................................................58 FIGURA 22. RIM COM CORTICAL ESTREITADA................................................59 FIGURA 23. PALIDEZ NOS RINS.........................................................................59 FIGURA 24. PITBULL, 10 ANOS – FÊMEA..........................................................60 FIGURA 25. PROCEDIMENTO DE AFERIÇÃO DA PA........................................62 16 ÍNDICE DE TABELAS E GRÁFICOS TABELA 1- NÚMERO DE CASOS CLÍNICOS ACOMPANHADOS POR ESPECIALIDADE, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO NO HV-UEL..................24 TABELA 2- PROCEDIMENTOS E EXAMES COMPLEMENTARES ACOMPANHADOS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO NO HV-UEL.................25 GRÁFICO 1- RELAÇÃO DE CÃES E GATOS ATENDIDOS NO HV DA UEL O PERÍODO DE 02 DE MARÇO A 01 DE MAIO DE 2009............................................26 GRÁFICO 2- RELAÇÃO DE ATENDIMENTOS CLÍNICOS NO HV- UEL POR ESPECIALIDADES DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO.....................................26 GRÁFICO 3- RELAÇÃO DE PROCEDIMENTOS E EXAMES COMPLEMENTARES REALIZADOS NO HV-UEL.......................................................................................27 17 ÍNDICE DE QUADROS QUADRO 1- ALTERAÇÕES NO HEMOGRAMA.......................................................54 QUADRO 2- ALTERAÇÕES NO BIOQUÍMICO.........................................................54 QUADRO 3- ALTERAÇÕES NA DENSIDADE URINÁRIA........................................54 QUADRO 4- ALTERAÇÕES NO HEMOGRAMA.......................................................61 QUADRO 5- ALTERAÇÕES ENDÓCRINAS.............................................................62 18 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO......................................................................................................17 2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO .............................................................18 3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ........................................................................23 3.1. CASUÍSTICA......................................................................................................23 4. DESCRIÇÃO DOS CASOS CLÍNICOS................................................................28 4.1 CARDIOMIOPATIA DILATADA.........................................................................28 4.1.1 Introdução........................................................................................................28 4.1.2 Anatomia .........................................................................................................28 4.1.3 Fisiologia..........................................................................................................28 4.1.4 Epidemiologia...................................................................................................29 4.1.5 Etiologia............................................................................................................29 4.1.6 Fisiopatologia....................................................................................................29 4.1.7 Diagnóstico.......................................................................................................30 4.1.8 Tratamento........................................................................................................33 4.1.9 Prognóstico.......................................................................................................34 4.1.10 Caso Clínico....................................................................................................35 4.1.11 Discussão........................................................................................................43 19 4.2 INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA 4.2.1 Introdução......................................................................................................46 4.2.3 Anatomia Renal.............................................................................................46 4.2.4 Fisiologia Renal.............................................................................................46 4.2.5 Epidemiologia................................................................................................47 4.2.6 Etiologia.........................................................................................................47 4.2.7 Fisiopatologia.................................................................................................47 4.2.8 Sinais Clínicos...............................................................................................48 4.2.9 Diagnóstico....................................................................................................49 4.10 Achados de Necrópsia....................................................................................50 4.11 Tratamento......................................................................................................50 4.12 Prognóstico.....................................................................................................52 4.13 Caso Clínico1..................................................................................................53 4.14 Achados Laboratoriais.....................................................................................54 4.15 Caso Clínico 2- ...............................................................................................59 4.16 Achados Laboratoriais.....................................................................................60 4.17 Discussão........................................................................................................62 5 CONCLUSÃO.......................................................................................................64 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................65 20 1. INTRODUÇÃO O presente Trabalho de Conclusão de Curso da acadêmica Mariana Mezzadri de Oliveira, é composto por uma descrição do local de estágio, atividades desenvolvidas durante o período de estágio curricular obrigatório, revisão bibliográfica, relato de casos e discussão clínica de três casos acompanhados durante o estágio obrigatório. O estágio foi realizado no Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Londrina, do período de 02 de março a 01 de maio de 2009 sob orientação profissional da Prof.ª Dra Patrícia Mendes, e sob orientador acadêmico Prof. MSc Ricardo Maia da Universidade Tuiuti do Paraná. Nesse relatório estão descritos o local do estágio, as atividades desenvolvidas, a casuística do HV da UEL, sob a forma de tabelas e gráficos. O estágio curricular tem como objetivos adquirir conhecimento que foi concedido durante a graduação, e estimular o aprendizado e o profissionalismo. 21 2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO O Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Londrina têm como função primária, servir de campo para o ensino, pesquisa e extensão. O HV-UEL está localizado no Campus Universitário na Rodovia Celso Garcia Cid Km 380 na cidade de Londrina- PR. O Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Londrina é dividido em várias áreas de atendimento: Clínica Cirúrgica, Clínica Médica de Pequenos Animais, Teriogenelogia, Anestesiologia e Diagnóstico por Imagem. O HV conta com uma equipe de 11 docentes e 20 médicos residentes, que são denominados pela letra R, e conforme o ano em que entraram na residência podem ser R1 ou R2. Durante o primeiro ano de residência, ocorre um rodízio a cada mês entre as áreas, e no segundo ano o residente volta para a área que escolheu. Os residentes têm plantão noturno uma vez por semana ou conforme as escalas de R1 ou R2 plantonistas, sob a função de cuidar dos pacientes internados, sobretudo os pacientes críticos, da Clínica Médica, Cirúrgica e Isolamento de Animais de Companhia. O plantão matutino é realizado uma vez por mês com um residente para a Clínica Médica e outro para a Clínica Cirúrgica. O atendimento funciona de segunda a sexta das 08:00 ás 18:00 h, através de uma secretaria onde o responsável pelo paciente a ser atendido faz um cadastro, que depois é encaminhado para o setor de triagem, que é realizada por Médicos Veterinários docentes conforme a escala. O docente encaminhará o paciente para a área mais indicada. O atendimento é interrompido das 08:00 às 09:00 h por motivo de reunião clínica. O HV-UEL possui quatro ambulatórios para a clínica médica (Figura 01), dois para Teriogenologia, dois para a Clínica Cirúrgica. O Pronto Socorro (PS), possui 2 ambulatórios, sendo um específico para emergências de moléstias infecciosas. Os animais que por alguma enfermidade necessitam de cuidados, são encaminhados para o Internamento do HV-UEL conforme (FIGURA 02) que possui 22 três residentes e uma equipe de enfermeiros que garantem assistência aos pacientes internados. Os atendimentos de emergência são encaminhados para o PS da Clínica Médica ou Cirúrgica. O residente escalado para a semana do Pronto Socorro faz os atendimentos emergenciais, sob orientação de um docente da Clínica Médica e Cirúrgica. Os animais que necessitam de terapia intensiva são conduzidos para o ambulatório de emergência (FIGURA O3). Aqueles que necessitam de procedimentos intensivos são conduzidos a sala de procedimentos cirúrgicos do PS (FIGURA 04). O HV- UEL possui atendimento médico veterinário 24 horas por dia realizado por docentes de plantão. O setor de diagnóstico por imagem auxilia na conduta do médico veterinário em casos que são necessários exames de radiografia (FIGURA 05) e ultrassonografia (FIGURA 06). O laboratório de patologia clínica através de exames complementares auxilia o médico veterinário no possível diagnóstico. Os que passaram por exames criteriosos no ambulatório da MI, e foram detectados com doenças infecto contagiosas, são transferidos para o setor de isolamento de moléstias infecciosas e zoonoses.(FIGURA 07). FIGURA 1- AMBULATÓRIO DA CLÍNICA MÉDICA DE ANIMAIS DE COMPANHIA DO HV-UEL, 2009 23 FIGURA 2- INTERNAMENTO DO SETOR DE CLÍNICA MÉDICA DE ANIMAIS DE COMPANHIA DO HV-UEL, 2009 FIGURA 3- AMBULATÓRIO DE EMERGÊNCIA DO HV-UEL, 2009 24 FIGURA 4- SALA DE PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS DO PS FIGURA 5- SALA DE RADIOGRAFIA DO HV-UEL, 2009 25 FIGURA 6- SALA DE ULTRASSONOGRAFIA DO HV-UEL, 2009 FIGURA 7- SETOR DE ISOLAMENTO DE MOLÉSTIAS INFECTOCONTAGIOSAS E ZOONOSES DO HV-UEL, 2009 . 26 3. Atividades desenvolvidas Os estagiários fazem plantão conforme escala definida. De segunda a sexta o horário respectivo para o estagiário é das 08:00 às 18:00 horas, e nos plantões que são realizados no final de semana, a cada 15 dias funciona o mesmo horário dos dias de semana. A função do estagiário é auxiliar o residente da sala de internação e seus respectivos pacientes. O estagiário pode ser escalado para o atendimento com o residente no ambulatório, auxiliar nos procedimentos na sala de internação ou ficar no plantão do PS durante uma semana, auxiliando o residente. São realizados procedimentos cirúrgicos na semana do PS, onde o residente tem a função de anestesista e o professor de clínica cirúrgica realiza o procedimento cirúrgico, com o auxílio do estagiário do PS. 3.1 CASUÍSTICA Durante o período de estágio no HV-UEL, foram acompanhados 108 atendimentos, divididos por especialidades. Observou-se maior prevalência na porcentagem em casos clínicos de Infectologia, em seguida os casos de Dermatologia, Neurologia, e em último as outras afecções, conforme tabela 1 e gráfico 2. O HV-UEL possui uma casuística de cães e gatos diversificada. Sendo a maioria de cães. Conforme gráfico 1. Os procedimentos e exames complementares, acompanhados durante o período de estágio, prevaleceram com maior incidência o hemograma, bioquímicos, e depois outros exames realizados de rotina no HV-UEL. 27 Tabela 1: Número de Casos Clínicos atendidos por especialidade durante o período de estágio no HV-UEL Especialidade Número de casos Porcentagem Clínicos Infectologia 20 18,51% Dermatologia 18 16,6% Neurologia 13 12,0% Gastreenterologia 10 9,25% Hemoparasitoses 9 8,33% Urologia| Nefrologia 8 7,40% Endocrinologia 6 5,55% Toxicologia 6 5,55% Cardiologia 4 3,70% Oncologia 5 4,62% Oftalmologia 3 2,77% Pneumologia 3 2,77% Ortopedia 2 1,85% Odontologia 1 0,92% TOTAL 108 100% 28 Tabela 2: Procedimentos e Exames Complementares acompanhados durante o período de estágio no HV-UEL Procedimentos e Exames Número de casos Porcentagem Complementares Hemograma Completo 78 33,33% Bioquímica sérica 49 20,94% Urinálise 31 13,24% Radiografia 20 8, 547% Ultrassonografia 12 5, 128% Transfusão Sanguínea 8 3, 418% Abdominocentese 7 2, 991% Raspado de Pele 5 2,136% Sorologia 6 2, 564% Toracocentese 5 2, 136% Cultura Fúngica 4 1, 709% Glicemia por fitas reagentes 3 1,282% Citologia 2 0,854% 2 0, 854% Dosagem sérica de Eritropoetina 1 0, 427% Dosagem sérica de Fenobarbital 1 0,427% TOTAL 234 100% Mielografia e Colheita de Líquor 29 GRÁFICO 1- RELAÇÃO DE CÃES E GATOS ACOMPANHADOS NO HV-UEL. 28% , 30 72% , 78 Cães Gatos 100%-108 GRÁFICO 2- RELAÇÃO DE ATENDIMENTOS POR ESPECIALIDADES DURANTE O PERÍODO SE ESTÁGIO NO HV-UEL 20; 19% 57; 52% Infectologia 18; 17% Dermatologia 13; 12% Neurologia Outras Afecções 100%-108 30 GRÁFICO 3- RELAÇÃO DE PROCEDIMENTOS E EXAMES COMPLEMENTARES ACOMPANHADOS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO NO HV-UEL 78; 33% 107; 46% 49; 21% Hemograma Bioquímico Outros exames 234-100% 31 4 Descrição de Casos Clínicos 4.1 Cardiomiopatia Dilatada 4.1.1 Introdução A CMD é uma doença do miocárdio que provoca alteração na função contrátil e dilatação do ventrículo esquerdo (VE) ou de ambos os ventrículos (RICHARDSON et al, 1996). A anormalidade primária é a diminuição da contratilidade miocárdica, com dilatação secundária das câmaras cardíacas, havendo predomínio da disfunção sistólica, pode evoluir para insuficiência cardíaca (IC) ou não (dilatação sem IC), apresentar arritmia (atrial e / ou ventricular) e resultar em óbito em qualquer estágio da doença (RICHARDSON et al, 1996 ; SISSON et al , 1999; SISSON et al , 2000 e MEURS et al, 2005). A disfunção diastólica também pode ocorrer em estágios avançados da doença, sendo menos evidente que a disfunção sistólica, além de ser de mais difícil diagnóstico (SISSON et al; 2000) citado por Yamaki et al, (2007). 4.1.2 Anatomia O coração dos cães é um órgão oco de quatro cavidades, constituído preponderantemente por músculo cardíaco, o miocárdio. É envolvido pelo pericárdio, situa-se na cavidade torácica, entre a terceira e sétima costela, no mediastino médio, no terço médio do tórax. O coração constitui-se uma metade arterial esquerda e de uma metade venosa direita, os quais possuem duas câmaras, cada uma delas com um átrio e um ventrículo (KONIG e LIEBICH, 2004). 4.1.3 Fisiologia O coração é uma bomba muscular valvulada que propele o sangue para todo o corpo. O coração consiste em duas câmaras que permitem que o sangue flua somente em uma direção. A contração do coração resulta na ejeção de sangue para o sistema circulatório (RANDALL, BURGGREN e FRENCH, 2000). 32 4.1.4 Epidemiologia A cardiomiopatia dilatada pode aparecer em qualquer idade, mas é mais frequente em animais com idades compreendidas entre os 4 e os 10 anos.(MASEDA et al; 1999) citado por Lobo e Pereira, (2002). A CMD pode ocorrer com mais frequência em machos, cães de grande porte ou gigante, (MUZZI et al; 2000). Ocorre uma incidência relativamente alta em cães de raças puras, como o boxer (ETTINGER e FELDMAN, 2004). 4.1.5 Etiologia Os fatores genéticos devem desempenhar algum papel nos cães, especialmente em raças que apresentam alta incidência ou ocorrência familiar da doença, como dobermans, pinschers, boxer e cocker spaniels. Um padrão de herança autossômica foi encontrado em boxers. A Doxorrubicina é um fármaco antineoplásico, induz a cardiotoxicidade tanto aguda quanto crônica. A histamina secundária a liberação de catecolaminas e à produção de radicais livres, parece estar envolvida na patogênese do dano do miocárdico, que leva a diminuição do débito cardíaco, arritmias e degeneração de miócitos (COUTO e WARE, 2006). 4.1.6 Fisiopatologia O principal defeito funcional da CMD é a diminuição da contratilidade ventricular (disfunção sistólica). A progressiva dilatação das câmaras cardíacas ocorre como resultado da piora da função sistólica e do débito cardíaco. Um baixo débito cardíaco pode causar fraqueza, sincope e choque cardiogênico. Uma diminuição no débito cardíaco ativa os mecanismos compensatórios simpático, hormonal e renal. Esses mecanismos aumentam a freqüência cardíaca, a resistência vascular periférica e a retenção de volume. Acredita-se que a ativação crônica neuro-hormonal contribua para a lesão miocárdica progressiva, assim como a síndrome da insuficiência cardíaca congestiva (COUTO e WARE, 2006). 33 O sistema renina- angiotensina- aldosterona é um complexo sistema neurohormonal compensatório que tem como função manter normal a pressão sanguínea e a perfusão dos tecidos, quando o débito cardíaco for reduzido. A redução da perfusão renal é detectado pelo barorreceptor renal resultando na liberação de renina. A renina inicia um processo que resulta na formação de Angiotensina II, um potente vaso constritor levando também a ativação do sistema nervoso simpático e aumento da síntese de liberação de aldosterona, da zona glomerular do córtex da adrenal (TILLEY e GOODWIN, 2002; ETTINGER e FELDMAN 2004) citado por Bazzan et al, (2009). A ativação do sistema renina- angiotensina-aldosterona (SRAaldosterona) contribui para a retenção de sódio e água, os quais aumentam o volume circulante. Sinais de baixo débito cardíaco e insuficiência cardíaca congestiva direita ou esquerda podem ocorrer com frequência em cães com CMD. Taquiarritmias ventriculares também ocorrem frequentemente e podem causar morte súbita. (ETTINGER e FELDMAN, 2004). 4.1.7 Diagnóstico Na anamnese pode ocorrer relato de fraqueza, letargia, taquipnéia ou dispnéia, intolerância ao exercício, tosse, (sendo descrita algumas vezes como ânsia de vômito), anorexia, distensão abdominal (ascite) e síncope. Os achados no exame físico variam de acordo com a descompensação cardíaca. Baixo débito cardíaco com alto tônus simpático e vasoconstrição periférica causam mucosas pálidas, um tempo de preenchimento capilar prolongado e pulso da artéria femoral irregular ou fraco. Sinais de insuficiência cardíaca congestiva esquerda e ou direita, como taquipnéia, aumento de sons respiratórios, estertores pulmonares, pulso jugular, efusão pleural ou ascite e |ou hepatoesplenomegalia estão usualmente presentes. Os sons cardíacos podem estar abafados devido à presença de efusão pleural ou baixa força de contratilidade cardíaca (COUTO e WARE, 2006). Os sinais clínicos são variáveis e podem ser divididos em três categorias em raças como o boxer: 1- Assintomáticos: Nesses casos geralmente o cão é levado ao médico veterinário, devido a outro problema ou para realização de check- up, e a presença de arritmias podem ser detectadas. Pode ocorrer morte súbita sem evidência dos 34 sinais clínicos (OLIVEIRA e SCHWANTES, 2006). 2- Cães com episódio de colapso. O cão pode apresentar episódios de fraqueza ou síncope, sendo que existe uma probabilidade de ocorrer esses episódios durante a atividade física ou excitação, e aparentemente está normal entre os episódios de síncope. Pode ser de 1 a 2 minutos episódios breves de colapso com recuperação (OLIVEIRA e SCHWANTES, 2006). 3- Cães com insuficiência cardíaca congestiva, apresentando os sinais clínicos de letargia progressiva, fraqueza, hiporexia, tosse e aumento de volume abdominal (ascite), (OLIVEIRA e SCHWANTES, 2006). Nos cães com sinais clínicos da CMD, o exame físico cuidadoso pode revelar cardiopatia. Através da auscultação cardíaca pode ser detectado um ritmo de galope. Sopros sistólicos de regurgitação mitral ou tricúspide com intensidade leve a moderada de grau 1-3 entre 6 são comuns. Sopros suaves e sons de galope podem facilmente ser omitidos em cães com fibrilação atrial ou outros distúrbios de ritmo (ETTINGER, FELDMAN 2004, COUTO e WARE, 2006). Em pacientes com perda de peso e emaciação muscular são achados freqüentes, mas variáveis em cães com CMD, sendo raro edema periférico. O exame radiográfico serve para avaliar a dimensão cardíaca e detectar a presença e severidade do edema pulmonar ou efusão pleural. (LE BOBINECC, 1999) citado por Lobo e Pereira, (2002). As radiografias torácicas revelam marcada variação nos achados, desde normais até graus severos de cardiomegalia generalizada. Em muitos casos a ser considerado, é que muitos cães com doença cardíaca clinicamente significativa, não apresentam cardiomegalia, e o tamanho do coração tende a ser normal ou menor em pacientes assintomáticos, o que limita o valor desse teste como triagem para doença cardíaca. Todavia, o exame radiográfico é importante para a diferenciação de outras enfermidades torácicas (OLIVEIRA e SCHWANTES, 2006). Em raças como o Boxer, Doberman e Pinscher, em geral podem estar presentes, o aumento atrial e ventricular esquerdos. Quase sempre existe evidência de insuficiência cardíaca direita ou biventricular, incluindo uma veia cava caudal aumentada, hepatomegalia, ascite ou efusão pleural. (ETTINGER, FELDMAN e SISSON, 2004). 35 O eletrocardiograma é utilizado como auxílio de diagnóstico em cardiopatias. Porém deve- se lembrar de sua eficiência em diagnosticar arritmias. (LARSSON e SOARES, 2007). A eletrocardiografia pode identificar alterações relacionadas ao aumento das cavidades cardíacas. (AMERGER et al, 1995) citado por Soares e Larsson, (2007). Os cães com cardiomiopatia dilatada apresentam ECG anormal, embora as alterações possam ser significativas. Complexos QRS de alta amplitude, indicando aumento ventricular esquerdo, e ondas P alargadas indicando aumento atrial esquerdo são sugestivas em pacientes com insuficiência cardíaca. A fibrilação atrial é um distúrbio comum em raças gigantes com CMD. Outros distúrbios de ritmo incluem despolarizações prematuras ventriculares (DPV) e taquicardia ventricular. (ETTINGER, FELDMAN e SISSON, 2004). Em cães da raça Boxer pode haver o surgimento de arritmias ventriculares A detecção dessas arritmias é importante para o diagnóstico, tratamento e prognóstico das doenças cardíacas (MEURS et al, 2001) citado por Muzzi et al, (2006 ). Devido as arritmias serem intermitentes em boxer, o eletrocardiograma normal não exclui o diagnóstico. O eletrocardiograma de rotina dura apenas 2 a 3 minutos, não excluindo a doença, pois registra arritmias, apenas se elas forem frequentes. Nesse caso um eletrocardiograma com duração de 24 horas, denominado de Holter, seria o melhor meio para avaliar pacientes dessa raça, registrando a quantidade e a complexidade das arritmias. (OLIVEIRA e SCHWANTES, 2006). O exame de Ecocardiografia é a técnica de utilização do ultrassom como meio de diagnóstico em cardiologia (MORCERF et al , 1996), que vem sendo usada na medicina veterinária como um método não invasivo na avaliação morfofuncional do coração (HENIK 1995 e DROUARD- HAELEWYN.,1998) citado por Muzzi et al, (2000). A ecocardiografia é o melhor método pra avaliar as dimensões das câmaras cardíacas e a função miocárdica, e para diferenciar a efusão pericárdica ou insuficiência valvar crônica da CMD. A dilatação das câmaras cardíacas e a baixa movimentação sistólica do septo e da parede ventricular são achados característicos na CMD. Todas as câmaras são normalmente afetadas, mas o átrio direito e as dimensões ventriculares podem parecer normais, especialmente em dobermans e boxers. A dimensão do ventrículo esquerdo na sístole está aumentada e a fração de 36 encurtamento diminuída (Couto e Ware, 2006). Em Boxer é uma doença caracterizada principalmente por arritmias. (SCHWANTES e OLIVEIRA, 2006). Segundo Ettinger, Sisson (2004) e seus colaboradores e Couto e Ware (2006), as alterações laboratoriais refletem os efeitos de baixo débito cardíaco, da congestão orgânica e da ativação neuro- hormonal. As enzimas séricas e ácidos biliares podem estar modestamente elevados. Os níveis de uréia e creatinina podem estar aumentados, devido à baixa perfusão renal. As concentrações séricas de proteína e eletrólitos geralmente estão normais, mas em certos casos como de insuficiência cardíaca grave (ICC), podem estar presentes hipoproteinemia, hiponatremia e hipocalcemia. Cães com CMD podem ter diminuição das concentrações de hormônios da tireóide, devido à doença sistêmica não tireóidea ou ligação protéica alterada, sendo útil em alguns casos a estimulação de TSH ou determinação de T4 livre. Devido a ativação neuro-hormonal, concentrações séricas de noradrenalina e das catecolaminas urinárias podem estar aumentadas. 4.1.8 Tratamento Os tratamentos da insuficiência cardíaca são geralmente paliativos e não curativos. Portanto animais que desenvolvem ICC podem morrer em conseqüência dessa afecção, quase sempre em um período relativamente curto de tempo (KITTLESON et al, 2004) citado por Santos Junior et al , (2007). O tratamento da ICC consiste em um tratamento individual tendo que se ajustar o estágio da doença à severidade dos sinais clínicos (CALVERT et al, 2001) citado por Lobo e Pereira , (2002). O objetivo da terapia é controlar os sinais de insuficiência cardíaca congestiva, melhorar o débito cardíaco, monitorizar as arritmias e melhorar a qualidade de vida do paciente (COUTO e WARE, 2006). Cães com insuficiência cardíaca secundária a uma cardiomiopatia dilatada devem ser tratados com diurético, enzima conversora de angiotensina, (ECA) e digoxina (BULMER et al; 2005 e SISSON et al , 2005) citado por Santos Junior et al, (2007). Outros recursos terapêuticos podem ser usados em casos de ICC, como dietas com restrição de sódio, (iniciada em paciente com acúmulo de líquido), repouso, simpatomiméticos, bipiridínicos, oxigenioterapia, ansiolíticos 37 broncoditadores e supressores da tosse (HAMLIN et al , 1998; KITTLESON et al ; 1998; BULMER et al 2005; SISSON et al ; 2005) citado por Santos Junior et al, (2007). 4.1.9 Prognóstico O prognóstico varia de reservado a desfavorável e, como se trata de uma doença progressiva e incurável, caminha inevitavelmente para o óbito. (DARKE et al, 2000) citado por Frabetti, (2008). Alguns cães muito enfermos melhoram com o tratamento, vivendo por meses e até por anos, outros animais não sobrevivem às 48 horas de hospitalização. Com cuidados em casa e com acompanhamento veterinário, a maioria dos cães vive de seis a 12 meses após o início da ICC ou da síncope (DARKE et al,2000) citado por Frabetti, (2008). Pacientes assintomáticos ou aqueles com arritmia facilmente controlada podem viver por vários anos (OLIVEIRA e SCHWANTES, 2006). São indicadores de mau prognóstico; presença de edema pulmonar, taquiarritmias, efusão pleural e ascite. (MONTOYA, 2002; BORGARELLI et al, 2003; SISSON et al, 2004 e BOSSWOOD, 2007), citado por Frabetti, (2008). Os fatores de risco para a redução da sobrevida são: cardiomegalia, diminuição do débito cardíaco, aumento nos níveis séricos de norepinefrina, (indicando tônus simpático excessivamente aumentado), diminuição da resistência ao exercício físico, arritmias refratárias a terapêutica e diminuição do tempo de diástole pela taquicardia.(SISSON et al; 2004) citado por Frabetti, (2008). A presença de arritmias ventriculares recorrentes sugere maior probabilidade de ocorrência de morte súbita que geralmente advém de fibrilação ventricular. (DARKE et al; 2000, SISSON et al; 2004 e PETRIC e TOMSIC ,2008), citado por Frabetti, (2008). Apesar disso a resposta ao tratamento clínico e curso a evolução da doença é extremamente variável e deve ser avaliada individualmente. 38 4.2.10 Caso Clínico Nome: Tasha Espécie: Canina Raça : Boxer Sexo: Fêmea Idade: 13 anos Peso: 27 kg Anamnese Descreve- se o caso de um boxer (Figura 10) com queixa de apatia, cansaço fácil, dispnéia, aumento abdominal há três meses, e hiporexia há duas semanas. A paciente apresenta neoplasia mamária há três anos, não é castrada e possui vacina ética administrada anualmente. FIGURA 08- PACIENTE DURANTE CONSULTA 39 Exame Físico Durante o exame físico as mucosas estavam róseas e congestas, verificouse dispnéia, secreção nasal seca, taquicardia, edema de membros pélvicos, ascite, sopro grau II que devido à dispnéia não foi possível detectar o local exato. A paciente apresentava hepatomegalia observada durante a palpação abdominal e nódulo em região ventral de tronco esquerdo, massa um cm acima do MTD. Exames Complementares Diante dos sinais e dados clínicos, solicitou-se hemograma completo, uréia, creatinina, ALT, FA, proteína total e albumina. Resultado: exames normais e sem alterações significativas. A paciente foi encaminhada para o procedimento de drenagem de efusão abdominal conforme (FIGURA 09). FIGURA 09- PACIENTE DURANTE O PROCEDIMENTO DE ABDOMINOCENTESE O líquido cavitário foi enviado para análise clínica, e observou-se tratar de um transudato modificado, e não foram observadas alterações significativas. Foram drenados quatro litros de líquido de efusão abdominal. (FIG 10). . 40 FIGURA 10- LÍQUIDO DE EFUSÃO ABDOMINAL DO PROCEDIMENTO DE ABDOMINOCENTESE FIGURA 11- PACIENTE APÓS O PROCEDIMENTO Solicitou-se o termo de internamento da paciente e prescrito tratamento suporte, com fluidoterapia intravenosa, 500 ml de solução fisiológica, furosemida 2 mg/kg via SC a cada 12 horas (BID). 41 A paciente foi encaminhada para o setor de diagnóstico por imagem para abordagem radiográfica, e observou- se cardiomegalia, e nódulos no pulmão. Laudo radiográfico: Aumento dorsal da silhueta cardíaca com maior contato do coração ao esterno, sem desvio dorsal da traquéia. Possível efusão pericárdica. FIGURA 12- RADIOGRAFIA LATERO- LATERAL EVIDENCIANDO AMPLO DIÂMETRO DA IMAGEM CARDÍACA (SETA). FONTE: MITIE, (2009) Ao exame ultrassonográfico foi observado fígado congesto e linfonodo reativo próximo a bexiga. Tratamento A paciente recebeu alta no dia seguinte com retorno para 10 dias e prescrito como tratamento 0,5 mg / kg de enalapril por via oral (VO) a cada 12 horas (BID) e furosemida 2 mg/kg a cada 12 horas (BID) até novas recomendações. Recomendado como manejo dietético a ração Hill’s ou Royal Canin Cardiac Canine. 42 FIGURA 13-RADIOGRAFIA DORSO VENTRAL EVIDENCIANDO AUMENTO CARDÍACO (SETA) FONTE: MITIE, (2009) 1 0 retorno Após 10 dias, a responsável relatou que a paciente apresentava hiporexia, disquezia, aumento abdominal significativo, apatia, dispnéia, polidpsia e oligúria. No exame físico observou-se na FR: taquipnéia, FC: 136 bpm. , hiperplasia gengival, aumento de volume abdominal (88 cm), significativo aumento em região articulação társica, elevação de temperatura e volume nos membros pélvicos, linfonodo poplíteo móvel e godet positivo. Observado durante o exame físico que caminha com dificuldade. Durante a auscultação respiratória detectou-se respiração ruidosa difícil. Prescrito como tratamento por via oral (VO): furosemida e espironolactona 2 mg / kg a cada 12 horas (BID) , digoxina 0,005 mg / kg a cada 12 horas ( BID), e os 43 outros medicamentos foram mantidos na mesma dosagem, até novas recomendações. No 2 0 retorno, a responsável relatou como queixa principal: apatia, dispnéia e sialorréia. No exame físico observou- se que a paciente ficava em posição ortopnéica, sialorréia devido à dispnéia, e significativo aumento de volume abdominal. (FIG 14). Na auscultação cardíaca constatou sopro grau IV na Mitral e grau III na Tricúspide. FIGURA 14- PACIENTE DURANTE EXAME FÍSICO A paciente foi submetida a uma nova drenagem de efusão abdominal (FIG 15). Após o procedimento de abdominocentese (FIG 16), observou-se significativa sialorréia em consequência da dispnéia e ascite. Responsável estava ciente da gravidade do caso clínico. Prescrito para tratamento por via oral, furosemida 3,5 mg/ kg a cada 8 horas (TID), enalapril 0,5 mg/ kg a cada 12 horas (BID), e digoxina 0,005 mg/kg a cada 12 horas (BID), até novas recomendações. 44 FIGURA 15- PACIENTE DURANTE PROCEDIMENTO DE DRENAGEM DE EFUSÃO ABDOMINAL FIGURA 16 - PACIENTE APÓS O PROCEDIMENTO DE ABDOMINOCENTESE 45 Após 60 dias da primeira avaliação, o quadro clínico se agravou, apresentando episódios de emese e diarréia, sendo realizada nova abdominocentese. Devido à piora dos sinais clínicos, foi sugerido eutanásia, que foi recusada pela proprietária. Prescrito por via oral furosemida 4,5 mg/kg a cada 8 horas (TID), e os outros medicamentos foram mantidos na mesma dosagem. Realizado eutanásia uma semana após o retorno ao HV-UEL. 46 4.2.11 Discussão A paciente chegou ao hospital do HV- UEL apresentando sinais clínicos compatíveis com a cardiomiopatia dilatada de acordo com a literatura consultada Ettinger e Feldman (2004), tais como, dispnéia ou taquipnéia, respiração ofegante, distensão abdominal, fraqueza e polidipsia. Observou- se no retorno que a responsável não seguiu as recomendações quanto ao manejo dietético da paciente. De acordo com a literatura, a suplementação oral de L carnitina pode melhorar a sobrevida de cães com baixa concentração de carnitina miocárdica. Os cães tratados com L carnitina podem apresentar um odor peculiar, e a concentração sérica de resposta é atingida com a terapia indicada de seis a oito meses. A mensuração da concentração plasmática de taurina pode ser útil em alguns cães. A terapia de suplementação de taurina pode ser realizada em cães com concentrações menores de 25nmo/ml. Sabe-se que a deficiência de L carnitina não é a causa primária na maioria dos casos que ocorrem CMD nos caninos e nos humanos, mas que ocorre secundária a outro fator, como alguma anormalidade genética ou adquirida, como um defeito mitocondrial na maioria dos pacientes. Em casos em que ocorre caquexia, é necessário instituir uma dieta que forneça suporte nutricional adequado e module a produção de citocinas. A caquexia é um processo multifatorial causado por anorexia, aumento de requerimentos energéticos e aumento na produção de citocinas, (fator de necrose tumoral), nesses casos é indicado a suplementação com ácidos graxos poliinsaturados, ômega 3, que também diminuem a susceptibilidade à ocorrência de arritmias cardíacas. A inclusão de óleo de peixe, rico em ômega 3, na dieta pode melhorar a condição corpórea em cães com ICC, e em alguns cães com anorexia induzida pela ICC, pode melhorar o apetite. Foi comprovado que vitaminas antioxidantes com as vitaminas (ácido ascórbico) C e E (alfa tocoferol) previnem o aparecimento de lesões oxidativas em células miocárdicas. De acordo com a literatura a cardiomiopatia dilatada canina ocorre com maior prevalência em cães de porte médio e grande, como o Cocker Spaniel Inglês 47 e Americano, e o Dálmata, sendo que as raças mais acometidas são o Boxer, Doberman e Pinscher. Os fatores genéticos devem desempenhar alguma relação com os cães, especialmente nas raças que apresentam alta incidência ou ocorrência familiar da doença. A CMD acomete mais cães com 8, 5 anos (variação de menos de 1 a 15 anos). Segundo a literatura os exames complementares como a radiografia constituem um método de diagnóstico eficiente para a CMD, mas o aspecto do coração deixa de refletir a gravidade do prejuízo miocárdico subjacente. A eletrocardiografia se torna eficaz em pacientes com CMD, para diagnosticar possíveis arritmias, fibrilação atrial, despolarizações prematuras ventriculares e taquicardia ventricular paroxística. A ecocardiografia é utilizada para avaliar as dimensões das câmaras cardíacas, da função miocárdica e para diferenciar efusão pericárdica, ou insuficiência valvar crônica da CMD. O cão não apresentou melhora dos sinais clínicos com o tratamento de diuréticos como a Furosemida e Espironolactona, inotrópicos como a Digoxina e inibidores da (ECA) enzima conversora de angiotensina, como o Enalapril. Proprietária estava ciente da gravidade do caso, sobre a neoplasia que estava comprimindo o pulmão e a circulação linfática. A neoplasia provavelmente agravou os sinais clínicos da paciente, como a dispnéia. O quadro da doença progrediu, ascite e o emagrecimento progressivo, perda de massa muscular (caquexia cardíaca) ao longo da linha média dorsal indicava gravidade do caso clínico. Segundo Frabetti (2008), a terapia de escolha para paciente com CMD e como conseqüência a ICC está correta, mas é necessário enfatizar que a eletrocardiografia se torna essencial para o diagnóstico da CMD devido à constatação das arritmias, como a ventricular, sendo necessário nesses casos adicionarem-se ao tratamento, as drogas antiarrítmicas específicas (Sotalol ou associação de Mexiletina e Atenolol). A terapia com a Digoxina é indicada em casos de CMD e sinais de insuficiência cardíaca. Ela reduz a freqüência ventricular em cães com fibrilação atrial. Tem se usado em casos de diminuição de contratilidade cardíaca Ela reduz a 48 atividade do sistema renina- angiotensina- aldosterona e a ativação do sistema nervoso simpático. A Digoxina em certos estudos reduziu os sinais clínicos, melhorou a capacidade de exercícios e diminuiu o risco de deterioração clínica da insuficiência cardíaca. A CMD, como se trata de uma doença sem cura e de evolução gradual, geralmente culmina com o óbito do paciente. Apesar disso há cães que sobrevivem por diversos meses e a rápida evolução da doença depende de características idiossincráticas, devendo o prognóstico ser considerado individualmente. 49 4.3 INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA 4.3.1 Introdução Segundo Ettinger e Feldman (2004), a insuficiência renal crônica (IRC), é a doença mais comum em cães e gatos, e sua definição se caracteriza por insuficiência renal primária (falência renal) que persiste por um período prolongado, em geral de meses até anos. A IRC se caracteriza por lesões estruturais renais irreversíveis que causam declínio progressivo das funções dos rins, que acarretam alterações metabólicas. A IRC pode ser congênita, familiar ou adquirida em sua origem e ocorre com maior frequência em pacientes idosos. Os pacientes com IRC podem ter uma qualidade de vida, mesmo que nenhum tratamento possa corrigir as lesões renais, as conseqüências metabólicas e clínicas podem ser minimizadas com a realização de tratamento sintomático e de suporte. 4.3.2 Anatomia renal Os rins são órgãos pares que vão desde a região lombar cranial até o segmento intratorácico da cavidade abdominal, sob as últimas costelas. Apresenta forma semelhante a um grão de feijão na maioria das espécies animal, como o cão e o gato. Apresenta região cortical e medular, sendo que a cortical renal se caracteriza como superficial, e a medular, renal profunda. A medula contém as arteríolas e as vênulas retas, que são fundamentais na reabsorção de fluídos e das substâncias dissolvidas desde a urina primária, cujo êxito está na dependência dos segmentos do néfron, sendo essa mesmo a unidade funcional do rim. Os néfrons alargam- se nos seus segmentos proximal e distal que se situam junto ao glomérulo, sendo suas respectivas funções a formação e a eliminação da urina. O ureter é um tubo muscular que conduz a urina até a vesícula urinária. (KONIG e LIEBICH, 2006). 4.3.3 Fisiologia renal Os rins são importantes na manutenção da homeostase. Os rins têm como principais funções a eliminação de substâncias indesejáveis do metabolismo, pela função reguladora controlam o volume e a composição de fluidos corporais e pela função endócrina, é responsável pela ativação da vitamina D (calcitriol), pela produção de eritropoetina, renina, prostaglandinas, cininas, além do sítio de atuação 50 de outros hormônios como o paratormônio (PTH), vasopressina e aldosterona (CASTRO, 2005). 4.3.4 Epidemiologia A IRC pode ocorrer em qualquer idade em cães e gatos, embora seja considerada doença de cães idosos. A idade média do diagnóstico é de sete anos para os cães e 7,4 anos para os gatos (ETTINGER e FELDMAN, 2004). Observa-se em raças com predisposição genética (SILVA et al.,2008). 4.3.5 Etiologia Difícil determinar a causa da IRC, ao contrário da IRA. Devido à interdependência dos componentes vasculares e tubulares do néfron, o resultado final é uma lesão irreversível ou tubular. Existe uma heterogeneidade morfológica entre os néfrons no cronicamente doente, com alterações variando da atrofia grave e substituição de tecido fibroso cicatricial a grande hipertrofia. Em estudos recentes demonstraram que doenças glomerulares primárias se constituem a maior causa de IRC em cães, entre outras como doenças imunológicas como o lúpus eritematoso sistêmico, neoplasia, causas inflamatórias ou infecciosas como a pielonefrite, leptospirose ou idiopático. (COUTO e WARE, 2006). 4.3.6 Fisiopatologia Através da produção de urina, o rim excreta toxinas e subprodutos do metabolismo de proteínas. Porém quando há perda da função renal gera-se a impossibilidade de realizar os processos fisiológicos normais, ocasionando em uma azotemia, que é o acúmulo de produtos nitrogenados do metabolismo celular, caracterizado por valores muito altos da bioquímica renal, com aumento da uréia sanguínea e creatinina sérica. No entanto, em casos mais graves, a uremia pode vir a ocorrer manifestando esta azotemia, com sintomatologia clínica de uma insuficiência renal e perda crítica de néfrons funcionais (ROLIM et al; 2007) citado por (SILVA et al; 2008). Os componentes da síndrome urêmica, incluem desequilíbrio hídrico e de sódio, anemia, intolerância ao carboidrato, distúrbios neurológicos, distúrbios de trato gastrointestinal, osteodistrofia, incompetência imunológica e acidose metabólica (Couto e Ware 2006). Esta quando néfrons remanescentes tem maior capacidade de excretar íons hidrogênio através da 51 produção de amônio, até a hora que a acidose crônica se instala. O excesso de íon amônio produzido por néfron está relacionado à progressão das lesões renais, pois promove a ativação do complemento, desencadeando o processo inflamatório e a lesão túbulo intersticial. A acidose metabólica acarreta maior excreção de potássio, que pode causar lesões renais, e aumento do catabolismo protéico que resulta em balanço nitrogenado negativo e conseqüentemente agrava a acidose. Os rins funcionam como órgãos endócrinos, e quando acontece a diminuição da função renal, ocorre retenção de fósforo (hiperfosfatemia), hipocalemia e déficit de vitamina D (calcitriol) cuja produção é dependente da enzima 1 alfa hidroxilase produzida exclusivamente pelo rim. A hiperfosfatemia pode induzir a hipocalcemia. A hipocalcemia é resultante da menor absorção intestinal de cálcio consequente ao déficit de calcitriol. Sendo que todas essas alterações metabólicas responsáveis pelo desenvolvimento do hiperparatireoidismo renal secundário encontrado na IRC. No paciente com IRC, a anemia decorre principalmente da diminuição da produção de eritropoetina pelo rim. Outro fator que contribue para a anemia incluem a ação do PTH (CASTRO, 2005). 4.3.7 Sinais clínicos Nos cães as manifestações mais precoces observadas na IRC são a polidipsia, poliúria, noctúria, de intensidade variada que ocorrem quando tem comprometimento de cerca de uma maior parte do parênquima renal e quando há perda da capacidade de concentração urinária (NICHOLS et al; 2001). Outras alterações clínicas observadas em pacientes nefropatas crônicos são hiporexia, vômito, emagrecimento progressivo, intolerância ao exercício, mucosas hipocoradas e pelagem sem brilho. Sinais de infecção urinária como disúria e hematúria podem estar presentes (CASTRO, 2005). Os sinais clínicos característicos na síndrome urêmica são oligúria ou anúria, polidpsia, desidratação, vômito, odor de hálito urêmico, úlceras em cavidade oral, necroses linguais, palatinas, gengivais, convulsões, fasciculações e diarréias (SENIOR, 2001). Em casos de paciente com IRC avançada pode ocorrer disfunção do sistema nervoso, como apatia, sonolência, tremores, desequilíbrio na ambulação, convulsões, estupor e coma (MACIEL e THOMÉ; 2006) citado por (LANIS et al , 2008). 52 4.3.8 Diagnóstico O diagnóstico é realizado através da observação dos sinais clínicos, do histórico do animal, e dos achados laboratoriais, como a bioquímica renal, que mensura a uréia sanguínea e a creatinina sérica (CHEW et al , 2003) citado por (SILVA et al, 2008). Um paciente assintomático ou com sinais inespecíficos, deve ser levado em consideração principalmente os pacientes idosos, diante disso é importante utilizar a consulta anual de rotina, comumente realizada em qualquer paciente, para avaliar a função renal. A divisão clássica da disfunção em pré renal, renal e pós renal deve ser sempre observada na realização do diagnóstico, mas não existe um teste de função renal para avaliar essa distinção. (FINCO et al, 1995) citado por (LANIS et al; 2008)). A urinálise fornece dados importantes, como a densidade urinária, quando interpretada em conjunto com as alterações clínicas, bioquímicas, e o estado de hidratação do paciente. (CASTRO, 2005). Na doença renal crônica a incapacidade da concentração urinária ocorre quando há dois terços da perda da função renal. Segundo Tilley e Smith (2008), a azotemia pré renal caracterizada por densidade urinária maior que 1.030 nos cães. Azotemia de origem renal quando há qualquer doença renal com dano glomerular que possa causar dimuição da taxa de filtração glomerular (STOCKHAM et al ; 2003 e SCOTT et al; 2003) citado por (Lanis et al, 2008). Segundo Tilley e Smith (2008), a azotemia pós renal caracterizada por azotemia com obstrução ou ruptura do sistema excretor. Isostenúria é a densidade urinária semelhante a do filtrado glomerular, entre 1.008 e 1.012, e caracteriza a incapacidade do rim em concentrar a urina. Densidade urinária inferior a 1025 em cães associada a outras alterações clínica laboratoriais, pode indicar capacidade do rim em concentrar a urina. Na urinálise pode ser observada proteinúria e deve ser interpretada com base na densidade urinária da amostra de urina. Outros testes para detecção da IRC pode ser o teste de microalbuminúria, que pode indicar sinais de lesão glomerular que ocorre durante as fases iniciais de lesão crônica em cães e no homem. (CASTRO, 2005). Exames complementares como hemograma, radiografia, ultrassonografia, e biópsia renal estão entre os testes a serem realizados no diagnóstico da enfermidade. (MACIEL e 53 THOMÉ , 2006). Pode ser realizado radiografia abdominal simples ou contrastado, como a urografia excretora, aferição da pressão arterial (MEDEIROS, JÚNIOR et al, 2005) citado por Silva et al (2008). Outros testes podem ser usados como a dosagem de eletrólitos, importantes para detectar a hiperfosfatemia e hipocalemia, hemogasometria, e dosagem de cálcio ionizado que também podem ser úteis na avaliação do paciente renal (CASTRO, 2005). Alterações observadas frequentemente em pacientes com IRC, é a anemia não regenerativa, normocítica e normocrômica. 4.3.9 Achados da Necrópsia Segundo Tilley e Smith (2008), os achados macroscópicos são: rins de tamanho pequeno com superfície nodular ou granular; a cápsula renal frequentemente adere ao parênquima renal. Achados histopatológicos com frequência inespecíficos, nefropatia generalizada crônica ou rins no estágio terminal, achados são específicos para doenças que causam IRC em alguns pacientes. 4.3.10 Tratamento O diagnóstico precoce e o início do tratamento adequado propiciam mais tempo e qualidade de vida para o paciente com IRC. (CASTRO, 2005). Como formas de tratamento, há a terapia específica visando à causa primária de lesão renal; e a terapia conservativa que consiste no tratamento sintomático do paciente. O tratamento específico pode ser resumido na utilização de antibióticos, remoção cirúrgica dependendo da gravidade da doença, administração de medicamentos inibidores da enzima conversora de angiotensina e os bloqueadores de canais de cálcio (ANDRADE et al, 2002). Pode ser realizado tratamento suporte de fluidoterapia, terapia homeopática e terapia nutricional (MARTINS et al, 2003). Algumas alternativas como a hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal resultam na manutenção dos pacientes com boa qualidade de vida durante meses. O elevado custo de elevadas técnicas continua sendo um fator limitante para a sua utilização, tanto em clínicas como hospitais veterinários. (MACIEL e THOMÉ 2006) citado por Silva et al, (2008). O paciente com IRC dependerá da terapia-direta e acompanhamento médico e laboratorial permanentemente. É necessário que o proprietário esteja disposto a 54 acompanhar e a tratar o animal diariamente. O manejo nutricional desses pacientes inclui a utilização de dietas com restrição de fósforo, que possuem quantidades reduzidas de proteínas de alto valor biológico, restrição de sódio, melhor relação de ácidos graxos polinsaturados, Ômega 3 e 6, suplementação de vitaminas do complexo B e maior densidade calórica e de fibras. Há várias dietas terapêuticas disponíveis formuladas para o paciente nefropata crônico. Em pacientes com gastrite e com hiporexia e vômitos devem ser administrados bloqueadores de receptores H2 como ranitidina e famotidina. Em casos mais graves, utilizam-se os inibidores da bomba de próton com o omeprazol. Havendo ulcerações, hematoemese, a utilização de sucralfato é indicada. (CASTRO, 2005). É um problema relativamente comum em pacientes renais, determinar o conteúdo de ferro na medula óssea por meio de coloração específica, é útil para avaliar a reserva corpórea de ferro e identificar problemas que não identificados pelos níveis séricos de ferro ou pela saturação de transferrina, para suprir a demanda de eritropoiese, sendo útil na avaliação de pacientes durante os períodos de eritropoiese aumentada, como durante o tratamento com a Eritropoetina recombinante humana (rHuEPO). Pode ser prescrita a suplementação oral com sulfato de ferro para casos de anemia por deficiência de ferro e para a prevenção da eritropoiese na presença de deficiência de ferro em pacientes que estão iniciando o tratamento de reposição de eritropoetina. A terapia de reposição hormonal com o uso de rHuEPO tornou-se o tratamento de escolha para pacientes com IRC, que apresentam valores de hematócrito abaixo de 20% e sinais clínicos atribuíveis à anemia. A administração de rHuEPO causa aumento dependente da dose no hematócrito. A terapia com administração de eritropoetina para a correção do hematócrito pode levar de duas a oito semanas. Dependendo da gravidade da anemia, o paciente necessitará de transfusão sanguínea. O tratamento com Calcitriol, que devido à redução da produção de calcitriol, em pacientes com IRC, uma importante consequência é o hiperparatireoidismo secundário renal. Ettinger e Feldman (2004). Segundo Birchard e Sherding (1998), os andrógenos têm sido usados em terapia com pacientes humanos com IRC, mas seu uso não foi avaliado nos pequenos 55 animais, e em geral deve ser administrado vários meses antes de ocorrer um efeito benéfico. 4.3.11 Prognóstico Segundo Tilley e Smith (2008), o prognóstico em curto prazo: depende da gravidade, longo prazo: reservado a mau, porque a IRC tende a ser progressiva por meses a anos. Lembrando que quanto mais cedo, a terapêutica adequada for instituída, maiores serão as possibilidades que o paciente terá de sobreviver e manter uma qualidade de vida. (CASTRO, 2005). 56 4.3.12 Caso Clínico 1 Insuficiência Renal Crônica Nome: Bebê Espécie: Canina Raça: Sem raça definida Idade: 4 anos Sexo: Macho Peso: 23 Kg FIGURA 17 - PACIENTE DURANTE CONSULTA Anamnese Há uma semana o cão está com hiporexia, fraqueza, apetite seletivo para comidas caseiras e fezes pastosas e enegrecidas. Responsável administrou diclofenaco sódico (Cataflam) por um dia (SID). 57 Exame Físico O paciente apresentava edema de membros pélvicos, taquicardia, linfoadenomegalia submandibular. Foi observado no exame físico que a urina estava muito clara. Exames Laboratoriais Foram observadas alterações significativas nos índices hematimétricos, como anemia não regenerativa, azotemia renal, diminuição nos parâmentros de albumina e cálcio. Na urinálise observou-se proteinúria, hemoglobinúria e isostenúria. As alterações no hemograma e bioquímico seguem no quadro 1 e 2. . QUADRO 1- ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS Hemograma Valor encontrado Valores normais Hemácias 1,18 5,5-8,5 Hemoglobina 2,5 g/dl 12-18 Hematócrito 7,6% 37-55% VCM 64,6% 60-75 CHCM 32,8% 31-37 QUADRO 2- ALTERAÇÕES NOS EXAMES BIOQUÍMICOS Substância quantificada Valor encontrado Valores normais Creatinina 4,0 mg /dl 0,5-1,5 mg/dl Uréia 127,2 mg/dl 12-25 mg/dl Cálcio 7,1 mg/dl 8,6-11,2 mg/dl Albumina 1,3 g/dl 2,3 – 3,8 g/dl 58 QUADRO 3- ALTERAÇÕES NA URINÁLISE Substância Valor encontrado Valor referencial Densidade Urinária 1.011 >1030 Tratamento Prescrito a terapia de fluidoterapia suporte com solução de 500 ml de ringer com lactato, KCL 10 %, ranitidina 2,2 mg /kg via subcutânea a cada 8 horas (TID), até novas recomendações do médico veterinário . O paciente estava agitado e agressivo, sendo necessário a continuidade do tratamento em casa, com fluidoterapia por via subcutânea com solução fisiológica 0,9 %, 500 ml e de preferência 2 vezes ao dia (BID). Responsável foi orientado sobre a ração nefropata ou dieta caseira para paciente com IRC, como arroz com peito de frango. Como recomendação, foi prescrito o tratamento com a administração da Eritropoetina Recombinante Humana 100 U/kg, sendo administrados 0,63 ml via subcutânea na primeira aplicação. Na segunda aplicação (na outra semana) hematócrito de 10,5% foi administrado à mesma dosagem de eritropoetina. Prescrito o tratamento com Hemolitan, 01 comprimido para 5 kg por via oral, uma vez ao dia (SID), até novas recomendações. Na semana seguinte, na terceira aplicação de eritropoetina 100 U/ kg, 0,5 ml por via subcutânea e o hematócrito subiu para 21%. Animal com emagrecimento progressivo, peso 19,5 kg. Após sete dias, o animal começou a piorar e durante o internamento os sinais clínicos que foram observados: anorexia, vômito, melena. No exame físico observou-se atrofia muscular generalizada, mucosas pálidas e sangramento gengival. Recomendado exames laboratoriais, e como resultado hematócrito de 9 %. Durante o internamento foi administrado dipropionato de imidocarb, devido às suspeitas de hemoparasitoses, mas a responsável não permitiu novos exames para confirmar o diagnóstico, e foi recomendado suplemento de ferro, doxiciclina 10 mg/kg, 4,7 ml por via endovenosa a cada 12 horas (BID) e cefalin 50 mg/kg, 2,8 ml via endovenosa a cada 8 horas 59 (TID). Necrópsia: Constatou que a medula óssea em boa parte não estava produzindo células vermelhas conforme (FIGURA 19). Observou-se na (FIGURA 20 e 21), cortical estreitada. 60 FIGURA 18- AVALIAÇÃO DA MUCOSA ORAL PÁLIDA (SETA) FONTE: REIS, (2009) FIGURA 19 – HIDROPERICÁRDIO. A SETA DEMONSTRA FLUÍDO PERICÁRDIO (diminuição de albumina) FONTE: REIS , (2009) 61 FIGURA 20- ASPECTO DA MEDULA ÓSSEA DO PACIENTE, UMA PARTE SIGNIFICATIVA, NÃO ESTAVA PRODUZINDO CÉLULAS VERMELHAS (SETA BRANCA). COMPARAÇÃO AO LADO COM OUTRA MEDULA ÓSSEA (SETA AMARELA), SEM ESTA ALTERAÇÃO FIGURA 21- ASPECTO MACROSCÓPICO DA MEDULA ÓSSEA (SETA) 62 FIGURA 22- CORTICAL ESTREITADA (SETA) FONTE: REIS ( 2009) FIGURA 23- SIGNIFICATIVA PALIDEZ NOS RINS (SETA) FONTE: REIS (2009) 63 4.0 Caso Clínico 2 Nome: Lana Raça: Pitbull terrier Sexo: Fêmea Idade: 10 anos Peso: 30 kg Anamnese Paciente começou a apresentar os sinais clínicos de apatia, fraqueza, cansaço fácil e apetite seletivo há mais ou menos vinte dias. Proprietária informou que apresentou um vômito há cinco dias. Oligúria há 3 dias. Paciente castrada apresentou neoplasia mamária, sendo realizado o procedimento de mastectomia há 3 anos. Vacinação ética e em dia. Exame Físico Observado a obesidade do paciente e linfonodo poplíteo direito estava aumentado. FIGURA 24- PACIENTE DURANTE CONSULTA 64 Exames Laboratoriais: Foi solicitado: hemograma completo e os bioquímicos, uréia, creatinina, fosfatase alcalina, proteína total, albumina, glicose e urinálise. Alterações laboratoriais: Observou-se alterações no hemograma, como o hematócrito de 19,1%, Creatinina 6,35 mg /dl, Uréia 127 mg/dl, albumina 2,1 g/dl , densidade urinária de 1015, hemoglobinúria e proteinúria. (Valores referenciais Quadro 4). QUADRO 4- ALTERAÇÕES NO HEMOGRAMA Hemograma Valores Valores de encontrados referência 2,89 5,5-8,5 Hemoglobina 5,9g/dl 12-18 Hematócrito 19,1% 37-55% VCM (f/L) 66,4 60-75 CHCM 32,8% 31-37 Hemácias Tratamento Solicitado termo de internamento, com fluidoterapia suporte com solução fisiológica de 0,9%, de 500 ml. Paciente com hiporexia e diurese. No dia seguinte, foi realizado novo exame de sangue e com resultado, creatinina 4,25 mg|dl. Alterações observadas durante o internamento: ascite e dispnéia. Exame de ultrassonografia e radiografia Os rins apresentaram hiperecogenicidade. No exame radiográfico observouse efusão pleural. 65 Recomendou-se a aferição da pressão arterial sistólica pelo método indireto de Doppler, sendo realizado esse procedimento três vezes e como resultado PA de 210 mmHg. .Valores normais não deve exceder 180mmHg . (FIG 24) Tratamento a ser realizado pelo responsável da paciente: Benazepril 0,5 mg /kg por via oral a cada 12 horas (BID) por um período de 10 dias , furosemida 2mg/kg por via oral a cada 8 horas (TID), por um período de 5 dias e enrofloxacina 5 mg /kg por via oral a cada 12 horas, (BID) durante 10 dias. Prescrito dieta para nefropata. Retorno para uma semana. Recomendado dosagem de Eritropoetina FIGURA 25- PACIENTE DURANTE O PROCEDIMENTO DE AFERIÇÃO DA PA PELO MÉTODO INDIRETO DE DOPPLER Exame Laboratorial: Solicitado Dosagem de Eritropoetina por método Quimiluminescência (valores referenciais quadro 5) Substância Valor encontrado Eritropoetina 2,4 m U/mL . Valores normais 5-35 m U/mL 66 4.1 Discussão Segundo dados da literatura, os pacientes chegaram ao HV- UEL, com sinais clínicos compatíveis com a insuficiência renal crônica, polidipsia, poliúria, e achados laboratoriais como anemia não regenerativa. O primeiro paciente apresentou má condição corpórea e perda de peso associado aos outros sinais clínicos. O tratamento realizado foi instituído pelo período adequado, em ambos os casos clínicos. A recomendação de manejo dietético para nefropata não foi efetuado, sendo um tratamento dietético comprovadamente benéfico, pois reduz os sinais de uremia, previne a progressão da IRC e aumenta o tempo de vida nos pacientes. No primeiro caso clínico devido a dificuldades apresentadas, foi realizado somente a administração de Eritropoetina, não sendo feita a dosagem de Eritropoetina, (três aplicações com 100 Ukg), e a literatura recomenda doses de 3550 U mg |kg kg três vezes por semana a 400U|Kg por semana, por via subcutânea ou intravenosa, como objetivo, de ajustar a dose do hematócrito para 30 a 35%. A anemia não regenerativa observada em caninos com IRC é resultante de uma combinação de produção diminuída de eritropoetina, menor sobrevida das hemácias, perda de sangue no trato gastrointestinal, e efeitos das toxinas urêmicas, como o PTH sobre a eritropoiese. A quantidade de urina excreta durante o dia varia com a dieta, atividade, temperatura externa, consumo de água, estação, entre outros fatores. A densidade da urina varia com a proporção relativa de substância dissolvida e água. Em geral quanto maior o volume, menor a densidade. No segundo caso clínico, foi constatado hipertensão arterial pelo método de Doppler, mensuração da pressão sanguínea sistólica, indicado pela literatura. Entretanto usando métodos Doppler de mensuração de pressão sanguínea, é difícil obter pressões diastólicas confiáveis. A pressão sanguínea sistólica constitui evidência de hipertensão arterial, independente dos valores diastólicos de pressão. O aumento da pressão arterial é uma complicação comum em cães com IRC. Vários mecanismos estão relacionados, incluindo a ativação do sistema renina67 angiotensina- aldosterona e a diminuição da capacidade renal na excreção de sódio, que podem estar relacionados com a hipertensão arterial. A hemodiálise, como tratamento, é um recurso disponível em alguns lugares do Brasil, podendo ser utilizada para a estabilização do paciente nos episódios de crises urêmicas ou, em casos mais graves, para manutenção da vida de pacientes que não respondem mais ao tratamento conservativo, principalmente se houver a posssibilidade de transplante renal. Após o transplante, a hemodiálise pode ser usada, para dar suporte aos pacientes durante episódios de rejeição aguda do transplante. A diálise peritoneal é considerada um procedimento relativamente simples que remove toxinas do organismo, pode favorecer a infecções ou rejeições mediante a implantação de catéter peritoneal. O dialisado é infundido na cavidade abdominal e por meio de transporte convectivo os catabólicos urêmicos e o excesso de fluído são transferidos do plasma para equilibrar o dialisado através da membrana serosa peritoneal. Sendo consideradas complicações não metabólicas, como processo inflamatório na região do catéter, pode ocorrer deslocamentos do cateter, ou quando o paciente apresentar obstipação intestinal, o estímulo ao peristaltismo, pode facilitar o contato do catéter e melhorar a drenagem. As complicações não relativas ao catéter incluem as hérnias, hemoperitôneo, dores abdominais, derrame pleural e perda da capacidade de diálise. As complicações metabólicas incluem hiperglicemia, hipercalemia, hipermagnesemia, hipoalbuminemia e persistência de uremia. 68 5. Conclusão O estágio curricular obrigatório tornou- se muito importante para a minha formação acadêmica, pelo conhecimento que foi adquirido, pelo contato com os residentes e professores, pela integração com o hospital escola e pela escolha definitiva na área que desejo atuar, a de Clínica Médica de Pequenos Animais. O hospital que realizei estágio possui uma casuística elevada e diversificada, abordando vários casos clínicos e posterior evolução clínica do paciente. Tenho certeza que há muito que descobrir e aprender na Medicina Veterinária, buscando sempre o conhecimento na minha profissão. 69 6 Referências BAZAN C.H.; MONTEIRO M.E.; BISSOLI E.G.; Bras.Med Vet Zoot Fisiopatologia da insuficiência cardíaca em cães; Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária São Paulo Garça.; v.07. n. 12 , 2009. Disponível em: www.revista.inf.br/veterinaria/revisao/pdf/AnoVII-Edic12-Rev78.pdf. Acesso em 14 de maio. BIRCHARD, SHERDING , .Sistema Cardiopulmonar. Manual Saunders---- Clínica de Pequenos Animais. Ed. São Paulo : Roca., 1998 BIRCHARD, SHERDING , .Sistema Urogenital. Manual Saunders ------ Clínica de Pequenos Animais. Ed. São Paulo : Roca., p. 906-910; 1998. CASTRO M.C.N; Prolongando a vida do paciente com insuficiência renal crônica; Bras. Revista Clínica Veterinária; vX. N. 58; 50-56, 2005. 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